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A intriga romanesca: intriga principal (a relação amorosa de Carlos com Maria Eduarda)
-Carlos vê Maria Eduarda, pela primeira vez, à porta do Hotel Central (cap. VI), onde iria comparecer
a um jantar realizado em honra do banqueiro Cohen .
-Carlos vê, de novo, Maria Eduarda, no Aterro, em dois dias sucessivos e volta aí, mais três vezes, na esperança de a tornar a
ver (cap. VII).
-Carlos vai a Sintra com Cruges, na esperança de encontrar Maria Eduarda; no entanto, regressa a Lisboa, sem a ter visto
(cap. VIII).
-Dâmaso leva Carlos ao hotel onde se encontra hospedada Maria Eduarda, para tratar da sua filha
Rosa, que está doente (cap. IX).
-Maria Eduarda, por carta, solicita os serviços de Carlos, como médico, para tratar a sua governanta
inglesa (cap. X).
-Carlos torna-se visita assídua da casa, tendo longas conversas com Maria Eduarda, o que irrita
Dâmaso (cap. XI). Excerto
-Carlos declara-se a Maria Eduarda e é correspondido (cap. XII).
-Encontros secretos de Carlos e Maria Eduarda na “Toca”, a casa que Carlos comprara a Craft, nos
Olivais, e consumação da relação amorosa (cap. XIII).
-Maria Eduarda visita o Ramalhete, na ausência de Afonso, que se encontra em Santa Olávia (cap. XIV).
-Castro Gomes, que recebeu no Brasil uma carta anónima (enviada por Dâmaso), conta a Carlos que
não é casado com Maria Eduarda e revela-lhe factos do passado dela; Carlos confronta Maria Eduarda,
que lhe conta a verdade; Carlos pede-a em casamento (cap. XIV).
-Maria Eduarda revela o seu passado a Carlos (cap. XV).
-Carlos decide fugir e casar secretamente com Maria Eduarda, em Itália (cap. XV).
-Guimarães, tio de Dâmaso, pede a Ega que entregue o cofre de Maria Monforte a Carlos ou à irmã
(Maria Eduarda) (cap. XVI).
-Revelação, por Ega, dos laços de parentesco entre Carlos e Maria Eduarda; a consumação do incesto
consciente, por Carlos; a morte de Afonso; a entrega, por Ega, dos documentos, a Maria Eduarda e a
partida desta para Paris (cap. XII).
-Partida de Carlos e de Ega para uma viagem pelo mundo; regresso a Lisboa, dez anos depois, visita
ao Ramalhete; reconhecimento do fracasso das suas vidas, devido ao seu carácter romântico.
1.2. Características trágicas da ação (ação trágica com os principais elementos da tragédia clássica):
-a grandeza das personagens (Carlos, Maria Eduarda e Afonso da Maia), que são seres de
ascendência nobre e superiores aos outros, física e/ou psicologicamente (Carlos é atraente, bem feito, alto,
forte, saudável, sociável, culto, com interesses diversificados; Maria Eduarda é “uma deusa”, bela, requintada e elegante; é
culta, sensata, equilibrada, meiga, digna, bondosa e solidária; Afonso da Maia é íntegro, forte, resistente a todas adversidades,
sociável, bondoso, solidário e inflexível, em termos morais, tendo sempre regulado a sua vida a sua vida pela obediência ao
dever, à justiça, às normas sociais e aos valores familiares.);
-o tema do incesto;
-o desafio de Carlos aos valores sociais e morais, ao ter uma relação amorosa com Maria Eduarda;
-o conflito/dilema: Carlos mostra-se dividido entre ser feliz com Maria Eduarda e não provocar
desgostos ao avô;
-a peripécia (o acontecimento que causa uma alteração inesperada no rumo dos acontecimentos), que consiste na chegada de
Guimarães, que faz revelações e entrega um cofre com uma carta de Maria Monforte;
-o sofrimento de todos, após a revelação do parentesco entre Carlos e Maria Eduarda;
-o reconhecimento, por Carlos, de que Maria Eduarda é sua irmã;
-o clímax (o auge), isto é, a consumação do incesto consciente por parte de Carlos;
-a catástrofe (o desenlace trágico), ou seja, a morte de Afonso, a morte psicológica de Carlos e de Maria
Eduarda e a separação de ambos (morte de um para o outro);
-a presença do destino (a paixão de Pedro por Maria Monforte é descrita como fatal, no cap. I; a atração
entre Carlos da Maia e Maria Eduarda é caracterizada como sendo fatal; a crença de Carlos de que
existe um destino comum a si e a Maria Eduarda, sugerido pela similitude dos seus nomes, no cap. XI; a
explicação, por Carlos, dos problemas vividos por Maria Eduarda, no passado, devido à ação de forças
fatais, no cap. XV; a destruição final de Afonso pelo destino, no cap. XVII, etc.);
-os presságios (= prenúncios/indícios/sinais de desgraça), como a «sombrinha escarlate» de Maria Monforte,
que cobre os joelhos de Pedro, como uma «larga mancha de sangue», simboliza o suicídio deste (cap. I);
a semelhança dos nomes, que indicia a concordância dos seus destinos (cap. XI); as semelhanças físicas de
Carlos com os progenitores (isto é, os seus olhos negros e irresistíveis como os do pai, cap. IV) e com a mãe (certos
jeitos seus, a maneira de sorrir e gestos parecidos com os da mãe, cap. XIV); as semelhanças psicológicas de Maria
Eduarda com o avô (ou seja, a sua bondade, generosidade e caridade, cap. XI); o vaso onde murchavam três
lírios brancos, em casa de Maria Eduarda, que simboliza a destruição dos três membros da família Maia
(cap. XI); a tapeçaria, onde estão representados os amores de Vénus e Marte, simboliza a relação adúltera e
incestuosa de Carlos e de Maria Eduarda (cap. XIII); o quadro com a cabeça degolada de S. João Batista,
vítima da paixão de Salomé, representa simbolicamente o sacrifício do avô devido à relação dos netos
(cap. XIII)
2.Tempo
2.1.Tempo histórico (época histórica): 2ª metade do século XIX (época liberal e governo da Regeneração).
2.2.Tempo da história (o tempo em que decorre a ação): período de quase 70 anos da história da família Maia
(1820-1887).
2.3.Tempo do discurso (o tempo da escrita)
-Representação desigual do tempo da história: a intriga secundária é relatada em cerca de 2 capítulos e
a intriga principal ocupa 12 capítulos.
Ritmo rápido ou lento do tempo do discurso para contar, respetivamente, a maior parte dos anos da
história da família Maia ou apenas os dois anos que correspondem aos amores de Carlos.
-Ordem do tempo do discurso: o tempo do discurso nem sempre tem uma organização cronológica (=
temporal). Por vezes, surgem analepses, isto é, recuos no tempo relativamente ao presente da ação (1875-
77), como a relativa à juventude de Afonso, à história de Pedro, à infância e juventude de Carlos, o
momento em que Ega fala a Carlos da sua mãe, à história de Maria Eduarda e à carta de Maria
Monforte.
3.Espaço
3.1.Espaço social (o meio social a que pertencem ou onde se movem as personagens): a intencionalidade
crítica dos episódios
-Episódio do “Jantar e serão em Santa Olávia”: a crítica ao modelo educacional português (do
século XIX); o elogio do modelo educativo inglês.
-Episódio das “Corridas no hipódromo” (cap. X): crítica à necessidade provinciana de imitar os
estrangeiros, à inadequação do espaço, à desadequação do vestuário e do comportamento das
personagens, à falta de desportivismo e à falta de educação e de civismo, à contradição entre o “ser” e
o “parecer”.
3.2.Espaço físico (o lugar onde se desenrola a ação ): o valor simbólico e emotivo de espaços como Santa
Olávia, Coimbra, Sintra, Lisboa, a casa de Benfica, o Ramalhete e a “Toca” (pp. 285, 245, 246,247,248 e 249 do
manual)
em sítios menos acessíveis. Na obra é um lugar Simbolizam quer os amores dos protagonistas-luminosos e
mais resguardado do olhar público, exuberantes, quer o carácter herético e de depravação do
precisamente para afastar do conhecimento
incesto; a tapeçaria representando os amores de Marte e Vénus
público o relacionamento amoroso dos
(relação adúltera e incestuosa de Carlos e de Maria Eduarda), o
protagonistas. quadro
com a cabeça degolada de S. João Baptista (a morte de Afonso
e o fim trágico dos amantes), o olhar agoirento da coruja deixa
antever um final infeliz.
-Adjetivação;
-emprego do pretérito imperfeito e do gerúndio, de diminutivos, de neologismos (isto é, a criação de palavras novas),
de estrangeirismos (palavras francesas ou inglesas), dos discursos direto, indireto e indireto livre;
-Hipálage (atribuição, a um ser ou objeto designado por uma palavra, de uma qualidade ou ação pertencente a outro ser ou objeto)