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Junho
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
CURSO DE JORNALISMO
Junho
2010
BRENO LEMOS PIRES
2
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que fizeram parte da minha graduação e que fizeram parte da minha
vida nestes anos de graduação.
A Marcelo Cavalcante, pelo estágio prático no Blog do Torcedor, muito importante para
a minha formação e sem o qual eu não teria visualizado este tema para a minha
monografia;
A Camilla e a Sofia Campos, pelo amor, pela força e pelos ensinamentos que
compartilharam comigo ao longo destes anos, e por terem sempre acreditado em mim;
A Andreza, que, com muita atenção e interesse, ajudou a me manter firme neste
trabalho;
A meus familiares, em especial à minha avó Terezinha, pela confiança e pelo incentivo
que me passa em cada olhar;
Agradeço.
3
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Exemplos da Web 1.0 e da Web 2.0 ......................................................... 08
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Relação de postagens do LANCE!ACTIVO 2.0 e do LANCENET! no corpus
restrito ............................................................................................................................ 31
2
LISTA DE FIGURAS
3
RESUMO
4
SUMÁRIO
1 Introdução............................................................................................................... 1
1.1 Caminhos metodológicos......................................................................................... 3
1.2 Apresentação dos capítulos ..................................................................................... 4
5 LANCENET! ........................................................................................................ 28
5.1 LANCE!ACTIVO 2.0 ............................................................................................ 30
5.1.1 Recursos interativos e participativos do LANCENET! ....................................... 31
5.1.2 Tipos de interação no LANCE!ACTIVO 2.0 ...................................................... 35
5.1.3 Da participação no LANCE!ACTIVO 2.0 ........................................................... 36
5
1 INTRODUÇÃO
1
buscado explorar da melhor forma as potencialidades dessa combinação entre
jornalismo, interatividade e esporte.
Alguns fatos nos motivaram a realizar este estudo. Um deles foi a nossa proximidade
com um dos objetos de estudo, o Blog do Torcedor, no qual tenho trabalhado desde
setembro de 2008, como estagiário. Outro ponto foi a escassa bibliografia relativa à
participação do público no jornalismo esportivo na web, considerando as experiências
brasileiras. Esperamos, com este trabalho, poder preencher parte dessa lacuna de análise
e também apontar os avanços que as produções de jornalismo na área esportiva no
tocante à interatividade têm trazido para o jornalismo como um todo. A missão a que
nos propomos não é de esgotar a questão da interatividade no jornalismo esportivo na
internet, mas, sim, trazer um recorte do que se tem como uso de características
interativas em seu ofício diário.
1
A atividade do jornalismo na internet tem sido nomeada de formas diferentes. Adotaremos, neste
trabalho, a nomenclatura webjornalismo, que trata do jornalismo desenvolvido para a World Wide Web.
Entendemos que o termo é mais específico que ―jornalismo digital‖ e ―jornalismo online‖, que são o
mesmo que jornalismo desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo
real. No entanto, há de se esclarecer que World Wide Web não é exatamente um sinônimo de internet,
embora seja confundida muitas vezes. Trata-se, na verdade, de uma forma de acesso à informação através
da internet usando o hypertext (HTTP) e os navegadores da web (Netscape Navigator, Internet Explorer,
Mozilla Firefox); ela não inclui outros protocolos como e-mail, mensagem instantânea, transferência de
arquivo (FTP) e o protocolo P2P para compartilhamento de dados.
2
1.1 CAMINHOS METODOLÓGICOS
Durante a pesquisa, elaboramos um formulário para registro de dados relativos aos dois
sites. Além disso, foram coletadas informações junto a membros dos dois websites,
2
www.lancenet.com.br
3
www.blogdotorcedor.com.br
4
LANCENET! e LANCE!ACTIVO 2.0 são grafias oficiais. Em títulos, tabelas e legendas, serão
mantidas. No entanto, no texto corrido, serão utilizadas doravante as grafias Lancenet e Lance Activo,
para simplificar a leitura. A abreviação de LANCE!ACTIVO 2.0 para L!ACTIVO ou ACTIVO também é
utilizada.
5
Sempre que existe uma contribuição do leitor — seja com informação, seja com o texto integral — há
uma indicação nesse sentido. São essas indicações que chamamos de ―indícios de participação do
público‖.
3
inclusive em uma entrevista com o editor da editoria de interatividade do Lancenet,
Guilherme Gomes.
O jornalismo esportivo é o tema do quarto capítulo, que serve de introdução para que
tratemos dos nossos objetos de pesquisa, o LANCENET e o Blog do Torcedor, que
ocupam o quinto e o sexto capítulos, os últimos de análise antes das considerações
finais.
4
2 WEBJORNALISMO: CARACTERÍSTICAS E EVOLUÇÃO
Ainda com poucos recursos técnicos, os sites dos jornais e os portais criados tinham
dificuldades para colocar em prática o que a internet prometia oferecer. A atualização
contínua, por exemplo, não existia no início: os sites de jornais continham apenas as
publicações da edição impressa, transpostas. Um repositório em que a interatividade se
estabelecia de forma tímida, quase que como num jornal impresso, e a hipertextualidade
ainda não era tão explorada.
5
O cenário acima descrito representa uma primeira fase do webjornalismo, na
classificação que Pavlik (2001) e Mielniczuk (2003) propõem das suas características.
Nela, ―os conteúdos disponibilizados online são os mesmos que antes foram publicados
nas versões tradicionais do meio‖ (GRADIM, apud BARBOSA, 2007, p. 87). Pavlik
(2001) buscou uma sistematização das fases do webjornalismo propondo que há outras
duas gerações além da primeira. O eixo da análise de Pavlik é a produção de conteúdo.
Mielniczuk (2003) não diverge muito de Pavlik ao propor uma classificação que
contemple o webjornal a partir da esfera do produto e que também possa ser expandida
para pensar questões relacionadas à produção e à disseminação das informações. A
autora também divide o webjornalismo em três gerações. A primeira se caracterizava
pela transposição do modelo do jornal impresso para a internet, com parca utilização de
recursos para a interação com o leitor.
Na segunda, apesar de se prosseguir com o padrão de texto dos jornais impressos, têm
início experiências na tentativa de explorar as características específicas oferecidas pela
grande rede, com o uso, ainda incipiente, do hipertexto, lista de últimas notícias,
matérias relacionadas, e a apropriação do e-mail como forma de comunicação entre
jornalista e leitor; além disso, os veículos começam a publicar conteúdo para a versão
online.
6
Gradim (apud BARBOSA, 2007) aponta que sobretudo as duas últimas fases merecem
o nome de webjornalismo. Uma observação pertinente, pois o primeiro estágio era
deveras incipiente.
Para além dessas três fases, Schwingel (2005) aponta tendências para a consolidação de
uma quarta fase do Jornalismo Digital, através da utilização de tecnologias de banco de
dados associadas a sistemas automatizados para a apuração, edição e veiculação de
informações na elaboração de produtos jornalísticos.
Há de se ressaltar que, nessas classificações, não se faz uma divisão engessada e que as
categorias não são excludentes entre si. Em um mesmo período de tempo, é possível
encontrar publicações jornalísticas para a web que se enquadram em diferentes gerações
e, em uma mesma publicação, podemos encontrar aspectos que remetem a gerações
distintas, conforme lembra Mielniczuk (2003, p. 6).
A evolução da internet como plataforma tem sido fundamental para que os veículos de
webjornalismo façam maiores apropriações dela e, consequentemente, desenvolvam o
seu potencial. Isso tem sido possível graças ao surgimento, na segunda metade da
década de 1990, de sites, serviços e programas disponíveis na rede que facilitam a
publicação de conteúdo na rede.
7
aos sites que têm a participação e colaboração direta do usuário. O que se chama de
Web 2.0 está assentado nesse conjunto de mudanças.
O conceito de Web 2.0 foi formulado em 2004, por Tim O‘Reilly e sua empresa de
estudos na área de mídia, a O‘Reilly Media, Inc. Em artigo sobre o que é a Web 2.0,
O‘Reilly explicou que a definição não tem fronteiras rígidas, mas, pelo contrário, um
centro gravitacional. ―Pode-se visualizar a Web 2.0 como um conjunto de princípios e
práticas que interligam um verdadeiro sistema solar de sites que demonstram alguns ou
todos esses princípios e que estão a distâncias variadas do centro‖ (O‘REILLY, 2005,
p.2). A formulação do conceito de Web 2.0 veio de um brainstorming entre a O‘Reilly
Media Inc. e a MediaLive International para exemplificar a diferença entre esta nova
fase da web e a anterior. Elas comparavam programas, serviços e configurações de
publicação de conteúdo na internet, contrapondo os mais antigos, situados
predominantemente na década de 1990, com os mais recentes e inovadores. Na ocasião,
eles compuseram uma tabela exemplificando com sites e ferramentas online a diferença
entre estas duas fases da World Wide Web.
8
Convém destrincharmos esses elementos a fim de ilustrar o que houve de novidade. A
Wikpédia, site mais representativo dos chamados wikis6, permitiu a construção aberta e
colaborativa de conteúdos informacionais dos mais diversos e se tornou fonte de
pesquisa para o cidadão comum, sobressaindo no dia a dia diante de enciclopédias
pagas; além do que trouxe a confiança no usuário e em seus conteúdos. Programas
7 8
como Napster e, num segundo momento, o BitTorrent potencializaram o
compartilhamento de dados, através do protocolo P2P (peer to peer), e causaram um
boom no número de downloads, de forma que alterou a relação do internauta com os
conteúdos em rede e transformou o mercado fonográfico. Os blogs, de diários pessoais
na web, passaram a um importante amplificador da voz do internauta, gerando
informação e levando ao debate a cerca dos mais diversos temas; aqui se evidenciou o
caráter de participação (e não apenas publicação) que o usuário deve ter em rede. Os
usuários passaram a poder receber por seus blogs, através do serviço Google AdSense,
que remuneram de acordo com os cliques originários da página do internauta com
destino à publicidade. O YouTube, criado em 2005, era novo demais para entrar nessa
lista, mas ampliou a convergência à Web 2.0.
Cada um desses elementos são facetas da Web 2.0, que tem como uma de suas máximas
a de que ―o serviço fica automaticamente melhor quanto mais forem os usuários que
dele se utilizam‖, conforme O‘Reilly (2005). E os serviços têm melhorado à medida que
ferramentas de fácil usabilidade têm sido disponibilizadas aos internautas, as quais
oportunizam que qualquer pessoa, mesmo com poucos conhecimentos em linguagem de
programação e editoração, crie, atualize e personalize documentos na internet (DAL-
VITT, 2009 a).
Dessa forma, na Web 2.0, o público se afirma como produtor de conteúdo próprio, que
circula entre seus pares, pode ser levado aos veículos de comunicação e até ser por estes
ser prospectado. Enquanto isso, tem se desenvolvido uma cultura de participação dos
6
Wikis são programas instalados num servidor, acessíveis através de um navegador normal, que
permitem aos usuários a criação e publicação conjunta de conteúdo em páginas da Web. Em geral,
qualquer um pode editar o conteúdo, inclusive as contribuições de outros usuários. A maioria dos wikis
também oferece um histórico de modificações, que permite a reversão para versões anteriores. Disponível
em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wiki. Último acesso em: 14 de julho de 2007.
7
O Napster teve vários sucessores, como o Kazaa e o eMule.
8
É importante frisar que o Napster e o BitTorrent, na verdade, não são aplicativos da World Wide Web,
conceito que, como exposto anteriormente neste trabalho, não abrange toda a internet .
9
leitores e usuários da internet nos meios de comunicação, a qual demanda uma
reconfiguração do papel do jornalista e também do conceito de notícia.
9
Tradução livre para: ―The process by which selections are made in media work, especially decisions
whether or not to admit a particular news story to pass through the ―gates‖ of a news medium into the
news channels‘ (1994, p. 213 apud BRUNS, 2003, p.1).
10
Essa nova função do jornalista pode ser comparada com a de um bibliotecário. Ele
pesquisa que fatos noticiáveis tornam-se disponíveis em uma variedade de mídias e,
quando é abordado por quem busca informações, serve como um guia às fontes mais
relevantes. Bruns destaca que ―em seus trabalhos, as equipes de muitos serviços de
jornalismo novos na internet combinam aspectos dos papeis de jornalistas ‗gatekeepers‘
e de bibliotecários especialistas para chegar a uma prática que nós poderíamos chamar
de gatewatching‖ 10 (2003, p. 8).
Não é preciso ter uma técnica jornalística significativa a fim de exercer a função de
gatewatcher. Ao contrário, é preciso ter mais conhecimentos sobre as técnicas de
pesquisa na internet. Segundo Bruns, os gatewatchers fundamentalmente publicizam
notícias, ao apontar para fontes, em vez de as publicarem, por meio de uma compilação
de informações aparentemente completas das fontes disponíveis. Com base nessas
observações, podemos interpretar que qualquer pessoa pode ser um gatewatcher —
assim como todo cidadão pode ser um jornalista, como defendem os veículos
concebidos em razão do jornalismo participativo. No Twitter, encontramos diversos
usuários que constantemente apontam para conteúdos.
10
Tradução livre para: ―in their work the staff of many new online news operations combine aspects of
the roles of both gatekeeper-journalists and specialist librarians to arrive at a practice which can usefully
be termed gatewatching‖ (BRUNS, 2003, p. 8).
11
3 DA INTERATIVIDADE À PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO NO
WEBJORNALISMO
A interatividade tem sido estudada por autores diversos (MACHADO, 1997; LÉVY,
1999; SARAIVA JÚNIOR, 2004). Para Lévy,
12
computador conectado à Internet e a acessar um produto jornalístico, o
Utente estabelece relações: a) com a máquina; b) com a própria
publicação, através do hipertexto; e c) com outras pessoas — autor(es)
ou outro(s) leitor(es) — através da máquina. (MACHADO, 1997 apud
PALACIOS, 2002).
No entanto, o tipo de interação pode variar. Essa interação entre o homem a máquina ou
entre o homem e a publicação é qualificada, por Primo (2004) como interação reativa.
É um processo interativo, mas cujas trocas encontram-se pré-determinadas no par ação-
reação. Trata-se de um tipo de interação diferente daquele que se percebe quando o
público participa no jornalismo, enviando informações, trocando conhecimentos. Esta
seria a interação mútua, que Primo (2004) define como ―processos interativos baseados
em negociação, nos quais o relacionamento desenvolvido entre os interagentes têm um
impacto recursivo sobre a interação, seus participantes e produtos‖.
Neste trabalho, contudo, tratamos, tal qual Saraiva Júnior (2004), a interatividade de
forma mais específica, trazendo para o sentido da participação, como a abertura dada ao
receptor da mensagem para que ele atue no processo jornalístico.
13
O fato de jornais, revistas e até emissoras de TV terem passado a usar a internet como
canal para o público participar, mediante o envio de conteúdos que vão de votações de
enquetes e de mensagens escritas até vídeos, reforça esta vocação da internet, que, neste
caso, serve a meios da imprensa tradicional como uma mídia complementar. Ela amplia
o contato entre o veículo e o público, que dependia de cartas e telefonemas e, portanto,
era mais custoso, menos plural, além de limitado do ponto de vista da multimidialidade
(não se envia vídeo por carta).
De uma forma geral, pode-se dizer que a internet as tecnologias digitais têm sido um
motivador para uma maior participação popular no processo noticioso. O internauta
sabe que seu comentário tem muito mais chances de ser publicado na grande rede do
que numa transmissão ao vivo. ―A filtragem daquelas cartas 11 , o pequeno espaço
disponível para sua publicação e a necessidade de utilização de outro meio para envio
(não se pode responder através da televisão) acabam por desestimular uma maior
participação‖, destaca Primo (2006).
11
O autor se refere, aqui, às ―cartas do leitor‖, habituais em revistas e jornais.
12
Segundo Quadros, na primeira fase, há o envio de e-mail à redação, sem resposta — apenas a
publicação de seu conteúdo num espaço reservado. Na segunda, o usuário já consegue, ainda que de
forma incipiente, a exploração do hipertexto e uma troca de e-mails com o jornalista. Na terceira, os
veículos promovem em quantidade maior chats com jornalistas e com personalidades; a intenção é atrair o
público.
14
Na quarta fase da relação interativa entre público e os portais, tem-se um nível de
participação mais significativo. Os blogs já encontraram seu espaço na internet, e os
comentários dos leitores dos sites jornalísticos passam a ser publicados logo abaixo das
reportagens, com o mediador eventualmente citando mensagens que lhe despertem o
interesse; a capacidade de memória do usuário é estendida por meio do banco de dados,
que faz o elo entre informações fragmentadas ao relacionar o conhecimento humano.
A quinta fase descrita por Quadros é aquela em que o público é convidado a produzir
matérias com o apoio do mediador, bem como conteúdos audiovisuais, que poderão ser
publicados. Nesta fase, porém, ainda haveria um grau alto de experimentação. É como
se o internauta não estivesse consciente das suas responsabilidades. Para Quadros, o
cidadão-repórter só viria na sexta fase, na qual ―emissores e receptores invertem os
papéis para construir de modo interativo uma história‖ (QUADROS, 2005. p. 14).
Ward (2006) propõe uma forma diferente de classificação dos níveis de interatividade
nos meios de comunicação, em três modelos: unilateral, bilateral e trilateral. No
primeiro, os veículos transmitem a mensagem sem levar em consideração a opinião do
público, unilateralmente. No segundo, há uma troca de informações, em forma de
comentários do público sobre o que deseja ler/ver/ouvir, além de ele poder propor
pautas, o que é uma forma de fornecer conteúdo. O profissional da mídia atua como um
13
http://www.terra.com.br/vcreporter
14
http://g1.globo.com/VCnoG1
15
http://minhanoticia.ig.com.br
15
filtro, uma vez que tanto a produção do conteúdo quanto a mensagem recebida são
canalizadas por ele, que segue numa posição hierarquicamente superior diante da
informação. Já no terceiro modelo proposto por Ward, o internauta discute e colabora
com os outros internautas e com o jornalista, acrescentando informações, opiniões e
sugestões, numa relação triangular. A expressão mais comum do modelo trilateral é o
grupo de discussão (newsgroup) ou quadro de mensagens, segundo Ward. Quando o
jornalista produz em colaboração com seus pares na web, ele deixa a sua condição de
autor individual e passa à produção colaborativa.
Podemos observar que os veículos de comunicação têm aberto cada vez mais espaço
para produções do público, inclusive de caráter jornalístico, bem como as mais
opinativas. Verifica-se com certa clareza que os consumidores de informação estão
libertos da condição de mero receptor das mensagens que lhes eram dirigidas. Johnson
(2001) já discernia a condição do público da internet da dos demais meios de
comunicação.
16
fonte emite uma mesma mensagem para vários receptores. A terceira,
só encontrada na Internet, é a muitos-muitos, onde todos podem ser
emissores e receptores e há muitas mensagens heterogêneas. Os
exemplos podem ser salas de chat ou os newsgroups, que se parecem
com festas e assembléias. É interessante notar que a Internet, como
meio de comunicação, reúne estes três modos de comunicação à
distância, como por exemplo: chats (muitos-muitos), o e-mail (um-
um) e a leitura de jornais online (um-muitos). (JOHNSON, 2001, p.
81 apud DAL-VITT, 2009, p. 19)
16
Tradução livre para: ―Indeed, new types of dialogical or interactive journalism are emerging next to
existing models of hierarchical, top-down storytelling based on a perception of ‗telling people what they
need to know‘. (…) Weblogs have also been co-opted by news organizations as varied as Le Monde in
France and the Mail & Guardian in South Africa, offering moderated blogspace online to their readers.
These examples suggest an exponential increase in the level of participation generated by and expressed
in the professional news media system.‖ (DEUZE 2006, p. 20)
17
http://journalism.nyu.edu/pubzone/weblogs/pressthink
17
O desejo das pessoas de compartilhar as próprias informações e conteúdos nos sites de
notícia se torna viável à medida que se amplia o acesso à internet e a interfaces
simplificadas para a publicação de conteúdo e troca de mensagens com os meios de
comunicação. Essas condições, somadas a outras como a popularização e
miniaturização de câmeras digitais e celulares e a afirmação das novas mídias sociais,
têm favorecido a participação do público no processo noticioso e, assim, o
desenvolvimento do webjornalismo participativo.
Nesse cenário, a notícia deve ser encarada como o princípio de algo e não um fim em si
própria. Deve ser entendida como o ponto de partida para uma discussão com os
interagentes. ―A máxima ‗nós escrevemos, vocês leem‘ pertence ao passado‖, aponta
Canavilhas (2001, p. 65).
Gillmor (2005), em We the Media, segue nesta linha e aponta que ―a reportagem e a
produção das notícias do futuro serão mais próximas de uma conversa ou de um
seminário. As linhas entre os produtores e os consumidores vão borrar, modificando o
papel de ambos de uma forma que nós estamos apenas começando a ter noção agora‖18.
O autor defende que ―na nova era das comunicações digitais, com múltiplas direções, o
público pode tornar-se parte integral do processo de produção de notícias — e começa a
tornar-se evidente que tem de o ser‖ (ibidem, p. 118). Estaríamos no limiar do que o
autor chama de mídia participativa, ou seja, aquela em que toda a sociedade participa do
processo informativo. Experiências nesse sentido vêm sendo desenvolvidas em sites que
18
Tradução livre para: ―Tomorrow‘s news reporting and production will be more of a conversation, or a
seminar. The lines will blur between producers and consumers, changing the role of both in ways we‘re
only beginning to grasp now.‖ (GILLMOR, 2005, p. 13)
18
não pertencem ao mainstream jornalístico. Sites como o Slashdot19, o OhMyNews20, o
21
CMI e o Wikinews 22 trabalham com a produção aberta de notícias por parte do
público, cuja participação avança e, gradualmente, vai transformando mesmo o campo
de atuação dos jornalistas profissionais.
Um exemplo disso é a edição, por parte dos jornalistas, dos textos enviados pelos
colaboradores, conforme ocorre no Oh My News. Este site, que começou na Coreia do
Sul como uma forma de o público se posicionar diante num país em que a comunicação,
havia muito tempo, era centralizada. Primeiro, a ditadura militar nos anos 80, não
permitia a liberdade de expressão; e, nos anos 90, já no processo de redemocratização,
três grupos de mídia conservadores receberam do governo o controle de 80% da
imprensa.
Outro site que pioneiro na área de jornalismo participativo foi o Indymedia (ou Centro
de Mídia Independente), criado por ativistas a fim de cobrir manifestações contrárias à
Organização Mundial do Comércio em Seattle, 1999. Gillmor (2005) constatou que,
com o sucesso na cobertura feita por voluntários munidos de câmeras e gravadores, o
CMI ganhou notoriedade e gerou projetos semelhantes no mundo inteiro, inclusive no
Brasil. Uma cobertura de destaque no CMI norte-americano foi a de manifestações
contra a invasão do Iraque, em São Francisco, Califórnia. Os ―jornalistas
independentes‖ — como Gillmor os chama — revelaram muitos casos de brutalidade
policial que a mídia tradicional não alcançou. Sobre a ocasião, o antigo vice-presidente
de Mídia Digital do jornal San Francisco Chronicle declarou, em 2004, que ―Indymedia
19
http://slashdot.org
20
http://english.ohmynews.com
21
http://midiaindependente.org
22
http://www.wikinews.org
19
kicked our ass‖. Um dos princípios, adotado até como slogan, do Indymedia, é uma
frase de Jello Biafra: ―Don't hate the media, become the media‖ (Gillmor, 2005).
Conceitualmente, a adaptação dos veículos jornalísticos a esta nova realidade não deve
ser feita como uma estratégia para aproximar o público do site a fins de fidelização, de
oferecer a ele a chance de se expressar. Os leitores são potenciais repórteres (mesmo se
não forem redatores) e têm um raio de ação potencialmente maior que o dos jornalistas.
Deuze (2006, p. 20) entende que a mídia se move em direção ao que chama de
―jornalismo cidadão‖ — aqui chamado por nós de jornalismo participativo. Esse
jornalismo cidadão, observa Deuze, deve ser feito combinando filtro editorial com o
conteúdo gerado pelo próprio usuário. Em outras palavras, deve-se colocar em prática
gatewatching.
Manter e tirar proveito de uma boa convivência com uma audiência que possui uma
ânsia de comunicar — e mais: está munida de meios para encontrar e publicar por si
mesma a informação — é algo que as corporações midiáticas têm de aprender. Segundo
20
Primo e Träsel (2006), elas já estão aprendendo e isso a longo prazo promete benefícios
para as redações.
França, Lima, Costa Filho e Santos (2009) fizeram um interessante apanhado das
vantagens e os perigos de se incluir as pessoas na produção de conteúdos jornalísticos.
Entre os benefícios que dizem respeito à qualidade do trabalho jornalístico, está a
oportunidade de abrir espaço para fontes de informação espontâneas e que podem
conseguir materiais complementares, inéditos ou de difícil acesso e acabar se tornando
essenciais, por exemplo, em novas pautas, reportagens e matérias. Outro ponto positivo
é ter à mão possíveis ―revisores‖ de conteúdo, que, sobretudo no webjornalismo,
apontam erros e sugerem correções prontamente, contribuindo no polimento da notícia
ou reportagem.
21
Outra faceta da aproximação entre os veículos e os interagentes nesta nova era da
comunicação é que a informação, quando circulando pelas redes de que os internautas
fazem parte, como as mídias sociais, Twitter, Facebook e mesmo o YouTube (como um
canal de republicação), adquirem uma ―vida útil‖ mais longa. Uma informação de
qualidade produzida pela mídia profissional pode ter uma capacidade muito maior de
circulação e visibilidade, através de sua difusão via blogosfera, onde permanecerá por
mais tempo sendo observada e repercutindo.
Além desses aspectos, e de certa forma como um resultado de todos eles, o jornalismo
participativo contribuiria para a democratização da comunicação, através de
contribuições ―cidadãs‖, o que tornaria a iniciativa socialmente mais importante. Este, o
benefício mais esperado, vem há muito tempo sendo desejado pelo público e prometido
pelos veículos de comunicação. O processo a inversão de papeis entre consumidores e
produtores da notícia tem sido gradual; por outro lado, se dá em ritmo menor do que
professavam teóricos do ciberespaço.
Apesar dos benefícios que possa trazer, a participação do público também oferece riscos
à qualidade da informação jornalística em si, o que pode trazer prejuízo ao veículo de
comunicação e, claro, à sociedade. O primeiro risco é o de as promessas de benefícios
não se concretizarem. Outros riscos que um veículo jornalístico tem ao lançar mão da
participação do público são:
22
A necessidade de se estar constantemente sob o peso da verificação (ou não) das
possibilidades de informações equivocadas ou fraudulentas é, aliás, uma nova
dificuldade operacional para os veículos.
23
4 JORNALISMO ESPORTIVO
No entanto nem sempre foi assim. No início do século XX o esporte ficava em segundo
plano na cobertura esportiva. Era considerado material de segunda importância. Poucos
acreditavam que esporte poderia ser assunto para estampar manchetes (COELHO, p.7).
Mesmo se fosse o remo, esporte de maior prestígio naquela época, em que eventos
esportivos eram ao mesmo tempo eventos sociais. Graciliano Ramos chegou a afirmar
que o futebol não daria certo jamais no Brasil. ―Futebol não pega, tenho certeza;
estrangeirices não entram facilmente na terra do espinho‖ (apud COELHO, p.7). Mas
―pegou‖.
A popularização começou nos anos de 1910 e, na década seguinte, o futebol caiu de vez
nas graças do público. Os negros passaram a ser aceitos nos times, e nessa inclusão o
clube pioneiro foi o Vasco da Gama, que foi campeão da segunda divisão carioca em
1923 e, logo na chegada à primeira divisão, ganhou o de 1924. A importância do futebol
crescia bastante, a ponto de, em 1927, o presidente da república, Washington Luiz, ir
para a inauguração do estádio da equipe carioca. A participação vitoriosa do Brasil no
Campeonato Sul-Americano de 1919 e no de 1922, com o bicampeonato, também
impulsionou o interesse das pessoas. No jornalismo, contudo, os esportes demoraram a
―pegar‖.
23
Apesar do espaço reservado aos esportes, no meio jornalístico os jornalistas que trabalham com esportes
não são creditados com o mesmo prestígio do que os de política e economia. Em muitos casos até os
salários são menores.
24
para as elites, não formava opinião, mas atingia um público cada vez mais numeroso na
São Paulo da época: os italianos, de acordo com Coelho (ibidem, p.8). A Fanfulla é até
hoje a grande fonte de consulta aos arquivos do Palmeiras sobre as primeiras décadas do
futebol. Trazia relatos de página inteira e informava as fichas de todos os jogos do clube
que na época era chamado de Palestra Itália.
Nos anos 30, nascia no Rio de Janeiro o Jornal dos Sports. A rigor foi o primeiro diário
exclusivamente dedicado aos esportes no país (COELHO, p. 9). Por outro lado, em São
Paulo, a Gazeta Esportiva começou como um suplemento da Gazeta na década de 30 e
se tornou independente na década seguinte. Com o passar dos anos, revistas e jornais de
esportes foram surgindo e desaparecendo. A Revista do Esporte viveu bons anos entre o
final da década de 1950 e o início dos anos 60 — fase de ouro do futebol brasileiro, com
a conquista de duas Copas do Mundo — e mesmo assim não sobreviveu (COELHO, p.
10).
A partir da segunda metade dos anos 60, com cadernos esportivos mais presentes e de
maior volume, o Brasil entrou na lista dos países com imprensa esportiva de larga
extensão (COELHO, p. 10). Mas quando a primeira revista brasileira dedicada
inteiramente ao futebol foi fundada, no final da década de 1960, recebeu vaticínio de
ninguém menos que João Saldanha, jornalista esportivo e técnico de futebol que dirigiu
inclusive a seleção brasileira.
A revista Placar vive até hoje, e já alternou grandes momentos com outros mais
delicados. Hoje talvez tenha como maiores atrativos as produções especiais, como os
guias das competições mais importantes. As revistas especializadas perderam espaço
com o fortalecimento do webjornalismo. Mesmo assim, ainda se procura um espaço
para as revistas. Nos últimos anos surgem a revista FutLance! e a Revista ESPN.
25
Quanto aos jornais, em 1997 foi criado o primeiro inteiramente voltado aos esportes no
Brasil, o LANCE!, sobre o qual falaremos no capítulo 5.
Nesta década que se inicia, na qual o Brasil será sede de uma Copa do Mundo, em 2014,
e de uma Olimpíada, em 2016, espera-se um fortalecimento do jornalismo esportivo no
Brasil. Espera-se que ele se torne mais maduro e vá além dos assuntos de campo,
―marcando‖ de perto aqueles que gerem os esportes, os presidentes de clubes, os
presidentes das federações estaduais, os presidentes das confederações nacionais de
cada modalidade, bem como personagens dos outros tantos setores da sociedade
envolvidos no esporte, como a economia e a política, cujos atores muitas vezes não são
transparentes.
Talvez na contramão dessa necessidade, há uma tendência de cada vez mais levar o
esporte pelo viés do entretenimento. Assim tem se posicionado a Rede Globo, maior
emissora televisiva do País. O Globo Esporte, programa diário veiculado no horário do
almoço, aboliu o modelo de apresentação de bancada, rígido, em que o apresentador, no
conforto de sua poltrona, lia no tele-prompter as informações antes da entrada do VT. A
comunicação tem se dado mais diretamente com o telespectador, existe mais espaço
para o improviso, e também para matérias mais longas. O apresentador do programa na
edição de São Paulo, Thiago Leifert, tem se destacado nesse novo estilo de apresentação,
que também é adotado por Tadeu Schmidt no bloco esportivo do Fantástico, programa
semanal da Globo que ocupa o horário nobre do domingo.
26
Com essas experimentações, o Globo Esporte viu a sua audiência crescer. Embora
historicamente seja o líder de seu horário, estava, entre 2006, 2007 e 2008, ficando atrás
do seriado Chaves, do Sistema Brasileiro de Televisão – SBT (RANGEL, 2009, p.4).
O exemplo do Globo Esporte mostra que estão mais antenados às novas tendências de
comunicação sobre que temos falado neste trabalho. Contudo não se pode perder de
vista que a função essencial do jornalismo é informar. E que é dever do jornalista
esportivo fiscalizar o que acontece fora das quadras, dos gramados e das pistas de
atletismo, para que o esporte nacional se fortaleça.
27
5 LANCENET!
Desde seu princípio, o LANCE!24 e o Lancenet se propuseram a ser mais do que uma
fonte de informações. Encaravam o leitor como o elemento torcedor como central do
jornal, e procuravam formas de atraí-lo, com variados tipos de conteúdos. No site, existe
desde o princípio a seção ―Fala Doente‖, em que certos ―torcedores‖ 25 expressam
opiniões e expectativas sobre o seu time, de forma irreverente, o que despertava uma
identificação e, assim, interesse do público. Esses ―doentes‖ ficam expostos na seção
―Blogs‖, junto com os blogs de jornalistas, entre os quais estão Mauro Beting, Eduardo
Tironi, André Kfouri e Benjamin Back.
24
O LANCE!, com uma média de 114 mil exemplares diários até o fim de 2008, foi o décimo jornal
nacional em circulação naquele ano.
25
Esses torcedores em questão não são pessoas reais, e sim personagens, com nome e sobrenome
aludindo ao clube pelo qual são doentes. No caso, a do Flamengo se chama Scarlet (vermelho) Breu
(preto).
28
disso, o Lancenet também serve de plataforma para a TV LANCE! e a Rádio LANCE!.
Vê-se, portanto, que ele não se resume ao webjornalismo.
É importante destacar que o Lancenet tem uma política editorial que dá destaque à
participação do público. Verificamos vários recursos de interatividade. O site conta com
enquetes e chats, promove a discussão de determinados temas em um fórum, oferece
canais diretos de comunicação para sugestões e reclamações, via e-mail — elementos
que não são novidade e, na classificação que Quadros (2005) faz dos níveis de
interatividade se encontram nas fases 1, 2 e 3. Além disso, o Lancenet desenvolve desde
2008 uma experiência inovadora no âmbito da participação do público no
webjornalismo, o Lance Activo, que analisamos mais a fundo no próximo tópico deste
trabalho.
Um dos motivos para o seu crescimento é a adoção de políticas voltadas para integrar o
leitor ao site. Aqui é importante mencionar que o Lancenet chegou pela primeira vez à
marca de 1 milhão de visitantes únicos em um único dia em 29 de janeiro de 2009. Nos
quatro primeiros meses de 2010, teve uma média de 10.775.951 visitantes únicos
mensais, ou 359 mil visitantes únicos diários.
Convém, antes da análise do Lance Activo, destacar que o Lancenet tem uma editoria
específica para tratar de jornalismo participativo, chamada PROLANCE! 26 . Nessa
experiência, o leitor poderia até ser remunerado caso o seu material fosse publicado pelo
grupo LANCE!. Havia uma tabela diferenciada conforme a publicação: que podia ir
desde página interna do Lancenet até a capa do LANCE!. No entanto a iniciativa não
teve o sucesso desejado e está temporariamente desativado. Por esse motivo, o Prolance
não receberá uma análise neste trabalho. Sobre a atual postura editorial com relação ao
Prolance, o editor do Lance Activo, Guilherme Gomes27, explica:
26
A partir daqui, no lugar de PROLANCE!, será adotada a grafia Prolance.
27
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
29
matéria editorial e o que é material opinativo. Na verdade, o Prolance
está desativado, mas é algo temporário. A intenção é retomar o serviço.
Com a implantação do L!Activo 2.0 como rede social do L!,
centramos esforços nisso. A gente percebeu que seria melhor ter uma
comunidade, uma rede social, com todo esse conteúdo, do que ficar
forçando só no jornalismo participativo.
30
26/02/2010 22 252 8,73%
06/03/2010 8 159 5,03%
14/03/2010 3 187 1,60%
22/03/2010 13 210 6,19%
No Lancenet, o usuário enviar vídeos, textos e fotos para o site — o que pode ser
através do Lance Activo e podia ser feito por meio do Prolance, que está
temporariamente desativado.
28
Não é sempre que os fóruns são utilizados no Lancenet. Eles são abertos pelos editores quando surge
alguma informação que seja importante discutir. Em algumas notícias os editores abrem um fórum para
discussão. ―Fóruns‖ é uma das seções que ficam exibidas no alto da página. Além disso, o Lance Activo
deve ser considerado o maior fórum de todos.
31
No Lance Activo, o convite à participação do internauta, com informações fixas nas
páginas incentivando o cadastro e o comentário, é o primeiro passo da interação. Além
disso, há três blogs gerenciados pelos editores do Lance!Activo gerenciados pelos
editores. O Blog do Activo e o Blog De olho no Lance! servem como um guia temático
para o torcedor comentar. Listam as notícias mais importantes e pedem que o torcedor
comente. A demissão do técnico Muricy Ramalho do Palmeiras foi um desses
momentos. O De Olho no Lance postou notícia e fez três perguntas para o torcedor (―O
que você achou da demissão?‖, ―Muricy era o principal problema do Palmeiras?‖ e
―Quem você quer ver no comando do Verdão?‖), pedindo que comentassem (figura 1).
A resposta veio em cascata: 165 comentários. Uma postagem foi chamada na home:
―Muricy: você não era bom pra caramba?‖ (figura 2).
32
Figura 1 – Exemplo de postagem do blog De olho no Lance!, editado pela equipe do
LANCE!ACTIVO 2.0. Disponível em: http://www.lancenet.com.br/lactivo/?opine/Blog/MURICY-
RAMALHO-NAO-E-MAIS-O-TECNICO-DO-PALMEIRAS-COMENTE/44409. Acessado em
10/05/2010.
33
Figura 2 – Exemplo de postagem de um usuário do LANCE!ACTIVO 2.0.
O terceiro blog ―institucional‖ do Lance Activo é o LANCE! Divulgue. Ele foi criado
para que os usuários divulguem os seus novos posts. A intenção é facilitar a
visualização — por parte dos editores — das postagens dos usuários, pois a equipe não
tem condições de pesquisar de um por um. Com o Divulgue, eles vão direto às que
podem interessar. O editor do Lance Activo, Guilherme Gomes 29 , reconhece uma
possível limitação causada pelo uso do Divulgue: o de deixar de enxergar boas
29
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
34
postagens que não tiverem sido ―anunciadas‖ pelo seu autor. Isso pode acontecer caso o
usuário não esteja totalmente ambientado na rede.
Não chega a haver uma troca de informações simultânea entre editor e usuário.
Normalmente os editores selecionam as postagens feitas pelos torcedores sem entrar em
contato direto com eles. Além disso, os editores não modificam o texto do usuário, cujo
conteúdo permanece inalterado na página do seu blog. Por este motivo, entendemos que,
na classificação das formas interação de interação proposta por Primo (interação reativa
ou interação mútua), a relação entre o usuário e os editores do Lance Activo se
caracteriza pela interação reativa.
No que diz respeito à classificação proposta por Quadros (2005) sobre as fases de
interatividade no webjornalismo, detectamos no Lancenet aspectos apontados como a da
quinta fase da interatividade na internet, como a produção de matérias pelos leitores e a
disponibilização de conteúdos audiovisuais por estes, também estão presentes no
30
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
35
Lancenet. No entanto, o sistema não admite comentários do torcedor nas matérias
produzidas pelo próprio site. Os comentários podem, sim, ser sobre matérias do
Lancenet, mas têm de ser feitos no Lance Activo, onde os leitores/usuários também
podem emitir opinião sobre o texto dos seus pares, no blog deles.
Além de ter seu texto recebendo um destaque editorial no Lancenet, o torcedor pode vê-
lo publicado também na edição impressa, o LANCE!, que reserva espaços diários para
opiniões dos usuários do Lance Activo. E no jornal, como na internet, a mensagem do
31
Por home, entenda-se a capa de um portal de notícias.
36
torcedor fica situada entre as demais notícias, e não numa seção isolada de carta do
leitor. Se a intenção é fazer-se ouvir, o torcedor encontra no LANCE! um ―parceiro‖ de
primeira.
32
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
33
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
37
Figura 3 —Parte da lista de notícias do dia 26-02-2010
Das nove postagens listadas, apenas uma não expressa qualquer tipo de opinião em seu
título: ―Corinthians: a volta da defesa menos vazada!‖. Entretanto, a exclamação
transmite a emoção do torcedor, que não cabe na redação jornalística.
38
Postagens como ―Zagueiro inglês Wayne Bridge é um homem de honra!‖34 e ―Ewerthon
vai fazer muitos gols pelo Palmeiras!‖ não possuem sustentação do ponto de vista
jornalístico para entrar em qualquer lista de notícias. A primeira é uma opinião a
respeito de uma notícia, a segunda é uma opinião e, ao mesmo tempo, previsão. Outro
post listado qualifica o time do São Paulo de covarde, algo que também foge à
moderação que se espera de um jornalista.
Ainda que não se proponha a ser um canal de jornalismo participativo, e que o caráter
da participação do público seja eminentemente opinativo, há momentos em que o
torcedor publica notícias de fato, com potencial para publicação pelo próprio site
mesmo como jornalismo participativo. É o caso de uma matéria de um torcedor sobre
uma visita-surpresa do jogador de futebol Cristiano Ronaldo ao Brasil.
34
A esposa de Wayne Bridge o traiu com um outro jogador da seleção inglesa, John Terry, que tentou
cumprimentar o traído em uma partida estendendo-lhe a mão, que Bridge se recusou a apertar.
39
foto-legenda no jornal. Então existem casos como esse, são raros, mas
existem. (GOMES35).
Os editores, diante de uma participação ativa do público, têm como principal trabalho
esta filtragem do que deve ser publicado ou não.
O Lance Activo tem mais de 100 mil usuários cadastrados. Então tem
muito conteúdo publicado que é somente manifestação simples de
torcedor, xingamento. Porém, dentro desse universo de conteúdo, têm
muito conteúdo interessante, análises interessantes e às vezes até uma
informação interessante. Então o trabalho do Lance Activo é tentar
filtrar um pouco isso e pôr em destaque as coisas mais interessantes.
Isso... O grande segredo do Lance Activo é tentar fazer essa edição. É
um trabalho de edição de um monte de conteúdo para um conteúdo
interessante. (GOMES36).
35
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
36
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
40
Gomes37, trata-se de: ―Um comitê oficial, de troca de informações, e que tem um acesso
mais direto à chefia do Lancenet‖. O editor do Lance Activo conta que os usuários são
convocados e vão à redação de suas respectivas praças, São Paulo ou Rio de Janeiro,
para trocar idéias com a equipe de jornalistas. Com essa troca de informações, o veículo
compreende o ponto de vista dos usuários, no tocante à navegação, às informações
disponíveis. São dois os comitês, um no Rio de Janeiro e o outro em São Paulo, cada
um deles com seis a oito integrantes. O primeiro encontro aconteceu no segundo
semestre de 2009.
Esses usuários, que vivem na mesma cidade onde se encontra a redação, participam
desse processo sem receber remuneração, apenas a alimentação e eventualmente
produtos da marca LANCE!. Essa voluntariedade endossa as teorias de que o novo
público nos meios de comunicação realmente deseja colaborar para o desenvolvimento
do jornalismo, como professava Gillmor (2005).
No Lance!NET, não se pode falar que a tão propalada inversão de papéis entre o
jornalista e o leitor nos meios de comunicação já esteja ocorrendo. Por outro lado, há
uma associação do conteúdo de ambos, que coexistem lado a lado no site como no
jornal. Ambos tomam parte na produção de sentido do veículo. Esta experiência mostra
que a informação especializada pode ser complementada por uma opinião
assumidamente parcial de um leitor como qualquer outro. Trata-se de um
posicionamento salutar, por favorecer a diversidade de pontos de vista.
Várias empresas têm pensado formas de se adaptar a esta nova fase da comunicação
social, como observa Quadros:
37
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
38
Entrevista concedida ao autor deste trabalho em 02/02/2010.
41
[...] no ciberespaço, as alternativas disponíveis ao usuário permitem que
ele tenha voz ativa, alguém que o escute — ainda que isso signifique
uma única pessoa — e um lugar para obter informação relevante do seu
ponto de vista. Com isso, os meios de comunicação tradicionais e as
suas versões digitais voltam a se preocupar com a possível migração de
sua audiência para blogs ou outras experimentações interativas na rede
mundial dos computadores. Na tentativa de reconquistar e/ou ampliar o
seu público, empresários da comunicação olham com mais seriedade as
mudanças em seu entorno, buscando adaptar e até criar algumas idéias
que atraiam o usuário/ leitor/ telespectador/ ouvinte (QUADROS, 2005,
p. 4).
42
6 BLOG DO TORCEDOR
Apesar de ser um blog, o Blog do Torcedor apresenta um ritmo de produção que mais se
assemelha ao de um site de notícias, tanto pela alta média de posts diários quanto pelo
tipo de conteúdo que veicula. Os blogs de jornalismo já se estabeleceram e tornaram-se
importantes na comunicação pelo caráter mais analítico de suas publicações; o Blog do
Torcedor também se vale desse estilo mais opinativo, no entanto possui uma ligação
muito forte com as notícias factuais, sobretudo a notícia de primeira mão. A
instantaneidade da informação é muito prezada no Blog do Torcedor39, cuja equipe, em
diversas situações, dá prioridade à publicação integral do conteúdo (que pode ser em
áudio, texto ou vídeo) colhido junto às fontes, como, por exemplo, nas entrevistas de
depois dos jogos, deixando para um segundo momento o desenvolvimento de análises
dos eventos. Por conta dessas particularidades, nesta pesquisa considera-se que o Blog
do Torcedor faz webjornalismo.
Desde seu nome, o blog carrega a mensagem de que o torcedor deve ter um tratamento
diferenciado nos meios de comunicação. O nome sugere que o blog pertence ao torcedor
e antecipa que é um local onde ele pode se expressar a respeito dos acontecimentos da
área do futebol. Em seu funcionamento, o Blog do Torcedor oferece espaços para que o
público participe das discussões sobre o futebol.
39
Além da instantaneidade, outra característica-chave do webjornalismo que se faz presente com
destaque o Blog do Torcedor é a memória. O blog desempenha um papel essencial que é o armazenar
eletronicamente todo o volume de dados publicados em si. Assim, os conteúdos publicados pelo site
podem ser resgatados pelos sistemas de busca de forma infinitamente mais fácil em comparação com
outros meios.
43
Existem duas formas fundamentais de participação no Blog do Torcedor: os
comentários e o Torcedor no Mundo. Os comentários podem ser feitos em quaisquer
postagens do blog, após o internauta se cadastrar no próprio site. Eles podem conter
relatos de situações passadas pelo torcedor, denúncias, análises dos times e das partidas
e sugestões de postagem e de pautas. Vários comentários vão ao ar diariamente; porém
antes passam por moderação, feita pela equipe. A incidência de comentários no Blog do
Torcedor é alta e chegou a 102 somente nos dois primeiros dias de recorte do nosso
corpus restrito, 02 de fevereiro e 10 de fevereiro.
44
http://jc3.uol.com.br/blogs/blogdotorcedor/canais/torcedornomundo/2010/02/18/alvirrubros_em_ma
drid_64291.php
45
Figura 5 – Texto de um torcedor alertando possível briga de torcidas e criticando a tabela do
Campeonato Pernambucano foi postado do dia 10-02-2010. Disponível em:
http://jc3.uol.com.br/blogs/blogdotorcedor/canais/noticias/2010/02/10/possivel_confronto_entre_tor
cidas_na_volta_do_agreste_63697.php. Acesso em 10/05/2010.
Outro caminho para a informação ou a opinião do internauta ser publicada como post no
blog é o envio de e-mail à equipe, que decide quanto à publicação ou não. Na postagem
retratada na figura 5 há um exemplo disso. O comentário do internauta Roberto Corrêa,
de caráter informativo e opinativo, foi publicado pela equipe do Blog do Torcedor.
Trata-se de uma das 20 postagens com conteúdo gerado ou sugerido pelos internautas
que detectamos no corpus restrito deste trabalho.
Entre essas postagens, sete são de Torcedores no Mundo e três outras trazem fotos de
torcedores no Brasil em contextos especiais — um bebê vestido de Santa Cruz, um
torcedor do Sport mergulhando perto de corais exibindo o short do time do coração e
um grupo grande de torcedores do Santa Cruz brincando Carnaval vestindo as cores do
time. São, portanto, dez publicações ancoradas por imagens e com um caráter de
entretenimento.
46
Figura 6: Enquete no Blog do Torcedor sobre a demissão de treinador do Náutico. 18-02-2010.
Disponível em: http://jc3.uol.com.br/blogs/blogdotorcedor/canais/emquetes/2010/02/18/
o_nautico_acertou_ao_demitir_macuglia_64287.php. Acesso em 10/05/2010.
47
a ampliação da participação no Blog do Torcedor. Para isso, é importante que o blog
estimule e oriente o internauta a dar a sua contribuição.
48
Figura 7: Reportagem produzida por internauta do Blog do Torcedor. 15/11/2010. Disponível
em:
http://jc3.uol.com.br/blogs/blogdotorcedor/canais/noticias/2010/11/15/microfone_para_a_torcid
a_do_flamengo_57665.php Acesso em 10/05/2010.
49
Na reportagem que se pode visualizar acima (figura 7) o internauta Guilherme Rocha
faz um relato de um acontecimento que viu da janela do seu apartamento, de onde tem
uma visão clara do Estádio dos Aflitos, do Náutico. Ele denuncia que a equipe da
emissora de televisão que transmitira o jogo entre o Náutico e o Flamengo amplificou o
som da torcida do time carioca, o que ele classifica como um ―comportamento
tendencioso em favor dos times do eixo Sul–Sudeste. Como prova do ocorrido enviou
fotos do microfone que foi instalado. A publicação desta matéria mostra que o Blog do
Torcedor tem interesse em aproveitar a tendência de os internautas se tornarem
produtores de conteúdo, a fim de que eles desempenhem participação mais ativa e
acrescentem informações e notícias que a equipe do blog possivelmente não teria.
Um momento em que o internauta pode participar durante o desenrolar dos fatos que
levam à notícia são as coberturas ao vivo que o Blog do Torcedor realiza em ocasiões
que a equipe entenda como especiais. Uma delas foi um jogo entre Náutico e Santa Cruz,
um clássico do futebol pernambucano, no dia 21 de março, situado no corpus ampliado.
O Blog do Torcedor utilizou um serviço chamado Cover It Live40 para a cobertura da
partida. O Cover It Live (www.coveritlive.com) permite ao jornalista e aos leitores a
transmissão de informações em tempo real, no entanto a mensagem do leitor passa por
moderação do jornalista, podendo ser vetada. Nesse espaço faz-se possível a troca de
informações entre os leitores e o jornalista, que interage respondendo perguntas. Ainda
podem ser criadas várias enquetes para o público.
40
O Cover It Live (www.coveritlive.com) também é utilizado pelo JC Online em eventos de grande
mobilização do público, como Carnaval e eleições.
50
No Blog do Torcedor o internauta se situa próximo da equipe de jornalistas. Ele
participa do processo noticioso através das sugestões de pautas, linkagem para matérias
publicadas em outros sites, alertas quanto a erros de reportagem, de modo que acaba por
fornecer conteúdo. Nesse contato entre internauta e jornalistas, verifica-se o modelo
bilateral de interatividade, na classificação proposta por Ward (2006). Os jornalistas do
blog atuam como filtro, canalizando a produção de conteúdo e a mensagem recebida.
Com relação aos tipos de interação que Primo (2004) classifica, a mútua e a reativa,
percebe-se nas enquetes, nos comentários sobre as publicações e também no e-mail uma
interação reativa, com códigos pré-estabelecidos. No entanto quando o jornalista retorna
a mensagem do leitor, por exemplo, pedindo uma informação mais detalhada, acontece
aí uma interação mútua.
51
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
52
Percebemos, neste percurso, avanços no sentido de tornar o internauta parte do processo
noticioso. Encontramos um cenário em que leitores e jornalistas se aproximam, no
entanto de formas diferentes.
No Lancenet os textos dos usuários do Lance Activo convivem lado a lado com os
textos dos jornalistas, de um modo que pluralizam as vozes e enriquecem-nos com
pontos de vista que podem se complementar — a informação dos jornalistas mais a
opinião dos internautas. Ainda falta um entrecruzamento de conteúdos, uma abordagem
mais ampla dos responsáveis pela publicação das notícias, uma tentativa de canalizar o
que o público tem a dizer. Mas, de todo modo, pode-se considerar essa visibilidade
conferida às mensagens do internauta como um avanço no webjornalismo. O Lance
Activo é um serviço interessantíssimo, por congregar uma rede social especificamente
sobre um tema que mexe com os corações dos brasileiros.
Analisar o Blog do Torcedor, por sua vez, nos colocou diante de proposta e raio de
atuação diferentes do Lancenet, o que nos permite fazer contrapontos no tocante às
estratégias para trazer o público para o site. O internauta está mais próximo da equipe de
jornalistas do Blog do Torcedor, se comparado ao Lancenet. Existe uma comunicação
menos burocrática; quando um internauta faz uma observação acerca de uma publicação
ou sugerindo nova, e o jornalista altera o conteúdo que havia publicado antes ou vai
apurar esta nova história, trata-se de uma interação mútua, o público intervindo no
modo de se fazer jornalismo, mesmo que não seja um repórter.
53
Talvez por se tratar de esportes, um campo que, mesmo com toda a importância cultural
na sociedade brasileira, não afeta diretamente o rumo do País — exceto, talvez, por
situações extraordinárias, como a realização da Copa do Mundo de 2014, envolvendo 12
capitais nacionais — o caráter da participação do público permaneça sendo menos de
informação, como é hoje. No entanto, mais uma vez, o jornalismo encontra no campo
esportivo um gérmen de novas práticas que podem se estender por outras editorias.
54
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
55
FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo: Contexto, 2003.
FRANÇA, Lilian Cristina Monteiro; LIMA, Larissa Ferreira Santos; COSTA FILHO,
Ricardo Gomes; SANTOS, Alysson Prado dos. A participação do leitor no
webjornalismo como vetor de desenvolvimento: O caso do texto fotográfico no portal
de notícias da Globo - G11. Intercom, 2009. Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-2391-1.pdf. Acesso em:
10 maio 2010.
GILLMOR, Dan. We the Media: Grassroots Journalism by the People, for the People.
Lisboa: O'Reilly Media, 2004. 320p. Disponível em:
http://oreilly.com/catalog/wemedia/book/index.csp. Acesso em: 10 maio 2010
56
O‘REILLY, Tim. O que é Web 2.0: Padrões de design e modelos de negócios para a
nova geração de software. 2005. Tradução: Miriam Medeiros. Revisão técnica: Julio
Preuss. 2006. Disponível em:
http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/especial/docs/200905-oqueeweb20.pdf. Acesso
em: 10 maio 2010.
PAVLIK, John. Journalism and new media. New York: Columbia University Press,
2001.
57
Comunicação Midiática) Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – UNESP,
Bauru, 2005.
58
APÊNDICE 1
Pesquisador: Eu tinha percebido isso já e foi o que me levou a estudar. O que mais me
chamou a atenção na observação preliminar foi que as notícias do Lance!Activo são
chamadas na lista de últimas notícias do Lancenet
Guilherme Gomes: Isso, exato.
59
coisa eminentemente opinativa, e de responsabilidade dos leitores. É uma forma de
valorizar a opinião dos leitores, mas tem que estar claro que tem uma diferença, uma
fronteira entre a informação oficial do LANCE! e a informação dos leitores. Existe essa
fronteira e a gente mostra isso.
Pesquisador: Eu percebi já que havia a diferenciação, que logicamente está listado lá. E
é visível que não é escrito pelo LANCE!, vai na página do próprio torcedor. Mas ao
colocar na lista de últimas notícias será que o LANCE! não acrescenta nenhum valor
jornalístico ao ser publicado? Como artigo ou crônica?...
Guilherme Gomes: Acrescenta.
Pesquisador: Então, o que eu quero ver é justamente isso, porque até nessa parte teórica
dos estudos prévios, do anteprojeto, qual seria a teoria que eu utilizaria na análise, eu
quero ver até que ponto a gente pode considerar essa experiência do Lance Activo como
uma experiência de jornalismo participativo. Você está me dizendo que é uma
proporção bem reduzida.
Guilherme Gomes: Bem reduzida. Tanto que na editoria de interatividade tinha um
ícone que se chamava Prolance, que seria o jornalismo participativo. A gente percebeu
que o jornalismo participativo não é tão simples de ser feito, porque você precisa
orientar as pessoas como fazer... E acaba sendo que as pessoas acham que estão fazendo
jornalismo participativo, mas estão fazendo opinativo. E então até dentro disso a gente
percebeu que seria melhor ter uma comunidade, uma rede social, com todo esse
conteúdo, do que ficar forçando só no jornalismo participativo.
Pesquisador: Eu estava olhando que o Terra tem o canal dele que é o VC Repórter, e lá
tem as instruções de como enviar o vídeo... Mas assim, embora vocês tenham
constatado essa dificuldade de buscar o jornalismo participativo no momento, vocês
acham que é uma coisa que ainda está para ser mais trabalhada depois?...
Guilherme Gomes: Não, eu acho que é uma coisa que já existe, é uma coisa real, que
não vai acabar e vai aumentar no mundo inteiro. Só que talvez com a velocidade menor
do que se imaginava. Então você pode ver nas experiências da CNN, da BBC, do Terra
aqui e em outros, que acaba você tendo menos conteúdo de jornalismo colaborativo do
60
que se imaginava que se teria há um tempo atrás. A gente vai continuar tendo, nós
temos isso, e... Mas a gente acha que a rede social acabou congregando mais pessoas,
sendo mais interessante como ferramenta.
Pesquisador: E assim, no jornalismo, os textos que se tem mais proximidade são essas
áreas opinativas. Crônicas, etc...
Guilherme Gomes: Isso, mais nessa área.
Pesquisador: Quais são os benefícios e os riscos que o site imaginava que ia encontrar
nesse processo do Lance Activo?
Guilherme Gomes: Benefício: a gente oferecer um serviço a mais para os usuários. Essa
coisa de interação, eles gostam muito de compartilhar opinião, fotos, imagens, e tal... E
de dificuldades, problemas, essa questão de deixar claro que são coisas distintas, uma
coisa é uma rede social, uma coisa é uma informação oficial do Lancenet, e que a gente
já teve uma ou outra pessoa dizendo: ―pô, mas isso aqui parece ser oficial, tal‖, então a
gente procura deixar claro isso.
Pesquisador: Você falou em 40 mil visitantes únicos por dia, isso aí você inclui
visitantes na página ou diariamente 40 mil usuários se logam?
Guilherme Gomes: Não, 40 mil visitantes se logam, não é Pageviews.
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Pesquisador: Mas se eu estiver deslogado e entrar ele conta?
Guilherme Gomes: Não conta.
Pesquisador: Você falou das dificuldades e dos benefícios, mas isso é o que vocês
imaginavam ou também o que estão constatando?
Guilherme Gomes: A gente não tinha muito, não imaginava, por ser uma coisa muito
nova, a gente não imaginava antes dos acontecimentos, é algo que a gente constata
agora.
Pesquisador: Falar um pouco assim dos critérios sobre seleção para publicação na
internet.
Guilherme Gomes: Pela qualidade do conteúdo. Ou pela originalidade, ou pela
qualidade ou pela opinião controversa. Aí vai depender de cada conteúdo, mas a gente
escolhe. Por esses critérios.
Pesquisador: Eu percebi um detalhe que os comentários não são liberados nas notícias
do Lance!, né? Do Lance! mesmo, ao contrário de alguns sites. E por que isso? Ele era
antes e deixou de ser?
Guilherme Gomes: Porque... Primeiro tem a questão técnica, que isso representa uma
coisa técnica para servidores, para peso, então... Primeiro tem isso. E segundo e mais
importante foi que a gente tava vendo que tinha muito post ofensivo, briga, então, nós
fizemos todo tipo de coisa no Lancenet. Já teve épocas de com pré-aprovação de
mensagem, que demanda também, na hora que você tem um volume muito grande, você
tem que ter gente para fazer, se não você não dá conta. Já fizemos com liberação de
mensagem total, daí já teve muito problema de xingamento, muita briga, muito post
ofensivo. Então daí com o Lance Activo aberto, a gente optou pelas notícias do
Lancenet fechadas, mas com possibilidade de abrir, ou seja, algumas delas são abertas
para fórum, e o Lance Activo ser aberto no momento. É o que acontece.
Pesquisador: Eu até tentei, tinha uma questão lá ―clique aqui para postar isso no Lance‖,
um ícone que dizia para clicar ali para ir para o Lance, e eu pensei que o conteúdo
apareceria no meu lance activo como uma citação para que eu pudesse escrever no
Lance Activo. Terminou que eu achei que dava para fazer uma coisa no Lance Activo e
não consegui...
Guilherme Gomes: O que tem é o seguinte, quando abre uma postagem de uma notícia
do Lancenet, chama-se fórum. Você manda a sua mensagem e vai para uma relação de
fóruns, mas não vai para o Lance Activo, ainda falta um pouco de integração nesse
ponto.
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não está em todas as notícias, em algumas notícias que os editores querem que tenha o
fórum aberto eles abrem esse fórum.
Pesquisador: Vocês têm os usuários do sistema não é? O Lance Activo. Como é isso aí?
Guilherme Gomes: São os oficiais. São três usuários oficiais. O Blog oficial do Activo.
Depois tem o Divulgue, que é o blog de divulgação, que os usuários põem lá para
divulgar. E o terceiro é o ―De Olho no Lance‖, que é um blog para levantar temas para
as pessoas participarem.
Pesquisador: Na questão dos fóruns, o fórum não poderia ser um desses blogs aqui?
Guilherme Gomes: Poderia, mas o sistema ainda não está integrado para isso. O fórum é
aberto no Lancenet, separadamente disso. Na verdade os dois acabam tendo a mesma
função. Às vezes você tem no Lancenet o fórum aberto, é que são poucos os fóruns
abertos. Por isso...
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o Lancenet, para mudar um pouco esse viés só da notícia, e daí o Lancenet passou a se
aprofundar nas notícias, então tem muito mais análise, conteúdo diferenciado mesmo, e
isso aí culminou nesse crescimento.
Pesquisador: E essas análises estão entrando nas próprias notícias ou como posts e
comentários...?
Guilherme Gomes: Eu digo análises oficiais, tão entrando como análises oficiais, tão
entrando como agregados nas notícias. Vou dar um exemplo: Robinho no Santos. Além
de ter a notícia de Robinho no Santos, o Lancenet passou a ter muito material de apoio.
Então, especialistas do Lance analisam como o Robinho vai jogar, jogadores que já
atuaram com Robinho falam sobre como acham que vai ser o retorno, veja aqui uma
galerias de foto do Robinho na carreira. Muito hiperlink, muito hipertexto, muito
conteúdo agregado.
Pesquisador: Você teria como falar de um comparativo no que o Lance Activo pode ter
acrescentado aos acessos gerais do Lance!NET...
Guilherme Gomes: Chegamos a ser entre 5% e 7% do volume total de acessos do
Lancenet. Hoje diminuiu isso porque o Lancenet cresceu, mas o ACTIVO também está
crescendo. Então eu diria que se o ACTIVO tiver 10% do volume do Lancenet seria
uma vitória tremenda, porque o Lancenet tem hoje 1,5 milhão de visitantes por dia.
Bateu 1,8 mi, mas a média é 1,5 mi. Se o ativo tiver entre 5% e 10%, ou seja, de 75 a
150 mil visitantes por dia, é uma rede social de peso.
Pesquisador: Como você disse, vocês começaram sem uma noção precisa de quantos
usuários poderiam alcançar...
Guilherme Gomes: É, a meta era atingir a 50 mil visitantes até o final de 2009.
Chegamos muito perto disso, e em alguns momentos estivemos acima disso. Então
estamos batalhando para ter essa média permanente de 50 mil, seria o primeiro passo,
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em termos de objetivo de audiência. Mas aí tem outras metas correlacionadas. Metas
comerciais, metas de conteúdo, tem outras coisas.
Pesquisador: Com relação ao jornal, vocês mesmo da editoria do Lance Activo que
selecionam o que vai para o jornal?
Guilherme Gomes: A gente seleciona, o Lance Activo é que seleciona o que vai para o
jornal.
Pesquisador: Eles dizem o que tem de espaço e vocês colocam o que tem de melhor...
Guilherme Gomes: Isso, e às vezes até o caminho inverso. Se tiver um conteúdo muito
legal ou forte de algum assunto, a gente sugere que tenha determinado espaço e abre o
espaço.
Pesquisador: Digamos que o texto esteja muito bom, mas tenha um palavrão, vocês não
podem removê-lo?
Guilherme Gomes: Não... A gente dá total liberdade, a ferramenta não permite que a
gente mexa no texto de alguém. Isso até causa algum prejuízo, às vezes tem isso que
você falou: um conteúdo legal, mas uma citação extremamente discriminatória que eu
não posso deixar em aberto...
Pesquisador: A última pergunta que eu tenho é com relação a essa coisa de agenda.
Fala-se muito em agenda setting na comunicação, de que o torcedor, o cidadão comum
vai reagir de tal maneira à medida que for estimulado pelo conteúdo, que lhe vem muito
à cabeça, não sai da cabeça. Nesse sentido eu quero saber se o que entra de postagem é
preciso já ter sido noticiado pelo Lance!, é preciso ser um assunto já trabalhado pelo
Lance!?
Guilherme Gomes: Pode entrar, não tem. Se a gente chegar nesse ponto é até o ponto
ideal...
Pesquisador: Falar um pouco sobre as dificuldades que vocês tem tido... Os cuidados
para ter com o Ctrl+C e Ctrl+V e aí então tu fala um pouco desse problema que teve
com o Kia Joorabichian.
Guilherme Gomes: Voltando às dificuldades, uma delas é identificar conteúdos que
sejam copiados e colados de outros sites ou veículos de comunicação. E que são
simplesmente o cara dá o Ctrl+C num site e cola no Blog dele, e daí divulga. E ele não
vai dar a fonte, não tem crédito, e a gente tem que saber identificar isso para a gente não
divulgar uma coisa que não é nossa. Outra coisa é a questão jurídica. Já tivemos casos
de um post opinativo ter alguma acusação sem prova, infundada, e que dá margem para
um processo jurídico de calúnia e difamação, como já houve. Um cara fez um post
sobre o Kia Joorabichian, por exemplo, chamou o Kia de pilantra, e a gente foi
contatado pelo jurídico do Kia, porque tava sendo divulgado no Lancenet. Então tem
que ter um cuidado nessa filtragem para não correr esse risco.
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Pesquisador: Esse caso já se resolveu?
Guilherme Gomes: Se resolveu rapidamente. Primeiro a gente explicou para ele que é
uma rede social, apesar disso tem a margem jurídica de ser conteúdo do Lancenet. Então
foi combinado que a gente tirou aquilo do ar imediatamente, e redobrou a nossa atenção
com relação a isso, e não teve maiores problemas.
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Pesquisador: E como é esse plano que você falou de remunerar o leitor, é só para o
jornal?
Guilherme Gomes: O Activo é a rede social. O Prolance, que é o participativo, está
ligado, assim, tem pontos em comum com Lance Activo, mas é diferente, é puramente
jornalismo participativo. E lá tem umas regras de que se um cara faz um conteúdo e esse
conteúdo vai parar no jornal como jornalismo informativo, ele até pode ser remunerado.
Pesquisador: Acho que vou ter que acrescentar no meu projeto um estudo sobre o
Prolance também, não é?
Guilherme Gomes: É, é, na verdade é o seguinte: é que o Prolance foi lançado, daí como
teve essa retração do jornalismo participativo... A gente imaginava que seria uma coisa,
que teria um volume grande e tal. Como ele ficou pequeno, ele tava numa plataforma do
Lancenet anterior, então se você entrar hoje, hoje, você não consegue entrar no Prolance.
A gente está reatualizando o projeto.
Pesquisador: Poderiam buscar ver se fazem o Prolance para ser no próprio Lance
Activo, não é?
Guilherme Gomes: É... Na verdade a ideia é ter os dois, mas no Lance Activo. Dentro
do Lance Activo tem um iconezinho de jornalismo participativo.
Guilherme Gomes: Tem mais só uma coisinha, rapidinho, das dificuldades, uma agora
que eu lembrei: agressão entre usuários, por exemplo, xingamentos e ameaças. Já
tivemos casos disso. Então a gente teve de intervir, de cancelar conta, suspender, tem
uma série de ferramentas de punição entre aspas, mas já tivemos situações como essa,
de ter isso. Quando você mexe numa rede social, você está sujeito a bastante coisa.
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os outros. E é sobre um tema, futebol, basicamente futebol e esporte, que é muito
apaixonante, por isso que eu acho que cria esse vínculo muito grande. Então tem gente
que passa horas dentro do Activo, é fácil você perceber isso pelo volume.
Pesquisador: Tem alguma relação, vocês se inspiraram de alguma forma no Orkut, que
é a rede social mais forte no Brasil?
Guilherme Gomes: Então, o Orkut, é lógico, tem uma base de inspiração no Orkut. Mas
não é bem fazer um Orkut do futebol, mas é lógico que o Orkut é uma base de todas as
redes. E claro que intimamente tinha o Orkut como fonte, mesmo que seja de uma
forma primária. Mas olha mesmo como as coisas mudam, né? Hoje o Orkut está até
relegado ao segundo plano, e o Twitter hoje em dia entrou como a rede da moda. Qual
vai ser o próximo? O que a gente percebe é que o do futebol, quando você tem uma rede
segmentada, ele marca muito e fica muito viciante. Por exemplo, a pessoa pode ter o
mesmo blog, tem muita gente que tem o blog no Activo e replica o blog no Wordpress
ou Blogspot, e eles falam isso: ―Pô, mas no Blogspot eu tenho mais ferramentas, no
Wordpress eu tenho mais ferramentas e melhores que o Activo, mas eu não sinto a
satisfação porque eu não sinto tanto a interação‖. Porque lá tem blog de todos os
assuntos, no Blogspot tem blog de Astrofísica e de Futebol; no Wordpress a mesma
coisa. Então fica uma coisa mais ―perdida‖, mas vasta. Quando você está numa rede só
de um tema, a interação aumenta.
Pesquisador: Existe algum caso em que um usuário do Lance Activo tenha ganhado
uma notoriedade acima da média?
Guilherme Gomes: Aqui a gente tem um caso curioso. Essa menina, a Fanni, era uma
das primeiras blogueiras do Lance Activo, ela tinha um blog de futebol inglês. O
conteúdo era tão bom que não só a gente chamava no Lance Activo e no LANCENET
como ela foi chamada para um grupo de usuários mais participativos e acabou virando
colunista oficial da revista FUT, a nova revista do Lance, como comunista e blogueira
do Lance Activo. Ou seja, mostra essa coisa da interação do usuário e do leitor não
querer ser um agente passivo mais no mundo da informação, e sim um agente ativo.
Saíram ganhando ela, o Lance, os usuários, e o Lance Activo.
Pesquisador: É uma coisa que pode acontecer com mais outras pessoas, não é?
Guilherme Gomes: Certamente. Isso pode acontecer a qualquer momento e acontece,
gente que vira colunista. Por exemplo, recentemente a gente teve no final do ano,
colunas grandes, oficiais, do Lance! (jornal), abertas para os usuários. Então nós
escolhemos um conteúdo realmente diferenciado para ocupar um espaço nobre no jornal
durante o mês de dezembro. Isso aconteceu, e colunistas do Lance Activo que fizeram
isso.
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Lance Activo.‖ Dão parabéns entre eles, ou seja, cria-se um mundo de participantes e
que lutam por espaço também.
Pesquisador: Fale um pouco sobre os benefícios que você sente que o ACTIVO tem
trazido ao Lance!
Guilherme Gomes: Na questão de benefícios, uma questão que a aconteceu a partir do
Lance Activo. Foi que a gente percebeu essa coisa da interatividade nas mídias sociais e
criamos um produto viral, junto com o departamento comercial do Lance. Então por
exemplo, uma universidade quis fazer um trabalho de divulgação de um seminário que
ela tava fazendo, e fez um trabalho no Lance Activo e nos virais do Lance NET. O que é
que significa isso: usuários do Lance Activo, quatro ou cinco, foram contratados pelo
Lance para fazer um trabalho de 15, 30 dias, para a divulgação desse seminário.
Divulgação de viralização, em redes sociais, Orkut, Facebook, Twitter, dentro do Activo,
enfim, em todo tipo de rede. Ou seja, já é um serviço a mais, uma coisa que veio depois
do Lance Activo, na esteira do Lance Activo. Outra coisa: a gente tem um comitê de
usuários do Lancenet, Lance Activo, usuários mais participativos, que às vezes são
convocados e vêm na redação de São Paulo ou do Rio, para trocar idéias com a gente,
para mostrar o ponto de vista dos usuários, e para a gente sentir também como que é a
navegação, o que é que eles tão achando, enfim, uma troca de informações.
Pesquisador: Esses usuários são convidados, o Lance paga a hospedagem deles, como é
isso?
Guilherme Gomes: O Lance paga tipo alimentação, na verdade a pessoa mora na mesma
cidade e é convidada a participar se quiser...
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Guilherme Gomes: Unisanta.
Pesquisador: E como é que foi que vocês avaliaram o resultado dessa ação, através dos
usuários?
Guilherme Gomes: Então, na verdade foi um resultado, ainda é meio subjetivo, difícil
de avaliar, porque tivemos algumas peculiaridades, tipo o dia do seminário era um dia
ruim de meio de semana, a grade de palestrantes foi definida muito em cima da hora, e
isso prejudicou. Não deu para medir, mas deu para saber que existe e é um tipo de
serviço a ser feito.
Pesquisador: Eu li uma matéria um dia desses falando que nos Estados Unidos e em
outros lugares já se começa a ter merchandising no Twitter, e vocês fizeram isso no
Lance Activo...
Guilherme Gomes: É a viralização, não só o merchandising no Lance Activo, isso é
uma coisa, merchandising na rede social. A outra coisa é a viralização, é você pegar
usuários ―normais‖, como se fosse eu e você, só que nós vamos divulgar um
determinado produto, mas não de forma oficial, como se eu fosse um... não é um
anúncio oficial, mas eu vou estar falando ―pô, que legal, você viu que lançaram tal
produto...‖
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