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Universidade Estadual de Santa Cruz

Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas

CET- - Lógica

Profa .: Elisangela Farias

A LÓGICA MATEMÁTICA

1 ARGUMENTOS E SENTENÇAS
Dado um número …nito de proposições P1 ; P2 ; :::; Pk; Q, chamamos argumento
a qualquer a…rmação de que as sentenças P1 ; P2 ; :::; Pk; acarretam, ou têm como
consequência a sentença Q. Também diz-se que "a sentença Q se deduz (ou se
infere) das sentenças P1 ; P2 ; :::; Pk :"
Exemplo:

Sejam P1: Pedro é brasileiro e


Q: Pedro se comunica em português.
Assumindo a sentença P1, de que forma podemos deduzir a sentença Q?
Usando a…rmações advindas do raciocínio lógico; essas a…rmações são os argu-
mentos. Os argumentos são elaborados com a …nalidade de convencer de que
certos fatos são válidos.

As sentenças P1 ; P2 ; :::; Pk; são chamadas premissas , e a sentença Q é


chamada conclusão
Observando nosso exemplo:
P1: Pedro é brasileiro
P2: A Língua Portuguesa é a o…cial no Brasil
Q: Pedro se comunica em português.

Podemos usar as sentenças P1 e P2 para montar nosso argumento a …m de


deduzir Q:
Como Pedro é brasileiro e no Brasil a Língua Portuguesa é a o…cial, con-
cluímos que Pedro aprendeu e assimilou a Língua Portuguesa e, portanto se
comunica em português.
Na conclusão dos argumentos geralmente usamos expressões como: "por-
tanto" , "logo", "concluímos que" , "assim" , "consequentemente" , entre out-
ras.

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1.1 SILOGISMO
Um silogismo é um tipo de argumento lógico-dedutivo da forma "H é M. S
é H. Logo, S é M."
Por exemplo:

Todos os homens são mortais


Ora, Sócrates é um homem.
Logo, Sócrates é mortal.

Um silogismo é formado por três elementos básicos:


Premissa Maior (que contém uma a…rmação geral).
"Todos os homens são mortais"
Premissa menor ou termo médio (que contém uma a…rmação particular
ou derivada).
"Ora, Sócrates é um homem."
Conclusão(que deve ser coerente com as premissas anteriores).
Logo, Sócrates é mortal.

Cada premissa tem um elemento comum com a conclusão, e ambas, um


termo comum.
Qual seria esse elemento em comum esse termo em comum no exemplo
acima?

1.2 SENTENÇA CONDICIONAL

" Se P, então Q"

É uma sentença composta formada por duas sentenças P e Q, ligadas pelo


conectivo "Se...então" , de maneira que a sentença Q pode ser deduzida da
sentença P, todas as vezes em que admitimos a ocorrência de P.
Exemplo: Se n é um número inteiro é múltiplo por 10, então n é um número
par.
P:
Q:

Apesar de não ser tão imediato como no exemplo anterior, sabemos que a
proposição R pode ser deduzida de S.
Para nossos objetivos, a maneira de checar que uma sentença "Se P, então Q"
é condicional, será por meio de uma demonstração, com a qual se pode deduzir
a sentença Q, assumindo-se a sentença P. Isto é chamado método dedutivo.
Os argumentos são usados para se fazer deduções e, assim, executar os passos
de uma demonstração. Nas deduções, usamos sempre argumentos válidos, ou
seja, aqueles nos quais a conclusão é verdadeira sempre que as premissas forem
simultaneamente verdadeiras.

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Em termos gerais, uma demonstração matemática é um processo de
raciocínio lógico-dedutivo no qual, admitindo-se a sentença P, deduz-se, por uma
sequência de argumentações válidas, a sentença Q. Ou ainda, uma demonstração
garante que a sentença Q ocorre todas as vezes em que P ocorrer.
Para expressarmos-nos de forma mais clara possível, iremos substituir a ex-
pressão sentença condicional por sentença condicional válida (que é o caso
em que existe demonstração) , e no caso de uma expressão do tipo "Se P, en-
tão Q" sem que tenhamos necessariamente uma demonstração, adotaremos a
terminologia sentença condicional não-válida.

FATO IMPORTANTE

De uma sentença P verdadeira só é possível deduzir-se uma sentença Q


verdadeira, ou ainda, de uma sentença verdadeira não se pode deduzir uma
sentença falsa.
Mas, se a sentença P for falsa (ou uma das premissas for falsa) é possível
deduzir uma sentença Q que pode ser falsa ou verdadeira.
Exemplos: 1) Se 1=0,então 1=1.
2) Se 1=0, então 3=2.

1.3 SENTENÇAS IMPLICATIVAS

"P) Q"

A sentença P implica a sentença Q.


Esta é apenas uma outra maneira de escrever uma sentença condicional.

1.4 MODELO AXIOMÁTICO

Em determinado ponto da evolução de uma teoria de pensamento matemático,


torna-se necessário ordenar, sistematizar e relacionar todos os conheci-
mentos nela reconhecidos.

AXIOMATIZAR consiste em escolher algumas a…rmações que podem ser


feitas sobre os objetos matemáticos em estudo, na área considerada.
Delas, por processo dedutivo, obter todas as demais proposições que con-
stituem o corpo de conhecimento da teoria em causa.
Essas a…rmações, das quais deduzimos todas as outras, são os AXIOMAS e
o seu conjunto constitui uma axiomática.
Os axiomas, além de se basearem numa aceitação por evidência, devem ser:
* logicamente independentes, isto é, nenhum deles deve ser passível de
se obter dos restantes;

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* compatíveis, isto é, os axiomas não podem, por dedução lógica, conduzir
a proposições contraditórias.
Às a…rmações que se obtêm dedutivamente a partir dos axiomas, ou de outras
já deles obtidoas por dedução, chamamos teoremas.

"Deus fez os números naturais. O resto é obra dos homens."


Leopold Kronecker

Numa teoria matemática, quando há necessidade de d…nir algo, isso é feito


utilizando conceitos anteriores. Mas estes, por sua vez, também dependem de
idéias precedentes. E assim por diante. Como evitar então que esse processo
leve a círculos viciosos?
Por exemplo, os números complexos podem ser construídos a partir dos
números reais, da mesma forma, pode-se dar uma construção dos números reais
a partir dos racionais e estes por sua vez podem ser construídos a partir dos
inteiros.
Mas, e os números inteiros? Eles próprios podem ser construídos a partir do
conjunto mais simples, o dos números naturais.
Agora, …nalmente, os números naturais não foram construídos, mas apresen-
tados como um conjunto cuja existência ADMITIMOS, em que vale um reduzido
número de axiomas. Isso justi…ca a citação de Kronocker acima.
Resumidamente, um método axiomático é um conjunto …nito de axiomas, de
noções primitivas e de determinadas regras de inferência, usadas para deduzir
certas a…rmações(tepremas) e de…nir objetos, formalizando uma teoria.
Axiomatizar consiste de duas etapas:
Primeiro, simplesmente aceita-se certos termos sem uma explicação formal
de seu signi…cado - estes termos são chamados conceitos primitivos.
Depois, introduz-se proposições (a…rmações) que se tomam como verdadeiras
independente de qualquer demonstração- são chamados axiomas.

ATIVIDADE: Descreva brevemente a formalização através da axiomática de


1) Números Naturais 2) Geometria Plana.

1.5 TEOREMA

Um teorema é uma sentença condicional

Se "P", então "Q".


Se "Hipótese", então "Tese"

ou uma sentença implicativa

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"P") "Q"
"Hipótese" )"Tese"

da qual se possui uma demonstração que ela é válida.


Às vezes, os teoremas podem ser apresentados sem que estejam numa forma
implicativa ou numa forma condicional explícitas, como nos exemplos:

TEOREMA 1 (Versão 1):Todo número inteiro múltiplo de 5 termina em 0


ou 5.
(Versão 2):
(Versão 3):

TEOREMA 2 (Versão 1): O conjunto dos números primos é in…nito.


(Versão 2):

1.5.1 A RECÍPROCA DE UMA SENTENÇA

A RECÍPROCA de uma sentença implicativa "P)Q" é de…nida como a sen-


tença "Q)P". No caso de uma sentença condicional "Se P, então Q" , sua
recíproca é de…nida como a sentença "Se Q, então P".

Os valores lógicos de uma sentença e de sua recíproca são independentes.


Assim, se uma sentença é verdadeira, sua recíproca pode ser verdadeira ou falsa.

1.5.2 SENTENÇAS EQUIVALENTES


Se tivermos duas proposições P e Q, tais que "P)Q" e, simultaneamente, sua
recíproca "Q)P" sejam válidas, dizemos que

P se, e somente se Q.
P é condição necessária e su…ciente para Q.
P é equivalente a Q.
A sentença P vale se, e só se a sentença Q vale.
Se P, então Q, e reciprocamente.
P,Q.

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1.5.3 A FAMÍLIA DOS TEOREMAS

Muitas vezes, dependendo do contexto e para não abusar da palavra "teorema",


que aparece com muita frequência, alguns teoremas são chamados por outros
nomes:
Chamamos corolário a um teorema obtido como consequência de outro
recém provado.
Já um teorema usado para provar outro que lhe sucede é chamado lema,
podemos dizer que um lema é um teorema auxiliar ou preparatório, que será
usado na demonstração de outro.
Em algumas ocasiões, chama-se proposição a um teorema que não é central
no contexto e tem importância limitada.

OBS.: Esta apostila têm como objetivo orientar o decorrer da aula, onde os
conceitos e resultados aqui descritos serão devidamente desenvolvidos, explica-
dos e exempli…cados, sendo portanto imprescindível o acompanhamento da aula
para que esta apostila seja, de fato, elucidativa.

BIBLIOGRAFIA
1) Filho, Daniel. Um Convite à Matemática. Campina Grande, EDUFCG,
2006.
2) Filho, Edgar. Iniciação à Lógica Matemática. São Paulo: Nobel, 1986.

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