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I

UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADE CATARATAS


FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

DIAGNÓSTICO DO IMPACTO AMBIENTAL DIRETO


DO LOTEAMENTO BUBAS
ESTUDO DE CASO

CLAYTON ALBERTO SCHLÖGL

Foz do Iguaçu - PR
2009
I

CLAYTON ALBERTO SCHLÖGL

DIAGNÓSTICO DO IMPACTO AMBIENTAL DIRETO


DO LOTEAMENTO BUBAS
ESTUDO DE CASO

Trabalho Final de Graduação


apresentado à banca examinadora da
Faculdade Dinâmica de Cataratas –
UDC, como requisito parcial para
obtenção de grau de Engenheiro
Ambiental.

Orientador: Ederson Laurindo

Foz do Iguaçu – PR
2009
II

TERMO DE APROVAÇÃO

UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS

DIAGNÓSTICO DO IMPACTO AMBIENTAL DIRETO


DO LOTEAMENTO BUBAS
ESTUDO DE CASO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE


BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL

Aluno(a):

Orientador(a): Prof(ª)

Conceito Final

Banca Examinadora:

Prof(ª).

Prof(ª).

Foz do Iguaçu, 06 de novembro de 2009.


III

DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho à minha esposa Deise, à

minha mãe Marilene e ao meu pai Vili, pela compreensão

e incentivos para seguir avante nesta jornada, apoiando e

compreendendo os momentos difíceis destes cinco anos.


IV

AGRADECIMENTOS

À minha esposa Deise, em primeiro lugar que com a graça de Deus me


incentivou e apoiou a enfrentar as diversidades que se apresentaram nestes
períodos.
Em especial à todo o corpo docente que ao longo do curso transmitiram seus
conhecimentos, e aos demais funcionários que contribuíram nesta longa
caminhada.
Ao meu orientador Éderson Laurindo pelo estimulo e atenção que me
concedeu durante o curso.
Aos colegas de curso pelo incentivo e troca de experiências.
À todos os meus familiares e amigos pelo apoio e colaboração.
À Deus, por mais esta oportunidade de enriquecimento profissional e pessoal.
V

“De tudo ficaram três coisas:

A certeza de que estamos sempre começando

A certeza de que precisamos continuar

A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar

Portanto, devemos:

Fazer da interrupção um caminho novo

Da queda, um passo de dança

Do medo, uma escada

Do sonho, uma ponte

Da procura, um encontro.”

Fernando Pessoa
VI

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 14
2.1 Impacto Ambiental ........................................................................................... 14
2.2 Urbanização ..................................................................................................... 18
2.3 Estudo Ambiental ............................................................................................. 21
2.4 Matrizes ........................................................................................................... 25
2.5 Licença Ambiental ........................................................................................... 27
2.6 Geologia .......................................................................................................... 28
2.7 Hidrologia......................................................................................................... 29
3 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 34
3.1 Caracterização da área de estudo ................................................................... 34
3.1.1 Caracterização do Empreendimento ......................................................... 34
3.1.2 Caracterização geológica .......................................................................... 37
3.1.3 Caracterização climática ........................................................................... 39
3.1.4 Caracterização hidrológica ........................................................................ 42
3.1.5 Caracterização da Flora ............................................................................ 45
3.2 Áreas de Influência .......................................................................................... 47
3.3 Metodologia da Pesquisa................................................................................. 49
3.4 Procedimentos ................................................................................................. 49
3.4.1 Trabalho de Campo................................................................................... 49
3.4.2 Escritório ................................................................................................... 51
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................. 52
4.1 Avaliação dos Impactos Ambientais Diretos .................................................... 52
4.2 Diagnóstico do Impacto Ambiental .................................................................. 53
4.2.1 Clima ......................................................................................................... 54
4.2.2 Poluição do Solo ....................................................................................... 55
4.2.3 Recursos Hídricos ..................................................................................... 57
4.2.4 Impactos na Flora...................................................................................... 63
4.2.4 Impactos sociais ........................................................................................ 65
4.2.6 Infra-estrutura ............................................................................................ 67
4.2.7 Poluição sonora ........................................................................................ 69
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 73
ANEXOS ................................................................................................................... 77
VII

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Imagem ilustrando a localização do loteamento em relação aos rios


Paraná (N-S) e Iguaçu (L-O), e a região em que está inserido. ................................ 36
Figura 02: Localização do loteamento Bubas e uma visão parcial das áreas urbanas
circunscritas. ............................................................................................................. 36
Figura 03: Classificação do solo na região oeste do estado do Paraná. .................. 38
Figura 04: Classificação Climática. .......................................................................... 40
Figura 05: Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Iguaçu. .................................. 44
Figura 06: Localização da área de estudo e determinação da área de influência
direta. ........................................................................................................................ 48
Figura 07: Localização da área de estudo e determinação da área de influência
indireta. ..................................................................................................................... 48
Figura 08: Solo compactado após o início da obra. ................................................. 57
Figura 09: Poço cacimba no sítio a sudoeste do empreendimento. ......................... 59
Figura 10: Nascente localizada a 3 metros do talude; coordenadas 25°35’02.47”S e
54°34’25.44”W........................................................................................................... 60
Figura 11: Nascente encostada no talude criado pelo empreendimento, e
parcialmente coberta pelo solo utilizado na terraplanagem; coordenadas
25°35’03.30”S e 54°34’27.11”W. ............................................................................... 61
Figura 12: Solo utilizado para a terraplanagem invadindo o espaço da vegetação
nativa e das nascentes. ............................................................................................. 62
Figura 13: Curso da água proveniente das nascentes apresentando sedimento de
cor alaranjada e turbidez. .......................................................................................... 63
Figura 14: Limite da mata nativa localizada ao sudoeste do loteamento Bubas. ..... 65
Figura 15: Uma das vias de acesso ao empreendimento. ....................................... 67
Figura 16: Integrantes da Fundação Bioma Brasil fazendo a limpeza em um dos rios
prejudicados. ............................................................................................................. 69
9

SCHLOGL, Clayton Alberto. Diagnóstico do Impacto Ambiental Direto do


Loteamento Bubas: estudo de caso. Foz do Iguaçu, 2009. Trabalho Final de
Graduação (Bacharelado em Engenharia Ambiental) - Faculdade Dinâmica de
Cataratas.

RESUMO

A expansão urbana acelerada tem provocado diversos impactos negativos ao meio


ambiente. Os avanços na política habitacional do município de Foz do Iguaçu
levaram a Prefeitura Municipal a construir na zona sul da cidade o Loteamento
Bubas A aprovação de loteamentos em áreas de preservação ambiental pode
contaminar rios e nascentes remanescentes na área urbana do município. Este
estudo realizou um diagnóstico ambiental com o objetivo de identificar os impactos
ambientais diretos causados pela obra como um todo. Determinaram-se as áreas de
influência direta e indireta. As atividades desenvolvidas para a elaboração do
diagnóstico foram divididas em duas etapas: trabalho de campo; escritório. Os
principais impactos identificados no local de estudo foram descritos abaixo de
acordo com os resultados da matriz de interação. Nas visitas realizadas no local do
estudo, pode-se observar impactos ambientais físicos biológicos e antrópicos, dentre
eles estão relacionados o clima, poluição do solo, os recursos hídricos, vegetação,
impactos sociais, infra-estrutura e poluição sonora. De acordo com a matriz de
Leopold, com exceção da poluição sonora, todos os impactos se mostraram
permanentes, e com exceção do impacto social, que se apresentou como parte
benéfico, parte adverso, todos se mostraram adversos. Do ponto de vista qualitativo
da pesquisa, os impactos de maior significância foram os climáticos, poluição do
solo, e os Recursos Hídricos, que se destacou com o maior grau de importância.
Podemos concluir também que o sítio estudado, situado ao sudoeste do
empreendimento, é quem mais está sentindo os impactos físicos do
empreendimento, e que grande parte desse problema provavelmente deixaria de
existir se fosse incluído no projeto um sistema de captação de água pluvial.

Palavras-Chave: diagnóstico ambiental, preservação ambiental, impacto ambiental.


10

SCHLOGL, Clayton Alberto. Direct Environmental Impact diagnosis of Buba´s


Land Subdivision: case study.. Foz do Iguacu, 2009. Completion of course work
(Bachelor of Environmental Engineering) - Faculdade Dinâmica de Cataratas.

ABSTRACT

The accelerated Urban Sprawl has caused a number of negative impacts on the
environment. The advances in political housing in the municipality of Foz do Iguaçu
have led the City Hall to build, in the municipal southern zone, Bubas land
subdivision. The approval of land subdivisions within environmental preservation
areas may contaminate rivers and remaining water sources in the municipal urban
areas. This Study performed an environmental diagnosis aiming to identify the direct
environmental impacts caused by it as a whole. Areas under direct and indirect
influences have been determined. The activities developed for the elaboration of the
diagnosis were divided into two stages: fieldwork; office. The chief impacts identified
at the study site have been described below according to the results of the interaction
matrix. During the visits made at the study site, it was possible to observe human,
physical and biological impacts on the environment. Among them, climate, soil
pollution, hydrological resources, vegetation, social impacts, infrastructure and noise
pollution are interrelated. According to Leopold matrix, with exception of the noise
pollution, all impacts have shown to be permanent, and with exception of the social
impact, which has presented itself as partially benefic and partially adverse, They all
have shown to be adverse. The most significant impacts were the climate impact, soil
pollution and the hydrological resources impact, which showed the highest level of
significance. We can also conclude that the farm studied located next to the
southwestern area of Bubbas land subdivision, is suffering the most all the physical
impacts of this process and a great part of this problem would disappear if a rain
water capture system were included in the project.

Keywords: environmental diagnosis, environmental preservation, environmental


impact.
11

1 INTRODUÇÃO

A expansão urbana acelerada tem provocado diversos impactos

negativos ao meio ambiente. A necessidade de novas metodologias que permitam

um planejamento mais adequado dos recursos naturais é cada dia mais evidente.

Observa-se nos últimos anos que, o processo de “periferização” da

população de menor renda, ocorreu com o deslocamento das áreas mais centrais e

melhor dotadas de infra-estrutura, para as favelas, assentamentos irregulares, áreas

de mananciais, ou seja, justamente para aquelas áreas no geral pior dotadas de

infra-estrutura e ambientalmente sensíveis. Tal processo gera custos crescentes em

termos de infra-estrutura, e recuperação de áreas degradadas.

No entender de Miranda (2007), o Brasil, hoje, é um país

urbanizado. Com a saída de pessoas do campo em direção às cidades, os índices

de população urbana vêm aumentando sistematicamente em todo o país. A partir da

década de 60, as cidades passaram por um processo de dispersão espacial, à


12

medida que novas porções do território foram sendo apropriadas pelas atividades

agropecuárias.

Os avanços na política habitacional do município de Foz do Iguaçu,

tais como os programas de urbanização de favelas, levaram a Prefeitura Municipal a

construir na zona sul da cidade o Loteamento Bubas, onde anteriormente

encontrava-se uma plantação de soja.

Segundo a CETESB (2003), é importante observar que em imóveis

desta natureza é grande a possibilidade da presença de contaminação no solo, ou

mesmo em suas instalações prediais remanescentes, o que caracteriza um dos

principais aspectos do denominado passivo ambiental.

A aprovação de loteamentos em áreas de preservação ambiental

pode contaminar rios e nascentes remanescentes na área urbana do município,

pois, geralmente, os loteamentos novos não possuem rede de esgoto podendo

contaminar os lençóis freáticos de captação de água potável.

As reservas técnicas e ambientais dos loteamentos nem sempre são

respeitadas tornando a expansão urbana uma ameaça ao meio ambiente, pois

geram degradação e contaminação do solo, destruição da flora e da fauna e

contaminação da água.

Há que se analisar os impactos no meio ambiente ocasionados pela

urbanização, considerando as transformações provocadas nos ecossistemas e

geossistemas, diretamente pela construção de área urbanizada, pela sua ação de

influência e relações.

Vários autores já analisaram diagnósticos ambientais de EIA’s/RIMA

aprovados, principalmente no tocante à biota e à concordância com a técnica e a

legislação. Alguns desses autores comentam que os estudos não atendem de modo
13

satisfatório às exigências legais previstas na regulamentação disciplinadora do tema,

com falhas no diagnóstico ambiental relacionadas à área de influência do projeto.

Este estudo realizou um diagnóstico ambiental com o objetivo de

identificar os impactos ambientais diretos causados pela obra como um todo. A

elaboração do diagnóstico ambiental do Conjunto Habitacional Bubas justifica-se por

abordar a questão habitacional de Foz do Iguaçu, a problemática atual em relação à

erosão e conservação de nascentes, e a sua proximidade com a mata no entorno.


14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Impacto Ambiental

Segundo Sanchez (2006), Impacto ambiental é claramente, o

resultado de uma ação humana, que é a sua causa. Não se deve, portanto,

confundir a causa com a consequência. Uma rodovia não é um impacto ambiental;

uma rodovia causa impactos ambientais. Da mesma forma, um reflorestamento com


15

espécies nativas não é um impacto ambiental benéfico, mas uma ação (humana)

que tem o propósito de atingir certos objetivos ambientais, como a proteção do solo

e dos recursos hídricos ou a recriação do hábitat da vida selvagem.

“Impacto ambiental de um projeto é a diferença entre a situação do

meio ambiente (natural e social) futuro modificado pela realização do projeto e a

situação do meio ambiente futuro tal como teria evoluído sem o projeto.” (PRADO

FILHO, J. F. do, 1992).

Para Dias (2007), impacto ambiental pode ser definido como a

modificação no meio ambiente causada pela ação do homem. Neste sentido, há

impactos de todo tipo, desde os menores, que não modificam substancialmente o

meio ambiente natural, até aqueles que não só afetam profundamente a natureza,

como também provoca diretamente problemas para o ser humano, como a poluição

do ar, das águas e do solo.

Segundo Rolnik 2002, apud Sanchez (2006), o termo “impacto de

vizinhança” é usado para descrever impactos locais em áreas urbanas, como

sobrecarga do sistema viário, saturação da infra-estrutura – como redes de esgoto e

de drenagem de águas pluviais -, alterações microclimáticas derivadas de

sombreamento, aumento da frequência e intensidade de inundações devido a

impermeabilização do solo, entre outros. Planos diretores e leis de zoneamento –

que são instrumentos bem difundidos de política urbana – não se mostram suficiente

para “fazer a mediação entre os interesses privados dos empreendedores e o direito

à qualidade urbana daqueles que moram ou transitam em seu entorno”.

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é abordada enquanto

processo de avaliação dos efeitos ambientais, econômicos e sociais, que podem

advir da implantação de atividade antrópicas (IBAMA,1995).


16

A AIA é considerada um instrumento de política ambiental

preventiva, pois pretende identificar, quantificar, e minimizar as consequências

negativas sobre o meio ambiente, antes que o empreendimento inicie suas

atividades. Deste modo, este instrumento permite a aplicação de medidas que

evitem ou diminuam os impactos ambientais inaceitáveis ou fora dos limites

previamente estabelecidos, levando em consideração os limites de assimilação,

dispersão e regeneração dos ecossistemas e como afetarão a sociedade; constitui

um instrumento que busca minimizar os custos ambientais e sociais de um

determinado projeto e maximizar seus benefícios, através da adoção de

condicionantes que conduzam a maior eficiência possível em termos ambientais

(DIAS, 2007).

Barbieri (2004), ao escrever sobre AIA na legislação brasileira,

apresenta o objetivo da AIA dado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA), e salienta que os problemas, conflitos e as agressões ao meio

ambiente devam ser verificados sobre os seguintes pontos: danos à população, a

empreendimentos vizinhos e ao meio físico e biológico, de maneira que se garanta o

tratamento dos efluentes em seu estágio preliminar de planejamento do projeto.

Conforme Macedo (1995), para avaliar este objeto ambientalmente,

significa compreendê-lo e mensurá-lo, segundo as relações mantidas entre seus

elementos e aspectos físicos, bióticos, econômicos, sociais e culturais.

No Estado do Paraná, a avaliação de impacto ambiental conforma-

se, em primeiro lugar, às diretrizes da Resolução n° 001/86 do CONAMA e aos

regulamentos e normas do licenciamento ambiental (MOREIRA, 1993).

A Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei

6.938/81, tem por objetivo a preservação, identificação, previsão e interpretação dos


17

impactos ambientais que um projeto ou atividade produzirá no caso de ser

executadas, assim como a prevenção, correção e valoração dos mesmos, tudo isso

com a finalidade de ser aceito, modificado ou rejeitado por parte das administrações

públicas competentes (FDEZ.-VÍTORA, 1997).

Segundo Sanchez (2006), a finalidade da avaliação de impacto

ambiental é considerar os impactos ambientais antes de tomar qualquer decisão que

possa acarretar significativa degradação da qualidade do meio ambiente. Para

cumprir esse papel, a AIA é organizada de forma que seja realizada uma série de

atividades sequenciais, concatenadas de maneira lógica. À esse conjunto de

atividades e procedimentos se da o nome de processo de avaliação de impacto

ambiental. Em geral, esse processo é objeto de regulamentação, que define

detalhadamente os procedimentos a serem seguidos, de acordo com os tipos de

atividades sujeitos à elaboração prévia de um estudo de impacto ambiental, o

conteúdo mínimo desse estudo e as modalidades de consulta pública, entre outros

assuntos.

De acordo com Araújo et al. (2005), o desmatamento tende a

desestabilizar encostas e enfraquecer os solos. Para Coelho Netto (2007), a retirada

da vegetação original e da fauna do solo propicia a erosão superficial por mudar a

dinâmica de escoamento.

Segundo Sanchez (2006), Alguns impactos negativos poderão ser

aceitáveis se houver medidas capazes de reduzi-los. Conhecidas como medidas

mitigadoras, ou seja, ações que visam atenuar os efeitos negativos do

empreendimento, devem ser descritas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). A

regulamentação brasileira, por meio da Resolução Conama 1/86, somente

determina, explicitamente, que todo EIA deve incluir a “definição das medidas
18

mitigadoras dos impactos negativos” (Art. 6°, III). Na prática, os EIA’s vão além

desse requisito mínimo, propondo outras medidas, ações, iniciativas ou programas

que contribuam para melhorar a viabilidade ambiental do projeto em análise.

2.2 Urbanização

Segundo Corson (1996), a população mundial, atualmente 5,2

bilhões de pessoas, cresceu cerca de 3 bilhões em 1960, e aproximadamente 2

bilhões em 1925. Nos dias atuais, ala aumenta cerca de 90 milhões por ano, e

espera-se que o número de 10 bilhões seja alcançado em 2015, a não ser que um

controle de natalidade seja radicalmente adotado. No presente, menos da metade

das mulheres com idade pra ter filhos adotam o controle de natalidade. Se os atuais

índices de crescimento continuar muitos paises da África e boa parte dos da

América Latina duplicarão suas populações em menos de 25 anos. Países com altos

índices de crescimento populacional têm índices de qualidade de vida reduzidos e

os de sofrimento humano aumentados. O crescimento é frequentemente

acompanhado por uma grave degradação ao meio ambiente, desertificação e erosão

do solo. Devido aos índices atuais de degradação em um mundo de 5 bilhões de

habitantes, as perspectivas de proteção ao meio ambiente com uma população de

10 bilhões – em um período correspondente a pouco mais de uma geração – não

são nada animadores.

Segundo Paviani (1989) a urbanização não é um processo antigo na

organização humana no mundo. Com o surgimento do capitalismo e a mudança nos


19

meios de produção, o homem passou a formar burgos dando início ao surgimento

das cidades. No entanto, essa ocupação da região dos castelos em busca da

proteção dos nobres gerou, além de problemas na ocupação do solo, a necessidade

de organizar tal processo, Até alguns séculos atrás a ausência de saneamento

básico nas cidades causava grandes epidemias e transmissão de doenças

provocando a morte em populações inteiras, principalmente na Europa.

Segundo Valle (2003), as grandes aglomerações urbanas estão

sujeitas a acidentes de toda sorte, causados pela concentração de riscos e pelo

acúmulo de problemas de gestão ambiental que fogem ao controle das

administrações municipais. Este é o cenário montado para os grandes acidentes

urbanos que tem ocorrido e que poderão continuar a ocorrer, em escala crescente,

devido a concentração populacional maciça que esta dando origem a núcleos

urbanos cada vez maiores. Esse afluxo populacional para as megalópoles está

ocorrendo principalmente em países pobres, ou naqueles classificados como

emergentes, justamente onde os recursos para a prevenção dos riscos de acidentes

são mais escassos.

De acordo com Corson (1996), o crescimento urbano está

resultando mais da pobreza rural do que juntamente com a má distribuição das

terras, baixas rendas e investimento inadequado do governo na agricultura, todos

combinados, fazem até mesmo as favelas nas grandes cidades parecerem mais

atraentes do que a vida rural. Com os índices de desemprego no terceiro mundo de

30 e 50%, a procura de emprego é um grande incentivo de migração. Além disso, à

medida que as áreas urbanas esgotam os recursos naturais das áreas vizinhas – por

exemplo, à medida que os habitantes da cidade destroem a floresta à procura de

madeira combustível para substituir o óleo – os moradores da zona rural podem ser
20

forçados a migrarem. Infelizmente os migrantes que chegam à muitas cidades do

terceiro mundo se instalam em áreas de favelas, caracterizadas por altos índices de

desemprego, poluição, doenças, desordem social e política, e, em muitos casos,

violência.

Atualmente, há uma grave preocupação da parte da sociedade em

geral, é a preservação ambiental, é corrente o aumento da conscientização

ambiental entre a população em geral, o que tem um efeito significativo sobre as

preferências dos consumidores, juntamente com a ascensão do movimento

ecológico; o progresso tecnológico, principalmente a energia nuclear e outras

megatecnologias, gerou nova forma de protesto político, introduzindo temas

ecológicos críticos no diálogo político e no processo legislativo (BEZERRA, 1996).

Porém deve-se pensar que a saúde do meio ambiente não está

restrita aos grandes desastres ecológicos e a agressões ambientais por parte das

grandes empresas, ela se apresenta no cotidiano das famílias, dos bairros, dos e

dos pequenos agricultores e na maneira como todos se relacionam com o meio

ambiente. Neste contexto, há que se pensar na urbanização como um dos agentes

que mais implica em agressão ao meio ambiente, pois ela é responsável pela

contaminação do ar, do solo e da água, principalmente das águas subterrâneas.

Para promover a urbanização é necessário pensar meios de viabilizar o destino

adequado para os resíduos sólidos e efluentes domésticos, além da proteção que se

deve garantir à fauna e à flora. O desenvolvimento urbano deve ser pensado em

todos os aspectos: culturais, sociais, ambientais, para que a sociedade possa

realmente usufruir a vida natural sem colocar em risco o bem-estar das gerações

futuras (PHILLIPI JR., 2005).


21

O capítulo VI da Lei Orgânica do município de Foz do Iguaçu/2001

trata da política urbana, sendo que o Art. 182 tem por objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, traçando

diretrizes que garantem o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento

ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao

trabalho e ao lazer.

2.3 Estudo Ambiental

Segundo Sanchez (2006), no Brasil, é quase padrão a divisão do

ambiente em três grandes compartimentos para fins de diagnóstico ambiental: os

meios físico, biótico e antrópico. Basicamente, a filosofia por trás dessa divisão

coloca no compartimento “meio físico” tudo o que diz respeito ao ambiente

inanimado, e no “meio biótico”, tudo o que se referem aos seres vivos, excluídos os

humanos, que são tratados no ”meio antrópico”.

Segundo Fogliatti (2004), a identificação, a análise e a avaliação dos

impactos ambientais a serem gerados por atividades potencialmente poluidoras, são

os objetivos EIA’s, assim como a proposta das medidas mitigadoras daqueles que

não poderão ser evitados e dos planos de monitoramento que devem ser instalados

com a finalidade de se verificar a real eficácia das medidas propostas.

Segundo Fogliatti (2004), dentre as atividades mínimas que devem

contemplar um Estudo de Impacto Ambiental está o diagnóstico ambiental da área

de influência do projeto, abranjendo a descrição e a análise dos recursos ambientais


22

e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da

área, antes da implantação do projeto, considerando os meios físico, biótico e sócio

econômico.

Segundo Sánchez (2006), o diagnóstico ambiental também está

previsto como uma das atividades do estudo de impactos ambientais. A Lei

6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, instituiu também a

avaliação de impactos ambientais, vinculando-a aos sistemas de licenciamento de

atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente. É a completa descrição e

análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a

caracterizar a situação ambiental de uma determinada área geográfica, antes da

implantação de um determinado projeto (BITAR, 1997).

"Uma importante etapa da AIA é o diagnóstico ambiental, que

significa a descrição e identificação dos recursos ambientais e suas interações, tal

como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental de uma determinada

área geográfica (qualidade ambiental atual), antes da implantação de um

determinado projeto’’ (BRANDÃO é LIMA, 2002).

Segundo Tommasi (1994), Uma abordagem ecológica dos limites de

um estudo de impacto ambiental deve considerar até onde ocorrem efeitos

ecotoxicológicos, até onde pode haver bioacumulação de poluentes na cadeia

alimentar, até onde há modificação de habitats e até onde ocorrerão interferências

nos ciclos biogeoquímicos.

Segundo Sanchez (2006), é somente depois da previsão de impacto

que se pode tirar alguma conclusão da área de influência do projeto. Se esta é a

área geográfica na qual são detectáveis os impactos de um projeto, então ela não

poderá ser estabelecida de antemão, exceto como hipótese a ser verificada. Se o


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projeto for implantado, é o monitoramento ambiental que estabelecerá sua real área

de influência, desde que o programa de monitoramento seja capaz de discernir as

modificações causadas por ele daquelas que tem outras causas.

Segundo Verdum (1992), nos EIA (Estudos de Impacto Ambiental) e

RIMAs (Relatório de Impacto Ambiental), que dão origem à Avaliação de Impacto

Ambiental para os licenciamentos exigidos por lei, três setores são estudados e

enfocados por equipes multidisciplinares, objetivando obter o cenário daquele

momento, a fim de que se possa construir um programa que controle o uso múltiplo

dos recursos naturais envolvidos. São eles:

- Meio Físico - estuda a climatologia, a qualidade do ar, o ruído, a

geologia, a geomorfologia, os recursos hídricos (hidrologia, hidrologia superficial,

oceanografia física, qualidade das águas, uso da água), e o solo;

-Meio Biológico - estuda o ecossistema terrestre, o ecossistema

aquático e o ecossistema de transição;

-Meio Antrópico - estuda a dinâmica populacional, uso e ocupação

do solo, nível de vida, estrutura produtiva e de serviço e organização social.

Segundo Sanchez (2006), Uma delimitação mínima da área de

estudo corresponde à própria área a ser ocupada pelo empreendimento, usualmente

chamada de área diretamente afetada. Trata-se da área de implantação e seus

componentes ou instalações auxiliares, em que pode ocorrer perda da vegetação

preexistente, impermeabilização do solo e demais modificações importantes.

Segundo Sanchez (2006), uma das funções do diagnóstico

ambiental é fornecer dados para confirmar a identificação preliminar e para a

previsão da magnitude dos impactos. Pode-se afirmar que, quanto mais se conhece

sobre um ambiente, maior é a capacidade de prever impactos e, portanto, de


24

gerenciar o projeto de modo a reduzir os impactos negativos. Quanto menos se

sabe, maior é o potencial de um empreendimento causar impactos ambientais

significativos, devido, justamente, ao desconhecimento dos processos ambientais,

da presença de elementos valorizados do ambiente e da vulnerabilidade ou da

resiliência desse ambiente. Por exemplo, considera-se um empreendimento

proposto para uma região com potencialidade de ocorrência de cavernas (região

carstica). A única maneira de saber se o projeto poderá afetar cavernas, é como

estas poderão ser afetadas, é verificando se elas existem. Em um primeiro

momento, portanto, quando o conhecimento é baixo, é necessário admitir que o

potencial de impactos é elevado, ou seja, o empreendimento pode causar grandes

danos ao patrimônio espeleológico. Somente depois de se realizar um levantamento

pode-se reduzir a incerteza.

Segundo Sanchez (2006), o monitoramento ambiental do projeto não

deve ser confundido com o monitoramento da qualidade ambiental ou do estado do

meio ambiente, normalmente executado por instituições publicas. Trata-se de um

automonitoramento concebido em função dos impactos previstos e que deve ser

capaz de captar as mudanças induzidas pelo empreendimento e distingui-las de

eventuais mudanças naturais ou induzidas por outras fontes.

De acordo com Sanchez (2006), o ambiente afetado pela ação

humana pode, em certa medida, ser recuperada mediante ações voltadas para essa

finalidade. A recuperação de ambientes ou ecossistemas degradados envolve

medidas de melhoria do meio físico, por exemplo, a condição do solo, a fim de que

possa ser restabelecida a vegetação ou a qualidade da água, afim de que as

comunidades bióticas possam ser restabelecidas – e medidas de manejo dos


25

elementos bióticos ecossistema – como plantio de mudas de espécies arbóreas ou a

reintrodução da fauna.

De acordo com Garcez (2004), o engenheiro deve estimar tanto as

grandes variações que ocorrem nos fenômenos hidrológicos como as limitações

dessas mesmas variações. Do conhecimento da grandeza e frequência de tais

valores resultará a adoção criteriosa de coeficientes de segurança adequados à

aplicação prática que se tenha em vista.

2.4 Matrizes

Segundo Fogliatti (2004), as matrizes começaram a ser utilizadas na

década de 70 do século passado e continuam até a atualidade sendo muito

empregadas para relacionar as ações de um projeto e seus efeitos no meio

ambiente. Tem como principal função a identificação dos impactos por meio

impactado.

Segundo Braga (2002), percorrendo as filas das matrizes

correspondentes a cada uma das ações, é possível detectar as que são

potencialmente responsáveis pelo maior número de impactos. Utilizando indicadores

que quantificam ou qualificam esses impactos adversos ou amplificadores de

impactos benéficos.

Segundo Wathern (1988), a matriz de Leopold possui o formato ideal

para a identificação de impactos e apresentação dos resultados das avaliações,

embora esta habilidade seja bastante questionada por alguns autores. O princípio
26

básico da Matriz de Leopold consiste em, primeiramente, assinalar todas as

possíveis interações entre as ações e os fatores, para em seguida estabelecer, em

uma escala que varia de 1 a 10, a magnitude e a importância de cada impacto,

identificando se o mesmo é positivo ou negativo. Enquanto a valoração da

magnitude é relativamente objetiva ou empírica, pois se refere ao grau de alteração

provocado pela ação sobre o fato ambiental, a pontuação da importância é subjetiva

ou normativa uma vez que envolve atribuição de peso relativo ao fator afetado no

âmbito do projeto

A matriz de Leopold é um exemplo de matriz simples e muito

utilizada. Nela, os 88 fatores ambientais se dispõem em linhas e, as 100 ações, que

serão as causas dos possíveis impactos, se dispõem em colunas. A interação entre

dois componentes de eixos opostos é marcada na célula comum a ambos. As listas

são relacionadas na base de causa e efeito. Quando uma ação tem efeito em uma

das características ambientais, na célula apropriada da matriz, são marcadas a

magnitude e a significância do impacto potencial (SHOPLEY e FUGGLE, 1984).

Segundo Tommasi (1994), a Matriz de Leopold é um método barato,

muito informativo e que permite fazer comparações fáceis. O método permite fácil

compreensão dos resultados; aborda fatores biofísicos e sociais; acomoda dados

qualitativos e quantitativos, além de fornecer boa orientação para o prosseguimento

dos estudos e introduzir multidisciplinaridade.

Santos (2004), ressalta que as matrizes fornecem uma visão global

dos impactos e permitem contrastar as situações de maior ou menor grau de

severidade.
27

2.5 Licença Ambiental

“O licenciamento ambiental no Brasil começou em alguns Estados,

em meados da década de 1970, e foi incorporado à legislação federal como um dos

instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente” (Sánchez, 2006).

A definição de licenciamento ambiental segundo a resolução

CONAMA n° 237/97, é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental

competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de

empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas

efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam

causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares

e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) regulamenta o licenciamento

para implantação de loteamentos urbanos em duas etapas, onde os proprietários

devem requerer o Licenciamento Prévio (LP) e o Licenciamento de Instalação (LI).

É dever do IAP verificar as condições ambientais do local e sua

capacidade de suporte e adaptação ao novo uso proposto. Com isso, ocorrências

como erosão, inundações e outras formas de degradação de recursos ambientais

podem ser evitadas. Tais exigências decorrem da necessidade de garantir uma força

potencialmente poderosa que para criar um mundo mais justo, diminuindo as

diferenças entre as classes sociais e erradicando os preconceitos; mais humano,

onde a terra, o alimento, a educação e o abrigo esteja ao alcance de todos de forma

a diminuir a violência; e, finalmente, um mundo sustentável, onde os padrões


28

humanos, incluindo a forma como os bens e serviços são produzidos e consumidos,

sejam alterados para assegurar a sobrevivência do planeta (IAP. 2009).

2.6 Geologia

Segundo Araújo (2008), a Geomorfologia tem um papel

importante, juntamente com a Pedologia, no diagnóstico de áreas degradadas,

porque todas, ou quase todas, atividades que os seres humanos desenvolvem na

superfície terrestre estão sobre alguma forma de relevo ou algum tipo de solo. Existe

uma grande interface entre a Pedologia e a Geomorfologia, e do conhecimento

integrado desses dois ramos do saber torna-se mais fácil não só diagnosticar danos

ambientais, mas também utilizar esses conhecimentos para que possam estar à

disposição dos técnicos e da sociedade como um todo, para prognosticar a

ocorrência dos danos e, consequentemente, evitá-los.

De acordo com Braga (2002), Há certas características do solo que

podem ser vistas a olho nu ou facilmente percebidas pelo tato que são

frequentemente utilizadas para a descrição de sua aparência no ambiente natural.

Porém, mesmo sem decorrer a procedimentos padronizados, por simples inspeção é

possível associar algumas propriedades do solo à sua coloração. Os solos escuros,

tendendo para o marrom, por exemplo, quase sempre podem ser associados a

presença de matéria orgânica em decomposição em teor elevado; a cor vermelha é

indicativa de óxidos de ferro e de solos bem drenados; as tonalidades acinzentadas,


29

mais comumente encontradas junto as baixadas, são indícios de solo

frequentemente encharcados.

Segundo Braga (2002), embora a poluição do solo possa ser

provocada por resíduos na fase sólida, líquida e gasosa, é, sem dúvida, sob a

primeira forma que ela se manifesta intensamente por duas razões principais: as

quantidades geradas são grandes e as características de imobilidade – ou pelo

menos de muito menor mobilidade dos solos – impõem grandes dificuldades em

relação ao seu transporte no meio ambiente.

Garcez (2004) diz que para um valor determinado do poder

evaporante da atmosfera, a taxa de evaporação de um solo é função da quantidade

de água contida na camada superficial do solo e da facilidade de substituição desta

pela água proveniente do lençol freático. Em outras palavras, a evaporação na

superfície do solo depende dos fatores anteriormente enunciados e mais da

umidade e da natureza do próprio solo.

Um fator importante para o estudo do lençol freático é a capacidade

de infiltração do solo, segundo Garcez (2004), é a quantidade de água máxima que

um solo, em condições preestabelecidas, pode absorver por unidade de superfície

horizontal, durante a unidade de tempo. Pode ser medida pela altura de água que se

infiltrou, expressa em mm.hora-1, e é uma grandeza que caracteriza o fenômeno da

infiltração em suas faces de intercâmbio e de decida.

2.7 Hidrologia
30

A bacia hidrográfica é reconhecida como uma importante unidade de

planejamento, por apresentar um conjunto de elementos com características

próprias, estabelecendo naturalmente particularidades que só ela tem. É nesse

palco que o homem atua diretamente para suprir as suas necessidades e, como

consequência de suas ações, vemos localmente as alterações que o meio natural

sofre e que reflete na qualidade de vida do homem, pela falta de planejamento no

uso de suas terras.

a) bacia hidrográfica segundo Florenzano (1971) Região em que os

sedimentos ou estratos de rocha se inclinam em todas as direções no sentido de um

ponto central. A bacia de um rio, ou uma bacia fluvial, por exemplo, é a área total de

onde o rio e seu tributários derivam suas águas. 2) Depressão de terreno cercada de

montes. 3) Área deprimida do terreno. 4) Conjunto de vertentes que ladeiam o rio ou

mar interior;

b) conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes

(Guerra, 1978);

É nesse espaço natural que o homem passa a viver intensamente,

portanto a bacia hidrográfica passa a ter uma importância muito grande para o

homem, pois esse espaço geográfico natural estabelece a forma mais elementar de

intercâmbio material presente na relação homem-espaço, contendo, de um lado, a

sociedade com as suas necessidades, trabalho e formas de organização para a

produção e, de outro, o espaço, com o seu substrato material mais imediato,

expresso nos recursos naturais e na natureza em geral.

Segundo Garcez (2004), a distribuição de água doce sobre e sob a

superfície das áreas terrestres depende fundamentalmente das características da

crosta: tipos de rocha, peculiaridades e extensão de depósitos geológicos


31

condicionam a ocorrência de lençóis aquíferos. E como os oceanos constituem a

maior fonte de umidade para a renovação dos recursos de água das áreas

terrestres, a oceanografia no que concerne às correntes oceânicas, marés,

evaporação, etc. fornece bases preciosas para a Hidrologia.

De acordo com Esteves (1998), A formação de grandes

aglomerados urbanos e industriais, com crescente necessidade de água para o

abastecimento doméstico e industrial, além de irrigação e lazer, faz com que, hoje,

há quase totalidade das atividades humanas seja cada vez mais dependente da

disponibilidade das águas continentais. A dependência do homem moderno dos

ecossistemas aquáticos é ainda mais evidente nas regiões altamente

industrializadas, nas quais a demanda de água “per capta” tem se tornado cada vez

maior. Além disso, nestas regiões, grande parte dos efluentes domésticos e

industriais é lançada diretamente nos corpos d’água, reduzindo ainda mais a

possibilidade de utilização dos recursos hídricos.

Segundo Esteves (1998), a água na biosfera faz parte de um ciclo

denominado ciclo hidrológico. O ciclo hidrológico se constitui, basicamente, em um

processo contínuo de transporte de massas d’água do oceano para a atmosfera e

desta, através de precipitações, escoamento (superficial e subterrâneo) novamente

ao oceano.

Segundo Christofoletti 1998, apud Guerra (2006), a ampliação de

áreas urbanizadas, devido à construção de áreas impermeabilizadas, repercute na

capacidade de infiltração das águas no solo, favorecendo o escoamento superficial e

a concentração de enxurradas. A urbanização afeta o funcionamento do ciclo

hidrológico, pois interfere no rearranjo do armazenamento e na trajetória das águas.

O homem ao introduzir novas maneiras para a transferência das águas, na área


32

urbanizada e entorno das cidades, provoca alterações na estocagem hídrica nas

áreas circunvizinhas e ocasiona possíveis efeitos adversos e imprevistos, no tocante

ao uso do solo.

A vegetação diminui o impacto direto causado pela gota da chuva no

solo, diminuindo o grau de saturação do mesmo e, em muitos casos, diminui o nível

de água do terreno, diminuindo, também, a poropressão no mesmo, que é um

processo causador de deslizamentos. (Brady, 1983) apud (Guerra, 2005).

Esteves (1998) comenta que, dentre os gases dissolvidos na água, o

oxigênio, é um dos mais importantes na dinâmica e na caracterização de

ecossistemas aquáticos. As principais fontes de oxigênio para a água são a

atmosfera e a fotossíntese. Por outro lado, as perdas são o consumo pela

decomposição de matéria orgânica (oxidação), perdas para a atmosfera, respiração

de organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos como por exemplo, o ferro e

o manganês.

Segundo Schueler 1987, apud Araújo (2008), Conforme a

urbanização acontece, as mudanças na hidrologia natural de uma área são

inevitáveis. Mudanças hidrológicas e hidráulicas ocorrem em resposta à limpeza do

terreno, à terraplanagem e a adição de superfícies impermeáveis. Os maiores

problemas são o grande aumento nos volumes de escoamento superficial e as

subsequentes cargas de erosão e sedimentos às águas superficiais que

acompanham essas mudanças na paisagem.

Segundo Braga (2002), não existe água pura na natureza, a não ser

as moléculas de água presentes na atmosfera na forma de vapor. Assim que ocorre

a condensação, começam a ser dissolvidos na água, por exemplo, os gases

atmosféricos. Isso ocorre por que a água é um ótimo solvente. Como consequência,
33

são necessários indicadores físicos, químicos e biológicos para caracterizar a

qualidade da água. Dependendo das substâncias presentes na atmosfera, da

litologia do terreno, da vegetação e de outros fatores intervenientes, as principais

variáveis que caracterizam a qualidade da água apresentarão valores diferentes.

Para a caracterização da qualidade da água, são coletadas amostras para fins de

exames e análises, devendo-se obedecer a cuidados e técnicas apropriados, com

volume e numero de amostras adequados.

De acordo com Baird (2002), embora a humanidade venha se

preocupando com a poluição das águas superficiais de rios e lagos há muito tempo,

a contaminação das águas subterrâneas por produtos químicos não foi reconhecida

como um problema sério ate os anos 80, muito embora ela já viesse ocorrendo a

cerca de meio século. Em grande parte, a contaminação das águas subterrâneas foi

negligenciada por não ser imediatamente visível – estava “longe dos olhos, longe da

mente” – apesar de constituírem uma das principais fontes de água potável.

Ignorávamos as conseqüências em longo prazo de nossas praticas de descarte de

lixo. Ironicamente, as águas superficiais podem ser purificadas com relativa

facilidade e rapidez, enquanto que a poluição da água subterrânea é um problema

de longo prazo, muito mais difícil e muito mais caro de ser resolvido.
34

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização da área de estudo

3.1.1 Caracterização do Empreendimento

A área objeto do presente estudo está inserida na Região

Sudoeste do Paraná, localizada no extremo sul do Município de Foz do Iguaçu,

próximo das fronteiras do Brasil com Argentina e o Paraguai, na região do Porto

Meira, a cerca de 600 metros do rio Iguaçu, entre as ruas Golfinho e João XXIII,
35

coordenadas 25°34’52” S e 54°34’23” W. O acesso à área é feito pelo

entroncamento da Avenida General Meira com a Avenida Morenitas, ambas

constituem as principais vias de acesso à localidade do Porto Meira. A construção

teve inicio em 2008, e o termino está previsto para maio de 2010. O

empreendimento que tem uma superfície de 234,586,32 m² é fruto dos avanços da

política habitacional do município, tais como os programas de urbanização de

favelas e seus custos estão sendo financiados pelo Programa de Aceleração do

Crescimento do Governo Federal (PAC), programa pró-moradia. O projeto da obra

conta com 400 unidades habitacionais, quadras poliesportivas, duas piscinas, centro

de convivência, área de preservação, rede coletora de esgoto, rede de distribuição

de água tratada, energia elétrica pavimentação e coleta de lixo. O órgão responsável

pelo empreendimento é o Foz Habita, e várias empresas foram contratadas para a

execução do projeto: a empresa Kammer foi responsável pela rede coletora de

esgoto, a construtora Montana ficou responsável pelas piscinas, quadras

poliesportivas e centro de convivência, as construtoras Pilger e Cia e Conembas são

responsáveis pela construção das casas, e a construtora Via Vênetto é responsável

pela pavimentação do loteamento. O local é considerado de grande porte tendo

como finalidade a habitação e sua área de abrangência é considerada local.

Alguns dados do Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas

realizado pelo departamento de Geologia e Saneamento Ambiental do Município de

Foz do Iguaçu foram aproveitados para complementar a caracterização da área de

estudo.

Na figura 01 é apresentada uma visão macro da região onde será

implantado o empreendimento e, na figura 02, o detalhamento da área.


36

Fonte: Google earth, 2009.


Figura 01: Imagem ilustrando a localização do loteamento em relação aos rios Paraná (N-S)
e Iguaçu (L-O), e a região em que está inserido.

Fonte: Google earth, 2009.


Figura 02: Localização do loteamento Bubas e uma visão parcial das áreas urbanas
circunscritas.
37

3.1.2 Caracterização geológica

A geomorfologia da área de pesquisa está inclusa no terceiro

planalto paranaense (Atlas do Estado do Paraná, 1987).

Todo o Substrato da região de Foz do Iguaçu é formado

essencialmente por rochas vulcânicas (basaltos). A espessura média desse

substrato, na área alvo de estudo, é estimada em 550m. Esse capeamento de

rochas vulcânicas é geologicamente reconhecido como Formação Serra Geral.

Sotoposto à Formação Serra Geral ocorrem os sedimentos das Formações

Botucatu e Pirambóia. A espessura deste pacote sedimentar, na região de Foz do

Iguaçu, é superior a 100m.

O solo é classificado como Nitossolo Vermelho. Segundo EMBRAPA

(2009), são solos minerais, não-hidromórficos, apresentando cor vermelho-escura

tendendo à arroxeada. São derivados do intemperismo de rochas básicas e

ultrabásicas, ricas em minerais ferromagnesianos. Na sua maioria, são eutróficos

com ocorrência menos frequentes de distróficos e raramente álicos. Quando

comparados aos latossolos, o Nitossolo Vermelho apresenta maior potencial de

resposta às adubações, consequência de sua CTC mais elevada. Uma característica

peculiar é que esses solos, como os Latossolos Roxos, apresentam materiais que

são atraídos pelo imã. Seus teores de ferro (Fe2O3) são elevados (superiores a

15%).

A figura 03 mostra a classificação dos solos da região oeste do

Paraná.
38

Fonte: IBGE, 2009.


Figura 03: Classificação do solo na região oeste do estado do Paraná.

Com a interpretação e avaliação dos resultados do Laudo

Hidrogeológico do Loteamento Bubas, elaborado para a obtenção da Licença

Ambiental, chegou-se as seguintes conclusões:

Na área do loteamento existe um espesso manto de intemperismo (solo +

rocha decomposta). O substrato de rocha vulcânica só foi constatado ao

sul da poligonal, a profundidade media de 1,5m abaixo da cota altimétrica

dos 172m.

Nos pontos de topografia mais elevada da poligonal (tração norte da área),

a espessura do capeamento do solo é de 18m.


39

A declividade máxima da área se da no sentido NE-SW. O gradiente

topográfico, inferido pelo espaçamento das curvas de nível, é de apenas

7,14m/100m. Trata-se, portanto, de uma área de coxiliado muito suave.

A profundidade mínima do lençol freático na área do loteamento é de

aproximadamente 2m. Ela ocorre em dois vértices extremos e opostos da

área. Um ao nordeste e, o outro, ao sudoeste. Este último vértice localiza-

se dentro da única área de cobertura vegetal que faz parte do loteamento

e que será preservada.

Existe na área um amplo divisor de águas no sentido NW-SE. O

comportamento das linhas equipotenciais da ciência a isso.

A partir, aproximadamente, do centro da poligonal, observa-se que as

linhas de fluxo do lençol freático se dirigem de leste para oeste, na fração

do loteamento localizada na ruptura correspondente a bacia do rio Iguaçu

e de oeste para leste, na fração do terreno, correspondente a bacia do rio

Paraná. As quadras e seus arruamentos deverão, obrigatoriamente, serem

projetadas a luz desta ciência. Embora, durante o levantamento geológico

da área foi constatado a alta coesividade do solo, o fenômeno de erosão,

tão comum na implantação desse tipo de empreendimento, não deve ser

desprezada.

3.1.3 Caracterização climática


40

Considerando-se que os elementos hidrometeorológicos são

fundamentais ao planejamento das formas de uso do solo e de como devem ser

científica e racionalmente utilizados os recursos naturais de cada uma das regiões

do estado, é interessante fazer uma análise das condições climáticas da área de

influência do Loteamento Bubas.

A região do município de Foz do Iguaçu é uma das regiões mais

quentes do Paraná.

Como podemos observar na figura 04, a carta climática elaborada

pelo IAPAR divide o estado em dois tipos de classificação climática, Cfb,

representando a cor verde, e Cfa, representando a cor amarela – O município de

Foz do Iguaçu está inserido na classificação Cfa, que significa que o clima é

subtropical; temperatura média no mês mais frio inferior a 18°C (mesotérmico) e

temperatura média no mês mais quente acima de 22°C, com verões quentes,

geadas pouco freqüentes e tendência de concentração das chuvas nos meses de

verão, contudo sem estação seca definida.

Fonte: IAPAR, 2009.


Figura 04: Classificação Climática.
41

Conforme dados publicados pelo Instituto Nacional de Meteorologia

(INEMET), na área de influência do Empreendimento, os períodos de calmaria (sem

vento) são muito raros. A ocorrência de ventos (embora fracos, em média) é a mais

representativa (persistente) para a região alvo de estudo.

De acordo com o Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas

realizado pelo departamento de Geologia e Saneamento Ambiental do Município de

Foz do Iguaçu, o sentido dos ventos é Nordeste/Sudoeste (NE/SW). A frequência

registrada é de 43%. Na freqüência surgem, com 17% de freqüência, os ventos de

direção Leste/Oeste (E/W). Ambos são resultados da atuação preferencial dos

sistemas Subtropical Atlântico e Migratório Polar.

Em face da localização geográfica privilegiada, o Estado do Paraná,

embora se localize em uma região subtropical, tem um ciclo de chuvas muito

semelhante ao do Brasil tropical – regiões Centro-Oeste e Sudeste. O regime de

chuvas é, de modo geral, abundante e bem distribuído, favorecendo

consideravelmente a potencialidade dos recursos hídricos superficiais e

subterrâneos.

De acordo com o Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas, os

dados da Estação pluviométrica Salto Cataratas, a mais representativa para a

região em estudo, são interpretados da seguinte maneira: o período mais chuvoso

ocorre de outubro a janeiro, com totais mensais entre 450 a 640 mm. O período

menos chuvoso ocorre de junho a agosto, com totais mensais entre 300 a 420 mm.

Os totais anuais variam entre 520,0 a 2.703,9 mm.

Não existem dados específicos sobre a evapotranspiração da região

de Foz do Iguaçu. Os dados disponíveis do IAPAR (1978) e de Tornthwaite & Mather

(1955) se referem à evapotranspiração potencial. Eles são resultantes do balanço de


42

calor e podem normalmente ser usados como indicadores do fator térmico de uma

região. É possível, assim, estabelecer a equivalência aproximada entre os valores

das isotermas médias anuais de uma região, em função da altitude e latitude desta,

e os valores em milímetros de evapotranspiração potencial. De acordo com o Laudo

Hidrogeológico do Loteamento Bubas, os resultados obtidos foram os seguintes:

Os maiores índices de evapotranspiração potencial estão relacionados às

calhas dos rios Paraná e Paranapanema. Os valores são estimados em

1.100 mm para 125 mm de retenção de água no solo.

Nos planaltos e regiões serranas a evapotranspiração potencial não

ultrapassa os 900 mm anuais. A variação desses valores em julho, nestas

regiões, é da ordem de 30 mm.

No verão, em janeiro, nas regiões mais quentes (caso de Foz do Iguaçu) a

evapotranspiração é de 150 mm.

A umidade relativa do ar em todo o território paranaense é elevada.

O seu valor máximo ocorre nas primeiras horas do dia (85 a 92%). A partir das 12

horas registra-se, contudo, uma redução dos valores que situam entre 50 a 70%. À

noite, a partir das 21 horas, os valores voltam a serem superiores a 80%.

De acordo com o Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas, a

média anual da umidade relativa do ar, na região de interesse, varia entre 70 a

89,7%. Na estação de Foz do Iguaçu, a média dos valores mensais é de 80,3%.

3.1.4 Caracterização hidrológica


43

No contexto hidrográfico, a área localiza-se próxima à confluência

dos rios Paraná e Iguaçu, dois principais traços de drenagem do Estado do Paraná.

De acordo com o Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas, uma

fração do Empreendimento está inserida, propriamente dita, na bacia do Rio Iguaçu.

A maior parte da área, contudo, está localizada muito próximo do divisor de água de

dois traços de drenagem formadores da margem esquerda do rio Paraná.

O rio Iguaçu é o maior e o mais próximo traço de drenagem da área

do empreendimento, esse rio é o principal curso fluvial do Estado do Paraná, tem

910 km de extensão. O seu percurso começa na região Metropolitana de Curitiba e

se estende até Foz do Iguaçu, quando se encontra com o rio Paraná. A bacia,

abrangendo três regiões morfológicas distintas, tem uma área de drenagem

calculada em 67.300 Km².

A figura 05 mostra a localização da Bacia Hidrográfica do Rio

Iguaçu.
44

Fonte: SEMA, IBGE;


Figura 05: Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Iguaçu.

Na área de influência do projeto, o rio Iguaçu apresenta um

acentuado padrão meadrante. Na geografia do Baixo Iguaçu (onde o

empreendimento está inserido), a área localiza-se, mais detalhadamente, sobre o

divisor de águas dos córregos Carimã e Boici.

Sobre as vazões disponíveis é interessante, num diagnóstico desse

gênero, mesmo que sucintamente, ressaltar que o complexo hidrográfico do Estado

do Paraná abranje dois grandes sistemas: a bacia Atlântica, cuja área representa

apenas 7,3% do território paranaense e a bacia do rio Paraná.


45

A integração dos dados disponíveis e o balanço hídrico são duas

tarefas difíceis de serem alcançadas ao nível da escala de abrangência da área,

mas de grande significado hidrológico.

O anexo C mostra uma fotografia do mapa de situação da área de

interesse, destacando a área do loteamento Bubas, a rede de drenagem, a área

urbana e as curvas de nível.

3.1.5 Caracterização da Flora

O conhecimento da biodiversidade das formações vegetais é a

condição fundamental para o desenvolvimento não só de investigações botânicas e

ecológicas, mas também para o estabelecimento de modelos de preservação e de

conservação dos ecossistemas. É no conjunto das espécies ocorrentes nas diversas

formações florestais que se pode perceber visualmente uma clara distinção

fisionômica entre uma formação e outra. Na área de estudo ocorre (domina) a

Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Pluvial Subtropical).

Trata-se de uma floresta rica em madeiras nobres, com presença de

espécies como; perobas, ipês, cedros, canjeranas, caviúnas, araribás e cabreúvas.

A área de domínio desse bioma tinha cerca de 80.000 Km², correspondendo a 40%

da superfície do Estado. Hoje não há mais que 2.000 Km² (1%). Sua maior parte se

acha contida na área do Parque Nacional do Iguaçu.

De acordo com o Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas, a

Floresta nativa já sofreu uma intervenção antrópica que não pode ser

desconsiderada. A Floresta, sem sombra de dúvidas, à luz desses efeitos se


46

encontra em contínuo processo de transformação. Sua posição e estrutura estão

sendo assim lenta e gradualmente redefinidas.

A Floresta Estacional Semidecidual, embora tenha sido muito

estudada, ainda não foi adequadamente compreendida num contexto científico mais

aprofundado. Todavia pode-se concebê-las a partir dos componentes do

ecossistema natural e dos fatores que a mantém ativa (chuva, temperatura,

exposição, solos), como subtropical úmida. A composição desta formação florestal

contava com todas as famílias botânicas que exigem, ou suportam os indicadores

naturais apontados, não se diferenciando, por isso, das demais áreas nativas, senão

pela freqüência de gêneros e pela distribuição de espécies. Assim, com acentuada

ocorrência de samambaias –açú, epífitas, lianas, palmeiras (predominando palmito-

doce e coqueiro gerivá) e taquarais, encontra-se um sub-bosque denso e cerrado.

Acima desse estrato, no patamar arbóreo estão angicos, cedros, alecrins, marias-

pretas, canelas, angelins, ipês, paineiras, canjeranas e guatambus. Também são

encontrados cactos diversos, bromélias de inúmeras espécies, begônias, orquídeas

raras, dentre outros.

É esse o cenário, portanto, que deve ser considerado na

implantação de empreendimentos que envolvam a supressão de ambientes naturais,

bem como alterações na paisagem, na biota e suas inter-relações. Neste contexto, a

vegetação é um componente básico para que possam ser avaliadas as modificações

que ocorrerão no ambiente.


47

3.2 Áreas de Influência

Áreas de influência de um específico empreendimento

correspondem aos locais passíveis de percepção dos efeitos potenciais deste

projeto, em suas distintas fases de planejamento, implantação e operação.

A delimitação destas áreas ocorre a partir das características e a

abrangência do empreendimento, e com a diversidade e especificidade dos

ambientes afetados, compreendendo os locais e áreas sujeitas aos efeitos diretos e

imediatos da fase de obras e fase de operação, e os locais e áreas cujos efeitos

serão sentidos a curto, médio e longo prazo.

Geralmente são definidas duas áreas para elaboração do

Diagnóstico Ambiental:

• Área de Influência Direta (AID);

• Área de Influência Indireta (AII).

A figura 06 apresenta a área de estudo antes do início das obras,

quando era ocupada por plantação de soja, e a linha amarela representa o limite da

sua respectiva área de influência direta, a área de Influência Indireta foi estipulada

com um raio de 1 km, abrangendo escolas, comércio, nascentes e população no

entorno, e esta representada na figura 07. Como podemos observar na figura 06, na

lateral norte e oeste da área a ser estudada encontram-se residências, e na lateral

sul e leste encontra-se vegetação, sendo que a vegetação encontrada na lateral sul

do lado esquerdo é nativa.


48

Fonte: Google earth, 2009.


Figura 06: Localização da área de estudo e determinação da área de influência direta.

Fonte: Google earth, 2009.


Figura 07: Localização da área de estudo e determinação da área de influência indireta.
49

3.3 Metodologia da Pesquisa

O tipo de pesquisa predominante neste estudo é de natureza

aplicada, que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à

solução de problemas específicos, e do ponto de vista qualitativo.

3.4 Procedimentos

As atividades desenvolvidas para a elaboração do diagnóstico foram

divididas em duas etapas: trabalho de campo; escritório.

3.4.1 Trabalho de Campo

Em campo, foram realizadas visitas para a elaboração do

diagnóstico da área de estudo através de uma matriz de interação, esta etapa foi

desenvolvida em setembro de 2009.

A matriz escolhida para a elaboração do diagnóstico foi a Matriz de

Leopold (anexo A), pelo fato de ser uma das matrizes mais utilizadas para esse tipo

de trabalho. Ela foi desenvolvida pelo Serviço Geológico do Ministério do Interior dos
50

Estados Unidos, trata-se de uma matriz bidimensional simples que relaciona tipos de

danos a vários fatores ambientais.

Alguns autores acreditam que a matriz de Leopold apresenta uma

grande deficiência por não considerar em sua análise, aspectos temporais e

espaciais e leva em conta somente os impactos diretos do projeto. Entretanto, a

adaptação feita pelo autor inclui aspectos temporais, e o método apresenta várias

vantagens, dentre as quais se destacam:

Necessidade de poucos dados para a elaboração;

Abrangência dos fatores ambientais físicos, biológicos e socioeconômicos;

Comunicação dos resultados de forma compreensível;

Constitui um guia inicial para prosseguimento de projetos e estudos

futuros;

Apresenta baixo custo e caráter multidisciplinar;

Pode tratar dados qualitativos e/ou quantitativos;

A Matriz de Leopold consiste em, primeiramente, assinalar todas as

possíveis interações entre os atributos que caracterizam os impactos ambientais

levantados anteriormente, para, em seguida, estabelecer numa escala que varia de

um a dez a importância de cada impacto, identificando-o como temporário ou

permanente, positivo ou negativo, curto prazo, médio prazo ou longo prazo,

reversível ou irreversível, e na área de influência direta ou indireta.


51

3.4.2 Escritório

As fotografias e os dados levantados em campo através da matriz de

interação foram digitalizados e discutidos, a fim de elaborar um diagnóstico mais

preciso. Então foi realizado o relatório do diagnóstico a fim de proporcionar um fácil

entendimento da real situação ambiental no local.


52

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Avaliação dos Impactos Ambientais Diretos

Nas visitas realizadas no local do estudo, pode-se observar

impactos ambientais físicos, biológicos e antrópicos, dentre eles estão relacionados

o clima, poluição do solo, os recursos hídricos, vegetação, impactos sociais, infra-

estrutura e poluição sonora.


53

4.2 Diagnóstico do Impacto Ambiental

Apesar de a área ter sido desmatada muito tempo antes da

chegada do loteamento, anteriormente o local era utilizado para o cultivo de soja,

uma atividade muito diferente da habitação, isso faz com que ocorram muitas

mudanças no meio ambiente.

Para a obtenção da Licença Ambiental (anexo B), o órgão

responsável pelo empreendimento teve que desenvolver um laudo hidrogeológico

para atender as exigências ambientais contidas na Resolução SEMA n°031/98 e os

elementos que caracterizam o artigo 3° da Lei federal n 6.766/79.

Os objetivos (metas) do laudo foram:

Verificar as condições ambientais da área do empreendimento

Avaliar a potencialidade da área quanto à ocorrência dos fenômenos da erosão,

inundação e outras formas de degradação que poderão ser desencadeadas pela

implantação do empreendimento.

Apresentar ao IAP o estudo do meio físico da área de influência direta do

empreendimento. No contexto físico foi elaborada análise geológica detalhada da

área de interesse, com ênfase as prospecções do solo e do lençol freático. Em

um empreendimento desse gênero, a geometria de ambos tem que ser

obrigatoriamente definida.

Fomentar a racionalização de custos, otimizar os resultados e definir os

elementos que irão interferir e condicionar o licenciamento ambiental.


54

Cumprir, rigorosamente, o roteiro metodológico da Instrução Normativa que da

ciência a esse licenciamento ambiental.

Tratar o assunto de forma transparente e a luz das exigências do IAP, para que

se possa (se for o caso) debater, discutir e aprofundar quaisquer tópicos que

interferem e/ou condicionam, ambientalmente, a implantação do

empreendimento.

A área do empreendimento constitui o local onde os impactos se

fazem sentir mais diretamente, mesmo que seja pela simples ocupação dos espaços

e utilização da infra-estrutura local. Os danos ambientais identificados e

caracterizados na área do loteamento foram descritos nos itens subsequentes.

Os principais impactos identificados no local de estudo foram

descritos abaixo de acordo com os resultados da matriz de interação, e de forma a

facilitar o entendimento.

4.2.1 Clima

O Impacto climático diagnosticado neste estudo se demonstrou ser

permanente, negativo, com consequências de médio prazo, reversível e vai até a

área de influência indireta, e do ponto de vista qualitativo da pesquisa, apresentou

média significância.

O impacto climático provavelmente ocorrerá em toda a região de Foz

do Iguaçu, porém, é na micro região do empreendimento que terá seu efeito

significativo.
55

Devido à retirada da vegetação que cobria toda a área do

empreendimento, a temperatura poderá sofrer um aumento significativo no local, a

cobertura vegetal que ajuda a absorver os raios do sol e consequentemente calor,

foi substituída por superfícies que retém calor, como estradas, calçadas e telhados.

Um outro fator importante que está causando impacto na atmosfera

local é a poeira dos caminhões e máquinas que entram e saem do local, fato esse

que diminui a qualidade do ar. As partículas em suspensão não foram medidas no

presente estudo, mas dependendo da quantidade, podem ocasionar problemas

respiratórios nos moradores da região, porém, leva-se em consideração que isso se

dá somente no período de construção da obra, considerado um período curto.

4.2.2 Poluição do Solo

Os impactos diagnosticados no solo demonstraram serem

permanentes, negativos, curto prazo, irreversíveis, na área de influência direta e de

média importância.

Segundo Lelles et al. (2005), os impactos ao solo correspondem à

diminuição da infiltração de água no solo, devido à compactação ocasionada pelo

uso de máquinas pesadas e a impermeabilização promovida pela instalação da

infra-estrutura do empreendimento. Estes impactos são moderadamente

importantes, uma vez que o solo demonstrou estar bastante compactado devido à

terraplanagem para a construção das casas, ruas, quadra de esportes e áreas de

lazer.
56

De acordo com Braga (2002), há certas características do solo que

podem ser vistas a olho nu, que são frequentemente utilizadas para a descrição de

sua aparência no ambiente natural. Porém, mesmo sem decorrer a procedimentos

padronizados, por simples inspeção é possível associar algumas propriedades do

solo à sua coloração.

Os Nitossolos Vermelhos apresentam riscos de erosão se estiverem

localizados em relevos ondulados. Entretanto, se o solo for álico em profundidade,

ocorrem limitações para o desenvolvimento radicular. No local de estudo pode-se

observar vários taludes feitos pela construtora, o que torna o risco de erosão

frequente. A topografia do local é mais alta no lado norte do empreendimento,

descendo para o lado sul, isso faz com que os impactos tenham maior ênfase na

propriedade localizada ao sul da área estudada.

Na figura 08 é possível observar o solo compactado para a

construção de casas e ruas.


57

Figura 08: Solo compactado após o início da obra.

4.2.3 Recursos Hídricos

O impacto ambiental de maior importância se deu nos Recursos

Hídricos, de acordo com o preenchimento da matriz, constatou-se impacto

permanente, negativo, curto prazo, irreversível e alcança a área de influência

indireta, apresentando um grau de importância máximo.

Segundo Christofoletti 1998, apud Guerra (2006), a ampliação de

áreas urbanizadas, devido à construção de áreas impermeabilizadas, repercute na


58

capacidade de infiltração das águas no solo, favorecendo o escoamento superficial e

a concentração de enxurradas. O projeto do Loteamento Bubas, ao introduzir novas

maneiras para a transferência das águas, provoca alterações na estocagem hídrica

nas áreas circunvizinhas e ocasiona efeitos negativos, que pode causar um aumento

da concentração de sólidos nas lagoas do entorno, e influenciar na vazão da bacia

do Iguaçu, pois as nascentes no entorno deságuam no rio Iguaçu, a cerca de 600

metros de distância do loteamento.

Existe na área de influência indireta do projeto, um número suficiente

de poços cacimbas, espacial e uniformemente distribuídos. De acordo com o Laudo

Hidrogeológico do Loteamento Bubas, esses poços exploravam o lençol freático e se

constituíam, antes da ampliação da rede de água tratada da SANEPAR, a única

fonte de água potável da região, usualmente disponível.

Após uma visita à região do empreendimento, pode-se observar que

alguns poços ainda são fonte de água potável para uma parte da população do

entorno, que não é abastecida pela rede de água tratada da SANEPAR.

A figura 09 mostra um dos poços citados no Laudo Hidrogeológico

do Loteamento Bubas. Os dados do poço são os seguintes: Poço cacimba – sítio do

Sr. José Schlogl. Profundidade do poço = 2,50m; nível da água em relação à

superfície do solo = 1,09m. Coordenadas geogréficas do poço: Latitude =

25°35’7,4”S: Longitude = 54°34’26,8”W. Cota da boca do poço = 163m.


59

Figura 09: Poço cacimba do sítio localizado no sudoeste do empreendimento.

A vegetação que havia antes do início das obras, amortecia o

impacto causado pela gota da chuva no solo, diminuindo o grau de saturação do

mesmo e, em muitos casos, diminuindo o nível de água do terreno, e também, a

poro pressão no mesmo, que é um processo causador de deslizamentos.

Através de visitas até o local, constatou-se que na área sudoeste do

empreendimento, que fica dentro da área de cobertura vegetal, encontram-se vários

afloramentos do lençol freático (nascentes).

Nas figuras 10 e 11, pode-se observar a imagem de duas das

nascentes encontradas no local de estudo, a figura 12 mostra que o talude formado

pelo empreendimento chega até uma das nascentes. Vale ressaltar que as imagens

não foram captadas em dias posteriores a chuva, essas nascentes são permanentes

e segundo moradores do sítio ao lado, existem há muito tempo antes da chegada do


60

loteamento. E que provavelmente entrarão em colapso após o término da obra,

quando a maior parte do terreno estará impermeabilizada.

Figura 10: Nascente localizada a 3 metros do talude; coordenadas 25°35’02.47”S e


54°34’25.44”W.
61

Figura 11: Nascente encostada no talude criado pelo empreendimento, e parcialmente


coberta pelo solo utilizado na terraplanagem; coordenadas 25°35’03.30”S e 54°34’27.11”W.

A imagem 12 mostra o limite do talude formado pelo

empreendimento, e resíduos de construção civil jogados no local onde se localizam

algumas das nascentes. Segundo o projeto, esta área do loteamento seria

preservada.
62

Figura 12: Solo utilizado para a terraplanagem invadindo o espaço da vegetação nativa e
das nascentes.

As nascentes que abastecem os habitantes da chácara vizinha

começaram a sofrer com problemas de assoreamento e erosão desde o inicio das

obras, isso devido ao escoamento superficial que a terraplanagem e a compactação

do solo propiciaram.

Alguns dias após a realização da terraplanagem e compactação do

solo os moradores da chácara vizinha que usufruem da água proveniente das

nascentes perceberam um aumento da turbidez e uma coloração alaranjada na água

e no sedimento no fundo, que não havia antes do início das obras, fato esse que
63

podemos observar na figura 13, isso provavelmente ocorreu devido ao dióxido de

ferro disposto no solo do empreendimento, que pode ter sido carregado com o

escoamento superficial devido à compactação do solo. Esse fato provavelmente

continuará ocorrendo por não constar no projeto um sistema de capitação de água

pluvial, a falta do sistema comentaremos no tópico da infra-estrutura, mais a frente.

Figura 13: Curso da água proveniente das nascentes apresentando sedimento de cor
alaranjada e turbidez.

4.2.4 Impactos na Flora


64

O impacto na flora se mostrou ser permanente, negativo,

consequências de médio prazo, irreversível e na área de influência direta,

apresentando pouca importância, já que a mata será preservada.

Na área de influência direta do Loteamento Bubas só há resquícios

da floresta nativa. Uma fina e rala mata ciliar, junto a um dos traços de drenagem

que ocorre paralelo ao leito do rio Iguaçu sobrevive aos impactos antropogênicos.

Mesmo esta cobertura vegetal (mata ciliar) sofreu forte influência antrópica e está

em processo de regeneração secundária. No restante da área só existem pastagens

e monoculturas (soja e milho). Infelizmente, o uso intensivo e extensivo do solo, para

o plantio de monoculturas (soja, milho e trigo), iniciado a partir da metade do século

passado, mudou a face do Estado. O desmatamento gerou riquezas, impulsionou a

agricultura e trouxe, sem dúvida, muito progresso para inúmeras regiões do estado,

mas o custo dos impactos produzidos foi e tem sido muito alto.

Dentro da área do empreendimento se encontram duas áreas de

cobertura vegetal, porém, o projeto do Loteamento Bubas inclui a preservação das

áreas, evitando assim impactos significativos para a Flora.


65

Figura 14: Limite da mata nativa localizada ao sudoeste do loteamento Bubas.

4.2.4 Impactos sociais

Os impactos sociais observados se demonstraram ser permanentes,

parte positivo e parte negativo, com conseqüências de curto prazo, irreversível e de

alcança a área de influência indireta, apresentando pouca importância.

A habitação é vista como a mais elementar das necessidades

humanas e fator inserido no processo de desenvolvimento integral do cidadão,

capaz de permitir-lhe acesso a outros bens públicos, como educação, saúde, bens

intangíveis, melhoria na convivência social, melhores expectativas em relação ao

futuro, bem como participar do aumento da produtividade social.


66

Na escala cultural o impacto se mostra negativo, observa-se que a

diversidade de alguns moradores gerou um choque de identidade, influenciando nos

hábitos e nas manifestações da cultura tradicional dos moradores das chácaras

vizinhas que utilizam a estrada, que agora passa no meio do conjunto habitacional.

Por outro lado, o projeto mostrou que uma inserção arquitetônica de

habitação social é mais do que um projeto de moradia, na fotografia da planta baixa

do empreendimento no anexo 05, é possível observar que o projeto promove a

sociabilidade e o convívio, a concepção de inserção atendeu o objetivo de integrar

os moradores, evitando a segregação, já que os moradores da região também

usufruirão das áreas sociais do empreendimento.

A densidade populacional da região aumentará devido à chegada do

loteamento, e consequentemente, a economia local também será afetada. O

comércio da região será influenciado positivamente, já que aumentará o número de

consumidores, porém, a procura por emprego na região também aumentará devido

ao deslocamento da população.

Um outro impacto encontrado no local de estudo, está relacionado,

principalmente, aos maquinários ao transporte de caminhões, que envolvem o

tráfego de veículos pesados pela vila e o acúmulo de terra e poeira na estrada que

faz acesso ao local de estudo, alterando a paisagem local. A figura 15 mostra uma

das saídas do local, onde se percebe o acúmulo de poeira sobre a estrada.


67

Figura 15: Uma das vias de acesso ao empreendimento.

Esse tipo de impacto causa danos especialmente àquelas moradias

situadas próximas ao empreendimento. Como foi percebido também por Taveira

(2004) e Bruschi e Peixoto (1997), a poeira, os ruídos e a frequente deterioração do

sistema viário despontam entre os principais incômodos às populações que vivem

nas proximidades.

4.2.6 Infra-estrutura

Os impactos na infra-estrutura se mostraram permanentes,

negativos, reversíveis, com consequências de curto prazo e alcançando a área de


68

influência indireta. No ponto de vista qualitativo da pesquisa, o grau de importância

se mostrou médio.

O projeto ocasionará um aumento de usuários do transporte público,

já que 400 novas unidades habitacionais se instalarão e aumentará o fluxo de

veículos nas avenidas de acesso ao empreendimento.

Quanto à coleta de resíduos sólidos, esta também receberá um

aumento na quantidade de resíduos a ser coletados na região.

A rede de esgoto do loteamento Bubas já foi construída pela

Kammer (empresa terceirizada da SANEPAR), e será interligada na rede coletora da

região até o término da obra, que será destinada a Estação de Tratamento de

Esgoto Shalon, da SANEPAR, e que também ocasionará um aumento na carga de

resíduos líquidos tanto dos coletores quanto na Estação de Tratamento.

O projeto não inclui rede de coleta de águas pluviais, fato este que

está proporcionando um grande problema para a comunidade não só pertencente ao

loteamento, como a comunidade no entorno. Analisando o mapa topográfico na

fotografia do anexo D, observa-se que a declividade máxima da área se dá no

sentido NE – SW, e devido à compactação do solo realizada no terreno, em dias de

chuva torrencial a água escoa para o sítio localizado na região sudoeste do

empreendimento, ocasionando enxurradas, danificando as estruturas do sítio e

ocasionando um rápido e grande assoreamento dos rios que ali se encontram.

Os integrantes da Fundação Bioma Brasil fizeram uma limpeza dos

rios prejudicados pela enxurrada depois de um dia de chuva torrencial, fato esse que

nunca precisou ser realizado antes do início das obras do loteamento, e a partir de

então, o fato já ocorreu mais de uma vez. A força das águas que escoam do

empreendimento traz grandes quantidades de matéria orgânica e solo. O índice de


69

eutrofização não foi medido nos rios prejudicados, porém, é visível no local a grande

presença de matéria orgânica na água, possivelmente causando a eutrofização. A

figura 16 mostra a Fundação Bioma Brasil fazendo a Limpeza em um dos rios

prejudicados.

Figura 16: Integrantes da Fundação Bioma Brasil fazendo a limpeza em um dos rios
prejudicados.

4.2.7 Poluição sonora

A poluição sonora diagnosticada no loteamento Bubas demonstrou

ser temporária, negativa, de curto prazo, reversível e ocorre na área de influência

direta, apresentando um baixo grau de significância.


70

No que diz respeito aos impactos sonoros, para a MINEROPAR

(2001), os problemas causados por ruídos excessivos têm se agravado nos últimos

tempos, especialmente em áreas urbanas. Os efeitos sobre o aparelho auditivo, o

ruído excessivo pode provocar uma série de desordens físicas, mentais e

emocionais, como irritabilidade, fadiga, distúrbios do sono, interferência na

comunicação oral e queda do nível de atenção, daí a preocupação com os impactos

da poluição sonora em diversas atividades. A poluição sonora na área de estudo é

pouco significativa.

O único impacto sonoro encontrado no local está relacionado,

principalmente, aos ruídos dos maquinários e do transporte de caminhões que

circulam no local durante a construção do loteamento, e que é considerado um dos

principais incômodos às populações que vivem nas proximidades.


71

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo identificou através da Matriz de Leopold

adaptada, os principais impactos ambientais diretos decorrentes do Loteamento

Bubas.

Podemos observar conforme a matriz de Leopold que com exceção

da poluição sonora, todos os impactos se mostraram permanentes, e com exceção

do impacto social, que se apresentou como parte positivo, parte negativo, todos se
72

mostraram negativos. Do ponto de vista qualitativo da pesquisa, os impactos de

maior significância foram os climáticos, poluição do solo, e os Recursos Hídricos,

que se destacou com o maior grau de importância.

Podemos concluir também que o sítio estudado, situado ao sudoeste

do empreendimento, é quem mais está sentindo os impactos físicos do

empreendimento, e que grande parte desse problema provavelmente deixaria de

existir se fosse incluído no projeto um sistema de captação de água pluvial.


73

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ANEXOS
78

Fonte: Leopold et al. 1971 adaptada pelo autor.


Anexo A: Matriz de Leopold adaptada pelo autor para o diagnóstico do impacto ambiental
direto no conjunto habitacional Bubas.
79

Fonte: Foz Habita


Anexo B: cópia da Licença Ambiental do Loteamento Bubas.
80

Fonte: Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas, 2009.


Anexo C: Fotografia do mapa da situação da área de interesse.
81

Fonte: Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas, 2009.


Anexo D: Fotografia do mapa da topografia do terreno do empreendimento
82

Fonte: Laudo Hidrogeológico do Loteamento Bubas, 2009.


Anexo E: Fotografia da Planta Baixa do Loteamento Bubas

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