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isl
Rat.
isorerel can
Temas Livres
ip ISSN 1984-6924
Cristina Ponte1
feugait,
upupaqusmupsuscpepaeaq agun
Resumo
bla
na vida de crianças, a que não é alheia também uma escassa atenção aos direitos
comunicacionais consignados pela Convenção dos Direitos da Criança, de 1989.
endrem
con
Palavras-chave:
Jornalismo comparado, Comunidade interpretativa transnacional, Crianças e internet, EU Kids
Online
venis
duis
Journalists as a transnational
interpretative community
am,
Abstract
inautat.
cação pela Universidade rights expressed by the UN Convention on the Rights of the Child.
Nova de Lisboa, onde
leciona no Departamen- Key words:
nonse
to de Ciências da Comu- Comparative journalism, Interpretative community, Children and the internet, EU Kids Online
euai
cte
feu
bla
feugait,
Duipiscinibh
Jornalistas como comunidades interpretativas
ad
Neste artigo, pretendemos testar o conceito de “comunidade
interpretativa transnacional”, na verificação desta cultura no
que se refere aos modos como recortam eventos e apresentam
facilisl
adio
as respectivas peças noticiosas, em jornais de países geografica-
modolore
mente próximos mas com significativas diferenças culturais. Ao
fazê-lo, estamos a incidir na dimensão comparada do estudo do
jornalismo centrada nas notícias e nas suas narrativas, diferente
da centrada nos sistemas mediáticos nacionais e nos modos como
marcam o jornalismo de cada país (por exemplo, Hallin e Manci-
sequam
con
ni, 2004).
O conceito de comunidade interpretativa lançado por Zelizer
lorer
(1993) acentua um olhar sobre os jornalistas que se diferencia
er
da visão profissional sobre a sua atividade, ao sublinhar a coesão
com que manifestam uma cultura comum nas formas de aprecia-
ção das ações do presente, cultura essa que se realiza no proces-
venis
si
so noticioso3. Essa cultura traduz-se por performances, rituais e
narrativas comuns, aprendidas no ambiente das redações, onde
el
endrem
dolobore
adquirem três tipos de conhecimento: 1) saberes de reconheci-
blam
mento, como situar jornalisticamente um evento; 2) saberes de
cillan
procedimento, como desenvolver um tema, que fontes ouvir, que
dolobor
am,
métodos usar para contactar e interrogar fontes, como gerir o
1
A autora agradece a
colaboração de Joke Bauwens
tempo; e 3) saberes de narração, como apresentar fatos de uma e Giovanna Mascheroni, na
forma jornalística sustentada (Ericson, Baraneck e Chan, 1989).
Zelizer destaca igualmente que importa dar atenção não só aos
“modos como os jornalistas atribuíram a si próprios o poder de
interpretação” mas também à repetição do mesmo esquema nar-
nostrud
escrita de um capítulo comum
(Ponte, C., Bauwens, J., &
Mascheroni, G. (no prelo).
Young People and Internet in
ea
the News: Agency, Voices and
coreet
Agendas. In S. Livingstone &
ulputpat,
rativo, que “pode ter tanto a ver com a coesão entre os jornalistas
L. Haddon (Eds.), Children
quanto com a compreensão das audiências ou o reforço das men- Online: Opportunities and
in
sagens” (Zelizer, 1993: 36). Risks. London: Policy Press.
feu
O conceito identifica ainda a importância de imaginários comuns Ainda que incida sobre o
tat
mesmo corpus, o artigo
referentes aos enquadramentos interpretativos mobilizados na tra- aqui presente segue um
auguero
velit
dução jornalística da experiência por relações de comunicabilidade enquadramento teórico
com o auditório. Zelizer (1993: 40-42) distingue dois modos de como diferente, focado nos processos
jornalísticos.
euait
os jornalistas se atribuem o poder de interpretação: o modo local e o
lummolore
facilla
mente, o segundo é marcado por um tipo de “autoridade cultural” que Convenção dos Direitos da
permite aos jornalistas compensarem a sua ausência direta dos acon- Criança; engloba crianças e
quisim
adolescentes.
tecimentos que reportam e que os legitima a invocarem ocorrências
uatem
do discurso jornalístico
discurso mais amplo sobre a reportagem de guerra ou a cobertura
amc
adio sequam
Duipiscinibh
Por sua vez, Kitzinger (2000) refere como certos enquadra-
mentos associados a acontecimentos traumáticos progrediram
até se tornarem moldes mediáticos4, com um olhar mais rígi-
do e acentuado, que convoca a história passada. No campo da
con venisam,
exerostin
modolore
infância, o caso Bulger (a morte de uma criança de dois anos,
provocada por dois rapazes de 10 anos) ocorrido em 1993 no
Reino Unido, ou o caso Dutroux (sequestro, abuso sexual e mor-
te de crianças e adolescentes) na Bélgica, em 1996, tornaram-se
moldes respectivamente para enquadrar histórias de condutas
agressivas de crianças e crianças vítimas de violência sexual e
pedofilia. Como refere a autora, usados de forma rotineira para
sublinhar uma perspectiva, estes moldes são recursos retóricos
er
que ajudam jornalistas e audiências a darem sentido a novas
histórias, são instrumentais na configuração das narrativas em
torno de problemas sociais particulares e orientam a discussão
si
pública não apenas sobre o passado mas também sobre o pre-
nostrud
el
sente e futuro.
endrem
dolobore
Nesta linha, vamos olhar a interpretação cultural sobre crian-
blam
ças e internet na perspectiva de que a sua cobertura não pode ser
dolobor
dissociada do discurso perene sobre os efeitos negativos dos me-
coreet
dia nas crianças, dos comics ao cinema, da televisão à internet
(Murdock, 1997; Drotner, 1999). Seja porque se considera que
afecta a inocência dos mais novos, ou que desencadeia processos
de imitação e de exibição do irracional, desde o século XIX que
nas notícias sobre crianças e mídia se encontra a reverberação
ea
do mesmo receio pelo que possa acontecer de maléfico à criança
quando acede a jornais, “livros de quadrinhos”, filmes, televisão
in
ou jogos eletrônicos (“causa” muito apontada no caso Bulger).
eugait,
Pretendemos verificar essa interpretação comum, notando se
nonsectem
feu
tat
há semelhanças e diferenças nas escolhas do que noticiar nos pa-
íses do norte e do sul europeu, entre culturas latinas, anglo-saxó-
nicas ou escandinavas. Um outro propósito é a exploração da ten-
auguero
velit
são entre o (novo) enquadramento das crianças pelo lado dos seus
direitos de cidadania, entre eles os de comunicação, na sequência
lummolorem
facilla
cte
feu
bla
feugait,
Duipiscinibh
O contexto e as condições do estudo
ad
Este estudo comparado decorre do Projecto EU Kids Online,
liderado por Sonia Livingstone e que envolve investigadores
de 21 países europeus. Para identificar discursos públicos, foi
facilisl
adio
realizada uma análise de imprensa de dois meses (outubro e
modolore
novembro de 2007) sobre jornais com diferentes perfis (de re-
ferência ou de perfil mais popular; jornais regionais; imprensa
especializada) em 14 países da rede 6 e da qual apresentamos
resultados a discutir na perspectiva da “comunidade interpre-
tativa transnacional”.
sequam
con
A análise de conteúdo incidiu sobre categorias como a frequên-
cia das peças, a sua origem, a localização do evento (nacional, in-
lorer
ternacional), as vozes em presença, e em categorias temáticas fo-
er
calizadas nos riscos e oportunidades da internet, decorrentes do
enquadramento teórico do projeto. Este considera que a relação
das crianças (como as de qualquer sujeito) com a internet deve
venis
si
ter em conta a posição social ativada: a criança enquanto recep-
tor de conteúdos disponíveis na rede; enquanto participante em
el
endrem
dolobore
trocas comunicacionais de iniciativa de outros; e enquanto ator,
blam
com iniciativa na produção de conteúdos ou no estabelecimento
cillan
de contatos, a sublinhar a sua agência. Tomando em conta estas
dolobor
am,
posições, os riscos e oportunidades na internet foram sistemati-
zados nos Quadros I e II, a que se junta o risco transversal da
adição. Será analisando os eventos noticiados à luz destes qua-
dros que identificamos o que, da experiência on-line, é agendado
e silenciado nas notícias. nostrud
ea
coreet
ulputpat,
Quadro I: Riscos na relação on-line
Riscos
Foco: Conteúdos
Comerciais
Publicidade,
Agressões
Conteúdo violento
Sexuais
Conteúdos
Valores
anti-sociais
Conselhos
in
feu
tat
Criança como spam, patrocíni- e incitação ao ódio pornográficos racistas e
recipiente, os, envio de da- enganadores
auguero
velit
receptor dos pessoais
Foco: Contatos Alvo de pressão Alvo de bullying, Encontros Receber ofen-
Criança como pela publici- assédio, devassa com estra- sas pessoais,
euait
participante dade, caça a nhos, ser persuasão
lummolore
facilla
Oportunidades Aprendizagem Participação cívica Criatividade Identidade e la- Eslovênia, Espanha, Estônia,
uatem
Criança como de apoio a à participação estimulam a saúde, valores, Unido. No artigo, excluímos a
amc
adio sequam
Duipiscinibh
Foco: Contatos Contatos que Contatos que Contatos que Plataformas e Confirmou-se o
Criança como estimulam facilitam a estimulam a redes de partilha valor dominante
participante aprender em participação criatividade de interesses,
conjunto comunidades das bad news
con venisam,
Foco: Conduta Formas de Formas de par- Exercício da Iniciar comu- sobre riscos e,
exerostin
modolore
Criança como aprendizagem ticipação iniciadas criatividade nicação so-
dentro destes,
ator iniciadas pela pela criança no on-line bre questões
criança relevantes a hegemonia
Fonte: Hasebrink et. al (2007) de tópicos que
A confirmar os saberes de reconhecimento desta comunidade, reproduzem moldes
nas 1055 peças de 51 jornais analisados, confirmou-se o valor do- mediáticos no que
minante das bad news sobre riscos e, dentro destes, a hegemonia se refere a crianças
de tópicos que reproduzem moldes mediáticos no que se refere a
crianças: condutas agressivas, por um lado, vítimas de conteúdos
er
e contactos sexuais, por outro.
Nos vários países, existem diferentes sistemas mediáticos: en-
quanto no Reino Unido e países nórdicos a imprensa se bipolariza
si
entre os jornais “sérios” e os “tablóides”, em países do sul estes
nostrud
el
endrem
têm menor expressão; também jornais de cariz regional ou espe-
dolobore
cializados têm uma agenda de matérias e recorrem a fontes/vozes
blam
mais marcadas pela proximidade. Porque seria perigoso olhar os
dolobor
resultados de cada país a partir da massa dos seus artigos, fixa-
coreet
mos a atenção num único tipo de jornais, os “jornais de referên-
cia”, lidos pelas elites decisoras. Assim, para efeitos desta análise
foi seleccionado em cada país o jornal de referência que mais peças
apresentou nas oito semanas, patente no Quadro III.
ea
Quadro III: Jornais, frequência e nº de peças (outubro-novem-
bro de 2007)
in
País Jornal Nº Dias Nº Peças
eugait,
Espanha 36 50
El Pais
nonsectem
feu
tat
Estônia Postimees 30 52
Noruega
Áustria
Itália
Aftenposten
Standard
Corriere de la Sera
23
20
20
37
28
30
auguero
velit
Eslovênia Dnevnik 18 21
lummolorem
facilla
cte
feu
bla
feugait,
meses, encontrou-se contudo uma moda, com mais de metade dos
Duipiscinibh
As histórias
ad
jornais a ter entre 16 e 23 dias com notícias e a publicar cerca de mais frequentes
20 a 30 peças, a sugerir o reconhecimento comum do tema como sobre crianças e
devendo ter presença regular nas notícias. internet colocam-
facilisl
adio
nas nas posições
modolore
Testando uma comunidade interpretativa: de agressores
que agentes, vozes e narrativas? ou de vítimas
Nas 334 peças dos nossos jornais foram identificadas 379 refe- de conteúdos
rências relacionadas com riscos e 170 relacionadas com oportu-
nidades da internet, a reforçar o enquadramento dominante da
internet como território de risco como saber de reconhecimento
sequam
con
partilhado. Poucos os jornais (Postimees, Aftenposten), ambos do
norte europeu, deram algum lugar ao ângulo duplo de configura-
lorer
er
ção da experiência, reportando na mesma peça as oportunidades
e os riscos das tecnologias em linha.
Seguindo os moldes mediáticos atrás apontados, as histórias
venis
mais frequentes sobre crianças e internet colocam-nas nas po-
si
sições de agressores ou de vítimas de conteúdos, com outros
el
endrem
dois tipos de risco (riscos comerciais e associados a valores e
dolobore
blam
ideologias negativas). Em média presente em cerca de metade
cillan
das peças, a agressão foi claramente o tema destacado, segui-
dolobor
am,
do dos riscos sexuais, em cerca de um terço das peças. Nas
oportunidades, lideram as possibilidades sociais das redes, se-
nostrud
guidas das relacionadas com educação. Oportunidades ligadas
a participação cívica e criatividade, particularmente ligadas a
direitos de expressão pública, não chegam a atingir dois dígi-
tos. Praticamente ignorados são os riscos transversais de adi-
ea
ção (Quadro IV). coreet
ulputpat,
Quadro IV: Referências a riscos e oportunidades da internet
in
feu
(múltipla codificação)
tat
Riscos e Oportunidades/Referências em 334 peças Referências %
auguero
velit
Riscos relacionados com agressão 164 49,1
Riscos sexuais 97 29,0
euait
Oportunidades para identificação e conexão social 64 19,2
lummolore
facilla
adio sequam
Duipiscinibh
nais. Os jornais da Bélgica e do Reino Unido, dois países com Os jornais da
traumas colectivos no que se refere ao abuso sexual de crian- Bélgica e do Reino
ças e onde as respectivas opiniões públicas se manifestaram Unido destacaram-
de modo emocional e intenso, destacaram-se pela atenção aos
con venisam,
se pela atenção
exerostin
modolore
perigos sexuais que a internet pode trazer ao bem-estar das aos perigos
crianças, colocando esse tópico à frente das condutas agressi- sexuais que a
vas. Por sua vez, países do centro e norte europeu (Áustria, internet pode
Alemanha, Estônia) colocaram os riscos sexuais claramente em trazer ao bem-
posição secundária, estando mesmo ausentes na Eslovênia. Nas estar das crianças,
Oportunidades, destaca-se o jornal da Estônia, em particular colocando esse
com atenção à Educação (em quase metade das peças). Os jor- tópico à frente
nais com menos peças são também os jornais que mais ignoram das condutas
er
esta dimensão da internet. agressivas
si
tipla codificação)
nostrud
el
endrem
Com. Agr. Sex. Viol. Educ. Part. Criat. Ident.
dolobore
blam
El Pais 4,0 65,0 30,0 6,0 0 4,0 10,0 6,0
Postimees 40,4 67,3 23,1 26,9 46,2 15,4 13,5 36,5
dolobor
Aftenposten 8,1 37,8 18,9 8,1 10,8 5,4 0 35,1
coreet
Standard 10,7 28,6 14,3 21,4 14,3 14,3 10,7 14,3
Corriere de la Sera 3,3 40,0 26,7 10,0 20,0 6,7 10,0 26,7
Dnevnik 38,1 90,5 0 47,6 9,5 23,8 14,3 42,9
Frankfurt Allgemeine 13,6 54,5 9,1 40,9 0 13,6 9,1 9,1
Zeitung
Irish Times 28,0 36,0 36,0 0,0 12,0 4,0 16,0 12,0
ea
De Standaard 4,2 20,8 79,2 20,8 4,2 20,8 4,2 8,3
Público 0 47,4 42,1 21,1 5,3 0 5,3 0
in
The Independent 0 25,0 66,7 0 0 0 0 0
eugait,
nonsectem
Kathimerini 9,1 54,5 27,3 0 0 0 0 9,1
feu
tat
Jyllands Posten 33,3 33,3 66,7 33,3 0 0 0 0
cte
feu
bla
feugait,
Duipiscinibh
Nas peças sobre
ad
riscos sexuais, os
mais novos são
quase sempre
facilisl
adio
apresentados
modolore
como vítimas,
sobretudo por
estarem expostos
a conteúdos
pornográficos e
sequam
con
pela exploração de
pornografia infantil
lorer
er
As notícias sobre agressão e riscos sexuais ilustram a ambigui-
venis
dade na posição da criança. Nas peças sobre agressão, as crian-
si
ças são representadas como associais e delinquentes, embora o
el
endrem
seu mau comportamento seja muitas vezes associado à disponibi-
dolobore
lidade de conteúdos agressivos na internet, reproduzindo assim
blam
cillan
a consideração sobre os efeitos diretos dos media e o media panic
dolobor
da imitação. Por sua vez, nas peças sobre riscos sexuais, os mais
am,
novos são quase sempre apresentados como vítimas, sobretudo
por estarem expostos a conteúdos pornográficos e pela explora-
ção de pornografia infantil: cerca de 80% das peças sobre riscos
sexuais têm este foco.
Condutas agressivas e conteúdos sexuais são os riscos hege-
nostrud
ea
mônicos, com os restantes riscos pouco presentes. Enquanto os coreet
ulputpat,
usos patológicos da internet, como a adição, são quase ignorados, in
apenas um em dez artigos trata de riscos associados com valores
e ideologias negativas, ou riscos comerciais da internet.
feu
tat
De novo verificam-se variações nacionais (Quadro VI). Olhando
jornais com uma cobertura mais frequente ou regular, vemos que
auguero
velit
riscos associados a valores e ideologias receberam mais atenção
na imprensa alemã, estoniana e eslovena, e os riscos comerciais
euait
lummolore
adio sequam
Duipiscinibh
indústria e comércio de conteúdos. Por outro lado, a menor taxa Encontramos
de penetração e de uso da internet em países da Europa do Sul nestes artigos o
poderá ajudar a explicar o motivo por que os jornais de referên- enquadramento
cia desses países parecem subestimar os riscos que um mercado
con venisam,
da relação da
exerostin
modolore
em expansão pode trazer em termos de direitos de consumo e de criança com a
privacidade (Mascheroni et al., no prelo). internet moldada
As narrativas sobre valores negativos e riscos comerciais su- pelo pensamento
blinham de novo a posição da criança como agente associal ou modernista sobre a
mesmo anti-social, com actos condenáveis na internet, posição infância: as futuras
que predomina sobre a de um receptor vulnerável a conteúdos gerações precisam
prejudiciais. Assim, excepto no que se refere aos riscos sexuais, de ser bem
a representação condenatória das crianças é a mais forte na sua preparadas para
er
relação com a internet. a sua vida adulta
As referências a oportunidades apresentam uma imagem mais
equilibrada das diferentes posições da criança (Gráfico 2). Contu-
si
do, em Identidade e Laços Sociais, que lidera, as crianças são so-
nostrud
el
bretudo representadas como destinatários alvo de todo o tipo de
endrem
dolobore
serviços, produtos e aplicações para que beneficiem da internet.
blam
Enquanto nas peças sobre riscos, a seção de Crime é hegemônica
dolobor
e as fontes policiais e judiciais são as principais, aqui são as enti-
coreet
dades governamentais, indústrias e outras instituições e organi-
zações que têm um papel ativo intervindo enquanto promotores
de eventos noticiáveis (lançamento de novos programas e produ-
tos), nas páginas de Entretenimento, Família, Educação.
ea
in
eugait,
nonsectem
feu
tat
auguero
velit
lummolorem
facilla
quatem
verate
cte
feu
bla
feugait,
vida adulta. São jornais de países nórdicos com forte penetração
Duipiscinibh
O peso das vozes
ad
da internet (Estônia, Noruega) os que mais dão corpo a estas dos jornalistas
notícias. entra em
contradição com
facilisl
adio
Vozes nas notícias a perspectiva
modolore
Quem ouvir e a que vozes dar destaque remete para saberes (dominante) de
de procedimento. Como tem sido encontrado nas análises de im- uma apresentação
prensa que incluem jornais de referência e de perfil mais popular neutral de
sobre cobertura jornalística de crianças (Marôpo, 2007), a lingua- fatos e atores e
gem dos primeiros distingue-se por menor recurso a expressões sugere como o
emotivas e populares, evita conotações e favorece uma informa-
sequam
con
envolvimento dos
ção que procura um efeito factual. Nos segundos, a voz do jorna- mais novos na
lista aparece mais como avaliador, e aumenta o sensacionalismo.
lorer
rede alimenta um
er
Esta diferença, contudo, parece esbater-se quando se trata da pânico moral.
relação das crianças com a internet.
O Quadro VI apresenta a distribuição das vozes encontradas
venis
nas peças. Se não admira que seja a voz da Justiça (polícia, tri-
si
bunais) a mais ouvida, uma vez que a maior parte das peças se
el
endrem
enquadra em matérias de desvio e crime, não deixa de surpre-
dolobore
blam
ender, tendo em conta o perfil dos jornais analisados, que os se-
cillan
gundos e terceiros lugares sejam ocupados respectivamente por
dolobor
am,
jornalistas e crianças.
Quadro VI: Principais vozes nas 334 peças. Quem fala sobre o quê?
Área/Vozes
Polícia/Tribunais
Presenças Sobre Sobre
119
Sobre Riscos e
Riscos Oportunidades Oportunidades
115 2 2 nostrud
ea
Jornalistas 75 56 10 9 coreet
ulputpat,
Crianças (até aos 18 anos) 58 40 15 3
Governo, Políticos
ONG
37
32
24
21
10
7
3
4
in
feu
tat
Investigadores, académicos 31 20 7 4
Educação 29 16 8 5
auguero
velit
Indústrias da internet 27 10 13 4
Instituições (não-comerciais) 20 12 7 1
euait
Pais 14 10 3 1
lummolore
facilla
nonsectem
adio sequam
Duipiscinibh
Também o terceiro lugar atingido por vozes dos mais novos A apresentação
não antecipa o reconhecimento dos seus direitos de comuni- do tema crianças
car. As crianças são quase sempre ouvidas em situações de e internet de um
agressão, muito mais apresentadas como agressoras ou como
con venisam,
prisma positivo
exerostin
modolore
vítimas reais e potenciais do que como sujeitos competentes e também é
capazes de usar a rede com proveito e em segurança. A eleva- frequentemente
da presença de vozes de crianças em histórias de risco decorre acompanhada por
sobretudo de um evento numa escola finlandesa, que anali- um enquadramento
saremos: 40% das vozes de crianças estão associadas a este disciplinador
evento.
O papel destacado de vozes dos governos e das indústrias nas
notícias sobre as oportunidades da internet demonstra como a
er
agenda desta imprensa dá espaço às boas notícias, aqui sobre-
tudo associadas a anúncios de políticas públicas ou inovações
tecnológicas. As vozes da indústria são as únicas mais presen-
si
tes em peças sobre Oportunidades do que sobre Riscos, o que
nostrud
el
não pode deixar de colocar notas críticas. Em primeiro lugar,
endrem
dolobore
mostra que a apresentação do tema crianças e internet de um
blam
prisma positivo também é frequentemente acompanhada por
dolobor
um enquadramento disciplinador, a justificar a continuidade
coreet
da economia capitalista, a preparação das crianças para se tor-
narem seres com iniciativa e consumidores esclarecidos. Em
segundo lugar, parece mostrar não só que as indústrias desem-
penham um papel pró-ativo enquanto promotores de notícias,
mas também que as suas responsabilidades na salvaguarda da
ea
segurança das crianças quando usam a internet são pouco in-
terpeladas pelo jornalismo.
in
É também de notar o baixo número de peças que incluem vozes
eugait,
que se pronunciam sobre Riscos e Oportunidades em conjunto.
nonsectem
feu
tat
A escassez destas peças não deixa de ser outro sinal de práticas
de procedimento de uma comunidade interpretativa que parece
ficar prisioneira da escolha do ângulo da peça (a boa ou má his-
auguero
velit
tória) e incapaz de dar a ver os dois lados da relação das crianças
com a internet.
lummolorem
facilla
cte
feu
bla
feugait,
Duipiscinibh
Ativação de uma comunidade interpretativa A comparação dos
ad
Os saberes de reconhecimento foram visíveis na cobertura de títulos evidencia o
dois eventos ocorridos fora destes países no período em análise: saber de narração
apelo internacional da Interpol para identificação de pedófilo; partilhado pelos
facilisl
adio
actos de violência em escola finlandesa. Vejamos a partir dos jornalistas. Na
modolore
títulos (traduzidos para inglês por cada equipe nacional e aqui maioria, os títulos
retraduzidos) como também se organizaram os saberes de proce- do apelo da Interpol
dimento e de narração, e os enquadramentos interpretativos. usaram linguagem
Apelo internacional da Interpol: Uma em cada quatro referên- expressiva,
cias sobre riscos sexuais associou-se ao apelo da Interpol, a 8 a interpelar
sequam
con
de outubro de 2007, para que fosse identificado e localizado um diretamente o leitor
pedófilo cujo rosto dissimulado a polícia internacional tinha con-
lorer
seguido desvendar.
er
Apenas três jornais ignoraram esta história: Frankfurt
Allgemeine Zeitung, Corrière della Sera e Dvenik. Todos os outros
deram conta do apelo, alguns acompanharam o desenrolar da
venis
si
operação como um folhetim (El Pais, Postimees), e a localização
e detenção do pedófilo voltou a trazer o tema para as páginas.
el
endrem
dolobore
A comparação dos títulos evidencia o saber de narração par-
blam
tilhado pelos jornalistas. Na maioria, os títulos do apelo da In-
cillan
terpol usaram linguagem expressiva, a interpelar diretamente o
dolobor
am,
leitor. O enquadramento interpretativo dominante foi o da “caça
ao homem” lançada pela polícia internacional, mobilizando toda
a comunidade internacional.
Standard: “Interpol ‘desmascara’ abusador de crianças” (9 de
outubro); “Pedófilo apanhado na Tailândia” (20 de outubro);
De Standaard: “Interpol desvenda identidade de pedófilo pro-
nostrud
ea
coreet
ulputpat,
curado via Internet” (16 de outubro);
Jylland Posten: “Pedófilo canadiano preso na Tailândia” (19 de in
outubro);
feu
El Pais: “Interpol lança a primeira busca mundial de pedófilo”
tat
(8 de outubro); “Apelo mundial para caçar pedófilo” (9 de outu-
auguero
velit
bro); “Interpol identifica pedófilo cujas imagens foram mostradas
na Internet” (15 de outubro); “Interpol identifica pedófilo pro-
euait
curado: Christopher Paul Neil, canadiano” (16 de outubro); “O
lummolore
facilla
adio sequam
Duipiscinibh
AfternPosten: “Preso na Tailândia” (19 de outubro); Vemos pelos títulos
Público: “O ciclone de pixels que deu rosto a um pedófilo” (17 como a narração
de outubro); “Pedófilo ‘Vico’ preso na Tailândia, 11 dias depois do de um evento
apelo” (20 de outubro);
con venisam,
não diretamente
exerostin
modolore
The Independent: “Interpol apela a encontrar prolífero abusa- reportado se
dor de crianças” (9 de outubro); “Pedófilo da Net é professor de legitima por
inglês” (16 de outubro); “Pedófilo ‘desmascarado’ capturado na referências
Tailândia” (20 de outubro); culturais de um
Os títulos revelam partilha de saberes de narração e de in- “passado presente”,
terpretação, e pressupõem leitores acompanhantes da história. de associação de
Quase todos introduzem expressões populares, adjectivam e re- comportamentos
correm a aspas, dramatizam ao acentuar a dimensão global da desviantes à
er
procura enquanto reforçam a proximidade geográfica e cultural influência negativa
quando possível. Evidenciam autoridade e vão ao encontro de um dos mídia
enquadramento dominante sobre abusadores sexuais de crianças
si
como pedófilos, exteriores à família. Confirmam assim a identifi-
nostrud
el
endrem
cação do pedófilo como a “mais universal figura diabólica”, a que
dolobore
convoca as mais uniformes percepções e considerações sobre o
blam
que fazer, entre todas as figuras que alimentam pânicos morais
dolobor
(Critcher, 2003: 127).
coreet
Estudante dispara em escola finlandesa: O segundo aconteci-
mento internacional largamente noticiado foi o tiroteio de um
estudante de 17 anos, que matou e feriu colegas e um professor,
a 7 de novembro de 2007, e a que se seguiriam anúncios de atos
de imitação em escolas da Noruega e da Alemanha. Tendo sido
ea
publicadas 70 peças, muito mais do que no caso anterior, estare-
mos assim perante a figura da monstruosidade mais consensual,
in
na pessoa do atirador.
eugait,
Exceto o jornal dinamarquês que enquadrou este evento como
nonsectem
feu
tat
“violência na escola”, todos os jornais enquadraram-no e narra-
ram-no como uma história sobre crianças e internet e onde esta e
o Youtube foram associadas à esfera do desvio. Em evidência tam-
auguero
velit
bém um saber de reconhecimento comum, assente em interpreta-
ções partilhadas, “durativas”, neste caso a interpretação de que
lummolorem
facilla
cte
feu
bla
feugait,
Duipiscinibh
Standard: “Estudante finlandês faz massacre em escola. Pelo A figura do
ad
menos sete vítimas morreram – matança sangrenta anunciada jovem atirador
na internet” teve maior
De Standaard: “Planos do atirador finlandês na internet?” protagonismo e
facilisl
adio
Corrière Della Sera: “Estudante finlandês faz massacre na despertou mais
modolore
sua escola. Disparou e fez 8 mortos. Tinha anunciado o acto no inquietação do
YouTube” que a do pedófilo
The Independent: “Atirador mata oito em escola finlandesa de- identificado
pois de ameaça no YouTube” e detido pela
Postimees: “Anúncio de tiroteio em escola chegou ao YouTube” Interpol
Kathimerini: “Anunciou massacre no YouTube”
sequam
con
Se, como o anterior, faz parte dos “pânicos morais” recorren-
tes relativos a crianças e internet, este caso proporcionou aos
lorer
er
jornalistas terem uma voz ativa enquanto comentadores da “es-
fera do desvio” (Hallin, 1986), e apresentarem-se como intérpre-
tes desta conduta brutal, o que não aconteceu no caso anterior.
venis
si
Quase todos os jornais recorreram ao dispositivo de enquadra-
mento noticioso atirador/internet, e quase todos vincaram essa
el
endrem
dolobore
associação ao usarem a imagem do atirador de pistola na mão
blam
e olhar frontal retirada do Youtube e ao citarem as suas pala-
cillan
vras (“Eu sou a lei, o juiz e o executor”, título do Público, 8 de
dolobor
am,
novembro).
Na sequência deste acontecimento e das imitações, os jornais
enveredaram por dispositivos de racionalização (análise causal,
análise de consequências, petições de princípio) em textos de
comentário, vários de jornalistas e colunistas. A análise causal
ora usou a singularização, recorrendo a especialista (“Psicana-
nostrud
ea
lista: o atirador da escola pode ter tido perturbações narcísicas
coreet
ulputpat,
de personalidade” - Postimees,) ora a alargou a uma geração in
(“Vítimas da net”, editorial no mesmo jornal; “Que se passa com
feu
estudantes normais?” - Frankfurt Allgemaine Zeitung). Outros
tat
títulos foram mais longe, com associações históricas e generali-
auguero
velit
zações: “Geração Columbine, a rede usada para matar”, “Mártir
e inimigos em linha”, “Dos Estados Unidos à Finlândia, imi-
euait
tando Al Qaeda” (Corrière della Sera). Raras análises causais
lummolore
facilla
adio sequam
Duipiscinibh
internet foi louvada por ter sido o canal de disseminação que perante um
permitiu a captura do abusador. Suplantando “demônios an- acontecimento
tigos”, no topo das “figuras diabólicas” parecem estar os mais com elevada
novos, com condutas agressivas, a inquietar e a alimentar re-
con venisam,
noticiabilidade de
exerostin
modolore
ceios de quem se sente exterior aos seus mundos. On-line e fora, os jornalistas
off-line. activassem
rapidamente
Conclusão os mesmos
Se a análise confirmou a existência de uma forte cultura jor- enquadramentos
nalística comum, transnacional, na identificação das “grandes e narrativas,
histórias” e evidenciou os seus “saberes profissionais” ativados enquanto na
no tratamento de acontecimentos, não deixou contudo de re- atenção à agenda
er
velar como a cultura jornalística está ancorada em territórios diária parecem
nacionais. Acontecimentos traumáticos de ordem sexual pare- pesar mais as
cem constituir o principal molde mediático nos países que os vozes, dinâmicas e
si
viveram. Escassa atenção a riscos comerciais aparece em pa- culturas nacionais
nostrud
el
íses com menor penetração da rede. Timidamente, manifesta-
endrem
dolobore
ções dos direitos comunicacionais das crianças têm uma maior
blam
presença no jornal norueguês, país onde a legislação nacional
dolobor
foi mais longe nessa matéria. É como se, perante um aconteci-
coreet
mento com elevada noticiabilidade de fora, os jornalistas acti-
vassem rapidamente os mesmos enquadramentos e narrativas,
enquanto na atenção à agenda diária parecem pesar mais as
vozes, dinâmicas e culturas nacionais.
Os jornais considerados de referência e mais identificados
ea
com um jornalismo de rigor e distanciamento face a emoções,
evidenciaram na sua cobertura do tema traços de proximidade
in
com um jornalismo mais popular. Os próprios jornalistas apa-
eugait,
receram em lugar de destaque, entre as principais vozes da
nonsectem
feu
tat
ordem, da interpretação e da dramatização. Esta tendência,
que não pode ser desligada das características dos sistemas
mediáticos contemporâneos e das influências das lógicas au-
auguero
velit
diovisuais na imprensa escrita, sugere uma certa dificuldade
(partilhada) em ler o fenómeno da relação dos mais novos com
lummolorem
facilla
ad modolore
dinâmicas sociais, a mobilização das fontes ou o media moment
sequam
eum dolobore dolorem nisciliquis num
con
em cada país não são coincidentes e fazem com que um recorte
Dunt
de dois meses seja (ainda) um período temporal curto para
dar conta das ondas que embalam (em duplo sentido) estes
acontecimentos.
Por fim, sublinhamos os benefícios decorrentes de um proje-
to de pesquisa que congrega investigadores de vários países e
venis
que tornou possível fazer uma análise desta dimensão. Não só a
recolha e análise deste caudal informativo se realizou segundo
volorer
protocolos comuns, como também o próprio processo de análi-
se comparada suscitou novas questões e procura de respostas
nos contextos nacionais. Fez assim crescer a sua densidade, ao
am,
el
endrem
ir mais longe e olhar cada país naquilo que tem de diferente e de
semelhante aos outros.
nostrud
dolobore
dolobor
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Recebido em 2 de março de 2009
volorer
nostrud
dolobore
dolobor
Aprovado em 2 de maio de 2009
blam
coreet
in
ea
lan
eugait,
auguero
nonsectem
velit
tat
feu
ulputpat,
lummolorem
facilla
verate
quatem
duis
quat.
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duisl
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