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MEDO, DISCURSO E REALIDADE.

Marco Antônio Poubel

O presente trabalho pretende problematizar a manipulação política do medo e


sua influência no Direito Penal. O referido conceito será inicialmente analisado
no contexto do contratualismo clássico, como estruturante da filosofia jurídico-
política hobbesiana, ainda hoje amplamente revisitada nas problematizações
acerca da segurança pública e poder do estatal. Aqui, o medo decorre
primeiramente da condição objetiva de ausência da segurança na sociedade
pré-civil (denominada pelo autor como Estado de Natureza), onde prevalece a
eminência da violência e de ameaças generalizadas. Estas apenas cessariam
após a instituição do Estado Civil. Dessa condição de medo generalizado os
indivíduos fundam o Estado Civil, como uma alternativa à insegurança vigente.
Uma vez instituído o Estado, o medo ainda sustenta-se como elemento político
essencial, já que pela sua manipulação política e jurídica o Estado aumenta
sua capacidade de imposição da lei e garantia da ordem. Levantadas as
importantes contribuições do pensamento político hobbesiano, conhecido pela
relevância dada à questão da segurança (e sua relação com o medo), é preciso
por outro lado demonstrar que o referido filósofo não seria capaz, em sua
época, de prever outros problemas decorrentes das mudanças estruturais
apresentadas pela realidade sociopolítica contemporânea ocidental. Nela, o
sistema de representação democrática aliado ao pleno desenvolvimento
técnico dos meios de comunicação, oferecem terreno propício a uma
importante questão: A crescente autonomia da esfera da manipulação
subjetiva do medo frente às condições objetivas da realidade. Nesse contexto,
os grandes meios de comunicação estabelecem intrincada relação com grupos
e discursos de representação democrática, sendo a opinião pública
indissociável da formulação das leis do Estado onde, dentro do problema
proposto, se destaca a legislação penal.

Palavras Chave: Medo. Política. Segurança. Hobbes. Direito Penal.

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