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MUNICÍPIOS ENGAJADOS,

GESTÃO COMPETENTE

Apoio à Administração
Municipal

Governo Federal e Municípios

Guia Básico para Gestão nos


Municípios
Início de Mandato

Brasília
2017
República Federativa do Brasil
Michel Temer
Presidente

Secretaria de Governo da Presidência da República


Antonio Imbassahy
Ministro

Ivani dos Santos


Secretária Executiva

Subchefia de Assuntos Federativos


Clésio Ledo
Subchefe

Copyright ©2017 Presidência da República


Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
1ª edição: 2008; 2ª edição: 2012; 3ª edição – 2017 (revista e atualizada)
Disponível em: http://www.portalfederativo.gov.br
Tiragem desta edição: 7.000 Exemplares impressos no Brasil.

Dados Internacionais de Catalogação (CIP)

Brasil. Presidência da República. Secretaria de Governo.

Municípios Engajados, Gestão Competente: Apoio à Administração Municipal: Governo


Federal e Municípios: Guia básico para gestão nos municípios, início de mandato / Subchefia
de Assuntos Federativos. – 3. ed., rev. e atual. – Brasília: Presidência da República, 2017.

72 p.: il.

1. Administração municipal. 2. Administração municipal – legislação – Brasil. 3.


Organização administrativa – Brasil. 4. Controle administrativo. 5. Transição de governo.
I. Título.
CDD 352.14

Essa edição foi revista, revisada e atualizada pela seguinte equipe técnica:
Aridney Barcellos, Maria Helena Maier, Roberta Martins, Rodrigo Albuquerque, Sônia Mendes, Victor
Figueredo e Wilma Andrade.

Coordenação Técnica: Sônia Mendes


Projeto Gráfico e Editoração: Roberta Martins

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Secretaria de Governo – Subchefia de Assuntos Federativos
Praça dos Três Poderes – Palácio do Planalto – Anexo I Superior – Sala 205/A
CEP 70150-900 - Brasília-DF
Telefone: 55 (61) 3411-3298 Fax 55 (61) 3323-4304

2
Sumário
Apresentação.............................................................................................................................. 5
1. O Município e o(a) Prefeito(a) no Ambiente Constitucional...................................................... 6
2. A Organização Governamental Brasileira e a Competência Municipal .................................... 9
2.1. O Governo Federal................................................................................................................... 10
2.2. O Governo Estadual.................................................................................................................. 11
2.3. O Governo Municipal............................................................................................................... 11
2.4. Relações intergovernamentais................................................................................................. 12
2.4.1. Consórcios públicos ................................................................................................................. 30
2.4.2. Associativismo Municipal e o Comitê de Articulação Federativa – CAF.................................. 31
2.4.3. Cooperação Internacional Descentralizada.............................................................................. 32
3. Aspectos Relevantes para a Gestão Municipal........................................................................ 33
3.1. Legislação aplicável ao município............................................................................................. 33
Lei Orgânica do Município – LOM...........................................................................................................34
Lei de Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal......................................................................34
Lei do Plano de Cargos e Carreiras da Prefeitura..................................................................................34
Leis de fixação dos subsídios dos agentes políticos..............................................................................35
Código Tributário Municipal e legislação complementar.....................................................................35
Plano Diretor Participativo e legislação complementar.......................................................................35
Plano Municipal de Educação – PME.....................................................................................................37
Leis referentes ao planejamento e ao orçamento: Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes
Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA........................................................................37
Regime dos servidores.............................................................................................................................39
Regime previdenciário.............................................................................................................................40
Regulamentos...........................................................................................................................................41
Legislação federal e estadual..................................................................................................................41
3.2. Gestão orçamentária, financeira, patrimonial e tributária...................................................... 48
Fontes de receita......................................................................................................................................48
Execução financeira.................................................................................................................................50
Gestão do patrimônio..............................................................................................................................51

3
Gestão tributária.......................................................................................................................................51
3.3. Gestão de pessoas..................................................................................................................... 51
3.4. Transparência Pública e Acesso à Informação.......................................................................... 52
Implantando a Lei de Acesso à Informação no município....................................................................53
Formas de participação social..................................................................................................................54
No âmbito do Executivo...........................................................................................................................54
Conselhos...................................................................................................................................................54
Consulta pública........................................................................................................................................55
Cogestão....................................................................................................................................................55
Conferências..............................................................................................................................................55
No âmbito do Legislativo..........................................................................................................................55
4. Controle da Administração ......................................................................................................................56
4.1. Tipos de controle......................................................................................................................................57
Controle interno........................................................................................................................................57
Controle externo.......................................................................................................................................58
4.2. Tipos de controle exercidos pela Câmara Municipal................................................................ 59
4.3. Participação e Controle Social...................................................................................................59
Principais objetivos da participação e do controle social......................................................................60
Exemplos de Mecanismos de Participação e Controle Social...............................................................60
5. Início de mandato.....................................................................................................................63
5.1. Equipe de governo.................................................................................................................... 63
5.2. Relação de dívidas do município...............................................................................................64
5.3. Situação perante o Tribunal de Contas.....................................................................................64
5.4. Convênios e contratos com a União e com o estado e recebimento de subvenções e auxílios.......65
5.5. Contratos com concessionárias, permissionárias e delegatárias de serviços municipais........ 65
5.6. Contratos de obras, serviços e fornecedores........................................................................... 66
5.7. Processos judiciais..................................................................................................................... 67
5.8. Situação da dívida ativa.............................................................................................................67
5.9. Situação dos servidores e da folha de pagamento..................................................................... 68
5.10. Situação junto ao INSS, FGTS e PASEP......................................................................................69
5.11. Relações com a Câmara Municipal...........................................................................................69
Fontes de Consulta....................................................................................................................71

4
Apresentação
O primeiro Guia Básico para Gestão nos Municípios, instrumento para auxiliar os gestores
dos municípios brasileiros a melhorar a gestão pública, foi editado em 2008 e serviu para
a gestão municipal 2009 – 2012. Sua segunda edição destinou-se à gestão municipal 2013
– 2016. Esta é sua 3ª edição, revista e atualizada, incluindo novos marcos regulatórios e
outras importantes informações para apoiar os(as) gestores(as) municipais no processo
de início do mandato 2017 – 2020.

Trata-se de uma importante ferramenta que, além de auxiliar na gestão municipal, serve
para aproximar e reforçar o diálogo entre o Governo Federal e os municípios brasileiros.
Neste Guia, o(a) gestor(a) municipal encontrará tanto informações teóricas acerca da
organização governamental brasileira, da competência municipal, das relações intergo-
vernamentais, dentre outras, como também informações práticas e relevantes para a
gestão municipal. De posse deste material, o(a) gestor(a) e sua equipe poderão dispor de
informações de natureza técnica que podem auxiliá-los(las) na execução de seu plano de
governo.

O(A) prefeito(a) que se elege pela primeira vez encontrará neste trabalho vasto acervo de
consulta. Já os(as) reeleitos(as), embora conheçam os cuidados que devem ter no decorrer
do mandato, poderão encontrar neste Guia informações para ajudá-los(as) quanto às
medidas que pretendam adotar.

Além das orientações contidas neste material, é importante a consulta à Lei Orgânica do
Município e à legislação municipal existente, à Constituição Federal vigente, bem como
aos manuais ou recomendações dos Tribunais de Contas (Estadual/Municipal).

Por fim, o Governo Federal afirma a importância da relação de respeito e diálogo com
os(as) prefeitos(as) municipais para a criação e fortalecimento de um espaço de debate
federativo.

Subchefia de Assuntos Federativos da


Secretaria de Governo da Presidência da República

5
1. O Município e o(a) Prefeito(a) no Ambiente Constitucional
A autonomia e as competências do município cresceram à medida que o processo demo-
crático foi retomado no país. A promulgação da Constituição da República de 1988 consagrou
o município como membro integrante do conjunto federativo brasileiro.

Hoje, o município possui autonomia política, legislativa, administrativa, financeira e organi-


zativa, características relevantes e inovadoras do federalismo brasileiro1.

O novo pacto federativo, decorrente da Constituição, prevê a repartição de competências, de


responsabilidades, de direitos e obrigações, entre as esferas de governo, o que permitiu, por
exemplo, uma melhor repartição de recursos para atendimento às demandas da população e
efetivação dos direitos da cidadania.

Contudo, a velocidade com que o processo de descentralização ocorreu no país, ou seja, a


transferência de competências para os governos locais, alcançando várias políticas públicas,
públicas, e a própria diversidade da realidade dos estados e municípios brasileiros termi-
naram por limitar as condições para o exercício das competências municipais compartilhadas
com as demais esferas e aprofundaram as disparidades locais e regionais do país, em especial
pela significativa ampliação do número de municípios.

De fato, um elevado número de municípios, aqueles de baixa arrecadação própria, a maior


parte constituída após a promulgação da Constituição, depende quase exclusivamente de
transferências federais para sua sobrevivência. Portanto, não são capazes de exercer sua
autonomia federativa, reconhecida na Constituição. Aprimorar a gestão pública é colocar em
prática a autonomia. Atualmente, há um conjunto de princípios orientadores que organizam
a boa administração. O uso responsável dos recursos e a observância dos princípios da lega-
lidade, da moralidade, da impessoalidade, da publicidade e da eficiência garantem a conti-
nuidade administrativa.

Aprimorar a gestão pública é colocar em prática a autonomia.

1
Ver art. 1º da Constituição Federal.

6
O município possui responsabilidades, as quais recaem, em parte expressiva, sobre o Poder
Executivo, que possui a competência para governar, desempenhando funções políticas, admi-
nistrativas e executivas.

As funções executivas constituem a principal responsabilidade do(a) prefeito(a), cabendo-lhe,


sobretudo, as funções que caracterizam as chefias de alto nível, que são: planejar, dirigir, coor-
denar, acompanhar, controlar e articular-se com atores públicos e privados.

Planejar consiste em formular as políticas públicas, selecionar as opções e definir objetivos,


diretrizes, programas e meios adequados à realização do que se pretende.

O plano de governo, com alcance para todo o mandato, é


instrumento precioso para o planejamento.

Dirigir tem o significado de orientar, verbalmente ou por meio de decretos, instruções, ordens
de serviço, portarias e outros atos administrativos. O(A) prefeito(a) é o(a) responsável final pelo
que acontece na Administração, pois dirige a máquina administrativa da Prefeitura, ainda que
com o auxílio da sua equipe de secretários e dos responsáveis pelos diversos setores.

Coordenar diz respeito a integrar a ação dos diversos órgãos, de modo a evitar o desperdício de
recursos com a duplicação e dispersão de esforços. Ter uma visão global das ações que estão
sendo executadas contribui para a tomada de decisões. A atuação de um setor da Prefeitura
produz reflexos em outros, pois os temas se comunicam. Por exemplo, a decisão de construir
uma escola, além de envolver a Secretaria de Educação, desencadeará uma série de demandas
sobre diferentes setores da Prefeitura, como transporte, obras, saneamento, segurança e saúde.

A realização de reuniões e a análise de relatórios periódicos ajudam a identificar pontos sobre


os quais o(a) prefeito(a) deve agir. O uso da internet e de redes internas de comunicação
melhoram a interlocução e criam condições para a troca de informações, facilitando a coorde-
nação, o acompanhamento, a avaliação e o controle da execução do plano de governo.

Controlar é verificar o cumprimento das orientações regulamentares ou normativas e o alcance


dos resultados desejados. É monitorar as ações permanentemente, por meio de visitas

7
de campo, auditorias ou de instrumentos como os balancetes mensais – onde se pode
acompanhar a execução orçamentária e a movimentação financeira – e os relatórios sobre
execução física e monetária dos programas, obras e serviços.

Estabelecer um controle interno, que promova auditoria sobre as fases da receita e da


despesa, sobre a folha de pagamento, sobre os contratos em andamento, sobre as lici-
tações e, principalmente, sobre os resultados desses processos, é útil à boa gestão e
permite que o(a) prefeito(a) verifique as informações e tenha uma visão ampla do que
está sendo realizado.

Finalmente, articular-se com atores públicos e privados tem sido uma das principais
funções atuais do(a) prefeito(a) no exercício de sua liderança política e institucional, o
que o leva a:

• reunir esforços para a implementação do desenvolvimento local sustentável;


• promover iniciativas diversificadas junto a setores sociais, comunitários e privados, além
de outros entes públicos;
• negociar conflitos de interesse e fomentar o diálogo público;
• mobilizar recursos, governamentais ou não, para concretizar projetos;
• obter colaboração, apoios e parcerias, em várias modalidades, para pôr em prática ações
de desenvolvimento.

Assim, o bom desempenho das funções próprias do Executivo municipal constitui-se como
base do avanço da descentralização e confere ao município novo protagonismo no pro-
cesso de desenvolvimento das cidades e do país.

8
2. A Organização Governamental Brasileira e a
Competência Municipal
O município integra a organização governamental brasileira, junto com a União, os estados e
o Distrito Federal. Todos são autônomos entre si, porém possuem atuação restrita aos limites
dispostos no texto constitucional.

A distribuição de competências entre as esferas de governo, tal como prevista na Consti-


tuição, segue o esquema apresentado no quadro a seguir.

ENTE FEDERATIVO INTERESSE

União Geral

Estados Regional

Municípios Local

Distrito Federal Regional + local


O município possui competências que dizem respeito ao interesse local, o que significa que
aqueles assuntos que o afetam estritamente serão sempre de sua responsabilidade. São
exemplos os serviços de pavimentação de vias, limpeza urbana e transporte urbano.

Por outro lado, há competências comuns ou compartilhadas que são ao mesmo tempo de
responsabilidade da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Estas devem
ser exercidas de forma cooperativa.

Vale assinalar que, mesmo nestes casos, o município possui papel relevante, pois atua em
conjunto com a União e o estado nas áreas de saúde, educação, cultura e patrimônio his-
tórico, proteção do meio ambiente, fomento da produção agropecuária, melhoria das con-
dições de habitação e saneamento básico, bem como no combate à pobreza e suas causas,
apenas para mencionar algumas.

A Constituição prescreve que, para o exercício pleno dessas competências comuns, leis com-
plementares fixarão normas para a cooperação entre a União, os estados, o Distrito Federal

9
e os municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
nacional2.

O(A) prefeito(a) precisa conhecer a organização federal e estadual para identificar os órgãos
e entidades com os quais poderá buscar parcerias para o exercício de suas competências.

2.1. O Governo Federal

A estrutura do Governo Federal é composta por ministérios e outros órgãos e entidades,


cada um com atribuições específicas conforme o setor em que atua. Assim, há políticas
públicas próprias de cada órgão e outras que são executadas de forma transversal, ou seja,
por mais de um ministério. Muitas dessas políticas são implementadas em parceria com os
estados e municípios. Nestes casos, é conveniente saber identificar quais políticas públicas
estão afetas a cada Ministério ou a outros órgãos e entidades federais.

As páginas na internet dos órgãos do Governo Federal são fontes de informação impor-
tantes. Nelas, pode-se encontrar dados a respeito de seus programas, sua estrutura, ocu-
pantes dos cargos de direção, chefia e assessoramento, bem como outros subsídios de uti-
lidade para o município. A página da Presidência da República também possui informações
úteis e, ao mesmo tempo, permite acessar outras fontes de interesse para o município,
tais como a que reproduz a legislação federal, a estrutura da Presidência, os ministros
de estado, as notas oficiais, a agenda do presidente e as principais notícias do Governo
Federal3.

O Portal Federativo também é ferramenta essencial de consulta e informação. Através dele


podem ser acessados diversos serviços que o Governo Federal coloca à disposição dos
municípios, como o CAUC-Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias,
o Portal dos Convênios (Rede Siconv), publicações, orientações e notícias de interesse dos
gestores municipais4.

2
Ver parágrafo único do art. 23 da Constituição.
3
Consultar: http://presidencia.gov.br
4
Consultar: http://www.portalfederativo.gov.br

10
2.2. O Governo Estadual

O Brasil possui 26 estados e o Distrito Federal, cada um organizado segundo suas carac-
terísticas e interesses. Essa organização é encontrada na legislação de cada estado, onde
é possível saber quais são os principais órgãos e suas atribuições. O(A) prefeito(a) deve
buscar informações a esse respeito e sobre outros temas que lhe interessam, como espe-
cificidades da legislação tributária e organização judiciária, nas páginas da internet dos
estados.

2.3. O Governo Municipal

O município possui lei orgânica própria, elaborada pela Câmara Municipal, com observância
dos princípios enumerados na Constituição Federal e na Constituição Estadual. Nessa lei
encontram-se dispositivos sobre atribuições dos poderes Legislativo e Executivo municipal,
competências e procedimentos administrativos, entre outros temas relevantes.

É fundamental que o(a) prefeito(a) conheça as competências do município, listadas na


Constituição Federal5 e na Lei Orgânica do Município - LOM, quais sejam:

• prestar serviços públicos de interesse local;


• manter programas de ensino e atendimento à saúde, esses em cooperação com a
União e o estado;
• promover adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano, e proteger o patrimônio histó-
rico-cultural e ambiental;
• regulamentar, conceder, permitir ou autorizar os serviços de saneamento básico e
transporte, seja ele coletivo, de táxi ou por meio de aplicativos;
• organizar e manter os serviços de fiscalização necessários ao exercício do seu poder
de polícia administrativa;
• instituir e arrecadar os tributos de sua competência;
• criar, organizar e suprimir distritos.

5
Ver art. 30 da Constituição Federal.

11
2.4. Relações intergovernamentais

A Constituição de 1988 desenhou o novo pacto federativo, promovendo a descentrali-


zação, fortalecendo o município como ente federativo e priorizando a atuação cooperativa
no campo das relações intergovernamentais. Essas relações podem se dar de forma ver-
tical, entre níveis diferentes de governo, ou horizontal, entre governos de um mesmo nível.
As relações intergovernamentais não se restringem à distribuição de recursos públicos;
possuem também caráter técnico-administrativo e político-institucional que lhes con-
ferem papel relevante no ordenamento do sistema. É possível realizar diversas parcerias
entre os entes no melhor interesse da população local.

As relações intergovernamentais não se restringem à distribuição


de recursos públicos. É possível estabelecerem-se diversas parcerias
entre os entes no melhor interesse da população local.

As relações verticais entre as três esferas de governos devem ser complementadas por relações
horizontais, sejam entre estados ou entre municípios. A cooperação em ambas as direções con-
tribui para melhor prover os direitos de cidadania, prestar serviços à população e promover o
desenvolvimento de forma integrada, em decorrência do trabalho conjunto.

Nos estados da Federação, a criação de instrumentos de articulação intergovernamental não


é somente uma necessidade, mas condição estruturante, em função da recorrente demanda
por comunicação, cooperação e colaboração entre governos autônomos e, ao mesmo tempo,
interdependentes.

Por isso, a nossa Constituição, sobretudo quando trata da ordem social, deixa nítida a intenção
de promover a cooperação intergovernamental, notadamente no que diz respeito à saúde, à
educação, ao meio ambiente, à assistência social, ao saneamento e à habitação de interesse
social. Tais políticas são hoje objeto de legislação específica que determina bases descentrali-
zadas e participativas para sua organização em sistemas federativos, distribuindo a função entre
as esferas governamentais6.

6
Ver art. 23 da Constituição Federal.

12
Os quadros nas próximas páginas apresentam as principais
Políticas Públicas que têm participação das três esferas de governo

LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 10.257, de 10 Estabelece diretrizes ge- A Lei estabelece normas de ordem pública
de julho de 2001 – rais da Política Urbana Mu- e interesse social que regulam o uso da pro-
Estatuto da Cidade, nicipal. Regulamenta os priedade urbana em prol do bem coletivo,
com alterações intro- arts. 182 e 183 da Consti- da segurança e do bem-estar dos cidadãos,
duzidas pela Lei nº tuição Federal. Detalha as bem como do equilíbrio ambiental.
13.146, de 06 de julho ações do(a) prefeito(a) e Promove iniciativas interfederativas para exe-
de 2015 e outras. dos agentes municipais vol- cução de programas de construção de mora-
tadas ao planejamento e à dias e melhoria das condições habitacionais,
política urbana, em especial de saneamento básico, das calçadas, dos
ao Plano Diretor. passeios públicos, do mobiliário urbano e
dos demais espaços de uso público.

Lei nº 13.311, de 11 de Institui normas gerais para O direito de utilização privada de área pú-
julho de 2016. a ocupação e utilização de blica por tais equipamentos urbanos poderá
área pública urbana por ser outorgado a qualquer interessado que
equipamentos urbanos do satisfaça os requisitos exigidos pelo poder
tipo quiosque, trailer, feira e público local.
banca de venda de jornais e O Município poderá dispor sobre outros re-
de revistas. quisitos para a outorga, observada a gestão
democrática conforme o Estatuto da Cidade.

Lei nº 12.608, de 10 de Institui a Política Nacional A política visa à atuação articulada entre a
abril de 2012. de Proteção e Defesa Civil e União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
autoriza a criação de sistema nicípios para redução de desastres e apoio às
de informações e monitora- comunidades atingidas.
mento de desastres.

13
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 12.587, de 3 de Institui as diretrizes da Polí- A Política Nacional de Mobilidade Urbana ob-
janeiro de 2012, com tica Nacional de Mobilidade jetiva a integração entre os diferentes modos
as alterações da Lei nº Urbana. de transporte e a melhoria da acessibilidade e
13.406, de 26 de de- mobilidade das pessoas e cargas no território
zembro de 2016. do Município. É necessário que os municí-
pios acima de 20.000 habitantes, ou aqueles
obrigados a elaborarem planos diretores, ela-
borem seus Planos de Mobilidade Urbana,
integrados aos respectivos planos diretores,
até 2019. Findo o prazo, ficam impedidos de
receber recursos orçamentários federais des-
tinados à mobilidade urbana, até que atendam
as exigências da lei.

Lei nº 11.124, de 16 de Cria o Sistema Nacional de O SNHIS tem como principal objetivo garantir
junho de 2005. Habitação de Interesse So- que investimentos e subsídios sejam desti-
cial – SNHIS, o Fundo Na- nados a programas habitacionais voltados à
cional de Habitação de Inte- população de baixa renda, em especial àquela
resse Social – FNHIS e o seu que mora em assentamentos precários ou
Conselho Gestor. favelas.

Resolução nº 48, de 6 Estabelece prazos e condi- O município pode aderir ao SNHIS e obter,
de dezembro de 2011, ções para adesão ao SNHIS. por esse meio, recursos para habitações de
do Conselho Gestor interesse social. O prazo para aderir ao SNHIS
do FNHIS. varia conforme as características do muni-
cípio descritas na Resolução nº48, atualmente
em análise.

14
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 9.503, de 23 de Institui o Código de Trânsito O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no me-
setembro de 1997. Brasileiro (CTB). lhor e mais equilibrado espírito federativo,
prevê uma clara divisão de responsabilidades
e uma sólida parceria entre órgãos federais,
estaduais e municipais. Os municípios, em
particular, tiveram sua esfera de competência
substancialmente ampliada no tratamento
das questões de trânsito. Aliás, nada mais
justo se considerarmos que é nele que o ci-
dadão efetivamente mora, trabalha e se mo-
vimenta, ali encontrando sua circunstância
concreta e imediata de vida comunitária e
expressão política. Por isso, compete agora
aos órgãos executivos municipais de trânsito
exercer nada menos que vinte e uma atribui-
ções. Uma vez preenchidos os requisitos para
integração do município ao Sistema Nacional
de Trânsito, ele assume a responsabilidade
pelo planejamento, o projeto, a operação e a
fiscalização, não apenas no perímetro urbano,
mas também nas estradas municipais. A pre-
feitura passa a desempenhar tarefas de sina-
lização, fiscalização, aplicação de penalidades
e educação de trânsito.

Lei nº 11.977, de 7 de Cria o Programa Minha Casa, O PMCMV é um programa de provisão habi-
julho de 2009, regula- Minha Vida – PMCMV tacional, que visa à criação de mecanismos
mentada pelo Decreto de incentivo à produção e aquisição de novas
nº 7.499, de 16 de unidades habitacionais ou requalificação de
junho de 2011. imóveis urbanos e produção ou reforma de
habitações rurais, para famílias com determi-
nada renda mensal, conforme os normativos
do Ministério das Cidades, com prioridade de
atendimento às famílias residentes em áreas
de risco, insalubres, que tenham sido desabri-
gadas ou que perderam a moradia em razão de
qualquer desastre natural.

15
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Medida Provisória Dispõe sobre a regularização A MPV 759 altera diversos dispositivos re-
Nº 759, de 22 de de- fundiária rural e urbana, sobre ferentes à regularização fundiária de áreas
zembro de 2016. a liquidação de créditos con- urbanas e rurais ocupadas irregularmente,
cedidos aos assentados da incluindo áreas da União, apresentando, no
reforma agrária e sobre a que tange especificamente às áreas urbanas,
regularização fundiária no novos instrumentos e procedimentos adminis-
âmbito da Amazônia Legal, trativos e de registro imobiliário nos processos
institui mecanismos para de regularização de imóveis urbanos, revo-
aprimorar a eficiência dos gando o Capítulo III da Lei 11.977.
procedimentos de alienação
de imóveis da União, e dá ou-
tras providências.

Lei Nº 13.089, de 12 de Institui o Estatuto da Metró- O Estatuto da Metrópole estabelece diretrizes


Janeiro de 2015. pole, altera a Lei no 10.257, gerais para o planejamento, a gestão e a exe-
de 10 de julho de 2001, e dá cução das funções públicas de interesse comum
outras providências. em regiões metropolitanas e em aglomerações
urbanas instituídas pelos Estados, normas ge-
rais sobre o plano de desenvolvimento urbano
integrado e outros instrumentos de governança
interfederativa, e critérios para o apoio da União
a ações que envolvam governança interfedera-
tiva no campo do desenvolvimento urbano.

Lei nº 11.445, de 5 Estabelece diretrizes nacio- A lei visa à universalização do acesso aos ser-
de Janeiro de 2007, nais para o saneamento bá- viços de saneamento básico, compreendendo
regulamentada pelo sico e sua política federal. o abastecimento de água, o esgotamento sani-
Decreto nº 7.217, de tário, o manejo de resíduos sólidos e de águas
21 de junho de 2010, pluviais. Destaca o tema da gestão associada
com as alterações do dos serviços e os aspectos de planejamento,
Decreto nº 8.211, de regulação, fiscalização, participação e controle
21 de março de 2014, social.
e do Decreto nº 8.629, É necessário que os Municípios tenham ins-
de 30 de dezembro de tituído controle social, realizado por órgão co-
2015. legiado, até 31 de dezembro de 2014 e que
elaborem seus Planos de Saneamento Básico
até 31 de dezembro de 2017 para que tenham
acesso a recursos da União, ou por ela gerido,
destinados a serviços de saneamento básico.

16
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 10.098, de 19 de Estabelece normas gerais A lei orienta como os municípios devem pla-
dezembro de 2000, com e critérios básicos para a nejar e urbanizar as vias públicas, os parques
a redação dada pela Lei promoção da acessibilidade e demais espaços de uso público de forma
nº 13.146, de 06 de julho das pessoas portadoras de a torná-los acessíveis para as pessoas por-
de 2015. deficiência ou com mobi- tadoras de deficiência ou com mobilidade
lidade reduzida e institui a reduzida.
Lei Brasileira de Inclusão da Também estabelece que a construção, am-
Pessoa com Deficiência (Es- pliação ou reforma de edifícios públicos ou
tatuto da Pessoa com Defi- privados destinados ao uso coletivo deverão
ciência). ser executadas de modo que sejam ou se
tornem acessíveis às pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida.

Decreto nº 5.296, de 2 Regulamenta as Leis n.os Orienta que os municípios devem seguir as
de dezembro de 2004. 10.048, de 8 de novembro normas técnicas brasileiras de acessibilidade
de 2000, que dá prioridade (NBR9050 entre outras) e o Estatuto da Ci-
de atendimento às pessoas dade para a elaboração de suas leis e planos
que especifica, e 10.098, de locais (Planos Diretores Municipais, Planos
19 de dezembro de 2000, Diretores de Transporte e Trânsito, Código
que estabelece normas ge- de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e
rais e critérios básicos para Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário,
a promoção da acessibili- entre outros).
dade das pessoas porta-
doras de deficiência ou com
mobilidade reduzida.

17
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 6.938, de 31 de Institui a Política Nacional do A lei trata de um conjunto de instrumentos


agosto de 1981. Meio Ambiente, cria o Sistema que conforma a política de gestão am-
Nacional do Meio Ambiente biental no país, apontando na direção da
– SISNAMA e o Conselho Na- articulação entre União, estados e municí-
cional do Meio Ambiente. pios, agentes privados e sociais, por meio
do SISNAMA, com o intuito de preservar a
qualidade ambiental e manter o equilíbrio
ecológico.

Lei Complementar nº Regulamenta o art. 23 da Cons- A LC estabelece novas perspectivas e possi-


140, de 8 de dezembro tituição Federal, tratando da bilidades de cooperação para o exercício das
de 2011. cooperação entre a União, os competências dos entes federativos rela-
Estados, o Distrito Federal e os tivas ao meio ambiente. Reforça o papel dos
Municípios nas ações relacio- municípios, alterando a Lei nº 6.938, de 31
nadas à competência comum de agosto de 1981 e com repercussão sobre
para a proteção das paisagens a Resolução CONAMA 237.
naturais notáveis, a proteção
do meio ambiente, o combate
à poluição em qualquer de suas
formas e à preservação das flo-
restas, da fauna e da flora.

Resolução CONAMA Regulamenta os aspectos de Sua regulamentação indica os procedi-


nº 237/97. licenciamento ambiental esta- mentos e critérios utilizados no licencia-
belecidos na Política Nacional mento ambiental, definindo atividades e em-
do Meio Ambiente. preendimentos passíveis de licenciamento
ambiental, bem como as competências
de cada ente federativo para esse licencia-
mento. Atualmente, encontra-se em dis-
cussão para se adequar ao marco regulatório
vigente.

Lei nº 12.305, de 2 de Institui a Política Nacional de É necessário que os Municípios elaborem


agosto de 2010, regu- Resíduos Sólidos - PNRS, que seus Planos de Gestão Integrada de Re-
lamentada pelo De- contempla princípios como o síduos Sólidos para acesso a recursos da
creto nº 7.404, de 23 do poluidor - pagador, a respon- União destinados a empreendimentos e ser-
de dezembro de 2010. sabilidade compartilhada pelo viços relacionados à limpeza urbana e ao ma-
ciclo de vida dos produtos, in- nejo de resíduos sólidos. Terão prioridade os
duzindo a reciclagem e a elimi- municípios que optarem por soluções con-
nação dos lixões. Destacam-se sorciadas intermunicipais para a gestão dos
nos instrumentos, os Planos resíduos sólidos e que implantarem a coleta
de Resíduos Sólidos, a Coleta seletiva com a participação dos catadores.
Seletiva e a Logística Reversa.

18
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 9.985, de 18 de Regulamenta o art. 225, § 1º, Define o funcionamento do Sistema Nacional
julho de 2000. incisos I, II, III e VII da Consti- de Unidades de Conservação da Natureza
tuição Federal e institui o Sis- (UCs), estabelece as categorias e procedi-
tema Nacional de Unidades mentos para a criação, implantação e gestão
de Conservação da Natureza de UCs e dispõe sobre o licenciamento de
(SNUC) em conjunto com o De- obras e empreendimentos que afetem as UCs.
creto nº 4.340, de 22 de agosto Cria o mecanismo da Compensação Am-
de 2002. biental, como fonte de recursos para UCs.

Lei nº 12.651, de Regula a proteção da vegetação Um dos instrumentos mais importantes é o


25 de maio de 2012 nativa em todo o país e dispõe Cadastro Ambiental Rural cuja responsabili-
(novo código florestal) sobre aspectos da responsabili- dade será partilhada entre a União, Estados
em conjunto com a dade comum da União, Estados, e Municípios sendo prioridade a instalação
Lei nº 12.727, de 17 de Distrito Federal e Municípios, de sistemas de controle no âmbito dos
outubro de 2012. em colaboração com a socie- municípios. O município poderá editar ins-
dade civil, na criação de políticas trumentos específicos para o controle do
para a preservação e restau- desmatamento e queimadas entre outros.
ração da vegetação nativa e de
suas funções ecológicas e so-
ciais nas áreas urbanas e rurais
e o aproveitamento dos recursos
florestais.

LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 8.080, de 19 de Institui o Sistema Único de O SUS é um conjunto de ações e serviços


setembro de 1990 (Lei Saúde – SUS. de saúde de caráter universal, que estão
Orgânica da Saúde), organizados em rede regionalizada e hie-
com as alterações pos- rarquizada. É orientado por três princípios
teriores. constitucionais: atendimento integral, par-
ticipação popular e descentralização com
comando único em cada esfera de governo.

19
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 8.142, de 28 de Dispõe sobre a participação da Estabelece as instâncias colegiadas – Con-


dezembro de 1990. comunidade na gestão do Sis- ferências e Conselhos de Saúde, e o re-
tema Único de Saúde – SUS e passe de recursos da saúde da União, de
sobre as transferências inter- forma regular e automática, aos fundos de
governamentais de recursos saúde estadual, municipal e do Distrito Fe-
financeiros na área da saúde. deral.

Decreto nº 7.508, de Regulamenta a Lei nº 8.080/90 O Decreto estabelece instrumentos como


28 de junho de 2011. que dispõe sobre a organização o Contrato Organizativo de Ação Pública da
do Sistema Único de Saúde - Saúde - COAP, a Relação Nacional de Ações
SUS, o planejamento da saúde, e Serviços de Saúde - Renases, a Relação
a assistência à saúde e a articu- Nacional de Medicamentos - Rename, e os
lação interfederativa. espaços de negociação - Comissões Inter-
gestores, com o objetivo de aprimorar as
relações interdeferativas e fortalecer o Pacto
Federativo pela Saúde, no sentido de contri-
buir, efetivamente, na garantia do direito à
saúde a todos os cidadãos brasileiros.

Lei Complementar nº Regulamenta o § 3ª do art. 198 Regulamenta a Emenda Constitucional


141, de 13 de janeiro da Constituição Federal para 29/2000, e, além de dispor sobre os valores
de 2012 dispor sobre os valores mí- mínimos a serem aplicados anualmente
nimos a serem aplicados anual- pela União, Estados, Distrito Federal e
mente pela União, Estados, Municípios em ações e serviços públicos
Distrito Federal e Municípios de saúde, e estabelecer os critérios de ra-
em ações e serviços públicos teio dos recursos de transferências para a
de saúde; estabelece os crité- saúde e as normas de fiscalização, avaliação
rios de rateio dos recursos de e controle das despesas com saúde nas 3
transferências para a saúde e (três) esferas de governo, institui que a
as normas de fiscalização, ava- União prestará cooperação técnica e finan-
liação e controle das despesas ceira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
com saúde nas 3 (três) esferas Municípios para que as transferências dos
de governo; revoga disposi- Estados para os Municípios destinadas a fi-
tivos das Leis nos 8.080/90 e nanciar ações e serviços públicos de saúde
8.689/93. sejam realizadas diretamente aos Fundos
Municipais de Saúde, de forma regular e au-
tomática, em conformidade com os critérios
de transferência aprovados pelo respectivo
Conselho de Saúde, e para a modernização
dos respectivos Fundos de Saúde.

20
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Decreto nº 7.827, de Regulamenta os procedi- Estabelece o registro obrigatório e atua-


16 de outubro de mentos de transferências e lização permanente de dados no Sistema
2012. suspensão de recursos da de Informações Sobre Orçamentos Pú-
União e os casos de descum- blicos em Saúde – SIOPS.
primento da aplicação dos re-
cursos em ações e serviços
públicos de saúde de que
trata a Lei Complementar nº
141/2012.

Lei nº 13.301, de 27 Dispõe sobre a adoção de me- A autoridade máxima do SUS de âmbito
de junho de 2016. didas de vigilância em saúde federal, estadual, distrital e municipal
quando verificada situação de fica autorizada a determinar e executar
iminente perigo à saúde pú- as medidas necessárias ao controle das
blica pela presença do mos- doenças causadas pelos referidos vírus,
quito transmissor do vírus da nos termos da Lei no 8.080/1990, e de-
dengue, do vírus chikungunya mais normas aplicáveis, enquanto per-
e do vírus da zika. durar a Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional - ESPIN.
Dentre as medidas, cita, inclusive, o in-
gresso forçado em imóveis públicos e
particulares, no caso de situação de aban-
dono, ausência ou recusa de pessoa que
possa permitir o acesso de agente pú-
blico, regularmente designado e identifi-
cado, quando se mostre essencial para a
contenção das doenças.

21
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 8.742, de 7 de Dispõe sobre a organi- Institui um sistema descentralizado e parti-


dezembro de 1993 zação da Assistência Social cipativo que regula e organiza os elementos
(Lei Orgânica da As- (institui modelo descentra- essenciais da Política Nacional de Assistência
sistência Social- LOAS) lizado e participativo da As- Social – PNAS, e estabelece que a gestão
com as modificações sistência Social). das ações na área de assistência social fica
introduzidas pelas Leis organizada sob a forma de sistema, também
12.101/09 e 12.435/11. descentralizado e participativo, denominado
Sistema Único de Assistência Social (Suas).

Norma Operacional Bá- Operacionaliza o Sistema O SUAS define as ações e iniciativas necessá-
sica – NOB, de 15 de Único de Assistência Social rias à operacionalização dos serviços e oferta
julho de 2005, atualizada – SUAS. de benefícios socioassistenciais, estabele-
pela Resolução CNAS cendo a divisão de competências e responsa-
33, de 12 de dezembro
bilidades entre as três esferas de governo.
de 2012.

Lei n° 10.836, de 9 Cria o Programa Bolsa Fa- O Programa Bolsa Família é a política na-
de janeiro de 2004, mília. Também dispõe sobre cional de transferência de renda condicionada.
com as alterações da o apoio financeiro da União Possui caráter transversal, uma vez que ar-
Lei n° 12.722, de 3 de aos Municípios e ao Distrito ticula as ações de transferência de renda às
outubro de 2012 e da Federal para ampliação da políticas de saúde e educação executadas nos
Lei nº 13.348, de 10 de oferta de educação infantil, municípios.
outubro de 2016. para incluir as crianças be-
neficiárias do Benefício de
Prestação Continuada - BPC
e as crianças com defi-
ciência, além de estabelecer
novas regras de repasse do
apoio financeiro.

22
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Decreto n° 5.209, Regulamenta a Lei n° Contém normas a serem observadas pelas


de 17 de setembro 10.836/04, que cria o três esferas de governo, cabendo aos mu-
de 2004, com alte- Programa Bolsa Família. nicípios, dentre outras, designar área res-
rações feitas pelos ponsável pelas ações de gestão e execução
Decretos nos 7.758, do Programa Bolsa Família, proceder à arti-
de 15 de junho de culação intersetorial das áreas, de saúde,
2012, 7.852, de 30 educação, assistência social e segurança
de novembro de alimentar, quando existentes, além de rea-
2012 e 8.794, de 29 lizar a inscrição das famílias pobres do Mu-
de junho de 2016. nicípio no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal - CadÚnico,
constituir órgão de controle social e pro-
mover, em articulação com a União e os
Estados, o acompanhamento do cumpri-
mento das condicionalidades.
Estabelece o valor do benefício para su-
peração da extrema pobreza na primeira
infância, destinado às unidades familiares
beneficiárias do Programa Bolsa Família.

Decreto nº 7.492, de Institui o Plano Brasil O Plano Brasil Sem Miséria visa superar a
02 de junho de 2011. Sem Miséria. situação de extrema pobreza da população
em todo o território nacional, por meio
da integração e articulação de políticas,
programas e ações. As famílias extrema-
mente pobres que ainda não são atendidas
serão localizadas e incluídas de forma in-
tegrada nos mais diversos programas de
acordo com as suas necessidades. É exe-
cutado pela União em colaboração com Es-
tados, Distrito Federal, Municípios e com
a sociedade.

23
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 9.394, de 20 de Dispõe sobre as dire- Define princípios, diretrizes, forma de orga-
dezembro de 1996, com trizes e bases da edu- nização e níveis e modalidades da educação
as alterações poste- cação nacional - LDB. nacional. Detalha competências e atribuições
riores. de cada ente federado, das escolas e dos do-
centes. Estabelece condições para formação
e valorização dos profissionais da educação.
Especifica as fontes de recursos e os tipos de
despesa em manutenção e desenvolvimento do
ensino. Destaca a aplicação mínima de recursos
dos entes federados à manutenção e desenvol-
vimento do ensino.

Lei nº 10.845, de 5 de Institui o programa de É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos
março de 2004. complementação ao Municípios prestar apoio técnico e financeiro às
atendimento educa- entidades privadas sem fins lucrativos que ofe-
cional especializado às recem educação especial, por meio de cessão
pessoas portadoras de de professores e profissionais especializados da
deficiência. rede pública de ensino, bem como de material
didático e pedagógico apropriado, repasse de
recursos para construções, reformas, amplia-
ções e aquisição de equipamentos e oferta de
transporte escolar aos educandos portadores de
deficiência matriculados nessas entidades.

Decreto nº 6.094, de 24 Dispõe sobre a imple- Define 28 diretrizes para obtenção de uma edu-
de abril de 2007. mentação do Plano de cação com equidade e qualidade, estabelece o
Metas Compromisso Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
Todos pela Educação. (IDEB) e formas de colaboração do MEC com
estados e municípios.

Lei nº 12.695, de 25 de Dispõe sobre o apoio Autoriza o Ministério da Educação a transferir


julho de 2012. técnico ou financeiro recursos aos estados, aos municípios e ao Dis-
da União no âmbito do trito Federal, para apoiar a execução das ações
Plano de Ações Articu- do PAR, sem a necessidade de firmar convênio,
ladas - PAR ajuste, acordo ou contrato.

24
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 8.201, de 24 de Dispõe sobre o apoio Define as formas de apoio financeiro aos es-
abril de 2013. técnico e financeiro da tados e municípios com a finalidade de pro-
União aos entes fede- mover a alfabetização dos estudantes até os 8
rados no âmbito do Pacto (oito) anos de idade ao final do 3o ano do ensino
Nacional pela Alfabeti- fundamental da educação básica pública, aferida
zação na Idade Certa. por avaliações periódicas.

Decreto nº 6.093, de Reorganiza o Programa O Programa Brasil Alfabetizado tem por obje-
24 de abril de 2007. Brasil Alfabetizado, tivo a universalização da alfabetização de jovens
visando à universali- e adultos de quinze anos ou mais e atenderá,
zação da alfabetização prioritariamente, os Estados e Municípios com
de jovens e adultos de maiores índices de analfabetismo, por meio de
quinze anos ou mais e ações de assistência técnica e financeira promo-
dá outras providências. vidas pela União.

Lei nº 11.129, de 30 Institui o Programa Na- Formula e propõe diretrizes da ação governamental
de junho de 2005, re- cional de Inclusão de voltadas à promoção de políticas públicas de ju-
formulada pela Lei nº Jovens – Projovem, ventude, fomenta estudos e pesquisas acerca da
11.692 de 10 de junho destinado a jovens de realidade socioeconômica juvenil e o intercâmbio
de 2008. 15 (quinze) a 29 (vinte entre as organizações juvenis nacionais e interna-
e nove) anos, com o cionais.
objetivo de promover A União pode transferir recursos aos Estados, ao
sua reintegração ao Distrito Federal e aos Municípios, sem a neces-
processo educacional, sidade de convênio, acordo, contrato, ajuste ou
sua qualificação profis- instrumento congênere.
sional e seu desenvol-
vimento humano.

Decreto n° 7.352, de 04 Dispõe sobre a política O PRONACAMPO, lançado em março de 2012,


de novembro de 2010. de educação do campo objetiva expansão do acesso e melhoria da qua-
e o Programa Nacional lidade da educação às populações do campo.
de Educação na Reforma O Programa disponibiliza apoio técnico e fi-
Agrária - PRONERA nanceiro aos sistemas de ensino no âmbito da
Gestão e Práticas Pedagógicas, a Formação de
Professores, a Educação de Jovens e adultos, a
Educação Profissional e Tecnológica e a Infraes-
trutura.

Decreto nº 7.612, de Institui o Plano Nacional Estrutura-se em quatro eixos: Acesso à Edu-
17 de novembro de dos Direitos da Pessoa cação, Atenção à Saúde, Inclusão Social e Aces-
2011 com Deficiência - Plano sibilidade.
Viver sem Limite.

25
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Decreto nº 6.629, de 4 Fomenta técnica e financeiramente Prevê que, no âmbito estadual, muni-
de novembro de 2008, os sistemas de ensino para a imple- cipal e do Distrito Federal, a gestão e
com as alterações mentação de ações voltadas à edu- a execução do Projovem sejam reali-
introduzidas pelo De- cação para juventude em articulação zadas por meio da conjugação de es-
creto nº 7.649, de 21 com iniciativas de inclusão social. forços entre os órgãos públicos das
de dezembro de 2011. áreas de educação, de trabalho, de as-
sistência social e de juventude, obser-
vada a intersetorialidade, sem prejuízo
de outros órgãos e entidades da admi-
nistração pública estadual, municipal e
da sociedade civil.
Reorganiza a vinculação das modali-
dades do Projovem.

Lei nº 11.494, de 20 de Regulamenta o Fundo de Manu- O FUNDEB destina recursos à ma-


junho de 2007. tenção e Desenvolvimento da nutenção e desenvolvimento da Edu-
Educação Básica e de Valorização cação Básica, em todas as modali-
dos Profissionais da Educação - dades de ensino, incluindo a educação
FUNDEB. infantil (creche e pré-escola), ensino
fundamental e o ensino médio.

Lei nº 12.594, de 18 de Institui o Sistema Nacional de Aten- Regulamenta a execução das medidas
janeiro de 2012. dimento Socioeducativo (Sinase). socioeducativas destinadas a adoles-
cente que pratique ato infracional.

Lei nº 12.711, de 29 de Dispõe sobre o ingresso nas uni- As instituições federais de educação
agosto de 2012. versidades federais e nas institui- superior e de ensino técnico de nível
ções federais de ensino técnico médio, vinculadas ao Ministério da
de nível médio e dá outras provi- Educação, reservarão, em cada con-
dências. curso seletivo para ingresso nos res-
pectivos níveis, por curso e turno, no
mínimo 50% (cinquenta por cento) de
suas vagas para estudantes que te-
nham cursado integralmente o ensino
médio em escolas públicas, dessas,
50% deverão ser reservadas aos estu-
dantes oriundos de famílias com renda
igual ou inferior a 1,5 salário mínimo
(um salário mínimo e meio) per capita.
Também estabelece critérios para
preenchimento de vagas destinadas a
autodeclarados pretos, pardos e indí-
genas.

26
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Decreto nº 7.824, de Regulamenta a Lei no 12.711/2012. Reservar no mínimo cinquenta por cento
11 de outubro de 2012. das vagas a estudantes com renda fami-
liar bruta igual ou inferior a um inteiro e
cinco décimos salário mínimo per capita;
e proporção de vagas no mínimo igual à
de pretos, pardos e indígenas na popu-
lação da unidade da Federação do local
de oferta de vagas da instituição.

Lei nº 12.433, de 29 de Dispõe sobre a remição de parte O condenado que cumpre a pena em
junho de 2011. do tempo de execução da pena regime fechado ou semiaberto poderá
por estudo ou por trabalho. remir, por trabalho ou por estudo,
parte do tempo de execução da pena.
1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias
de trabalho. 1 (um) dia de pena a cada
12 (doze) horas de frequência escolar
- atividade de ensino fundamental,
médio, inclusive profissionalizante, ou
superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em
3 (três) dias.

Lei nº 11.738, de 16 de Institui o Piso Salarial Profissional Determina o pagamento e a forma de


julho de 2008. Nacional para os profissionais do cálculo do reajuste do Piso Salarial
Magistério Público da Educação Profissional Nacional do Magistério
Básica. Público. A União será responsável por
cooperar tecnicamente com o ente fe-
derativo que não conseguir assegurar
o pagamento do piso, de forma a as-
sessorá-lo no planejamento e aper-
feiçoamento da aplicação de seus re-
cursos.

Lei nº 10.709, de 31 de Acrescenta dispositivo à Lei de Incumbe aos municípios assumir o


julho de 2003. diretrizes e bases da educação transporte escolar dos alunos da rede
nacional. municipal.

27
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 13.005, de 25 de Aprova o Plano Nacional de Edu- A União, os Estados, o Distrito Federal
junho de 2014. cação - PNE e dá outras provi- e os Municípios atuarão em regime de
dências. Os Estados, o Distrito colaboração, visando ao alcance das
Federal e os Municípios deverão metas e à implementação das estraté-
elaborar seus correspondentes gias objeto do PNE.
planos de educação, ou adequar Os gestores federais, estaduais, mu-
os planos já aprovados em lei, em nicipais e do Distrito Federal adotarão
consonância com as diretrizes, as medidas governamentais necessá-
metas e estratégias previstas no rias ao alcance das metas previstas no
PNE, no prazo de 1 (um) ano con- PNE.
tado da publicação desta Lei. O plano plurianual, as diretrizes orça-
Os planos de educação devem mentárias e os orçamentos anuais da
contemplar estratégias, dentre União, dos Estados, do Distrito Federal
outras, que assegurem o sistema e dos Municípios serão formulados de
educacional inclusivo em todos maneira a assegurar a consignação de
os níveis, etapas e modalidades dotações orçamentárias compatíveis
e que promovam a articulação com as diretrizes, metas e estraté-
interfederativa na implementação gias deste PNE e com os respectivos
das políticas educacionais. planos de educação, a fim de viabilizar
sua plena execução.

Decreto n° 6.861, de Dispõe sobre a Educação Escolar A educação escolar indígena será or-
27 de maio de 2009. Indígena e define sua organização ganizada com a participação dos povos
em territórios etnoeducacionais. indígenas, observada a sua territoria-
lidade e respeitando suas necessi-
dades e especificidades.

Lei nº 13.415, de 16 de Altera as Leis nos 9.394, de 20 de Promove alterações na estrutura do


fevereiro de 2017. dezembro de 1996, que estabelece ensino médio, última etapa da edu-
as diretrizes e bases da educação cação básica, por meio da criação da
nacional, e 11.494, de 20 de junho Política de Fomento à Implementação
2007, que regulamenta o Fundo de de Escolas de Ensino Médio em Tempo
Manutenção e Desenvolvimento da Integral. Dá autonomia aos sistemas
Educação Básica e de Valorização de ensino para definir a organização
dos Profissionais da Educação, a das áreas de conhecimento, as com-
Consolidação das Leis do Trabalho petências, habilidades e expectativas
- CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no de aprendizagem definidas na Base
5.452, de 1º de maio de 1943, e o Nacional Comum Curricular - BNCC.
Decreto-Lei no 236, de 28 de feve-
reiro de 1967; revoga a Lei no 11.161,
de 5 de agosto de 2005; e institui
a Política de Fomento à Implemen-
tação de Escolas de Ensino Médio
em Tempo Integral.

28
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Decreto nº 7.626, de Institui o Plano Estratégico de Tem como finalidade ampliar e qua-
24 de novembro de Educação no âmbito do Sistema lificar a oferta de educação nos es-
2011. Prisional - PEESP. tabelecimentos penais. Poderão ser
firmados convênios, acordos de coo-
peração, ajustes ou instrumentos
congêneres, com órgãos e entidades
da administração pública federal, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, com consórcios públicos ou
com entidades privadas.

LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 11.107, de 6 de abril Dispõe sobre normas gerais de Dispõe sobre normas gerais para a
de 2005, regulamentada contratação de Consórcios Pú- União, os Estados, o Distrito Federal e
pelo Decreto nº 6.017, de blicos. os Municípios contratarem consórcios
17 de janeiro de 2007. públicos para a realização de objetivos
de interesse comum. Atende à neces-
sidade de viabilizar e garantir maior es-
tabilidade aos formatos cooperativos
entre municípios, entre municípios e
estados, entre outros, podendo ser
aplicada em vários setores das polí-
ticas públicas. Os consórcios podem
emitir documentos de cobrança e
exercer atividades de arrecadação de
tarifas e outros preços públicos pela
prestação de serviços ou pelo uso ou
outorga de uso de bens públicos por
eles administrados ou, mediante auto-
rização específica, pelo ente da Fede-
ração consorciado.

29
2.4.1. Consórcios públicos

O consórcio público é uma das formas mais conhecidas de cooperação entre entes federativos,
especialmente entre municípios. Ao se consorciarem, os entes federativos são capazes de com-
partilhar estruturas gerenciais, administrativas e de apoio técnico de maior qualificação; criar
escala e reduzir custos na aquisição de bens e na prestação de serviços; e otimizar a manu-
tenção dos equipamentos, do patrimônio e da administração pública.

Um dos principais objetivos dos consórcios é viabilizar a gestão pública nos espaços metropo-
litanos e microrregionais, em que a solução de problemas comuns só pode se dar por meio de
ações conjuntas.

Os consórcios públicos também podem ser muito eficazes na construção de alianças estra-
tégicas, representativas dos interesses regionais comuns, como em bacias hidrográficas ou
polos regionais de desenvolvimento, ampliando assim a capacidade de articulação dos muni-
cípios com as demais esferas de governo.

São vários os exemplos de serviços consorciados no país: saúde, saneamento, transporte


urbano, destino final de resíduos sólidos, licitações compartilhadas, licenciamento ambiental,
etc.

Os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre entes federados estão previstos


no art. 241 da Constituição Federal para gestão associada de serviços, bem como para a
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade
dos serviços transferidos.

Com a regulamentação da Constituição pela Lei dos Consórcios7 e o incentivo às ações con-
sorciadas, a tendência é que os consórcios públicos sejam impulsionados e ampliem cada vez
mais suas áreas de atuação.

Como vantagem da ação consorciada, podemos citar, por exemplo, o disposto na Lei Com-
plementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, que em seu art. 21 destaca que os Estados e os
Municípios que estabelecerem consórcios ou outras formas legais de cooperativismo, para a

7
Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, regulamentada pelo Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2008.

30
execução conjunta de ações e serviços de saúde e cumprimento da diretriz constitucional de
regionalização e hierarquização da rede de serviços, poderão remanejar entre si parcelas dos
recursos dos Fundos de Saúde derivadas tanto de receitas próprias como de transferências
obrigatórias, que serão administradas segundo modalidade gerencial pactuada pelos entes
envolvidos.

2.4.2. Associativismo Municipal e o Comitê de Articulação Federativa


- CAF

Outra forma de cooperação entre municípios é a que se estabelece por meio do associati-
vismo.

A reunião de municípios vizinhos, ou de uma mesma região, com objetivo de aglutinação de


esforços, é fato de reconhecida importância no desenvolvimento municipalista e cooperativo
no Brasil.

As funções desempenhadas pelas associações podem ser de representação junto às demais


esferas de governo, de articulação entre os municípios que as compõem e de prestação de
serviços. As associações constituem também fator de coesão, que estimula o papel desempe-
nhado pelos municípios na condição de agentes do desenvolvimento.

Com o intuito de fortalecer a cooperação intergovernamental, o Governo Federal criou o


Comitê de Articulação Federativa - CAF8, uma instância de diálogo entre União e municípios,
vinculada à Secretaria de Governo da Presidência da República, cuja finalidade é promover
a articulação de estratégias e implementação de ações coordenadas e cooperativas entre as
esferas federal e municipal de governo para atendimento das demandas da sociedade e apri-
moramento das relações federativas.

Participam do CAF dezenove representantes da União, indicados pelo Presidente da Repú-


blica entre os órgãos federais com maior incidência na agenda municipalista, e dezoito
representantes dos municípios, indicados pelas entidades nacionais signatárias do Protocolo
de Cooperação Federativa (Associação Brasileira de Municípios, Confederação Nacional de
Municípios e Frente Nacional de Prefeitos), respectivamente, seus presidentes, e mais cinco

8
Decreto nº 6.181, de 3 de agosto de 2007.

31
representantes, sendo um de cada macrorregião do país, de forma a garantir a representação
regional de seus membros.

É importante que o(a) prefeito(a) verifique se seu município está filiado a alguma das enti-
dades nacionais que têm assento no CAF e participa desses processos políticos de diálogo
federativo.

O(A) prefeito(a) pode também verificar se o município está representado nas comissões inter-
gestoras (tripartites e bipartites) de deliberação e pactuação das políticas de saúde, meio
ambiente e assistência social.

É importante ainda verificar se existe a Comissão Municipal de Emprego, que se dedica a pro-
mover a política de emprego. Sua existência é imprescindível para se obter recursos do Fundo
de Amparo ao Trabalhador – FAT.

2.4.3. Cooperação Internacional Descentralizada

A participação das cidades no sistema internacional é um fenômeno que vem ganhando força
cada vez mais. No caso brasileiro, pode-se considerar de fundamental importância a criação de
estruturas de apoio e incentivo a este processo, tais como a Assessoria Especial para Assuntos
Federativos e Parlamentares – AFEPA, no âmbito do Ministério das Relações Exteriores – Ita-
maraty, e da área de Cooperação Internacional da Subchefia de Assuntos Federativos – SAF da
Secretaria de Governo da Presidência da República.

A constituição de arranjos institucionais (cooperação descentralizada Brasil-França e Brasil-Itália,


e Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul
– FCCRR) eleva o tema da cooperação descentralizada ao debate estratégico na esfera nacional.
A SAF atua como facilitadora do diálogo entre municípios e os parceiros internacionais, agindo
como coordenadora de ações internacionais dos municípios e articulando-as com a política
externa brasileira.

A perspectiva das relações internacionais dos municípios brasileiros tende a seguir uma lógica
de autonomia e complementariedade. Autonomia, pois são os municípios que definem o temas
prioritários para a sua atuação internacional, desde que estejam no âmbito de suas compe-

32
tências. E complementariedade, pois para que as ações internacionais dos municípios ganhem
escala, possam ter maior impacto e para que estejam bem sintonizadas com os preceitos da
política externa brasileira, devem estar muito bem articuladas com o Governo Federal.

Dentro desta lógica de intensificação da atuação internacional dos municípios brasileiros,


observa-se a necessidade de um entendimento entre os governos locais e o Governo Federal.
A promoção de diversos encontros com os entes federativos brasileiros, entidades nacionais de
representação dos municípios e outros órgãos da administração pública federal tem o intuito
de alavancar o diálogo no âmbito da cooperação internacional descentralizada e debater a
demanda dos entes federativos pelo estabelecimento de um espaço permanente de discussão
e pela criação de um marco legal para a cooperação internacional descentralizada do Brasil, o
qual possa garantir segurança jurídica e amparo às ações internacionais dos entes subnacionais.

O desafio colocado, tanto para os municípios como para Governo Federal, é encontrar um
modelo de atuação que permita, além da continuidade dos trabalhos, saltos qualitativos das
ações de relações internacionais dos governos locais brasileiros. Por um lado, este salto de qua-
lidade é uma circunstância favorecida pelo protagonismo internacional brasileiro neste início de
século. Por outro, as características do Brasil, país federativo que é, impõem a necessidade de
um avanço republicano e conjunto nos processos de concepção e de implementação de polí-
ticas públicas, inclusive as de relações internacionais ao nível local. 

3. Aspectos Relevantes para a Gestão Municipal


3.1. Legislação aplicável ao município

O princípio da legalidade, contido na Constituição, merece atenção especial. Do ponto de vista


da Administração, o município, por intermédio dos seus governantes, somente pode fazer
aquilo para o qual está autorizado legalmente, ou seja, pelas normas constitucionais e infra-
constitucionais – aquelas que decorrem ou que são desdobramentos das primeiras – e, no que
envolver a legislação do município, por meio de aprovação da Câmara Municipal.

Esse princípio permeará todo o mandato, daí a necessidade de o(a) prefeito(a) conhecer as
legislações existentes e vigentes no município, as quais estabelecerão para seus cidadãos o
cumprimento de determinadas obrigações e o exercício de seus direitos.

33
As principais leis municipais são relacionadas a seguir:

Lei Orgânica do Município - LOM

É a lei municipal mais importante pelo seu processo de elaboração e por conter preceitos ine-
rentes à organização do município, bem como sobre as competências e atribuições do Poder
Legislativo e do Poder Executivo.

A Administração Pública Municipal deve ficar atenta à necessidade de atualizar essa lei
visando guardar consonância com as normas constitucionais e infraconstitucionais.

A LOM está submetida a processo legislativo especial, e suas alterações seguem os mesmos
critérios estabelecidos para sua elaboração, ou seja, aprovação por maioria de 2/3 dos verea-
dores, votação em dois turnos e promulgação pela própria Câmara.

Lei de Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal

Essa lei organiza a Prefeitura. Ela institui as secretarias e demais órgãos, distribuindo as
atribuições entre eles. A lei será mais efetiva se acompanhada de um regimento interno,
expedido por decreto do(a) prefeito(a), pormenorizando essas atribuições e estabelecendo
procedimentos.

Se a estrutura existente na Prefeitura não estiver compatível, o(a) prefeito(a) poderá provi-
denciar projeto de lei para fazer uma adaptação.

Lei do Plano de Cargos e Carreiras da Prefeitura

Nessa lei estão indicados os cargos existentes no Poder Executivo, em termos qualitativos e
quantitativos. É nela que se identificam a qualificação exigida para a ocupação de cargos, as
carreiras dos servidores, os critérios adotados para ingresso e as condições relativas às pro-
moções. O plano de cargos e carreiras é fundamental para o estabelecimento de uma política
de gestão de pessoas (recrutamento, seleção, treinamento, avaliação e remuneração) que
permita ao município dispor de boa equipe funcional.

O magistério tem tratamento especial, e a seus integrantes são garantidos planos de carreira,

34
piso salarial profissional e ingresso por concurso de provas e títulos9.

Leis de fixação dos subsídios dos agentes políticos

Na fixação dos subsídios – denominação dada à remuneração dos agentes políticos: prefeito(a),
vice-prefeito(a), secretários(as) municipais, presidentes de Câmaras e vereadores(as) –, que
deve ocorrer na legislatura em curso para vigorar na seguinte, há de se observar o que dispõem
a Constituição Federal, as respectivas Constituições Estaduais e a Lei Orgânica Municipal.

É importante consultar o Tribunal de Contas competente para saber se foi expedida orientação
ou se houve alguma reprovação por parte desse órgão a respeito da fixação dos subsídios,
como tem acontecido em vários estados.

Código Tributário Municipal e legislação complementar

Essa legislação deve refletir a política fiscal que o ente deseja aplicar. Para tanto, esta deve ser
sempre revista e, quando necessário, atualizada.

Deve conter normas relativas aos tributos de sua competência, suas características, requisitos
relativos à cobrança e inscrição em dívida ativa e processo administrativo fiscal.

O município deve exercer plenamente a sua competência tributária. Somente poderá conceder
isenções, anistias, remissões e subsídios fiscais diversos se observado o disposto na Consti-
tuição Federal10 e na Lei de Responsabilidade Fiscal acerca de renúncia fiscal.

Não obedecer a essas disposições poderá impedir o município de obter financiamentos.

Plano Diretor Participativo e legislação complementar

O Plano Diretor é o instrumento básico da política do desenvolvimento e expansão urbana


do município. O Plano Diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal,

9
Sobre magistério, além da Lei nº 9.394/96, devem ser consultados a Lei n º11.494/07, que regu-
lamenta o Fundeb, a Lei nº 11.738/08, que institui o Piso Salarial Profissional Nacional, e as Reso-
luções nº 2/09 e 5/10, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.
10
Ver art. 150, § 6º da Constituição Federal.

35
devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar
as diretrizes e as prioridades nele contidas.

As cidades crescem, são ocupadas, passam por processos de transformação, e o controle


urbanístico é necessário para coibir abusos e mau uso do solo, garantindo a qualidade de
vida dos cidadãos, fazendo com que a propriedade cumpra sua função social.

Conforme o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor deve ser elaborado com a participação da
população e aprovado por lei municipal. Nele devem estar previstas condições para que
a propriedade urbana cumpra sua função social, por meio do estabelecimento de instru-
mentos urbanísticos e tributários.

Este Estatuto estabelece que o Plano Diretor é obrigatório para cidades:

• com mais de vinte mil habitantes;


• integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
• em que o Poder Público municipal pretenda exigir do proprietário do solo urbano
não edificado, subutilizado ou não utilizado a promoção do seu adequado aproveita-
mento, nos termos do § 4º do art. 182 da Constituição Federal;
• integrantes de áreas de especial interesse turístico;
• inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo
impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

O Estatuto da Cidade prevê punição para o agente político que não cumprir a determinação
relativa à elaboração e à aprovação do Plano Diretor. Se a Administração anterior não ela-
borou o referido plano, convém identificar as razões e tomar as providências cabíveis.
Caso o Plano Diretor já tenha sido elaborado e aprovado, é importante verificar se foram
instituídos os instrumentos complementares e essenciais a sua implementação, tais como
a legislação urbanística e de parcelamento do solo.

Mesmo os municípios que não são obrigados a elaborar o Plano Diretor têm o dever de
cuidar do ordenamento do solo urbano, cumprindo também as diretrizes expressas no

36
Estatuto da Cidade. Os instrumentos jurídicos de uso, ocupação e parcelamento do solo,
assim como os Códigos de Obras e de Posturas, são para esse fim.

A ocupação do solo urbano muitas vezes ocorre em bens pertencentes à União ou ao


estado; por isso, é necessário articular-se com as outras esferas para harmonizar o seu
uso e ocupação.

Plano Municipal de Educação – PME

A construção de um Plano Municipal de Educação significa um grande avanço, por se tratar


de um plano de Estado e não somente um plano de governo. A sua aprovação pelo poder
legislativo, transformando-o em lei municipal sancionada pelo chefe do executivo, confere
poder de ultrapassar diferentes gestões. Nesse prisma, traz a superação de uma prática
tão comum na educação brasileira: a descontinuidade que acontece em cada governo,
desconsiderando as boas políticas educacionais por não serem de sua iniciativa. Com um
plano com força de lei, respeitado por todos os dirigentes municipais, resgata-se o sentido
da continuidade das políticas públicas.

A elaboração de um PME constitui-se como o momento de um planejamento conjunto


do governo com a sociedade civil que, com base científica e com a utilização de recursos
previsíveis, deve ter como intuito responder às necessidades sociais.

Todavia, só a participação da sociedade civil (Conselho Municipal de Educação, asso-


ciações, sindicatos, Câmara Municipal, diretores das escolas, professores e alunos, entre
outros) é que garantirá a efetivação das diretrizes e ações planejadas.

O desafio para os municípios é elaborar um plano que guarde consonância com o Plano
Nacional de Educação e, ao mesmo tempo, garanta sua identidade e autonomia.

Leis referentes ao planejamento e ao orçamento: Plano Plurianual - PPA,


Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA

São instrumentos de planejamento orçamentário e fiscal, os quais deverão conter:

• medidas de caráter executivo, normativo e indicativo a serem adotadas;


• metas e prioridades de curto e médio prazos da Administração;

37
• disposições sobre legislação tributária;
• disposições sobre equilíbrio entre receita e despesa;
• normas a respeito de empenhos;
• medidas para o controle de gastos e avaliação de resultados;
• recursos e despesas previstos para o exercício.

Essas três leis são de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo e são instrumentos de
apoio ao processo de planejamento. Há de se observar os prazos definidos na Lei Orgânica do
Município para envio dessas leis à Câmara Municipal para apreciação. Caso não tenham sido
definidos os prazos, deve-se observar aqueles estabelecidos no art. 35 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias - ADCT da Constituição Federal.

O PPA é a lei que estabelece as diretrizes, os objetivos e metas da Administração Pública.


Deve contemplar os três últimos exercícios de mandato e o primeiro do mandato seguinte
para favorecer a continuidade programática entre as gestões. No que diz respeito às metas,
deverão apresentar, além da descrição, a quantidade e o valor que se pretende executar em
cada exercício.

A LDO é a lei que tem por finalidade orientar a elaboração do Orçamento Anual, compreende
parte das metas e prioridades constantes do PPA. Integrarão o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais11.

A LOA é a lei que estima a receita e autoriza a despesa. Merece atenção especial do(a) pre-
feito(a) que irá assumir, haja vista que a execução de seu plano de governo deverá estar em
consonância com essa lei. Caso sejam necessárias alterações, deverão ser feitas por meio de
abertura de créditos adicionais (suplementares, especiais e extraordinários)12.

Tendo em vista que não poderão ser realizadas despesas sem prévia autorização, caso a LOA
não tenha sido aprovada, há que se abrir créditos especiais para realização das despesas, nos
termos do § 8º do art. 166 da Constituição Federal.

11
Ver art. 4º da Lei Complementar nº 101/2000.
12
Ver art. 167, incisos V e VI, e §§ 2º e 3º da Constituição Federal e Lei nº 4.320/64.

38
Regime dos servidores

Servidores municipais são todas as pessoas físicas que prestam serviços ao município, na Admi-
nistração direta e indireta, submetidas à hierarquia administrativa, mediante retribuição pecu-
niária. Assim, são servidores:

• ocupantes de cargos de provimento efetivo (estatutários);


• ocupantes de empregos públicos (celetistas);
• ocupantes de cargos de livre provimento (comissionados);
• contratados por tempo determinado (estatutários ou celetistas).

A lei estatutária (estatuto) regulamenta o regime jurídico dos servidores do município ocu-
pantes de cargos de provimento efetivo, relacionando direitos e vantagens, responsabilidades e
obrigações. É importante que o(a) prefeito(a) examine se a lei existente está de acordo com as
normas constitucionais e legais sobre a matéria13.

Compete ao município, observadas essas normas, legislar sobre o assunto, conforme sua con-
veniência e oportunidade. É possível a revisão das relações da Administração com o servidor,
sempre respeitados os princípios e normas constitucionais que se sobrepõem à lei local, e os
direitos adquiridos, também resguardados na Constituição14.

Por outro lado, os servidores sob regime das leis trabalhistas não podem ter suas condições
de trabalho revistas pelo município, pois não é de sua competência legislar sobre direito do
trabalho15. Algumas alterações são possíveis, desde que resultem de acordo entre as partes:
servidor e município.

A Constituição Federal também admite a contratação por prazo determinado para atender a
situações temporárias e excepcionais, mas não admite o uso de servidor temporário para ati-
vidades de caráter permanente. Esses servidores estarão vinculados ao regime estatutário ou
celetista, dependendo do regime adotado pelo município.

13
Ver arts. 37 e seguintes da Constituição Federal, bem como a Lei Complementar nº 101/2000.
14
Ver art. 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal.
15
Ver art. 22, inciso I da Constituição Federal.

39
Deve ser conferido se o município possui lei que regulamente as situações em que se permite
a contratação por prazo determinado e se essa lei está sendo aplicada com rigor. O Ministério
Público tem reprimido contratações indevidas e o(a) prefeito(a) deve estar atento às conse-
quências que podem daí advir16.

A Constituição Federal e a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF estabelecem limites para gastos
com pessoal. Para o Poder Executivo, esse limite é de 54% da receita corrente líquida17; para o
Legislativo, é de 6%.

Regime previdenciário

O município pode ter servidores vinculados a regime próprio ou filiá-los ao Regime Geral de
Previdência, sob o comando do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. Há vantagens e des-
vantagens, tanto em um como em outro.

No regime próprio, o município, por utilizar lei local, pode estabelecer condições relativas às
contribuições e aos critérios de benefícios. É preciso, entretanto, conhecer a legislação federal
aplicável aos regimes de previdência, que contém várias exigências a serem observadas. É
importante lembrar também que, nessa hipótese, as aposentadorias e pensões serão de res-
ponsabilidade do próprio sistema municipal.

Quando o regime é próprio do município, deve haver lei que estabeleça as normas pertinentes
a aposentadorias e pensões dos servidores. A gestão de sistemas próprios de previdência, que
é de responsabilidade do município, pode ser complexa, exigindo capacidades institucionais
específicas visando ao equilíbrio das contas previdenciárias e, consequentemente, a sustenta-
bilidade do sistema.

Quando os servidores estatutários são vinculados ao Regime Geral, as aposentadorias e pensões


serão de responsabilidade do INSS, porém é possível que o município tenha de arcar com a
complementação dos proventos, já que o Regime Geral possui limites que não estão sob con-
trole do município.

16
A esse respeito, vale a leitura do Decreto-lei nº 201/67, que sujeita o prefeito a crime de responsabilidade.
Havendo ocorrência de fatos como o citado, o prefeito deve tomar providências para regularizar a situação.
17
Para conhecer o conceito de receita corrente líquida, ver inciso IV do art. 2º da LRF.

40
A contribuição previdenciária dos servidores é obrigatória nos dois regimes, pois visa a custear
a sua aposentadoria e as pensões que porventura venham a existir. O sistema próprio de previ-
dência é, assim, mantido por recursos do ente estatal e dos servidores a ele vinculados.

É fundamental que o(a) prefeito(a) identifique a situação da previdência no município para que
possa tomar medidas que visem ao seu aprimoramento ou, se for o caso, os ajustes necessários.

Qualquer que seja o regime previdenciário do município, o(a) prefeito(a), o(a) vice- prefeito(a),
os(as) secretários(as) municipais e os(as) vereadores(as) deverão estar vinculados ao Regime
Geral do INSS, desde que não sejam servidores públicos. Esse também é o caso dos ocupantes
de cargos comissionados de livre nomeação e exoneração e dos contratados para atender a
excepcional interesse público, nos termos de lei municipal que regulamente o disposto no art.
37 da Constituição Federal.

Regulamentos

Além das leis mencionadas, para que a Administração seja eficiente são necessários regula-
mentos que estabeleçam padrões de desempenho dos serviços de competência municipal.

O município é, geralmente, responsável pelos serviços de mercados, feiras, matadouros, cemi-


térios, coleta e destinação de resíduos sólidos, iluminação pública, transporte coletivo urbano,
táxis e outros, atuando na prestação do serviço de forma direta ou indireta. Em qualquer caso
– atuação direta ou indireta – os regulamentos são necessários para assegurar as condições de
operação dos serviços e a qualidade destes.

Esses serviços, quando terceirizados, podem assumir as modalidades de concessão, de per-


missão ou de autorização18. Nesses casos, as normas devem regular a relação entre os usuários,
os prestadores e a Administração.

Legislação federal e estadual

Dentre as competências da Prefeitura, existem aquelas que possuem relação ou estão reguladas
por legislação federal e estadual. A necessidade de consulta a essa legislação é frequente, por-

18
Sobre essas formas de terceirização, ver Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.

41
tanto, sugere-se criar arquivo eletrônico dessas leis para estar disponível para exame a qualquer
momento. O site da Presidência da República permite acesso à legislação federal19.

Uma boa gestão coloca em prática tudo o que a legislação


observa. A transparência é um desdobramento do princípio de
publicidade na Administração Pública.

O quadro que segue nas próximas páginas indica as principais


normas federais de interesse para os municípios

LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Constituição Federal Estabelece as competên- Traz relevantes disposições sobre o controle


arts. 30 e 31. cias dos municípios e como municipal, como a obrigatoriedade das contas
deverá se dar a fiscalização municipais ficarem 60 dias à disposição da po-
pelo Legislativo Municipal. pulação, definições sobre o controle interno e
externo do município, quórum de aprovação
pelo Poder Legislativo Municipal para a rejeição
das contas do prefeito.

Lei nº 4.320, de 17 Institui normas gerais de É importante para o sistema de controle da


de março de 1964. direito financeiro para ela- Administração por tratar do orçamento e da
boração e controle dos orça- contabilidade públicos. Deve ser observada
mentos e balanços de todas quando da elaboração dos orçamentos e da
as esferas governamentais. manutenção dos registros contábeis. Nela há
pontos que contribuem para a integração pla-
nejamento/orçamento.

19
Consultar: http://www4.planalto.gov.br/legislacao

42
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 5.172, de 25 Institui o sistema tribu- Define os tributos, os respectivos fatos gera-
de outubro de 1966 tário nacional e estabelece dores, sua base de cálculo, seus contribuintes,
(Código Tributário Na- normas gerais de direito tri- dentre outras normas de cumprimento obriga-
cional), alterada pela butário aplicáveis à União, tório pelo município. Trata de formas de distri-
Lei Complementar estados e municípios, assim buição do FPM aos municípios.
nº 143, de 17 de julho como do Fundo de Partici-
de 2013. pação dos Municípios/FPM.

Decreto-lei nº 201, Dispõe sobre a responsabi- Apesar de anterior à Constituição, o Poder


de 27 de fevereiro lidade dos(as) prefeitos(as) Judiciário tem decidido reiteradamente que
de 1967. e vereadores(as), tratando esse decreto-lei permanece parcialmente
dos crimes e infrações po- em vigor.
lítico-administrativas.

Lei nº 8.429, de 2 Estabelece sanções aplicá- Define agente público como todo aquele que
de junho de 1992 veis aos agentes públicos exerce mandato, cargo, emprego ou função
(Lei de Improbidade nos casos de enriqueci- na Administração Pública, ainda que transito-
Administrativa). mento ilícito no exercício do riamente ou sem remuneração, por eleição,
mandato, cargo, emprego nomeação, designação, contratação ou qual-
ou função da Administração quer outra forma de investidura ou vínculo.
Pública direta, indireta ou Aplica-se a todos os agentes públicos, isto é,
fundacional. prefeito(a), vice-prefeito(a), vereadores(as),
secretários(as) municipais, servidores co-
missionados, estatutários e celetistas.

Lei nº 8.666, de 21 Dispõe sobre licitações e Disciplina os procedimentos que a Adminis-


de junho de 1993 contratos da Administração tração tem que observar para a realização de
(Estatuto das Lici- Pública. Define e regula- licitações, celebração de contratos com for-
tações e Contratos menta as modalidades de necedores, prestadores de serviços, emprei-
Administrativos). licitação: concorrência, to- teiros e outros. Problemas comuns relacio-
mada de preços, convite, nados com a licitação e o contrato decorrem
concurso e leilão. da má execução dos processos administra-
tivos correspondentes, que muitas vezes
deixam de atender a determinações con-
tidas na legislação.

43
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 10.520, de 17 de Institui modalidade de lici- Bastante utilizada para fins de contra-
julho de 2002 (Pregão). tação denominada pregão e tação, especialmente para compra de
Decretos nºs 3.555, de a possibilidade de sua reali- bens e serviços comuns, já que permite
08 de agosto de 2000, e zação por meio eletrônico. agilidade, economicidade e transparência
5.450, de 31 de maio de Regulamenta o pregão e para a Administração.
2005. sobre a modalidade em
forma eletrônica.

Lei nº 12.462, de 4 de Institui o Regime Diferen- Aplicável exclusivamente às licitações


agosto de 2011. ciado para Contratações Pú- e contratos que especifica e desde que
blicas - RDC devidamente justificado, tendo como um
dos seus objetivos ampliar a eficiência
nas contratações públicas e a competiti-
vidade entre os licitantes.

Lei Complementar nº 101, Trata de normas de finanças O conhecimento de seu teor é funda-
de 04 de maio de 2000 públicas voltadas para a res- mental para o agente político, especial-
(Lei de Responsabilidade ponsabilidade na gestão mente para o chefe do Executivo e o
Fiscal - LRF). fiscal, como as relativas ao presidente do Legislativo, reforçando o
orçamento, ao gasto público, à planejamento.
prestação de contas, à receita É nessa lei que o município encontra as
pública, à renúncia fiscal e ao regras sobre gastos de pessoal e relató-
endividamento público. rios de gestão.

Lei Complementar nº 131, Altera a redação da Lei de A lei amplia o acesso a informações refe-
de 27 de maio de 2009. Responsabilidade Fiscal, no rentes a despesas e receitas dos entes
que tange à transparência federativos, por meio da exigência de
da gestão fiscal, inovando um padrão mínimo de qualidade na sua
ao determinar a disponibili- prestação e da definição de prazos para
zação, em tempo real, de in- o cumprimento das determinações que
formações pormenorizadas visam assegurar a sua divulgação.
sobre a execução orçamen-
tária e financeira da União,
dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios.

Lei nº 10.028, de 19 de Altera o Código Penal e ou- Aplica-se, em parte, aos agentes públicos
outubro de 2000 (Lei de tras leis para tipificar crimes definidos na Lei de Improbidade Adminis-
Crimes Fiscais). contra as finanças públicas. trativa pelo não cumprimento da LRF.

Lei nº 11.079, de 30 de de- Regulamenta as parcerias pú- As PPPs buscam facilitar o relacionamento
zembro de 2004 (Parcerias blico-privadas. entre o setor público e o privado para am-
Público-privadas - PPPs). pliar a oferta de bens e serviços públicos.

44
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei n º 12.527, de 18 de Regula o acesso a informações Determina aos órgãos da Administração


novembro de 2011. previsto na Constituição Fe- Pública a obrigação de prestarem informa-
deral e dá outras providências. ções aos cidadãos.

Decreto20 nº 6.170, de 25 Dispõe sobre normas rela- Importante instrumento de cooperação


de julho de 2007, e Por- tivas a transferências de re- entre o município e o Governo Federal.
taria Interministerial nº cursos da União, mediante Em face do grande número de exigências
424, de 30 de dezembro convênios e contratos de re- para celebração de convênios, para a sua
de 2016. passe, a órgãos ou entidades execução e para a respectiva prestação de
públicas e privadas. Institui o contas, o município tem de estar atento
Sistema de Gestão de Convê- aos decretos e portarias sobre o assunto.
nios e Contratos de Repasse Irregularidades podem impedir que os
- SICONV. municípios firmem novos convênios, dei-
xando de obter recursos para a realização
de obras, serviços e outras formas de
atendimento à população.

Decreto nº 8.915, de 24 Altera a vigência dos convê- Altera para 30 de junho de 2017 o término
de novembro de 2016. nios e dos contratos de re- da vigência dos convênios e dos contratos
passe, com execução de ob- de repasse celebrados entre os órgãos
jeto iniciada, celebrados entre e as entidades da administração pública
os órgãos e as entidades da federal e os órgãos e as entidades da ad-
administração pública federal ministração pública municipal que se en-
com os órgãos e as enti- cerrariam entre 25 de novembro de 2016
dades da administração pú- e 28 de fevereiro de 2017, desde que es-
blica municipal. tivessem em vigor na data da publicação
deste Decreto.

Lei nº 8.987, de 13 de fe- Dispõe sobre o regime de Trata de concessão e permissão de ser-
vereiro de 1995. concessão e permissão da viços públicos, inclusive precedida da
prestação de serviços pú- execução de obra pública: a construção,
blicos, previsto no art. 175 da total ou parcial, conservação, reforma am-
Constituição Federal, e dá ou- pliação ou melhoramento de quaisquer
tras providências. obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa ju-
rídica ou consórcio de empresas que de-
monstre capacidade para a sua realização,
por prazo determinado.

20
Ver também Decretos nº 1.819, de 16 de fevereiro de 1996; nº 5.504, de 05 de agosto de 2005,
nº 6.428, de 14 de abril de 2008; nº 6.497, de 30 de junho de 2008.

45
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 13.019, de 31 de Conhecida como Mrosc As parcerias com organizações da socie-


julho de 2014, com alte- (Marco Regulatório das Or- dade civil celebradas pelo Município com
rações da Lei 13.204, de ganizações da Sociedade recursos decorrentes de convênio cele-
14 de dezembro de 2015 Civil), esta lei estabelece o brado com a União serão regidas pela
e regulamentada para a regime jurídico das parce- Lei do Mrosc e as normas estaduais ou
Administração Pública rias entre a administração municipais.
Federal pelo Decreto nº pública e as organizações da
8.726, de 27 de abril de sociedade civil, em regime As regras instituídas pelo MROSC vigo-
2016. de mútua cooperação, para rarão para os municípios a partir de 1° de
a consecução de finalidades janeiro de 2017.
de interesse público e recí-
proco, mediante a execução Os municípios poderão fazer seus pró-
de atividades ou de projetos prios regulamentos desde que ade-
previamente estabelecidos quados ao Mrosc.
em planos de trabalho in-
seridos em termos de co-
laboração, em termos de
fomento ou em acordos de
cooperação e define dire-
trizes para a política de fo-
mento, de colaboração e de
cooperação com organiza-
ções da sociedade civil.

Lei nº 13.334, de 13 de Cria o Programa de Parcerias É destinado à ampliação e fortalecimento


setembro de 2016. de Investimentos - PPI. da interação entre o Estado e a iniciativa
privada por meio da celebração de con-
tratos de parceria para a execução de em-
preendimentos públicos de infraestrutura
e de outras medidas de desestatização.
Podem integrar o PPI empreendimentos
públicos de infraestrutura que, por dele-
gação ou com o fomento da União, sejam
executados por meio de contratos de
parceria celebrados pela administração
pública direta ou indireta dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios.

46
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO

Lei nº 13.254, de 13 de Dispõe sobre o Regime A arrecadação do imposto de renda sobre


janeiro de 2016, com as Especial de Regularização o montante dos ativos objeto de regula-
alterações da Medida Cambial e Tributária (RERCT) rização será compartilhada com Estados
Provisória nº - 753, de 19 de recursos, bens ou di- e Municípios na forma estabelecida pela
de dezembro de 2016. reitos de origem lícita, não Constituição Federal, especialmente nos
declarados ou declarados termos do que dispõe o inciso I de seu
incorretamente, remetidos, art. 159.
mantidos no exterior ou re-
patriados por residentes ou
domiciliados no País.

Lei nº 13.303, de 30 de Dispõe sobre o estatuto ju- É vedada a indicação, para o Conselho de
junho de 2016, regula- rídico da empresa pública, Administração e para a diretoria, dentre
mentada pelo Decreto da sociedade de economia outros, de representante do órgão regu-
nº 8.945, de 27 de de- mista e de suas subsidiárias, lador ao qual a empresa pública ou a so-
zembro de 2016. no âmbito da União, dos Es- ciedade de economia mista está sujeita,
tados, do Distrito Federal e de Ministro de Estado, de Secretário de
dos Municípios. Estado, de Secretário Municipal, de titular
de cargo, sem vínculo permanente com o
serviço público, de natureza especial ou
de direção e assessoramento superior
na administração pública, de dirigente
estatutário de partido político e de titular
de mandato no Poder Legislativo de qual-
quer ente da federação, ainda que licen-
ciados do cargo. A União fica proibida
de realizar transferência voluntária de
recursos a Estados, ao Distrito Federal e
a Municípios que não fornecerem ao Re-
gistro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins as informações relativas
às empresas públicas e às sociedades de
economia mista a eles vinculadas.

Quanto à legislação estadual, o(a) prefeito(a) e seus auxiliares diretos devem conhecer, entre
outras leis, a Constituição e a legislação tributária do seu estado, notadamente os critérios de
repartição dos impostos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Ser-
viços - ICMS e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA. Compreender
a organização judiciária do estado também é útil, pois as ações judiciais envolvendo o muni-
cípio são comuns.

47
As legislações federal e estadual sofrem alterações constantes, por isso deve-se estar atento
à edição de novas normas, com incidência nos municípios, que venham a ser expedidas, bem
como à jurisprudência emitida pelos Tribunais Superiores.

Recomenda-se, ainda, que procure se informar sobre a orientação do Tribunal de Contas do


Estado em relação à prestação de contas, realização de licitações e contratos, aplicação da
LRF, aposentadoria de pessoal e outros assuntos sob sua fiscalização.

O município deve reconhecer a orientação do Tribunal de


Contas do seu Estado.

O grande número de leis aplicáveis, pela sua extensão e complexidade, pode trazer dificul-
dades à Administração Municipal. Ao longo do exercício do mandato, é necessário cuidado
para que não se cometam ilegalidades ou ilegitimidades que venham a trazer danos para
os cidadãos locais, para o município e para suas autoridades.

3.2. Gestão orçamentária, financeira, patrimonial e tributária

Fontes de receita

O município detém várias fontes de receita. Deve-se examinar a legislação tributária muni-
cipal para verificar se atende a melhor técnica e permite arrecadar os tributos de modo
a aliar justiça fiscal e eficiência, se contém entraves burocráticos ao desenvolvimento das
atividades econômicas e se incentiva a formalização dos contribuintes.

É útil que se faça comparação entre o que o município está arrecadando e o que outros
municípios do mesmo porte têm obtido por fonte de receita. O conhecimento sobre a
arrecadação de outros municípios também pode ser útil na identificação de fontes alter-
nativas ou de arranjos inovadores.

Em linhas gerais, listam-se as fontes de receita mais importantes:

• tributos de competência municipal definidos na Constituição Federal;

48
• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS, Imposto Predial e Territorial
Urbano - IPTU, Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis - ITBI;
• taxas pelo exercício do poder de polícia e taxas pela prestação de serviços;
• contribuição de melhoria, contribuição para custeio da iluminação pública e contri-
buição previdenciária (se for o caso);
• atividades econômicas, tais como agropecuária, indústria e serviços, exercidas dire-
tamente ou por meio de concessões e permissões ou parcerias público-privadas;
• fruição (uso, cessão) do patrimônio municipal – aluguéis, arrendamentos, partici-
pações societárias e aplicações financeiras;
• operações de crédito (sem esquecer que essa receita exige desembolso posterior
para sua liquidação junto ao operador);
• participação no produto da arrecadação federal e estadual (Fundo de Participação
dos Municípios - FPM, Imposto Territorial Rural - ITR21, Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços - ICMS, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automo-
tores - IPVA, Imposto de Renda Retido na Fonte de pessoas físicas e jurídicas);
• compensação financeira (royalties) pela exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos e de outros recursos minerais em seu território, plataforma conti-
nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva;
• transferências voluntárias da União e do estado por meio de convênios e contratos
de repasse;
• transferências fundo a fundo nas áreas de saúde e assistência social;
• relações com terceiros (públicos ou privados) por meio de convênios, termos de
parceria e outros instrumentos.

O Estado está obrigado a publicar mensalmente a receita do ICMS.


O município pode acompanhar, junto ao órgão responsável, sua
distribuição, sabendo o montante que lhe vai caber.

21
O Município pode optar pela arrecadação integral do ITR através de convênio com a Receita Federal do
Brasil. Ver art. 153, §4º, inciso III da Constituição Federal e Lei nº 11.250, de 2005.

49
Execução financeira

Para dar início à execução financeira, devem ser tomadas as seguintes providências:

• enviar o autógrafo do(a) prefeito(a) aos bancos em que o município mantém movimen-
tação;
• analisar a programação financeira e o cronograma de desembolso para o exercício que se
inicia e promover os ajustes que julgar necessários, nos limites da autorização legislativa;
• verificar se houve despesas sem empenho no exercício anterior e regularizar a situação;
• verificar a existência de precatórios22 e agendar os respectivos pagamentos nos termos
determinados em lei;
• providenciar o levantamento da dívida ativa, tributária e não tributária, para efetivar sua
cobrança;
• verificar se a receita prevista para o primeiro bimestre está compatível com as metas de
resultado primário, ou seja, a capacidade de pagar, e nominal, isto é, a capacidade de
assumir compromissos a longo prazo;
• verificar se os gastos com pessoal e a dívida pública estão nos limites previstos na Lei de
Responsabilidade Fiscal - LRF.

Essas medidas devem, em parte, ser colocadas em prática já no período


de transição, mediante contato da equipe do(a) prefeito(a) com os
atuais agentes políticos que possuem as informações de interesse.

Após a posse, caberá ao(à) prefeito(a) enviar a prestação de contas do último exercício do
mandato de seu antecessor aos órgãos competentes. Além dessa documentação, o chefe do
Executivo deve elaborar e encaminhar ao Tribunal de Contas os seguintes relatórios:

• relatório resumido da execução orçamentária, o qual deverá ser publicado até trinta dias
após o encerramento de cada bimestre;

22
Ver art. 100 da Constituição Federal, Emenda Constitucional 62/2009 e Ação Direta de Inconstitu-
cionalidade 4425.

50
• relatório de gestão fiscal, o qual deverá ser publicado até trinta dias após o encerramento
de cada quadrimestre.

É importante verificar a situação do município perante os Tribunais


de Contas após a fase de transição do governo.

Gestão do patrimônio

O patrimônio municipal compõe-se de bens móveis e imóveis. O seu inventário é exigência


da Lei nº 4.320, de 1964 e deve ser feito pelo menos uma vez por ano, visando ao seu
controle, bem como ao correto registro na contabilidade local.

Vale lembrar que o meio ambiente é também considerado patrimônio do município.


Assim, é preciso verificar se existem questões envolvendo danos ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, e que providências relativas à sua manutenção devem ser
tomadas. Destaca-se que este tema é de competência comum da União, do estado e do
município.

Gestão tributária

O Código Tributário Municipal (CTM) é o instrumento pelo qual a população, por meio
de seus representantes legais, agentes políticos integrantes dos poderes Legislativo e
Executivo, explicita a natureza e o montante de recursos de origem tributária que cada
munícipe irá desembolsar para, juntamente com as demais fontes de receita, financiar a
ação do governo local.

É importante verificar se o CTM encontra-se de acordo com as normas constitucionais e


legais e se a administração tributária está organizada de modo a cumprir suas atribuições
e alcançar os objetivos que fundamentam a arrecadação.

3.3. Gestão de pessoas

O(A) prefeito(a) deve buscar conhecer o quantitativo, a distribuição entre os diversos


setores, o perfil de competências e o padrão de remuneração dos servidores. Poderá se

51
informar também a respeito da existência, na Prefeitura, de programa de treinamento,
capacitação e desenvolvimento de servidores em todos os níveis hierárquicos.

O programa poderá ser objeto de avaliação e aprimoramento ou, se não existir, deve ser
iniciada a sua concepção para o início do novo mandato, com objetivos de:

• criar e desenvolver hábitos, valores e comportamentos adequados ao exercício da função


pública;
• capacitar o servidor para o desempenho de suas atribuições;
• estimular o desenvolvimento funcional;
• integrar o servidor às finalidades da Administração como um todo.

Um programa tecnicamente elaborado favorecerá a profissionalização do servidor, com


base na ética, responsabilidade e qualidade do atendimento, além de gerar ambiente
favorável à criatividade, à inovação e ao incentivo ao empreendedorismo, o que reper-
cutirá em benefício da população.

Um programa de treinamento bem elaborado favorecerá a profissio-


nalização do servidor, o que repercutirá em benefício da população.

3.4. Transparência Pública e Acesso à Informação

A transparência e o acesso à informação são essenciais à consolidação do regime democrático


e à boa gestão pública. Um governo transparente amplia sua legitimidade e sua credibilidade
junto à população na medida em que promove o comportamento responsável de gestores e
servidores públicos.

Elevado pela Constituição Federal de 1988 à categoria de direito fundamental, e amparado


por diversos Tratados Internacionais assinados pelo Brasil, o acesso à informação constitui-se
em instrumento indispensável de promoção e exercício da cidadania. Nesse sentido, a Lei nº
12.527, de 18 de novembro de 2011, veio ampliar e garantir o direito de acesso à informação,
assegurando de forma definitiva a publicidade como regra geral e o sigilo como exceção.

52
A Lei de Acesso à Informação (LAI) inaugura, portanto, um novo patamar na relação entre a
sociedade e o Poder Público brasileiro em suas três esferas, tornando-o mais transparente e
democrático. Com ela, o cidadão se fortalece diante do Estado, ampliando seu poder de controle
e de fiscalização dos atos da administração pública.

De caráter nacional, a LAI estabelece normas gerais para todos os entes federativos e normas
específicas para a União. No que concerne ao Poder Executivo federal, o Decreto nº 7.724, de
16 de maio de 2012, regulamentou os procedimentos para a garantia do acesso à informação e
para a classificação de informações sob restrição de acesso, observados o grau e prazo de sigilo.

Os principais compromissos internacionais contra a corrupção firmados pelo Brasil são: a Con-
venção da Organização dos Estados Americanos (OEA), de 1996; a Convenção da Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 1997; e a Convenção da Organi-
zação das Nações Unidas (ONU), de 2003.

Implantando a Lei de Acesso à Informação no município

De acordo com o art. 45 da Lei nº 12.527, de 2011, compete aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios criar legislação própria para, obedecidas as normas gerais estabelecidas na
LAI, definir regras específicas para a sua aplicação plena em âmbito local. Tais normas disporão
especialmente sobre a criação e funcionamento do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), e
sobre os procedimentos para interposição de recurso pelo requerente no caso de indeferimento
de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso. De qualquer modo, ainda que os
demais entes federativos não atendam à obrigatoriedade de regulamentar o direito de acesso
à informação, os seus dispositivos gerais valem para todos os entes e – embora a não regula-
mentação possa dificultar o exercício do direito pelo cidadão – não há que se falar na não apli-
cabilidade da Lei de Acesso à Informação nos Estados, Distrito Federal e Municípios, uma vez
que a maioria dos seus dispositivos tem eficácia imediata. Com isso, por exemplo, mesmo que o
município não tenha editado normas específicas sobre a estrutura de atendimento a solicitações
de informação, a Lei nº 12.527, de 2011 – por si só – garante ao cidadão o direito de acesso às
informações e documentos.

Aos municípios com até 10.000 (dez mil) habitantes, a Lei de Acesso à Informação os dispensou
da divulgação obrigatória na internet de informações de interesse coletivo ou geral por eles
produzidas ou custodiadas (art. 8º, § 2º), mantendo, todavia, a obrigatoriedade de divulgação,

53
em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e
prazos previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Um rol mínimo de informações de interesse coletivo e geral é apresentado na LAI. A lei define
ainda prazos e padrões mínimos para atendimentos de pedidos de acesso. Para isso, ela tratou
de definições e procedimentos que promovam a chamada transparência ativa. Esta consiste na
divulgação de informações, por iniciativa da própria administração pública, em meios de fácil
acesso ao cidadão. A transparência passiva, ao contrário, se configura quando o Poder Público
dá acesso a uma determinada informação a partir de uma solicitação específica da sociedade.
Com o acesso prévio à informação, a chamada transparência ativa, o cidadão não precisa se
dirigir a órgãos e entidades públicas, o que gera benefícios para ele e economia de tempo e
recursos para a Administração.

A transparência é um elemento importante para induzir a participação social, contribuindo,


inclusive, para alimentar a gestão municipal de informações necessárias à melhoria da gestão.
No que tange à transparência das transferências federais para os municípios, o Decreto nº
7.507, de 27 de junho de 2011, disciplina a movimentação dos recursos da saúde e da edu-
cação regidos pelas normas que especifica.

Esse ordenamento estabelece que a movimentação de recursos e os pagamentos aos credores


se darão exclusivamente por meio eletrônico, tendo seus dados disponibilizados na internet,
fortalecendo o controle social e fomentando a participação popular no acompanhamento dos
recursos.

Formas de participação social

No âmbito do Executivo

Conselhos
Principal canal de participação popular encontrado nas três esferas de governo, os conselhos
são obrigatórios nas áreas de saúde, assistência social, meio ambiente, criança e adolescente
e educação. Devem ser representativos da população, especialmente dos segmentos direta-
mente interessados. Embora heterogêneos, os conselhos possuem algumas características
recorrentes, como composição plural e paridade de representação.

54
O(A) prefeito(a) deve examinar a legislação específica de cada conselho existente em seu
município, bem como seu regimento interno, para, se for o caso, recomendar medidas para
aperfeiçoá-los. A atenção com a capacitação dos conselheiros tem sido componente impor-
tante para o bom funcionamento desses colegiados nos municípios.

Consulta pública
Forma pela qual o governo municipal dá voz a setores da população, indivíduos interessados,
especialistas ou todos que quiserem se manifestar a respeito de questões enfrentadas pela
sociedade, bem como apresentar alternativas para sua correção e formulação ou reformu-
lação de políticas, planos, programas e projetos que possuam relação com o fato posto em dis-
cussão. Uma forma de consulta pública, em relação ao Plano Diretor, encontra-se no Estatuto
da Cidade.

Cogestão
É um processo que consiste na partilha de responsabilidades entre o estado e os potenciais
beneficiários, na tomada de decisões e na implementação conjunta de medidas que tendem a
otimizar a utilização dos recursos públicos para um fim específico.

Entidades estatais, agências governamentais e outras organizações podem ser geridas dessa
maneira, com a participação de representantes da sociedade em seus conselhos ou diretorias.

Conferências
As conferências constituem espaços privilegiados de efetivação da participação e do controle
social no planejamento e avaliação de políticas públicas, fundamentais para a sua democrati-
zação. São espaços deliberativos, onde se avalia a situação e se definem as diretrizes.

No âmbito do Legislativo

Muitos municípios possuem, em suas leis orgânicas ou em atos da Câmara, dispositivos


dedicados à iniciativa e à participação popular nos debates legislativos, regulando as inter-
venções e estipulando regras e critérios.

A iniciativa popular, prevista constitucionalmente, consiste na apresentação de projetos


de lei à Câmara Municipal, subscritos por, no mínimo, 5% do eleitorado do município,
sobre assuntos de interesse específico do município, da cidade ou dos bairros.

55
A participação popular pode ocorrer em audiências públicas ou na tribuna livre. Audiências
públicas são eventos em que cidadãos interessados participam da discussão de projetos de leis.
A tribuna livre é utilizada em muitas Câmaras como forma de permitir que cidadãos se mani-
festem durante as sessões do Legislativo sobre proposições que estão em tramitação.

Hoje, com a expansão das tecnologias de informação e comunicação (TICs), há mais condições
para que o município mantenha, por exemplo, páginas na internet com informações de natureza
diversa sobre ele e seu governo. Essas páginas só cumprirão o seu papel se forem permanente-
mente atualizadas. A informação sobre o novo governo deve ser introduzida em seguida à posse
para permitir o conhecimento da nova realidade do município e da Administração.

4. Controle da Administração
O controle da Administração é uma função permanente de orientação, monitoramento e cor-
reção dos rumos da gestão no tocante às suas decisões e ações. Com isso, o controle pode ser:

• Prévio – a autoridade ou o órgão responsável toma conhecimento do ato, analisa e o


autoriza ou não e, se for o caso, o reorienta de forma a evitar irregularidades futuras;
• Concomitante – a autoridade ou o órgão responsável acompanha a realização do ato para
afastar a ocorrência de irregularidades e verificar a sua boa execução;
• A posteriori – a autoridade ou o órgão responsável corrige os erros, defeitos ou irregulari-
dades detectados, decorrentes da realização do ato.

A Constituição da República e a legislação complementar pertinente23 trouxeram preocupações


novas relacionadas à abrangência dessa função quanto à responsabilidade dos gestores e a qua-
lidade das ações, adotando os seguintes princípios:

• economicidade – é a união da qualidade, celeridade e menor custo na prestação do serviço


ou no trato com os bens públicos;
• eficiência – utilização racional dos recursos de forma a maximizar o atingimento dos resul-
tados a custos decrescentes;
• eficácia – cuja preocupação se estende à obtenção dos resultados das ações;
• efetividade – capacidade de conseguir o efeito que se deseja ou se espera.

23
Ver arts. 70 e seguintes da Constituição Federal. Ver também Lei Complementar nº 101/2000 – LRF.

56
Ainda no que se refere ao controle da Administração, convém lembrar que o chefe do
Poder Executivo pode estar sujeito a ações por crime de responsabilidade, crimes fun-
cionais, crimes por abuso de autoridade, bem como crimes comuns e especiais, e que o
cometimento dessas infrações pode levar à perda de mandato.

O controle, nas suas diferentes modalidades, é integrante da


gestão. Protege o gestor, o gerido (a coisa pública) e o cidadão.

4.1. Tipos de controle

Controle interno

É o controle exercido pela própria Administração, por seus órgãos, sobre seus próprios atos
e agentes. Assim, o Poder Executivo, o Poder Legislativo e demais órgãos e entidades muni-
cipais devem efetuar, dentro do seu âmbito organizacional, os seus próprios controles.

O funcionamento efetivo do sistema de controle interno é exigência contida na Constituição


Federal (art. 74) e na Lei nº 4.320, de 1964.

O(A) prefeito(a) eleito(a) deve certificar-se da existência, na Prefeitura e nos demais órgãos
e entidades do Poder Executivo, de sistema de controle interno, que poderá estar sob a res-
ponsabilidade do secretário de Finanças ou do controlador geral, o que dependerá da orga-
nização local.

Na fase de transição, é oportuno e conveniente que o(a) novo(a) gestor(a) obtenha do res-
ponsável pelo sistema de controle interno as informações pertinentes às contas governa-
mentais (orçamentárias, financeiras e patrimoniais), aos contratos e convênios, às despesas
com pessoal e aquelas de natureza obrigatória (educação e saúde, por exemplo), e sobre
as providências adotadas em relação às recomendações dos órgãos de controle, bem como
outras que entender necessárias à visão do conjunto.

O exame dessas informações poderá explicar situações relacionadas com a Administração e,


provavelmente, orientar as propostas de mudanças a serem apresentadas pela nova equipe.

57
Controle externo

O controle externo é atribuição do Poder Legislativo, que o exerce com o auxílio do Tribunal de
Contas. O Poder Judiciário também exerce controle externo, porém somente se provocado pelo
Ministério Público, por algum cidadão ou por outro titular do poder de peticionar judicialmente.

O Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) exerce a ati-


vidade de fiscalização sobre os recursos federais transferidos ao município por meio de con-
vênios e outros acordos congêneres, podendo o Tribunal de Contas da União-TCU aplicar multas
ou condenar ao ressarcimento do Erário os responsáveis municipais pela execução de recursos
federais. O gestor federal repassador de recursos ao município, diante da evidência de desvio
ou mau uso, pode instaurar a Tomada de Contas Especial-TCE. A TCE é um processo formal de
apuração de responsabilidades por ocorrência de dano ao Erário, que objetiva apurar os fatos,
identificar os responsáveis e quantificar o dano causado ao Erário, visando ao seu imediato res-
sarcimento. Após a instauração pelo gestor, o processo segue para análise da CGU, que devolve
ao gestor, que remete ao TCU o processo para julgamento.

Outro exemplo de controle externo ocorre por iniciativa do Ministério Público, geralmente
utilizando a ação civil pública, frequentemente proposta para sanar irregularidades que se
enquadrem como improbidade administrativa, podendo também estar vinculada a danos ao
meio ambiente, à ordem urbanística e a outros interesses difusos e coletivos.

Além do Ministério Público, podem também propor essa ação a Defensoria Pública, a União, os
estados, o Distrito Federal e os municípios, autarquias, empresas públicas, fundações e socie-
dades de economia mista e associações civis, estas quando atendam aos requisitos legais.

Importantes informações sobre o funcionamento de eventuais comissões de inquérito sobre


assuntos que possam repercutir no novo mandato são obtidas junto à Câmara Municipal. A pro-
pósito, é conveniente que o(a) prefeito(a) se inteire das questões pendentes junto ao Legislativo
Municipal, especialmente quanto a procedimentos fiscalizatórios.

O Tribunal de Contas respectivo, por sua vez, é responsável pela apreciação das contas apresen-
tadas pelo(a) prefeito(a), sobre as quais emitirá parecer prévio pela aprovação ou rejeição. O parecer
prévio somente deixará de prevalecer se, pelo menos, dois terços dos membros da Câmara, no
momento do julgamento das contas do(a) prefeito(a), votarem contra a decisão do Tribunal.

58
4.2. Tipos de controle exercidos pela Câmara Municipal

Político – abrange aspectos de mérito e de legalidade, apreciando decisões administra-


tivas, inclusive em relação à discricionariedade. O controle político se dá nos termos esta-
belecidos na LOM, Lei Orgânica do Município, e pode ser exemplificado pelas seguintes
iniciativas:

• pedido de informações ao Poder Executivo;


• convocação de autoridades, como secretários municipais, para prestar informações;
• convite a quaisquer pessoas para prestar esclarecimentos sobre fatos que ensejam
dúvidas;
• formação de comissões de inquérito para apurar determinados fatos.

Financeiro – é exercido pelo exame de informações do Executivo sobre operações que


tenham efeitos no caixa, bancos e no patrimônio do município.

4.3. Participação e Controle Social

A participação direta da sociedade nos processos decisórios governamentais e legislativos


constitui um avanço significativo na vigilância e na fiscalização das ações do Estado, não
apenas no combate à corrupção, mas sobretudo na busca do interesse público. Nesse
sentido, a participação social complementa, por meio dos mecanismos que lhe são pró-
prios, as atividades dos eleitos nas democracias representativas e, também, do próprio
controle institucional realizado pelos órgãos que fiscalizam os recursos públicos.

Trata-se, desse modo, de importante instrumento de fortalecimento da cidadania, que


permite a abertura de espaços para que a sociedade colabore nos processos de planeja-
mento, monitoramento e avaliação das ações da gestão pública. A ideia central é o com-
partilhamento de responsabilidades entre governo e sociedade, com vistas a aumentar o
nível da eficácia e efetividade das políticas públicas.

O(A) prefeito(a) encontrará diversos espaços e canais de participação no município (con-


selhos, fóruns, orçamento participativo, conferências, comissões, etc.). Algumas dessas
formas estão previstas em lei e outras são decorrentes da dinâmica da relação que se

59
estabelece, no âmbito do município, entre a sociedade e o governo local. As formas não
são mutuamente excludentes, podem coexistir, se combinar e se intercomplementar.

Principais objetivos da participação e do controle social:

• democratizar o governo e a gestão pública;


• melhorar o grau de eficiência, eficácia e efetividade de programas, projetos, ativi-
dades e serviços públicos;
• assegurar a representatividade e legitimidade dos governantes;
• legitimar decisões e ações governamentais;
• obter a colaboração, o consentimento e a adesão da sociedade;
• criar ou aprofundar a cultura política e a prática da cidadania;
• auxiliar a Administração Pública na identificação de problemas na gestão ou na
aplicação dos recursos públicos, de modo a preservar o gestor e possibilitar a
solução em tempo hábil.

A Constituição Federal prevê a participação popular direta ou por meio de organizações repre-
sentativas na formulação das políticas públicas e no controle das ações em todos os níveis.
Foram incluídas, no texto constitucional, diversas formas participativas de gestão e controle
em áreas como saúde, educação, assistência social, políticas urbanas, meio ambiente, entre
outras.

A partir da Carta Magna, uma nova legislação participativa foi implementada, viabilizando a
criação de novos mecanismos de participação e controle social, como os conselhos de polí-
ticas públicas, conferências, mesas de diálogo, fóruns de debate, audiências públicas, ouvi-
dorias, orçamentos participativos, etc.

Exemplos de Mecanismos de Participação e Controle Social

Ouvidorias – são um canal direto de diálogo do cidadão com o Estado, dando


sentido individual à participação social. Têm por objetivo possibilitar aos
cidadãos buscar informações, avaliar, criticar e aperfeiçoar os serviços e as polí-
ticas públicas.

60
Conferências – são espaços públicos de debates entre o Estado e a sociedade
civil e simbolizam a ampliação da participação popular na gestão das políticas
públicas. As conferências nacionais são grandes fóruns organizados, em que os
diversos segmentos da sociedade debatem as políticas públicas do país.

Mesas de diálogo, fóruns, audiências públicas e consultas públicas – con-


tribuem para estimular parcerias e ampliar políticas públicas. Na consulta
pública, o governo dá voz a setores da população, interessados, especialistas,
a participação efetiva da sociedade civil, não só a dos movimentos populares,
mas também do empresariado, dos trabalhadores, das igrejas, das universi-
dades ou todos que quiserem se manifestar a respeito de questões enfrentadas
pela sociedade, bem como apresentar alternativas para sua correção e formu-
lação ou reformulação de políticas, planos, programas e projetos que possuem
relação com o fato posto em discussão. Uma forma de consulta pública, em
relação ao Plano Diretor, encontra-se no Estatuto da Cidade.

Orçamento participativo – constitui-se em um processo no qual a sociedade


tem a oportunidade de opinar, debater e deliberar sobre matérias inerentes a
despesas públicas. Surge como método eficaz no resgate e prática da cidadania.
É o mecanismo a partir do qual a população elege as obras prioritárias que
devem ser incluídas na proposta orçamentária. O(A) prefeito(a) deve examinar
a legislação específica de cada conselho existente em seu município, bem como
seu regimento interno, para, se for o caso, recomendar medidas para aperfei-
çoá-los. A atenção com a capacitação dos conselheiros tem sido componente
importante para o bom funcionamento desses colegiados nos municípios.

Conselhos de políticas públicas – são espaços institucionais de interação do


Estado com a sociedade, compostos por representantes da sociedade civil e do
poder público. A instituição de conselhos e o fornecimento das condições neces-
sárias para o seu funcionamento são condições obrigatórias para que estados
e municípios possam receber recursos do Governo Federal para o desenvolvi-
mento de uma série de ações.

Organizações da Sociedade Civil (OSCs) – são organizações sem fins lucrativos,


formadas pela sociedade civil, que podem ser agentes da resolução de algum

61
problema econômico, social ou cultural. As organizações têm a capacidade de
despertar o civismo e a cooperação social nos seus participantes. Constituem-se
em uma forte ferramenta de mobilização social, contribuindo para a manu-
tenção da democracia, uma vez que possibilita a manifestação de interesses de
quaisquer segmentos.

No âmbito do Legislativo, muitos municípios possuem, em suas leis orgânicas ou


em atos da Câmara, dispositivos dedicados à iniciativa e à participação popular nos
debates legislativos, regulando as intervenções e estipulando regras e critérios. Lem-
brando que a iniciativa popular, prevista constitucionalmente, consiste na apresen-
tação de projetos de lei à Câmara Municipal, subscritos por, no mínimo, 5% do elei-
torado do município, sobre assuntos de interesse específico do município, da cidade
ou dos bairros.

A Constituição Federal lista medidas de proteção do patrimônio público, inclusive


ambiental, ou de direitos de cidadania que podem ser iniciadas pelo cidadão, como ação
popular e mandado de segurança.

Ação popular – A ação popular é o instrumento por meio do qual qualquer cidadão
pode ter a iniciativa de procurar obter a invalidação de atos ou contratos ilegais e
lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico-cultural.

Mandado de segurança e mandado de segurança coletivo – Já o mandado de segu-


rança, individual ou coletivo, é o instrumento que a pessoa física ou jurídica pode
utilizar para proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, que esteja sendo lesado ou ameaçado de lesão
pela autoridade, em decorrência de prática ilegal ou abuso de poder.

Outros meios existem para que o cidadão possa participar do controle exercido sobre a
Administração, tais como o exame das contas do município, que devem ficar à disposição
dos cidadãos e de instituições da sociedade.

62
5. Início de mandato
5.1. Equipe de governo

A tarefa de administrar o município é complexa, as exigências legais e técnicas são muitas,


e é positivo que os cargos dirigentes, especialmente os técnicos, sejam ocupados por
pessoas conhecedoras da máquina administrativa.

Para a formação da equipe de governo, é importante que o(a) prefeito(a) conte com téc-
nicos de sua confiança nas áreas contábil, tributária, jurídica, de pessoas, de obras, de
planejamento e de comunicação social.

Quando o(a) prefeito(a) optar pela mudança dos ocupantes dos cargos, é conveniente que
as substituições sejam feitas gradualmente, para evitar paralisação dos trabalhos até que
os novos ocupantes passem a dominar os trâmites legais e burocráticos.

Para as entidades da Administração indireta, é necessário saber se a legislação que as


criou impõe alguma condição para escolha de seus dirigentes. Para os cargos comissio-
nados, também é necessário saber se há alguma legislação sobre essas nomeações – por
exemplo, percentual reservado a ocupantes de cargos de carreira.

O bom desenvolvimento da gestão será mais facilmente alcançado se os cargos inter-


mediários estiverem ocupados por pessoas que conhecem os principais entraves, sabem
interpretar a legislação, têm conhecimento de interlocutores de outras esferas, fornece-
dores, parceiros, representações da sociedade, etc.

Sobre a escolha dos ocupantes de cargos comissionados e de funções gratificadas, deve-se


seguir a orientação da Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal24.

24
Súmula Vinculante do STF nº 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, ou, ainda, de função
gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal”.

63
Essa súmula dispõe que é inconstitucional a nomeação de parentes, como pais, avós,
filhos, netos, irmãos, sobrinhos, tios, cônjuges, sogros, genros, noras e cunhados. Primos
não estão incluídos. Caso ocorra nomeação com status de agente político, em desacordo
com essa súmula, a interpretação corrente é no sentido de que qualquer cidadão ou insti-
tuição interessada pode recorrer ao Judiciário para pedir a sua anulação.

5.2. Relação de dívidas do município

É importante obter uma relação das dívidas do município, por credor, com as datas dos
respectivos vencimentos, inclusive as dívidas de longo prazo e encargos decorrentes de
operações de crédito, que informe sobre a capacidade de a Administração realizar novas
operações de crédito de qualquer natureza, uma vez que existem normas que estabelecem
condições para o endividamento do município, como resoluções do Senado Federal.

Em relação a contratos com os fornecedores e dívidas já contratadas, em alguns casos há


possibilidade de renegociação, inclusive com a obtenção de reduções ou facilidades de
pagamento. A comparação de gastos/preços com outros municípios do mesmo porte, para
serviços semelhantes, é uma maneira de verificar se há despesa excessiva e se os preços
pagos pelo município estão condizentes com o mercado.

De posse desses dados, a nova Administração poderá também conhecer o grau de com-
prometimento do orçamento para o seu primeiro ano do mandato.

5.3. Situação perante o Tribunal de Contas

O município pode ter contas rejeitadas integral ou parcialmente, na dependência de


informações, ajustes ou atendimento a outras manifestações que a Administração não
respondeu. Assim, podem ser necessárias medidas para a regularização perante o Tri-
bunal de Contas ou órgão equivalente, e dependendo da situação das contas, fatos ocor-
ridos no mandato anterior deverão ser revistos e explicados pelo(a) novo(a) prefeito(a).

64
5.4. Convênios e contratos com a União e com o estado e recebimento
de subvenções e auxílios

A equipe de gestão deve buscar informações sobre convênios assinados, executados e em execução,
e também sobre os assinados e não executados, sejam eles com a União ou com o estado. A falta de
prestação de contas ou a prestação insuficiente ou irregular pode caracterizar inadimplência do muni-
cípio e impedir a celebração de novos convênios.

As informações acerca dos convênios firmados com o Governo Federal poderão ser obtidas pelo site
do Tribunal de Contas da União – TCU, que é o órgão competente para fiscalizar o uso dos recursos
de convênios com a União, bem como pelo site do Ministério da Transparência, Fiscalização e Contro-
ladoria-Geral da União – CGU, que exerce fiscalização sobre recursos federais repassados aos muni-
cípios.

Outra fonte segura sobre a legislação aplicável e sobre os convênios e contratos firmados pelo Governo
Federal com municípios é o Portal de Convênios. Nesse Portal o(a) prefeito(a) poderá encontrar,
inclusive, indicações de cursos a distância e de manuais sobre execução desses convênios. Para obter
as informações sobre convênios do seu município com a União acesse os sites25 do TCU, da CGU, o
Portal dos Convênios e o Portal da Transparência. Outra forma de acessar essas informações e outras
que o Governo Federal dispõe sobre o seu município é através do Portal Federativo26.

Essas informações e outras que o Governo Federal dispõe sobre


seu município estão disponíveis no Portal Federativo.

5.5. Contratos com concessionárias, permissionárias e delegatárias de


serviços municipais

Os serviços municipais que são prestados sob a forma de concessão ou permissão ou delegação
devem ser analisados para a verificação da existência de contratos, sua regularidade, condições de
operação e qualidade de atendimento. Outro aspecto é o exame das tarifas praticadas em relação à
capacidade da população pagá-las e a do prestador em mantê-las.
25
www.tcu.gov.br, www.cgu.gov.br, www.convenios.gov. e www.portaltransparencia.gov.br.
26
www.portalfederativo.gov.br

65
Os técnicos de confiança do(a) prefeito(a) eleito(a) poderão examinar essas tarifas e oferecer
relatório para determinar, se for o caso, as medidas de correção e ajuste.

5.6. Contratos de obras, serviços e fornecedores

É importante que se conheça a situação dos contratos de obras, serviços e fornecimentos con-
tratados e não executados, ou em atraso; se os pagamentos estão em dia e se correspondem
ao que foi contratado; se as obras, serviços e fornecimento de bens estão correspondendo ao
desejado; e se os procedimentos licitatórios dos mesmos estão de acordo com a legislação
pertinente27.

As cláusulas dos contratos devem ser examinadas com atenção, para saber se estão de acordo
com as leis aplicáveis e se contêm algo desfavorável ao município. Deve-se aproveitar a oportu-
nidade para verificar se os preços contratados são compatíveis com os praticados no mercado
e com a qualidade do serviço, da obra ou do bem fornecido.

As autoridades competentes têm reprimido a contratação de terceiros para executar tarefas


típicas da Administração, especialmente se há relação com o exercício do poder de polícia
municipal. Por isso, deve-se estar atento ao que diz respeito à substituição de servidores por
terceirizados.

Os bancos são também fornecedores de serviços ao município. O conhecimento da relação


mantida com os bancos é importante para, após a posse, revê-la, se não for favorável ao muni-
cípio. Hoje é comum o município licitar a contratação de serviços bancários de processamento
da folha de pagamento dos servidores, especialmente se ela é economicamente expressiva.

Atentar que, os recursos públicos, aí incluídos os depósitos judiciais, devem ser mantidos em
bancos públicos28, conforme determina o artigo 164 da Constituição Federal, orientações
formais de alguns Tribunais de Contas Estaduais e Municipais, bem como decisão do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).

27
Ver Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos).
28
Ver o artigo 164 da Constituição Federal.

66
Quanto às licitações, convém verificar se há pendências, contestações dos licitantes, se os pro-
cedimentos foram cumpridos, se os processos correspondentes atendem às normas legais e se
os casos de dispensa e inexigibilidade estão devidamente justificados.

5.7. Processos judiciais

O município enfrenta razoável quantidade de processos iniciados por contribuintes, servidores,


fornecedores e outras pessoas físicas e jurídicas que se sentem prejudicados por alguma razão.

É importante fazer levantamento criterioso das pendências judiciais, investigando o cumpri-


mento de prazos, a situação em que se encontra o processo, a instância que irá julgá-lo, os
argumentos da outra parte e outros detalhes que a assessoria jurídica do(a) prefeito(a) vier
a identificar. Em alguns casos, feita a avaliação, o município deve verificar a conveniência de
propor alguma forma de entendimento para encerrar a disputa judicial.

A redução do número de processos resulta em ganhos para o município – de tempo, de esforço


de pessoas, de reconhecimento por parte da sociedade, de recursos financeiros, já que o acom-
panhamento de processos exige gastos, seja pela ocupação de assessores, seja pela contratação
de escritórios de advocacia, nos casos em que o município não dispõe de quadros jurídicos sufi-
cientes para defendê-lo, especialmente nos Tribunais Superiores.

A existência de Procuradoria Jurídica, integrada por advogados selecionados em concurso


público, contribui para reduzir a incidência de processos contra o município. Esse órgão pode
ter também funções de consultoria, examinando contratos, projetos de leis e outros atos legais
e administrativos e recomendando correções ou alterações que os aperfeiçoem e previnam
conflitos futuros.

5.8. Situação da dívida ativa

A situação da dívida ativa, em cobrança administrativa ou judicial, bem como dos créditos lan-
çados e não recebidos no exercício vigente no momento da transição, deve ser verificada. Há
municípios em que o volume de recursos inscritos em dívida ativa é bastante elevado, o que
pode indicar que:

67
• o município não reúne condições e meios técnicos suficientes para conseguir o cumpri-
mento da obrigação tributária;
• os contribuintes não pagam porque os tributos estão sendo cobrados em valores incom-
patíveis com a renda da população;
• o município não demonstra ao contribuinte que o pagamento dos tributos, que, além de
ser obrigação legal, reverte-se em benefícios para a população.

Conhecendo a situação dos créditos, convém pensar em realizar campanha para estimular o
pagamento ou proceder à cobrança judicial. Se o valor em cobrança é grande, é possível pensar
em promover a revisão da legislação e dos métodos de cobrança para adequar a lei local e apro-
ximar o contribuinte à Administração.

Pode-se, ainda, como forma de auxiliar na recuperação dos créditos, firmar convênio com ins-
tituição financeira oficial para a prestação de serviço de arrecadação de créditos inscritos em
dívida ativa por meio da emissão de boletos ou carnês de cobrança.

Quanto aos tributos relativos ao presente exercício, cabe comparar o valor lançado com o
arrecadado e examinar a legislação, as alíquotas praticadas para os diversos tributos e outros
aspectos que possam explicar o comportamento dos contribuintes quando há evasão expressiva
de recursos.

A comparação dos critérios utilizados nos principais tributos cobrados no município com os que
usam municípios vizinhos ou de porte semelhante também é importante. Pode estar havendo,
por exemplo, redução de contribuintes que se inscrevem em outro município porque pagarão
menos imposto sobre serviços.

5.9. Situação dos servidores e da folha de pagamento

Complementarmente às sugestões do item 3.3 (Gestão de Pessoas), é importante obter a relação de


servidores postos à disposição de outros órgãos e entidades (Câmara Municipal, Assembleia Legis-
lativa, Governos Federal e Estadual, etc.).

Se esse número for excessivo, cabe examinar com detalhes a situação e, se for o caso, promover o
seu retorno ou permitir a sua cessão quando houver justificativa para tanto.

68
O(A) prefeito(a), por meio de sua equipe, deve obter informações sobre a folha de pagamento,
abrangendo servidores ativos, inativos e pensionistas, para saber se há sintomas de irregularidades.

Sugere-se verificar com especial atenção os controles existentes sobre a folha de pagamento e a
data do último recadastramento de servidores, ativos e inativos, e pensionistas. Havendo dúvidas
quanto à correção dos pagamentos efetuados, o gestor público pode se valer de procedimentos de
recadastramento.

5.10. Situação junto ao INSS, FGTS e PASEP

Muitos municípios promoveram parcelamentos de seus débitos com INSS, FGTS e PASEP relativos
aos seus servidores vinculados ao regime celetista. É importante verificar qual é a situação do muni-
cípio frente a esses credores: se há débitos, qual o seu montante, se há parcelas em atraso, quanto
tempo se levará para a quitação.

O(A) prefeito(a) eleito(a) deve ficar atento porque o município que for devedor da União, do
estado e de suas autarquias pode ter o recebimento de suas quotas derivadas da repartição de
receitas suspenso, conforme autoriza a Constituição29.

5.11. Relações com a Câmara Municipal

O(A) novo(a) prefeito(a) deve solicitar à Câmara relação dos projetos de leis que o chefe do
Executivo que está deixando o cargo encaminhou, contendo o seu teor. O relacionamento com
a Câmara Municipal é importante para que o governo possa agir no interesse público. Assim, é
importante procurar saber também se existem projetos de iniciativa de vereadores que afetam
a ação do Executivo para a eventualidade de nova providência a ser tomada no âmbito da Admi-
nistração.

Quanto aos projetos em tramitação, é conveniente verificar quais devem ter o seu andamento
acelerado, seja no mandato que se encerra ou no início da nova gestão, e quais devem ser
retirados para melhor apreciar o seu conteúdo. É conveniente ainda conhecer as últimas leis
sancionadas ou vetadas pelo(a) prefeito(a). Neste último caso, deve-se saber se o veto foi apre-
ciado e, tendo sido, se foi mantido ou rejeitado.

29
Parágrafo Único, art. 160 da Constituição Federal.

69
A Constituição Federal estabelece normas a respeito dos recursos destinados à Câmara Muni-
cipal, inclusive quanto a limites de gastos e de remuneração dos vereadores. Uma fonte de
conflito entre os poderes Executivo e Legislativo decorre do repasse inadequado dos recursos
a este destinados.

Constitui crime de responsabilidade do(a) prefeito(a) repassar à Câmara Municipal valores acima
dos permitidos pela Constituição, não efetuar o repasse mensalmente ou enviá-lo a menor em
relação à proporção prevista na lei orçamentária anual.

70
Fontes de Consulta
BARATTA, Tereza Cristina (Coord.). Capacitação para implementação do Sistema Único de
Assistência Social – SUAS e do Programa Bolsa Família – PBF. Rio de Janeiro: IBAM: Unica-
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_______. O que os gestores municipais devem saber – planejamento e controle governamentais.


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Portais da Presidência da República, CGU, Cidades, do MEC, INEP, FNDE, IBGE, Meio Ambiente, Saúde,
Previdência, Desenvolvimento Social, IBAM, TCU.

71
“Guia Básico para Gestão nos Municípios”é uma publicação
de cunho informativo e de prestação de serviço.

Seu conteúdo não poderá ser alterado.

72

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