Você está na página 1de 7

Capítulo I

A EVOLUÇÃO SEGUNDO O ZODÍACO

Parte 4

Touro – Escorpião (B – H)

Na última terça parte da Época Atlante, o egoísmo havia se desenvolvido a um


grau muito maior que antes, a visão espiritual estava perdida para a grande
maioria das pessoas, as quais então viviam inteiramente no plano material e se
vangloriavam especialmente por suas posses materiais.

O Touro foi muito adequadamente venerado por aquelas pessoas, sendo um


emblema da fortaleza necessária para conquistar o Mundo material. Devido à
sua prodigiosa força, ele era de uma ajuda inestimável em todas as suas
tarefas. O provérbio sobre “as panelas de carne do Egito”1 serve até hoje para
mostrar com que abundância aquele animal lhes supriam a necessidade física
de alimento, sendo o leite da fêmea também um elemento importante da dieta.
Possuir muito gado era, portanto, ardorosamente desejado na antiguidade
pelas nações novas, e a veneração ao Touro foi inaugurada sob a precessão
solar através de Touro, nos primórdios dos Grandes Anos Siderais, e
prosseguiu até tempos relativamente modernos, quando o Sol, por precessão,
atravessou o Signo do Touro Celestial pela última vez.

Naquele ponto em que o Sol entrou no Signo do Cordeiro, Áries, as religiões


Arianas foram inauguradas. A religião do Cordeiro deve predominar no
próximo Grande Ano Sideral, enquanto o Sol, por precessão, percorrer os
doze Signos do Zodíaco, assim como a religião do Touro predominou durante

1
N.T.: Ex 16:3
o ano celestial anterior, desde quando o Sol entrou em Touro até o momento
em que deixou esse Signo em sua passagem seguinte.

Novas religiões, porém, não são de início reveladas em toda a sua plenitude;
elas principiam e passam por um longo período de gestação, antes de que a
religião que as precede terminar sua existência material e, similarmente, uma
religião antiga, preste a ser extinta, sobrevive muito tempo depois que a
religião que a sucedeu se tornar fonte principal para a elevação da
humanidade. Os Semitas originais, escolhidos para inaugurar a veneração ao
Cordeiro, Áries, durante a Época Ária, foram retirados do “Egito”, o lar do
“Touro”. Entretanto, não do nosso Egito moderno. A história do Faraó que se
esforçou para evitar a emigração deles, e acabou afogado, é referência da
Atlântida, que submergiu milhares de anos antes de Moisés que fugiu com os
israelitas através do “Mar Vermelho”. Os fatos por trás dessa história são que
uma multidão de pessoas deixou a terra onde o Touro era venerado (Atlântida
ou Egito), cujos habitantes se afogaram, a fim de procurar uma “terra
prometida” para além das águas que haviam tragado uma “nação ímpia”. Uma
vez lá, se dedicaram a venerar o “Cordeiro”, Áries, que fora sacrificado no
“Egito” (Atlântida); através do seu sangue, esses pioneiros foram poupados da
morte, e assim “o Cordeiro foi sacrificado desde a fundação do (atual)
Mundo”, que nós chamamos de Época Ária. A fuga de Noé apresenta outra
fase do mesmo acontecimento, quando relata que a névoa sobre a Atlântida se
condensou em chuva e inundou as depressões da terra, o que então resultou
em uma atmosfera clara na qual o Arco-íris foi visto pela primeira vez no
início da Nova Era, a Época Ária, quando foi estabelecida uma nova Aliança
com os pioneiros da nação que acabara de nascer.

A Atlântida era o lar do touro, Touro, e quando o Sol, por precessão, saiu
deste Signo pela última vez, a Religião do Cordeiro, Áries, foi definitivamente
inaugurada. Daí em diante, a veneração do Touro foi revogada, e quando
alguém da raça pioneira, retirada da antiga dispensação Atlante pelo sangue
do Cordeiro, Áries, se desviou e venerou o “Bezerro” Taurino, agiu
contrariamente à lei do progresso, se tornando-se “Idólatra”, e uma
abominação para as Hierarquias Divinas, cuja tarefa foi guiar essa raça
durante as eras que precederam o advento de Cristo. Por causa das repetidas
transgressões muitos se “perderam”, e esses são os Judeus de hoje, os quais
ainda conservam seus traços Atlantes (veja mais detalhes no Livro O Conceito
Rosacruz do Cosmos).

Sem a chave astrológica, a Bíblia é verdadeiramente um livro fechado;


contudo, com essa chave, a situação é diferente. No Velho Testamento é feita
referência a duas classes de animais: Touros, que eram os Taurinos, e
Cordeiros e Bodes, que eram os Arianos. Esses últimos eram usados em
Sacrifícios (as rolinhas eram permitidas como uma concessão à pobreza).
Todos os principais personagens da Velha Dispensação eram pastores
(Arianos), e o próprio Cristo também anunciou a Si mesmo como o Grande
Pastor.

No Novo Testamento encontramos outro animal, a que se deu grande


importância, o Peixe, e os Apóstolos foram chamados para serem “Pescadores
de Homens”, porque então o Sol, por precessão, se aproximava da cúspide de
Peixes, os peixes, e Cristo falou do tempo que o “Filho do Homem” (Aquário)
deveria vir. Assim, nossa jornada evolutiva está mapeada nas alusões
astrológicas ocultas da Bíblia.

O estudante tem, agora, uma noção da marcha dos acontecimentos, e que é


bom ter em mente.

Jesus pregava às multidões por meio de parábolas, mas explicava os mistérios


do Reino a Seus discípulos. São Paulo dava “carne” espiritual aos fortes, mas
o “leite” da doutrina dava às multidões, pois sempre houve um lado esotérico
e outro exotérico em cada religião. Tomando touro, o Signo do Touro, para
simbolizar a veneração daquele animal como praticada no Egito, na Pérsia e
em outros países naquele tempo, veremos então que o Signo oposto,
Escorpião, simboliza a doutrina esotérica do sacerdócio, que era os guardiões
dos antigos Mistérios Atlantes.

Com relação a isso, notamos primeiramente que o Signo de Escorpião está


representado no Zodíaco pictórico por um Escorpião ou por uma Serpente, e
gostaríamos, portanto, de inculcar, em especial na Mente do estudante, que o
Escorpião tem seu ferrão na cauda, enquanto a Serpente tem seu veneno nos
dentes. Isso é muito significativo, como veremos a seguir.

Procurando a palavra “serpente” na Bíblia, descobrimos que existem cerca de


sete palavras que foram traduzidas como tal; no entanto, uma delas, que foi
emprestada do Egito, é Naja. Essa palavra é encontrada nas antigas placas dos
velhos templos do Egito onde Osíris, o Deus-Sol, é saudado ao emergir da
profundeza primordial. Ele, então, foi coroado com glória, e ostenta o Uraeus
Naja, um emblema de sabedoria cósmica. O Uraeus era parte do corpo de uma
serpente, com sua cabeça representada como saindo de um ponto da testa logo
acima do nariz, onde o Espírito humano tem seu assento; e Cristo, portanto, se
referia aos antigos Iniciados-Serpente quando dizia: “Sede sábios como as
serpentes”2.

No antigo Egito, o Rei usava uma coroa adornada com uma serpente dupla,
Uraeus ou Naja, que parecia se projetar de sua testa, quando a coroa estava
em sua cabeça. Isso simbolizava o fato de que ele exercia o duplo cargo de
Rei e Sacerdote, em virtude de sua sublime sabedoria. Na Índia, também, os
guardiões dos Ensinamentos de Mistérios eram chamados Najas ou Serpentes.
No “Eddas” Islandês, o Vedas do Norte, Siegfried, o buscador da verdade,
mata a serpente, prova seu sangue e, então, se torna sábio. Para podermos
comprovar o que foi dito acima, que a serpente é o símbolo da sabedoria, não

2
N.T.: Mt 10:16
é nem necessário sairmos da nossa própria religião, pois o próprio Cristo
disse: “Sede sábios como as serpentes.”. A serpente não é, certamente,
suficientemente sagaz para garantir um significado literal desse dito; no
entanto, se compreendermos que quando o fogo criador se eleva através da
medula espinhal serpentina, fazendo vibrar o Corpo Pituitário e a Glândula
Pineal, que ligam o Ego aos Mundos invisíveis lhe despertando um sentido
oculto, a alusão é perfeitamente clara.

Há, porém, uma fase inferior de desenvolvimento espiritual, simbolizada


antigamente pela colocação do Uraeus ou serpente no umbigo, para mostrar
que as faculdades mediúnicas no plexo solar haviam sido desenvolvidas. A
mediunidade é uma fase negativa da visão ou da audição espiritual, se
possuída por uma pessoa que, sob o controle de uma inteligência externa, faz
profecias. Essa fase indesejável de vidência foi representada no Zodíaco pelo
símbolo do Escorpião, que tem o ferrão na cauda. No Iniciado-Serpente, o
Fogo Cósmico Criador foi impelido para cima, através da cabeça, para servir a
um fim espiritual; no Médium, a energia criadora é expressa para objetivos
egoístas e sensuais através do órgão procriador, regido por Escorpião.

No ponto entre as sobrancelhas, de onde se projeta a serpente da sabedoria,


está o assento da vida, enquanto tudo o que nasce do útero está sujeito ao
ferrão da morte, contido na cauda do Escorpião.

Se agora, de posse dessa informação, nos voltarmos para a Bíblia, veremos


que muitas coisas antes obscuras se tornarão claras. Conforme o que foi visto,
a palavra egípcia para Uraeus ou serpente é Naja, e foi adotada pelos Israelitas
que expressavam a faculdade negativa da mediunidade com o acréscimo do
sufixo feminino “oth”, resultando assim em Naioth; enquanto os que eram
capazes de funcionar conscientemente nos Mundos espirituais acrescentaram a
terminação positiva, masculina e plural “im”, pelo que eram chamados Naim.
Sabendo disso, se lermos o Capítulo XIX do primeiro livro de Samuel 3 logo
veremos que o incidente narrado ali era de natureza mediúnica. David passara
a temer Saul, de maneira que foi com Samuel a “Naioth”. Os tradutores da
Bíblia supunham ser isso um lugar, talvez uma vila com esse nome.
Entretanto, se fosse esse o caso, a denominação se devia ao fato de as pessoas
que ali viviam serem Naioth ou médiuns. No capítulo em apreço, eles foram
chamados profetas, e é significativo o fato de, logo ao chegar a esse
acampamento, as pessoas começarem a fazer profecias ou a falar, tomadas de
delírio. Até Saul, que também fora até lá ansioso para se livrar de David, pois
queria assassiná-lo, foi tomado pelos espíritos e profetizou, para surpresa de
todos os presentes.

O Novo Testamento diz que Cristo foi para a cidade de Nain, e lá ressuscitou
o Filho de uma Viúva4. No Testamento Latino, essa cidade não foi chamada
Nain, mas Naim. E é muito significativo que todas três Naim, Naioth e Endor,
onde se acredita tenha vivido a feiticeira que ajudou Saul, se localizassem no
mesmo lugar, perto do Monte Tabor.

Todo Maçom sabe que os membros daquela Ordem são chamados “Filhos da
Viúva”. E, de fato, a Bíblia diz que Hiram Abiff, o construtor Mestre do

3
N.T.: 18Davi tinha, pois, fugido e escapou; foi ter com Samuel, em Ramá, e lhe relatou tudo o que Saul
lhe tinha feito. Ele e Samuel foram morar na Naioth. 19E foram dizê-lo a Saul: “Davi está na Naioth, em
Ramá”. 20Saul enviou mensageiros para prender Davi, e eles viram a comunidade dos profetas, que estavam
profetizando, e Samuel a presidi-los. E logo o espírito de Deus veio também sobre os mensageiros de Saul,
os quais foram igualmente tomados de delírio. 21Informado do que ocorria, Saul mandou outros
mensageiros, os quais entraram também em delírio. Saul enviou um terceiro grupo de mensageiros, e
também eles caíram em delírio. 22Então ele próprio partiu para Ramá e chegou à grande cisterna que está
em Soco. Indagou onde estava Samuel e Davi, e lhe responderam: “Estão na Naioth em Ramá”. 23Dali
partiu Saul para Naioht em Ramá. Mas o espírito de Deus também se apossou dele, e ele caminhou delirando
até chegar na Naioth em Ramá. 24Também ele se despojou das suas vestes, também ele delirou diante de
Samuel e depois caiu no chão, nu, e ficou assim todo aquele dia e toda a noite. Daí o provérbio: “Está
também Saul entre os profetas?”.
4
N.T.: 11Ele foi em seguida a uma cidade chamada Naim. Seus discípulos e numerosa multidão
caminhavam com ele. 12Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto,
filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade estava com ela. 13O Senhor, ao vê-la, ficou comovido
e disse-lhe “Não chores!”. 14Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam.
Disse ele, então: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”. 15E o morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o
entregou à sua mãe. 16Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta
surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo”. 17E essa notícia difundiu-se pela Judéia inteira e por toda a
redondeza. (Lc 7:11-17)
Templo de Salomão, era Filho de uma Viúva, um artífice habilidoso. Não
podemos repetir aqui a Lenda Maçônica que explica a razão disso. Isso é
explicado no livro “Maçonaria e Catolicismo”, e também em nossos livros
sobre a Filosofia Rosacruz. Contudo, é suficiente dizer que na história da
Bíblia, à qual nos referimos, temos um dos Naim, um Filho da Viúva ou
Iniciado da antiga Escola da Serpente, pois os sacerdotes do Egito eram
“phree messen”, filhos da luz. Cada um tinha, interiormente, a antiga
Sabedoria da Serpente. Contudo, como uma nova religião estava sendo
inaugurada, era necessário elevar os antigos Iniciados aos Mistérios da Era
que estava entrando. Portanto, Cristo, o Leão de Judá, Senhor do novo Reino,
foi até ao Filho da Viúva de Naim e o ressuscitou com as garras potentes da
pata do Leão. Podemos, ainda, ressaltar aqui que o primeiro Iniciado sob o
novo sistema foi Hiram Abiff, o mais elevado Iniciado do antigo sistema, e
que, por meio da nova Iniciação que lhe foi ministrada por Cristo, se tornou
um “Christian”, comprometido em carregar a Rosa e a Cruz, símbolos dos
Ensinamentos dos Novos Mistérios do Mundo Ocidental, pelo que lhe foi
dado o nome simbólico de Christian Rosenkreuz.

Assim, a partir do momento em que o Sol, por precessão, entrou no Signo de


Áries, tanto se tornou um crime para o povo escolhido venerar o touro
exotericamente, como também compartilhar da sabedoria esotérica da
Serpente. Pela mesma razão, é Idolatria as pessoas do Ocidente adotarem
religiões orientais, como o Hinduísmo, o Budismo e os outros ensinamentos
afins. Porque, na Época Ária, somente as Religiões Arianas, as religiões do
Cordeiro, produzem efeito adequado sobre a evolução humana. Todos os
sistemas anteriores são prejudiciais às pessoas do Ocidente; e com o tempo,
também os que agora estão no Leste, os orientais, serão forçados a adotar essa
religião, caso contrário, ficarão muito atrás na evolução.

Você também pode gostar