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1. INTRODUÇÃO

No presente trabalho desenvolveu-se uma pesquisa acerca do uso, na


Construção Civil, de protótipos físicos de alta fidelidade, ferramenta projetual mais
comum a outras indústrias. Em específico, fez-se uma análise sobre a prototipagem
na obra do arquiteto João Filgueiras Lima, também conhecido como Lelé1 e maior
referência brasileira na construção industrializada. Enquanto enquadramento teórico
partiu-se das discussões sobre a prototipagem e a metodologia projetual advindas
de áreas de conhecimento externas à Construção, tais como o Desenho Industrial,
as Engenharias Mecânica e Eletrônica e as Ciências da Computação.
Essa decisão em se apoiar em uma fundamentação teórica de disciplinas
estranhas à Construção foi um ato deliberado e objetivo norteador da pesquisa
desde seus primórdios. Inclusive foi com esse interesse em mente que se buscou
desenvolver o presente trabalho em uma instituição de ensino de Desenho Industrial
ao invés de uma de Arquitetura ou Engenharia Civil. Isso tudo se deve à percepção
pré-existente do autor de que há uma grave disparidade entre o nível de eficiência e
organização da Construção Civil comparado a outros setores, tidos como mais
“industriais”. Esse pressuposto foi inquirido e confirmado, como será explanado na
subseção a seguir.
Entende-se que a pesquisa sobre os modos de trabalhar dessas áreas, por
serem mais industrializadas, podem contribuir para a geração de novos
conhecimentos e entendimentos sobre os problemas e as questões da Construção.
Com isso em mente se iniciou uma pesquisa de duas frentes: a análise de um caso
excepcional, o Lelé, que foge à regra da não-industrialização e o estudo da
produção acadêmica acerca da metodologia projetual de áreas fora da Construção.
O processo de definição do objeto de estudo se deu através de uma relação iterativa
e interativa entre essas duas vertentes de trabalho e convergiu para o recorte sobre
uma ferramenta de projeto específica, usada por Lelé e em diversas indústrias, mas
inusual na Construção Civil em geral: o protótipo físico de alta fidelidade.

1Nesta dissertação, em geral, usa-se o apelido “Lelé” para se referir ao arquiteto, como é feito na
maior parte da literatura estudada.
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1.1. Contextualização

What industry has achieved since mechanization was introduced is interesting


and easily recounted. Everything it has undertaken in order to achieve large-scale
distribution -the only reason for its existence - has always and as a matter of course
led to lower prices and higher quality. And whenever, exceptionally, the price has not
fallen, presentation has invariably improved in pro portion. This can easily be
confirmed in terms of cars, bicycles, sewing machines, refrigerators, radios, clothes,
etc. Only the habitat does not contribute to the industrial miracle.
Only accommodation grows more expensive, scarcer and poorer in quality, a
sizeable setback considering that it offers the largest market of all on a global scale.
[…]
I am obviously not referri ng to the housing for the privileged few. We are
talking about accommodation for what is commonly called the largest number: they,
in my opinion, are in fact most inclined to accept instinctively the most highly
industrialized - and therefore the most advanced - habitat.
(HUBER, STEINEGGER, 1971, p. 17)

Até o início da crise econômica de 2015, a indústria da Construção Civil


passou por uma década de contínua expansão no Brasil e contribuiu
significativamente para o crescimento do país. Impulsionado por iniciativas
governamentais como o Programa de Aceleração do Crescimento e o Minha Casa
Minha Vida, além de um quadro econômico geral favorável, entre 2004 e 2014 o
crescimento do PIB da Construção Civil superou o do PIB Nacional em 6 desses
anos e apresentou índice positivo em todos exceto 2009, ano de recessão após a
crise imobiliária internacional (CBIC, 2013, p. 6).

Gráfico 1 - Comparação entre a variação dos PIBs Nacional e da Construção Civil

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