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Reflexão sobre a

Visita de Estudo ao
Serviço de Oncologia
CHEDV

Trabalho realizado por:


Andreia Bastos nº 2469
Cristiane Ferreira nº 2473
Silvana Seabra nº 2445
Vera Tavares nº 2471

Oliveira de Azeméis
Dezembro 2018

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No âmbito da unidade curricular de Saúde do Adulto e do Idoso, foi proposto pela
Regente Sónia Novais uma reflexão da visita de estudo, ao serviço de Oncologia do
Hospital do CHEDV, no dia 11 de Dezembro de 2018. Para tal foram definidos os
seguintes objetivos: observar a estrutura, organização e metodologias de trabalho de
uma unidade de oncologia; recolher dados de observação acerca dos cuidados
prestados à pessoa que vive com uma doença oncológica; organizar e refletir acerca
dos dados recolhidos; refletir sobre os contributos para a obtenção das competências
pela experiência vivida; desenvolver o pensamento crítico-reflexivo sobre a prática.
Para conhecer melhor o funcionamento da unidade de oncologia, a enfermeira
Ana Paula decidiu dar-nos a entender o circuito do doente oncológico e, como, a partir
desse momento, a unidade dá início ao processo de tratamento oncológico, a
quimioterapia.
Assim, o cliente apresenta-se no Secretariado para o registo dos seus dados
pessoais. De seguida, é acompanhado por um enfermeiro para a colheita de sangue
para determinar se o cliente se encontra em condições de saúde para receber o
tratamento. Caso a resposta seja positiva, inicia-se o processo de selecção específica
do fármaco a ser administrado ao cliente. Tal responsabilidade é atribuída aos
enfermeiros da unidade, que fazem os cálculos e administram os fármacos nos soros.
Quando estiverem preparados, são transferidos para a sala de tratamentos.
A enfermeira Ana Paula guiou-nos até à sala de colheitas e/ou urgências para
os clientes receberem transfusões, serem cuidados de diagnóstico de dor não tratada,
náuseas e vómitos, e para intervenções terapêuticas como flebotomias, biopsias
ósseas, toracocenteses, paracenteses que são considerados como tratamentos que
não foram estipulados. Também há uma enfermaria especifica para doentes debilitados
e/ou em cuidados paliativos e para tratamento intra vesical (onde é instilado o fármaco
da quimioterapia na bexiga através da algaliação), pois esta enfermaria é a única com
camas.
Chegámos à sala de tratamentos que tem um conceito “open space” que permite
a observação de todos os pacientes, que estão acomodados em cadeirões, podendo ter
um acompanhante. Esse conforto permite receber tratamentos com duração média de
5 horas com objetivo curativo ou paliativo. Naquele momento, uma enfermeira estava a
preparar uma medicação para uma cliente que iria ser administrada num sistema de 4
vias.
Para além de receber no hospital iria levar uma bomba de 5 FU para tratamento
em domicílio, que irá retirar dois dias depois. Relativamente ao autocuidado em relação
aos DIB’s, a maior preocupação dos utentes é que o cateter saía. Mas se acontecer, o

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utente deve recolher todo o material e dirigir-se ao serviço de urgência ou à unidade de
oncologia em dias uteis.
Na consulta de enfermagem, a enfermeira Ana Paula referiu que se faz uma
avaliação do estado geral do cliente, nomeadamente sobre os parâmetros vitais, as
queixas e a avaliação dos dados analíticos. Em caso de dúvida, o cliente é consultado
pelo médico. Se não houver problemas, este segue para o tratamento.
A enfermeira salientou a vigilância como uma das principais intervenções de
enfermagem, que está assente no Plano de Cuidados. Outro facto que mencionou foram
os ensinos que se faz ao cliente e um deles é desmistificar a ideia pré concebida que o
tratamento causa dor. Outros ensinos são sobre os hábitos alimentares, o autocuidado
e sintomas como febre e dispneia que terão de ser tratados no serviço de urgência.
Enfatizou o processo de isolamento, indicado para situações especiais, que pode ser
um constrangimento para o cliente; neste caso, a enfermeiro propõe alternativas como
frequentar locais públicos em dias com menor afluência.
Ressalvou também que as pessoas que recorrem a estes tratamentos já
possuem literacia em saúde que dão alternativas a este processo.
Relativamente a situações que necessitam de acompanhamento psicológico, a
enfermeira referiu que por falta de recursos, ele não existe e que não está protocolado
na unidade. Quem presta esse serviço são os enfermeiros através da empatia e escuta
ativa, desmitificando os medos e as ideias do tratamento, gerindo as emoções.
Existe uma linha direta no serviço onde os enfermeiros do serviço facultam a
informação sobre medicação e efeitos secundários, sendo uma mais-valia para os
doentes. Também existe um guia de acolhimento do serviço que explica o
funcionamento do serviço e as refeições que são dadas.
Outro dos meios são as amizades criadas entre os utentes que dão apoio entre
eles que, apesar de estarem a viver situações diferentes, têm algo em comum, a doença
oncológica, sendo solidários entre eles. A enfermeira confessou que gostaria de criar
um grupo de apoio mútuo para estes doentes.
Depois dos tratamentos, a gestão dos lixos é feita em sacos vermelhos que são
recolhidos em contentores.
No que concerne aos cuidados paliativos, existem situações em que o foco do
tratamento é o tumor ou para o controle de sintomas, em particular, a dor.
A organização dos tratamentos está protocolada de acordo com a
disponibilização de fármacos. A equipa de enfermagem é responsável pela gestão dos
doentes, fármacos e dos materiais utilizados.
Para finalizar, a equipa de enfermagem toma iniciativa de organizar lanches em
diferentes épocas do ano de forma à dar uma imagem positiva à situação vivenciada e

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promover o convívio. Também estão previstas as jornadas de Oncologia para o próximo
ano que são organizadas pela instituição.
O foco de atenção do enfermeiro é o diagnóstico das respostas humanas à doença e
aos processos de vida a partir do qual se viabiliza uma produção de um processo de
cuidados em parceria com o doente/família, sendo o processo baseado na inter-relação
pessoal.
Os enfermeiros substituem, ajudam e complementam as competências de
funcionamento das pessoas em situação de dependência na realização das actividades
de vida. Mas também orientam, supervisionam e lideram os processos de adaptação
individual, o autocontrolo, o autocuidado, o stress, coping, a dor, as perturbações da
memória e da actividade psicomotora, a adesão ao regime terapêutico, os processos de
interacção com a família, os processos de luto, os processos de aquisição e mudança
de comportamentos para a aquisição de estilos de vida saudáveis.
Através de uma abordagem sistémica e sistemática, num processo de tomada de
decisão, o enfermeiro identifica as necessidades de cuidados de enfermagem da pessoa
individual ou do grupo (família e comunidade). Após efectuada a identificação da
problemática do doente, as intervenções de enfermagem são prescritas de forma a
evitar riscos, detectar precocemente problemas potenciais e resolver ou minimizar os
problemas reais identificados. No processo de tomada de decisão em enfermagem e na
fase de implementação das intervenções, os enfermeiros devem incorporar os
resultados da investigação na sua prática.
Na nossa opinião, a qualidade dos serviços passa por diferentes aspectos, inicialmente
pela competência dos funcionários e enfermeiros, pela confiança e conhecimentos que
estes depositam no doente, pela quantidade de informação fornecida e pelos acessos
(horários e tempos de espera para tratamento assim como a facilidade de acesso ao
estacionamento do hospital).
Fazendo uma apreciação global dos pontos anteriormente citados, queremos realçar o
tempo de espera para tratamento e a dificuldade de acesso ao estacionamento como
pontos negativos da instituição.
Outro aspecto que verificamos, é que quando estávamos para sair do serviço, a sala de
espera estava lotada, já a sala de tratamentos tinha apenas duas doentes por conta da
hora da nossa visita, que como ainda era cedo, os tratamentos estavam a começar aos
poucos.
A nível do estacionamento, na nossa opinião, é um pesadelo encontrar lugar. Alguém
que trabalhe neste hospital precisa de ir para o seu local de trabalho mais cedo do que
o desejado para que consiga “perder” 10 a 15 minutos à procura de um estacionamento
ou então optar por usar um lugar de estacionamento que precise de ser pago.

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Dentro da sala de tratamentos, o nosso grupo “fugiu” dos restantes e fomos falar com
uma senhora que iria iniciar o seu tratamento de quimioterapia. Apresentamo-nos,
pedimos autorização para ver o procedimento e depois começamos a conversar com
ela. Resumidamente, a pessoa em questão, referiu alguns detalhes importantes, disse
que tinha um hepatocarcinoma, e que já tinha “curado” do cancro do colo retal. Para
além disso, disse que o tratamento da quimioterapia não dói nem o implantofix mas que
tem muito medo que ele saia e por isso, no início ela restringiu a sua vida por conta
desse medo.
Por último, o mais importante foi ela ter confidenciado que a sua auto estima ficou mais
fragilizada depois da cirurgia ao abdómen (mostrou-nos a cicatriz, e realmente era uma
cicatriz com um tamanho considerável, com cerca de 10cm de comprimento
atravessando verticalmente o abdómen, algo difícil de esconder com um biquíni que é
o que a senhora gosta de usar), que gostava muito de praia mas que este verão não
aproveitou por conta de ter “vergonha”. E nós de certa forma dê-mos ideias para
contornar a situação e reforçamos a auto estima da pessoa.

Em jeito de conclusão, esta visita foi bastante útil para todas, pois possibilitou perceber
o quão desafiante é para os enfermeiros tratar um doente oncológico e percecionar o
impacto dos tratamentos na vida de cada pessoa.

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Anexos

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Anexo I

Guia
de
Acolhimento

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8
Anexo II

Protocolos
de
atuação

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