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 O hipotálamo é uma estrutura neural situada na base do crânio,


acima do quiasma óptico e abaixo do terceiro ventrículo;
o Não existe conexão direta entre adeno-
hipofise e hipotálamo;
o Os neuro-hormônios produzidos nos
núcleos hipotalâmicos alcançam a adeno-
hipofise pela circulação porta-hipofisária;
o Os neuro-hormônios são fatores
liberadores de hormônios hipofisários;
o Apenas a dopamina tem efeito inibidor
sobre a secreção hipofisária de
prolactina;
o A secção da haste hipofisária provoca atrofia gonadal e
diminuição de função tireoidiana e suprarrenal;
o A neuro-hipófise pode ser considerada uma extensão do
hipotálamo, pois existem conexões neurais diretas entre as duas;

 CRESCIMENTO FOLICULAR:
o Ao nascimento os ovários contem aproximadamente 1 milhão de
folículos primordiais, na menarca são quase 500mil e desses
apenas 400 chegarão até a ovulação – todo restante sofre
atresia, morte celular programada ou apoptose;
o A atresia folicular ocorre em vários estágios;
o O crescimento de folículos primordiais até a fase antral inicial não
depende de gonadotrofinas; acontece permanente durante a
 O GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina) é um decapeptídeo vida até a menopausa;
produzido por neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo e é o O hormônio antimulleriano (AMH) é secretado pelas células da
responsável pela secreção hipofisária de LH (hormônio luteinizante) granulosa de folículos primários e secundários e quando esses se
e FSH (hormônio folículo estimulante); diferenciam não secretam mais esse hormônio que é considerado
o Durante o ciclo menstrual é secretado de forma pulsátil para agir um regulador negativo do desenvolvimento folicular inicial – inibe
modulando a hipófise; o crescimento e ação do FSH. É um marcador de reserva
o O GnRH tem uma meia-vida curta (2-4min), e não é dosado na ovariana!
circulação sistêmica; o O estimulo com gonadotrofinas é o pré-requisito para o
 O ciclo menstrual ovulatório necessita da secreção de GnRH em uma desenvolvimento de folículos antrais iniciais até os pré-
faixa crítica de amplitude e frequência – maior na primeira fase e ovulatórios, sendo que os últimos 15 dias de crescimento folicular
menor na segunda; depende do aumento ciclíco de FSH;
 Os pulsos de GnRH são modulados pelo sistema supra-hipotalâmico
noradrenalina-dopamina – nora facilita e dopamina inibe; sendo que
pode ser influenciado por opióides endógenos, catecolestrogênios e
outros neurotransmissores;
 A hipófise se localiza na sela túrcica, as gonadotrofinas (LH e FSH),
são produzidas pelo gonadotrofo na adeno-hipofise, esses sobre
ação do GnRH, sintetizam, armazenam e liberam as gonadotrofinas;
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o Teoria das duas células – duas gonadotrofinas células da granulosa luteinizadas, diminui paralelamente ao
 Em folículos antrais, os receptores de LH estão presentes estradiol e à progesterona, mantendo-se baixa na fase folicular.
apenas na célula da teca e os de FSH nas células da Juntamente com o estradiol, a inibina A controla a secreção de
granulosa; FSH na fase de transição luteofolicular
 As células da teca, sob estimulo de LH, sintetizam o A inibina B parece ser um bom marcador da função das células
androstenediona e testosterona; da granulosa sob controle de FSH, enquanto a inibina A espelha
 As da granulosa, mediante atividade da enzima aromatase, a função lútea sob controle do LH.
dependente de FSH convertem androgênios em estradiol e  CICLO ENDOMETRIAL:
estrona; o O ciclo ovulatório é acompanhado por alterações endometriais
 A seleção do folículo que ira ovular ocorre no 5º ou 6º dia do visando à implantação de um embrião. Quando não acontece a
ciclo, enquanto os outros entram em atresia; sendo que o gestação, o corpo lúteo regride e, paralelamente, ocorre a
selecionado é chamado de dominante; descamação endometrial (menstruação). Alterações
 Ele tem maior atividade da enzima aromatase – permite morfológicas do endométrio espelham a atividade do estradiol e
maior produção de estradiol, maior número de receptores da progesterona. Na fase proliferativa, existe, morfologicamente,
FSH e estimula a expressão de receptores LH; intensa atividade mitótica nas glândulas e no estroma
 No inicio da fase folicular o estradiol inibe a secreção de FSH endometrial. O endométrio, que no início da fase folicular tem
– a oferta passa a ser cada vez menor aos folículos e a aproximadamente 2 mm de espessura, atinge 10 mm no período
maioria entra em atresia, exceto o dominante – resulta em pré-ovulatório. As alterações endometriais fisiológicas têm
mono-ovulação; aspecto característico à ultrassonografia transvaginal. Na fase
 As células da teca do folículo pré-ovulatório (dominante) são lútea, as alterações predominantes são secreção glandular e
bem vascularizadas; as células da granulosa expressam edema do estroma. Não ocorrendo a gestação, o endométrio pré-
receptores tanto de FSH como de LH e produzem menstrual apresenta infiltração leucocitária e reação decidual do
quantidades cada vez maiores de estradiol, atingindo um estroma.
platô aproximadamente 24 a 36 horas antes da ovulação. Os
altos níveis de estradiol secretados pelo folículo dominante
desencadeiam o pico de LH (retrocontrole positivo do
estradiol sobre as gonadotrofinas)
 Com o pico de LH, o ovócito reassume a meiose, a síntese de
prostalglandinas é estimulada e as células da granulosa são
luteinizadas, passando a sintetizar progesterona e estradiol;
 Após a liberação do ovócito, o folículo reorganiza-se para
formar o corpo lúteo ou amarelo;
 O LDL serve para síntese de progesterona e estradiol;
 A função lútea é controlada pela secreção hipofisária de LH;
 As concentrações elevadas de progesterona da segunda fase
do ciclo reduzem a frequência e a amplitude dos pulsos de
GnRH, provavelmente pelo aumento dos opioides endógenos.
 Se a fertilização do ovócito e/ou a implantação não ocorrer,
o corpo lúteo entra em remissão 12 a 14 dias após a
ovulação. Quando ocorre gestação, a gonadotrofina coriônica
humana (hCG, do inglês human chorionic gonadotropin)
produzida pelo embrião evita a regressão lútea, e a hCG
mantém a esteroidogênese ovariana até a placenta assumir
a produção hormonal da gestação.
 Ao fim da fase lútea do ciclo anterior, com o decréscimo do
estradiol, da progesterona e da inibina A, ocorre o aumento
 DESENVOLVIMENTO FOLICULAR OVARIANO:
do FSH nos primeiros dias da fase folicular. Esse é o sinal
o A mulher nasce com um número limitado de óvulos precursores
para que os folículos antrais, capazes de responder ao
(células germinativas). As células germinativas se iniciam como
estímulo do FSH, iniciem o crescimento e para que comece
oogônios primordiais que proliferam marcadamente por meio de
um novo ciclo.
mitoses até o 4º mês de gestação. Durante o 3º mês de
 CONTROLE OVARIANO DA SECREÇÃO DE gestação, alguns oogônios começam a entrar em meiose,
GONADOTROFINAS: reduzindo-se o número de cromossomos à metade.
o O estradiol e a inibina A e B são os principais hormônios
o No 7º mês, todas as células germinativas viáveis desenvolvem
ovarianos reguladores da secreção de gonadotrofinas
uma cobertura de células granulares, formando um folículo
o O estradiol exerce retrocontrole negativo sobre a hipófise primordial e param no estágio da prófase da meiose; essas
durante quase todo o ciclo. Existem algumas evidências de que
células são os oócitos primários. Após o início do 4º mês de
esse controle seja realmente em nível hipofisário.
gestação, os oogônios (e posteriormente os oócitos) se perdem
o A progesterona, secretada em níveis baixos ao fim da fase espontaneamente em um processo chamado de atresia;
folicular, é facilitadora do pico de LH e parece ser responsável
eventualmente, 99,9% se perdem. Em mães mais velhas, o longo
pelo pico de FSH no meio do ciclo. Em algumas situações
tempo que os oócitos estão presos na prófase meiótica pode ser
experimentais, apenas o estradiol em níveis elevados pode o responsável pelo aumento da incidência de gestações
desencadear o pico de LH e de FSH, sugerindo que a geneticamente anormais.
progesterona seria apenas facilitadora desse pico.
o FSH induz o crescimento folicular nos ovários. Durante cada ciclo
o O FSH estimula a secreção de inibina B pelas células da
menstrual, de 3 a 30 folículos são recrutados para crescimento
granulosa, enquanto a inibina A é secretada pelo corpo lúteo, acelerado. Geralmente, em cada ciclo, apenas um folículo
sob controle de LH. A concentração da inibina A, secretada pelas
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alcança a ovulação. Esse folículo dominante libera o oócito na aumentar. O pico de LH estimula enzimas que iniciam a
ovulação e promove a atresia dos outros folículos recrutados. ruptura da parede do folículo e a liberação do óvulo, agora
 CICLO MENSTRUAL: maduro, dentro de 16 a 32 h. O pico de LH também
o A menstruação é a perda vaginal periódica de sangue e de desencadeia o complemento da primeira divisão meiótica
endométrio descolado (coletivamente chamado de menstruação do oócito em cerca de 36 h.
ou período menstrual) do útero pela vagina. É causada pelo  Lútea (pós-ovulatória — Alterações cíclicas idealizadas nas
rápido declínio na produção progesterona e estrogênio pelo gonadotropinas da pituitária, estradiol (E2), progesterona (P)
ovário que ocorre a cada ciclo na ausência de gestação. A e endométrio uterino durante o ciclo menstrual normal.)
menstruação ocorre ao longo da vida reprodutiva da mulher na  O folículo dominante se transforma em um corpo lúteo
ausência de gestação. depois de liberar o óvulo.
o A duração média do fluxo menstrual é de 5 (± 2) dias. A perda  A duração dessa fase é a mais constante, com uma média
sanguínea por ciclo é em média de 30 mL (variação de 13 a de 14 dias, depois da qual, na ausência de gestação, o
80 mL), sendo em geral maior no 2º dia. Um absorvente corpo lúteo se degenera.
higiênico ou tampão vaginal saturado absorve de 5 a 15 mL. O  O corpo lúteo secreta primariamente progesterona em
sangue menstrual geralmente não se coagula (a menos que o quantidades aumentadas, atingindo um máximo de cerca
sangramento seja muito intenso), provavelmente em razão da de 25 mg/dia, 6 a 8 dias após a ovulação. A progesterona
fibrinolisina e outros fatores que inibem a coagulação. estimula o desenvolvimento do endométrio secretório,
o A extensão de um ciclo menstrual médio é de 28 dias (a variação necessário para a implantação embrionária. Como a
normal é de cerca de 25 a 36 dias). Em geral, a variação é progesterona é termogênica, a temperatura corporal
máxima e os intervalos intermenstruais são mais longos logo basal aumenta em 0,5°C durante essa fase.
após a menarca e logo antes da menopausa, quando a ovulação  Em razão dos altos níveis circulantes de estradiol,
ocorre com menor frequência. O ciclo mestrual começa e termina progesterona e inibina durante a maior parte da fase
com o primeiro dia da menstruação (dia 1). lútea, os níveis de LH e FSH diminuem. Quando a
o O ciclo menstrual pode ser dividido em fases, geralmente com gestação não ocorre, os níveis de estradiol e progesterona
base no estado ovariano. O ciclo ovariano ocorre nas seguintes diminuem no final dessa fase, e o corpo lúteo se degenera
fases: em corpo albicans.
 Folicular (pré-ovulatório)  Se houver implantação, o corpo lúteo não se degenera,
 A duração dessa fase varia mais que as outras. mas permanece funcional na gestação precoce e se
 Na fase folicular precoce (primeira metade da fase mantém sustentado pela gonadotropina coriônica
folicular), o evento primário é o crescimento de folículos produzida pelo embrião em desenvolvimento.
recrutados Nesse ponto, os gonadótropos na hipófise o O endométrio também cicla em fases:
anterior contêm pouco LH e FSH e a produção de
estrogênio e progesterona é baixa. Como resultado, a  Menstrual
secreção de FSH aumenta ligeiramente, estimulando o  Proliferativa
 Secretório
crescimento dos folículos recrutados. Os níveis circulantes
 O endométrio, constituído por glândulas e estroma, possui
de LH sobem lentamente, começando 1 a 2 dias após o
uma camada basal, uma camada esponjosa intermediária e
aumento no FSH. Os folículos ovarianos recrutados logo
uma camada superficial de células epiteliais compactas, as
aumentam a produção de estradiol; o estradiol estimula
quais revestem a cavidade uterina. Juntas, as camadas
a síntese de LH e FSH, mas inibem sua secreção.
esponjosa e epitelial formam a camada funcional, uma
 Durante a fase folicular tardia (2ª metade da fase
camada transitória que se desloca durante a menstruação.
folicular), os folículos selecionados para a ovulação
 Após a menstruação, o endométrio é tipicamente fino com
amadurecem e acumulam células granulares secretoras
estroma denso e glândulas tubulares estreitas e retas
de hormônios; seus antros aumentam com o líquido
revestidas com pouco epitélio colunar. Quando os níveis de
folicular, atingindo 18 a 20 mm antes da ovulação. Os
estradiol aumentam, a camada basal intacta regenera o
níveis de FSH diminuem; os níveis de LH são menos
endométrio a sua espessura máxima na fase folicular tardia
afetados. Os níveis de FSH e LH divergem em parte, pois
(fase proliferativa do ciclo endometrial). A mucosa se espessa
o estradiol inibe a secreção de FSH mais do que a de LH.
e as glândulas tubulares aumentam e se enrolam, tornando-
Além disso, os folículos em desenvolvimento produzem o
se tortuosas.
hormônio inibina, que inibe a secreção de FSH, mas não
 A ovulação ocorre no início da fase secretora do ciclo
de LH. Outros fatores contribuintes podem incluir meia-
endometrial. Durante a fase lútea ovariana, a progesterona
vida diferentes (20 a 30 min para o LH; 2 a 3 h para FSH)
estimula a dilatação das glândulas endometriais, que se
e fatores desconhecidos. Os níveis de estrogênio, em
enchem de glicogênio e se tornam secretórias, ao passo que
particular de estradiol aumentam de modo exponencial.
a vascularização do estroma aumenta. Conforme os níveis de
 Ovulatória
estradiol e progesterona diminuem mais tarde na fase
 Ocorre a ovulação (liberação do óvulo).
lútea/secretória, o estroma se torna edematoso e o
 Os níveis de estradiol atingem o pico assim que se inicia
endométrio e seus vasos sanguíneos entram em necrose,
a fase ovulatória. Os níveis de progesterona também
provocando sangramento e o fluxo menstrual (fase menstrual
começam a aumentar.
do ciclo endometrial). A atividade fibrinolítica do endométrio
 O LH armazenado é liberado em quantidades maciças
diminui a formação de coágulos sanguíneos no sangue
(pico de LH), em geral em 36 a 48 h, com aumentos
menstrual.
menores de FSH. O pico de LH ocorre, pois nesse
 Como as alterações histológicas endometriais são específicas
momento os altos níveis de estradiol desencadeiam a
da fase do ciclo menstrual, as fases de ciclo ou resposta
secreção de LH pelos gonadótropos (feedback positivo).
tissular aos hormônios sexuais podem ser determinadas de
O pico de LH também é estimulado pelo GnRH e pela
modo acurado por biópsia endometrial.
progesterona. Durante o pico de LH, os níveis de estradiol
diminuem, mas os níveis de progesterona continuam a
º

 A síndrome pré-menstrual (SPM) é um distúrbio crônico que ocorre


na fase lútea do ciclo menstrual e desaparece logo após o inicio da
menstruação;
 Cientificamente descrita em 1931 como tensão pré-menstrual, termo
substituído em 1950;
 Se caracteriza por uma combinação de sintomas físicos, psicológicos
e comportamentais que afetam as relações interpessoais da mulher
de forma negativa;
 De 3 a 8% tem sintomas intensos que comprometem a
produtividade e qualidade de vida e se torna o transtorno disfórico
pré-menstrual (TDPM);
 EPIDEMIOLOGIA:
o Acredita-se que até 90% das mulheres tenham sintomas pré-
menstruais, dessas 20 a 40% sofrem de SPM e dessa 3 a 8%
apresentam a TDPM;
o Geralmente só se procura ajuda médica aos 30 anos;
o Tem maior prevalência nos países da América Latina do que nos
países europeus;
 QUADRO CLINICO:
o Os sintomas da SPM são muitos e variados, sendo citados mais
de 100 sintomas físicos, psicológicos e comportamentais;
o O sintoma psicológico mais comum é a labilidade de humor,
ocorrendo em até 80% dos pacientes;
o São comuns: ansiedade, irritabilidade, sentimento de desvalia,
insônia ou hipersonia, diminuição da memória, concentração
diminuída e distração;
o As queixas físicas mais comuns são: aumento de volume
abdominal, sensação de fadiga, cefaleia tensional, mastalgia,
dores generalizadas, aumento de peso, náuseas e palpitação;
o Entre as mudanças de comportamento, são comuns mudanças
nos hábitos alimentares, aumento de apetite, avidez por
alimentos específicos e outros;
 ETIOLOGIA:
o A etiologia permanece desconhecida;
o Há consenso de que é secundário a atividade cíclica ovariana;
o Não é necessária menstruação – os sintomas podem se manter
após histerectomia;
o Estudos demonstram que não há alteração na dosagem sérica
de hormônios sexuais das mulheres com SPM se comparadas às
normais;
º

o Os níveis de progesterona são baixos durante a menstruação e


durante a fase folicular e são metabolizados em alopregnanolona
(ALLO), um neuroesteroide. A progesterona e a ALLO aumentam
na fase lútea e caem rapidamente com a menstruação. Essa
exposição crônica, seguida por rápidos aumentos, parece estar
envolvida com a etiologia do TDPM.
 ALLO é um modulador positivo dos receptores GABA – similar
ao álcool e BZD – com propriedades sedativas, ansiolíticas e
anestésicas;
 Há uma teoria que mulheres com TDPM tenham resistência à
ALLO;
o O BDNF – fator neurotrófico – pode estar associado a SMP;
 É a proteína mais abundante no cérebro, sendo responsável
pelo desenvolvimento e pela manutenção neuronal;
 Tem variação pelo estradiol;
o Fatores inflamatórios também podem estar relacionados a
etiologia, isso porque a fase lútea esta relacionada com o
aumento de agentes pró-inflamatórios;
 DIAGNÓSTICO:
o Os sintomas do TDPM podem ser muito semelhantes a de outras
doenças, por isso o DSM 5 tem critérios diagnósticos específicos
para tal;
o É necessária uma avaliação prospectiva, de pelo menos dois
meses consecutivos pela International Society Premenstrual
Disorders para o diagnóstico;  TRATAMENTO:
o Exames laboratoriais são feitos excepcionalmente para afastar o Só pode realizar manejo se tem-se uma quantificação adequada
outras patologias; dos sintomas e um diagnóstico acurado;
o O questionário DRSP (Daily Record of Severity of problems) é o O primeiro passo é orientação e educação – deve-se conhecer as
considerado por muitos profissionais a melhor ferramenta de características da SPM como patologia endocrinoginecologica;
diagnóstico de SPM – fazendo-se o registro diário por pelo menos o O tto é individualizado, iniciado com intervenções no estilo de
2 meses; vida: modificações dietéticas (alimentação equilibrada e baixa
o O PSST é uma escala de autoaplicação recordatória que reflete ingestão de gorduras saturadas, assim como alimentos muito
os critérios do DSM-5, traduzindo em uma escala com graus salgados ou muito doces, estimulantes (café, chá) devem ser
variados de gravidade – é considerada efetiva no rastreio de evitados pois podem agravar a irritabilidade. O exercício aeróbico
SPM, porém deve-se descartar a hipótese de doença psiquiátrica pode elevar níveis de endorfinas e melhorar o humor;
associada; o Terapia complementar pode ser utilizada para alivio de sintomas,
o Os transtornos relacionados a quadros pré-menstruais como uso de vitamina B6, suplemento com cálcio e óleo de
constituem um espectro grande; de um lado esta a maior parte prímula;
das mulheres na menacme, que apresenta algum desconforto, o A TCC tem demonstrado eficácia no tratamento da SPM,
principalmente físico, durante o período menstrual sendo que auxiliando a modificar a irritabilidade;
essas podem ser classificadas pelos critérios diagnósticos do o Os tratamentos medicamentosos podem seguir duas linhas: a
American College of Obstetricians and Gynecologists. Na outra que influencia no SNC e a suprime ovulação;
ponta encontra-se a forma mais grave da SPM que é a TDPM o Agentes psicotrópicos:
classificada pelo DSM-5 (rigorosos);  Antidepressivos serotoninérgicos: os ISRS são os fármacos
de primeira linha, eficazes e com boa tolerância para o tto de
SPM e TDPM;
 Os medicamentos mais utilizados são citalopram,
fluoxetina, paroxeina, sertralina e a venlafaxina (ISRN);
 Podem ser usados de forma continua ou intermitente a
partir do 15º dia do ciclo – sendo que o regime continuo
é melhor que o intermitente (esse é mais útil para
sintomas de irritabilidade, labilidade emocional;
 Eles responde rápido sobre a ALLO;
 São seguros e sem efeitos residuais após suspensão;
 As alterações na função sexual dificultam a adesão no
tratamento;
 Para o TDPM os anticoncepcionais orais não afetam
diretamente;
 Benzodiazepinicos:
 O aprazolam 0,25mg 2x/dia na fase lútea é o mais
utilizado;
 São comprovadamente eficazes, porem deve-se
considerar o risco de dependência e tolerância;
 Estão indicados em situações de extrema ansiedade;
o Suspensão da ovulação:
 Anticoncepcionais orais combinados:
º

 Eliminam a ciclicidade ovariana e poderiam ter eficácia


terapêutica, principalmente para mulheres com
dismenorreia e mastalgia pré-menstrual;
 Uma possibilidade é a tomada de ACO continua 30μg de
etinilestradiol + 3mg de drospirenona (progestogênio
derivado da espironolactona);
 Atualmente a formulação de 20 μg de etinilestradiol +
3mg de drospirenona no regime 24/4 foi aprovada para
tratar sintomas emocionais e físicos de TDPM; [primeira
escolha]
 ACO contendo levonorgestrel tem sido estudado – sem
resultados conclusivos;
 A menopausa é um evento fisiológico que representa a interrupção
 A progesterona não é efetiva para tratar a SPM – revisão
definitiva da ovulação resultante da perda da função folicular
de Cochrane 2012;
ovariana em consequência do envelhecimento – reconhecida após
 Supressão da ovulação usando danazol:
12 meses de amnorreia;
 É um análogo androgênico que inibe as gonadotrofinas
 O climatério representa um período de transição caracterizado por
quando administrado em altas doses e pode ser uma
modificações endocrinológicas, biológicas e clinicas no organismo +
opção terapêutica;
continua falência da função ovariana;
 Não melhora significativamente os sintomas emocionais
 As etapas da vida reprodutiva feminina são regidas pela função
da SPM;
ovariana e sua produção hormonal, usa-se o sistema de
 Por tempo prolongado pode provocar masculinização e
estadiamento STRAW + 10;
outros efeitos;
o Dividida em 3: reprodutiva, transição menopausal e pós
 Agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina:
menopausa;
 É uma medida extrema, porém eficaz: usar agonistas do
GnRH;
 Provoca castração médica e por isso os sintomas da SPM
melhoram significativamente;
 Pode provocar aumento do risco de osteoporose,
aumento do fogacho e atrofia urogenital;

 A produção de folículos ovarianos inicia a partir da oitava semana de


vida intrauterina e o envelhecimento do sistema reprodutivo inicia-
se pouco tempo depois: 20º semana de gestação;
 Até o nascimento cerca de 70% do pool folicular será perdido, sendo
que na puberdade – ovários ativos – restarão de 300 a 500mil
folículos;
 Os folículos crescem e sofrem atresia de forma continua até o
esgotamento na pós-menopausa;
 Dos milhões de folículos formados na vida intrauterina, apenas 400
terão seu crescimento resultando em ovulação na menacme;
 A média de ocorrência para menopausa é de 51 anos, sendo que se
antes dos 40 é precoce e após os 55 tardia;
 ALTERAÇÕES HORMONAIS NO CLIMATÉRIO:
o Na menacme o hipotálamo determina a liberação dos hormônios
hipofisários por pulsos de GnRH;
o No ovário, 90% do estradiol produzido é vindo do folículo
dominante e os demais folículos produzem inibina B e AMH –
esses produtos determinam o aumento ou redução de FSH e LH
na hipófise de acordo a fase do ciclo;
o A transição menopausal é caracterizada pela irregularidade do
ciclo menstrual pela variabilidade hormonal e ovulação
inconstante – dosar hormônios não tem valor diagnóstico;
o A diminuição maciça do número de folículos ovarianos resulta na
diminuição gradual da inibina B, que, por sua vez, desativa o
º

feedback negativo sobre a hipófise, liberando a secreção de FSH estrogênio parece estar associada com efeitos
e aumentando o recrutamento folicular. O resultado dos níveis depressivos. O aumento do nível de testosterona
elevados de FSH é a aceleração da depleção folicular, o que também influenciam, além das próprias mudanças do
encurta a primeira fase do ciclo menstrual e marca os últimos período: perda de capacidade reprodutiva e
anos antes da menopausa pela intensa atresia e apoptose até o envelhecimento.
esgotamento dos folículos.  Alterações a longo prazo:
o A continua perda da reserva folicular diminui os níveis de estadiol  Alterações atróficas: a síndrome geniturinária da
que não são suficientes para estimular o pico de LH e encerra os menopausa, também é conhecida como atrofia
ciclos ovulatórios e sem essa não há a produção de corpo lúteo vulvovaginal, e compreende alterações físicas da vulva,
e por fim de progesterona; vagina e trato urinário baixo pela deficiência de
o Na pós-menopausa, na tentativa de estimular uma adequada estrógeno. Possui caráter progressivo. O tecido epitelial
produção de estradiol pelos ovários, a hipófise é ativada por picos vulvovaginal e uretral possui -receptores de estrogênio
de GnRH e secreta grandes quantidades de gonadotrofinas, em grande concentração, a atrofia decorre dos baixos
levando as mulheres a um estado de hipogonadismo níveis sistêmicos de estrogênio. A vulva perde tecido
hipergonadotrófico. Os níveis de FSH e LH são marcadamente adiposo, a pele fica mais fina e plana e com menos pelos;
altos nos primeiros anos após a menopausa, decrescendo com o os pequenos lábios passam a ser fusionados e perdem
envelhecimento tecido e pigmentação; a vagina fica mais curta e estreita
o Não há progesterona e os estrogênios em nível muito menor; e com epitélio fino e com lubrificação prejudicada, além
o No ovário a produção de estradiol é quase nula; da friabilidade – acarreta dispareunia e sinusorragia; o pH
o Ocorre um relativo aumento de estroma ovariano – produtor de está alcalino e propicia infecções e vaginite; a uretra é
testosterona e androstenediona – e a produção remanescente é hiperemiada e proeminente, favorecendo quadros de
suficiente para manter atividade ovariana e produzir hormônios urgência miccional, disúria e outros.
androgênicos, que são os principais hormônios ovarianos  Alterações sexuais: a falta de estrogênio diminui a
disponíveis e a androtenediona serve de substrato para formação vascularização vaginal, levando dificuldade a lubrificação;
de estrona perifericamente;  Alterações cognitivas: aumenta-se as queixas referentes
o Alterações nos níveis circulantes de esteroides afetam a atividade a esquecimento, além da perda de memoria verbal,
reprodutiva e outros órgãos e funções; processamento rápido das informações, demência e
o Quadro clínico: outros – o estradiol age no hipocampo e lobo temporal;
 Alterações precoces: O papel do status menopausal no desenvolvimento da
 Alterações no ciclo menstrual: a queixa mais frequente é doença de Alzheimer vai além das alterações dos
a irregularidade menstrual que reflete a perda estrogênios circulantes. A transição menopausal e suas
progressiva da função ovariana; a amenorreia prolongada alterações endocrinológicas e metabólicas favorecem dois
é o sintoma mais característico da deficiência de dos principais fatores para o desenvolvimento e
estrogênio. O padrão do fluxo pode variar, porem agravamento da doença: os fatores relacionados a risco
sangramento uterino intenso deve-se excluir patologias cardiovascular e um ambiente pró-inflamatório.
endometriais;  Doença cardiovascular: Durante a menacme, as mulheres
apresentam baixa incidência de eventos isquêmicos
quando comparadas aos homens. Essa diferença de
prevalência é atribuída ao fator protetor do estrogênio
para eventos endoteliais, já que há estímulo para
produção de óxido nítrico e prostaglandinas causando
efeito vasodilatador e antitrobótico e há estímulo para a
inibição da oxidação de lipoproteína de baixa densidade
(LDL, do inglês low density lipoprotein) e proteção do
endotélio diante de molécula oxidada. O resultado é a
menor formação de placas ateroscleróticas e,
 Sintomas vasomotores: é conhecido como fogacho, é o consequentemente, menor prevalência de doença
sintoma mais comum da transição menopausa e pós- coronariana. Com a passagem para o período pós-
menopausa, sendo ainda mais comum em mulheres com menopáusico, a produção de estrogênio diminui e o perfil
IMC alto e tabagistas. Manifesta-se como uma súbita hormonal das mulheres passa a ser androgênico. Como
sensação de calor intenso que se inicia na face, pescoço consequência, ocorre aumento da concentração de
e parte superior dos troncos e braços e por fim generaliza- colesterol total e queda dos níveis de lipoproteína de alta
se. Isso acontece por instabilidade no centro densidade (HDL, do inglês high density lipoprotein), o
termorregulador do hipotálamo e o mecanismo é principal preditor para eventos isquêmicos cardíacos. Isso
desconhecido. Cada episódio dura de 2 a 4min, comum a iguala o risco entre homens e mulheres. A redução do
noite, duram em média 7,4 anos. É mais persistente em HDL está dentro da síndrome metabólica.
mulheres negras (10 anos).
 Distúrbios do sono: incluem menor duração, episódios de
despertar noturno e menor eficácia do sono. É
responsável por sequelas orgânicas, inclusive o aumento
da prevalência de HAS e DM, além de depressão e
ansiedade. Os fogachos aumentam os despertares
noturnos também.
 Alterações do humor: de todas a mais comum é a
depressão, que acumula risco de desenvolvimento
desde a perimenopausa. A variação dos níveis séricos de
º

 Osteoporose: é a redução da massa óssea com alterações


na microestrutura, levando ao aumento da fragilidade e
fraturas. As fraturas por osteoporose ocorrem com mais
frequência na coluna, quadril, antebraço e úmero
proximal. Estima-se que a osteoporose afete 200 milhões
de mulheres no mundo. Aproximadamente 10% dessas
mulheres têm 60 anos de idade, 20% têm 70 anos, 40%
têm 80 anos e 67% têm 90 anos ou mais. Uma em cada
três mulheres, após os 50 anos, terá uma fratura
osteoporótica. Inúmeros consensos defendem que as
mulheres na menopausa tenham o risco de fraturas
avaliado, sendo que o padrão ouro é a densitometria
óssea. Todas as mulheres devem receber as
recomendações adequadas em relação a cálcio, vitamina
D e atividade física regular. E o tratamento
medicamentoso para aquelas com osteopenia deve ser
individualizado. A osteoporose pode resultar de:
 Falha na produção de um esqueleto com a massa e a
força ósseas ótimas no crescimento;
 Reabsorção óssea excessiva com redução da massa
óssea e deterioração da microestrutura do esqueleto;
 Resposta inadequada da formação óssea para a
reabsorção excessiva;

 AVALIAÇÃO DA MULHER CLIMATÉRICA:


o Esse atendimento passa pelo entendimento do processo e suas
consequências.

 TRATAMENTO
o Terapia de reposição hormonal: próximo objetivo;
o Terapias não hormonais:
 Não farmacológicas: a principal é a perda de peso, visto que
mulheres obesas têm mais fogachos e mudança nos hábitos
de vida gerais;
º

 Terapias farmacológicas: podem ser usados os ISRS e os de o Quanto às populações portadoras das mutações de BRCA 1 e 2,
serotonina e noradrenalina – são as primeiras opções em não há incremento do risco de câncer de mama em relação ao
mulheres que não podem realizar terapia hormonal; apesar basal desse grupo com o uso de TRH.
de efetivos exercem efeito negativo sobre a libido. Uma o Embora não existam evidências consistentes que associem a
opção a esses é a gabapentina que também alivia os reposição hormonal com o aumento do risco de recorrência do
sintomas vasomotores. tumor, visto que os dois maiores estudos disponíveis (HABITS e
Stockholm Study) apresentam resultados contraditórios, é
consenso entre as sociedades que a TRH é contraindicação nas
pacientes com história pessoal de câncer de mama;

 A terapia de reposição hormonal com estrogênio é a primeira linha


de tratamento para o manejo de sintomas vasomotores e suas
consequências;
 É indicada para mulheres sintomáticas com menos de 60 anos, na
perimenopausa ou com menos de 10 anos de menopausa;
 Em mulheres com útero a TRH estrogênica deve ser sempre
combinada com algum progestogênio – por proteção endometrial
contra hiperplasia;
 A decisão de indicar TRH é um processo individual e decidido em
conjunto, com abordagem dos riscos e benefícios, vias e doses
(menor dose efetiva);
 Deve ser lembrado que por via oral, devido a 1ª passagem no fígado,
esta associada à ativação do SRAA e aumento dos fatores pró-
trombóticos circulantes;
 Em pacientes hipertensas ou com risco de tromboembolismo
prefere-se via parenteral (transdermica);
 A via vaginal é a primeira opção para pacientes que tem
isoladamente a síndrome geniturinária da menopausa – até 12
semanas para o efeito máximo;
 Os principais estudos levam o risco de CA de mama com o tempo de
TRH – sendo que essa não deve passar de 05 anos.
 Benefícios adicionais da TRH:
o Ganho de massa óssea;
o Redução de incidência de DM2 – Women’s Health Iniciative;
o Menor aumento de peso corporal e menor acúmulo de gordura
visceral;
 Risco da TRH:
o Aumento do risco de doenças cardiovasculares – controverso; o
que se sabe é do aumento do risco de mortalidade relacionado a
doenças cardiovasculares;
o A HAS não constitui contraindicação a TRH, porem deve-se
preferir a via transdérmica;
o Risco de eventos tromboembólicos conhecidos pela
estrogenioterapia VO – surge nos dois primeiros anos e diminui
ao longo do tempo; a via transdermica demonstrou menor risco
de TEV;
º

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