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Viçosa 2013
ANDREIA ANCELMO TEIXEIRA
Viçosa
2013
AMO VOCÊS
Agradecimento
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo geral realizar um levantamento do perfil dos idosos
institucionalizados, a fim de conhecer melhor os idosos que se encontram
institucionalizados no “Lar dos Velhinhos”, em Viçosa. Trata-se de uma pesquisa
exploratória, e quali-quantitativa. Para a coleta de dados realizamos uma entrevista
através do Roteiro de Entrevista Estruturado com 29 idosos que estão abrigados no Lar
dos Velhinhos. Dos 29 entrevistados, constatamos que a maioria é do sexo feminino;
estão na faixa etária acima de 70 anos; são solteiras e sem filhos. Observamos também
que os fatores que levaram a institucionalização estavam relacionados ao abandono por
parte dos familiares.
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Sexo dos entrevistados........................................................................... 25
GRÁFICO 2: Idade dos entrevistados.......................................................................... 26
GRÁFICO 3: Estado civil dos entrevistados................................................................ 26
GRÁFICO 4: Número de filhos dos entrevistados....................................................... 27
GRÁFICO 5: Nível de escolaridade dos entrevistados................................................. 28
GRÁFICO 6: Cidade onde mora a família do idoso..................................................... 28
GRÁFICO 7: Tempo de abrigo na instituição ..............................................................29
GRÁFICO 8: Razões do internamento......................................................................... 30
GRÁFICO 9: A frequência com que é realizada a visita dos familiares ......................30
GRÁFICO 10: O fornecimento gratuito de medicamentos de uso contínuo.................31
GRÁFICO 11: Doenças apresentadas pelos idosos .....................................................32
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10
..........
CAPÍTULO 1. O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO 12
BRASIL........ 17
1.1. A POLÍTICA NACIONAL DO 18
IDOSO...........................................................
1.2. O ESTATUTO DO
IDOSO..............................................................................
CONCLUSÃO.......................................................................................................... 34
....
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
....................................................................
ANEXOS
.....................................................................................................................
INTRODUÇÃO
Ser idoso no Brasil é ora ser garoto de propaganda da mídia e ora se apresenta
como segmento excluído da sociedade, vivendo nas ruas e abandonados pela família. A
velhice como processo de perdas de memória/ habilidades, é seguida por estereótipos
negativos e amparar esses idosos é um dos desafios da nova sociedade.
A Política Nacional do Idoso na sua trajetória teve início com as atividades dos
gerontólogos no Brasil, que inauguraram um novo campo de conhecimento sobre a
velhice junto à sociedade (LEMOS et al, 2011).
O mesmo autor destaca que nos anos de 1960, a sociedade tinha um novo olhar
sobre o idoso, onde começou a ser transformado de forma mais afetiva. Nesse momento
começava a se esboçar as transformações sociais e culturais acerca da velhice que,
décadas depois, deu origem a Política Nacional do Idoso.
É importante ressaltar que nos anos de 1970, as práticas de atendimento aos
idosos provenientes do governo ainda guardavam caráter assistencialista, o que se
entendia como resultado da visão de velhice. No final dessa década, surgiram as
associações de idosos que se espalhou pelo país.
No final da década de 80, foi elaborado o documento “Políticas para a 3° idade”,
entregue em maio de 1990 para Ação Social do governo Collor, onde o documento
gerou o Projeto Vivência. Em 1991 com esse projeto chegaram ao Plano Preliminar para
a Política Nacional do Idoso, que tem como objetivo geral, promover a autonomia,
integração e participação efetiva dos idosos na sociedade. Já no governo Fernando
Henrique Cardoso (FHC) em 1996 criou-se o Plano integrado de ação governamental
para o desenvolvimento da Política Nacional do Idoso. Desse modo:
Ainda que tardiamente, surgiu a lei n.º 10.741, em 1.º de outubro de 2003,
conhecida como Estatuto do Idoso, destinada a regular os direitos das pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, trazendo consigo regras de direito privado,
previdenciário, processual e penal, de forma protetiva na estruturação e construção de
uma consciência política e social frente a necessidade de se fazer valer os direitos
fundamentais dos idosos (OLIVEIRA, 2004).
O Estatuto garante que o envelhecimento é um direito individual e sua proteção,
um direito social. É obrigação do Estado garantir à pessoa idosa proteção à vida e à
saúde, que consistem no respeito à integridade física e moral (RODRIGUES et al,
2007).
Na opinião de Nascimento et al (2006) o Poder Público deve apoiar a criação de
universidades abertas e incentivar a publicação de livros e periódicos com letras que
facilitem a leitura. Ficou assegurado no Estatuto que as pessoas com mais de 60 anos
têm direito à vida, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à saúde, à educação etc. Mas
como pensar o exercício de cidadania na Terceira Idade se para a maioria da população,
a chegada nessa fase da vida impõe outras condições adicionais para a discriminação
social? Esse questionamento busca uma reflexão crítica acerca do cumprimento do
Estatuto do Idoso para as classes menos favorecidas economicamente.
Da análise do Estatuto do Idoso, podemos apontar alguns indicadores que
sinalizam o descompasso entre o que está assegurado no Estatuto e as necessidades
enfrentadas pelos idosos empobrecidos, tais como: dificuldades de acesso a serviços
básicos de saúde (filas do SUS); transporte (com o desrespeito de motoristas e
passageiros ao cumprimento da lei que garante passe livre e assento para as pessoas
acima de 60 anos); lazer, uma vez que o acesso às áreas de divertimento se torna restrito
pela falta de recursos, etc.
O Estatuto além de ratificar os direitos demarcados pela Política Nacional do
Idoso acrescenta novos dispositivos e cria mecanismos para coibir a discriminação
contra os idosos. Consolida os direitos já assegurados na Constituição Federal, tentando
além de tudo, proteger o idoso em situação de risco social (BRUNO, 2003).
Ainda é enorme o distanciamento entre a legislação e a realidade dos idosos no
Brasil. Precisamos mudar essa situação, mas é preciso fomentar o debate e estimular a
mobilização permanente da sociedade.
Nascimento e Bunn (2006) discorrem que o Estado, a sociedade e a família, de
um modo geral, não oferecem condições que assegurem qualidade de vida para os
idosos, pois há uma distância entre o que garante o Estatuto do Idoso e a realidade. A
noção do exercício de direitos mostra-se fundamental no entendimento dessa classe para
um reconhecimento social enquanto atores independentes e ativos.
É justamente por isso que encaramos o Estatuto do Idoso como
uma conquista de dignidade, uma celebração do respeito a vida, à solidariedade
humana. Mas é preciso que esse instrumento de cidadania tenha a adesão de toda a
sociedade, porque só assim as leis se transformarão de fato, em direitos na vida dos
nossos idosos.
O Brasil envelheceu rapidamente e a sociedade não se deu conta disso.
Não dedicou aos idosos a devida atenção, o devido respeito.
Esta é a situação que o Estatuto propõe reverter.
O Lar dos Velhinhos foi fundado em 18 de junho de 1967 e têm sua sede na Rua
Dr. Brito, 387 – Centro – Viçosa-MG. A Instituição presta assistência aos idosos de
Viçosa e região, tais como: Porto Firme, Teixeiras, Ervália, Coimbra, São Miguel do
Anta, Cajuri e outros. Atualmente, atende 29 idosos, na faixa etária acima dos 60 anos,
todos estes assistidos integralmente, com moradia, alimentação, medicamentos, roupas,
atendimento médico e fisioterápia. A verba para manutenção, é de cerca de R$
10.000,00 (dez mil reais), conseguidos através de: R$ 1.243,40/mensal do Fundo
Nacional de Assistência Social (FNAS); porcentagem do salário dos idosos (70%),
doações dos funcionários da UFV e do AGROS (débito em conta); Prefeitura de Viçosa;
e esporadicamente doações de empresas viçosenses, tais como, TD Informática, Posto
do Beto, Microlins, Microvet, Loja Sant’Ana, FUNARBE etc.
A instituição recebe suporte de médicos, dentistas e outros profissionais da área
da saúde que atende os idosos do Lar dos Velhinhos voluntariamente em seus
consultórios.
Mesmo assim, a Instituição luta com dificuldades para manter um padrão
satisfatório de atendimento, só conseguindo porque a comunidade participa com
doações alimentícias e financeiras, complementando assim o que é arrecadado
regularmente.
Para morar na instituição é necessário os seguintes critérios de seleção: ter a
idade mínima 60 anos, não possuir problema mental, a família não ter condições de
cuidar do idoso. Os idosos contribuem com 70% da aposentadoria e/ou outra renda,
30% são depositados numa conta individual para cada idoso.
A instituição atende dezenove mulheres e dez homens, contendo na época da
entrevista um total de vinte e nove idosos. Conta com uma capela, uma lavanderia,
refeitório, cozinha, farmácia, pátio para lazer. Possui dois pavilhões, um feminino e
outro masculino. Aberto às visitas todos os dias da semana, de segunda à segunda, das
14:00 às 16:00 horas, liberado para familiares e também para a sociedade.
Para verificação dos dados levantados através das entrevistas, apresentaremos a
seguir uma análise dos dados.
Dos 29 participantes da pesquisa 10 (35%) são do sexo masculino e 19 (65%) do
sexo feminino (Gráfico 1). Essa predominância do sexo feminino pode ser explicado
pelo fato da população feminina ser maior que a masculina, segundo dados do IBGE
(2007).
Fonte: IBGE, Síntese de Indicadores Sociais – 2007.
Diante dessa realidade, Veras (2003) afirma que existem algumas hipóteses que
explica porque as mulheres vivem mais do que os homens, e que as mulheres têm, de
modo geral, melhor percepção da doença e fazem uso mais constante dos serviços de
saúde do que os homens.
Percebemos que 18 (59%) dos entrevistados são solteiros e 11 (41%) são viúvos
(gráfico 3). Como vivem mais do que os homens, as mulheres têm mais tendência a
viver sozinhas na terceira idade. Em quase todos os países, o número de viúvas é maior
que o de viúvos (VERAS, 2003).
1
- Não foi possível verificar de onde provém a renda dos idosos, devido ao fato de que muitos não
sabem a diferença entre a aposentadoria e o BPC (Beneficio de Prestação Continuada).
GRÁFICO 8: RAZÕES DO INTERNAMENTO
Dos vinte e nove entrevistados 22 (76%) disseram que recebe visitas raramente,
e 07 (24%) disseram receber visitas de familiares ou de amigos com mais freqüência
(gráfico 9). Ao conversar com os funcionários, estes afirmam que a maioria não
recebem visitas dos familiares e que muitos tentam amenizar a dor da solidão.
De acordo com Veras (2003) a solidão das mulheres idosas traz como
conseqüência o aumento de estados depressivos quando comparados às demais faixas
etárias.
Segundo Sawaia (2010) o sentimento é mau quando impede a pessoa de pensar,
de afetar e ser afetado por outros corpos, mesmo quando seja um afeto alegre. A escolha
da família se justifica graças à sua principal característica, o valor afeto. Ela é o único
grupo que promove, sem separação, a sobrevivência biológica e humana.
GRÁFICO 9: A FREQUÊNCIA COM QUE É REALIZADA A VISITA DOS FAMILIARES
Notamos que 11 (38%) dos idosos tinham hipertensão arterial que agravam a sua
saúde, 10 (35%) sofrem de diabetes, 06 (23%) disseram não ter nenhuma doença e 02
(3%) disseram ter outras - Alzheimer (gráfico 11).
As doenças degenerativas, cujo maior fator de risco é a própria idade, levam a
quadros mórbidos causadores de perda da independência e/ou de autonomia (KARSC,
2003).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MEDEIROS, Suzana A. R. Como Pensar a Vida. Serviço Social & Sociedade n°75 –
ano XXIV – out. 2003.
SALIMENE, Arlete C. de Melo. Sexualidade no envelhecimento com dependência.
Serviço Social & Sociedade n°75 – ano XXIV – out. 2003.
BRUNO, Marta R. Pastor. Cidadania não tem idade. Serviço Social & Sociedade n°75
– ano XXIV – out. 2003.
MEDEIROS, Susana A. Rocha. Como Pensar a Vida. Serviço Social & Sociedade
n°75 – ano XXIV – out. 2003.
ARAUJO, Claudia Lisia de Oliveira; SOUZA, Luciana Aparecida; FARO, Ana Cristina
Mancusi. Trajetória das instituições de longa permanência para idosos no Brasil.
Revista da 3° Idade – SESC-SP.
ARAUJO, Claudia L. O.; SOUZA, Luciana A.; FARO, Ana Cristina M. Trajetória das
instituições de longa permanência para idosos no Brasil. Disponível em:
http://www.abennacional.org.br/centrodememoria/here/n2vol1ano1_artigo3.pdf. Acesso
em: 09 abr. 2011.
POLLO, Helena Lima; ASSIS, Mônica. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v.11 n.1 Rio de
Janeiro 2008. Disponível em:
http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-982320080001000
04&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 09 set. 2011.