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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA E CLÍNICA PSICANALÍTICA

O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS: SEUS PAIS E A DEFICIÊNCIA

ROSANA SILVA CASTRO

CUIABÁ-MT
2006/1
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ROSANA SILVA CASTRO

O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS: SEUS PAIS E A DEFICIÊNCIA

Monografia de Conclusão do Curso de


Especialização em Teoria e Clínica
Psicanalítica, apresentado à Universidade de
Cuiabá-UNIC, sob orientação da Professora
Ruth Feuerharmel.

CUIABÁ-MT
3

2006/1
UNIC
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

Reitor
Dr. ALTAMIRO BELO GALINDO

Pró-Reitor Acadêmico
Prof. RUI FAVA

CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO

Coordenador do Curso de Especialização em Teoria e Clínica Psicanalítica


Prof. RUTH FEUERHARMEL

Dados CIP – Biblioteca Central da Unic-2006

XXXX
Castro, Rosana Silva. O Portador de Necessidades Especiais: seus
pais e a deficiência. Cuiabá: UNIC – Centro de Pós-Graduação, 2006.

Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em “Teoria e


Clínica Psicanalítica”, orientado pela Profª. Ruth Feuerharmel.

Ilustrações de

Normalização Técnica:
Dinalva Gomes de Paiva
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UNIC – UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS: SEUS PAIS E A DEFICIÊNCIA

ROSANA SILVA CASTRO

BANCA EXAMINADORA

Orientadora:

___________________________ Nota: ____________________


Profª. Ruth Feuerharmel Obs:_____________________

___________________________ Nota: ____________________


Prof. Obs:_____________________

___________________________ Nota: ____________________


Prof. Obs:_____________________

Cuiabá-MT, ____ de ____________________ de 2006.


5

Agradecimentos

Agradeço, primeiramente a Deus, por ter me


abençoado com minha sensibilidade e meu
intelecto, que me fizeram chegar até aqui.
À minha madrinha – Tia Solange – pelo
estímulo que me deu para concluir minha
Especialização e a todos que em mim
acreditaram.
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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo discutir, mesmo que de forma limitada, o ponto de
vista psicanalítico em relação à deficiência e a relação do portador de necessidades
especiais e sua família. No capítulo I, trata-se a Evolução Histórica do conceito de
excepcionalidade, discutindo a visão da sociedade ao longo de diferentes épocas;
no capítulo II, serão apresentadas algumas organizações e seus trabalhos visando a
inserção e autonomia daquele que tem necessidades especiais; no capítulo III,
discute-se a questão do nascimento de um filho portador de deficiência e o lugar que
o mesmo ocupa junto a sua família, especialmente a mãe e, por último, no capítulo
IV, trata-se brevemente, do corpo afetado pela deficiência e as manifestações de
gozo ali implicadas. O trabalho visa romper camadas de preconceito existentes e
pensar a inclusão do portador de necessidades especiais, desde pensar o deficiente
e a deficiência.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 8

CAPÍTULO I
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE EXCEPCIONALIDADE.....................10

CAPÍTULO II
O INDIVÍDUO EXCEPCIONAL...................................................................................17

CAPÍTULO III
A RELAÇÃO FANTASMÁTICA ENTRE MÃE E FILHO.............................................25

CAPÍTULO IV
O CORPO QUE GOZA...............................................................................................29

CONCLUSÃO.............................................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................35

GLOSSÁRIO...............................................................................................................36
8

INTRODUÇÃO

Este trabalho de monografia enfoca as reações de um portador de


necessidade especial frente à(s) sua(s) limitação(ões), o porquê de permanecer,
muitas vezes, numa posição “vitimizada”, de quem não pode estudar ,trabalhar
porque tem alguma limitação, seja ela, visual, mental, auditiva ou ortopédica;
enfocando, em especial, o portador dessa limitação abordando, também, muito
embora enfaticamente, a relação dos pais do portador de necessidade(s)
especial(ais) com estes.
A justificativa para a abordagem deste tema surgiu pelo desejo de
pesquisar este assunto, pois eu, como portadora de necessidade especial, convivo
com pessoas que também que possuem os mais diversos tipos de limitações físicas
e/ou mentais, daí o desejo de me aprofundar nesse universo que também me cerca.
Considero que a discussão deste tema seja de grande valia à
sociedade, visto que é uma oportunidade para que a mesma, e até o próprio
portador de necessidades especiais e as pessoas que o cercam estarem com
“novos olhares” para essas pessoas que não nasceram biologicamente “perfeitas”,
mas que, nem por isso, deixam de ter um lugar como sujeitos desejantes na
sociedade e, como tais, com oportunidades, sejam elas em maiores ou menores
proporções, de darem lugar à sua independência e aos projetos que almejarem
traçar.
O trabalho de alguma forma ajudará na reflexão dos pais e familiares
de “pessoas especiais”, para que tenham em mente que, mesmo diante de qualquer
situação que aconteça, o filho deficiente é um filho como qualquer outro, com a
diferença que precisará de cuidados especiais, uma criança com esperanças,
medos, e problemas como qualquer outra criança, além de possuir também uma
personalidade única.
O futuro de uma criança especial é, ara os pais, uma preocupação
constante, visto que os pais têm esperanças e planos para cada filho, que, em geral,
são proporcionais a cada um dos filhos, quaisquer que sejam suas dificuldades e
forças.
A gravidez, a criação da vida e seu término são processos poderosos.
Desde o início, duas pessoas se juntaram esperançosamente e alguma coisa que
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não é normal aconteceu. Isso é difícil. No entanto, ao aceitar a dor e o sofrimento,


podem-se experimentar amor e prazer reais. Nas poucas situações em que isso não
é possível, existem soluções alternativas que podem ser consideradas.
Com este trabalho de monografia, os objetivos a serem alcançados
são:
- Romper camadas de preconceitos existentes desde os tempos
bíblicos e construir, a partir de um indagar sobre “inclusão”, uma forma diferente de
pensar o deficiente e a deficiência.
Trata-se de uma monografia de especialização em “Teoria e Clínica
Psicanalítica”, sendo a metodologia de pesquisa e de cunho bibliográfico, embasada
na Psicanálise, cujos autores principais utilizados como referência foram Sigmund
Freud, Jacques Lacan e Maud Manonni. Os principais conceitos são, entre outros:
falta, falo, imaginário, narcisismo. Este trabalho monográfico é composto pelos
seguintes capítulos:
Capítulo I - Evolução Histórica do conceito de Excepcionalidade, onde
será tratado a evolução do conceito, desde a pré-história até os dias atuais, assim
como, discutirá a visão da sociedade com relação ao conceito de excepcionalidade
nas diferentes épocas;
O Capítulo II, cujo título é “O Indivíduo Excepcional’ tratará sobre
indivíduo excepcional a partir das entidades como APAE, PESTALOZZI, que
surgiram com o objetivo de incentivar pais e portadores de necessidades especiais
na autonomia do portador de necessidade especial;
Capítulo III - A relação fantasmática com a mãe e o filho, e a questão
do nascimento de um filho portador de deficiência, como é sua reação diante desse
fato.
No Capítulo IV Trata-se do corpo e suas manifestações de gozo.
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CAPÍTULO I

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE EXCEPCIONALIDADE

O excepcional vem sendo considerado de diferentes maneiras ao


longo dos tempos, sempre ligados a valores sociais morais, filosóficos, éticos e
religiosos, assim relacionadas ao modo pelo qual o Homem é visto e considerado
nas diferentes culturas.
Através da História, observou-se que a atitude da Sociedade para com
as pessoas especiais evoluiu com relação a atendimento, educação e tratamento, o
que está diretamente ligado a evolução científica e aos valores de cada sociedade.

A excepcionalidade não é um fenômeno que reside exclusivamente em um


indivíduo. E antes, um acontecimento que ocorre numa dada família,
comunidade, subcultura e sociedade. Assim sendo, o indivíduo excepcional
só pode ser realmente compreendido quando analisarmos a dinâmica das
relações interpessoais, enfocando tanto as ações ambientais suscitadas
pela presença e atuação do indivíduo divergente com o significado destas
para o próprio indivíduo. (AMIRALIAN, 1986).

Na Idade Antiga, procurou-se explicar o comportamento diferente dos


indivíduos especiais como conseqüência de forças sobrenaturais. Por outro lado,
também, nesta época, a valorização do corpo físico, isto é, da força da beleza física,
pelos gregos, impedia a aceitação de qualquer mutilação no corpo, sendo que a
História nos fala, também dos aleijados que eram sacrificados, principalmente na
Europa.
Com o advento da Idade Média, considerada como a Idade das Trevas
para as ciências intensificou-se a crença no sobrenatural. Nessa época, a prática da
magia e as relações com o demônio eram dogmas aceitos e o homem passou a ser
considerado como submetido a poderes invisíveis, tanto para o bem quanto para o
mal. E por isso, observam-se atitudes distintas com relação aos indivíduos anormais,
dependendo do tipo de excepcionalidade que apresente. Os psicóticos e epiléticos
eram considerados como “possuídos pelo demônio”, alguns estados de transe eram
aceitos como “possessão divina” e os cegos cultuados como videntes e profetas.
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O excepcional, ao invés de ser encarado como “o indivíduo” passou a


ser visto como desviante de uma determinada cultura e de uma sociedade.
No fim da Idade Média, influenciado por organizações cristãs, surgiu o
atendimento assistencial, tratando-se estas de organizações que abrigavam os
“desprotegidos”, “infelizes” e “doentes” de toda espécie, mesmo assim, tinha-se
pouca consideração com aqueles que, por alguma razão, divergiam-se dos padrões
comuns de comportamento. Essas pessoas sempre tratadas como “marginais”
perante a Sociedade.
Com o Renascimento e a ênfase no conhecimento científico, surgiu a
preocupação com o indivíduo e a busca de soluções científicas para os seus
problemas.
Com o desenvolvimento da Medicina, começou-se a levantar restrições
aos maus-tratos com relação a essas pessoas, que, depois, passaram a ser
considerados, não como possessas, mas como doentes.
No fim do século XVIII, quando Philip Pinel modificou a estrutura dos
hospitais psiquiátricos, soltando das correntes os loucos internados, que se iniciou,
historicamente, uma atitude mais humanitária com os doentes mentais. A partir
desse momento, muitas explicações e pesquisas surgiram com o objetivo de estudá-
los.
Há pouca padronização da terminologia no campo da
excepcionalidade. Ainda recentemente, eram empregados termos como loucos,
cegos, surdos, aleijados e criminosos, assim como a expressão “débil mental” e
suas subdivisões mentecapto, imbecil e idiota – para referir-se às várias categorias
de indivíduos excepcionais.
A tendência atual é empregar termos menos estigmatizantes e menos
carregados emocionalmente em substituição aos antigos, que carregavam
conotações de desamparo e de desesperança.
Com relação ao aspecto mental, o termo “deficiência mental” foi,
inicialmente, substituída por “debilidade mental”; ainda mais recentemente “retardo
mental” tornou-se a expressão aprovada pela Associação Norte-Americana de
Deficiência Mental. (GROSSMAN,1973).
Recomenda-se que os graus de retardos sejam indicados pelos
termos: limítrofe (borderline); leve, moderado, grave e profundo. Mas, nos contextos
educacionais, o termo “educável” refere-se ao nível chamado “levemente retardado”
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pela “Associação Norte-Americana“ e o grupo “treinável” dos educadores se


aproxima, grosso modo, dos “moderadamente retardados” segundo a Associação.
A terminologia empregada para as demais categorias de
excepcionalidade não é tão confusa, mas considera-se melhor falar em deficiente
ortopédico” do que em “aleijado”.
Embora seja menos conveniente, refere-se com freqüência aos cegos
como ”desprovidos de visão” ou os “visualmente prejudicados”. Os surdos ou
parcialmente surdos transformaram-se em “deficientes auditivos”.
Os antigos termos “lunático” e “louco” foram substituídos por
“psicóticos” e “desviantes de personalidade”, que cobrem um amplo leque de
“comportamentos desviantes” como “incapacitados“ ou “deficientes”. Mas quando os
“intelectualmente superiores” foram inclusos ao lado dos intelectual e fisicamente
“deficientes”, o termo “excepcional” foi adotado para referir-se à totalidade do grupo.
Essa designação inespecífica, não apresentando conotações de inferioridade ou
inadequação é, atualmente, empregada para a toda e qualquer categoria desviante.
Ocasionalmente, encontra-se os termos “incomum” ou “especial” em lugar de
“excepcional”. Embora a redenominação de antigas categorias reflita, em parte, de
maior precisão na definição e classificação, ela é, antes, um reflexo da ênfase
cultural na crença democrática de que “todos nascem iguais” e da tentativa de evitar
conotação de inferioridade intrínseca, que, eventualmente, se acrescentam aos
termos empregados com referência a grupos de pessoas percebidas como
“deficientes”.
A atenção à diversidade baseia-se no pressuposto de que a realização
de adequações curriculares pode atender as necessidades particulares de
aprendizagem dos alunos.
Considera-se que a atenção à diversidade deve se concretizar em
medidas que levam em conta não só as capacidades intelectuais e os
conhecimentos do sujeito, mas, também, seus interesses e motivações.
A expressão “necessidades especiais” pode ser usada para referir-se a
crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de
suas dificuldades para aprender algo.
O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões usadas,
como deficientes, anormais, infradotados, incapacitados, etc.
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Para referir-se aos sujeitos com altas habilidades/superdotação, aos


que apresentem deficiências cognitivas, físicas, psíquicas, sensoriais, etc…, tendo
como propósito deslocar o sujeito como foco e direcioná-los para as respostas
educacionais que eles requeiram, evitando enfatizar os seus atributos ou condições
pessoais que podem interferir na sua aprendizagem e até mesmo escolarização.
É uma forma de reconhecer que muitos que apresentem ou não
deficiências ou superdotação, possuam necessidades educacionais que passam a
ser “especiais” quando exigem respostas específicas adequadas.
O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de
funcionalidade, ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo
quando freqüenta a escola. Com freqüência, necessitar de atenção especial pode
repercutir no risco de tornar-se uma pessoa com necessidades especiais. Falar em
necessidades especiais deixa de ser “pensar nas dificuldades específicas” e passa a
significar o que se pode fazer para responder às suas necessidades.
Considera-se o sujeito como passível de necessitar, mesmo que
temporariamente, de atenção específica e de poder necessitar de um tratamento
diferenciado. Não se negando, aí, o risco de discriminação, preconceito e dos efeitos
adversos que podem decorrer dessa atenção especial.
A diferença pode conduzir à exclusão, seja por culpa da diversidade ou
pela própria dificuldade das pessoas em lidar com ela.
Embora as necessidades especiais sejam amplas e diversificadas, a
atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de
prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido para
quem dele necessitar. Nessa perspectiva, define-se como portador de necessidades
especiais aquele “…por apresentar necessidades próprias diferentes, requerem
recursos específicos”.
A tensão entre exclusão e inclusão tem sido uma força conformadora
na sociedade. As escolas públicas, particularmente, têm experimentado estágios de
incorporação de um grande número de crianças com deficiência nas salas de aula.
Nos Estados Unidos, até aproximadamente 1800, a grande maioria dos
alunos considerados alunos aprendizes com deficiência não era considerada digna
de educação formal, embora eles fossem percebidos como irmãos ou irmãs
participantes da comunidade. Depois da independência, o apelo para separar todos
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os dependentes e desviantes dos padrões (Hawes, 1991; Rothman, 1971) afetou


durante muitos anos as pessoas com deficiência.
Durante o séc. XIX e grande parte do séc. XX, houve um período
prolongado de Educação Especial para pessoas com deficiência.
Muitos aprendizes, anteriormente segregados, beneficiaram-se do
movimento social rumo à educação inclusiva, movimento este, que tem sido, muitas
vezes, lento e hesitante, mas o resultado tem sido progressivo. A medida que nos
aproximamos do séc. XXI, o objetivo da educação inclusiva universal está ao
alcance das pessoas.
Nos Estados Unidos, desde o final do período colonial e os primórdios
da nação, a formação das escolas públicas e das instituições especializadas e a
grande ameaça do início do séc. XX, até o movimento dos direitos civis da década
de 1970, a promulgação do “Ato da Educação para Todas as Crianças Portadoras
de Deficiências”, de 1975 (PL 94-142), o recente desenvolvimento do apoio aos
sistemas fundidos de educação regular e especial e o impacto disto nas escolas
atuais.
No Brasil, a Educação Especial surge nas sociedades ocidentais
industriais, no século XVII corno parte pouco significativa de um conjunto de
reivindicações de acesso à riqueza produzida (material e cultural) e que
desembocou na construção da democracia republicana representativa, cujo modelo
expressivo foi implantado na França pela Revolução de 1879, quando o acesso à
escolaridade por toda criança já deixava assegurado o acesso dos deficientes.
A Educação Especial nasce, portanto, voltada para a oferta de
escolarização à crianças cujas anormalidades foram a priori determinadas como
prejudiciais ou impeditivas à sua inserção em processos regulares de ensino.
No século XIX, com base em experiências realizadas na Europa e
Estados Unidos, iniciou-se, no Brasil, serviços de atendimento à cegos, surdos,
deficientes mentais e físicos.
Durante um século foram feitos, através de iniciativas oficiais e
particulares, isoladas demonstração de interesse de alguns educadores pelo
atendimento educacional à portadores de deficiência.
Apenas no final dos anos 50 e início dos anos 60, a política
educacional brasileira incluiu e considerou à educação de deficientes a educação
especial.
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A evolução da Educação Especial no Brasil, ocorreu em 02 (dois)


períodos:
 De 1854 a 1956: Iniciativas oficiais e particulares isoladas. Teve
início em 12 de Setembro de 1854, quando por Decreto Imperial, D.
Pedro li, fundou, no Rio de Janeiro, Imperial Instituto dos Meninos
Cegos.
• Em 26 de Setembro de 1857, D. Pedro fundou, também, no Rio
de Janeiro, o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos. Nestes
Institutos, foram instaladas oficiais para aprendizagem de ofícios
(tipografia, tricô, sapataria...);
• Em 1883, no Primeiro Congresso de instrução Pública foi
discutida
a educação dos portadores de deficiência, quando foi sugerida a
criação de currículos e formação de professores par cegos e
surdos;
• Em 1874, o Hospital Estadual de Salvador Juliano Moreira
iniciou assistência aos deficientes mentais, caracterizada como
atendimento médico-pedagógico;
• Em 1900, Dr. Carlos Eiras apresentou sua monografia sobre
Educação e Tratamento Médico-Pedagógico dos Idiotas. Até 1950,
havia 40 estabelecimentos de ensino regular mantidos pelo poder
público, sendo um Federal e 39 Estaduais, que prestavam
atendimento a deficientes. Foi criado em 1926, em Canos-RS,
Instituto Pestalozzi, particular, especialmente em deficientes
mentais.

No Brasil, a história da educação especial tem duplo papel na


complementariedade da educação regular, atendendo, por um lado, à
democratização do ensino e, respondendo, por outro lado, ao processo de
segregação da criança diferente.
A função da Educação Especial é dinâmica e depende das condições
históricas, econômicas, políticas, sociais e culturais para ampliação das
oportunidades educacionais. Portanto, até este momento o processo de legitimação
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da marginalidade social é maior do que a ampliação de oportunidades às crianças


com necessidades especiais.
A Constituição Brasileira de 1988, no Capítulo III, art. 208, parágrafo III,
bem como o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Capítulo IV, art. 53,
Parágrafo 1, asseguram a igualdade de condições, para o acesso e permanência na
escola e o atendimento educacional especializado aos portadores de necessidades
especiais, preferencialmente, na rede regular de ensino.

(...) tem se preocupado com a melhoria da qualidade de ensino, sem


discriminações, buscando garantir a universalidade, isto é, um sistema
aberto a todos sem restrições e que respeite a individualidade, identificando
e trabalhando as potencialidades emergentes de cada sujeito (BRASIL,
1999, IN SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, p. 8).
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CAPÍTULO II

O INDIVÍDUO EXCEPCIONAL

Em todos os países, as palavras para falar sobre deficiências físicas ou


mentais mudam de tempo em tempo e isso faz com que seja difícil para pais,
profissionais e pessoas portadoras de diferentes tipos de incapacidades saberem
exatamente do que se está falando, mas certamente, cada um tem pontos de vistas
firmes sobre o termo que preferem: mas um filho deficiente, é antes de tudo, um
filho, uma criança com as esperanças, os medos e os problemas das outras
crianças, além da personalidade, que é única.
Programas pioneiros na comunidade ou a transformação de hospitais
em pequenas cidades estão dando ambientes enriquecedores e isto ajuda com
relação a um problema que muitos pais têm a saber – quem cuidará de seu filho
quando esses forem velhos ou depois que tiverem morrido, existindo, ainda,
diferença, se o filho é portador de uma deficiência séria.
A maioria das organizações como APAE, Pestalozzi, entre outras, para
pessoas com diferentes tipos de deficiências foram iniciadas por pais.
Pais que se juntaram a outros pais com o objetivo de ajudar o
desenvolvimento para a independência de seus filhos para compensar, restabelecer,
desenvolver a autonomia de seus filhos, visando não atrelar o filho à sua deficiência,
fazendo, assim, com que esse filho desenvolva tanto quanto este consiga, as
potencialidades que estiverem a seu alcance.
Fazer planos é uma parte da vida que dá a confiança maior a toda
família e é uma parte necessária e prazerosa dos pais em relação a seus filhos e
planos futuros, não é somente uma questão de resultados práticos, mas há que se
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ter também, uma preparação emocional a ser alcançada, a esperança dos pais em
relação a seus filhos faz parte desse processo.
Cada pai tem esperanças que lhe são próprias, de que o filho lhes
complete como algo que parece preencher a falta que foi instalada quando da
instauração da lei de interdição ao incesto pela operação do Complexo de Édipo.
Há o termo conhecido na Psicanálise que é denominado Complexo de Édipo, sendo
este uma gama de investimentos amorosos e também de hostilidade que a criança
faz sobre seus pais, durante a fase fatídica, que é a fase característica do ápice e do
declínio do Complexo de Édipo marcada, principalmente, pela “angústia da
castração”, tanto na menina como no menino. Essa fase vem depois do oral e anal
explorada pela criança no processo de seu desenvolvimento. A fase fatídica é regida
pela castração, e o que impõe a questão em sua relação ao Édipo, da existência
dessa fase: a descoberta pela menina da falta do pênis.
O Complexo de Édipo pode ser explicado da seguinte maneira:
A criança, era considerada: de um lado, o menino que deseja ser tudo
para sua mãe, e, para isso, converte-se no que a mãe deseja. Seu desejo (do filho)
é o desejo do outro (mãe), ou seja, ser desejado pelo outro e tomar o desejo do
outro como se fosse seu próprio desejo. O que determina que o menino deseje ser o
objeto de desejo da mãe é a dependência de amor (Introdução ao Estudo das
Perversões, 1991, p.27). O menino identifica-se com aquilo que é o objeto de desejo
da mãe, crendo que é por ele que a mãe é feliz, não sabendo que a mãe procura
outra coisa, mais além dele: a plenitude narcisista dela, ou seja, no primeiro tempo
do Édipo há: a mãe, o menino e o falo. No primeiro tempo, a metáfora paterna está
inscrita na cultura.
Na relação com a mãe, a mãe é, para a criança, o outro como
constituinte da linguagem.
A criança vê, nos movimentos da mãe, a satisfação de suas
necessidades (do filho), e, por outro lado, a mãe traz a linguagem, que é o que o diz
ao filho o que está acontecendo.
No primeiro tempo do Édipo, o falo é um imaginário desejado pela mãe
com o qual a criança identifica-se, traduzido na imagem concebida pela mãe: filho
deficiente ou bom, ou que vai ser médico, etc. O menino toma essa identidade como
se fosse dele, tomando da mãe o desejo de ser “tal coisa”, logo, para a mãe é o falo
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que a completa, sendo o falo o significado do desejo. É sob ele que o desejo da mãe
vai ficar inscrito.
A mãe, no primeiro tempo do Édipo, sente sua carência de ser sob sua
própria castração, como faltando algo a ela (mãe) que é o falo. Esse reconhecimento
de sua castração (a mãe também passou pelo Édipo), faz com que ela procure algo
que a faria perfeita e que pode simbolizar no filho — falo, logo, a mãe-fática é aquela
que sente que nada lhe falta, imaginando que o eu a completa é o falo. Todas as
insatisfações da mãe encontram na criança, a possibilidade de criar a ilusão de que
se realizem.
Mas essa equivalência, filho=falo, pode se produzir ou não, ou seja, o
filho pode não se constituir como falo (na mãe que tem um filho de Síndrome de
Down, por exemplo), e se o primeiro tempo do Édipo em Lacan pode não discorrer
como a forma comum, a descrição do Édipo em Lacan é, então, uma variante e o
fato de que o filho não se converta no falo para a simbolização da castração materna
e, que, por conseqüência, a mãe não seja a mãe fática não significa que o falo não
exista para essa mãe. Como no caso da mãe que tem um filho com Síndrome de
Down para essa mãe o filho-falo será aquele que outra mulher tenha, cujo filho não
porte deficiência, O filho-falo existe para essa mãe, mesmo que sendo referida a
outra mãe e outro filho. Neste caso, o filho ficando constituído como não-falo, o
desejo da mãe continua sendo o de ter um filho que seja falo, sendo esta, também, a
meta do filho com a qual não poderá se identificar.
No segundo tempo do Édipo, o pai como privador da mãe, e enquanto
priva a criança do objeto de seu desejo ela deixa de ser o falo da mãe, vendo que a
mãe prefere outro que não a si próprio, pois supõe que outro teria algo que ela
(criança) não tem.
A menina, por influência da inveja do pênis desapega-se da mãe, que
censura por ter posto a filha tão desprovida (de pênis) no mundo; depois, a inveja do
pênis é substituída pelo desejo de ter um filho e a filha toma, com tal finalidade, o
pai, o pai como seu objeto de amor. A partir daí, identifica-se com a mãe, colocando-
se em seu lugar e querendo substituí-la junto ao pai, passando, então, a odiá-la.
A passagem pelo Édipo permite a sexuação e a formação do supereu.
A significação do Édipo não deve ser reduzida ao conflito Edípico imaginário, ao qual
Jacques Lacan, médico e psicanalista francês, chama de a farsa da rivalidade
sexual (1995, pág.57).
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A representação triangular, muitas vezes proposta, não explica a


função do Édipo, porque não mostra que se trata de um processo. Isso se deve a
que representação atribui ao pai e a mãe. De fato, Freud fala de “um único ponto
concreto”: a atitude para com o pai, que determina a evolução do complexo, tanto no
menino quanto na menina. É por isso que Lacan nunca utiliza essa representação
triangular falando da “metáfora paterna”. Ele chama de “Nome-do-Pai” a função
simbólica paterna, ou seja, aquilo que constitui o princípio do Édipo e mostra que o
desejo da mãe é “mandado para as profundezas” pelo “Nome-do-Pai”, levando a
operação a um significado: o falo e isso para os dois sexos. com relação ao
“Complexo de Édipo”, no menino, o pênis é considerado como seu principal objeto
sexual. Ao ver os órgãos genitais da menina, geralmente o menino diz que o órgão
sexual da menina é pequeno “mas vai crescer”.
A respeito do falo, este é um símbolo tomado na lógica do
inconsciente, assim, como esse termo permite também fazer-se pensar nos termos
“sexual” (ato sexual e sexualidade – procriação).
Então, Freud situa a castração, isto é, a forma como é regulado o gozo
do exercício sexual como aquilo que liga o sexo à palavra ameaçada, mas cuja
proibição estrutura o desejo tanto no menino como na menina, o que não isenta a
menina de passar pelo campo do simbólico para se tornar humana.
Para Lacan, há um papel simbólico do falo no inconsciente e um lugar
na ordem da linguagem e como último recurso toda significação se remete ao falo,
sendo o ponto fundamental para se considerar a barra que separa o significante e
significado também divide o sujeito desejante.
Para Freud, o falo não é uma fantasia (no sentido de um efeito
imaginário) nem um objeto parcial (interno, bom, mau). Segundo descreve Lacan
“nem tampouco o órgão pênis clitóris” (“A significação do Falo”, 1958. ln: Dicionário
de Psicanálise, pág. 69, 1995). O que explica as dimensões desse conceito são as
três dimensões real, imaginário e simbólico.
O real como sendo o que não pode ser totalmente simbolizado na
palavra ou na escrita, ou seja, não cessa; o imaginário como aquilo que deve ser
entendido a partir da imagem, é o registro do engodo e da identificação.
Na relação intersubjetiva é introduzido sempre como uma coisa fictícia que é a
projeção imaginária de um em que o outro se transforma, é o registro do eu com
aquilo que comporta de desconhecimento, de alienação e, simbólico como sendo a
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função que comporta uma parte consciente e outra inconsciente ligadas na


linguagem.
Freud constata que ela está na origem de um “fervor” em relação ao
pai (ego e id). Lacan o repete, ao dizer que o “mito Edípico não termina com a
Teologia” (Escritos) e adianta que o mito Edípico atribui ao Pai a exigência da
castração, com a principal conseqüência, que adquire a significação demandada
pelo outro, embora ela não seja nada mais do que uma conseqüência da submissão
do se humano ao significante (elemento de um discurso, referível tanto ao nível
consciente quanto ao inconsciente, que representa e determina o sujeito).
Tais relações é que vão desencadear o Complexo de Édipo, quando a
criança, que, por sua vez, está na sua realidade, e esta realidade está para a
demanda materna, enquanto que o falo (representante psíquico do pênis) está para
o “Nome do Pai”.
A relação simbólica sujeito e do outro: O primeiro eixo dessa realidade
é constituído pela relação simbólica mãe-filho, mas, desde o começo, essa relação
simbólica não se reduz à dependência da satisfação ou da não-satisfação das
necessidades; a criança é diretamente dependente do amor dessa mãe,isto é,do
desejo do seu (mãe) desejo.
O campo da realidade situa-se entre o campo imaginário e o campo
simbólico.
A fase do espelho (fase em que a criança gosta de se olhar no espelho
e ver a sua imagem refletida) permite introduzir nesse sistema uma dialética, ao
oferecer à criança uma percepção tanto real como irreal, uma imagem alienante. Em
decorrência da prematuridade dessa imagem, abre-se uma falha no imaginário, que
corresponde a uma outra falha no simbólico, do lado da relação com esse Outro,
designa esse outro real. A imagem constitui, então, um ponto de apoio, um limite da
realidade. A imagem é um ponto de apoio, limite da realidade. Esse referencial
oferece ao sujeito a possibilidade de entrar para as identificações do eu, num outro
campo constituído pelo triângulo.
Essas sucessivas identificações são realizadas na direção do simbólico
no qual o “eu” adquire a função de uma série de significantes, que tem como limite o
ideal do eu, no nível paterno.
22

Portanto, o campo da realidade é constituído na direção do simbólico


no qual o “eu” adquire uma série de funções significantes que tem como limites o
ideal de eu, no nível paterno.
A identificação com o ideal do eu do lado paterno permite, segundo
Lacan, um maior desapego, no que concerne à relação imaginária do que ao nível
da relação com a mãe.
O Complexo de Édipo está na fase fálica:
Com relação ao Complexo de Castração (segundo tempo do Édipo) no
menino, inicia-se quando o menino tem sensações vindas de seu órgão sexual, e
assim, aprende a buscá-las por si mesmo através de excitações manuais e daí,
apaixonando-se pela mãe e desejando possuí-la fisicamente (a mãe como objeto do
primeiro amor, da forma como suas observações sexuais lhe permitirem). O menino
procura “seduzir” sua mãe, exibindo seu pênis, que o enche de orgulho, incitando-
se o a querer substituir seu pai junto a mãe e o pai, aquele que, até agora era o
modelo, devido a sua força física e autoridade, agora, o filho considera o pai como
sendo seu rival (o pai possui a mãe, e o filho não).
Resultado da fase fálica, o complexo de Édipo é destruído pelo
complexo de castração e depois que o menino admite-se castrado, ele precisa
abandonar o investimento na mãe, transformando depois, em identificação ao pai
porta o seguinte falo: A formação do Complexo de Édipo pode levar “a posição
heterossexual” e “a formação do supereu”.
Como funciona o mecanismo no qual os pais têm esperanças e planos
com relação a esse filho, seja ele deficiente ou não?
A criança é o que os pais fazem dela na medida em que os pais
projetam nela o seu ideal.
Freud explica, pela primeira vez em seu texto Sobre o Narcisismo
(1914), o termo Eu Ideal da seguinte forma:

É para esse “eu ideal“ que vai agora o amor de si dos pais, de que gozava
na criança; o verdadeiro eu não quero renunciar a perfeição narcísica de
sua infância (...) procura reganhá-la na forma nova de seu “ideal do eu”, que
viria a ser, num segundo momento, o “eu ideal”. (FREUD, 1914)

No “Eu Ideal”, Freud fala do “Eu real” que teria sido o objeto das
primeiras satisfações narcisistas, de um estado de “onipotência” do narcisismo
infantil do momento em que a criança era ela mesma o seu próprio ideal. A criança
23

sai do narcisismo quando o seu eu se vê confrontando com um ideal com o qual em


de ser comparar. A criança vai sendo submetida às exigências do mundo que o
cerca – exigências simbólicas através da linguagem. A mãe fala com ela, mas
também se dirige a outras pessoas. Assim, o filho percebe que a mãe também
deseja fora dele e que ele não é tudo para essa mãe – é a ferida infligida ao
narcisismo primário da criança. A partir disso, o objetivo será fazer-se amar pelo
outro, em agradá-lo para reconquistar seu amor, mas isso só pode ser feito através
da satisfação do ideal do eu. Enquanto com o narcisismo primário o outro era si
próprio a partir daí só é possível se ver através do outro.
Mas o Complexo de castração vai instaurar o reconhecimento de uma
incompletude que desperta o desejo de recuperar a perfeição narcísica.
Os sentimentos mais freqüentes que abarcam a vida de um
excepcional, na família pode haver vergonha, culpa, medo, pena, raiva, revolta, bem
como amor.
Às vezes, é de imediato perceptível que um bebê é deficiente ou está
doente; outras vezes ,os pais podem pressentir que algo está errado sem que haja
uma prova médica.
É muito difícil para os pais entenderam que nem toda condição é
diagnosticável ao nascimento, e, ás vezes não é que um médico “nervoso”, esteja
retendo uma informação difícil, mas, sim, que não há sinal claro. Porém, o modo
como alguns profissionais falam com os pais nos momentos vulneráveis ajuda ou
obstrui a habilidade dos pais.
Quando um bebê nasce com uma deficiência, o processo de nascer e
entrar no mundo externo pode ser complexo e desconfortável, às vezes,
intervenções médicas importantes são necessárias para assegurar a sobrevivência
do bebe, às vezes, o bebe tem que ficar sob cuidados médicos por tempo
indeterminado, insuportáveis até mesmo para o restante da família, além da mãe.
A vergonha pode ser um dos sentimentos presentes na família, embora
não se fale tanto nisso, podendo estender-se até mesmo para o restante da família,
além do medo de que a existência de uma criança deficiente na família possa vir a
mexer com a estrutura familiar de modo geral arruinando o casamento do casal, por
exemplo. Tais sentimentos podem ser expressos de várias maneiras, de acordo com
as diferenças, principalmente culturais e expectativas da família.
24

Quando um bebê nasce com algum dano, os parceiros podem, de


início, sentir-se “humilhados” pela fantasia de que algo danificado, ou danificador
neles, possa ter sido passado adiante. Se tais sentimentos não forem
compartilhados e não se falar sobre eles, pode-se chegar a um futuro stress no
relacionamento.
Quando a relação fica ameaçada, muitos pais põem á prova e
renegam geneticamente a fonte irreparável e permanente, os pais tomam um
choque no início, mas, depois de tudo, correr bem, eles se recuperam. O que é mais
difícil para o bebê e pais é quando o choque não vai embora.
Entretanto, é importante lembrar que, não só os bebês com
deficiências que podem encontrar esta reação, pois como os bebês que nascem
numa família que não esteja preparada para eles, ou de pais que ativamente não os
queiram.
Perante todos os acontecimentos do nascimento de uma criança
“diferente”, muitos casais realmente permanecem juntos, mas muito freqüentemente,
o pai retorna a seu trabalho e seus passatempos, deixando a mulher lidar dia a dia
com a criança.
Para alguns casais o nascimento de um bebe deficiente traz á tona
problemas sexuais. Uma vez que foi um ato de amor criar o bebe, pode haver um
medo punitivo de que a relação sexual seja em si mesma danificadora.
Quanto à sobrevivência, sobreviver é o que os pais fazem para
continuar caminhando quando se sentem desamparados porque algo totalmente fora
de controle retirou de seu filho a chance de uma vida plena.
A segunda fase é a busca. A busca externa inicia-se enquanto se está
sobrevivendo. A busca interna inicia-se quando surgem as primeiras perguntas:
Onde ? Por que?
Ajustar-se é a terceira fase no processo de adaptação. Em dado
momento, a busca externa passa a ocupar menos tempo.
Enfim, boas condições, expectativas altas e uma parceria de trabalho
com os pais, profissionais e as crianças reduzem ao máximo o impacto da
deficiência e ampliam o máximo o impacto da deficiência e ampliam o máximo o
potencial individual e para que apreciem o que é forte e esperançoso no seu filho
apesar da deficiência, alguns pais precisam da chance de se permitirem expressar
sua tristeza pelo fato de uma diferença entre ter uma mente intacta e um corpo
25

aprendizado e um corpo hábil, ter condições deficiência significa ater-se a diferentes


objetivos e aspirações.

CAPÍTULO III

A RELAÇÃO FANTASMÁTICA ENTRE MÃE E FILHO

O olhar da mãe é o primeiro espelho de uma criança como bebes,


todos nós precisamos daquele espelho que diga que somos o bebe mais lindo do
mundo.
No “eu ideal” Freud nos fala do “eu real” que teria sido o objeto das
primeiras satisfações de um estado de independência do narcisimo entanto, do
momento em que a criança era ela mesmo o seu próprio ideal (Dicionário de
Psicanálise, 1995).
O nascimento de um filho doente vai encontrar lugar definido na
família. Muitas vezes será a criança preferida – até mesmo em relação aos outros
irmãos, podendo resultar que a criança em que não há lugar para o esforço,
bastando apenas que a vida exista e a mãe aceita ser parasitada, habitada por um
ser que não tem existência, senão num corpo despedaçado.
Por outro lado, se a criança se manifesta como sujeito que deseja, é o
seu corpo que já não lhe pertence e está como que alienado, criando-se uma
atuação em que mãe e filho deixam de se identificar, a mãe reagindo com
adestramento a um animal malvado em que a criança se transforma por momentos
(NANONI, p. 9), sendo que tais mães oscilam entre o adestramento e um tipo de
despreocupação pacífica fora do tempo, a imagem do filho que se esse bem fora a
26

um corpo e fora de uma relação com o outro. Tais mães estão sempre habitadas
pela angústia, sendo a recusa do saber, para tais mães, uma prova de saúde.
As angústias dessas mães estão seladas na relação com o outro, sua
questão gera em torno daquilo que o outro espera ou pode suportar delas.
Quando uma mãe tem um filho com alguma deficiência, algumas mães
podem viver muito só, porque através desse filho não se sente reconhecida como
humana, e muito vigiada porque, mais do que as outras mães, têm de dar de si uma
imagem suportável.
Um dos dramas das mães de “portadores de necessidades especiais”
(PNEs) é a sua solidão, assediada de fantasias, de que não podem falar, o filho
participa sempre do mundo da fantasia da mãe, sendo marcado por esse mundo.
Para a mãe, biológica ou adotiva, há um estado semelhante ao sonho
em que ela deseja “um filho”, esse filho é, a princípio, um chamado de alucinação de

alguma coisa da infância da mãe que foi perdida. A princípio, ela cria esse filho
futuro sobre o traço da lembrança, onde estão inclusos sonhos.
A realidade da imagem do corpo enfermo produz um choque na mãe,
quando no plano fantasmático, o vazio era preenchido por um filho imaginário então
aparece o ser real para enfrentar uma imagem não esperada da realidade, nesse
momento a mãe tem que renunciar ao seu falo. O filho se tornará a sua revelia o
suporte de algo de essencial na mãe, estando esse filho destinado a preencher a
fatia de ser mãe, não tendo outra significação senão existir a mãe e não para si
próprio. Sendo assim, a criança permanecer a como sombra, para essa mãe, na
medida em que, por trás dessas trata, mas a criança não sabe que é chamada a
satisfazer o papel inconsciente que a mãe quer (seja de superdotado, doente) e sem
saber, a criança é raptada ou capturada pelo desejo da mãe. No caso da debilidade
mental, a inteligência deficiente irá ocupar a mãe, que, diante dos outros, o que faltar
do filho, sempre será por ela falado. Toda vez que o filho quiser despertar para algo,
ele será combatido pela mãe, até que o filho cabe, por se convencer de que não
pode e é não podendo que o filho é amado pela mãe.
Tais mães ficam plenamente satisfeitas quando o outro filho consegue
desempenhar para elas o papel de filho superdotado. Sem se darem bem conta
disso, vão opor continuamente os dois filhos um ao outro: serão elas que criarão a
27

relação de irmãos-inimigos, relação que lhes permite manter intacto, em cada um


deles, o suporte fantasmático de que elas(as mães) têm necessidade.
Para Freud, existem dois momentos do recalcamento: o originário e o
propriamente dito.
O recalcamento originário é o afastamento de uma significação, que
devido a castração não é aceita a nível consciente que é a significação a nível de
simbólico, suportada pela fala. Depois, vem o recalcamento propriamente dito – o
recalcamento das pulsões ligadas a orifícios reais do corpo, como lábios ou ânus.
Já o recalcamento propriamente dito, é o processo que tem como tarefa afastar as
pulsões do acesso à consciência. Pulsões esta, que tem 4 características:
• Fonte: lugar de onde sai a pulsão;
• Objeto: lugar que a pulsão alcança;
• Finalidade: objetivo ao qual a pulsão alcança;
• Impulso: força que impulsiona a pulsão a realizar seu objetivo.

Pulsões que se relacionam a orifícios reais do corpo como: ânus,


orelhas, incitações pulsionais consigo, sendo as pulsões, ao mesmo tempo
recalcadas pela pulsão propriamente dita nos orifícios corporais que são suportes de
tal excitação, sendo, o falo, o único objeto para o qual, apesar da existência do
pênis, não existiria um suporte real.
Um sonho encarregado de preencher o que ficou vazio – uma imagem
fantasmática que se sobrepõe a pessoa real do filho, tendo esse filho, a missão de
restabelecer, reparar o que na história da mãe foi julgada diferente sentido como
falta porque na relação com a mãe (o filho) tem a experiência do que falta a escolha.
O falo… então o filho se empenha em satisfazer-se esse desejo
impossível de preencher em atividades de sedução em torno da fala.

Num primeiro momento, a criança está em relação com o desejo da mãe. O


objeto desse desejo é o falo e é na mãe que a questão da fala se coloca e
que a criança tem de localizá-la (NASIO: 1995, p. 40).

Em 1914, Freud destacou a posição dos pais na contextualização


novos, como em especiais do narcisimo primário, onde o amor dos pais pelo filho
ficam igual a seu narcisimo recém-renascido, o que produz uma revivência, uma
reprodução do narcisismo dos pais, que atribuem aos filhos todas as perfeições e
28

projetam nele trocas de sonhos aos quais eles (os pais) tiveram que renunciar. O
filho realizará os sonhos de desejo que os pais não puseram em prática. O
narcisismo primário representa uma espécie de onipotência que se cria entre o
narcisismo renascente dos pais e o narcisismo nascente do bebe, que estariam
inscritas as imagens e as palavras dos pais.
O narcisismo secundário que corresponde ao narcisismo do eu é
preciso que se produza um retorno do investimento, dos objetos transformados em
investimento eu, para que se construa o narcisismo secundário.
A passagem pelo narcisismo secundário leva o sujeito a se concentrar
parciais que, até esse momento, funcionavam segundo a modalidade automática é
levado ao investimento no objeto, porque as zonas genitais foram instauradas ainda.
Depois esses investimentos retornam para o eu. A libido toma o eu como objeto.
Por que a criança sai do narcisismo primário?
A criança sai dele quando o seu eu se vê confrontando com
com o qual tem de se comparar. A criança vai sendo submetida às exigências: 2
mundo que o cerca, exigências simbólicas através da linguagem. A mãe fala com
ela, mas também se dirige a outras pessoas. Assim, o filho percebe que a e
também deseja fora dele e que ele não é tudo para essa mãe essa é a ferida
infligida ao narcisismo primário da criança. A partir disso, o objetivo será fazer-se
amar pelo outro, em agradá-lo para reconquistar seu amor, mas isso só pode se
feito através da satisfação do ideal do eu. Enquanto com o narcisismo primário c
outro era si próprio a partir daí só é possível se ver através do outro.
Mas o “complexo de castração” vai instaurar o reconhecimento de a
incompletude que desperta o desejo de recuperar a perfeição narcísica.
29

CAPÍTULO IV

O CORPO QUE GOZA

Quando um corpo porta alguma deficiência, há também um corpo


limitado externo, e que, por vezes ver-se-á privado de poder andar, correr, escutar,
falar.
Isso faz com que o portador desse corpo limitado tenha certos
“privilégios”, que, por sua vez, são impostos pela sociedade e por receber essas
mensagens pode ainda por meio externo isso acorda certas atitudes, no portador de
necessidades especiais (PNEs) que o faz sentir-se de certa forma numa posição
privilegiada perante os ditos normais, o que faz gozar nessa posição de deficiente.
Lacan nos fala de gozo, com os três estados caracterizadores do gozar:
• O gozo fálico;
• Mais gozar; e o
• Gozo do outro.

Sobre o gozo fálico corresponde a energia dissipada durante a


descarga parcial tendo como efeito maléfico parcial, incompleto da tensão neste. É
chamado de gozo fálico porque o limite que abre e fecha o acesso á descarga é a
fala (realização). A fala regula a porque é saído o narcisismo. A criança sai dele
quando seu eu deve ser confrontado em um ideal com o qual tende a se comparar.
30

O retornar ao gozo que fica retido no interior de um psíquico e haja


saída é impedido da fala.
O mais goza indica que a parcela desenvolve a não descarga.
O gozo residual fala na boca, no ânus, fazendo-as permanecer em estado de
erotogenia.
Esse estado assume diferentes conforme a posição em que é nessa a
posição em que muitas vezes Programa Nacional do Excepcional se vê atrelado em
nome dos grandes.
No tocante a família, alguns sentimentos são comuns: como a
insegurança, superproteção, decepção, discriminação.
O que faz a família agir de forma temerosa e receosa perante sua
família portador de necessidade especial. Pois, sabe-se que a família é refletida
através da imagem desenvolvida no espelho, a ira poderá assumir uma imagem de
sempre através de processos identificatórios, e nunca e com seus falhas e se vê
mas sempre com os olhos da pessoa que a uma a outra, então, a imagem ao corpo
da criança, a partir do que e amor do mal e esse olhar divulgado a criança.
A criança dessa fase desenvolve comportamentos de imitação,
comparando-se a outras, o que é a imagem do espelho. O sujeito se confunde com
sua imagem e as relações interpessoais também se dão desde o duplo imaginário. A
fase do espelho estrutura a identificação da criança com urna imagem, a forma,
assume do ser humano que precisa ganhar seu lugar sobre o outro e se impor a ele
a instauração dos objetos de prazer que se refere ao objeto do desejo do outro.
As duas forças que enfrentaram em luta: a luta entre a energia que tem
de ser dispensada e a disposição a mais para se lutar contra ela e a realidade se
mantiver intolerante, ainda que a libido seja pronta para assumir um outro objeto em
lugar daquele que foi a ele recusado, então essa libido caminhará para a regressão.
A libido é interceptada e deve procurar escapar em alguma direção que
segundo as exigências do “princípio do prazer” possa encontrar uma descarga para
seus investimentos energéticos. Ela deve se retirar do ego.
Essa saída oferecida pelas fixações na trajetória de seu
desenvolvimento – na qual agora entrou – fixações das quais o ego tinha se
protegido, por repressões.
31

Investindo essas posições recalcadas, a medida em que se desloca


para trás, a libido saiu do ego e afastou-se de suas leis e ao mesmo tempo
renunciou a toda educação que teve como influência do ego.
As idéias que agora transferem sua energia em forma de investimento
libidinal, fazem parte do sistema inconsciente.
A despeito dos sintomas, caracteriza-se por ser um fenômeno subjetivo
que constitui, para a Psicanálise, não o sinal de urna doença, mas a expressão de
um conflito inconsciente (Dicionário, 1995, p. 203), sendo que, mesmo o sintoma de
conversão histérica, em geral considerado corno simulação é realmente a expressão
de um desejo inconsciente. O sintoma tido como a manifestação de um trauma
pôde, também, ser definido como a expressão de uma realidade de desejo e a
realização de algo não experimentado que serve para realizar tal desejo. Desse
modo, trata-se do retorno de uma satisfação sexual recalcada, mas também de uma
formação de compromisso, pois no sintoma também se dá o recalcamento. O
sintoma vai no sentido de desejar reconhecimento mas esse desejo continua
recalcado.
Para todos os sujeitos que nascem com algum tipo de deficiência, há
que se pensar que essa pessoa, antes de tudo, possui um corpo. Sobre esse corpo,
há que se fazer uma distinção entre o corpo, como organismo constituído por órgãos
e sistemas vitais, o outro corpo seria aquele que é dado à experiência do mesmo
sujeito, não tanto organismo, mas como elemento da experiência da consciência
perceptiva.
Freud considerou em “Além do Princípio do Prazer” (1920), segundo
Luciano Elia (1995, pág.101), algo que está fora da representação, até mesmo, que
é o que está para além do regime de homeostasia do “Princípio de Prazer”, o que
Lacan nomeou de “para além do Real“ para refletir à pulsão. O inconsciente, para
Freud, é estruturado através da linguagem, sendo o efeito da significação dessa
linguagem dada pela articulação entre significantes que a criança, ao nascer, recebe
do outro, vários significantes: de um lado, a criança, que é significante, para outro,
que é o segundo, significante, sendo que a história do sujeito, que começa quando
se inicia esta representação estará e ao mesmo tempo, implica o corpo dessa
criança, logo, sendo, o corpo, um objeto de investimento do outro e, no ato em corpo
é pulsionalmente investido pelo outro, o corpo deixa de ser o corpo orgânico, sendo,
daí, objeto da pulsão, sendo os órgãos, nesse sentido, significantes, pois, todos
32

temos uma representação significação de perna, de olhar, que, na verdade não


enxerga entre outros, sendo, o corpo, um efeito do significante na experiência do
sujeito em relação ao seu corpo. O corpo acessível por intermédio do simbólico, que
é o que marca esse corpo como humano e se são os significantes que são o
intermédio da relação do sujeito com seu corpo, sem seus órgãos, são eles que
também organizam a imagem, que o sujeito tem acerca de seu corpo e a partir disso
vem as imagens reais com as quais o sujeito estabelece relações. No
estabelecimentos de tais relações, o sujeito pode se colocar num lugar de gozo,
sendo que o gozo relaciona com a satisfação mas não coincide com ela. O gozo não
serve ao prazer, e sim, é resultado da atitude da pulsão enquanto atravessa pela
linguagem como resto desse atravessamento, O gozo pode ser aproximado ao
prazer desde que seja associado à dimensão da dor — aumento de tensão e, no
lugar de corpo esvaziado de sua carne, entra o gozo.
Segundo Elia (1995, pág. 140), Lacan diferenciou vários tipos de gozo,
sendo eles: o gozo fálico que é sexuado, gozo enquanto diferença sexual introduzida
pelo falo. Deste modo, o gozo fálico marca a perda em decorrência de um sempre
suposto gozo pleno no campo sexual e atribuído ao Pai — como suposto gozar de
todas as mulheres. Já o “gozo do outro” e o “gozo do corpo” são equivalentes no que
representa a ausência de presença de interdição fálica no campo do gozo, sendo
importante distinguir entre a incidência do simbólico enquanto portador do
significante e a incidência da lei da castração, enquanto operação capaz de barrar o
outro simbólico, incapaz de gozo.
O gozo do outro e o gozo do corpo são equivalentes na medida em
que tanto um quanto o outro são interditados pelo gozo fálico.
33

CONCLUSÃO

O trabalho monográfico tratou do portador de necessidades especiais


frente a sua deficiência e o narcisismo dos pais de portadores de necessidades
especiais, onde o excepcional vem sendo considerado de diferentes maneiras ao
longo dos tempos, sempre relacionadas a valores sociais morais, filosóficos, éticos e
religiosos, assim relacionadas ao modo pelo qual o Homem é visto e considerado
nas diferentes culturas.
A expressão necessidades especiais pode ser usada para referir-se a
crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de
suas dificuldades para aprender algo.
O objetivo do trabalhar é analisar a relação do excepcional com a
família, quando a mesma sabe de suas deficiências, visto que a realidade da
imagem do corpo enfermo produz um choque na mãe, quando no plano
fantasmático, o vazio era preenchido por um filho imaginário, então aparece o ser
real para enfrentar urna imagem não esperada da realidade, nesse momento a mãe
tem que renunciar ao seu falo.
O filho se tornará a sua revelia o suporte de algo de essencial na mãe,
estando esse filho destinado a preencher a fatia de ser mãe, não tendo outra
significação senão existir a mãe e não para si próprio. Sendo assim, a criança
permanecer a como sombra, para essa mãe, na medida em que, por trás dessas
trata, mas a criança não sabe que é chamada a satisfazer o papel inconsciente que
34

a mãe quer (seja de superdotado, doente) e sem saber, a criança é raptada ou


capturada pelo desejo da mãe. No caso da debilidade mental, a inteligência
deficiente irá ocupar a mãe, que, diante dos outros, o que faltar do filho, sempre será
por ela falado. Toda vez que o filho quiser despertar para algo, ele será combatido
pela mãe, até que o filho cabe, por se convencer de que não pode e é não podendo
que o filho é amado pela mãe.
A angústia dessas mães está selada na reação com o outro, sua
questão gera em torno daquilo que o outro espera ou pode suportar delas.
Pois sabe-se que a família é refletida através da imagem desenvolvida
no espelho, a ira poderá assumir uma imagem de si através de processos
identificatórios, e nunca é com seus falhas e se vê mas sempre com os olhos da
pessoa que a uma a outra, então, a imagem do corpo da criança, a partir do que é
amor do mal e esse olhar divulgado a criança.
Para que a criança possa se apropriar dessa imagem para que possa
interiorizá-la precisa de um lugar no grande.
A criança dessa fase desenvolve-se comportamentos de imitação,
comparando-se a outras. O que é a imagem do espelho. O sujeito se confunde com
sua imagem e relações interpessoais também se dá o duplo imaginário.
35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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EPU, 1996.

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FREUD, Sigmund. A Dissolução do Complexo de Édipo (1924) em Obras


Psicológicas Completas. Edição Standart Brasileira (ESB). Rio de Janeiro:
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______. Algumas Conseqüências Psíquicas da Distribuição Anatômica entre os


Sexos em ESB Rio de Janeiro: Imago, 1976.

______. em ESB Rio de Janeiro: A Organização Genital Infantil. 1923.

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Ribeiro. Rio de Janeiro. 1993.

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Duarte, Revisão e Texto Final Monica Stahel, 2002.

______. A Criança sua Doença e os Outros. São Paulo: Guanabara, 1997.

NASIO, J. David. Lições sobre os Sete Conceitos Cruciais da Psicanálise. Tradução


Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1989.
36

STAINBACK. Susan; STAINBACK, William. Inclusão: um guia para educadores.


Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

SINASON, Valerie. Compreendendo seu Filho Deficiente. São Paulo: Imago, 2002.

GLOSSÁRIO

Complexo de Édipo: s.m. (alem. Komplex; fr: compIexe; in g: complex): Conjunto


de sentimentos e representações, total ou parcialmente inconscientes, dotado de
urna potência afetiva que organiza a personalidade de cada um, marca seus afetos
e orienta suas ações. O termo, introduzido por E. Bleuler e C.G.Jung, foi muito
pouco usado por Sigmund Freud, exceto num número restrito de casos; complexo
de castração, complexo de Édipo e complexo paterno.

Freud (Sigmund): Médico austríaco (Freiberg, atualmente Pribor, Moravia, 1856-


Londres, 1939).

Ganho secundário: alem.: krankheitsgewinn; fr.: bénéfice; ing.: gain from illness):
ldéia geral, segundo a qual a formação dos sintomas permite ao sujeito uma redução
das tensões engendradas por uma situação de conflito, de acordo com o princípio de
prazer.

incesto: s.m. (alem.: inzest; fr: inceste; ing: incest): Relações sexuais entre parentes

próximos ou afins, cujo casamento é proibido pela lei; por exemplo pai e filha, mãe e
filho irmão e irmã.
37

Lacan (Jacques Marie): Médico e psicanalista francês (1901-1981).

Libido: s.f (alem. Libido; fr. Iibido; ing: libido): Energia psíquica das pulsões sexuais
que encontram seu regime em termos de desejo de aspirações amorosas e que,
para Sigmund Freud, explica a presença e a manifestação do sexual na vida
psíquica.

Lacan (Jacques Marie): Médico e psicanalista francês.

Castração: alem: Kastrationskornplex; fr. complexe de castration; ing: castration


complex; 1. Para S. Freud, conjunto das conseqüências subjetivas, principalmente
inconscientes, determinadas pela ameaça de castração, no homem, e pela ausência
de pênis, na mulher. 2. Para J. Lacan, conjunto dessas mesmas conseqüências,
enquanto determinadas pela submissão do sujeito ao significante.

Significante: s.m (alem.: Signifikant; fr.: signifiant; ing.: signifier) Elemento do


discurso referível tanto ao nível consciente quanto ao inconsciente, que representa e
determina o sujeito.

Falo: s.m (alem.: Phallus; fr: phallus; ing.: phallus): A noção de falo, central na teoria
psicanalítica, indica que o ponto de impacto eficaz da interpretação, num tratamento,
é o sexual; ao mesmo tempo, tal noção nos apresenta problemas de ordem ética a
respeito da sexualidade humana.

Outro, outro: s.m: alem.: [der] Andere; fr: autre, Autre; ing.: other. Lugar onde a
Psicanálise situa, além do parceiro imaginário, aquilo que é anterior e exterior ao
sujeito.

Inveja do Pênis: (alem.: Penisneid; fr.: envie du pênis; ing.: penis envy): Elemento
constitutivo da sexualidade feminina, que pode se apresentar de diversas formas,
indo do desejo freqüentemente inconsciente dela própria possuir um pênis, à
vontade de gozar um pênis no coito, ou, ainda, por substituição, ao desejo de ter um
filho.
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Consciência: s.f (alem.: Bewubtsein; fr: conscience; ing: consciousness;


awareness): Na primeira tópica de FREUD, lugar do psiquismo que pode ser
considerado como equivalente a um órgão dos sentidos.

Demanda: s.f (alem. Verlangen, Anspruch; fr.: demande; ing.: request): Forma
comum de expressão de um desejo, quando se quer obter alguma coisa de alguém,
a partir da qual o desejo se distingue da necessidade.

Desejo: s.f (alem. Begierde, Begehren, Wunsch; fr: Désir; ing.:wish): Falta inscrita
na palavra e efeito da marca do significante sobre o ser falante.

Nome-do-Pai: s.m. (fr.: Nom-du-Père): Produto da metáfora paterna que,


desenganado, primeiramente, o que a religião ensina a evocar, atribui a função
paterna ao efeito simbólico de um significante e que, em segundo momento, designa
tudo o que rege a demanda subjetiva, ao inscrever o desejo no registro da dívida
simbólica.

ReaI: s.m: (alem. Reale; fr.:réel; ing.: real): Tudo aquilo que, para um sujeito, é
expulso da realidade, pela intervenção do simbólico.

Simbólico: s.m.: (alem.: symbolische; fr.: symbolique; ing.: symbolic): Função


latente que envolve toda a atividade humana, compondo uma parte consciente e
outra inconsciente, ligadas à função da linguagem, e, mais especificamente, a do
significante.

Imaginário: s.sm.: (alem.: imaginare; fr.: imaginaire; ing.: imaginary): Categoria do


conjunto de terminologias elaborado por Lacan, real, imaginário e simbólico,
constituindo o registro da identificação e do engodo.

Ideal do Eu ou Ideal do Ego: (alem: ichideal; fr.: idéal du moi; ing: ego ideal):
Instância psíquica que escolhe, entre os valores morais e éticos exigidos pelo
supereu, aqueles que constituem um ideal ao qual o sujeito aspira.
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Narcisismo: s.m. (alem.: narcibmus; fr.: narcissisme; ing.: narcissism): Amor que o
sujeito atribui a si próprio.

Pai real, pai imaginário e pai simbólico: (fr.: père rèel, père imaginaire, père
symbolique): Os diferentes registros em que é apresentada a paternidade, enquanto
sua função.

Processo Primário e Processo Secundário: Primarvorgang, Sekundarvorgang; fr.:


processusprimaire; processus secundaire; ing.: primary process, secondary
process): Modos de funcionamento do aparelho psíquico que caracterizam,
respectivamente, o sistema inconsciente e o sistema pré-consciente-consciente.

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