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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE BALSAS


CURSO: AGRONOMIA
DISCIPLINA: NUTRIÇÃO ANIMAL
PROFESSOR: GLEYSON VIEIRA

ADRIELLE DE CIRQUEIRA CARMO


BEATRIZ SOUSA DE MIRANDA
KELLEN PEREIRA LIMA ARAÚJO
RAINARA RIBEIRO BOTELHO

LIPÍDEOS NA NUTRIÇÃO ANIMAL

BALSAS
2019
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ADRIELLE DE CIRQUEIRA CARMO
BEATRIZ SOUSA DE MIRANDA
KELLEN PEREIRA LIMA ARAÚJO
RAINARA RIBEIRO BOTELHO

LIPÍDEOS NA NUTRIÇÃO ANIMAL

Trabalho apresentado à disciplina de Nutrição


Animal do curso de Agronomia da Universidade
Estadual do Maranhão - UEMA, sob orientação do
professor Gleyson Vieira.

BALSAS
2019

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................4

2. CLASSIFICAÇÃO DOS LIPÍDIOS...........................................................................5

2.1 Triglicerídeos..........................................................................................................5

3. DIGESTÃO DOS LIPÍDEOS.....................................................................................6

3.1 Digestão dos lipídeos na boca................................................................................6

3.2 Digestão dos lipídeos nos monogástricos..............................................................6

3.3 Digestão dos lipídios nos ruminantes.....................................................................7

4. SUPLEMENTAÇÃO LIPÍDICA.................................................................................8

4.1 Fontes de gorduras.................................................................................................8

4.2 Fontes de óleos.......................................................................................................8

4.3 Problemas associados com o uso de gorduras e óleos.........................................9

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................10

REFERÊNCIAS...........................................................................................................11

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1. INTRODUÇÃO

Os lipídeos são substâncias bioquímicas presentes nos tecidos animais e


vegetais, formadas basicamente por carbono, oxigênio e hidrogênio, podendo
apresentar outros elementos como o nitrogênio, fósforo e enxofre (GONÇALVES et
al., 2005). Refere-se a um grupo moléculas orgânicas pequenas insolúveis em
água, mas que se dissolvem em outras substâncias como benzeno, éter, acetona,
clorofórmio, entre outros.
Representam uma forma concentrada contendo 2,25 vezes mais energia
que os carboidratos, ou seja, são mais calóricos e devido a isso são ótimas fontes
com energia prontamente disponível e evitam que a proteína seja utilizada como
fonte de energia (SILVA et al., 2007). Uma alimentação deficiente em lipídeos pode
levar à vários sintomas de carência de vitaminas lipossolúveis, degeneração de
tecidos, queda da pelagem, emagrecimento, entre outros (PUPA, 2004). Dietas que
são compostas exclusivamente de forrageiras contém de 1 a 4% de lipídeos, mas
quando ocorre a utilização de concentrados a base de grãos, esta porcentagem
sobe para 5 a 6 % de lipídeos (Van Soest 1994).
Em seu trabalho de pesquisa, Vaz et al. (2002) concluiu que vacas mais
velhas apresentaram um maior teor de gordura que vacas mais jovens, ou seja, a
porcentagem de gordura aumenta com a idade, dependendo também do nível de
ingestão de alimentos. Esses compostos são importantes para o organismo do
animal, pois servem como fonte e armazenamento de energia, auxiliam na
manutenção da temperatura corporal, a gordura é veículo percussor de vitaminas
lipossolúveis, melhoram a palatabilidade de algumas rações, além de possuírem
outras funções nutricionais (SBARDELLA, 2011).

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2. CLASSIFICAÇÃO DOS LIPÍDIOS

Os lipídeos dividem-se basicamente em três grupos: simples, compostos


e derivados. Os lipídeos simples são formados por ácidos graxos com álcool.
Neste grupo estão as gorduras e óleos, que são formados por ácidos graxos e
glicerol, e as ceras que são formadas por ácidos graxos e álcoois de cadeia
longa. Os lipídeos compostos são formados por ácidos graxos contendo
álcool e outros grupos de substâncias. Já os lipídeos derivados são substâncias
que derivam dos lipídeos simples e compostos, por meio de hidrólise. Compreendem
os ácidos graxos, álcoois e esteróis.

2.1 Triglicerídeos

Nos lipídeos estão inclusas muitas substâncias, mas na nutrição animal a


principal classe de interesse é dos ácidos graxos, que correspondem a 90% dos
triglicerídeos. Os triglicerídeos são os lipídeos mais importantes do ponto de vista
nutricional, já que correspondem à maneira facilitada para elevação do conteúdo de
energia das rações.
Os triglicerídeos são encontrados em sementes de plantas, grãos de
alguns cereais e na gordura animal. É a principal forma de armazenamento de
gordura no tecido animal, e são sintetizados principalmente no fígado, tecido
adiposo, glândula mamária e intestino delgado, porém a maioria das células
possuem a capacidade de realizar sua síntese (Bruss, 2008).
Os ácidos graxos podem ser saturados ou insaturados. Os ácidos graxos
saturados são aqueles que possuem apenas ligações simples entre seus átomos de
carbono de sua cadeia, ou seja, são fisicamente sólidos (gordura) pois possuem um
alto grau de ácidos graxos saturados. Enquanto que, os ácidos graxos insaturados
são aqueles que possuem uma ou mais ligações duplas entre seus átomos de
carbono de sua cadeia, ou seja, são fisicamente líquidos (óleo), pois possuem maior
insaturação. Alguns animais não possuem a capacidade metabólica de sintetizar
alguns ácidos graxos insaturados, por isso é necessário que sejam fornecidos na
dieta (VERUSSA, 2015).

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3. DIGESTÃO DOS LIPÍDEOS

Quando se fala de digestão, os lipídeos apresentam um problema


especial para o animal, já que eles não se dissolvem na água que é o principal meio
em que ocorre grande parte dos processos corpóreos. Por esse motivo, torna-se
necessário o processo de emulsificação ou dissolução dos lipídeos. Devido ao
problema de solubilidade, todas essas etapas de digestão e absorção dos lipídeos
se diferem dos outros nutrientes.

3.1 Digestão dos lipídeos na boca

Digestão é processo de quebra física e química dos componentes dos


alimentos em moléculas menores, para serem absorvidas e posteriormente
utilizadas pelo organismo. A quebra física é importante pois além de permitir que o
alimento flua através do tubo digestivo do animal ela também aumenta a área de
exposição das partículas de alimento para que as enzimas digestivas possam agir, e
todo esse processo se inicia pela mastigação (CUNNINGHAM, 1993).
A hidrólise das gorduras da dieta inicia-se na cavidade oral por ação da
lípase lingual, que é uma enzima usada para quebrar as gorduras de alimentos. A
gordura do leite é rica em lipídeos e contém ácidos graxos de cadeias médias e
curtas, por isso o processo de hidrólise pela lípase lingual é eficiente.

3.2 Digestão dos lipídeos nos monogástricos

Os triglicerídeos são transformados para se tornarem solúveis em água,


por meio da enzima lipase lingual. Cerca de 6% dos ácidos graxos são liberados,
iniciando a emulsificação que é a dispersão das duas fases líquidas (água e óleo),
atuando na diminuição da tensão entre essas duas fases (ARAUJO, 1999). O leite,
por exemplo, é uma emulsão de óleo em água, tendo em vista que 3,5% de gordura
é dispersa em uma fase aquosa.
Neste compartimento a presença de gordura provoca liberação do
hormônio colecistoquinina-pancreocimina, o qual estimula a passagem do alimento
do estômago para o duodeno para garantir completa emulsificação à medida que o
alimento se mistura com os sais biliares.
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O processo é completado com a ação da lipase pancreática, gerando
moléculas que quando associadas aos sais biliares formam as micelas solúveis em
água, que são estruturas formadas por um agregado de moléculas compostas que
possuem características polares e apolares simultaneamente. A absorção ocorre a
partir das micelas.

3.3 Digestão dos lipídios nos ruminantes

A grande diferença entre ruminantes e não-ruminantes ocorre pela


presença dos microrganismos que existem dentro do rúmen, pois são eles que
fazem a mudança que ocorre em ruminantes.
Nos recém-nascidos, a atividade da lipase pancreática é pequena. A
enzima atuante nesta fase é a esterase pré-gástrica que é responsável por cerca de
30 a 70% da lipólise.
Os ruminantes adultos se alimentam basicamente de forragens que
possuem concentração de gordura de apenas 1 a 4%, que são encontradas em
“formas” facilmente digeridas pela atividade dos microrganismos presentes no
rúmen. A lipólise no rúmen é bastante ativa.
Teores de gordura superiores a 3% da MS do alimento podem inibir a
atividade microbiana, principalmente dos organismos responsáveis pela digestão da
celulose.

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4. SUPLEMENTAÇÃO LIPÍDICA

As fórmulas de ração se constituem basicamente de milho e farelo de


soja, principais fontes de energia e proteína. No entanto, para atender as exigências
de energia e atingir o máximo de desempenho é necessário incluir uma fonte lipídica
que pode ser de origem vegetal ou animal (DUARTE, 2007).
Dietas com altos níveis de gordura são perfeitamente palatáveis e bem
aceitas pelas aves e suínos. Quando limita-se a inclusão das gorduras na dieta é por
conta de problemas de manejo e não pelo nível de aceitação dos animais.
Porém, os ruminantes são menos tolerantes a dietas de gorduras do que
os monogástricos. Quando o nível de gordura excede de 5% a 7% da dieta, podem
ocorrer distúrbios digestivos, diarréia e redução no consumo.

4.1 Fontes de gorduras

A maioria das gorduras é de origem animal e as mais comuns são:


a) sebo  sólido em temperatura ambiente e seu uso nas rações é menor
do que o dos óleos vegetais pois possui um alto grau de saturação, é absorvido
menos eficientemente e apresenta menor energia digestível do que os óleos.
b) banha  de suínos e possui um ponto de fusão mais baixo do que o
sebo. A procura por carne magra tem levado a uma oferta cada vez maior de banha
para a indústria de ração, mas no Brasil, ainda é relativamente pequeno o uso de
banha em ração.
c) gordura de aves  a gordura de aves é, provavelmente, a melhor fonte
de gorduras para ração, por conta da sua digestibilidade, qualidade e sabor, ela é
muito usada na fabricação de ração de pequenos animais domésticos, como cães e
gatos.

4.2 Fontes de óleos

Os óleos são, na maioria, de origem vegetal, mas existe também óleo de


origem marinha.
a) óleo de peixe  atualmente há grande interesse no uso de óleo de
peixe, tanto na alimentação animal quanto na humana, devido aos efeitos dos ácidos

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graxos ômega-3 na saúde humana. Estes ácidos graxos possuem cadeia longa, que
quando presentes na dieta reduzem os efeitos prejudiciais do colesterol.
b) óleos vegetais  no mercado existe grande variedade de óleos,
embora a competição com a indústria de alimentos humanos os tornem
antieconômicos para uso em rações. Dos óleos mais comuns, como o de milho,
algodão, soja, oliva, girassol, canola, amendoim e arroz, o de soja tem mais baixo
preço e tem participado das rações experimentais.

4.3 Problemas associados com o uso de gorduras e óleos

Os lipídeos contêm ácidos graxos insaturados susceptíveis ao


desenvolvimento de rancidez. Por exemplo, as gorduras são muito instáveis se
forem conservadas em condições desfavoráveis a sua preservação. São afetadas
pela presença de ar (oxigênio), luz, umidade e calor (o tratamento térmico aumenta
a velocidade de oxidação). Quando as gorduras estão alteradas, diz-se que estão
rançosas, porque o produto resultante das reações implica no aparecimento de
odores e sabores estranhos (o ranço).
A rancidez pode ser prevenida ou reduzida por meio da adição de
antioxidantes nas gorduras e nos alimentos. A vitamina E é o principal antioxidante
natural, embora existam antioxidantes sintéticos também.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, não só é conveniente garantir quantitativa e qualitativamente


o conteúdo de proteína da ração animal, mas também os valores energéticos que,
frequentemente, são subestimados por muitos produtores.
Esse aumento no rendimento nutritivo da ração pode ser obtido pela
adição de materiais com um alto conteúdo calórico, e as gorduras animais e os óleos
vegetais têm sido colocados em primeiro plano e hoje são ingredientes
indispensáveis nas modernas fórmulas de ração.

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REFERÊNCIAS

CUNNINGHAM. J.G. Tratado de fisiologia veterinária. Ed. Guanabara Koogan, Rio


de Janeiro, 1993. 454p.

DUARTE, F.D. Efeitos de fontes lipídicas em dietas para frango de corte sobre
o desempenho, rendimento e composição da carcaça. 2007. Dissertação
(Mestrado em Medicina Veterinária) – Escola de Veterinária, Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte.

MEDEIROS, S. R. de; ALBERTIN, T. Z.; MARINO, C. T. Lipídios na nutrição de


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(Ed.). Nutrição de bovinos de corte: fundamentos e aplicações. Brasília, DF:
Embrapa, 2015. 14 p.

PUPA, J.M.R. Óleos e gorduras na alimentação de aves e suínos. Revista


Eletrônica Nutritime, v.1, p.69-73, 2004.

SBARDELLA, M. Óleo de arroz na alimentação de leitões recém desmamados.


2011. 101f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal e Pastagens) - Escola
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SILVA JÚNIOR, A. S. Interações químico-fisiológicas entre acidificantes, probióticos,


enzimas e lisofosfolipídios na digestão de leitões. Revista Brasileira de Zootecnia,
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SARMENTO, J.L.R.; QUEIROZ, A.C.; SILVA, S.P. Suplementação de lipídios em 22
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qualidade da carcaça e da carne de vacas de diferentes idades, terminadas em
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VERUSSA, Guiomar Helena. Uso de lipídios na nutrição de suínos. Nutritime


Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.5, p.4288-4301, set-out, 2015. ISSN:
1983-9006.

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