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PM-to

legislação especial
Lei n. 12.850/2013 e
estatuto do desarmamento

Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Lei n. 12.850/2013 e Estatuto do Desarmamento
Prof. Douglas Vargas

SUMÁRIO
Considerações Iniciais..................................................................................3
Lei de Organizações Criminosas – Lei n. 12.850/2013......................................4
Ação Controlada........................................................................................ 13
Estatuto do Desarmamento ........................................................................ 25
Art. 10 – Porte de Arma de Fogo de Uso Permitido......................................... 35
Comércio Ilegal de Arma de Fogo................................................................ 48
Tráfico Internacional de Arma de Fogo.......................................................... 49
Observações Finais.................................................................................... 51
Resumo.................................................................................................... 53

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Prof. Douglas Vargas

DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS


Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no con-
curso realizado em 2013. Aprovado em vários concursos, como Polícia
Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e
Oficial – 2017).

LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS &


ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Considerações Iniciais

Caro(a) aluno(a), prepare-se, pois hoje vamos tratar de mais dois assuntos im-

portantíssimos para a nossa preparação!

Iremos estudar a Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013) e o Estatuto

do Desarmamento (10.826/2003). Assim como muitas outras leis extravagantes,

são duas campeãs em questões, cujos temas são simplesmente exauridos pelas

bancas examinadoras!

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Lei de Organizações Criminosas – Lei N. 12.850/2013

Introdução

Atualmente, é a Lei n. 12.850/2013 que regula toda a matéria sobre orga-

nizações criminosas em nosso país. Ela revogou expressamente a antiga Lei n.

9.034/1995, que também tratava do tema.

Conceito de Organização Criminosa

Antes de mais nada, devemos tratar do conceito legal de organização criminosa:

Art. 1º
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informal-
mente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza,
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

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Logo de cara, já temos inúmeras informações relevantes para tomar nota:

Logo, não é qualquer reunião de indivíduos para praticar crimes que irá configu-

rar uma Organização Criminosa nos termos da Lei n. 12.850/2013.

Organização Criminosa x Art. 288 do CP

Aproveitando a questão da classificação das organizações criminosas, é neces-

sário esclarecer ao aluno como diferenciar uma organização criminosa de uma as-

sociação criminosa, prevista no art. 288 do Código Penal:

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Na organização criminosa, a divisão de tarefas irá se configurar ainda que realizada

informalmente.

Extensão da Aplicabilidade

Ademais, cabe informar que a Lei n. 12.850/2013 prevê a seguinte hipótese de

extensão de sua aplicabilidade:

§ 2º Esta Lei se aplica também:


I — às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, ini-
ciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;
II — às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de
direito internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao ter-
rorismo, bem como os atos preparatórios ou de execução de atos terroristas, ocorram
ou possam ocorrer em território nacional.

O inciso I do parágrafo 2º, portanto, estende o alcance da LOC à crimina-

lidade internacional, mesmo que não praticada através de organização

criminosa.

Ademais, também estende o alcance da lei aos grupos terroristas internacionais,

os quais, segundo a doutrina, se distinguem das associações criminosas comuns

através da motivação de suas ações (que possuem mais finalidade política do

que econômica).

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Meios de Obtenção de Prova

Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de ou-
tros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
I — colaboração premiada;
II — captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
III — ação controlada;
IV — acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais cons-
tantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comer-
ciais;
V — interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação
específica;
VI — afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação es-
pecífica;
VII — infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;
VIII — cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais
na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.

O art. 3º da lei é importantíssimo, haja vista que versa sobre os meios de prova

admissíveis na investigação de organizações criminosas.

Dentre estes, merece estudo aprofundado o tema colaboração premiada.

Colaboração Premiada

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A colaboração premiada é um meio muito útil para elucidar as atividades escu-

sas de uma organização criminosa e tem tomado grande notoriedade em tempos

atuais, haja vista o trabalho realizado pela Polícia Federal e pelo MPF.

No entanto, deve ser utilizada com cautela, considerando-se o risco que envol-

ve esse meio de prova, pois o suposto colaborador pode agir de má-fé, dar infor-

mações falsas, incompletas, ou com o objetivo de livrar a si ou a terceiros do foco

das investigações.

Por esse motivo, a lei inclusive veda a condenação baseada exclusivamen-

te na colaboração premiada, que deve ser amparada por outros meios de

prova:

§ 16 Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas de-
clarações de agente colaborador.

Requisitos da Colaboração Premiada

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em
até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direi-
tos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com
o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes
resultados:
I – a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das
infrações penais por eles praticadas;
II – a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III – a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV – a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais pra-
ticadas pela organização criminosa;
V – a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

O art. 4º trata da chamada efetividade da colaboração, a qual deve prover

resultados reais para que os benefícios sejam concedidos.

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Ademais, segundo o STJ, é inerente à natureza da colaboração premiada a

confissão do agente. Tal informação é importante pois concretiza o entendimento

de que aquele que imputa responsabilidade a terceiros, sem confessar sua

própria culpa, não é colaborador, e sim informante!

Além disso, o STF entende que não há lugar para colaboração premiada em delitos

que não houve participação de outros agentes.

Resultados da Colaboração

Uma vez realizada a colaboração premiada, o art. 4º aponta os possíveis

benefícios que serão concedidos ao colaborador se for confirmada a eficácia da

colaboração.

Cabe informar que o entendimento majoritário é de que o juiz, inicialmente,

está vinculado aos termos do acordo homologado.

Tal vinculação só muda no momento da sentença, haja vista que uma vez de

posse do conjunto probatório completo, o magistrado poderá verificar a verdadeira

eficácia da colaboração, o que lhe garantirá a possibilidade de suprimir (total ou

parcialmente) o benefício concedido, desde que de forma justificada.

Inclusive, o próprio legislador, ao falar do termo de colaboração, entende que os

resultados ali presentes são possíveis, e não absolutos:

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Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter:
I – o relato da colaboração e seus possíveis resultados;

Direitos do Colaborador

Art. 5º São direitos do colaborador:


I – usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica;
II – ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados;
III – ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes;
IV – participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;
V – não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado
ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
VI – cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados.

Na colaboração premiada, o risco assumido pelo réu se torna maior até mesmo

do que aquele a que se expõem as testemunhas, de modo que a lei prevê medidas

semelhantes para a sua proteção.

Embora não conste expressamente no art. 5º, o colaborador pode até mes-

mo ter seu registro civil alterado para mudança de nome, com base no art.

9º da Lei n. 9.807/1999.

Deveres do Colaborador

Enquanto réu comum, o indivíduo preserva diversos direitos, tais como o direito

a não autoincriminação, o direito de ficar calado, entre outros.

Entretanto, uma vez que assume a condição de colaborador, alguns desses di-

reitos passam a ser mitigados, surgindo na verdade deveres quanto à conduta do

colaborador:

• o colaborador tem o dever de dizer a verdade;

• o colaborador tem o dever de comparecer para ser ouvido em juízo.

• se for beneficiado por medidas de proteção, tem o dever de se portar de

forma compatível com o benefício, evitando riscos desnecessários.

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Apesar desses deveres, a LOC assegura ao colaborador o direito de retratar-se.

Sigilo

Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo


apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto.

Tanto a negociação como o depoimento do colaborador podem, nos termos da

lei, ocorrer de forma sigilosa, ou seja, sem a participação dos corréus e de

seus defensores.

Outros Meios de Prova

Além da colaboração premiada, temos ainda que discutir os demais meios de

prova previstos na LOC.

Gravação Ambiental

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A gravação ambiental nada mais é do que a captação ambiental de sinais ópticos

(imagens) e acústicos (sons).

A Lei n. 12.850/2013 não prevê EXPRESSAMENTE a necessidade de au-

torização judicial para a realização de gravação ambiental. No entanto, o

entendimento que prevalece é o seguinte:

• A autorização judicial será necessária apenas quando a captação ocorrer com

violação de direitos fundamentais como os da intimidade ou da inviolabilidade

de domicílio.

Segundo a jurisprudência do STF, não será necessária a autorização judicial

para as seguintes gravações ambientais:

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Ação Controlada

Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrati-


va relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que
mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no
momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comu-
nicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará
ao Ministério Público.
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações
que possam indicar a operação a ser efetuada.
§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Minis-
tério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação con-
trolada.

A lei admite expressamente que a polícia retarde a sua intervenção, ante

a prática de um delito, desde que a conduta seja mantida sob observação,

de modo a permitir a intervenção policial no momento mais eficaz do ponto de vista

probatório.

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A LOC exige autorização judicial para a execução de ação controlada.

Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Infor-


mações

Tendo em vista o quão importante é a atividade investigativa no combate do

crime organizado, torna-se necessário prover aos órgãos de persecução penal o

máximo possível de informações, as quais são fundamentais para a adequada elu-

cidação de crimes complexos

Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemen-


te de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem
exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e admi-
nistradoras de cartão de crédito.

É importante atentar para a possibilidade de acesso sem intervenção judicial,

sobre dados cadastrais. Dessa forma, um delegado de polícia ou promotor ganham

um pouco mais de autonomia para obtenção de dados essenciais para a investiga-

ção e o oferecimento da denúncia.

Para entender melhor:

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São ainda informações que podem ser solicitadas sem autorização judicial:

Interceptação Telefônica & Sigilo Financeiro

Tanto a interceptação telefônica quanto o afastamento de sigilo financeiro, ban-

cário e fiscal são meios de prova expressamente admitidos na Lei n. 12.850/2013,

mas são regulados por outros diplomas legais:

Infiltração de Agentes (Art. 3º, VII)

Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, re-


presentada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público,
após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso
de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa
autorização judicial, que estabelecerá seus limites.

O objetivo da infiltração de agentes policiais é o de melhor

entender como funciona a organização criminosa, bem como re-

colher provas do envolvimento de seus integrantes e líderes.

Não é nem preciso observar que a prática é arriscadíssima, além de envolver

questões éticas, como a possibilidade de que o agente público venha a ter que co-

meter delitos para não ser descoberto.

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Além disso, no curso da infiltração policial, é muito difícil utilizar, nos autos do

processo, uma prova por ele colhida, sob o risco de comprometer sua atuação e a

investigação como um todo.

Características

A infiltração policial possui as seguintes características básicas:

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Como forma de proteger o agente infiltrado, a LOC prevê ainda que este não

será punível caso tenha que praticar algum crime, se inexigível conduta diversa

e se este não cometer excessos, no termo do art. 13:

Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a
finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados.
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente
infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.

Segundo a doutrina, tal artigo se aplica apenas em casos de crimes considera-

dos relativamente “menos graves”, como por exemplo:

Não entenda mal. Não é que utilizar documento falso ou transportar drogas não

sejam crimes graves. A questão é que, nesse ponto, a doutrina considera como

mais graves delitos como lesões corporais ou homicídio.

Nesses casos, não se considera admissível que o agente policial infiltrado pra-

tique tais delitos como forma de demonstrar sua lealdade e manter seu disfarce

dentro da organização criminosa, exigindo-se que este encontre uma maneira de

sair da situação sem ter que praticar tais atos de violência (ainda que venha a com-

prometer a operação da qual faz parte).

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Direitos do Agente

Art. 14. São direitos do agente:


I — recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
II — ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da
Lei n. 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a
testemunhas;
III — ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pes-
soais preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão
judicial em contrário;
IV — não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de
comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.

Primeiramente, perceba que a infiltração pressupõe voluntariedade. Tal medi-

da não constitui dever legal de nenhum policial, de modo que não pode ser deter-

minada apenas com base na hierarquia. O agente deve infiltrar-se voluntariamente

e pode fazer cessar sua atuação se bem entender.

Além disso, garante-se a preservação do nome, qualificação, imagem e voz do

agente infiltrado durante o processo criminal, o que como resultado, faz com

que o agente infiltrado não tenha o dever de depor como testemunha.

Compartilhamento de Informações

Art. 3º
VIII — cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais
na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.

Por fim, a lei prevê a cooperação entre diversas instituições do poder público.

Tal previsão é interessante, tendo em vista o hábito dos órgãos de inteligência de

compartimentar suas atividades, o que prejudica o trabalho em conjunto.

Dito isso, podemos finalmente passar ao estudo dos tipos penais previstos na

Lei n. 12.850/2013!

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Dos Tipos Penais

Art. 2º (Base)

Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pes-


soa, organização criminosa:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas corres-
pondentes às demais infrações penais praticadas.

Aqui temos tipificado o delito de organização criminosa propriamente dito. O

bem jurídico protegido é a paz pública.

Cabe observar que há a previsão de pena agravada ao indivíduo que exerce o

comando da organização:

§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organi-


zação criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.

Além da agravante supramencionada, são ainda dignas de leitura as causas de

aumento de pena para o delito:

§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa hou-


ver emprego de arma de fogo.
[...]

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§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):


I — se há participação de criança ou adolescente;
II — se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa
condição para a prática de infração penal;
III — se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao
exterior;
IV — se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas
independentes;
V — se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização.

Embaraço de Investigação

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a in-
vestigação de infração penal que envolva organização criminosa.

Organizações criminosas possuem os recursos os meios e o interesse em evitar

que provas relacionadas às condutas ilícitas praticadas sejam produzidas – motivo

pelo qual o legislador criou a conduta equiparada do parágrafo 1º.

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Revelação da Identidade ou Imagem do Colaborador

Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia auto-
rização por escrito:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Colaborador é o sujeito que assina o termo de colaboração premiada, no âmbito

da Lei n. 12.850/2013. Haja vista o risco que tal indivíduo corre com a decisão de

colaborar com as investigações, o legislador considerou necessário tipificar o delito

em estudo, garantindo-lhe maior proteção.

O art. 5º da LOC trata dos direitos do colaborador e merece ser lido na

íntegra.

Falsa Colaboração

Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de


infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura
de organização criminosa que sabe inverídicas:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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O colaborador tem o dever de dizer a verdade, haja vista que uma colaboração

falsa desvirtua completamente a finalidade da colaboração premiada. Ademais,

uma colaboração cujas informações são inverídicas pode até mesmo ser utilizada

para desviar a atenção dos investigadores, prejudicando completamente a elucida-

ção dos delitos.

Segundo a doutrina, o art. 19 é um tipo especial de calúnia.

Violação de Sigilo de Ação Controlada ou Infiltração

Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação


controlada e a infiltração de agentes:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Ao tipificar a conduta do art. 20, o objetivo do legislador é o de garantir o suces-

so da ação controlada realizada pelos investigadores, ou mesmo da investiga-

ção policial. Além disso, o delito em estudo tem por objetivo tutelar a segurança

do agente infiltrado, se for o caso.

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Recusa ou Omissão de Dados Cadastrais, Registros, Docu-


mentos ou Informações

Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações re-


quisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de investigação
ou do processo:
Pena — reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

O art. 21 cuida de uma forma especial de desobediência, no âmbito da Lei de

Organizações Criminosas. Se a autoridade judiciária, o delegado ou o membro do MP

requisitam informações nos termos da lei, a recusa irá configurar o delito em estudo.

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Uso Indevido de Dados Cadastrais

Art. 21.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala,
divulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei.

A conduta do art. 21 é uma forma especial de violação de sigilo, que tem como

objeto os dados cadastrais de que trata a LOC, nos termos de seu art. 15:

Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemen-


te de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem
exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e admi-
nistradoras de cartão de crédito.

Observações Finais

Para finalizar o estudo da Lei n. 12.850/2013, cabe observar:

• Aplica-se o procedimento ordinário na apuração dos crimes previstos na

LOC (art. 22).

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• Há previsão legal (art. 22, parágrafo único) para que a instrução criminal te-

nha duração razoável, não superando 120 dias, prorrogáveis por igual

período, se o réu estiver preso.

• É cabível a decretação de sigilo da investigação no âmbito da LCO (art. 23).

Estatuto do Desarmamento

Lei n. 10.826/2003

Introdução

A Lei n. 10.826/2003, o chamado Estatuto do Desarmamento, visou corrigir as

falhas da Lei n. 9.437/1997, diploma anterior sobre a matéria e responsável por

criminalizar o porte ilegal de arma de fogo em nosso país.

É isso mesmo! Antes da Lei n. 9.437/1997, porte ilegal de arma de fogo era

contravenção penal, e não crime, como ocorre atualmente.

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Nesse sentido, o Estatuto do Desarmamento trouxe em seu texto restrições à

venda, registro e autorização de porte de arma de fogo, e a criminalização de di-

versas condutas, as quais iremos estudar nessa aula, em detalhes.

Conceito de Arma

Primeiramente, devemos é claro tratar dos conceitos de ARMA, para efeitos da

legislação penal:

SINARM

Previsto no art. 1º da Lei n. 10.826/2003, é um sistema instituído no Ministério

da Justiça, no âmbito da Polícia Federal. Sua competência está prevista no art. 2º

da referida lei, que merece ser lido.

Dentre tais competências, no entanto, merece destaque a atribuição de ca-

dastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no país, bem

como a de cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as reno-

vações expedidas pela polícia federal.

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O SINARM não alcança as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem

como demais armas que constem em registros próprios (parágrafo único do art. 2º).

Dessa forma, as chamadas armas de fogo de uso restrito não têm seu cadastro

controlado pelo SINARM, e sim através do sistema SIGMA (Sistema de Gerencia-

mento Militar de Armas).

Sobre a matéria dispõe também o art. 3º da lei em estudo:

Art. 3º. É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente.


Parágrafo Único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do
Exército, na forma do regulamento desta Lei.

Aquisição e Porte de Arma de Fogo de Uso Permitido

Para aquisição de arma de fogo de uso PERMITIDO, temos os requisitos do pa-

rágrafo 4º, que merece ser lido. De forma resumida, temos o seguinte:

Idade

A idade mínima para portar arma de fogo é de 25 anos.

Entretanto, cuidado!

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Tal limitação não se aplica ao chamado porte funcional de arma de fogo, o qual

estudaremos mais à frente.

A limitação em questão aplica-se apenas ao porte comum, para armas de fogo

de uso permitido. Não estamos falando de armas de fogo de calibre restrito, utili-

zadas por exemplo, pelas forças de segurança.

É por isso que aquele concurseiro precoce, muito dedicado e talentoso, que,

com apenas 21 anos, vai passar no concurso da Polícia Federal em todas as etapas,

não precisa ficar preocupado: poderá portar sua pistola Glock funcional normal-

mente. O limite de idade não se aplica nesse caso!

Porte X Registro

Uma vez que estamos tratando do assunto porte de arma de fogo e registro de

arma de fogo, é importante desde já fazer a diferenciação:

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Veja só o que rege o art. 5º:

Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território


nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no inte-
rior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de
trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou
empresa.

Note que o indivíduo que possui uma arma de fogo devidamente registrada, mas

que não possui porte de arma de fogo de uso permitido, deverá manter seu ar-

mamento EXCLUSIVAMENTE em sua residência ou em seu trabalho (e, no caso des-

se último, APENAS se for o responsável legal ou titular do estabelecimento).

São muito comuns questões elaboradas afirmando que um funcionário qualquer

de um estabelecimento (padaria, posto de gasolina, escritório) mantinha uma arma

devidamente registrada em seu local de trabalho, do qual não era titular ou res-

ponsável legal.

Nesses casos, note que haverá crime, pois o registro de arma de fogo não lhes

garante o direito de manter o armamento no local de trabalho sem a qualidade de

titular ou responsável legal!

Do Porte

Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os
casos previstos em legislação própria e para

A regra, em nosso país, portanto, é a proibição do porte de arma de fogo.

A exceção, no entanto, pode estar prevista em legislação própria e nos casos arro-

lados no art. 6º da lei em estudo.

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O art. 6º é extenso, mas DEVE ser lido pelo(a) aluno(a), pois arrola os indivíduos

aos quais o Estatuto do Desarmamento garante expressamente o direito ao porte

de arma de fogo.

Antes mesmo de estudar as hipóteses de porte de arma de fogo nos ditames da

lei, precisamos entender que tal instituto está dividido em três categorias:

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Analisando o Art. 6º

Vamos agora analisar o art. 6º, de forma detalhada, verificando as peculiarida-

des de cada caso.

Porte Funcional de Arma de Fogo

São elencados como detentores de porte FUNCIONAL (art. 6º, §1º):

• integrantes das forças armadas;

• integrantes do CAPUT do art. 144 da CF;

–– Polícia Federal;

–– Polícias Civis dos Estados e do DF;

–– Polícias Militares;

–– Corpo de Bombeiros;

–– Polícia Rodoviária Federal;

–– Polícia Ferroviária Federal.

• guardas municipais de capitais dos estados e de municípios com mais de

500.000 habitantes;

• agentes da ABIN e do DSGSI (Departamento de Segurança do Gabinete de

Segurança Institucional da Presidência da República;

• integrantes da Polícia Legislativa;

• integrantes do quadro efetivo de agentes prisionais.

Apenas esses indivíduos possuem o chamado porte funcional de arma de fogo,

o qual lhes concede a seguinte prerrogativa:

• podem portar armas, tanto funcionais quanto particulares, dentro e fora do

período de serviço.

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Ademais, os integrantes de tais forças possuem a prerrogativa de portar armas

em todo o território nacional, EXCETO os integrantes das guardas municipais e

das guardas prisionais, os quais só possuem o chamado porte REGIONAL.

Guardas Municipais

Cabe fazer breve observação sobre as guardas municipais. Seu porte funcional

se divide em quatro categorias:

Por esse motivo, apenas com seu porte funcional, o membro da guarda munici-

pal não tem o direito de levar sua arma consigo se for viajar pelo país, por exemplo,

considerando-se que seu porte é REGIONAL, e não NACIONAL.

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Outras Carreiras que Possuem Porte Funcional

São outras carreiras que também possuem porte de arma de fogo:

• integrantes de escoltas de presos e guardas portuárias;

• empresas de segurança privada e de transportes de valores;

• integrantes de entidades de tiro desportivo;

• integrantes das carreiras de AUDITORIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL e AU-

DITORIA-FISCAL DO TRABALHO, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário;

• Tribunais do Poder Judiciário e os Ministérios Públicos;

Os integrantes dos órgãos arrolados acima, no entanto, não estão incluídos no

rol do parágrafo 1º do art. 6º. A lei, portanto, não lhes garante expressamente o

porte de arma de fogo fora de serviço.

Observações Importantíssimas

Façamos agora algumas observações muito importantes sobre o porte de arma

de fogo para os integrantes do art. 6º:

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Porte de Caçador

Por fim, devemos ainda listar o chamado porte de arma de fogo na categoria

caçador para subsistência, modalidade facilitada pela lei com o objetivo de atingir

residentes em áreas rurais, que precisam empregar armas de fogo para prover sua

subsistência:

§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem
depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar
será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para
subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois)
canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interes-
sado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados
os seguintes documentos:

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I – Documento de identificação pessoal;


II – Comprovante de residência em área rural; e
III – Atestado de bons antecedentes.
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independente-
mente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou
por disparo de arma de fogo de uso permitido.

Estrangeiros

Por fim, cabe observar a quem compete autorizar o porte de arma de fogo em

dois casos relacionados estrangeiros:

• porte de arma por responsáveis pela segurança de cidadão estrangeiro em

visita ou sediado no Brasil é competência do Ministério da Justiça;

• porte em trânsito para colecionadores, atiradores e caçadores, bem como de

representantes estrangeiros em competição internacional oficial realizada em

território nacional é competência do Comando do Exército.

Art. 10 – Porte de Arma de Fogo de Uso Permitido

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Podemos finalmente discutir o chamado porte precário de arma de fogo, que

nada mais é do que a autorização para porte de arma de fogo de uso permitido,

nos termos do art. 10 da Lei n. 10.826/2003.

Os integrantes das forças de segurança (Polícia Federal, Civil, Militar, entre ou-

tras), em regra, portam armamentos de uso restrito, cujo potencial ofensivo é

maior do que o de um armamento comum.

Já o cidadão comum, que não integra tais forças de segurança, nos casos em

que a lei lhe permite, irá portar armas de fogo de uso permitido, cujo potencial

ofensivo, embora ainda muito grande quando comparado com o de armas brancas,

é menor do que o do armamento restrito.

Como você já sabe, a regra em nosso ordenamento jurídico está na proibição

do porte de arma de fogo em todo o território nacional. Vejamos qual é a exceção:

Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o ter-
ritório nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após
autorização do SINARM.
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária
e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco
ou de ameaça à sua integridade física;
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei;
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devi-
do registro no órgão competente.

Uma vez que são atendidos os requisitos acima, pode ocorrer a concessão ex-

cepcional do porte de arma de fogo ao indivíduo que não possui o porte garantido

no art. 6º da Lei n. 10.826/2003.

É assunto interessante (e recorrente em provas) a possibilidade de o indivíduo

perder o porte de arma de fogo de uso permitido, nos seguintes casos:

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• automaticamente, caso o portador seja detido ou abordado em estado de

embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas;

• se o portador for encontrado em local de grande aglomeração (show,

estádio de futebol) portando sua arma de fogo

–– essa segunda previsão, no entanto, não se encontra na Lei n. 10.826/2003,

mas sim em regulamento.

As hipóteses de perda acima listadas se aplicam APENAS AOS INDIVÍDUOS que

tiveram o porte concedido através do art. 10 da Lei n. 10.826/2003.

Pronto! Assim finalizamos o nosso estudo sobre a POSSE e o PORTE de arma de

fogo, nos ditames da lei.

Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena — detenção, de um a três anos, e multa.

Como você já sabe, o indivíduo que quer adquirir uma arma de fogo, ou seja,

obter seu registro e o direito de POSSE – não de porte –, deve preencher os re-

quisitos previstos na Lei n. 10.826/2003 e solicitar ao SINARM a emissão de uma

autorização para a compra da arma.

Realizada a aquisição, o indivíduo deve registrar a arma de fogo nos termos da

lei, de modo que seja emitido o CRAF (Certificado de Registro de Arma de Fogo).

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Feito isso, o indivíduo passa a ter o direito de manter a arma de fogo adquirida

exclusivamente no interior de sua residência, ou em seu local de trabalho,

desde que este seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento.

Dessa forma, manter uma arma de fogo em sua residência ou em seu local de

trabalho, na qualidade de titular ou responsável legal, sem o devido registro,

configura o delito do art. 12.

A configuração do delito do art. 12 da Lei n. 10.826/2003 é algo bastante singu-

lar, e você deve tomar muito cuidado para não entender como POSSE IRREGULAR

uma conduta de PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO:

• manter arma de fogo em residência alheia: PORTE ILEGAL DE ARMA DE

FOGO;

• manter arma de fogo na boleia do caminhão, onde o motorista reside: PORTE

ILEGAL DE ARMA DE FOGO;

• manter arma de fogo no local de trabalho, do qual o indivíduo não é respon-

sável legal ou titular: PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO!

Veja, portanto, que a configuração do delito de POSSE IRREGULAR DE ARMA DE

FOGO vai se restringir ao caso do indivíduo que se restringiu a manter a arma de

fogo em sua residência, ou em seu trabalho (na qualidade de titular ou responsável

legal), da forma como determina a lei – porém sem o devido registro.

Se as circunstâncias não se adequarem perfeitamente à descrição do art. 12,

não tenha dúvidas: O delito será o de porte ilegal de arma de fogo (ou até mesmo

outro delito).

Lembre-se sempre: saiu da residência ou do local de trabalho em que o

indivíduo é o titular, deixa de ser POSSE, e passa a ser PORTE.

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Além disso, cabe observar que se a arma encontrada for de uso RESTRITO, não

se configura o delito em estudo – e sim crime mais grave, o qual iremos conhecer

em breve.

Munições e acessórios também podem ser objeto do delito.

Portanto, se o indivíduo mantém em sua residência, nas condições do art. 12,

munição ou acessório de arma de fogo, também incorrerá no delito em estudo.

Omissão de Cautela

Art. 13, caput — Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor
de dezoito anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo
que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena — detenção, de um a dois anos, e multa.

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Trata-se de delito cuja conduta é basicamente culposa, pois o autor é negli-

gente e deixa de impedir que menor de 18 anos ou pessoa portadora de de-

ficiência se apodere de arma de fogo que está sob sua posse ou que é de sua

propriedade.

É muito importante observar que o delito se configura apenas se menor de 18

anos ou pessoa portadora de deficiência se apoderar da arma.

Dessa forma, se um indivíduo que possui regular porte de arma de fogo vem a

deixar sua arma em cima da mesa de sua residência, na qual não reside nenhum

menor de 18 anos ou portador de deficiência, e um outro imputável, perfeita-

mente capaz, vem a se apoderar de seu armamento, não se configura o delito

em estudo.

Conduta Equiparada

Parágrafo Único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de


empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência po-
licial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio
de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
(vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

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A conduta equiparada, por sua vez, é DOLOSA, posto que o proprietário ou di-

retor da empresa de segurança deixa de comunicar à Polícia Federal alguma forma

de extravio de arma de fogo, munição ou acessório sob sua guarda.

Não se trata de mero esquecimento ou negligência. O autor, propositalmente,

deixa de comunicar o fato à autoridade competente.

Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Em primeiro lugar, note que a conduta não é meramente portar arma de fogo

ilegalmente. Os verbos previstos no tipo incluem ações como adquirir, fornecer,

receber, ter em depósito, entre outras diversas condutas que, se praticadas, irão

configurar o delito de porte ilegal de arma de fogo.

O delito é de ação múltipla ou conteúdo variado – de modo que se o autor praticar

mais de uma conduta, em um mesmo contexto fático, irá praticar um único crime.

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Por esse motivo, se o indivíduo adquire e logo em seguida porta a arma

de fogo, incorrerá em um único crime.

Observações Importantes

Se a arma for de uso restrito, ou estiver raspada, o agente incidirá no art. 16, o

qual iremos estudar em breve.

Se a arma estiver TOTALMENTE INUTILIZADA, o delito não se configura (fato

atípico).

Se a arma estiver quebrada mas for passível de conserto, configura-se o delito.

Se a arma estiver sem munição, ou o indivíduo for encontrado portando aces-

sório ou munição, mas sem a arma, ainda assim irá se configurar o delito do

art. 14.

Portar arma de brinquedo, simulacro ou réplica não configura o delito em

estudo.

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Embora a Lei n. 10.826/2003 trata o delito do art. 14 como INAFIANÇÁVEL, tal

norma foi considerada INCONSTITUCIONAL pelo STF. O delito em estudo, portanto,

é sim afiançável, ao contrário do que prevê o texto legal.

Disparo de Arma de Fogo

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas ad-
jacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
finalidade a prática de outro crime:
Pena — reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Trata-se de crime de perigo concreto, cuja conduta é subsidiária, ou seja, só

irá se configurar se não for crime-meio para outro delito.

Portanto, se o indivíduo dispara arma de fogo para praticar um homicídio, por

exemplo, irá responder apenas pelo art. 121 do Código Penal, (seja na forma ten-

tada, seja consumada), e o delito de disparo de arma de fogo restará absorvido.

Novamente, assim como ocorre com o art. 14, o delito é afiançável, visto que a

previsão do parágrafo único foi também considerada inconstitucional pelo STF.

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Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito

Art. 16:
Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ain-
da que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena — reclusão, de três a seis anos, e multa.

Esse delito exige um estudo um pouco mais refinado, em razão das inúmeras con-

dutas equiparadas previstas em seu parágrafo único. Mas comecemos pelo básico:

Incide nas penas do art. 16 tanto o PORTE quanto a POSSE de arma de

fogo de uso restrito.

Se a arma de fogo for de uso restrito, portanto, não importa o local ou as

circunstâncias em que foi encontrada – configura-se o art. 16, cuja pena é

bem mais grave do que a prevista nos artigos 12 (POSSE) e 14 (PORTE),

respectivamente.

Por exemplo:

• É encontrada uma arma de fogo de calibre de uso restrito na residência do

indivíduo. Configura-se o delito do art. 16, e não o delito do art. 12;

• É encontrada uma arma de fogo de uso restrito escondida na cintura de um

indivíduo que foi abordado no meio da rua: Configura-se o delito do art. 16,

e não o delito do art. 14.

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Figuras Equiparadas

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:


I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de
fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem auto-
rização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer
forma, munição ou explosivo.

Exemplo de arma de fogo com numeração suprimida

As figuras equiparadas do art. 16 merecem toda a sua atenção, pois são um dos

assuntos favoritos das bancas.

O inciso I trata da supressão ou alteração de marca, numeração ou sinal

de identificação da arma de fogo.

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O armamento é sempre produzido com um número de série, muito útil em si-

tuações de perícia e para o rastreamento de sua origem, o que justifica o interesse

do legislador em aplicar uma pena mais grave para aquele que suprime tal dado

contido no armamento.

O inciso II trata da modificação da arma de fogo, para torná-la equivalente

a uma arma de fogo de uso proibido ou para induzir em erro a autoridade policial,

perito ou juiz.

• Exemplo: indivíduo é armeiro e substitui o cano de uma pistola .38 de forma

a adaptá-la para receber munições .40 S&W (uso restrito).

O inciso III trata dos artefatos explosivos ou incendiários.

• Exemplo: Coquetel Molotov

O inciso IV trata da conduta do indivíduo que porta, possui, adquire, fornece

ou transporta armamento com o sinal de identificação ou numeração su-

primido. Note, portanto, que não é apenas a SUPRESSÃO da numeração que está

prevista como conduta equiparada ao art. 16, mas também o porte e a posse do

armamento nessas condições.

O inciso V trata da conduta de entregar arma de fogo ou equiparado para crian-

ça ou adolescente. Esse delito também está previsto no ECA (Estatuto da Crian-

ça e do Adolescente), mas em regra deve-se aplicar a previsão contida na Lei n.

10.826/2003, que é posterior.

Por fim, o inciso VI trata da conduta de quem produz, recarrega ou recicla,

sem autorização legal, ou adultera, munição ou explosivo. Note que não precisa

ser munição de uso restrito. A conduta se configura com a recarga ou produção de

qualquer tipo de munição.

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A Lei n. 13.497/2017 tornou HEDIONDO o delito de posse ou porte de arma de fogo


de uso restrito e suas formas equiparadas!

Dessa forma, as disposições da Lei n. 8.072/1990 aplicam-se também às con-


dutas previstas no art. 16 da Lei n. 10.826/2003.

Esquematizando
Vamos esquematizar os delitos que estudamos até agora, para facilitar:

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Comércio Ilegal de Arma de Fogo

Cena de compra de armas no filme “John Wick 2”

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, des-
montar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma uti-
lizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determi-
nação legal ou regulamentar:
Pena — reclusão de quatro a oito anos, e multa.

O delito do art. 17 é um crime que exige o exercício de atividade comercial

ou industrial. Por esse motivo, não basta vender armas de fogo, acessórios ou

munições em desacordo com determinação legal ou sem autorização: é necessária

a atividade comercial e o fim lucrativo da conduta.

Por esse motivo, se o autor vende uma arma de fogo clandestinamente, mas

exercendo a conduta de forma eventual (e não como atividade comercial), irá inci-

dir no art. 14 ou 16, dependendo do caso, mas não no art. 17!

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Curiosidade!

É interessante notar que o legislador foi cuidadoso o suficiente para incluir o verbo

CONDUZIR no tipo penal em estudo. Algumas armas de fogo efetivamente podem

ser conduzidas (como tanques de guerra, por exemplo)!

Tráfico Internacional de Arma de Fogo

Tráfico internacional de armas no filme “Lord of War”(2005)

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Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qual-


quer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade
competente:
Pena — reclusão de quatro a oito anos, e multa.

O tráfico internacional de armas de fogo é caracterizado pela entrada ou saída

de armas de fogo das faixas de fronteira do país. Ao contrário do art. 17, o delito

não requer o fim de lucro.

Outra peculiaridade importante: em razão do caráter de internacionalidade, o

delito do art. 18 é de competência da Justiça Federal.

Curiosamente, o delito em estudo não é crime hediondo, mesmo apresen-

tando pena cominada em abstrato (reclusão de 4 a 8 anos) superior à do art. 16

(posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito).

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Observações Finais

Recomendação de Leitura

Recomenda-se a leitura dos artigos 22 ao 35 da Lei n. 10.826/2003, de forma

complementar a essa aula.

Tal recomendação se baseia na baixa frequência com que tais artigos são objeto

de prova, bem como na forma com que tais normas costumam ser cobradas: se

restringindo basicamente ao texto de lei.

Causas de Aumento de Pena


O Estatuto do Desarmamento apresenta as seguintes previsões de causas de

aumento de pena:

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a
arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

A previsão do art. 19 cuida de aumentar a pena no caso de comércio ou de trá-

fico internacional envolvendo armas de fogo, acessório ou munição de uso proibido

ou restrito.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da
metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts.
6º, 7º e 8º desta Lei.

Já a previsão do art. 20 se configura nos delitos de Porte (Art. 14), Disparo (Art.

15), Porte Restrito (Art. 16), Comércio (Art. 17) e Tráfico Internacional (Art. 18)

de armas caso a conduta seja praticada por autor que integre os órgãos ou

empresas referidas nos artigos 6º, 7º e 8º da Lei n. 10.826/2003.

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Seria o caso, por exemplo, de um policial federal que viesse a ser preso prati-

cando tráfico internacional de armas de fogo. Ele responderia pelo delito em ques-

tão com a pena aumentada da metade, haja vista ser o autor é integrante do rol do

art. 6º do diploma legal.

E, finalmente, cabe informar que a vedação de liberdade provisória prevista no

art. 21 da Lei n. 10.826/2003 foi também considerada inconstitucional. Dessa

forma, admite-se, sim, a liberdade provisória diante da prática dos delitos que es-

tudamos na aula de hoje.

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RESUMO

Lei de Organizações Criminosas – Lei n. 12.850/2013

Conceito de Organização Criminosa

• Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais

pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,

ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,

vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas

penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de

caráter transnacional.

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Meios de Prova

• Colaboração Premiada:

–– O STF entende que não há lugar para colaboração premiada em delitos nos

quais não houve participação de outros agentes.

• Gravação Ambiental

–– A gravação ambiental nada mais é do que a captação ambiental de sinais

ópticos (imagens) e acústicos (sons).

• Ação Controlada

–– Retardamento da intervenção policial, ante a prática de um delito, desde

que a conduta seja mantida sob observação, de modo a permitir a ação

policial no momento mais eficaz do ponto de vista probatório.

–– A LOC exige autorização judicial para a execução de ação controlada.

• Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informações

–– O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independente-

mente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado

que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endere-

ço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições finan-

ceiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.

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• Interceptação Telefônica & Sigilo Financeiro

–– São meios de prova expressamente admitidos na Lei n. 12.850/2013, mas

são regulados por outros diplomas legais.

• Infiltração de Agentes

–– O objetivo da infiltração de agentes policiais é o de melhor entender como

funciona a organização criminosa, bem como recolher provas do envolvi-

mento de seus integrantes e líderes.

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• Compartilhamento de Informações

–– Cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e mu-

nicipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou

da instrução criminal.

Tipos penais

Organização Criminosa

• Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por inter-

posta pessoa, organização criminosa

–– § 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou cole-

tivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos

de execução

Embaraço de Investigação

• Nas mesmas penas, incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça

a investigação de infração penal que envolva organização criminosa

Revelação da Identidade ou Imagem do Colaborador

• Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia au-

torização por escrito

Falsa colaboração

• Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de

infração penal a pessoa que sabe ser inocente ou revelar informações sobre

a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas

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Violação de Sigilo de Ação Controlada ou Infiltração

• Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação

controlada e a infiltração de agentes

Recusa ou Omissão de Dados Cadastrais, Registros, Documentos ou

Informações

• Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações re-

quisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de

investigação ou do processo

Uso Indevido de Dados Cadastrais

• Na mesma pena, incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divul-

ga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei.

Observações Finais

• Aplica-se o procedimento ordinário na apuração dos crimes previstos na LOC

Estatuto do Desarmamento

Conceito de arma

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SINARM

• Sistema instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal.

• O SINARM não alcança as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares,

bem como demais armas que constem em registros próprios

Aquisição de Arma de Fogo de Uso Permitido

• Requisitos:

• Idade:

–– A idade mínima para portar arma de fogo é de 25 anos.

–– Tal limitação não se aplica ao chamado porte funcional de arma de fogo.

Porte x Registro

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Do Porte

Dos Delitos

Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido

• Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de

uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no

interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de

trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento

ou empresa

• Munições e acessórios também podem ser objeto do delito.

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Omissão de Cautela

• Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de de-

zoito anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de

fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade

Conduta Equiparada

• Nas mesmas penas, incorrem o proprietário ou diretor responsável de em-

presa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocor-

rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras

formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob

sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido

• Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder

ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda

ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem auto-

rização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar

• Embora a Lei n. 10.826/2003 trate o delito do art. 14 como INAFIANÇÁVEL,

tal norma foi considerada INCONSTITUCIONAL pelo STF.

Disparo De Arma De Fogo

• Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas

adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não

tenha como finalidade a prática de outro crime

• Trata-se de crime de perigo concreto, e cuja conduta é subsidiária – só irá

se configurar se não for crime-meio para outro delito.

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Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito

• Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transpor-

tar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter

sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proi-

bido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal

ou regulamentar

• Incide nas penas do art. 16 tanto o PORTE quanto a POSSE de arma de fogo

de uso restrito.

Figuras Equiparadas

• I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação

de arma de fogo ou artefato;

• II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equiva-

lente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou

de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

• III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário,

sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;

• IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com nu-

meração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido

ou adulterado;

• V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,

acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e

• VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de

qualquer forma, munição ou explosivo.

• A Lei n. 13.497/2017 tornou HEDIONDO o delito de posse ou porte de

arma de fogo de uso restrito e suas formas equiparadas!

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Comércio Ilegal de Arma de Fogo

• Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, des-

montar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer

forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comer-

cial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou

em desacordo com determinação legal ou regulamentar

• Exige-se o exercício de atividade comercial ou industrial.

Tráfico Internacional de Arma de Fogo

• Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qual-

quer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da au-

toridade competente

• É competência da Justiça Federal.

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