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Recensão

O texto em análise expõe a perspetiva de Merleau-Ponty no que concerne ao modo


como o Ser se compreende a si e ao mundo, bem como da relação que estes criam entre si.
O filósofo pretende chegar a um estado inaugural, em que se abstrai de toda a manipulação
intelectual, chegando à indiferenciação inicial. A partir daqui, começa por estabelecer a
relação entre o corpo e o mundo através da visão, que considera como o sentido
fundamental e primordial para qualquer experiência, na medida em que o sujeito é visto pela
realidade envolvente e vice-versa, pertencendo ambos à mesma textura. Essa
reciprocidade permite que a visão oriente a reflexão que, por sua vez, permitirá explicitar o
mundo através do olhar. Esta perspetiva faz com que Merleau-Ponty dê uma importância
exacerbada à pintura, enquanto forma de arte que define o acesso ao ser, através de uma
contemplação demorada, uma vez que preserva a pureza da qual a reflexão e o
pensamento objetivador e científico estão destituídos. Cézanne, pintor francês pós-
impressionista, é o eleito pelo filósofo a fim de ilustrar a procura da sensação pura que
conduz à verdadeira sabedoria. Segundo este, o pintor deve assumir uma atitude
desinteressada, deixando-se envolver pela Natureza e, assim, ausentar-se de si para estar
presente no ambiente que o envolve, de forma a expressá-lo e a expressar-se. Deste modo,
Ponty defende que a verdadeira experiência do mundo não pode surgir do pensamento
reflexivo. Cézanne assume assim a figura de homem contemplativo, ao fazer uma
observação minuciosa da realidade que o rodeia, procurando o que se esconde no mundo
visível, surgindo a obra como uma forma de aproximação à origem do significado. Esta
procura por aquilo que existe e que não se vê é uma procura de si próprio,(sendo desta
forma percebido que existe uma união entre o Homem e a natureza, ambos fazendo parte
de um só, e não vistos como entidades afastadas. De certo modo o artista procura
recuperar a ligação que fora desconectada anteriormente, havendo desta forma um
entendimento puro e genuíno da conexão existente entre as duas entidades) que apenas
pode ser encontrado através da atitude que o pintor adopta. Através desta, cada pincelada
torna-se um ato intencional, refletindo o encontro com o exterior, que permite trazer a
natureza “para dentro” da tela. Para além da contemplação, a pincelada do pintor apoia-se
ainda noutra forma de conhecimento, a intuição, que, no entender do filósofo, é definida
como a síntese de um encontro demorado, que tem como pilar o facto do artista e da
matéria fazerem parte da mesma essência, da mesma carne, isto é, a realidade envolvente
apenas está presente no pintor porque ele se situa nessa mesma realidade. O artista deseja
assim reter o instante e libertar a visão dos condicionamentos da organização espacial,
nomeadamente no que concerne às relações limitadas do plano horizontal e vertical. Por
esta razão, uma das características estilísticas definidoras de Cézanne é a rejeição da
rigidez do contorno, uma vez que esta apenas existe no âmbito da geometria, concepção
mental do Homem, não pertencendo ao mundo visível. Todavia, constata igualmente que a
ausência total do contorno seria destituir o objeto da sua identidade, uma vez que implica
sacrificar a profundidade que permite verificar a sua existência.

Na obra de Cézanne outro ponto fulcral é a cor. Este chega mesmo a considerar que
o desenho deve “rebentar da cor”, dado que a paisagem em si é vista como um “organismo
de cores”. Pode-se considerar que na obra do artista a origem está na cor, uma vez que,
enquanto o pintor va
Ainda segundo Merleau-Ponty, esta forma de um pintor se expressar através dos
olhos e da intuição é vista através de outras componentes artísticas, sendo elas a
perspectiva musical e o pensamento não crítico, mas reflexivo da sua existência. Um
aspecto importante que tanto o pintor como o músico nos demonstram é que não existe
uma única perspectiva para a compreensão do que é observado. Há assim uma
necessidade, por exemplo, de ensaiar uma peça musical várias vezes até se chegar o mais
perto possível do resultado final que queremos alcançar. Tal como é apresentado pelo
pintor que cada pincelada deve “rebentar da cor” e cada pincelada cria a forma do objeto
pintado, um músico procura o mesmo resultado em cada nota apresentada. Cada nota deve
ter um gesto e uma intenção distinta.

Partindo do exemplo dado por Pontyselecionado, Mahler sentia a necessidade de


ensaiar e ensaiar novamente, pois a descoberta de novas sensações, novos resultados,
que não tinham sido perceptíveis ou aperfeiçoados, anteriormente deveriam ser
demonstrados no ensaio seguinte. Havendo desta forma sempre algo para aperfeiçoar.

Quanto mais se sente, mais se descobre, e quanto mais se descobre mais se sente.

Na tentativa de se auto retratar através do mundo que vê, o artista redescobre-se


naquilo que apresenta, percebendo a ligação existente entre ele próprio e a natureza.

O artista procura demonstrar aquilo que sente e quando essa sensação é percebida
ele descobre algo mais, procurando uma resposta para a nova pergunta que lhe surge, que
por fim, lhe desperta novamente uma sensação não percebida anteriormente, ou seja uma
resposta, que é dada por ele próprio. Deste modo percebemos que quando o indivíduo
descobre uma nova questão, procura não a julgar, mas sim, absorver essa pergunta na
tentativa de responder o melhor possível, estando essa resposta presente no próprio ser.

A partir deste momento observamos que não existem entidades diferentes, mas sim,
que ambas se apresentam como sendo da mesma carne. A procura intensa das respostas
às perguntas existentes é feita constantemente através da via exterior. Na opinião de Ponty,
a resposta encontra-se dentro de quem faz a pergunta.

Assim, não existe uma percepção de quem é que está a observar e quem é
observado, quem vê e quem é visto.

O mundo humano,(o mundo geométrico, criado e retratado unicamente pelo ser


humano) e o mundo visível/real (o mundo puro da natureza, sem forma rígida mas definida,
tornando-se assim a obra perfeita), pode ser percebido por quem a realmente deixa
penetrar na sua alma e ai amadurecer lentamente.

No mundo humano o homem adulto é incapaz de ter esta percepção como homem,
mas o artista não, pois contempla e entende o significado que lhe provém de si mesmo, não
descrito de forma clara, Ponty aponta que existe outra entidade que pode observar o mundo
através dos olhos do artista, sendo essa entidade a criança, pois deste modo, a criança não
julga, não crítica e observa e vive o mundo tal e qual como ele é apresentado, sem
apresentar sinais de desconfigurar.
https://books.google.pt/books?
id=IYAP4qM0we0C&pg=PA97&lpg=PA97&dq=pissarro+and+the+discovery+of+nature&sour
ce=bl&ots=_YHdyiLHuE&sig=ACfU3U0WxigZnIDLw-1CE-D8E3OoQaY8QQ&hl=pt-
PT&sa=X&ved=2ahUKEwi7xtbCsNjnAhWaA2MBHeEABf8Q6AEwDXoECAkQAQ#v=onepa
ge&q=pissarro%20and%20the%20discovery%20of%20nature&f=false (Ver esta explicação
Pag.96 e 97).

http://www.camillepissarro.org/portrait-of-paul-cezanne.jsp

https://blogs.lt.vt.edu/emilystring/portfolio/camille-pissarro-ans-his-use-of-color/

Naiveté = simplicidade, caracter natural, simples

https://books.google.pt/books?id=C-
DLDQAAQBAJ&pg=PT73&dq=cezanne+and+children+philosophy&hl=pt-
PT&sa=X&ved=0ahUKEwia6pjOmuvnAhULtRoKHQAQB5IQ6AEIPjAC#v=onepage&q=ceza
nne%20and%20children%20philosophy&f=false
(Pag. 68-71)
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00043389.1973.11761449?
journalCode=rdat20

Uso das cores livro pag.19

Explicação aqui https://ivypanda.com/essays/cezannes-sense-of-color/

According to Loran (41), Cezanne’s unique way of color application in his paintings
seem to develop a unique color application theory defined by a change in paradigm
from these use of dark colors to an application of light colors.

According to Bleicher (122), this shift in paradigm provides some evidence of the
influence that impressionism had on the works of several artists in the 19th century.
In the initial stages of his career, Cezanne used flat brushstrokes. However, he
progressively changed to the use of light strokes in which he added light and dark
tones to produce a three-dimensional effect (Bois and Krauss 32).

His ability to use both dark and light colors to come up with three dimension effect is
one of the fact that makes Cezanne’s work appears quite unique from those of other
impressionist painters of the time (Badt 151). It is also worth noting that Cezanne’s
initial strokes were usually based on simple primary colors.

Cezanne uses color in its three dimensions to favor different contrasts of hue to re-assert
different structural painting qualities (Stewart 451)

https://artist-at-large.com/2013/08/23/art-history-the-palette-of-cezanne/

Cézanne, on the other hand, used a color system that he called modulation
– and its subtle gradations in color – which required a larger range of colors
to work from. Rather than mix colors on his palette to create new colors, he
liked to use his colors directly from the tube
https://artist-at-large.com/2013/08/23/art-history-the-palette-of-cezanne/

According to Emile Bernard, Cézanne habitually used no less than


nineteen colors: Cobalt Blue, Ultramarine, Prussian Blue – Emerald
Green Viridian, Terre Verte – Vermilion, Red Ochre, Burnt Siena, Rose
Madder, Carmine Lake, Burnt Lake – Brilliant Yellow, Naples Yellow,
Chrome Yellow, Yellow Ochre, Raw Siena – Silver White and Peach Black.
This list was made in 1904, towards the end of Cézanne’s life, but from
about 1880 onward his palette remained substantially unchanged. —
Gerstle Mack, Paul Cézanne

https://blogs.lt.vt.edu/emilystring/portfolio/camille-pissarro-ans-his-use-of-color/

Camille Pissarro was one of many impressionist artist of his time. He used bright colors
alongside thick paint to bring his ideas to reality on canvas. His methods were
successful, as one can see from his approval ratings in the mid to late 1800s. Pissarro
didn’t mix colors, but place them in a way to create the effect of the color he wanted
people to see. He chose this method because it helped him to portray the work at a
single moment as a whole. He wanted people to experience his paintings as a whole
working piece and not as individual pieces of the same painting.

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