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2019
Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde
SRTVN Quadra 701, Via W5 – Lote D,
Edifício PO700, 7º andar
CEP: 70.719-040 – Brasília/DF
E-mail: svs@saude.gov.br
Site: www.saude.gov.br/svs
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Síndrome Gripal (SG): indivíduo com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e
Versão 1
início dos sintomas nos últimos 07 dias.
18 de dezembro de 2019 2
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): indivíduo hospitalizado com febre, mesmo que referida,
acompanhada de tosse ou dor de garganta e que apresente dispneia ou saturação de O2 < 95% ou desconforto
respiratório ou que evoluiu para óbito por SRAG independente de internação.
Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 50 | Nº 38 | Dez. 2019
Apresentação
O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Por essa razão, este boletim passa a ser o principal
Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) inaugura nova canal de comunicação com o público da SVS/MS e com
fase de divulgação dos temas relacionados ao trabalho todos que tenham interesse nos temas relacionados
da Secretaria. Agora, uma vez por semana traremos os ao nosso trabalho. Esperamos, com isso, concentrar
dados atualizados de um ou mais agravos ou doenças informações estratégicas para o campo da saúde em
em uma única edição, além de orientações, artigos e uma única fonte oficial.
informes gerais, com o objetivo de traçar um panorama
claro da vigilância no Brasil que possa ser útil aos Esperamos que o Boletim Epidemiológico da SVS/MS
profissionais de saúde, gestores e população em geral. venha atender às necessidades informativas de todos
que venham consultar as suas páginas.
A SVS/MS assume assim o compromisso formal
de manter a transparência ativa de acordo Boa leitura!
com os ditames da Lei de Acesso à Informação
12.527/2011, que regulamenta o direito constitucional
de acesso às informações públicas.
Vigilância Sentinela de Influenza Das 163 Unidades Sentinelas (US) registradas no Brasil,
70,0% (114/163) delas reportam dados de coleta de
amostras, 58,7% (70/114) US possuem indicador de coleta
Síndrome Gripal (SG) de amostras entre 80 a 100% que é recomendado; 21,1%
(24/114) US possuem indicador de coleta de amostras
entre 50 a 79%; e, 20,2% (23/114) US possuem indicador
Unidades Sentinelas (US) de coleta de amostras entre 0,5 a 49% (Figura 1).
A vigilância sentinela de SG possui uma rede
de unidades distribuídas em todas as regiões Das US registradas, 30,0% (39/163) não reportaram
geográficas do país e tem como objetivo principal dados de coleta, até a SE 49 de 2019. Os estados
identificar os vírus respiratórios circulantes, permitir do Sudeste e do Sul apresentarem uma maior
o monitoramento da demanda de atendimento representatividade nos dados oriundos das US. As
dos casos hospitalizados e óbitos para orientar na regiões Norte e Nordeste necessitam de ações de
tomada de decisão em situações que requeiram novos fortalecimento nas atividades de vigilância sentinela da
posicionamentos do Ministério da Saúde e Secretarias SG e assim apresentarem dados mais representativos
de Saúde Estaduais e Municipais. Atualmente há 163 US para a vigilância da influenza no Brasil, a partir de 2020
registradas no país e destas, 114 reportando dados de serão iniciadas ações de fortalecimento para estas
forma oportuna. regiões (Figura 1 e 2).
FIGURA 1 Distribuição de Unidades Sentinelas (US) de Síndrome Gripal (SG) no Brasil, cadastradas no sistema, com (A) e sem (B) dados de
coleta de amostras de Secreção Nasofaríngea (NSF). Brasil, 2019 até a SE 49
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Nordeste
HOSPITAL GOVERNADOR JOAO ALVES FILHO 81,2
SE
HOSPITAL MUNICIPAL ZONA SUL DES FERNANDO FRANCO 49,8
UNIDADE DE SAUDE BUENOS AIRES 90,2
PI UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO 24 HORAS UPA PROMORAR 85,3
US 164 CENTRO DE REIDRATACAO E URG PED M CRAVO GAMA 108,2
Unidades Sentinelas
Centro - Oeste
MS UPA DR WALFRIDO ARRUDA CORONEL ANTONINO 98,8
Unidades Sentinelas
0 20 40 60 80 100 120
% indicadores
Sudeste
AMA VILA PALMEIRAS 104,1
UPA EDEN SOROCABA 103,7
AMA SOROCABANA 101,2
AMA SACOMA 100,4
UPA DEMARCHI BATISTINI 100
HOSPITAL MUNICIPAL DR MARIO GATTI CAMPINAS 100
HOSP MUN VER JOSE STOROPOLLI 100
SP
UPA CENTRAL 99,6
HOSPITAL MUNICIPAL ANTONIO GIGLIO 99,2
HOSPITAL GERAL DE GUARULHOS PROF DR WALDEMAR DE CARVALHO 99,2
UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO DR SERGIO AROUCA CAMPO GRANDE 98,4
AMA PARQUE FERNANDA 98,4
Unidades Sentinelas
continua
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conclusão
FIGURA 2 Indicadores das Unidades Sentinelas (US) de Síndrome Gripal (SG) no Brasil, segundo regiões, 2019 até a SE 49
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FIGURA 3 Distribuição dos vírus respiratórios identificados nas unidades sentinelas de Síndrome Gripal, por semana epidemiológica de
inícios dos sintomas. Brasil, 2019 até a SE 49
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Os casos de SRAG por influenza apresentaram uma O coeficiente de hospitalização de casos de SRAG por
mediana de idade de 37 anos, variando de 0 a 101 anos. influenza no Brasil está em 2,7/100.000 habitantes.
Entre os casos de influenza foi observada uma mediana Em relação à distribuição geográfica, a região Sudeste
de 3 dias para o início do tratamento variando de 0 registrou o maior número de casos de SRAG por
a 159 dias. influenza 40,7% (2.327/5.714) (Figura 7).
FIGURA 4 Distribuição dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave segundo agente etiológico e semana epidemiológica do início
dos sintomas. Brasil, 2019 até a SE 49
Em 2019 foi observado nas primeiras semanas do país (Figura 5). O estado do Amazonas apresentou
epidemiológicas uma antecipação da sazonalidade da um número importante de casos e óbitos por influenza,
circulação de influenza A(H1N1)pdm09 na região Norte sendo a SE 08 com maior número de notificações.
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FIGURA 5 Distribuição dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave segundo agente etiológico e por semana epidemiológica de
início dos sintomas. Regiões do Brasil, 2019 até a SE 49
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Perfil Epidemiológico dos Casos A(H3N2) (Figura 6). O coeficiente de mortalidade por
influenza no Brasil está em 0,5/100.000 habitantes.
Até a SE 49 de 2019 foram notificados 4.939 óbitos por
SRAG, o que corresponde a 12,6% (4.939/39.190) do O estado com maior número de óbitos por influenza é
total de casos. Do total de óbitos notificados, 22,5% o São Paulo, com 24,6% (273/1.109), em relação ao país
(1.109/4.939) foram confirmados para vírus influenza, (Figura 7).
sendo 71,0% (787/1.109) decorrentes de influenza A(H1N1)
pdm09, 11,0% (122/1.109) influenza A não subtipado, 7,3% Dos outros vírus respiratórios 58,3% (267/458) foram
(81/1.109) por influenza B e 10,7% (119/1.109) influenza por VSR.
FIGURA 6 Distribuição dos óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave segundo agente etiológico e semana epidemiológica do início
dos sintomas. Brasil, 2019 até a SE 49
Dentre os indivíduos que evoluíram ao óbito por pneumopatas (Tabela 1). Além disso, 76,1% (844/1.109)
influenza, a mediana da idade foi de 55 anos, variando fizeram uso de antiviral, com mediana de 4 dias entre os
de 0 a 100 anos e 72,9% (808/1.109) apresentaram pelo primeiros sintomas e o início do tratamento, variando
menos um fator de risco, com destaque para adultos de 0 a 94 dias (Tabela 1). Recomenda-se iniciar o
com 60 ou mais anos, cardiopatas, diabetes mellitus e tratamento preferencialmente nas primeiras 48 horas.
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TABELA 1 Distribuição dos óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por influenza segundo fator de risco e utilização de antiviral.
Brasil,2019 até a SE 49
Na Figura 7 observa-se mais casos e óbitos por influenza da influenza nas outras regiões do país (Centro-oeste,
localizados nas regiões Sul e Sudeste do país, devido a Norte e Nordeste). Melhorando o número de unidades
maior concentração populacional e também ao maior notificadoras de casos será possível observar as
número de unidades sentinelas de SRAG para influenza, situações de antecipação da sazonalidade e definir as
por isso faz-se necessário o fortalecimento da vigilância ações de prevenção e controle da influenza.
FIGURA 7 Distribuição espacial dos casos e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave confirmados para influenza por município de
residência. Brasil, 2019 até a SE 49
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FIGURA 8 Padrões de notificação de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), casos de SRAG por Influenza e Óbitos de SRAG
por Influenza. Brasil, 2019 até a SE 48
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Anexo
ANEXO 1 Distribuição dos vírus respiratórios identificados nas unidades sentinelas de Síndrome Gripal por semana epidemiológica do
início dos sintomas. (A) Brasil e (B) regiões, 2019 até a SE 49
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Ampliação do diagnóstico da
toxoplasmose congênita por meio do
teste em papel filtro
A toxoplasmose é uma infecção causada por um Quando não há suspeição e tratamento adequados
protozoário chamado “Toxoplasma Gondii”, encontrado da gestante com toxoplasmose aguda a possibilidade
nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se de transmissão vertical é maior. Com o objetivo de
hospedar em humanos e outros animais. É causada pela fortalecer a identificação da doença nos recém-nascidos
ingestão de água ou alimentos contaminados e é uma e as ações de vigilância integrada para toxoplasmose,
das zoonoses (doenças transmitidas por animais) mais a Secretaria de Vigilância em Saúde solicitou a
comuns em todo o mundo. incorporação da toxoplasmose congênita no teste
do pezinho a Comissão Nacional de Incorporação de
Os casos agudos são, geralmente, limitados. A fase Tecnologias no SUS (Conitec).
aguda da infecção tem cura, mas o parasita persiste por
toda a vida da pessoa e pode se manifestar ou não em Se o parecer da Comissão for favorável à incorporação
outros momentos, com diferentes tipos de sintomas. da doença no teste de papel filtro, a pauta será
disponibilizada para consulta pública.
A maioria das pessoas infectadas pela primeira vez
não apresenta sintomas e, por isso, não precisam de A Consulta Pública é um mecanismo de publicidade e
tratamentos específicos. A doença em outros estágios, transparência utilizado pela Administração Pública para
no entanto, pode trazer complicações, como sequelas obter informações, opiniões e críticas da sociedade a
pela infecção congênita (gestantes para os filhos), respeito de determinado tema. Esse mecanismo tem
toxoplasmose ocular e toxoplasmose cerebral em o objetivo de ampliar a discussão sobre o assunto e
pessoas que têm o sistema imunológico enfraquecido, embasar as decisões sobre formulação e definição de
como transplantados, pacientes infectados com o HIV políticas públicas. Para promover a participação da
ou em tratamento oncológico. sociedade no processo de tomada de decisão para
a inclusão de medicamentos e outras tecnologias
Dentre os recém-nascidos infectados (Toxoplasmose no SUS, a Conitec disponibiliza suas recomendações
Congênita), cerca de 85% dos casos não apresentam em consulta pública por um prazo de 20 dias.
sinais clínicos evidentes ao nascimento. No entanto, Excepcionalmente, esse prazo pode ser reduzido para 10
essas crianças podem indicar alterações como dias em situações de urgência.
restrição do crescimento intrauterino, prematuridade,
anormalidades visuais e neurológicas. Sequelas tardias
são mais frequentes na toxoplasmose congênita não Doença, dados epidemiológicos e
tratada. Há casos relatados de surgimento de sequelas opções de diagnóstico neonatal
da doença, não diagnosticadas previamente, ocorrendo
apenas na adolescência ou na idade adulta. Os que A infecção pelo Toxoplasma Gondii ocorre em todo o
apresentam manifestações clínicas podem ter sinais mundo e é endêmica no Brasil, onde também foram
no período neonatal ou nos primeiros meses de vida. relatados vários surtos em diferentes regiões do país.
Esses casos costumam ter, com mais frequência, O parasito, eliminado pelas fezes dos felinos, seu
sequelas graves, como acometimento visual em graus hospedeiro definitivo, contamina o ambiente e infecta
variados, retardo mental, anormalidades motoras e mamíferos, incluindo o homem, e aves. A infecção
surdez. As sequelas são ainda mais frequentes e mais humana se dá principalmente pela ingestão de carne
graves nos RN que já apresentam sinais ao nascer, com malcozida de animais infectados, de vegetais e frutas
acometimento visual em graus variados, retardo mental, consumidos crus e contaminados pelo parasito, pelo
crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez. As consumo de água contaminada, pela inalação ou
orientações durante o pré-natal correspondem a um ingestão do parasito presente no meio ambiente,
dos principais fatores de prevenção contra a doença. entre outros (CDC 2013). Na Europa, a infecção está
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frequentemente associada à ingestão de carne crua a infecção durante a gestação resulta em doença
ou malcozida. No Brasil, tudo indica que a elevada congênita em cerca de 44% dos casos, ao passo que
contaminação do meio ambiente, incluindo a água o tratamento apropriado reduz esse risco para 29%
consumida, constituem importante via de infecção (Peyron et al, 2015). Na primo-infecção da grávida, o
(Moura et al, 2006; Carellos et al, 2014). Embora a risco de transmissão vertical é de 2% nas oito primeiras
toxoplasmose ocorra sem distinção de gênero e cor, no semanas, 6% até 13 semanas, 72% até 36 semanas e
Brasil os indivíduos com baixa escolaridade estão muito 81% quando a infecção primária ocorre após a 36ª
expostos ao ambiente e ao risco de infecção. semana de gestação, período em que a placenta está
bem desenvolvida e vascularizada (Dunn et al, 1999). A
A transmissão do T. gondii pode se dar por via infecção adquirida poucas semanas antes da concepção
transplacentária, de uma gestante com infecção apresenta risco de infecção fetal ≤ 1%. Vários estudos
aguda para seu concepto. Nesse caso, a gestante realizados no Brasil mostraram que nascem entre 5-23
geralmente é assintomática e pode levar, em cerca crianças infectadas a cada 10.000 nascidos vivos (Dubey
de 30-40% dos casos, à infecção do feto, que et al, 2012). Essa incidência é bem mais elevada do
apresentará toxoplasmose congênita. A gravidade que em países europeus, como Suiça (4.3 por 10.000
do comprometimento da criança está inversamente nascidos vivos), França (3 por 10.000 nascidos vivos),
associada à idade gestacional em que ocorreu a Dinamarca (2.1 por 10.000), e Suécia (0.73 por 10.000
infecção, isto é, quanto mais precoce a infecção fetal nascidos vivos) (Robert-Gangneux, 2014), assim como na
maior o risco e a gravidade do comprometimento. Já a região de New England, nos Estados Unidos (1 por 10.000
transmissão tem relação direta com a idade gestacional nascidos vivos) (Guerina et al, 1994). A prevalência
da infecção, isto é, maior transmissão quanto maior for de retinocoroidite ao nascimento no Brasil é de até
a idade gestacional. A toxoplasmose congênita pode 80% (Vasconcelos-Santos et al, 2009;), quase cinco
se manifestar com complicações graves, como aborto vezes maior do que a da Europa, que é cerca de 18%
espontâneo, Crescimento Intrauterino Restrito (CIUR), (Gilbert et al, 2008), assim como o risco de apresentar
encefalite, doenças neurológicas, mentais, visuais e lesões intracranianas (35% no Brasil e 13% na Europa)
auditivas, distúrbios inflamatórios e anormalidades detectadas pela tomografia computadorizada (SYROCOT,
cardiovasculares (Peyron et al, 2015; Maldonado, 2017). 2007). Ao longo do crescimento e, principalmente,
Mas, cerca de 90% das crianças com toxoplasmose nas crianças não tratadas no primeiro ano de vida,
congênita nascem sem alterações no exame físico. pode ser observado, meses ou anos após a infecção
Entretanto, uma investigação completa (incluindo primária, aumento das lesões oculares (lesões na
exame oftalmológico e de imagem cerebral) irá revelar retina previamente íntegra, mas semeada por cistos do
anormalidades em 40% a 60% destas (Guerina et al, parasito, ou novas lesões junto às margens de cicatrizes
1994; Lago et al, 2007). Além disso, manifestações pré-existentes) e sequelas das lesões neurológicas
clínicas, principalmente neurológicas e oftalmológicas, como dificuldade de aprendizagem e convulsões
irão aparecer ao longo do crescimento, especialmente (Peyron et al, 2015). A maior prevalência e gravidade
nas crianças não tratadas ou com tratamento iniciado da retinocoroidite no Brasil têm sido atribuídas, entre
tardiamente (McLeod et al, 2009). outros fatores, à maior diversidade e patogenicidade
dos genótipos do parasito encontrados (Carneiro et al,
O Brasil apresenta uma das mais elevadas prevalências 2013) e a elevadas cargas parasitárias, provavelmente
da toxoplasmose em todo o mundo (Dubey et al, resultantes da exposição frequente ao parasito.
2012; Robert- Gangneux, 2014). Mais de 50% dos
escolares e 50-80% das mulheres em idade fértil A toxoplasmose, adquirida ou congênita, é
apresentam anticorpos contra o parasito (IgG positivas), diagnosticada principalmente pela identificação de
provavelmente devido à contaminação ambiental anticorpos específicos das classes IgG, IgM e IgA contra o
por oocistos e ingestão de cistos na carne malcozida parasito. A sorologia é sensível, específica e possível de
(Dubey et al, 2012). Entre 20-50% das mulheres em ser realizada em laboratórios de menor complexidade.
idade reprodutiva são suscetíveis (IgG e IgM negativas) Na toxoplasmose aguda detectam-se os anticorpos
e estão em risco de adquirir a infecção na gestação. As IgM e IgA cerca de uma semana após a infecção, seus
taxas de infecção aguda (soroconversão) em gestantes níveis ascendem até um mês e declinam em meses
suscetíveis variam entre 0,2 e 1,6% na Europa; 0,2- (6 meses até mais de 12 meses), na dependência
1,0% nos EUA; 0,3-1,8% no Brasil, com relato de 8,6% do anticorpo avaliado e do teste utilizado para sua
em Goiás (Souza & Belfort, 2014). Sem tratamento, identificação. Os anticorpos IgM são os mais utilizados
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para diagnóstico da infecção aguda e, atualmente, imagem do sistema nervoso central, exame do liquido
são detectados principalmente pelos imunoensaios cefalorraquidiano e avaliação auditiva.
de captura (ELISA de captura), enzimaimunoensaio
por micropartículas (MEIA), enzimaimunoensaio por
fluorescência (ELFA), quimioluminescência e reação de Resumo das evidências dos
aglutinação por imunoabsorção (ISAGA, realizado em benefícios do tratamento da
laboratórios de referência na Europa e EUA). As reações
de imunofluorescência indireta (IFI) e ELISA indireta
toxoplasmose congênita
não são de escolha para identificação de IgM, devido Na década de 1950 surgiram os primeiros estudos
à baixa sensibilidade. Os anticorpos IgA e IgE podem demonstrando o efeito de agentes antiparasitários sobre
ser detectados pelas técnicas de ELISA e ISAGA e têm o T. gondii, inicialmente em modelos animais e cultura
um comportamento semelhante ao da IgM. No final da de tecidos. Esses fármacos impedem a reprodução
segunda semana de infecção identifica-se IgG em títulos das formas taquizoíticas, prevenindo a destruição de
ascendentes nos primeiros dois meses e, depois, sua células de mamíferos infectados. No decorrer desse
persistência em títulos elevados por meses ou anos e tempo, a eficácia do tratamento para toxoplasmose já
decréscimo lento, persistindo detectável por muitos foi comprovada em várias circunstâncias: indivíduos
anos ou toda a vida do indivíduo. Os anticorpos IgG imunocomprometidos, toxoplasmose ocular, infecção
são detectados pelos mesmos ensaios citados acima. ativa na gestante e no feto e infecção congênita na
A elevada sensibilidade dos testes utilizados permite a criança. Na toxoplasmose congênita, o diagnóstico
detecção de anticorpos IgM por longo período, levando e o tratamento precoces melhoram a evolução e
a dificuldades para o diagnóstico nas grávidas, por o prognóstico das lesões oculares e neurológicas
exemplo. Nesses casos, quando na primeira avaliação (incluindo os casos de hidrocefalia, pela pronta
da grávida os testes detectam IgM e IgG, o teste de colocação da derivação ventriculoperitoneal, quando
avidez de IgG é muito útil para estimar a provável idade necessária) (McLeod et al, 2009).
gestacional da infecção materna e o risco para o feto
(Peyron et al, 2015). Em relação à toxoplasmose congênita, somente após
1980 surgiram os primeiros relatos de tratamento das
A presença no neonato ou lactente jovem (idade ≤ 6 gestantes com toxoplasmose aguda e dos lactentes com
meses) de anticorpos IgM e/ou IgA confirma a infecção a infecção congênita. As primeiras coortes publicadas
congênita. A sensibilidade de IgM varia entre 64 a de pacientes com toxoplasmose congênita mostravam
70% e de IgA entre 53 a 65% (Peyron et al, 2015; Lago et a evolução natural da doença não tratada. Na coorte
al, 2014), e a pesquisa associada dos dois anticorpos de Eichenwald (Eichenwald 1960), 152 crianças que
aumenta a sensibilidade diagnóstica para cerca de apresentavam sinais generalizados ou neurológicos
80% (Olariu et al, 2011). Os imunoensaios de captura ao nascimento e não receberam tratamento, ou foram
são os testes de escolha no Brasil. A presença de IgG tratadas por apenas um mês, foram examinadas aos
no neonato não confirma o diagnóstico, pois esse quatro anos de idade: 85% tinham retardo mental, 81%
anticorpo pode ser transferido passivamente da convulsões, 70% dificuldades motoras, 60% perda de
mãe para o filho através da placenta. A IgG decresce visão, 33% hidro ou microcefalia, 14% perda auditiva
de acordo com sua vida média (4 semanas) e sua e apenas 11% eram normais. Wilson et al. (Wilson et
presença ao final dos 12 meses de vida é considerado al, 1980) estudaram 24 crianças com toxoplasmose
o padrão ouro para diagnóstico de toxoplasmose congênita, todas assintomáticas ao nascer, das quais 13
congênita. Sua ausência aos 12 meses ou antes dessa foram identificadas por triagem sorológica e 11 porque
idade em crianças imunocompetentes e que não estão iniciaram com sintomas quando lactentes. Apenas
recebendo tratamento específico, exclui o diagnóstico nove receberam tratamento, mas por curto espaço de
da doença. O tratamento específico provoca tempo (descrito como de no mínimo três meses). Entre
diminuição de IgG, que pode se tornar negativa, oito e 10 anos de seguimento, 21 (87%) desenvolveram
mas, quando a criança está infectada, a interrupção sequela visual, sendo três com perda visual unilateral e
da medicação leva ao rebote e o anticorpo se torna cinco com perda visual total; e 13 (54%) desenvolveram
positivo novamente (Peyron et al, 2015). Na criança sequelas neurológicas, sendo três com sequelas graves.
com diagnóstico confirmado ou provável deve-se
avaliar a extensão do comprometimento pela infecção, Em 1964, Koppe et al. (Koppe et al, 1974) iniciaram um
através do exame de fundo do olho, exames de estudo prospectivo em Amsterdan, Países Baixos,
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para determinar a frequência de toxoplasmose seguimento de seis anos, 24% das crianças tinham
congênita e se seria necessário um programa nacional lesão ocular, mas nenhuma teve deficiência visual grave
de triagem. De 1821 gestações triadas, 12 crianças (Wallon et al, 2004).
foram diagnosticadas com toxoplasmose congênita e
cinco foram tratadas por serem sintomáticas, quatro O principal estudo sobre tratamento pós-natal da
com retinocoroidite (tempo de tratamento não toxoplasmose congênita foi realizado em Chicago, nos
informado). Sete não receberam tratamento por serem Estados Unidos, consistindo em uma coorte inicial de
assintomáticas. Na publicação de 1974, as crianças 44 crianças com toxoplasmose congênita, a maioria
haviam sido acompanhadas pelo menos até os cinco encaminhada por surgimento de sintomas e algumas
anos, e apenas duas haviam desenvolvido novas lesões identificadas por triagem neonatal ou diagnóstico
oculares, o que levou à conclusão de que a triagem pré-natal materno. Só foram incluídas nas análises
não seria necessária (Koppe et al, 1974). Entretanto, aquelas que iniciaram o tratamento com pirimetamina,
em 1986 uma nova publicação dos mesmos autores sulfadiazina e ácido folínico dentro de no máximo dois
(Koppe et al, 1986) relatou o seguimento por 20 anos meses após o nascimento. A duração do tratamento
das mesmas crianças. Nessa nova avaliação, 11 jovens foi de 12 meses para todas. Segundo os autores, o
tinham lesões oculares (91%), sendo que em quatro a achado mais marcante na evolução dessas crianças
visão estava gravemente comprometida, e três tinham foi o fato de que 70% das que apresentavam, logo
perda visual unilateral. Os autores reconheceram que o após o nascimento, acometimento neurológico grave
otimismo da primeira publicação precisou ser revisto. (incluindo hidrocefalia, microcefalia e calcificações
Este estudo foi dos mais importantes para demonstrar cerebrais múltiplas e volumosas), assim como danos
como pode ser reservado o prognóstico a longo prazo oftalmológicos (incluindo retinocoroidite macular)
da toxoplasmose congênita não tratada, mesmo desenvolveram-se normalmente, e na última avaliação
no caso de pacientes inicialmente assintomáticos. não apresentavam comprometimento de suas funções.
Outro estudo também mostrou que, mesmo nos Esses resultados contrastam fortemente com as
casos de toxoplasmose congênita subclínica (ou seja, coortes descritas anteriormente, que não receberam
identificada apenas por exames sorológicos, sem outras tratamento ou o receberam por curto espaço de tempo.
manifestações) a evolução pode ser pior do que a das Os principais fatores de risco para danos irreversíveis
crianças sem a infecção. Saxon et al. (Saxon et al, 1973) foram o diagnóstico tardio e, consequentemente,
realizaram um estudo simples cego, no qual foram o início tardio do tratamento farmacológico e da
avaliadas oito crianças com toxoplasmose subclínica colocação de derivação ventricular em casos com
não tratada e oito controles normais, pareados por hidrocefalia (McAuley et al, 1994). Uma continuação
idade cronológica, idade estacional, sexo, raça, peso dessa coorte, já incluindo então 120 pacientes, foi
ao nascer, idade materna e nível socioeconômico. O publicada em 2006 (McLeod et al, 2006). Ao iniciar o
quociente de inteligência médio das crianças infectadas acompanhamento, 96 (80%) dessas crianças tinham
foi significativamente menor do que o dos controles. acometimento clínico moderado ou grave. Destas, 72%
tiveram desenvolvimento normal, 64% não tiveram
Em Paris, Couvreur e Desmonts (Couvreur et al, 1984), novas lesões oculares e nenhuma teve déficit auditivo.
foram os primeiros a propor o tratamento sistemático
dos lactentes diagnosticados com toxoplasmose Na coorte de Chicago, entre janeiro de 1982 e março
congênita e a sugerir o melhor efeito do início precoce e de 1994, foi realizada tomografia computadorizada
da maior duração do tratamento. Em estudo publicado de crânio em 56 recém-nascidos com toxoplasmose
em 1984, foram acompanhadas prospectivamente 108 congênita, e repetida com aproximadamente um
crianças com toxoplasmose congênita diagnosticadas ano de idade. Quarenta recém-nascidos tiveram
após triagem pós-natal, sendo que 24% tinham calcificações intracranianas. Com um ano de idade,
retinocoroidite ao primeiro exame. Entre as crianças não as calcificações diminuíram ou desapareceram em 30
tratadas, 8% tiveram novas lesões, enquanto nenhuma (75%) e permaneceram estáveis em 10 (25%) lactentes
das tratadas desenvolveu novas lesões. Foi descrita uma que foram tratados. Dez (33%) dos 30 lactentes cujas
relação inversa entre a incidência de retinocoroidite e a calcificações diminuíram versus sete (70%) dos 10
duração do tratamento. Outro estudo francês, bem mais lactentes com calcificações estáveis receberam
recente, realizou o seguimento de 327 crianças, 38% tratamento antimicrobiano menos intensivo que
tratadas na gestação e 50% tratadas após o nascimento os outros lactentes tratados. Em contraste, de um
por pelo menos um ano. Em um período médio de pequeno número de crianças que não foram tratadas
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ou tratadas por um mês ou menos, todas tiveram neurológica (incluindo as calcificações cerebrais) e 60
calcificações intracranianas que aumentaram ou (58,8%) tinham lesões oculares, entre os quais 13 (12,7%)
permaneceram estáveis durante o primeiro ano de vida tinham déficit visual, entretanto, nenhum paciente teve
(Patel et al, 1996). perda visual total. O escore de qualidade de vida foi
considerado bom e o escore de estado de saúde geral
Em uma revisão sistemática de Brown et al. (Brown foi considerado muito bom, ambos dentro dos limites
et al, 2009) cinco estudos incluídos relataram da população geral.
uma prevalência de perda auditiva associada à
toxoplasmose congênita de 0% a 26%. Os autores
concluíram que melhores regimes de tratamento Ampliação do diagnóstico da
podem ter sido responsáveis por essa discrepância toxoplasmose congênita por meio
entre os estudos. Em crianças que receberam
tratamento limitado ou nenhum tratamento, a
do teste em papel filtro como
prevalência de perda auditiva neurossensorial estratégia para redução de danos
associada à toxoplasmose foi de 28%. Em crianças com
prescrição de 12 meses de tratamento antiparasitário, A triagem neonatal a partir da matriz biológica, “teste do
mas nas quais o tratamento não foi confirmado como pezinho”, é um conjunto de ações preventivas visando
iniciado antes dos 2,5 meses de idade ou nos quais a identificação precoce de indivíduos com doenças
a adesão não foi assegurada, a prevalência de perda metabólicas, genéticas, enzimáticas, endocrinológicas
auditiva neurossensorial foi de 12%. Em crianças e infecciosas, para tratamento oportuno e redução da
tratadas por 12 meses com terapia antiparasitária morbimortalidade e melhora da qualidade de vida.
iniciada antes dos 2,5 meses de idade, a prevalência de Dentro dessas ações está, também, o monitoramento
perda auditiva neurossensorial foi de 0%. e acompanhamento da criança com resultado do teste
positivo, durante o tratamento medicamentoso e a
Em um estudo realizado em Minas Gerais, foram realização de terapias de apoio, se necessárias.
coletadas amostras de sangue de 146.307 recém-
nascidos em 1560 centros de saúde pública em O Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) foi
853 municípios. Todos os testes sorológicos foram criado pelo Ministério da Saúde em 2001 (Artigo 10,
realizados em um laboratório e os resultados positivos Inciso III, Lei 8.069/90, regulamentado pela portaria
foram confirmados em testes adicionais em amostras 822/2001 do MS) com o objetivo de atender todos os
de sangue dos lactentes e suas mães. As crianças recém-nascidos do território brasileiro. missão de
infectadas foram acompanhadas clinicamente. A promover, implantar e implementar a triagem neonatal
toxoplasmose congênita foi confirmada em 190 crianças no âmbito do sistema único de saúde (SUS), visando
(1 em 770 nascidos vivos). Entre os 190 lactentes ao acesso universal, integral e equânime, com foco na
com toxoplasmose congênita, 178 (93,7%) foram prevenção, na intervenção precoce e oacompanhamento
submetidos à avaliação oftalmológica completa em permanente das pessoas com as doenças do Programa
uma mediana de 56 dias de idade e foram tratados e Nacional de Triagem Neonatal. A do PNTN. Atualmente,
acompanhados sistematicamente. Cento e quarenta e a versão básica do teste, oferecida na rede pública
dois (79,8%) tinham alguma evidência de lesão ocular. de saúde de todo o país, detecta seis doenças:
Em metade dessas crianças as lesões eram exsudativas fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, fibrose
e responderam ao tratamento medicamentoso com cística, doença falciforme (e outras hemoglobinopatias),
pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico, com hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de
desaparecimento da lesão ou redução importante da biotinidase. As duas últimas da lista foram incorporadas
cicatriz remanescente e melhor prognóstico visual ao teste em novembro de 2013. Na rede privada, são
(Vasconcelos-Santos et al, 2009). oferecidos outros testes além das mencionadas na
versão básica: deficiência de G-6-PD, galactosemia,
Peyron et al. (Peyron et al, 2011) entrevistaram 102 leucinose e toxoplasmose congênita. Há ainda testes
pacientes adultos com toxoplasmose congênita, utilizando a espectrometria de massas em tandem,
mostrando um bom prognóstico da doença quando capazes de detectar cerca de 50 patologias relacionadas
tratada intrauterinamente e /ou no lactente. Doze à erros inatos do metabolismo.
(11,8%) pacientes apresentavam alguma manifestação
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congênita, algumas regiões no Brasil, estados ou na detecção de IgM anti-T. gondii em amostras sangue
municípios, têm adotado a triagem pré-natal e/ou seco, transportado em papel filtro. Essa metodologia
neonatal para toxoplasmose, o que tem permitido identifica cerca de 85% das crianças infectadas e já foi
avançar no conhecimento do impacto regional da aplicada em várias regiões do país (Bahia-Oliveira et al,
toxoplasmose congênita, a prevalência das gestantes 2001; Carvalheiro et al, 2005; Lago et al, 2007; Figueiró-
suscetíveis e os possíveis fatores de risco associados Filho et al, 2007; Vasconcelos-Santos et al, 2009; Avelino,
a essa infecção no Brasil. Mas, para políticas de saúde et al, 2014). Como todo teste de triagem, antes de iniciar
pública mais efetivas, há necessidade do conhecimento o tratamento da criança há necessidade de confirmação
da prevalência da toxoplasmose congênita em todas do resultado. A triagem e tratamento precoces podem
as regiões do país, de forma continua, ano a ano, e reduzir significativamente as sequelas da toxoplasmose
desta forma observar o impacto da toxoplasmose no congênita nas crianças (Jara et al, 2001; McLeod et al,
país como um todo. Assim, estratégias específicas por 2014). Essa estratégia é utilizada na Polônia (Paul et al,
regiões poderiam ser definidas (Vaz et al, 2011). 2000) e em dois estados americanos – Massachusetts e
New Hampshire (NSC, 2001), e foi utilizada na Dinamarca
Alguns estados e municípios avançam na orientação (Lebech et al, 1999; Röser et al, 2010) durante uma
do MS e oferecem a triagem pré-natal gratuitamente década (1997-2007) sendo descontinuada por dúvidas
com um número maior de testes e intervalos regulares: em relação ao benefício do tratamento pós-natal
Mato Grosso do Sul (Programa Estadual de Proteção (Schmidt et al, 2006), embora fosse recomendado
à Gestante de Mato Grosso do Sul – em parceria com um esquema terapêutico muito curto (3 meses) em
APAE), Minas Gerais (http://www.nupad.medicina. comparação com o tempo de 12 meses preconizado
ufmg.br/programa-eacoes/ programa-de-controle-da- em outros países europeus e EUA. No Brasil, a triagem
toxoplasmose-congenita-de-minas-gerais/ e http:// neonatal é realizada rotineiramente no Distrito Federal,
www.nupad.medicina.ufmg.br/nupadem-numeros- onde vigora o teste do pezinho ampliado que faz o
toxoplasmose/), e Goiás (Programa de Proteção à diagnóstico de 33 doenças, incluindo a toxoplasmose
gestante do Estado de Goiás, PPGGO, em parceria com congênita, além das seis obrigatórias recomendadas
a APAE Goiânia) e nas cidades de Curitiba (Programa pelo Ministério da Saúde (Programa de Triagem
Mãe Curitibana) e Londrina (Programa de Vigilância da Neonatal do Distrito Federal).
Toxoplasmose Adquirida na Gestação e Congênita), no
Paraná, São Paulo (Mãe Paulistana), no estado de São As triagens pré-natal e neonatal podem ser utilizadas
Paulo, e Porto Alegre (Programa Porto Alegre Cuidando simultaneamente, de forma complementar e, nesse
da Mãe e do Bebê), no Rio Grande do Sul. Mas, não há caso, permitem a identificação de quase todas as
uniformidade entre as diversas iniciativas e alguns crianças infectadas (Elsheikha, 2008; Lopes-Mori, et
desses programas não realizam o monitoramento al., 2011). Dois estados, no Brasil, têm adotado essa
sorológico das mulheres suscetíveis (Lopes-Mori et al, estratégia conjugada (Minas Gerais e Goiás), utilizando
2011; Vaz et al, 2011; Avelino et al, 2014). a mesma metodologia para identificação das gestantes
e neonatos, o que resulta em redução dos custos e
A triagem neonatal pode ser uma alternativa para o maior controle da logística do programa. O Programa
rastreamento pré-natal. Existem evidências suficientes de Controle da Toxoplasmose Congênita em Minas
que apoiam a viabilidade dos programas de triagem Gerais foi instituído no estado em 2013 sob gestão
neonatal para toxoplasmose congênita (Guerina et da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais e
al, 1994; Paul et al, 2000; Neto et al, 2004; Schmidt execução do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio
et al, 2006). A maioria das crianças infectadas Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da
congenitamente é assintomática ao nascimento (90%), UFMG, órgão responsável pelo PNTN em MG, e realizou
mas estudos de longo prazo indicam que mais de 85% no período de 2013 a 2017 a triagem trimestral das
dessas crianças desenvolverão sequelas mais tarde, gestantes suscetíveis no pré-natal da rede SUS e
incluindo retinocoroidite, perda auditiva ou retardo triagem neonatal dos recém-nascidos em risco de
mental (Koppe et al, 1986; Lebech & Petersen, 1992; toxoplasmose congênita. Em Goiás também vigora
Stray-Pedersen, 1993). Na ausência de triagem, essas a associação entre as duas estratégias de triagem
crianças não são identificadas precocemente e não se (Avelino, et al., 2014).
beneficiam do tratamento. A triagem neonatal se baseia
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ENVIO DA
AMOSTRA PARA
COLETA O LABORATÓRIO
LABORATÓRIO
BANCO DE DADOS
UBS
RESULTADOS
ONLINE OU
ENVIADOS
PARA UBS
BUSCA ATIVA
DA CRIANÇA
TRATAMENTO
FIGURA 1 Exemplos de fluxos para triagem neonatal da toxoplasmose congênita, adaptado de Andrade, Gláucia M. e Lago Eleonor G
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Oferecer capacitações permanentes para os No Brasil, onde temos maior incidência da toxoplasmose
profissionais de saúde responsáveis pela coleta e congênita (5-23 infectados para cada 10.000 nascidos
envolvidos com a triagem neonatal; vivos), estima-se que o custo da doença seja elevado. A
Treinar e sensibilizar os funcionários administrativos triagem neonatal associada a um programa consolidado
dos pontos de coleta, com foco no processo de rastreamento de outras doenças congênitas pode
completo de triagem e na importância da agilidade apresentar relação custo/benefício muito favorável,
dos procedimentos. sendo uma grande oportunidade para redução dos
danos causados por essa infecção congênita.
A coleta do teste de triagem neonatal biológica,
popularmente conhecida no Brasil por “teste do
pezinho”, já acontece nos pontos de coleta da Atenção
Custo da triagem neonatal
Básica em Saúde. Em alguns estados, essa coleta A triagem neonatal da toxoplasmose em sangue seco
também é realizada em maternidades, casas de parto (teste do pezinho) apresenta baixo custo quando
ou comunidades indígenas. No entanto, em qualquer comparada a metodologias de triagem universal
ponto de atenção à saúde que seja realizada, essa em soro e, associada ao programa consolidado de
coleta deve ser documentada e informada no sistema rastreamento de outras doenças congênitas, pode
de informação existente. apresentar eficácia com pouca despesa (mesma
coleta, transporte e logística para busca dos casos
reagentes). Os testes confirmatórios (em soro)
Estimativas de custos poderão ser realizados em laboratórios de referência
estaduais, garantindo testes de alta qualidade a
um custo competitivo. O atendimento médico dos
Relação custo-benefício casos confirmados será realizado na rede SUS, e as
Apesar da relativa baixa incidência nos EUA (1 criança capacitações dos profissionais de saúde poderão
com toxoplasmose congênita para cada 10.000 nascidos incluir outros agravos do período neonatal reforçando
vivos), o impacto econômico da toxoplasmose congênita o custo benefício da triagem. Quando comparamos
é alto devido à gravidade da infecção, complicações o custo da triagem neonatal com os custos de uma
associadas, tratamento e custos sociais. Kijlstra & criança com toxoplasmose congênita (estimativas
Jongert (2008) estimaram os custos da toxoplasmose americanas) e sequelas principalmente oculares e
congênita em até US $ 1,26 milhão por caso e atribuem neurológicas, constatamos a grande oportunidade que a
esse valor principalmente a custos médicos, perdas triagem proporciona para redução dos danos causados
anuais de produtividade, educação especial e custos de pela doença (Elsheikha, 2008). Além disso, avanços
cuidados residenciais, o que torna essa infecção, nos tecnológicos podem tornar a triagem neonatal universal
EUA, a segunda mais importante para o ser humano ainda mais custo-efetiva com uso de testes multiplex,
entre as transmitidas por fonte hídrica e alimentar. por exemplo.
Considerando a mesma incidência de infecção
congênita nos EUA, Stillwaggon et al (2011) concluíram
que a implementação da triagem mensal universal Conclusões e Recomendação
de mulheres grávidas, seguindo o protocolo francês,
é custo-efetiva e leva a uma economia estimada de A possibilidade da ampliação do diagnóstico
US $ 620 por criança rastreada, se a incidência de da doença por meio de papel de filtro traz um
toxoplasmose congênita nos EUA for maior que 1 por horizonte otimista para o país frente à diversidade
10.000 nascidos vivos. De acordo com os autores, essa de coberturas de atenção básica para as ações de
estratégia universal de rastreio continuou a ser uma pré-natal nos municípios, às prevalências variáveis
abordagem economicamente favorável mesmo para da doença no Brasil, a permanência de até um ano
uma incidência de aproximadamente 0,5 casos de da forma de resistência do agente etiológico no
toxoplasmose congênita por 10 000 nascidos vivos, se ambiente e a possibilidade da oferta do diagnóstico
houver um risco assumido de 25% de transmissão. em tempo oportuno.
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São considerados casos prováveis os casos notificados exceto descartados.
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MG
ES Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
200,0
MG
SP
180,0
160,0 MS
GO
140,0
120,0
Incidência
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49
Semana Epidemiológica
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2019 atualizado em 09/12/2019). Dados sujeitos à alteração.
2019 2020
70
60
50
Incidência
40
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20
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0
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Limite superior Média móvel 2019/2020
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2019 atualizado em 09/12/2019). Dados sujeitos à alteração.
FIGURA 2 Diagrama de controle de dengue, Brasil, semana epidemiológica 26 de 2019 a semana epidemiológica 27 de 2020
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Até o momento, foram confirmados 754 óbitos A taxa de letalidade por dengue e chikungunya foi maior
por dengue no país, sendo 95 por critério clínico entre os idosos a partir dos 60 anos, e dentro dessa
epidemiológico. As maiores taxas de letalidade categoria, os mais afetados foram aqueles com 80 anos
(óbitos/100) considerando os casos prováveis de dengue, ou mais, sendo que no chikungunya destaca-se também
foram observadas nas regiões Centro-Oeste 0,07% e Sul a faixa etária de menores de 1 ano (Figura 3). O risco
0,06% (Tabela 2, anexo). Permanecem em investigação relativo (RR) de morrer por dengue na faixa etária de 80
221 óbitos. anos ou mais foi 129,7 vezes mais que na faixa etária de
1 a 4 anos, enquanto no chikungunya o RR na faixa etária
Em relação à chikungunya, foram confirmados 95 óbitos, maior ou igual a 80 anos ou mais foi 87,4 vezes mais que
sendo 18 por critério clínico epidemiológico. As maiores no grupo de comparação (10 a 19 anos), e em menores
taxas de letalidade (óbitos/100) considerando os casos de 1 ano foi 31,0 vezes mais. Em relação aos óbitos de
prováveis de chikungunya foram observadas nas regiões Zika, as idades foram 2 anos, 14 anos e 40 anos.
1,40
1,00
0,93
Taxa de letalidade
0,80
0,60
0,44
0,40
0,20 0,16
0,12
0,05 0,04 0,05 0,04 0,04
0,02 0,01 0,02 0,01 0,02 0,02
0,00
< 1 ano 1a4 5a9 10 a 19 20 a 39 40 a 59 60 a 79 80 +
Faixa Etária
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2019 atualizado em 09/12/2019). Dados sujeitos à alteração.
FIGURA 3 Taxa de letalidade de dengue e chikungunya, segundo faixa etária, Brasil, 2019
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Em relação à distribuição espacial de dengue, das 438 com taxa de incidência acima de 100 casos/100 mil
Regiões de Saúde do país observa-se que 26 (5,9 %) habitantes no período analisado. É importante destacar
regiões, distribuídas nos estados do Acre, Amazonas, a dispersão do vírus chikungunya em 276 (63,0%)
Roraima, Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo, Regiões de Saúde (Figura 4b).
Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás,
apresentam taxa de incidência acima de 100 casos/100 Quanto ao Zika, é importante destacar que nenhuma
mil habitantes (Figura 4a). região de saúde apresenta taxa de incidência maior do
que 100 casos/100.000 habitantes, entretanto observa-
Para chikungunya, destaca-se que o estado do Rio se a dispersão do ZIKV em 200 (45,6%) Regiões de Saúde
Grande do Norte apresentou uma Região de Saúde (Figura 4c).
A B C
Fonte: Sinan Online (bancos de dados dengue e chikungunya de 2019 atualizado em 09/12/2019). Sinan Net (banco de dados de Zika de 2019 atualizado em 28/11/2019).
Dados sujeitos à alteração.
*Zika: Semana Epidemiológica 37 a 46.
FIGURA 4 – Taxa de incidência de dengue, chikungunya e Zika* por região de saúde, SE 37 a 49, 2019
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De acordo com o LIRAa de 2019, os criadouros (depósitos móveis, depósitos fixos e depósitos naturais),
predominantes no Brasil são os depósitos de água A1 que representam um total de 21.376 (31,95%) e os de lixo
e A2, que representam um total de 32.083 (47,96%) e se D1 e D2, que totalizam 13.431 (20,07 %) sendo depósitos
enquadram no armazenamento de água para o consumo passíveis de remoção/proteção (Figura 8).
humano, seguido dos depósitos domiciliares B, C e E
900
Total de Municípios Municípios Enviados
800
700
600
500
400
300
200
100
0
RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF
Total de Municípios 52 22 62 15 144 16 139 217 224 184 167 223 184 102 75 417 853 78 92 645 399 295 497 79 141 246 1
Municípios Enviados 52 18 41 15 144 0 122 217 223 184 167 223 184 100 75 416 809 77 89 626 394 92 408 79 140 245 1
4000
3035
3000
2000 1721
1000
336
0
Satisfatório Alerta Risco Total
Série1 3035 1721 336 5092
FIGURA 6 Classificação dos municípios de acordo com o IIP - 4º Levantamento Entomológico de 2019
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6
5,1
5
4
Média de IIP
3,5
3,1
3 2,6 2,5
2,3 2,2
1,9 1,8
2 1,7 1,6
1,3 1,3 1,3
1,1 1,1 1
0,8 0,7 0,7 0,7
1 0,6 0,5 0,5 0,5
0,4
0
MT
MA
MG
DF
MS
PI
AC
PE
PB
PA
PR
TO
SC
SE
AL
AM
ES
SP
GO
RR
RN
RO
BA
RJ
RS
CE
Unidade Federada
FIGURA 7 Distribuição Espacial por município e média de Índice de Infestação Predial (IIP) por estado - 4º Levantamento Entomológico
de 2019
25000
21.376
20000
15000 13.431
10000
5000
0
1
Dépositos de Água (A1 A2) 32083,4
Depósitos domicilires ( B, C e E ) 21375,8
Lixo (D1 e D2) 13431,1
*Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses/DEIDT/ SVS/MS: Amanda Coutinho de Souza, Camila Ribeiro Silva, Danielle Bandeira Costa de
Sousa Freire, Josivania Arrais de Figueiredo, Juliana Chedid Nogared Rossi, Larissa Arruda Barbosa, Lívia Carla Vinhal Frutuoso, Noely Fabiana
Oliveira de Moura, Priscila Leal Leite, Rodrigo Fabiano do Carmo Said e Sulamita Brandão Barbiratto.
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Anexos
TABELA 1 Número de casos prováveis e taxa de incidência (/100 mil hab.) de dengue, chikungunya e Zika, até a semana epidemiológica
49, por região e Unidade Federada, Brasil, 2019
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2019 atualizado em 09/12/2019). Sinan Net (banco de dados de Zika de 2019 atualizado em 18/11/2019). Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (população estimada em 01/07/2019). Dados sujeitos à alteração.
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TABELA 2 Casos prováveis, óbitos e taxa de letalidade por dengue e chikungunya, até a semana epidemiológica 49, por região e Unidade
Federada, Brasil, 2019
Dengue Chikungunya
Região/UF Casos Taxa de Casos Taxa de
Óbitos Óbitos
prováveis letalidade prováveis letalidade
Norte 32.864 12 0,04 4.316 0 0,00
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2019 atualizado em 09/12/2019). Dados sujeitos à alteração.
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Em um ensaio clínico randomizado multicêntrico Ainda será indicado, a partir de 2020, o resgate das
realizado no Brasil, comparando a imunogenicidade crianças que completaram 4 (quatro) anos de idade, em
de crianças de 9 (nove) a 23 meses de idade às vacinas 2017, e não receberam a dose de reforço.
17DD ou 17D-213/77, a soroconversão foi de 84.8% e
85.8% respectivamente, sendo esta taxa inferior àquela
encontrada habitualmente em adultos. A divergência População alvo a ser
nesse achado quando comparado com o encontrado na contemplada
revisão da ACIP pode ser justificada por diferenças nas
características da população, bem como nas diferenças A população alvo para implantação da vacina febre
metodológicas entre os diversos estudos (6). amarela nos municípios que passarão a ser ACRV,
a partir de 2020, serão pessoas nas faixas etárias
Outro estudo observacional brasileiro também de 9 (nove) meses a 59 anos de idade, totalizando
identificou queda precoce nos títulos de anticorpos aproximadamente 32,5 milhões de pessoas. O reforço
neutralizantes, na imunidade celular e na memória imune também estará disponível nesse período, sendo a
em crianças vacinadas entre os 9 (nove) a 12 meses de população alvo as crianças com 4 (quatro) anos de
idade. Após 4 (quatro) anos da vacinação menos de idade, residentes nos municípios que passarão a ser
60% das crianças apresentavam títulos de anticorpos ACRV, cerca de 516 mil crianças, além das crianças já
neutralizantes acima do valor considerado protetor (7). residentes em ACRV que completaram 4 (quatro) anos
de idade em 2017 e não receberam a dose de reforço,
No Brasil, o ciclo de transmissão da febre amarela totalizando cerca de 9 milhões de crianças.
é, fundamentalmente, silvestre, de tal forma
que indivíduos não imunes não podem contar Dessa forma, um total de 41,5 milhões de pessoas
com a imunidade de rebanho para se proteger. estarão contempladas nessa população alvo a ser
Consequentemente é essencial que toda a população vacinada em todo o Brasil. Sendo a meta de cobertura
com risco de exposição ao vírus seja imunizada, ou seja, vacinal recomendada no Calendário Nacional de
que elevadas coberturas vacinais sejam atingidas, para Vacinação a ser alcançada de, pelo menos, 95% da
evitar o adoecimento. população alvo.
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QUADRO 1 Apresentação da indicação e do esquema de doses da vacina febre amarela, Brasil, 2020
A vacinação não está indicada, devendo ser adiada até a criança completar 6 (seis)
meses de vida. Na impossibilidade de adiar a vacinação, como em situações de
emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco
de contrair a doença, o médico deverá avaliar a pertinência da vacinação.
Mulheres que estejam amamentando crianças com até 6
Importante ressaltar que previamente à vacinação, o aleitamento materno deve ser
(seis) meses de vida, que nunca foram vacinadas ou sem
suspenso por 28 dias (mínimo 10 dias), com acompanhamento do serviço de Banco de
comprovante de vacinação.
Leite de referência.
Em caso de mulheres que estejam amamentando e receberam a vacina de forma
inadvertida, o aleitamento materno deve ser suspenso preferencialmente por 28 dias
após a vacinação (com um mínimo de 10 dias).
Vale ressaltar que os indivíduos que receberam de viabilizar o acesso à vacinação contra febre amarela
dose fracionada da vacina febre amarela devem ser da população alvo de forma segura e eficaz.
considerados adequadamente imunizados, já que os
estudos demonstram proteção conferida com esta
dosagem de pelo menos oito anos. Referências
1. SAGE Working Group - WHO Background Paper on
Considerações finais Yellow Fever Vaccine. 2013.
2. Gotuzzo, E.; Córdova, E.; et al. Efficacy and Duration
A vacinação contra a febre amarela deve ser incentivada of Immunity after Yellow Fever Vaccination:
como uma ação chave para evitar a doença. A partir de Systematic Review on the Need for a Booster Every
2020, pela primeira vez, o Brasil passará a adotar uma 10 Years. The American Journal of Tropical Medicine
estratégia única de vacinação contra a febre amarela and Hygiene, v. 89, n. 3, p. 434–444, 2013.
para todo o território nacional, que inclui a vacinação 3. Campi-Azevedo, A.C.; Costa-Pereira, C.; et al. Booster
de pessoas de 9 (nove) meses e 59 anos de idade, além dose after 10 years is recommended following
do reforço nas crianças com idade de 4 (quatro) anos. 17DD-YF primary vaccination. Human Vaccines &
Immunotherapeutics, v. 12, n. 2, p. 491–502, 2016.).
Para o êxito da implantação da vacina nestas novas 4. Gómez, S.Y.; Ocazionez, R.E. Anticuerpos
áreas e introdução da dose de reforço em todo o Brasil neutralizantes contra el virus de la fiebre amarilla
é fundamental o envolvimento das três esferas do 17 D en Colombianos vacunados y no vacunados con
Sistema Único de Saúde (SUS) para o planejamento, inmunidad a dengue. Revista de Salud Publica, v. 10,
capacitação, assessoria técnica e científica, no intuito n. 5, p. 796–807, 2008.
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5. Staples, J.E.; Jr, J.A.B.; et al. Yellow Fever Vaccine 7. Campi-Azevedo, A.C.; Reis, L.R.; et al. Short-Lived
Booster Doses: Recommendations of the Advisory Immunity After 17DD Yellow Fever Single Dose
Committee on Immunization Practices, 2015. Indicates That Booster Vaccination May Be Required
Morbidity and Mortality Weekly Report, v. 64, n. 23, to Guarantee Protective Immunity in Children.
p. 647–650, 2015. Frontiers in Immunology, v. 10, n. September, p. 1–13,
6. Camacho, L.A.B.; Freire, M. da S.; et al. A randomised 2019.
double-blind clinical trial of two yellow fever 8. Caldas, I.R.; Bastos Camacho, L.A.; et al. Duration of
vaccines prepared with substrains 17DD and 17D- post-vaccination immunity against yellow fever in
213/77 in children nine-23 months old. Memórias do adults. Vaccine, v. 32, n. 39, p. 4977–4984, 2014.
Instituto Oswaldo Cruz, v. 110, n. 6, p. 771–780, 2015.
*Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações CGPNI/SVS/MS: Francieli Fontana Sutile Tardetti Fantinato, Wanessa Tenório
Gonçalves Holanda De Oliveira, Cristiane Pereira de Barros, Flávia Caselli Pacheco.
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A iniciativa de vacinar o sexo masculino foi inédita Realizada 1ª Dose 2.444 95,1%
no Brasil. Com a ação, abriu-se a possibilidade de Realizada 2ª Dose 2.409 93,8%
interromper a cadeia de transmissão do vírus, já que Realizada 3ª Dose 2.320 90,3%
os meninos são os vetores do papilomavirus humano.
Total de Vacinas Aplicadas 7.173
A imunização do sexo feminino já é bastante conhecida
Total de perdas 27 0,38%
e é recomendada especialmente para a prevenção do
câncer de colo de útero, já que este é o segundo tipo de Vacinas Compradas 7.350
tumor mais frequente entre as brasileiras - atrás apenas Restou 150
do câncer de mama.
*Prefeitura Municipal de Farroupilha: Adriana Lins, Mirtes Verona Vanni e Renata Parisotto.
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INFORMES GERAIS
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GT-Meningites Nacional trabalha com uma estimativa 35 São Paulo 4907 134 5041
média de dispensação de quimioprofilaxia para 10 41 Paraná 641 56 741
pessoas a cada caso. Em algumas situações essa 42 Santa Catarina 650 13 665
estimativa pode ser maior ou menor, a depender do
43 Rio Grande do Sul 641 4 718
contexto epidemiológico, mas, em uma média geral para
50 Mato Grosso do Sul 33 19 42
o ano, não diverge muito.
51 Mato Grosso 37 0 59
Abaixo apresenta-se o panorama geral e por UF dos 52 Goiás 253 5 277
casos confirmados de DM e MH no Brasil, e o número de 53 Distrito Federal 616 35 646
indivíduos que receberam quimioprofilaxia:
Fonte: SINAN. GT-Meningite/CGPNI/SVS/MS. Base consolidada em 12/12/2019.
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