Você está na página 1de 20

7) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Processo autônomo x processo sincrético.

7.1) Regras gerais

Ciência do executado quanto ao pedido de cumprimento de sentença:


- por citação: art. 515, § 1º, NCPC,
- por intimação: art. 513, § 2º, NCPC. Formas de intimação:
 executado com advogado constituído nos autos: intimação pelo Diário da Justiça,
 executado representado pela Defensoria Pública: intimação por carta com AR,
 executado sem advogado constituído nos autos: por meio eletrônico ou por carta
com AR,
 executado citado por edital e revel na fase de conhecimento: intimação por edital.

Se, após o trânsito em julgado da sentença, o exequente demorar mais de 1 ano para
requerer o cumprimento de sentença, o executado deve ser intimado por carta com AR (art.
513, § 4º, NCPC).

Protesto de decisão judicial transitada em julgado:


- art. 517 NCPC,
- cabível se não houver o pagamento voluntário do art. 523 NCPC.

Apesar do nome, o cumprimento de sentença também se aplica à efetivação de decisões


concessivas de tutela provisória (art. 519 NCPC).

7.2) Juízo competente - art. 516 NCPC

Regra: quem decide, executa.

Acórdão proferido por Tribunal Marítimo: sem validade, ante ao veto ao inc. X do art. 515
NCPC.

Sentenças penal condenatória, arbitral e estrangeira: deve-se analisar qual é o juízo cível
competente, identificado através das regras de competência para a ação de conhecimento
(exemplo: artigos 53, III, d, IV, a, e V, NCPC).
 Atenção: no caso de sentença estrangeira, a competência material é da justiça
federal de 1º grau (art. 109, X, CF).

Regra dos foros concorrentes (art. 516, parágrafo único, NCPC):


- o cumprimento de sentença pode ocorrer em juízos diversos dos previstos no art. 516
NCPC, à escolha do exequente,
- é uma exceção à regra da perpetuatio jurisdictionis (art. 43 NCPC),
- para que o foro seja alterado, o exequente deve fazer a solicitação ao juízo de origem.

7.3) Cumprimento definitivo – obrigação de pagar

Arts. 523 a 527 NCPC

a) Requerimento de cumprimento de sentença – art. 524 NCPC:


- após o trânsito em julgado, o exequente deve requerer o cumprimento de sentença (art.
513, § 1º, NCPC),
- o requerimento é feito por meio de uma petição interlocutória, a qual deve conter os nomes
das partes, bem como respectivos CPF ou CNPJ. Sempre que possível, o exequente
também deve indicar bens passíveis de penhora,
2

- essa petição deve ser instruída com o demonstrativo atualizado do crédito.

b) Intimação do executado – art. 523 NCPC:


- o juiz determina a intimação do executado para pagar o débito no prazo de 15 dias (*nos
casos do art. 515, § 1º, ele será citado),
- possíveis atitudes do executado:
 paga integralmente o débito no prazo legal: extinção da execução,
 queda-se inerte: o débito é acrescido de multa de 10% e honorários de sucumbência
de 10%. Em seguida, o executado terá seus bens penhorados e expropriados, para
que o débito seja satisfeito,
 pagamento parcial: a multa e os honorários incidem sobre o restante que não foi
pago.

c) Pagamento espontâneo pelo executado – art. 526 NCPC:


- antes de o vencedor requerer o cumprimento da sentença, o vencido pode comparecer em
juízo e pagar o valor que entende devido, apresentando memória de cálculo.

A SEGUIR, UMA PETIÇÃO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DE FAMÍLIA
DA COMARCA DE GOIÂNIA – GOIÁS

Processo nº 2013...

CLEIDE..., brasileira, solteira, empregada doméstica, portadora do


RG nº ... SSP/GO e do CPF n. ..., domiciliada na Rua ..., n. ..., Residencial ..., Goiânia –
GO., CEP ..., por sua procuradora, com endereço no Núcleo de Prática Jurídica da
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, situado na Praça Universitária,
s/n, Setor Universitário, vem à digna presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo
523 do Código de Processo Civil, requerer o CUMPRIMENTO DA SENTENÇA de fls. 27
em face de ZELMAR..., já qualificado nos autos, expondo e requerendo o que segue.

A Exequente firmou acordo com o ora Executado, que foi homologado


por este juízo em 07.01.2014, conforme sentença de fls. 27 dos autos.

Foi acordado que o Executado teria o prazo de 06 meses para efetuar


a venda do lote de terras descrito no item 1 da petição inicial e, consequentemente,
realizar o pagamento dos quinhões da Exequente quanto aos bens partilhados. Assim,
em 16 de outubro de 2013, ela deveria ter recebido a quantia original de R$ 16.750,00,
assim descriminada: R$ 14.000,00, referente a 50% do lote situado no Município de ...;
R$ 1.500,00, referente a 50% do do ágio do lote situado em Goiânia, Goiás; R$ 1.250,00,
referente ao quinhão do veículo PAS/Motocicleta. Conforme planilha em anexo, o valor
atualizado dessa dívida é de R$ 29.105,18 (vinte e nove mil, cento e cinco reais e
dezoito centavos).

PELO EXPOSTO, a Exequente requer:

A) seja determinado o cadastramento dos novos procuradores da


exequente, conforme procuração em anexo;
3

B) a manutenção dos benefícios da gratuidade da justiça, concedido


na fase de conhecimento;

C) seja determinada a intimação do executado, via correios (art. 513,


§ 4º, CPC), para, no prazo de 15 dias, pagar a quantia de R$ 29.105,18 (vinte e nove mil,
cento e cinco reais e dezoito centavos), sob pena de incidência da multa de 10% e
honorários advocatícios de 10%;

D) caso não haja o pagamento espontâneo, requer seja realizada a


penhora online.

ESPERA DEFERIMENTO.

Goiânia, 04 de setembro de 2016.


p.p.

CAROLINA CHAVES SOARES


OAB-GO nº 17.789

7.4) Cumprimento provisório – obrigação de pagar

Arts. 520 a 522 NCPC.

Proferida a sentença:
- não há interposição de recurso → trânsito em julgado: o cumprimento é definitivo;
- há interposição de recurso, com efeito suspensivo → não cabe execução;
- há interposição de recurso, sem efeito suspensivo → a executabilidade é imediata, mas o
título pode ser reformado ou anulado: tem-se cumprimento provisório (o título é provisório).

O cumprimento provisório depende de requerimento do exequente: se a sentença for


anulada ou modificada, ele deverá indenizar o executado, independentemente de culpa
(responsabilidade objetiva).

Caução (arts. 520, IV, e 521, NCPC):


- como a sentença pode ser alterada, a caução é a garantia do ressarcimento de eventuais
danos que o executado possa sofrer com a execução provisória;
- a caução deve ser suficiente e idônea;
- a caução é prevista para atos executivos específicos e poderá ser dispensada no caso
concreto.

O NCPC previu que a multa e os honorários previstos no artigo 523 são devidos no
cumprimento provisório (superação do entendimento do STJ à luz do CPC/1973).
 O depósito no prazo de 15 dias, para evitar-se a multa e os honorários, não
prejudicam a análise do recurso.

7.5) Impugnação – art. 525 NCPC

Denomina-se impugnação a defesa do executado cabível nos casos de cumprimento de


sentença.

Prazo:
- é de 15 dias,
- tem início automático, após transcorrido o prazo previsto no art. 523 NCPC,
- havendo litisconsortes, aplica-se o art. 229 NCPC.
4

A impugnação é apresentada nos próprios autos onde há o cumprimento de sentença.

O oferecimento da impugnação independe de penhora (superação do entendimento do STJ


no CPC/1973).

Conteúdo da impugnação:
- o executado pode alegar as matérias previstas no § 1º,
- se o executado alega excesso de execução, ele tem que informar qual o valor correto,
apresentando demonstrativo de cálculo, ou sua alegação será rejeitada liminarmente (§§ 4º
e 5º).

Efeito suspensivo (§§ 6º a 10):


- regra geral, a impugnação não tem efeito suspensivo (o cumprimento de sentença não se
suspende pelo simples oferecimento de impugnação),
- requisitos para concessão de efeito suspensivo à impugnação:
 deve haver requerimento do executado,
 o juízo deve estar garantido (penhora, caução ou depósito),
 os fundamentos da impugnação devem ser relevantes,
 o prosseguimento da execução pode causar ao executado grave dano, de difícil ou
incerta reparação.
- mesmo que se atribua efeito suspensivo, não há impedimento para se realizar atos de
modificação da penhora ou de avaliação dos bens,
- ainda que se atribua efeito suspensivo, o exequente tem o direito de prosseguir na
execução, mediante caução.

Alegações da defesa, posteriores ao término do prazo para impugnação: o executado


deverá formulá-las mediante simples petição (art. 525, § 11, NCPC).

7.6) Cumprimento de sentença – obrigação de prestar alimentos

Arts. 528 a 533 NCPC

Alimentos legítimos x indenizatórios.

O regime previsto pelo NCPC diz respeito a alimentos fixados em sentença ou decisão
interlocutória (definitivos ou provisórios).

Formas de cumprimento (a escolha é do exequente):


a) desconto em folha de pagamento,
b) penhora e expropriação de bens do devedor,
c) prisão civil.

O cumprimento de sentença que condena ao pagamento de alimentos também pode ser


promovido no juízo do domicílio do exequente (mais uma exceção à regra do art. 43 NCPC).

A conduta procrastinatória do executado pode caracterizar o crime de abandono material


(art. 244 CP).

a) Prisão civil

É uma forma de execução indireta, que busca pressionar o executado ao cumprimento da


decisão judicial.

Procedimento:
- exequente requer a intimação do executado para pagar o débito, no prazo de 3 dias,
5

- a intimação do executado deve ser pessoal,


- o executado tem 3 opções: pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de fazê-lo,
 débito é pago ou o executado comprova que já havia pago: extinção da execução,
 justificativa: deve-se comprovar fato que gere impossibilidade absoluta de
pagamento.

RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL.


JUSTIFICATIVA APRESENTADA PELO DEVEDOR. COMPROVAÇÃO DA
SITUAÇÃO DE PENÚRIA. FATO NOVO. IMPOSSIBILIDADE MOMENTÂNEA.
AFASTAMENTO TEMPORÁRIO DA PRISÃO.
1. O art. 733 do CPC, buscando conferir efetividade à tutela jurisdicional
constitucional (CF, art. 5°, LXVII), previu meio executório com a possibilidade de
restrição à liberdade individual do devedor de alimentos, de caráter excepcional,
estabelecendo que "na execução de sentença ou de decisão, que fixa os
alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias,
efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo".
2. Valendo-se da justificativa, o devedor terá o direito de comprovar a sua
situação de penúria, devendo o magistrado conferir oportunidade para seu
desiderato, sob pena de cerceamento de defesa. Precedentes.
3. A justificativa deverá ser baseada em fato novo, isto é, que não tenha sido
levado em consideração pelo juízo do processo de conhecimento no
momento da definição do débito alimentar.
4. Outrossim, a impossibilidade do devedor deve ser apenas temporária; uma
vez reconhecida, irá subtrair o risco momentâneo da prisão civil, não
havendo falar, contudo, em exoneração da obrigação alimentícia ou redução
do encargo, que só poderão ser analisados em ação própria.
5. Portanto, a justificativa afasta temporariamente a prisão, não impedindo,
porém, que a execução prossiga em sua forma tradicional (patrimonial), com
penhora e expropriação de bens, ou ainda, que fique suspensa até que o
executado se restabeleça em situação condizente à viabilização do processo
executivo, conciliando as circunstâncias de imprescindibilidade de subsistência do
alimentando com a escassez superveniente de seu prestador, preservando a
dignidade humana de ambos.
6. Na hipótese, de acordo com os fatos delineados nos autos, realmente não se
pode ver decretada a prisão do executado, ora recorrente, mas também não se
pode simplesmente extinguir a execução ou ver retomado o processo pelo rito do
art. 733 do Código de Processo Civil, como entendeu o acórdão. Devem os autos
retornar ao Juízo de piso que, consultado o credor, mantidas as condições
averiguadas, poderá suspender a execução ou transmudá-la para outro meio
(CPC, art. 732).
7. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1185040/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 13/10/2015, DJe 09/11/2015)

Prisão:
- a inércia do executado acarreta o protesto do pronunciamento judicial + a decretação de
prisão civil,
- prazo da prisão: 1 a 3 meses,
- o débito alimentar que autoriza a prisão civil é o que compreende até as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo (o
conteúdo da sum. 309 STJ foi incorporado ao NCPC),
- é cumprida em regime fechado, mas o preso fica separado dos presos comuns,
- não exime o executado de pagar a dívida,
- o executado não pode ser preso mais de uma vez pelas mesmas prestações, mas nova
dívida autoriza nova prisão.
6

A SEGUIR, UMA PETIÇÃO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA REFERENTE A


OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ...ª VARA DE FAMÍLIA E


SUCESSÕES DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO.

JOÃO PEDRO..., menor, nascido aos 04/10/2006, representado por sua


genitora Sheila..., brasileira, casada, diarista, portadora da carteira de identidade n. ...
SSP/GO e do CPF n. ..., ambos residentes e domiciliados na Rua ..., quadra ..., lote ...,
Setor ..., Goiânia – GO., por sua advogada que esta subscreve, com escritório
profissional situado na Av. Fued José Sebba, nº 1.184, Jardim Goiás, Campus V da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia-GO, vem à digna presença de Vossa
Excelência requerer CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, com fulcro no artigo 528 do
Código de Processo Civil, em face de GENIVALDO..., brasileiro, divorciado, conferente
de carga, portador da carteira de identidade n. ... SPTC-GO, inscrito no CPF sob o n. ...,
domiciliado na Rua ..., n. ..., Setor ..., Goiânia-GO., pelos motivos de fato e de direito a
seguir expostos.

Em acordo homologado pelo juízo do Centro Judiciário de Solução de Conflitos


e Cidadania, o Executado concordou em pagar em favor do Exequente, a título de
alimentos, o montante de 35% (trinta e cinco por cento) do salário mínimo vigente, até o
dia 12 de cada mês.

Não obstante a evidente razoabilidade do valor dos alimentos, o Executado


inexplicavelmente não vem cumprindo com suas obrigações há 3 anos.

O presente pedido de cumprimento de sentença refere-se às pensões vencidas


nos meses de abril a junho de 2016, consideradas atuais (art. 528, §7º, NCPC), cujo
valor do débito atualizado até a presente data é de R$ 950,70 (novecentos e cinquenta
reais e setenta centavos), conforme demonstrativo em anexo.

FACE AO EXPOSTO, requer:

a) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, nos termos dos arts. 98 e


99 do NCPC, tendo em vista que o Exequente é pobre na acepção jurídica do termo;

b) A intimação do Executado para que efetue, no prazo de 3 dias, o pagamento


do valor R$ 950,70 (novecentos e cinquenta reais e setenta centavos), acrescido de
correção monetária e juros de mora até a data do efetivo pagamento, bem como das
prestações que se vencerem no curso do processo;
7

c) Em caso de não pagamento no prazo legal:


c.1) seja protestado o pronunciamento judicial;
c.2) seja decretada a prisão civil do executado;

d) A intimação do representante do Ministério Público para intervir no feito.

ESPERA DEFERIMENTO.

Goiânia, 17 de junho de 2016.

ARLIANE APARECIDA DE LIMA


OAB/GO 11.240

b) Penhora e expropriação

O exequente pode optar por receber o crédito por meio de constrição do patrimônio do
executado.
 Se o exequente opta pela penhora/ expropriação, não se admite a prisão civil.

c) Desconto em folha de pagamento

O procedimento de desconto somente é possível se o executado é servidor público (lato


sensu) ou empregado.

É a forma mais eficiente para evitar a inadimplência.

Procedimento:
- havendo o pedido, o juiz oficia à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando o
desconto na remuneração do executado,
- a não realização do desconto caracteriza crime de desobediência,
- o CPC/2015 inova ao prever o desconto em folha para pagamento de pensão em atraso: a
soma do valor vencido e do valor devido naquele mês não pode ultrapassar 50% dos
ganhos líquidos do executado.

d) Alimentos indenizatórios e constituição de capital – art. 533 NCPC

A indenização por ato ilícito pode incluir o dever de prestar alimentos (ex.: art. 948, II, CC).

Constituição de capital:
- determinada a pedido do exequente,
- finalidade: assegurar o recebimento dos alimentos,
- formas de representação do capital: bens imóveis, direitos reais sobre bens imóveis, títulos
da dívida pública ou aplicação financeira em banco oficial,
- restrições: o capital é inalienável e impenhorável, enquanto durar a obrigação.

É possível substituir a constituição de capital por:


- inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade
econômica,
- fiança bancária ou garantia real. Nesse caso, deve haver requerimento do executado.

7.7) Cumprimento de sentença – obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda


Pública
8

Art. 100 CF e arts. 534 e 535 NCPC.

A Fazenda Pública representa o estado em juízo, ou seja, a União, os Estados, o DF e os


Municípios e suas respectivas autarquias e fundações públicas.

A execução de obrigação de fazer/ não fazer ou entregar coisa se dá conforme os artigos


536 a 538 do CPC. Apenas a execução por quantia certa é que tem regras próprias, porque,
como os bens públicos são impenhoráveis e inalienáveis, não é possível sua expropriação e
é necessário fazer a previsão orçamentária do crédito.

Procedimento:
- o credor requer o cumprimento de sentença;
- a Fazenda Pública é intimada para, no prazo de 30 dias, impugnar a execução;
- se não houver impugnação ou essa for rejeitada, o pagamento será feito por meio de
precatório ou Requisição de Pequeno Valor (RPV).
 CUIDADO: nos juizados especiais federais e da fazenda pública, não é necessário o
credor requerer o cumprimento de sentença. Transitada em julgada a sentença,
haverá a requisição de pagamento ou a expedição de precatório, de ofício (art. 17
Lei 10.259/01 e art. 13 Lei 12.153/09).

Precatório (art. 100 CF):


- é uma ordem de pagamento, expedida pelo Poder Judiciário, para as fazendas públicas,
em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
- o pagamento deve ser feito no exercício financeiro subsequente, se o precatório for incluso
até 1º de julho; se for incluído após esta data, o pagamento será no ano subsequente (art.
100, § 5º, CF);
- o precatório é pago na ordem cronológica de apresentação;
- existem 3 “filas” diferentes de precatórios (art. 100, § 2º, CF):
 precatório alimentar cujo titular tenha 60 anos ou mais ou seja portador de doença
grave,
 precatório alimentar de outros titulares,
 precatório geral,
- teoricamente, o não pagamento do precatório no exercício financeiro acarretaria a
intervenção judicial (arts. 34 a 36, CF). Entretanto, a alegação de falta de recursos é tida
como justificativa plausível.

Requisição de pagamento de pequeno valor (RPV):


- sistema mais simplificado que o dos precatórios,
- aplica-se para pequenos valores (art. 17, § 1º, Lei 10.259/2001, e art. 97, § 12, ADCT):
 60 salários mínimos para a União,
 40 salários mínimos para Estados e DF,
 30 salários mínimos para os Municípios,
- se o crédito do exeqüente for superior ao limite para expedição de RPV, ele pode renunciar
ao excedente,
- requisitado o valor à Fazenda, esta deve efetuar seu pagamento no prazo de 2 meses; se
não o fizer, o juiz decreta o sequestro do valor e o disponibiliza ao credor (art. 535, § 3º, II,
CPC e art. 17, § 2º, Lei 10.259/2001).

A SEGUIR, UMA PETIÇÃO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA REFERENTE A


OBRIGAÇÃO DE PAGAR PELA FAZENDA PÚBLICA
9

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 3ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA


DO ESTADO DE GOIÁS.

Protocolo n...

CAROLINA CHAVES SOARES, brasileira, casada, advogada, inscrita na OAB-GO


sob o nº ... e no CPF sob o nº ..., com escritório profissional nesta Capital, na ...,
advogando em causa própria, vem à digna presença de Vossa Excelência requerer
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA em face da UNIÃO, pessoa jurídica de direito público,
inscrita no CNPJ sob o n...., representada pela Advocacia Geral da União em Goiás,
domiciliada na Rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

Na sentença de fls. 135/144, já transitada em julgado, a executada foi condenada a


pagar à exequente honorários advocatícios, arbitrados em 15% do valor devido à autora.

O valor atualizado do débito é de R$ 3.059,63, conforme planilha em anexo.

FACE AO EXPOSTO, requer se digne Vossa Excelência

1) determinar a intimação da executada, para, querendo, oferecer impugnação;

2) caso não haja impugnação, determinar a expedição de requisição de pequeno


valor.

ESPERA DEFERIMENTO.

Goiânia, 27 de junho de 2016.

CAROLINA CHAVES SOARES


OAB-GO 17.789
10

7.8) Cumprimento de sentença – obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa

Arts. 536 a 538 NCPC.

a) Tutela específica
 
Princípio da primazia da tutela específica: implica prioridade do juiz em entregar de forma
imediata, direta e específica o bem da vida ao credor.
 
Poder geral de efetivação do juiz:
- para forçar o devedor ao cumprimento imediato e específico da obrigação, o juiz utiliza
mecanismos processuais de coerção indireta,
- mecanismos de coerção: cominação de multa diária pelo inadimplemento (astreintes),
busca e apreensão, imissão na posse, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de
obras, impedimento de atividade nociva, etc. (art. 536, § 1º, NCPC).
 
Astreintes (art. 537 NCPC):
- é uma multa voltada a pressionar psicologicamente o devedor;
- cabível para obrigação de fazer/ não fazer ou entregar coisa; 
- o juiz pode aplicar a multa de ofício;
- o valor é fixado pelo juiz no caso concreto: deve ser suficiente e compatível com a
obrigação;
- a multa pode ter qualquer periodicidade, inclusive ser fixa (no caso de obrigação
instantânea);
- o juiz pode alterar o valor e a periodicidade da multa;
- o credor da multa é o exequente;
- a multa pode ser executada provisoriamente, mas o valor deverá ser depositado em juízo e
o levantamento somente será possível após o trânsito em julgado da sentença favorável à
parte.

b) Procedimento 

O executado deve ser intimado para cumprir a obrigação no prazo e forma estabelecidos
pela sentença.
 Descumprimento da obrigação: litigância de má-fé e crime de desobediência.
 
Se não for possível a efetivação da tutela específica, a obrigação se converte em perdas e
danos (art. 499 NCPC).
11

c) Peculiaridades da obrigação de entregar coisa 


 
Principal mecanismo de coerção: busca e apreensão (bem móvel) ou imissão na posse
(bem imóvel).

Existência de benfeitorias ou direito de retenção delas decorrente: a alegação deve ser feita
na fase de conhecimento (contestação).
 
8) REGRAS GERAIS DAS EXECUÇÕES FUNDADAS EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL –
arts. 797 a 805 CPC

a) Petição inicial

Petição inicial – art. 798 CPC:


- deve observar os requisitos gerais do art. 319 CPC, com exceção dos meios de prova e da
opção quanto à audiência de conciliação,
- nos fatos, é necessário mencionar os dados do título executivo bem como o
inadimplemento,
- o fundamento jurídico decorre da previsão legal de que o documento é um título executivo,
- o pedido é a satisfação do direito, ou seja, o cumprimento da obrigação,
- deve vir acompanhada do título executivo,
- se a obrigação estava sujeita a termo ou condição ou se havia contraprestação, a prova de
sua ocorrência também deve acompanhar a petição inicial.

Incumbências a cargo do exequente:


- pleitear medidas urgentes, quando necessário (art. 799, VIII, CPC),
- averbar, em registro público, a propositura da execução, para conhecimento de terceiros
(arts. 799, IX, e 828 CPC).

No processo de execução, assim como no de conhecimento, a petição inicial pode ser


emendada, no prazo de 15 dias (art. 801 CPC). 

Causas de nulidade da execução: art. 803 CPC (rol exemplificativo).

b) Juízo competente (arts. 781 NCPC)

O artigo 781 NCPC estabelece diversos critérios para definição do juízo competente para a
execução fundada em título executivo extrajudicial.

A SEGUIR, UMA PETIÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL


DA COMARCA DE GOIÂNIA - GO.

CONDOMINIO ..., ente despersonalizado, inscrito no CNPJ sob o n. ..., com


endereço na Avenida ..., n..., Setor ..., CEP ..., Goiânia-GO, representado por seu
síndico, vem a presença de Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada que ao
final assina, com escritório profissional estabelecido na ..., propor EXECUÇÃO POR
QUANTIA CERTA em desfavor de ... CORRETORA DE IMÓVEIS LTDA., pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. número ..., com sede na ..., pelos
fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.

Em 10 de junho de 2014, a Executada emitiu um cheque, no valor de R$


10.200,00 (dez mil e duzentos reais), sacado contra o Banco do Brasil, que foi devolvido
por falta de fundos (documento em anexo).
12

O cheque é título de crédito que goza de liquidez, certeza e exigibilidade,


configurando título executivo extrajudicial, nos termos do inciso I do Artigo 784 do CPC.

Conforme planilha em anexo, o valor atualizado do débito é de R$ 10.934,06.

FACE AO EXPOSTO, requer:


1) seja determinada a citação da Executada para que pague a quantia atualizada
de R$ 10.934,06 (dez mil, novecentos e trinta e quatro reais e seis centavos), no prazo
de 3 dias;
2) não havendo pagamento no prazo, requer seja realizada penhora online.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.934,06 (dez mil, novecentos e trinta e quatro


reais e seis centavos).

ESPERA DEFERIMENTO.

Goiânia, 30 de novembro de 2014.


9) EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA – arts. 824 a 909 CPC

Denomina-se execução por quantia certa a que se funda em título executivo extrajudicial e
refere-se a obrigação de pagar quantia certa.

9.1) Petição inicial e citação do executado – art. 827 e 829 CPC

Especificidades da petição inicial da execução por quantia certa:


- deve vir acompanhada do demonstrativo de débito,
- o valor da causa é o valor atualizado do débito,
- o exequente deve indicar, quando possível, os bens a serem penhorados.

Despacho da inicial: o juiz fixa os honorários advocatícios de sucumbência em 10% do valor


atualizado do débito e determina a citação do executado para pagar a dívida, no prazo de 3
dias.
 Se o executado efetuar o pagamento do débito no prazo legal, os honorários são
reduzidos pela metade.
 Se o pagamento não ocorrer e a execução prosseguir, o juiz pode elevar o
percentual dos honorários, em consideração ao trabalho realizado pelo advogado do
exequente.

No Novo CPC, é permitida a citação por correio no processo de execução (art. 247).

9.2) Arresto - art. 830 CPC

O arresto é cabível quando o devedor não é encontrado para ser citado, mas tem bens para
serem penhorados (é uma “pré-penhora” de bens).

Procedimento:
- o oficial de justiça não localiza o devedor para ser citado, mas há bens a serem
penhorados: ele procede ao arresto,
- após realizar o arresto, o oficial de justiça tenta novamente fazer a citação pessoal do
devedor, procurando-lhe, em até 10 dias, por 2 vezes, em dias distintos,
- se o oficial de justiça suspeitar que o executado está se ocultando, deve proceder à citação
por hora certa,
- se não houver citação pessoal ou por hora certa, o exequente deve requerer a citação por
edital do executado,
13

- realizada a citação (pessoal, por hora certa ou por edital) e não havendo o pagamento do
débito, o arresto se converte em penhora.

Conforme julgado abaixo, é possível arresto “on-line”.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. EXECUTADOS NÃO LOCALIZADOS. ARRESTO PRÉVIO OU
EXECUTIVO. ART. 653 DO CPC. BLOQUEIO ON LINE. POSSIBILIDADE, APÓS
O ADVENTO DA LEI N. 11.382/2006. APLICAÇÃO DO ART. 655-A DO CPC,
POR ANALOGIA.
1.- "1. O arresto executivo, também designado arresto prévio ou pré-penhora,
de que trata o art. 653 do CPC, objetiva assegurar a efetivação de futura
penhora na execução por título extrajudicial, na hipótese de o executado não
ser encontrado para citação.
2. Frustrada a tentativa de localização do executado, é admissível o arresto
de seus bens na modalidade on-line (CPC, art. 655-A, aplicado por analogia).
(...)." (REsp 1.370.687/MG, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, DJe
15/08/2013).
2.- Recurso Especial provido, para permitir o arresto on line, a ser efetivado na
origem. (REsp 1338032/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 05/11/2013, DJe 29/11/2013)

9.3) Requerimento de parcelamento (916 CPC)

Quando o devedor é citado, tem início o prazo de 15 dias para ele oferecer embargos à
execução (procedimento através do qual ele irá apresentar sua defesa).

Nesse mesmo prazo de 15 dias, o executado pode, ao invés de oferecer embargos,


requerer o parcelamento do débito.

Condições para deferimento do parcelamento – o executado deve:


- reconhecer o crédito do exequente,
- depositar 30% do valor em execução, inclusive custas e honorários,
- se comprometer a pagar o restante do débito em até 6 parcelas mensais.
 Ao valor das parcelas serão acrescidos correção monetária e juros de 1% ao mês.

O exequente vai levantando os pagamentos na medida em que eles são feitos.

O não pagamento de qualquer parcela implica em:


- vencimento antecipado das parcelas subsequentes,
- multa de 10% sobre o valor das prestações não pagas,
- prosseguimento dos atos executivos.

A opção pelo parcelamento implica em renúncia ao direito de opor embargos.

No CPC/1973, o STJ entendeu que esse parcelamento também era possível no


cumprimento de sentença, o que foi duramente criticado pela doutrina. O § 7º do art. 916
CPC prevê expressamente que não é cabível o pedido de parcelamento no cumprimento de
sentença.

9.4) Penhora

Se o devedor, citado, não efetua o pagamento do débito em 3 dias, o oficial de justiça deve
penhorar seus bens – art. 829, § 1º e 2º, CPC.
14

Por meio da penhora, apreendem-se bens do executado, que serão utilizados na satisfação
do crédito.

Abrangência da penhora: art. 831 CPC.

a) Efeitos

A penhora garante o juízo:


- ela cria condições materiais que concretamente possibilitam a satisfação do direito.

A penhora individualiza os bens que suportarão a atividade executiva:


- quando a execução tem início, a responsabilidade patrimonial é abstrata e genérica (art.
789 CPC),
- com a penhora, ela passa a ser concreta e específica.

A penhora estabelece direito de preferência:


- arts. 797, 908 e 909 CPC,
- princípio do prior tempore portior in jure: a primeira penhora gera preferência ao credor,
- concurso de credores: para se estabelecer a preferência no recebimento do produto da
alienação do bem penhorado, seguem-se primeiramente as regras de direito material
(hipoteca, dívidas trabalhistas, dívidas tributárias, etc.) e depois as de direito processual
(tem preferência o credor que primeiro realizou a penhora).

AGRAVO REGIMENTAL. EXECUÇÃO. PENHORA DE IMÓVEL HIPOTECADO


POR DIFERENTE CREDOR. PREFERÊNCIA DO CREDOR HIPOTECÁRIO, QUE
NÃO FOI INTIMADO DA HASTA PÚBLICA. NULIDADE DA ARREMATAÇÃO.
I - Conforme a regra geral (CPC, art. 711), o primeiro no tempo tem preferência no
direito - prior in tempore, potior in iure -. Ressalva foi feita, todavia, à existência de
título legal à preferência, o que vale dizer que o produto da arrematação só deve
ser distribuído com observância da anterioridade das penhoras (título de
preferência decorrente de direito processual) se inexistir preferência fundada
em direito material (como a decorrente de hipoteca ou crédito trabalhista).
II - Desse modo, o credor hipotecário, embora não tenha proposto ação de
execução, pode exercer sua preferência nos autos de execução ajuizada por
terceiro, uma vez que não é possível sobrepor uma preferência de direito
processual a uma de direito material.
III - No caso em análise, a prevalência do direito de preferência do Banco
Bandeirantes decorre da sua condição de credor hipotecário, independentemente
da propositura de processo executivo, razão pela qual não faz sentido que, a
despeito de ter assegurada a preferência de seu crédito, seja mantida a higidez da
alienação promovida pelo Banco do Brasil, ora agravante, em relação ao devedor
hipotecante e a terceiros, sendo acertada, pois, a conclusão do Acórdão recorrido
que, ante a ausência de intimação pessoal do credor hipotecário, deliberou pela
nulidade da arrematação.
IV - Agravo Regimental improvido.
(AgRg nos EDcl no REsp 775.723/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 09/06/2010)

b) Objeto

O legislador tanto estabelece quais bens não podem ser objeto de penhora quanto a ordem
a ser observada na penhora de bens.

b.1) Impenhorabilidade – arts. 832 a 835 CPC

Não é possível alegar impenhorabilidade se a dívida decorre da aquisição do próprio bem.


15

Imóvel residencial - bem de família (Lei 8.009/90):


- regra: o imóvel residencial de propriedade da família é impenhorável,
- a impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas (sum. 364 STJ),
- a impenhorabilidade decorre da lei, ou seja, não há necessidade de registrar no cartório de
imóveis que aquele bem é de família,
- em havendo 2 ou mais imóveis residenciais, a proteção automática do bem de família legal
recairá no de menor valor, salvo se outro imóvel houver sido inscrito como bem de família
voluntário,
- a Lei 11.382/06 possibilitava a penhora de imóvel de valor superior a mil salários mínimos,
mas o artigo com essa previsão foi vetado. O imóvel é protegido mesmo que seja de alto
luxo (STJ, Resp 1440786),
- também há proteção se, embora o imóvel esteja alugado, a renda for revertida para o
aluguel de outro imóvel para a família (sum. 486 STJ),
- se for o único imóvel, mas não for utilizado em proveito da família, pode ser penhorado
(STJ, AgRg no REsp 1232070),
- a vaga de garagem com matrícula própria no CRI não é bem de família (sum. 449 STJ),
- é possível penhorar o imóvel residencial no caso de: financiamento da habitação, pensão
alimentícia, tributos sobre o imóvel, taxa de condomínio (sum. 478 STJ), quando o bem é
produto de crime, quando o imóvel foi dado em hipoteca pela entidade familiar, em seu
benefício (REsp 988.915/SP), em execução de fiança locatícia (STF, RE 407688, e sum.
549 STJ).
 Originalmente, a Lei 8009/90 previa que o imóvel residencial também poderia ser
penhorado em se tratando de crédito trabalhista dos empregados domésticos e
respectivas contribuições previdenciárias, mas o inciso I do art. 3º foi revogado pela
Lei 8009/90.

Remuneração do executado:
- em regra, é impenhorável,
- o § 2º do art. 833 CPC permite a penhora de salário que exceder 50 salários mínimos
mensais.

Dívida de prestação alimentícia: permite a penhora do imóvel residencial, de salário e de


quantias depositadas na poupança.

b.2) Ordem de preferência para a penhora

Ordem de preferência legal para a penhora:


- art. 835 CPC,
- a ordem é preferencial, mas pode ser invertida, de acordo com as circunstâncias do caso
concreto,
- a prioridade é a penhora de dinheiro (§ 1º),
- se o crédito está garantido por direito real, a penhora deve recair sobre o bem objeto da
garantia (§3º).

c) Regras gerais sobre a penhora – arts. 837 a 853 CPC

O exequente deve requerer a intimação de terceiro que seja titular de direito sobre o bem
penhorado, sob pena de ineficácia de futura alienação (arts. 799, I a VII, e 804 CPC).

Além da averbação da propositura da execução, o exequente deve averbar os atos de


constrição realizados (art. 799, IX, CPC).

O devedor deve ser intimado da penhora – art. 841 CPC.


16

Penhora de bem imóvel ou direito real sobre imóvel: é necessário intimar o cônjuge do
executado (art. 842 CPC).

Propriedade em comunhão e penhora sobre bem indivisível (art. 843 CPC):


- quando o bem é indivisível, a penhora recai sobre a totalidade do bem comum,
- a quota parte do coproprietário recai sobre o produto da alienação do bem,
- não é possível haver a expropriação se o valor da venda não for suficiente para garantir o
pagamento ao coproprietário do valor equivalente à sua quota parte.
 Cuidado: conforme art. 894 CPC, se o bem admite divisão, o executado tem direito
de requerer a alienação parcial.

Modificações da penhora: arts. 847 a 853 CPC.

9.5) Avaliação (arts. 870 a 875 CPC)

Ao efetuar a penhora, o oficial de justiça deve avaliar os bens (art. 829, § 1º, CPC).
 Sendo necessários conhecimentos especializados, a avaliação será feita por perito
avaliador.

Desnecessidade de avaliação: art. 871 CPC.

Possibilidade de nova avaliação: art. 873 CPC.

9.6) Expropriação

Expropriação é a transferência forçada de bens do executado, visando à satisfação do


direito do exequente.

Realizada a penhora e avaliação, dá-se início aos atos expropriatórios – art. 875 CPC.

Conforme artigos 824 e 825 CPC, a execução por quantia certa se realiza pela expropriação
de bens do executado, a qual pode ocorrer por:
 adjudicação,
 alienação (por iniciativa particular ou em leilão judicial),
 apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimento e de outros
bens.

a) Adjudicação - arts. 876 a 878 CPC

A adjudicação é o ato de expropriação em que o próprio bem penhorado é transferido para o


exequente (espécie de “dação em pagamento”) ou para outras pessoas a quem a lei confere
preferência na aquisição.

O valor mínimo para se adjudicar o bem é o valor da avaliação.

O valor do bem adjudicado pode ser:


- igual ao valor da execução → haverá extinção da execução, pelo pagamento;
- inferior ao valor da execução → a execução prossegue, para a satisfação do saldo
remanescente;
- superior ao valor da execução → o adjudicante terá que depositar de imediato a diferença
em juízo.

Adjudicação por terceiros:


- o terceiro irá depositar o valor do bem em juízo e a satisfação do exequente ocorrerá pela
entrega do dinheiro,
17

- terceiros legitimados a adjudicar: titular de direitos sobre o bem penhorado, familiares do


executado e sócios não executados, quando a penhora recai sobre cotas de uma sociedade
(art. 876, §§ 5º e 6º, CPC).

A adjudicação formaliza-se com a expedição do auto de adjudicação. Após a lavratura do


auto, expede-se:
 no caso de bem imóvel, a carta de adjudicação e o mandado de imissão na posse,
 no caso de bem móvel, o mandado para entrega.

b) Alienação – arts. 879 a 903 CPC

A alienação do bem penhorado pode ser realizada por iniciativa particular ou em leilão
judicial.

Alienação particular – art. 880 CPC:


- realizada pelo próprio exequente ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público,
- os termos do negócio são fixados pelo juiz,
- os corretores e leiloeiros devem ter ao menos 3 anos de exercício profissional.

Alienação em leilão judicial:


- é subsidiária, ou seja, somente ocorre se não houve adjudicação ou alienação particular,
- é realizada pelo leiloeiro público, designado pelo juiz (pode haver indicação ao juiz pelo
exequente),
- o preço e as condições da arrematação são fixados pelo juiz (art. 885 CPC),
- antes da realização do leilão, deve ser providenciada a publicação de edital, nos termos
dos arts. 886 e 887 CPC,
- o leilão deve ocorrer, preferencialmente, por meio eletrônico (art. 882 CPC),
- sujeitos que precisam ter ciência do leilão: art. 889 CPC,
- qualquer pessoa pode oferecer lance no leilão, com as exceções do art. 890 CPC,
- valor mínimo para arrematação do bem: art. 891 CPC,
- pagamento do preço: de imediato (art. 892 CPC) ou em prestações (art. 895 CPC).

A arrematação formaliza-se com a expedição do auto (art. 901 CPC). Após a lavratura do
auto de arrematação, expede-se:
 no caso de bem imóvel, a carta de arrematação e o mandado de imissão na posse,
 no caso de bem móvel, o mandado para entrega.

c) Apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimento e de


outros bens – arts. 866 a 869 CPC

Requisitos:
- mais eficiente para o recebimento do crédito,
- menos gravosa ao executado.

O juiz nomeia um administrador do bem o executado perde o direito de dele gozar, até que
haja o pagamento do débito.

9.7) Satisfação do crédito - arts. 904 a 909 CPC

Há satisfação do crédito pela entrega do dinheiro ou pela adjudicação do bem penhorado.

9.8) Remição da execução – art. 826 CPC

O executado tem o direito de pagar o débito, extinguindo a execução, desde que o faça
antes da assinatura do auto de adjudicação ou arrematação (arts. 877, § 3º, e 902 CPC).
18

PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EXECUÇÃO. PEDIDO DE REMIÇÃO.


PRAZO. 24 HORAS OU ANTES DA ASSINATURA DO AUTO DE
ARREMATAÇÃO.
1. Nos termos dos arts. 693 e 694 do Código de Processo Civil, a arrematação só
se vê perfeita e acabada depois de assinado o auto pelo juiz.
2. O direito de remição da execução pode ser exercido até a assinatura do
auto de arrematação. Precedentes: RMS 31.914/RS, Rel. Min. Massami Uyeda,
Terceira Turma, julgado em 21.10.2010, DJe 10/11/2010; REsp 944.451/SP, Rel.
Min. Humberto Gomes de Barros, Terceira Turma, julgado em 6.12.2007, DJ
18.12.2007.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 958.769/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 01/03/2012, DJe 07/03/2012)

10) EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, NÃO-FAZER OU PARA ENTREGA DE


COISA – TÍTULO EXTRAJUDICIAL

a) Procedimento da execução para entrega de coisa – arts. 806 a 813 CPC

Procedimento:
- petição inicial,
- ao despachar a inicial, o juiz pode fixar multa por atraso no cumprimento da obrigação,
- o executado é citado para, no prazo de 15 dias, cumprir a obrigação,
- se o executado não entregar a coisa no prazo legal, procede-se à imissão na posse (bem
imóvel) ou à busca e apreensão (bem móvel),
- não sendo localizada a coisa, o executado tem que pagar o valor do bem mais perdas e
danos.

b) Procedimento da execução de obrigação de fazer – arts. 814 a 821 CPC

Procedimento:
- petição inicial;
- ao despachar a inicial, o juiz fixa multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação;
- o executado é citado para satisfazer a obrigação no prazo designado pelo juiz;
- se o executado não cumpre a obrigação, o credor pode requerer:
 que a obrigação seja cumprida por terceiro;
 OU que a obrigação se converta em perdas e danos. 

c) Procedimento da execução de obrigação de não fazer – arts. 814, 822 e 823 CPC

Procedimento:
- petição inicial;
- ao despachar a inicial, o juiz fixa multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação;
- o executado é citado para desfazer o ato;
- se o executado não cumpre a obrigação:
 vai arcar com o desfazimento do ato e mais perdas e danos;
 ou, se não for possível desfazer o ato, a obrigação se converte em perdas e danos.

11) EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – art. 910 CPC

O procedimento especial contra a Fazenda Pública aplica-se somente às obrigações de


pagar.

Procedimento:
- petição inicial,
19

- a Fazenda Pública é citada para opor embargos, no prazo de 30 dias,


- não há oposição de embargos ou esses são rejeitados: expede-se precatório ou RPV.

12) EXECUÇÃO DE ALIMENTOS FUNDADA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL – arts. 911 a


913 CPC

Também nos títulos extrajudiciais, a execução de alimentos pode ocorrer por desconto em
folha, penhora/ expropriação ou prisão civil.

Procedimento da prisão civil:


- petição inicial,
- o executado é citado para, no prazo de 3 dias, pagar o débito (parcelas vencidas e as que
se vencerem no curso da execução), provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-
lo,
- no mais, aplicam-se as regras estudadas no cumprimento de sentença.

13) EMBARGOS À EXECUÇÃO – arts. 914 a 920 CPC

Os embargos à execução são uma verdadeira ação de conhecimento, movida pelo devedor
em face do credor, no caso de execução de título extrajudicial.

Partes:
- o executado passa a ser denominado embargante;
- o exeqüente passa a ser denominado embargado.

Garantia do juízo: os embargos são oponíveis independentemente de penhora, depósito ou


caução.

Prazo:
- os embargos são opostos no prazo de 15 dias;
- sendo vários os executados, o prazo é contado a partir da juntada do respectivo
comprovante de citação, salvo no caso de cônjuges;
- não se aplica o prazo em dobro em caso de litisconsortes (art. 229 CPC).

Conteúdo:
- qualquer matéria, pois o art. 917 CPC contém rol exemplificativo,
- caso seja alegado excesso de execução, o embargante tem que indicar o valor que
entende correto (art. 917, §§ 3º e 4º, CPC).

Efeito suspensivo (art. 919 CPC):


- como regra, os embargos não têm efeito suspensivo;
- requisitos para concessão de efeito suspensivo aos embargos:
 deve haver requerimento do executado,
 o juízo deve estar garantido,
 devem estar presentes os requisitos para concessão da tutela provisória,
- mesmo que se atribua efeito suspensivo, não há impedimento para realizar-se atos de
modificação da penhora ou de avaliação.

Procedimento (arts. 918 e 920 CPC):


- petição inicial dos embargos,
- o juiz pode rejeitar os embargos liminarmente (art. 918 CPC),
 embargos manifestamente protelatórios: configuram conduta atentatória à dignidade
da justiça (art. 774 CPC),
20

- não sendo o caso de rejeição liminar, o embargado tem o prazo de 15 dias para se
manifestar;
- após a manifestação do embargado, ou o pedido é imediatamente julgado ou designa-se
audiência de instrução e julgamento, para posteriormente ser proferida a sentença.

O artigo 917, § 1º, CPC prevê que, na execução de título extrajudicial, o executado pode
alegar incorreção da penhora ou da avaliação por simples petição, no prazo de 15 dias,
contados da ciência do ato (previsão semelhante é observada no artigo 525, § 1º, CPC,
referentes ao cumprimento de sentença).

14) SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO (arts. 921 a 925 CPC) 

Os artigos 313 e 315 CPC tratam da suspensão do processo de conhecimento, aplicando-se


essas regras no que houver compatibilidade com o processo de execução (ex.: falecimento
das partes ou de seus procuradores, convenção entre as partes, arguição de impedimento
ou suspeição do juiz, etc.).

Causas específicas de suspensão do processo de execução:


- atribuição de efeito suspensivo à impugnação ou aos embargos à execução,
- quando o executado não tem bens penhoráveis,
- se a expropriação se frustra e o exequente não indica outros bens penhoráveis,
- nos casos de parcelamento do art. 916 CPC.

Inexistência de bens penhoráveis e prescrição intercorrente:


- prescrição: é a perda do direito de cobrar judicialmente o crédito, por decurso de prazo
sem o ajuizamento da demanda,
- prescrição intercorrente: ocorre após o ajuizamento da execução, pelo fato de o executado
não ter bens penhoráveis,
- quando o executado não possui bens penhoráveis, suspende-se o processo de execução
pelo prazo de 1 ano (durante esse ano, a prescrição fica suspensa),
- decorrido esse prazo de suspensão de 1 ano, os autos são enviados ao arquivo. Se
durante o prazo prescricional (sum. 150 STF) não forem localizados bens penhoráveis, o
juiz, depois de ouvidas as partes, deve, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e
extinguir o processo,
- obviamente, se antes de findar o prazo prescricional o exequente localizar bens
penhoráveis do executado, os autos serão desarquivados e a execução prosseguirá.
 Art. 1056 CPC: para as execuções em curso, o prazo da prescrição intercorrente
iniciou-se com a vigência do Código (18/03/2016).

A execução será extinta:


- por indeferimento da petição inicial,
- se a obrigação for satisfeita,
- se o executado obtiver a extinção da dívida (ex.: remissão),
- se o exequente renunciar ao crédito,
- se ocorrer a prescrição intercorrente.
 Em todos esses casos, o juiz profere sentença, declarando a extinção da execução.

Você também pode gostar