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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL


PROFª. ADARLY ROSANA MOREIRA GOES

A​NDREIA​ ​ANCELMO​ ​TEIXEIRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO


TCC
BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL

Viçosa 2013
ANDREIA ANCELMO TEIXEIRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO


TCC
BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL

Trabalho apresentado ao Curso (Serviço Social – Módulo VIII) da UNOPAR - Universidade


Norte do Paraná, com um dos requisitos para obtenção do gral em Bacharel em Serviço Social

Orientador: Prof. Adarly Rosana Moreira Goes

Viçosa
2013

PARA CATALOGAÇÃO INTERNA


(Universidade Norte do Paraná - UNOPAR)

Teixeira ,Andréia Anselmo. O PERFIL DOS IDOSOS EM INSTITUIÇÃO DE


LONGA PERMANÊNCIA NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA-MG​. 2013 42 p.
Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Serviço Social) – Universidade Norte
do Paraná UNOPAR.
Dedicatória

Dedico a conclusão deste trabalho


primeiramente a Deus,Primordial a
minha existência, a todos que me
apoiaram nos momentos mais difíceis, ao
amigos da faculdade,Ao meu Pai José
Mauro Teixeira, Minha Mãe Maria
Aparecida A.Teixeira, meu grande Irmão
Josimar A, Teixeira e Natalia A.
Teixeira, Principalmente ao meu
namorado André Luiz de A. Lopes que
em nenhum momento mediram esforços
para a realização dos meus sonhos, que
me guiaram pelos caminhos corretos, me
ensinaram a fazer as melhores escolhas,
me mostraram que a honestidade e o
respeito são essenciais à vida, e que
devemos sempre lutar pelo que
queremos. A eles devo a pessoa que me
tornei, sou extremamente feliz.

AMO VOCÊS
Agradecimento

● Agradeço a minha professora e orientadora Maria das Graças Barreiros pelas


orientações precisas em todos os momentos solicitados.
● Agradeço aos meus pais, minha fortaleza, que foram responsáveis pela formação do
cidadão que sou.
● Agradeço a todos que mesmo estando longe me apoio e incentivou.
● E finalmente agradeço à suave ação do Espírito de Deus, reconheço que sem sua doce
inspiração não poderia realizar tal obra...

RESUMO
Este trabalho teve como objetivo geral realizar um levantamento do perfil dos idosos
institucionalizados, a fim de conhecer melhor os idosos que se encontram
institucionalizados no “Lar dos Velhinhos”, em Viçosa. Trata-se de uma pesquisa
exploratória, e quali-quantitativa. Para a coleta de dados realizamos uma entrevista
através do Roteiro de Entrevista Estruturado com 29 idosos que estão abrigados no Lar
dos Velhinhos. Dos 29 entrevistados, constatamos que a maioria é do sexo feminino;
estão na faixa etária acima de 70 anos; são solteiras e sem filhos. Observamos também
que os fatores que levaram a institucionalização estavam relacionados ao abandono por
parte dos familiares.

Palavras-chave:​ Idoso; Institucionalização; Política para o Idoso.

LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: ​Sexo dos entrevistados........................................................................... 25
GRÁFICO 2: ​Idade dos entrevistados.......................................................................... 26
GRÁFICO 3:​ Estado civil dos entrevistados................................................................ 26
GRÁFICO 4:​ Número de filhos dos entrevistados....................................................... 27
GRÁFICO 5:​ Nível de escolaridade dos entrevistados................................................. 28
GRÁFICO 6:​ Cidade onde mora a família do idoso..................................................... 28
GRÁFICO 7:​ Tempo de abrigo na instituição ..............................................................29
GRÁFICO 8:​ Razões do internamento......................................................................... 30
GRÁFICO 9:​ A frequência com que é realizada a visita dos familiares ......................30
GRÁFICO 10:​ O fornecimento gratuito de medicamentos de uso contínuo.................31
GRÁFICO 11:​ Doenças apresentadas pelos idosos .....................................................32

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO​.................................................................................................. 10
..........
CAPÍTULO 1. O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO 12
BRASIL​........ 17
1.1. A POLÍTICA NACIONAL DO 18
IDOSO...........................................................
1.2. O ESTATUTO DO
IDOSO..............................................................................

CAPÍTULO 2. A TRAJETÓRIA DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA


PERMANÊNCIA................................................................................................ 20
.........

CAPÍTULO 3. REFLEXÕES SOBRE OS DADOS 24


COLETADOS​........................
33

CONCLUSÃO​.......................................................................................................... 34
....
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
....................................................................

ANEXOS
.....................................................................................................................
INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional acontece em todo o mundo e é um fenômeno


mundial que vem ocorrendo em quase todos os países do mundo, incluindo o Brasil.
Este evento é decorrente de dois fatores: o aumento da expectativa de vida e a queda dos
índices de natalidade. No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, este
processo está ocorrendo com grande aceleração, levando muitas vezes o idoso à
institucionalização.
Na pesquisa realizamos um levantamento dos idosos institucionalizados no
município de Viçosa, a fim de se conhecer suas necessidades e o seu perfil.
O tema Idoso tem ganhado espaços importantes na discussão no âmbito do
desenvolvimento das Políticas Públicas de atenção ao idoso e o Estatuto do Idoso como:
Educação, Assistência Social, Saúde entre outros.
As questões relativas ao envelhecimento humano têm sido tema de relevante
importância, uma vez que, nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a estimativa
de vida das pessoas tem aumentado de forma significativa. A pesquisa que se apresenta
nessa oportunidade trata-se do processo de azilamento da pessoa idosa. Esse tema
emerge com grande relevância no sentido de contribuir na busca de alternativas que
possam atenuar os impasses diante do aumento da população idosa e das novas
configurações familiares.
O interesse pelo tema “idoso” iniciou na ocasião da experiência de estágio no
Projeto de execução que passei uma tarde com os idosos,e, passei a me interessar pelo
tema “Idoso”, quando tive uma grande inquietação ao observar os idosos naquela
instituição, em especial aqueles que não são visitados com freqüência pelos familiares.
Assim, surgiu a oportunidade de conhecer mais acerca desse assunto através do
Trabalho de Conclusão de Curso que é requisito parcial para a obtenção de grau no
Curso de Serviço Social. Dessa forma, esta pesquisa apresenta como objetivo geral
analisar o perfil dos idosos institucionalizados no Lar dos Velhinhos no ano de 2013. E
como objetivos específicos identificar: o sexo dos idosos institucionalizados; a idade e o
estado civil; o número de filhos que esses idosos possuem; o nível de escolaridade dos
participantes; o município onde a família dos idosos reside; o tempo que estes estão na
instituição; os motivos alegados para o internamento; a relação com a família; e o uso
de medicamentos.
A questão da velhice se caracteriza por uma imensa vulnerabilidade, por
desigualdades sociais ao qual devem acrescentar as transformações que se dão no
âmbito das relações familiares e do mundo do trabalho. Outras características relevantes
é que os idosos, em sua maioria, possuem recursos em reserva para compras de maior
valor agregado e também são mais confiáveis no pagamento de contas, em relação aos
jovens. Isso porque planejam melhor os seus gastos do que os mais novos.
A mulher brasileira em média tinha mais de seis filhos no começo dos anos 60 e
atualmente tem menos de dois. Com o passar do tempo, essas mudanças na mortalidade
e fecundidade alteraram a distribuição etária da população. As mulheres estão cada vez
mais assumindo responsabilidades tanto no que se relaciona ao cuidado como na
provisão de despesas da família. Quando cai o número de filhos, sobram mais recursos
para despesas mais sofisticadas. Junto com a mobilidade social e a estabilidade
econômica, isso muda o perfil de consumo dos brasileiros.
Para a elaboração do presente trabalho, foi realizado um estudo de caso, em uma
unidade de Instituição de Longa Permanência, chamada Lar dos Velhinhos, localizada
no município de Viçosa – MG, onde a pesquisa se firmou na descrição´Idoso
Institucionalizado`.
O estudo foi desenvolvido através de informações adquiridas em fontes de
pesquisas bibliográficas e documentais de natureza de dados primários e/ou
secundários. Em seguida, foi realizada uma entrevista através do Roteiro de Entrevista
Estruturado com 29 idosos abrigados na instituição (Anexo 1) e todos foram informados
sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 2) que foi assinado ou
marcado com as digitais do idoso participante do estudo. A coleta de informações foi
realizada no segundo semestre de 2013, entre Agosto e Setembro.
Este estudo não tem a pretensão de aprofundar nos dados da instituição, mas sim
no idoso institucionalizado. Tomar a nossa vivência e a nossa observação para fazer um
estudo do que nos pareceu mais pertinente.
No primeiro capítulo falaremos sobre o Envelhecimento Populacional no Brasil,
e para isso apresentamos um resgate histórico do envelhecimento no país, a trajetória da
Política Nacional do Idoso e do Estatuto do Idoso. No segundo capítulo falaremos sobre
a trajetória das Instituições de Longa Permanência. No terceiro capítulo apresentamos as
análises dos dados obtidos a partir das entrevistas realizadas e também a análise dos
gráficos construídos a partir da pesquisa ​in loco​; e a partir de então, finalizamos com as
considerações finais.

1. O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL

O envelhecimento é um fenômeno mundial. Nos países desenvolvidos ele


contou com o aparato do bem estar - social com políticas para idosos (LOBATO, 2010).
Em nossa sociedade, os idosos vivem mais, e a morte de jovens tem apresentado
dolorosamente, índices altos (VITALE, 2010).
Berzins (2003) explica que a espécie humana nunca viveu tanto. Em séculos
passados, o indivíduo era considerado velho quando alcançava 40 anos e jovem quem
tinha 14 ou 15 anos de vida e a população está envelhecendo num ritmo muito
acentuado e sem precedentes na história da humanidade.
Na década de 1980, o Brasil apresentava altas taxas de inflação com o
aprofundamento da crise econômica - política da ditadura militar. Nessa época surgiu a
1ª Assembléia Mundial, que criou um plano de ação para o envelhecimento com a
implantação de políticas para idosos no mundo (LOBATO, 2010).
Na década de 90, com a Constituição de 1988, os idosos tiveram suas garantias
regulamentadas como dever da família e participação na comunidade. O movimento dos
idosos ganhou força na criação da Política Nacional do Idoso, Lei 8.842 de 04 de
janeiro de 1994.
Há uma preocupação com o aumento da população de idosos, principalmente no
direito à aposentadoria e financiamento de pensões. Cresce o número de idosos com o
aumento da desigualdade social e o processo de envelhecimento também está
relacionado à classe social, gênero, e outros. Com esse aumento gera altos níveis de
desemprego e a falta de compromisso do Estado na garantia da proteção social.
O neoliberalismo gerou cortes no financiamento das políticas sociais e aumento
nas taxas de desemprego, aumentando também o custo de internação, equipamentos e
medicamentos que atendam de modo adequado aos idosos.
O grande desafio para o assistente social é garantir o acesso dos idosos às
políticas públicas por meio do desenvolvimento de ações profissionais no interior de
programas em que atuem, buscando o envolvimento e participação dos idosos nos
espaços sócio-políticos, na luta coletiva pela garantia de direitos.
Garantir melhores condições de vida para a população ao mesmo tempo em que
aumenta a expectativa de vida, pois o aumento da expectativa média de vida da
população brasileira indica uma crescente demanda por serviços voltados para o
atendimento da população idosa. O Brasil está sendo surpreendido por uma revolução
demográfica e não está estruturado para receber um contingente tão grande de idosos
(BRUNO, 2003).
Só a algumas décadas que a sociedade brasileira vem notando que o país está
envelhecendo, tanto pela longevidade de seus habitantes, como no número de idosos e o
Envelhecimento populacional traz consigo novas realidades (KARSCH, 2003).
Uma forte tradição na vida da mulher brasileira é o papel de cuidar de alguém da
sua família. Os primeiros e os mais longos períodos de cuidados são exercidos pelas
famílias, principalmente por uma mulher (esposa, filha, nora), que são quatro os fatores
que influenciam esta escolha: parentesco direto com o idoso; gênero do cuidador;
distância entre idoso e cuidador; aproximidade afetiva.
Diante dessa realidade, Karsch (2003) afirma que mesmo nos casos em que a
família distribui o cuidado com o idoso, a carga mais pesada acaba sendo carregada por
uma só pessoa. Cuidar de um idoso e incapacitado durante 24 horas sem pausa, não é
uma tarefa para uma mulher sozinha, geralmente com mais de 50 anos, sem um
programa de proteção para o desempenho desse papel:

A família como a única provedora de cuidados de seus velhos doentes


e incapacitados é um pressuposto na sociedade brasileira, e uma
expectativa natural das autoridades assistenciais e de saúde (...)
enquanto não for exercida qualquer pressão para mudar essa situação
por parte destas famílias sobrecarregadas e muitas vezes
completamente impotentes frente à magnitude do problema, nada
parece sensibilizar as autoridades emissoras de políticas sociais no
país no sentido de programar a articulação de sistemas de suporte aos
idosos dependentes e aos cuidadores, por meio de serviços já
existentes (KARSCH, 2003, p.109).

Infelizmente, muitas famílias tem a concepção de que os idosos precisam de


pouco, não compreendendo que o espaço é necessário para a expansão do corpo e a
manutenção da vida (MONTEIRO, 2003). Cuidados por parte das famílias, amigos e
vizinhos são os fundamentos de qualquer rede de cuidados comunitários para idosos
(KARSCH, 2003).
A autora Sarti (2010) descreve que cada família constrói sua própria história, seu
próprio mito, entendido como uma formulação discursiva em que se expressam o
significado e a explicação da realidade vivida, como algo que se define por uma história
que se conta aos indivíduos, ao longo do tempo, desde que nascem, por palavras, gestos,
atitudes ou silêncios, e que será por eles reproduzida e significada, à sua maneira, dados
os seus distintos lugares e momentos na família.
Parte do cuidado com os idosos recai sobre a família, principalmente se levar em
consideração o quadro de diminuição dos recursos do Estado. Esta carga é reforçada
pela queda da fecundidade e a maior participação das mulheres no mercado de trabalho
(LEMOS et al, 2011).
Sarti (2010) afirma que nos casos em que a mulher assume a responsabilidade
econômica do lar, ocorrem modificações importantes no jogo de relações de
autoridades, e ela pode de fato assumir o papel do homem como chefe de família e
definir-se como tal. Cumprir o papel masculino de provedor não configura, de fato, um
problema para a mulher, já acostumada a trabalhar.
Segundo Vitale (2010) os avós, mais especialmente a mulher, podem conviver
não só com o cuidado das crianças, mas também com o dos mais idosos da família. Das
mulheres se espera e se delega a assistência à geração mais nova e às mais velhas.
A mesma autora destaca que nos períodos de transição, diante das crises
familiares, muitas vezes os avós idosos podem ter efeito tranqüilizador do ponto de vista
das crianças, em compensação, quando se somam ao conflito, podem contribuir para o
aumento da tensão familiar.
O envelhecimento populacional vem acompanhado de significativas
transformações demográficas, econômicas, sociais e comportamentais. Devemos
reconhecer a importância das experiências individuais dos sujeitos idosos. Dar
condições para fortalecer as políticas públicas e programas para promoção de uma
sociedade inclusiva para todas as idades.
Os processos de transição demográfica e epidemiológica no Brasil vêm
crescendo de forma heterogênea e estão relacionados às desiguais condições sociais. A
diminuição das taxas de fecundidade e mortalidade altera a estrutura etária da população
brasileira, tendo como uma redução nas taxas de mortalidade, principalmente nos
primeiros anos de vida. Dentre esses fatores a progressiva incorporação da mulher à
força de trabalho, e das mudanças nos padrões socioculturais decorrentes da própria
migração (VERAS, 2003).
As mulheres vivem mais que os homens e têm tendência a viver sozinhas na
terceira idade e o número de mulheres que vivem sozinhas nos países periféricos é
muito menor do que nos países desenvolvidos, e quanto mais a mulher tiver filhos,
maiores são as chances de ela viver com um deles na terceira idade.
A previsão da Divisão de População da ONU (2002) discorre que:

A continuar no ritmo acelerado que se processa o envelhecimento


mundial, por volta do ano 2050, pela primeira vez na história, o
número de pessoas idosas será maior que o de crianças abaixo dos 14
anos, A população mundial deve saltar dos 6 bilhões para 10 bilhões
em 2005. No mesmo período, o numero de idosos deve triplicar,
passando para 2 bilhões, ou seja, quase 25% do planeta (VERAS,
2003, p.23).

Os dados do Censo em 2002 apontaram um contingente de 14.536.029 de idosos


e que representavam 9,1% do total da população no Brasil.
As mulheres constituem a maioria da população idosa em todas as regiões do
mundo. Em 2002 existiam 678 homens para cada mil mulheres idosas no mundo
(BERZINS, 2003). Quanto mais alta a faixa etária, maior será a proporção de mulheres.
No entanto a mesma autora considera que:
As desigualdades por sexo promovidas pelas condições estruturais e
socioeconômicas em muitas situações alteram inclusive as condições
de saúde, renda e a dinâmica familiar e têm forte impacto nas
demandas por políticas publicas e prestação de serviços de proteção
social. Viver mais não é sinônimo de viver melhor. As mulheres
acumulam no decorrer da vida desvantagens (violência, discriminação,
salários inferiores aos dos homens, dupla jornada) e as mulheres têm
mais probabilidade de serem mais pobres dos que os homens e
dependem mais de recursos externos (BERZINS, 2003, p.28).

O aumento extraordinário no número de pessoas com mais de 60 anos, deve-se


ao envelhecimento populacional em decorrência de motivos tais como: a diminuição da
mortalidade, da fecundidade e a migração (ARAUJO, 2009).
Berzins (2003) relata que o Brasil não é mais um país de jovens. A proporção de
jovens diminuiu porque houve redução nas taxas de natalidade em paralelo com o
aumento de expectativa de vida causando uma mudança na pirâmide etária da população
brasileira.
As projeções apontam para o ano de 2050 uma população idosa que deverá
superar a população menor de 14 anos. Torna-se, necessário a adoção de políticas
públicas que habilitem os idosos e respaldem a continuidade deles em nossa sociedade,
estabelecendo novos papéis sociais de participação, inclusão e promovendo o
desenvolvimento de independência e autonomia na vida social (BERZINS, 2003).
O Brasil está entre os dez países com maior população de idosos do mundo,
acreditamos que em 2025 terá chegado ao sexto lugar com uma quantidade de 31,8
milhões de idosos. Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O envelhecimento como tema de estudo, é fundamental para que o Brasil se
prepare para os desafios das sociedades complexas, pois são fundamentais na criação de
políticas e programas de atendimento que dêem conta da demanda e das necessidades da
população (SALIMENE, 2003). Considerando esse aspecto a mesma autora relata que:
A sociedade brasileira ainda carrega muitos mitos em relação à velhice
(...) crença que certas alterações físicas e mentais em idosos, da perda
de memória, à pressão alta, são normais (...) rumos das políticas e das
ações em saúde preventiva podem modificar esse preconceito quanto
às doenças mais comuns no envelhecimento (SALIMENE, 2003:169).

Segundo Lemos et al (2011) a velhice tem acompanhado a humanidade como


etapa inevitável de declinação, decadência e antecessora da morte. A imagem que se
tem da velhice mediante diversas fontes históricas, varia de cultura em cultura, de
tempo em tempo e de lugar em lugar. E de acordo com a autora Medeiros (2003)
destaca que:

O envelhecimento não é um evento com data marcada, mas é um


processo que se dá durante toda a nossa trajetória. Nascemos
envelhecemos, e durante toda a nossa vida sempre somos mais jovens
e mais velhos que alguém. O envelhecimento é um processo e a
velhice é uma etapa da vida. Somos finitos, portanto morremos, fato
que pode ocorrer em qualquer momento de nossa existência, e não
somente na velhice (MEDEIROS, 2003, p.188).

Ser idoso no Brasil é ora ser garoto de propaganda da mídia e ora se apresenta
como segmento excluído da sociedade, vivendo nas ruas e abandonados pela família. A
velhice como processo de perdas de memória/ habilidades, é seguida por estereótipos
negativos e amparar esses idosos é um dos desafios da nova sociedade.

1.1. A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO

A Política Nacional do Idoso na sua trajetória teve início com as atividades dos
gerontólogos no Brasil, que inauguraram um novo campo de conhecimento sobre a
velhice junto à sociedade (LEMOS et al, 2011).
O mesmo autor destaca que nos anos de 1960, a sociedade tinha um novo olhar
sobre o idoso, onde começou a ser transformado de forma mais afetiva. Nesse momento
começava a se esboçar as transformações sociais e culturais acerca da velhice que,
décadas depois, deu origem a Política Nacional do Idoso.
É importante ressaltar que nos anos de 1970, as práticas de atendimento aos
idosos provenientes do governo ainda guardavam caráter assistencialista, o que se
entendia como resultado da visão de velhice. No final dessa década, surgiram as
associações de idosos que se espalhou pelo país.
No final da década de 80, foi elaborado o documento “Políticas para a 3° idade”,
entregue em maio de 1990 para Ação Social do governo Collor, onde o documento
gerou o Projeto Vivência. Em 1991 com esse projeto chegaram ao Plano Preliminar para
a Política Nacional do Idoso, que tem como objetivo geral, promover a autonomia,
integração e participação efetiva dos idosos na sociedade. Já no governo Fernando
Henrique Cardoso (FHC) em 1996 criou-se o Plano integrado de ação governamental
para o desenvolvimento da Política Nacional do Idoso. Desse modo:

A implantação de uma política nacional específica para o idoso está


em boa parte, relacionada com a movimentação de gerontólogos, que
impulsionam o interesse governamental e a produção de uma série de
conhecimentos acerca de uma velhice marginalizada e carente de
atenção (LEMOS, et al, 2011, p.23).

Visando assegurar os direitos sociais do idoso e criando condições para


promover sua autonomia, integração e participação efetiva, foi criada a Lei 8.842 de 04
de janeiro de 1994. A Política Nacional do Idoso tem como alvo principal, criar
condições reais para promover uma longa vida com qualidade de vida, colocando em
prática ações voltada aos idosos e para as pessoas que vão envelhecer.
A partir da Política Nacional do Idoso e outros avanços no campo político foram
alcançados para dar suporte, a Lei nº 10.741/2003 que dispõe sobre o Estatuto do Idoso
e dá outras providências.
A Política Nacional do Idoso teoricamente parece um plano quase perfeito, que
vem ao encontro a todas as necessidades dos idosos. Se esta política for implementada
na sua totalidade, com certeza será um grande avanço para os idosos, mas se continuar a
ser implementada de modo fragmentada, não realizará o objetivo para o qual foi criada,
de ser um instrumento de integração do idoso brasileiro na sua comunidade.

1.2. O ESTATUTO DO IDOSO

Ainda que tardiamente, surgiu a lei n.º 10.741, em 1.º de outubro de 2003,
conhecida como Estatuto do Idoso, destinada a regular os direitos das pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, trazendo consigo regras de direito privado,
previdenciário, processual e penal, de forma protetiva na estruturação e construção de
uma consciência política e social frente a necessidade de se fazer valer os direitos
fundamentais dos idosos (OLIVEIRA, 2004).
O Estatuto garante que o envelhecimento é um direito individual e sua proteção,
um direito social. É obrigação do Estado garantir à pessoa idosa proteção à vida e à
saúde, que consistem no respeito à integridade física e moral (RODRIGUES et al,
2007).
Na opinião de Nascimento et al (2006) o Poder Público deve apoiar a criação de
universidades abertas e incentivar a publicação de livros e periódicos com letras que
facilitem a leitura. Ficou assegurado no Estatuto que as pessoas com mais de 60 anos
têm direito à vida, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à saúde, à educação etc. Mas
como pensar o exercício de cidadania na Terceira Idade se para a maioria da população,
a chegada nessa fase da vida impõe outras condições adicionais para a discriminação
social? Esse questionamento busca uma reflexão crítica acerca do cumprimento do
Estatuto do Idoso para as classes menos favorecidas economicamente.
Da análise do Estatuto do Idoso, podemos apontar alguns indicadores que
sinalizam o descompasso entre o que está assegurado no Estatuto e as necessidades
enfrentadas pelos idosos empobrecidos, tais como: dificuldades de acesso a serviços
básicos de saúde (filas do SUS); transporte (com o desrespeito de motoristas e
passageiros ao cumprimento da lei que garante passe livre e assento para as pessoas
acima de 60 anos); lazer, uma vez que o acesso às áreas de divertimento se torna restrito
pela falta de recursos, etc.
O Estatuto além de ratificar os direitos demarcados pela Política Nacional do
Idoso acrescenta novos dispositivos e cria mecanismos para coibir a discriminação
contra os idosos. Consolida os direitos já assegurados na Constituição Federal, tentando
além de tudo, proteger o idoso em situação de risco social (BRUNO, 2003).
Ainda é enorme o distanciamento entre a legislação e a realidade dos idosos no
Brasil. Precisamos mudar essa situação, mas é preciso fomentar o debate e estimular a
mobilização permanente da sociedade.
Nascimento e Bunn (2006) discorrem que o Estado, a sociedade e a família, de
um modo geral, não oferecem condições que assegurem qualidade de vida para os
idosos, pois há uma distância entre o que garante o Estatuto do Idoso e a realidade. A
noção do exercício de direitos mostra-se fundamental no entendimento dessa classe para
um reconhecimento social enquanto atores independentes e ativos.
É justamente por isso que encaramos o Estatuto do Idoso como
uma conquista de dignidade, uma celebração do respeito a vida, à solidariedade
humana. Mas é preciso que esse instrumento de cidadania tenha a adesão de toda a
sociedade, porque só assim as leis se transformarão de fato, em direitos na vida dos
nossos idosos.
O Brasil envelheceu rapidamente e a sociedade não se deu conta disso.
Não dedicou aos idosos a devida atenção, o devido respeito.
Esta é a situação que o Estatuto propõe reverter.

2. A TRAJETÓRIA DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA

No final do século XIX e inicio do século XX já havia uma preocupação em


agrupar pessoas em situações precárias e quando teve início da utilização do termo
“pobre”. Neste período de Brasil Rural, mantidos pelos escravocratas e oligarquias já
existia uma grande quantidade de idosos, imigrantes e andarilhos. A associação da
Igreja e fazendeiros possibilitava a retirada destas pessoas das ruas em locais que
agrupavam mendigos, idosos, doentes mentais e leprosos (ARAUJO et al, 2008).
A Igreja Católica questionou os fatos e como dirigiam as Casas de Misericórdia,
decidiram fundar um local só para idosos desamparados. Foi criado em 1890 o primeiro
asilo para idosos no Rio de Janeiro, denominado “Asilo São Luíz” para a velhice
desamparada.
Em 1909 foi criado o asilo São Vicente de Paula. Nesta época também a Europa
e os Estados Unidos davam os primeiros passos para a formação de profissionais
direcionados aos Idosos através da introdução de disciplinas de Geriatria às
Universidades. Posteriormente com a aceitação da disciplina Geriatria, foi introduzida a
Gerontologia.
Quando ainda não existiam instituições específicas para idosos, estes eram
abrigados em asilos de mendicidade, junto com pobres, doentes mentais, crianças
abandonadas, desempregados. Em 1964 passou a definir-se como instituição
gerontológica, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, dava assistência a mendigos
conforme o aumento de internações para idosos.
O mesmo autor relata que até 1780, o hospital era um lugar de "internamento",
que prestava atendimento em assistência material e espiritual aos doentes, pobres,
devassos, loucos e prostitutas. O mesmo espaço tinha funções contrárias, pois também
era um local de separação e exclusão dos indivíduos diferenciados, pois se acreditava
que o indivíduo doente deveria ser separado do convívio social para evitar dano à
sociedade.
Araújo et al (2008) define instituição total como "um local de residência e
trabalho, onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da
sociedade mais ampla por considerável período de tempo, levam uma vida fechada e
formalmente administrada". Nesse espaço os indivíduos se tornam cidadãos violados em
sua individualidade, sem controle da própria vida, sem direito a seus pertences sociais e
à privacidade, com relação difícil ou inexistente com funcionários e o mundo exterior.
O modelo asilar brasileiro ainda tem muitas semelhanças com as chamadas instituições
totais, ultrapassadas no que diz respeito à administração de serviços de saúde e/ou
habitação para idosos.
Asilo é definido como casa de assistência social onde são recolhidas, para
sustento ou também para educação, pessoas pobres e desamparadas, como mendigos,
crianças abandonadas, órfãos e idosos. Considera-se ainda asilo o lugar onde ficam
isentos da execução das leis, os que a ele se recolhem (ARAUJO et al, 2008).
Relaciona-se assim, a idéia de guarita, abrigo, proteção ao local denominado de asilo,
independentemente do seu caráter social, político ou de cuidados com dependências
físicas e/ou mentais. Para os mesmo autores, devido ao caráter genérico dessa definição
outros termos surgiram para denominar locais de assistência a idosos como, por
exemplo, abrigo, lar, casa de repouso, clínica geriátrica e ancionato.
Conforme Creutzberg ​apud Tosta (2008), as Instituições de Longa Permanência
são consideradas, um sistema social organizacional, promovendo uma assistência que
atende as necessidades mais amplas possíveis, desde os cuidados básicos da
enfermagem à integração da equipe multidisciplinar, que também está envolvida no
planejamento e execução dos cuidados, levando ao bem-estar e satisfação dos idosos.
Segundo Creutzberg et al (2008), o acoplamento estrutural das Instituições de
Longa Permanência para idosos com o entorno tem estreita relação com as
contingências que deram origem à diferenciação de instituições específicas para idosos,
no início do século passado. Um olhar para a história indica ​que a medicalização do
hospital e a relevância do curso de vida foram determinantes nesse processo:

Os asilos assumiram de início, um processo de dupla contingência, o


amparo aos sem-família, pobres e mentalmente enfermos. A
identidade que se manifestou em seu período inicial estava relacionada
à caridade, numa perspectiva assistencialista que determinava a
homogeneização dos velhos, a percepção da velhice como
degeneração e decadência e a infantilização do idoso. No ambiente
social, tal identidade foi associada às representações sociais sobre a
velhice, até a década de 70, quando, por influência européia,
emergiram novos conceitos (CREUTZBERG, et al, 2008, pg. 274).
Contribuíram como contingências para mudanças na identidade da Instituição de
Longa Permanência para Idoso (ILPI), a expansão dos benefícios previdenciários, a
partir de 1970 e a orientação para a elaboração de políticas, pela Organização Mundial
da Saúde em 1984, que, no Brasil, são concretizadas nos últimos vinte anos
(CREUTZBERG, et al, 2008).
De acordo com a Lei 8.842, de janeiro de 1994, artigo 4°, parágrafo III, prioriza
o atendimento do idoso pelas famílias, ao invés do asilar. Há falta de políticas públicas
que sejam condizentes com o discurso governamental. Inúmeros fatores, tais como os
demográficos, sociais e de saúde, conduzem ao aumento da demanda pela
institucionalização.
Devemos considerar que o processo de envelhecimento leva ao
comprometimento da capacidade funcional, determinando limitações para as atividades
da vida diária e necessidades específicas, as quais exigem assistência de pessoal
qualificado. A Portaria 810/89, recomenda a abertura de um registro de admissão e
prontuários com respeito à capacidade funcional dos idosos, sua evolução, ações
propedêuticas e terapêuticas.
Muitas instituições funcionam sem estarem sob as condições ideais e, ainda que
recebam o aval para funcionarem, estão longe de atenderem à população idosa. Na
Portaria nº 810, de 22 de setembro de 1989, do Ministério da Saúde é descrito as normas
destinadas ao atendimento de idosos, quanto à definição, organização, área física e
recursos humanos.
A instituição é "fruto das necessidades sociais", sendo objeto de seu controle e,
assim, passível de ser influenciada por ele e modificada segundo suas necessidades.
Cabe, portanto, à família, à sociedade e ao Estado assegurar ao idoso sua cidadania e
dignidade, bem-estar e direito à vida.
A escassez de alternativas para as famílias manterem seus velhos em casa e a
questão dos idosos sem referência familiar tem impulsionado a demanda por
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). Mas elas poderão dar conta da
demanda crescente? Como os municípios estão equacionando oferta e procura por esta
modalidade de assistência?
A institucionalização de idosos tende a crescer com o envelhecimento
populacional. Mesmo nos países desenvolvidos como Canadá e Estados Unidos, onde a
institucionalização de idosos abaixo de 85 anos diminuiu, as internações de pessoas com
85 anos e mais aumentaram.
Bessa et al (2008) afirma que as Instituições de Longa Permanência, são
instituições não governamentais ou governamentais, de caráter residencial, destinada a
domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Residir em uma
instituição leva a um reestabelecimento da vida na sua integralidade, o que, para quem
vivencia o envelhecimento pode ser um evento por demais complexo.
Um dos fatores mais nefastos das instituições de longa permanência é o
isolamento pela perda das referências e pela não frequência das visitas ao longo do
tempo. Pollo et al (2008) destaca que, se não forem disponibilizadas outras alternativas
para atender aos idosos e às famílias, as demandas por instituições de longa
permanência não irá diminuir. Até o momento não existem dados exatos sobre o número
de idosos institucionalizados no Brasil e a demanda por esse atendimento.

3. REFLEXÕES SOBRE OS DADOS COLETADOS

O Lar dos Velhinhos foi fundado em 18 de junho de 1967 e têm sua sede na Rua
Dr. Brito, 387 – Centro – Viçosa-MG. A Instituição presta assistência aos idosos de
Viçosa e região, tais como: Porto Firme, Teixeiras, Ervália, Coimbra, São Miguel do
Anta, Cajuri e outros. Atualmente, atende 29 idosos, na faixa etária acima dos 60 anos,
todos estes assistidos integralmente, com moradia, alimentação, medicamentos, roupas,
atendimento médico e fisioterápia. A verba para manutenção, é de cerca de R$
10.000,00 (dez mil reais), conseguidos através de: R$ 1.243,40/mensal do Fundo
Nacional de Assistência Social (FNAS); porcentagem do salário dos idosos (70%),
doações dos funcionários da UFV e do AGROS (débito em conta); Prefeitura de Viçosa;
e esporadicamente doações de empresas viçosenses, tais como, TD Informática, Posto
do Beto, Microlins, Microvet, Loja Sant’Ana, FUNARBE etc.
A instituição recebe suporte de médicos, dentistas e outros profissionais da área
da saúde que atende os idosos do Lar dos Velhinhos voluntariamente em seus
consultórios.
Mesmo assim, a Instituição luta com dificuldades para manter um padrão
satisfatório de atendimento, só conseguindo porque a comunidade participa com
doações alimentícias e financeiras, complementando assim o que é arrecadado
regularmente.
Para morar na instituição é necessário os seguintes critérios de seleção: ter a
idade mínima 60 anos, não possuir problema mental, a família não ter condições de
cuidar do idoso. Os idosos contribuem com 70% da aposentadoria e/ou outra renda,
30% são depositados numa conta individual para cada idoso.
A instituição atende dezenove mulheres e dez homens, contendo na época da
entrevista um total de vinte e nove idosos. Conta com uma capela, uma lavanderia,
refeitório, cozinha, farmácia, pátio para lazer. Possui dois pavilhões, um feminino e
outro masculino. Aberto às visitas todos os dias da semana, de segunda à segunda, das
14:00 às 16:00 horas, liberado para familiares e também para a sociedade.
Para verificação dos dados levantados através das entrevistas, apresentaremos a
seguir uma análise dos dados.
Dos 29 participantes da pesquisa 10 (35%) são do sexo masculino e 19 (65%) do
sexo feminino (Gráfico 1). Essa predominância do sexo feminino pode ser explicado
pelo fato da população feminina ser maior que a masculina, segundo dados do IBGE
(2007).
Fonte: IBGE, Síntese de Indicadores Sociais – 2007.

Diante dessa realidade, Veras (2003) afirma que existem algumas hipóteses que
explica porque as mulheres vivem mais do que os homens, e que as mulheres têm, de
modo geral, melhor percepção da doença e fazem uso mais constante dos serviços de
saúde do que os homens.

GRÁFICO 1: SEXO DOS ENTREVISTADOS

Dos 29 entrevistados, 04 (14%) tem entre sessenta e sessenta e nove anos; e 25


(86%) têm acima de setenta anos (gráfico 2). Veras (2003) afirma que a diminuição da
mortalidade e alta redução das taxas de fecundidade, principalmente nos centros
urbanos explicam o crescimento da população idosa.

GRÁFICO 2: IDADE DOS ENTREVISTADOS

Percebemos que 18 (59%) dos entrevistados são solteiros e 11 (41%) são viúvos
(gráfico 3). Como vivem mais do que os homens, as mulheres têm mais tendência a
viver sozinhas na terceira idade. Em quase todos os países, o número de viúvas é maior
que o de viúvos (VERAS, 2003).

GRÁFICO 3: ESTADO CIVIL DOS ENTREVISTADOS

Entre os entrevistados, constatamos que 20 (70%) não possuem filhos, 03 (10%)


possui um filho, 03 (10%) possui entre dois a três filhos e por final, 03 (10%) possui
acima de quatro filhos. Como explica o gráfico 4:

GRÁFICO 4: NÚMERO DE FILHOS DOS ENTREVISTADOS

Quanto ao nível de escolaridade dos participantes, foram encontrados os


seguintes resultados: 10 (35%) possuíam Ensino Fundamental Incompleto e 19 (65%)
eram analfabetos.
Um dos grandes desafios das políticas públicas de atendimento aos idosos é a
promoção da inclusão através dos níveis de escolaridade. No Brasil no ano de 2000,
ainda existiam 5,1 milhões de idosos analfabetos e 64,8% declararam que sabiam ler e
escrever pelo menos um bilhete simples (BERZINS, 2003).
Referindo-se aos outros níveis de escolaridades contidos no questionário
aplicado nenhum entrevistado se enquadrou neles, como mostra o gráfico abaixo.
GRÁFICO 5: NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS ENTREVISTADOS

Ao perguntarmos onde morava a família, 12 (41%) disseram que estes residiam


na cidade de Viçosa, 01 (3%) na cidade de Teixeiras, 05 (19%) na cidade de Coimbra,
02 (6%) na cidade de Porto Firme, 05 (19%) na cidade de São Miguel do Anta e 04
(12%) na cidade de Ervália. Veja o gráfico abaixo:

GRÁFICO 6: CIDADE ONDE MORA A FAMILIA DO IDOSO

Dos entrevistados 16 (55%) moram de um a cinco anos na instituição, 08 (27%)


moram de seis a dez anos e 05 (18%) moram acima de onze anos (gráfico 7).
GRÁFICO 7: TEMPO DE ABRIGO NA INSTITUIÇÃO

Ao serem questionados se gostam de morar no Lar dos Velhinhos, observou-se


que todos os participantes disseram que gostam, devido ao fato de ser bem cuidado e
que o lugar é bem arejado.
Com relação à renda todos os entrevistados possui renda entre quinhentos e
quarenta à oitocentos e dez reais por mês1. Porém para ficar na instituição, 70% da
renda destina-se ao Lar dos Velhinhos para a subsistência do idoso, sendo apenas 30%
para as necessidades pessoais, como roupas, cosméticos, presentes e outros.
Percebemos que a maior parte dos idosos foram entregues a instituição pelos
próprios familiares, pois 24 (82%) dos idosos disseram que foram deixados pelos
familiares alegando que não tinha condições de cuidar e/ou conflitos na família e 05
(18%) foram por vontade própria.

1
- Não foi possível verificar de onde provém a renda dos idosos, devido ao fato de que muitos não
sabem a diferença entre a aposentadoria e o BPC (Beneficio de Prestação Continuada).
GRÁFICO 8: RAZÕES DO INTERNAMENTO

Dos vinte e nove entrevistados 22 (76%) disseram que recebe visitas raramente,
e 07 (24%) disseram receber visitas de familiares ou de amigos com mais freqüência
(gráfico 9). Ao conversar com os funcionários, estes afirmam que a maioria não
recebem visitas dos familiares e que muitos tentam amenizar a dor da solidão.
De acordo com Veras (2003) a solidão das mulheres idosas traz como
conseqüência o aumento de estados depressivos quando comparados às demais faixas
etárias.
Segundo Sawaia (2010) o sentimento é mau quando impede a pessoa de pensar,
de afetar e ser afetado por outros corpos, mesmo quando seja um afeto alegre. A escolha
da família se justifica graças à sua principal característica, o valor afeto. Ela é o único
grupo que promove, sem separação, a sobrevivência biológica e humana.
GRÁFICO 9: A FREQUÊNCIA COM QUE É REALIZADA A VISITA DOS FAMILIARES

Ao questionar os vinte e nove idosos, todos disseram receber toda a assistência


médica necessária para a saúde. Alegando que os médicos, enfermeiros e dentistas são
cuidadosos e simpáticos com eles.
Nota-se que dos vinte e nove entrevistados, 27 (94%) afirmam receber
medicamentos gratuitos fornecidos pelo SUS e 02 (6%) ressaltam que não recebem
medicamentos gratuitos, pois possui a doença Alzheimer pelo qual no SUS não encontra
o medicamento (gráfico 10).

GRÁFICO 10: O FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS DE USO CONTÍNUO

Notamos que 11 (38%) dos idosos tinham hipertensão arterial que agravam a sua
saúde, 10 (35%) sofrem de diabetes, 06 (23%) disseram não ter nenhuma doença e 02
(3%) disseram ter outras - Alzheimer (gráfico 11).
As doenças degenerativas, cujo maior fator de risco é a própria idade, levam a
quadros mórbidos causadores de perda da independência e/ou de autonomia (KARSC,
2003).

GRÁFICO 11: DOENÇAS APRESENTADAS PELOS IDOSOS


CONCLUSÃO

Com base nas pesquisas de campo e bibliográfica, podemos constatar que o


idoso precisa de uma atenção especial. Portanto faz-se necessário que haja uma maior
participação da família, no desenvolvimento como sujeitos sociais, ampliando valores,
tais como, cidadania e autoestima na vida do idoso.
A presença da família na vida do idoso é de extrema importância, sendo esse
espaço um lugar de refúgio e apoio, pois vão sendo construídas as relações sociais, no
acolhimento de suas necessidades e particularidades subjetivas.
Ao conversar com os idosos do Lar dos Velhinhos, vê-se um olhar de tristeza, e
é possível perceber carência afetiva que eles demonstram.
“No início chorei bastante. A minha família dizia que não tinha tempo pra cuidar
de mim. Hoje gosto de morar aqui, mas sinto saudade da família”. V. F. R., 91 anos,
solteiro, morador há 04 anos no Lar dos Velhinhos.
“Não sabia que viria pra cá. No início fiquei muito triste, mas com o passar do
tempo, fui me acostumando. Acho que a minha família não gosta de mim porque não
recebo visita deles”. L. D. G., 74 anos, solteira, moradora a 08 anos do Lar dos
Velhinhos.
Pensar em Políticas Sociais de qualidade para os idosos torna-se crucial na
contemporaneidade. A efetivação dos direitos civis, políticos e sociais também devem
fazer parte da vida dos idosos brasileiros.
O Poder Público deve criar oportunidades de acesso à educação, com adequação
de currículos, metodologias e materiais didáticos destinados aos idosos, conforme diz o
Estatuto do Idoso. Mas, no entanto, não é o que parece ser, e sim programas de
alfabetização para jovens e adultos e não para a população idosa, com interesses bem
distintos dos adultos que procuram na educação uma melhoria de sua condição
sócio-econômica. Entretanto é necessário que tenhamos uma maior atenção ao idoso.
Os direitos humanos no Brasil estão longe de serem praticados. Se a vida não é
valorizada, é impossível que haja empenho político e social na sua prorrogação, e na
qualidade de vida da população desfavorecida que chega à velhice (UNB, 2000).

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