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GESTÃO COMPETENTE
Apoio à Administração
Municipal
Brasília
2017
República Federativa do Brasil
Michel Temer
Presidente
72 p.: il.
Essa edição foi revista, revisada e atualizada pela seguinte equipe técnica:
Aridney Barcellos, Maria Helena Maier, Roberta Martins, Rodrigo Albuquerque, Sônia Mendes, Victor
Figueredo e Wilma Andrade.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Secretaria de Governo – Subchefia de Assuntos Federativos
Praça dos Três Poderes – Palácio do Planalto – Anexo I Superior – Sala 205/A
CEP 70150-900 - Brasília-DF
Telefone: 55 (61) 3411-3298 Fax 55 (61) 3323-4304
2
Sumário
Apresentação.............................................................................................................................. 5
1. O Município e o(a) Prefeito(a) no Ambiente Constitucional...................................................... 6
2. A Organização Governamental Brasileira e a Competência Municipal .................................... 9
2.1. O Governo Federal................................................................................................................... 10
2.2. O Governo Estadual.................................................................................................................. 11
2.3. O Governo Municipal............................................................................................................... 11
2.4. Relações intergovernamentais................................................................................................. 12
2.4.1. Consórcios públicos ................................................................................................................. 30
2.4.2. Associativismo Municipal e o Comitê de Articulação Federativa – CAF.................................. 31
2.4.3. Cooperação Internacional Descentralizada.............................................................................. 32
3. Aspectos Relevantes para a Gestão Municipal........................................................................ 33
3.1. Legislação aplicável ao município............................................................................................. 33
Lei Orgânica do Município – LOM...........................................................................................................34
Lei de Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal......................................................................34
Lei do Plano de Cargos e Carreiras da Prefeitura..................................................................................34
Leis de fixação dos subsídios dos agentes políticos..............................................................................35
Código Tributário Municipal e legislação complementar.....................................................................35
Plano Diretor Participativo e legislação complementar.......................................................................35
Plano Municipal de Educação – PME.....................................................................................................37
Leis referentes ao planejamento e ao orçamento: Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes
Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA........................................................................37
Regime dos servidores.............................................................................................................................39
Regime previdenciário.............................................................................................................................40
Regulamentos...........................................................................................................................................41
Legislação federal e estadual..................................................................................................................41
3.2. Gestão orçamentária, financeira, patrimonial e tributária...................................................... 48
Fontes de receita......................................................................................................................................48
Execução financeira.................................................................................................................................50
Gestão do patrimônio..............................................................................................................................51
3
Gestão tributária.......................................................................................................................................51
3.3. Gestão de pessoas..................................................................................................................... 51
3.4. Transparência Pública e Acesso à Informação.......................................................................... 52
Implantando a Lei de Acesso à Informação no município....................................................................53
Formas de participação social..................................................................................................................54
No âmbito do Executivo...........................................................................................................................54
Conselhos...................................................................................................................................................54
Consulta pública........................................................................................................................................55
Cogestão....................................................................................................................................................55
Conferências..............................................................................................................................................55
No âmbito do Legislativo..........................................................................................................................55
4. Controle da Administração ......................................................................................................................56
4.1. Tipos de controle......................................................................................................................................57
Controle interno........................................................................................................................................57
Controle externo.......................................................................................................................................58
4.2. Tipos de controle exercidos pela Câmara Municipal................................................................ 59
4.3. Participação e Controle Social...................................................................................................59
Principais objetivos da participação e do controle social......................................................................60
Exemplos de Mecanismos de Participação e Controle Social...............................................................60
5. Início de mandato.....................................................................................................................63
5.1. Equipe de governo.................................................................................................................... 63
5.2. Relação de dívidas do município...............................................................................................64
5.3. Situação perante o Tribunal de Contas.....................................................................................64
5.4. Convênios e contratos com a União e com o estado e recebimento de subvenções e auxílios.......65
5.5. Contratos com concessionárias, permissionárias e delegatárias de serviços municipais........ 65
5.6. Contratos de obras, serviços e fornecedores........................................................................... 66
5.7. Processos judiciais..................................................................................................................... 67
5.8. Situação da dívida ativa.............................................................................................................67
5.9. Situação dos servidores e da folha de pagamento..................................................................... 68
5.10. Situação junto ao INSS, FGTS e PASEP......................................................................................69
5.11. Relações com a Câmara Municipal...........................................................................................69
Fontes de Consulta....................................................................................................................71
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Apresentação
O primeiro Guia Básico para Gestão nos Municípios, instrumento para auxiliar os gestores
dos municípios brasileiros a melhorar a gestão pública, foi editado em 2008 e serviu para
a gestão municipal 2009 – 2012. Sua segunda edição destinou-se à gestão municipal 2013
– 2016. Esta é sua 3ª edição, revista e atualizada, incluindo novos marcos regulatórios e
outras importantes informações para apoiar os(as) gestores(as) municipais no processo
de início do mandato 2017 – 2020.
Trata-se de uma importante ferramenta que, além de auxiliar na gestão municipal, serve
para aproximar e reforçar o diálogo entre o Governo Federal e os municípios brasileiros.
Neste Guia, o(a) gestor(a) municipal encontrará tanto informações teóricas acerca da
organização governamental brasileira, da competência municipal, das relações intergo-
vernamentais, dentre outras, como também informações práticas e relevantes para a
gestão municipal. De posse deste material, o(a) gestor(a) e sua equipe poderão dispor de
informações de natureza técnica que podem auxiliá-los(las) na execução de seu plano de
governo.
O(A) prefeito(a) que se elege pela primeira vez encontrará neste trabalho vasto acervo de
consulta. Já os(as) reeleitos(as), embora conheçam os cuidados que devem ter no decorrer
do mandato, poderão encontrar neste Guia informações para ajudá-los(as) quanto às
medidas que pretendam adotar.
Além das orientações contidas neste material, é importante a consulta à Lei Orgânica do
Município e à legislação municipal existente, à Constituição Federal vigente, bem como
aos manuais ou recomendações dos Tribunais de Contas (Estadual/Municipal).
Por fim, o Governo Federal afirma a importância da relação de respeito e diálogo com
os(as) prefeitos(as) municipais para a criação e fortalecimento de um espaço de debate
federativo.
5
1. O Município e o(a) Prefeito(a) no Ambiente Constitucional
A autonomia e as competências do município cresceram à medida que o processo demo-
crático foi retomado no país. A promulgação da Constituição da República de 1988 consagrou
o município como membro integrante do conjunto federativo brasileiro.
1
Ver art. 1º da Constituição Federal.
6
O município possui responsabilidades, as quais recaem, em parte expressiva, sobre o Poder
Executivo, que possui a competência para governar, desempenhando funções políticas, admi-
nistrativas e executivas.
Dirigir tem o significado de orientar, verbalmente ou por meio de decretos, instruções, ordens
de serviço, portarias e outros atos administrativos. O(A) prefeito(a) é o(a) responsável final pelo
que acontece na Administração, pois dirige a máquina administrativa da Prefeitura, ainda que
com o auxílio da sua equipe de secretários e dos responsáveis pelos diversos setores.
Coordenar diz respeito a integrar a ação dos diversos órgãos, de modo a evitar o desperdício de
recursos com a duplicação e dispersão de esforços. Ter uma visão global das ações que estão
sendo executadas contribui para a tomada de decisões. A atuação de um setor da Prefeitura
produz reflexos em outros, pois os temas se comunicam. Por exemplo, a decisão de construir
uma escola, além de envolver a Secretaria de Educação, desencadeará uma série de demandas
sobre diferentes setores da Prefeitura, como transporte, obras, saneamento, segurança e saúde.
7
de campo, auditorias ou de instrumentos como os balancetes mensais – onde se pode
acompanhar a execução orçamentária e a movimentação financeira – e os relatórios sobre
execução física e monetária dos programas, obras e serviços.
Finalmente, articular-se com atores públicos e privados tem sido uma das principais
funções atuais do(a) prefeito(a) no exercício de sua liderança política e institucional, o
que o leva a:
Assim, o bom desempenho das funções próprias do Executivo municipal constitui-se como
base do avanço da descentralização e confere ao município novo protagonismo no pro-
cesso de desenvolvimento das cidades e do país.
8
2. A Organização Governamental Brasileira e a
Competência Municipal
O município integra a organização governamental brasileira, junto com a União, os estados e
o Distrito Federal. Todos são autônomos entre si, porém possuem atuação restrita aos limites
dispostos no texto constitucional.
União Geral
Estados Regional
Municípios Local
O município possui competências que dizem respeito ao interesse local, o que significa que
aqueles assuntos que o afetam estritamente serão sempre de sua responsabilidade. São
exemplos os serviços de pavimentação de vias, limpeza urbana e transporte urbano.
Por outro lado, há competências comuns ou compartilhadas que são ao mesmo tempo de
responsabilidade da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Estas devem
ser exercidas de forma cooperativa.
Vale assinalar que, mesmo nestes casos, o município possui papel relevante, pois atua em
conjunto com a União e o estado nas áreas de saúde, educação, cultura e patrimônio his-
tórico, proteção do meio ambiente, fomento da produção agropecuária, melhoria das con-
dições de habitação e saneamento básico, bem como no combate à pobreza e suas causas,
apenas para mencionar algumas.
A Constituição prescreve que, para o exercício pleno dessas competências comuns, leis com-
plementares fixarão normas para a cooperação entre a União, os estados, o Distrito Federal
9
e os municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
nacional2.
O(A) prefeito(a) precisa conhecer a organização federal e estadual para identificar os órgãos
e entidades com os quais poderá buscar parcerias para o exercício de suas competências.
As páginas na internet dos órgãos do Governo Federal são fontes de informação impor-
tantes. Nelas, pode-se encontrar dados a respeito de seus programas, sua estrutura, ocu-
pantes dos cargos de direção, chefia e assessoramento, bem como outros subsídios de uti-
lidade para o município. A página da Presidência da República também possui informações
úteis e, ao mesmo tempo, permite acessar outras fontes de interesse para o município,
tais como a que reproduz a legislação federal, a estrutura da Presidência, os ministros
de estado, as notas oficiais, a agenda do presidente e as principais notícias do Governo
Federal3.
2
Ver parágrafo único do art. 23 da Constituição.
3
Consultar: http://presidencia.gov.br
4
Consultar: http://www.portalfederativo.gov.br
10
2.2. O Governo Estadual
O Brasil possui 26 estados e o Distrito Federal, cada um organizado segundo suas carac-
terísticas e interesses. Essa organização é encontrada na legislação de cada estado, onde
é possível saber quais são os principais órgãos e suas atribuições. O(A) prefeito(a) deve
buscar informações a esse respeito e sobre outros temas que lhe interessam, como espe-
cificidades da legislação tributária e organização judiciária, nas páginas da internet dos
estados.
O município possui lei orgânica própria, elaborada pela Câmara Municipal, com observância
dos princípios enumerados na Constituição Federal e na Constituição Estadual. Nessa lei
encontram-se dispositivos sobre atribuições dos poderes Legislativo e Executivo municipal,
competências e procedimentos administrativos, entre outros temas relevantes.
5
Ver art. 30 da Constituição Federal.
11
2.4. Relações intergovernamentais
As relações verticais entre as três esferas de governos devem ser complementadas por relações
horizontais, sejam entre estados ou entre municípios. A cooperação em ambas as direções con-
tribui para melhor prover os direitos de cidadania, prestar serviços à população e promover o
desenvolvimento de forma integrada, em decorrência do trabalho conjunto.
Por isso, a nossa Constituição, sobretudo quando trata da ordem social, deixa nítida a intenção
de promover a cooperação intergovernamental, notadamente no que diz respeito à saúde, à
educação, ao meio ambiente, à assistência social, ao saneamento e à habitação de interesse
social. Tais políticas são hoje objeto de legislação específica que determina bases descentrali-
zadas e participativas para sua organização em sistemas federativos, distribuindo a função entre
as esferas governamentais6.
6
Ver art. 23 da Constituição Federal.
12
Os quadros nas próximas páginas apresentam as principais
Políticas Públicas que têm participação das três esferas de governo
Lei nº 10.257, de 10 Estabelece diretrizes ge- A Lei estabelece normas de ordem pública
de julho de 2001 – rais da Política Urbana Mu- e interesse social que regulam o uso da pro-
Estatuto da Cidade, nicipal. Regulamenta os priedade urbana em prol do bem coletivo,
com alterações intro- arts. 182 e 183 da Consti- da segurança e do bem-estar dos cidadãos,
duzidas pela Lei nº tuição Federal. Detalha as bem como do equilíbrio ambiental.
13.146, de 06 de julho ações do(a) prefeito(a) e Promove iniciativas interfederativas para exe-
de 2015 e outras. dos agentes municipais vol- cução de programas de construção de mora-
tadas ao planejamento e à dias e melhoria das condições habitacionais,
política urbana, em especial de saneamento básico, das calçadas, dos
ao Plano Diretor. passeios públicos, do mobiliário urbano e
dos demais espaços de uso público.
Lei nº 13.311, de 11 de Institui normas gerais para O direito de utilização privada de área pú-
julho de 2016. a ocupação e utilização de blica por tais equipamentos urbanos poderá
área pública urbana por ser outorgado a qualquer interessado que
equipamentos urbanos do satisfaça os requisitos exigidos pelo poder
tipo quiosque, trailer, feira e público local.
banca de venda de jornais e O Município poderá dispor sobre outros re-
de revistas. quisitos para a outorga, observada a gestão
democrática conforme o Estatuto da Cidade.
Lei nº 12.608, de 10 de Institui a Política Nacional A política visa à atuação articulada entre a
abril de 2012. de Proteção e Defesa Civil e União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
autoriza a criação de sistema nicípios para redução de desastres e apoio às
de informações e monitora- comunidades atingidas.
mento de desastres.
13
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 12.587, de 3 de Institui as diretrizes da Polí- A Política Nacional de Mobilidade Urbana ob-
janeiro de 2012, com tica Nacional de Mobilidade jetiva a integração entre os diferentes modos
as alterações da Lei nº Urbana. de transporte e a melhoria da acessibilidade e
13.406, de 26 de de- mobilidade das pessoas e cargas no território
zembro de 2016. do Município. É necessário que os municí-
pios acima de 20.000 habitantes, ou aqueles
obrigados a elaborarem planos diretores, ela-
borem seus Planos de Mobilidade Urbana,
integrados aos respectivos planos diretores,
até 2019. Findo o prazo, ficam impedidos de
receber recursos orçamentários federais des-
tinados à mobilidade urbana, até que atendam
as exigências da lei.
Lei nº 11.124, de 16 de Cria o Sistema Nacional de O SNHIS tem como principal objetivo garantir
junho de 2005. Habitação de Interesse So- que investimentos e subsídios sejam desti-
cial – SNHIS, o Fundo Na- nados a programas habitacionais voltados à
cional de Habitação de Inte- população de baixa renda, em especial àquela
resse Social – FNHIS e o seu que mora em assentamentos precários ou
Conselho Gestor. favelas.
Resolução nº 48, de 6 Estabelece prazos e condi- O município pode aderir ao SNHIS e obter,
de dezembro de 2011, ções para adesão ao SNHIS. por esse meio, recursos para habitações de
do Conselho Gestor interesse social. O prazo para aderir ao SNHIS
do FNHIS. varia conforme as características do muni-
cípio descritas na Resolução nº48, atualmente
em análise.
14
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 9.503, de 23 de Institui o Código de Trânsito O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no me-
setembro de 1997. Brasileiro (CTB). lhor e mais equilibrado espírito federativo,
prevê uma clara divisão de responsabilidades
e uma sólida parceria entre órgãos federais,
estaduais e municipais. Os municípios, em
particular, tiveram sua esfera de competência
substancialmente ampliada no tratamento
das questões de trânsito. Aliás, nada mais
justo se considerarmos que é nele que o ci-
dadão efetivamente mora, trabalha e se mo-
vimenta, ali encontrando sua circunstância
concreta e imediata de vida comunitária e
expressão política. Por isso, compete agora
aos órgãos executivos municipais de trânsito
exercer nada menos que vinte e uma atribui-
ções. Uma vez preenchidos os requisitos para
integração do município ao Sistema Nacional
de Trânsito, ele assume a responsabilidade
pelo planejamento, o projeto, a operação e a
fiscalização, não apenas no perímetro urbano,
mas também nas estradas municipais. A pre-
feitura passa a desempenhar tarefas de sina-
lização, fiscalização, aplicação de penalidades
e educação de trânsito.
Lei nº 11.977, de 7 de Cria o Programa Minha Casa, O PMCMV é um programa de provisão habi-
julho de 2009, regula- Minha Vida – PMCMV tacional, que visa à criação de mecanismos
mentada pelo Decreto de incentivo à produção e aquisição de novas
nº 7.499, de 16 de unidades habitacionais ou requalificação de
junho de 2011. imóveis urbanos e produção ou reforma de
habitações rurais, para famílias com determi-
nada renda mensal, conforme os normativos
do Ministério das Cidades, com prioridade de
atendimento às famílias residentes em áreas
de risco, insalubres, que tenham sido desabri-
gadas ou que perderam a moradia em razão de
qualquer desastre natural.
15
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Medida Provisória Dispõe sobre a regularização A MPV 759 altera diversos dispositivos re-
Nº 759, de 22 de de- fundiária rural e urbana, sobre ferentes à regularização fundiária de áreas
zembro de 2016. a liquidação de créditos con- urbanas e rurais ocupadas irregularmente,
cedidos aos assentados da incluindo áreas da União, apresentando, no
reforma agrária e sobre a que tange especificamente às áreas urbanas,
regularização fundiária no novos instrumentos e procedimentos adminis-
âmbito da Amazônia Legal, trativos e de registro imobiliário nos processos
institui mecanismos para de regularização de imóveis urbanos, revo-
aprimorar a eficiência dos gando o Capítulo III da Lei 11.977.
procedimentos de alienação
de imóveis da União, e dá ou-
tras providências.
Lei nº 11.445, de 5 Estabelece diretrizes nacio- A lei visa à universalização do acesso aos ser-
de Janeiro de 2007, nais para o saneamento bá- viços de saneamento básico, compreendendo
regulamentada pelo sico e sua política federal. o abastecimento de água, o esgotamento sani-
Decreto nº 7.217, de tário, o manejo de resíduos sólidos e de águas
21 de junho de 2010, pluviais. Destaca o tema da gestão associada
com as alterações do dos serviços e os aspectos de planejamento,
Decreto nº 8.211, de regulação, fiscalização, participação e controle
21 de março de 2014, social.
e do Decreto nº 8.629, É necessário que os Municípios tenham ins-
de 30 de dezembro de tituído controle social, realizado por órgão co-
2015. legiado, até 31 de dezembro de 2014 e que
elaborem seus Planos de Saneamento Básico
até 31 de dezembro de 2017 para que tenham
acesso a recursos da União, ou por ela gerido,
destinados a serviços de saneamento básico.
16
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 10.098, de 19 de Estabelece normas gerais A lei orienta como os municípios devem pla-
dezembro de 2000, com e critérios básicos para a nejar e urbanizar as vias públicas, os parques
a redação dada pela Lei promoção da acessibilidade e demais espaços de uso público de forma
nº 13.146, de 06 de julho das pessoas portadoras de a torná-los acessíveis para as pessoas por-
de 2015. deficiência ou com mobi- tadoras de deficiência ou com mobilidade
lidade reduzida e institui a reduzida.
Lei Brasileira de Inclusão da Também estabelece que a construção, am-
Pessoa com Deficiência (Es- pliação ou reforma de edifícios públicos ou
tatuto da Pessoa com Defi- privados destinados ao uso coletivo deverão
ciência). ser executadas de modo que sejam ou se
tornem acessíveis às pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida.
Decreto nº 5.296, de 2 Regulamenta as Leis n.os Orienta que os municípios devem seguir as
de dezembro de 2004. 10.048, de 8 de novembro normas técnicas brasileiras de acessibilidade
de 2000, que dá prioridade (NBR9050 entre outras) e o Estatuto da Ci-
de atendimento às pessoas dade para a elaboração de suas leis e planos
que especifica, e 10.098, de locais (Planos Diretores Municipais, Planos
19 de dezembro de 2000, Diretores de Transporte e Trânsito, Código
que estabelece normas ge- de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e
rais e critérios básicos para Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário,
a promoção da acessibili- entre outros).
dade das pessoas porta-
doras de deficiência ou com
mobilidade reduzida.
17
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
18
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 9.985, de 18 de Regulamenta o art. 225, § 1º, Define o funcionamento do Sistema Nacional
julho de 2000. incisos I, II, III e VII da Consti- de Unidades de Conservação da Natureza
tuição Federal e institui o Sis- (UCs), estabelece as categorias e procedi-
tema Nacional de Unidades mentos para a criação, implantação e gestão
de Conservação da Natureza de UCs e dispõe sobre o licenciamento de
(SNUC) em conjunto com o De- obras e empreendimentos que afetem as UCs.
creto nº 4.340, de 22 de agosto Cria o mecanismo da Compensação Am-
de 2002. biental, como fonte de recursos para UCs.
19
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
20
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 13.301, de 27 Dispõe sobre a adoção de me- A autoridade máxima do SUS de âmbito
de junho de 2016. didas de vigilância em saúde federal, estadual, distrital e municipal
quando verificada situação de fica autorizada a determinar e executar
iminente perigo à saúde pú- as medidas necessárias ao controle das
blica pela presença do mos- doenças causadas pelos referidos vírus,
quito transmissor do vírus da nos termos da Lei no 8.080/1990, e de-
dengue, do vírus chikungunya mais normas aplicáveis, enquanto per-
e do vírus da zika. durar a Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional - ESPIN.
Dentre as medidas, cita, inclusive, o in-
gresso forçado em imóveis públicos e
particulares, no caso de situação de aban-
dono, ausência ou recusa de pessoa que
possa permitir o acesso de agente pú-
blico, regularmente designado e identifi-
cado, quando se mostre essencial para a
contenção das doenças.
21
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Norma Operacional Bá- Operacionaliza o Sistema O SUAS define as ações e iniciativas necessá-
sica – NOB, de 15 de Único de Assistência Social rias à operacionalização dos serviços e oferta
julho de 2005, atualizada – SUAS. de benefícios socioassistenciais, estabele-
pela Resolução CNAS cendo a divisão de competências e responsa-
33, de 12 de dezembro
bilidades entre as três esferas de governo.
de 2012.
Lei n° 10.836, de 9 Cria o Programa Bolsa Fa- O Programa Bolsa Família é a política na-
de janeiro de 2004, mília. Também dispõe sobre cional de transferência de renda condicionada.
com as alterações da o apoio financeiro da União Possui caráter transversal, uma vez que ar-
Lei n° 12.722, de 3 de aos Municípios e ao Distrito ticula as ações de transferência de renda às
outubro de 2012 e da Federal para ampliação da políticas de saúde e educação executadas nos
Lei nº 13.348, de 10 de oferta de educação infantil, municípios.
outubro de 2016. para incluir as crianças be-
neficiárias do Benefício de
Prestação Continuada - BPC
e as crianças com defi-
ciência, além de estabelecer
novas regras de repasse do
apoio financeiro.
22
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Decreto nº 7.492, de Institui o Plano Brasil O Plano Brasil Sem Miséria visa superar a
02 de junho de 2011. Sem Miséria. situação de extrema pobreza da população
em todo o território nacional, por meio
da integração e articulação de políticas,
programas e ações. As famílias extrema-
mente pobres que ainda não são atendidas
serão localizadas e incluídas de forma in-
tegrada nos mais diversos programas de
acordo com as suas necessidades. É exe-
cutado pela União em colaboração com Es-
tados, Distrito Federal, Municípios e com
a sociedade.
23
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 9.394, de 20 de Dispõe sobre as dire- Define princípios, diretrizes, forma de orga-
dezembro de 1996, com trizes e bases da edu- nização e níveis e modalidades da educação
as alterações poste- cação nacional - LDB. nacional. Detalha competências e atribuições
riores. de cada ente federado, das escolas e dos do-
centes. Estabelece condições para formação
e valorização dos profissionais da educação.
Especifica as fontes de recursos e os tipos de
despesa em manutenção e desenvolvimento do
ensino. Destaca a aplicação mínima de recursos
dos entes federados à manutenção e desenvol-
vimento do ensino.
Lei nº 10.845, de 5 de Institui o programa de É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos
março de 2004. complementação ao Municípios prestar apoio técnico e financeiro às
atendimento educa- entidades privadas sem fins lucrativos que ofe-
cional especializado às recem educação especial, por meio de cessão
pessoas portadoras de de professores e profissionais especializados da
deficiência. rede pública de ensino, bem como de material
didático e pedagógico apropriado, repasse de
recursos para construções, reformas, amplia-
ções e aquisição de equipamentos e oferta de
transporte escolar aos educandos portadores de
deficiência matriculados nessas entidades.
Decreto nº 6.094, de 24 Dispõe sobre a imple- Define 28 diretrizes para obtenção de uma edu-
de abril de 2007. mentação do Plano de cação com equidade e qualidade, estabelece o
Metas Compromisso Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
Todos pela Educação. (IDEB) e formas de colaboração do MEC com
estados e municípios.
24
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 8.201, de 24 de Dispõe sobre o apoio Define as formas de apoio financeiro aos es-
abril de 2013. técnico e financeiro da tados e municípios com a finalidade de pro-
União aos entes fede- mover a alfabetização dos estudantes até os 8
rados no âmbito do Pacto (oito) anos de idade ao final do 3o ano do ensino
Nacional pela Alfabeti- fundamental da educação básica pública, aferida
zação na Idade Certa. por avaliações periódicas.
Decreto nº 6.093, de Reorganiza o Programa O Programa Brasil Alfabetizado tem por obje-
24 de abril de 2007. Brasil Alfabetizado, tivo a universalização da alfabetização de jovens
visando à universali- e adultos de quinze anos ou mais e atenderá,
zação da alfabetização prioritariamente, os Estados e Municípios com
de jovens e adultos de maiores índices de analfabetismo, por meio de
quinze anos ou mais e ações de assistência técnica e financeira promo-
dá outras providências. vidas pela União.
Lei nº 11.129, de 30 Institui o Programa Na- Formula e propõe diretrizes da ação governamental
de junho de 2005, re- cional de Inclusão de voltadas à promoção de políticas públicas de ju-
formulada pela Lei nº Jovens – Projovem, ventude, fomenta estudos e pesquisas acerca da
11.692 de 10 de junho destinado a jovens de realidade socioeconômica juvenil e o intercâmbio
de 2008. 15 (quinze) a 29 (vinte entre as organizações juvenis nacionais e interna-
e nove) anos, com o cionais.
objetivo de promover A União pode transferir recursos aos Estados, ao
sua reintegração ao Distrito Federal e aos Municípios, sem a neces-
processo educacional, sidade de convênio, acordo, contrato, ajuste ou
sua qualificação profis- instrumento congênere.
sional e seu desenvol-
vimento humano.
Decreto nº 7.612, de Institui o Plano Nacional Estrutura-se em quatro eixos: Acesso à Edu-
17 de novembro de dos Direitos da Pessoa cação, Atenção à Saúde, Inclusão Social e Aces-
2011 com Deficiência - Plano sibilidade.
Viver sem Limite.
25
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Decreto nº 6.629, de 4 Fomenta técnica e financeiramente Prevê que, no âmbito estadual, muni-
de novembro de 2008, os sistemas de ensino para a imple- cipal e do Distrito Federal, a gestão e
com as alterações mentação de ações voltadas à edu- a execução do Projovem sejam reali-
introduzidas pelo De- cação para juventude em articulação zadas por meio da conjugação de es-
creto nº 7.649, de 21 com iniciativas de inclusão social. forços entre os órgãos públicos das
de dezembro de 2011. áreas de educação, de trabalho, de as-
sistência social e de juventude, obser-
vada a intersetorialidade, sem prejuízo
de outros órgãos e entidades da admi-
nistração pública estadual, municipal e
da sociedade civil.
Reorganiza a vinculação das modali-
dades do Projovem.
Lei nº 12.594, de 18 de Institui o Sistema Nacional de Aten- Regulamenta a execução das medidas
janeiro de 2012. dimento Socioeducativo (Sinase). socioeducativas destinadas a adoles-
cente que pratique ato infracional.
Lei nº 12.711, de 29 de Dispõe sobre o ingresso nas uni- As instituições federais de educação
agosto de 2012. versidades federais e nas institui- superior e de ensino técnico de nível
ções federais de ensino técnico médio, vinculadas ao Ministério da
de nível médio e dá outras provi- Educação, reservarão, em cada con-
dências. curso seletivo para ingresso nos res-
pectivos níveis, por curso e turno, no
mínimo 50% (cinquenta por cento) de
suas vagas para estudantes que te-
nham cursado integralmente o ensino
médio em escolas públicas, dessas,
50% deverão ser reservadas aos estu-
dantes oriundos de famílias com renda
igual ou inferior a 1,5 salário mínimo
(um salário mínimo e meio) per capita.
Também estabelece critérios para
preenchimento de vagas destinadas a
autodeclarados pretos, pardos e indí-
genas.
26
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Decreto nº 7.824, de Regulamenta a Lei no 12.711/2012. Reservar no mínimo cinquenta por cento
11 de outubro de 2012. das vagas a estudantes com renda fami-
liar bruta igual ou inferior a um inteiro e
cinco décimos salário mínimo per capita;
e proporção de vagas no mínimo igual à
de pretos, pardos e indígenas na popu-
lação da unidade da Federação do local
de oferta de vagas da instituição.
Lei nº 12.433, de 29 de Dispõe sobre a remição de parte O condenado que cumpre a pena em
junho de 2011. do tempo de execução da pena regime fechado ou semiaberto poderá
por estudo ou por trabalho. remir, por trabalho ou por estudo,
parte do tempo de execução da pena.
1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias
de trabalho. 1 (um) dia de pena a cada
12 (doze) horas de frequência escolar
- atividade de ensino fundamental,
médio, inclusive profissionalizante, ou
superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em
3 (três) dias.
27
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 13.005, de 25 de Aprova o Plano Nacional de Edu- A União, os Estados, o Distrito Federal
junho de 2014. cação - PNE e dá outras provi- e os Municípios atuarão em regime de
dências. Os Estados, o Distrito colaboração, visando ao alcance das
Federal e os Municípios deverão metas e à implementação das estraté-
elaborar seus correspondentes gias objeto do PNE.
planos de educação, ou adequar Os gestores federais, estaduais, mu-
os planos já aprovados em lei, em nicipais e do Distrito Federal adotarão
consonância com as diretrizes, as medidas governamentais necessá-
metas e estratégias previstas no rias ao alcance das metas previstas no
PNE, no prazo de 1 (um) ano con- PNE.
tado da publicação desta Lei. O plano plurianual, as diretrizes orça-
Os planos de educação devem mentárias e os orçamentos anuais da
contemplar estratégias, dentre União, dos Estados, do Distrito Federal
outras, que assegurem o sistema e dos Municípios serão formulados de
educacional inclusivo em todos maneira a assegurar a consignação de
os níveis, etapas e modalidades dotações orçamentárias compatíveis
e que promovam a articulação com as diretrizes, metas e estraté-
interfederativa na implementação gias deste PNE e com os respectivos
das políticas educacionais. planos de educação, a fim de viabilizar
sua plena execução.
Decreto n° 6.861, de Dispõe sobre a Educação Escolar A educação escolar indígena será or-
27 de maio de 2009. Indígena e define sua organização ganizada com a participação dos povos
em territórios etnoeducacionais. indígenas, observada a sua territoria-
lidade e respeitando suas necessi-
dades e especificidades.
28
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Decreto nº 7.626, de Institui o Plano Estratégico de Tem como finalidade ampliar e qua-
24 de novembro de Educação no âmbito do Sistema lificar a oferta de educação nos es-
2011. Prisional - PEESP. tabelecimentos penais. Poderão ser
firmados convênios, acordos de coo-
peração, ajustes ou instrumentos
congêneres, com órgãos e entidades
da administração pública federal, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, com consórcios públicos ou
com entidades privadas.
Lei nº 11.107, de 6 de abril Dispõe sobre normas gerais de Dispõe sobre normas gerais para a
de 2005, regulamentada contratação de Consórcios Pú- União, os Estados, o Distrito Federal e
pelo Decreto nº 6.017, de blicos. os Municípios contratarem consórcios
17 de janeiro de 2007. públicos para a realização de objetivos
de interesse comum. Atende à neces-
sidade de viabilizar e garantir maior es-
tabilidade aos formatos cooperativos
entre municípios, entre municípios e
estados, entre outros, podendo ser
aplicada em vários setores das polí-
ticas públicas. Os consórcios podem
emitir documentos de cobrança e
exercer atividades de arrecadação de
tarifas e outros preços públicos pela
prestação de serviços ou pelo uso ou
outorga de uso de bens públicos por
eles administrados ou, mediante auto-
rização específica, pelo ente da Fede-
ração consorciado.
29
2.4.1. Consórcios públicos
O consórcio público é uma das formas mais conhecidas de cooperação entre entes federativos,
especialmente entre municípios. Ao se consorciarem, os entes federativos são capazes de com-
partilhar estruturas gerenciais, administrativas e de apoio técnico de maior qualificação; criar
escala e reduzir custos na aquisição de bens e na prestação de serviços; e otimizar a manu-
tenção dos equipamentos, do patrimônio e da administração pública.
Um dos principais objetivos dos consórcios é viabilizar a gestão pública nos espaços metropo-
litanos e microrregionais, em que a solução de problemas comuns só pode se dar por meio de
ações conjuntas.
Os consórcios públicos também podem ser muito eficazes na construção de alianças estra-
tégicas, representativas dos interesses regionais comuns, como em bacias hidrográficas ou
polos regionais de desenvolvimento, ampliando assim a capacidade de articulação dos muni-
cípios com as demais esferas de governo.
Com a regulamentação da Constituição pela Lei dos Consórcios7 e o incentivo às ações con-
sorciadas, a tendência é que os consórcios públicos sejam impulsionados e ampliem cada vez
mais suas áreas de atuação.
Como vantagem da ação consorciada, podemos citar, por exemplo, o disposto na Lei Com-
plementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, que em seu art. 21 destaca que os Estados e os
Municípios que estabelecerem consórcios ou outras formas legais de cooperativismo, para a
7
Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, regulamentada pelo Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2008.
30
execução conjunta de ações e serviços de saúde e cumprimento da diretriz constitucional de
regionalização e hierarquização da rede de serviços, poderão remanejar entre si parcelas dos
recursos dos Fundos de Saúde derivadas tanto de receitas próprias como de transferências
obrigatórias, que serão administradas segundo modalidade gerencial pactuada pelos entes
envolvidos.
Outra forma de cooperação entre municípios é a que se estabelece por meio do associati-
vismo.
8
Decreto nº 6.181, de 3 de agosto de 2007.
31
representantes, sendo um de cada macrorregião do país, de forma a garantir a representação
regional de seus membros.
É importante que o(a) prefeito(a) verifique se seu município está filiado a alguma das enti-
dades nacionais que têm assento no CAF e participa desses processos políticos de diálogo
federativo.
O(A) prefeito(a) pode também verificar se o município está representado nas comissões inter-
gestoras (tripartites e bipartites) de deliberação e pactuação das políticas de saúde, meio
ambiente e assistência social.
É importante ainda verificar se existe a Comissão Municipal de Emprego, que se dedica a pro-
mover a política de emprego. Sua existência é imprescindível para se obter recursos do Fundo
de Amparo ao Trabalhador – FAT.
A participação das cidades no sistema internacional é um fenômeno que vem ganhando força
cada vez mais. No caso brasileiro, pode-se considerar de fundamental importância a criação de
estruturas de apoio e incentivo a este processo, tais como a Assessoria Especial para Assuntos
Federativos e Parlamentares – AFEPA, no âmbito do Ministério das Relações Exteriores – Ita-
maraty, e da área de Cooperação Internacional da Subchefia de Assuntos Federativos – SAF da
Secretaria de Governo da Presidência da República.
A perspectiva das relações internacionais dos municípios brasileiros tende a seguir uma lógica
de autonomia e complementariedade. Autonomia, pois são os municípios que definem o temas
prioritários para a sua atuação internacional, desde que estejam no âmbito de suas compe-
32
tências. E complementariedade, pois para que as ações internacionais dos municípios ganhem
escala, possam ter maior impacto e para que estejam bem sintonizadas com os preceitos da
política externa brasileira, devem estar muito bem articuladas com o Governo Federal.
O desafio colocado, tanto para os municípios como para Governo Federal, é encontrar um
modelo de atuação que permita, além da continuidade dos trabalhos, saltos qualitativos das
ações de relações internacionais dos governos locais brasileiros. Por um lado, este salto de qua-
lidade é uma circunstância favorecida pelo protagonismo internacional brasileiro neste início de
século. Por outro, as características do Brasil, país federativo que é, impõem a necessidade de
um avanço republicano e conjunto nos processos de concepção e de implementação de polí-
ticas públicas, inclusive as de relações internacionais ao nível local.
Esse princípio permeará todo o mandato, daí a necessidade de o(a) prefeito(a) conhecer as
legislações existentes e vigentes no município, as quais estabelecerão para seus cidadãos o
cumprimento de determinadas obrigações e o exercício de seus direitos.
33
As principais leis municipais são relacionadas a seguir:
É a lei municipal mais importante pelo seu processo de elaboração e por conter preceitos ine-
rentes à organização do município, bem como sobre as competências e atribuições do Poder
Legislativo e do Poder Executivo.
A Administração Pública Municipal deve ficar atenta à necessidade de atualizar essa lei
visando guardar consonância com as normas constitucionais e infraconstitucionais.
A LOM está submetida a processo legislativo especial, e suas alterações seguem os mesmos
critérios estabelecidos para sua elaboração, ou seja, aprovação por maioria de 2/3 dos verea-
dores, votação em dois turnos e promulgação pela própria Câmara.
Essa lei organiza a Prefeitura. Ela institui as secretarias e demais órgãos, distribuindo as
atribuições entre eles. A lei será mais efetiva se acompanhada de um regimento interno,
expedido por decreto do(a) prefeito(a), pormenorizando essas atribuições e estabelecendo
procedimentos.
Se a estrutura existente na Prefeitura não estiver compatível, o(a) prefeito(a) poderá provi-
denciar projeto de lei para fazer uma adaptação.
Nessa lei estão indicados os cargos existentes no Poder Executivo, em termos qualitativos e
quantitativos. É nela que se identificam a qualificação exigida para a ocupação de cargos, as
carreiras dos servidores, os critérios adotados para ingresso e as condições relativas às pro-
moções. O plano de cargos e carreiras é fundamental para o estabelecimento de uma política
de gestão de pessoas (recrutamento, seleção, treinamento, avaliação e remuneração) que
permita ao município dispor de boa equipe funcional.
O magistério tem tratamento especial, e a seus integrantes são garantidos planos de carreira,
34
piso salarial profissional e ingresso por concurso de provas e títulos9.
Na fixação dos subsídios – denominação dada à remuneração dos agentes políticos: prefeito(a),
vice-prefeito(a), secretários(as) municipais, presidentes de Câmaras e vereadores(as) –, que
deve ocorrer na legislatura em curso para vigorar na seguinte, há de se observar o que dispõem
a Constituição Federal, as respectivas Constituições Estaduais e a Lei Orgânica Municipal.
É importante consultar o Tribunal de Contas competente para saber se foi expedida orientação
ou se houve alguma reprovação por parte desse órgão a respeito da fixação dos subsídios,
como tem acontecido em vários estados.
Essa legislação deve refletir a política fiscal que o ente deseja aplicar. Para tanto, esta deve ser
sempre revista e, quando necessário, atualizada.
Deve conter normas relativas aos tributos de sua competência, suas características, requisitos
relativos à cobrança e inscrição em dívida ativa e processo administrativo fiscal.
O município deve exercer plenamente a sua competência tributária. Somente poderá conceder
isenções, anistias, remissões e subsídios fiscais diversos se observado o disposto na Consti-
tuição Federal10 e na Lei de Responsabilidade Fiscal acerca de renúncia fiscal.
9
Sobre magistério, além da Lei nº 9.394/96, devem ser consultados a Lei n º11.494/07, que regu-
lamenta o Fundeb, a Lei nº 11.738/08, que institui o Piso Salarial Profissional Nacional, e as Reso-
luções nº 2/09 e 5/10, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.
10
Ver art. 150, § 6º da Constituição Federal.
35
devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar
as diretrizes e as prioridades nele contidas.
Conforme o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor deve ser elaborado com a participação da
população e aprovado por lei municipal. Nele devem estar previstas condições para que
a propriedade urbana cumpra sua função social, por meio do estabelecimento de instru-
mentos urbanísticos e tributários.
O Estatuto da Cidade prevê punição para o agente político que não cumprir a determinação
relativa à elaboração e à aprovação do Plano Diretor. Se a Administração anterior não ela-
borou o referido plano, convém identificar as razões e tomar as providências cabíveis.
Caso o Plano Diretor já tenha sido elaborado e aprovado, é importante verificar se foram
instituídos os instrumentos complementares e essenciais a sua implementação, tais como
a legislação urbanística e de parcelamento do solo.
Mesmo os municípios que não são obrigados a elaborar o Plano Diretor têm o dever de
cuidar do ordenamento do solo urbano, cumprindo também as diretrizes expressas no
36
Estatuto da Cidade. Os instrumentos jurídicos de uso, ocupação e parcelamento do solo,
assim como os Códigos de Obras e de Posturas, são para esse fim.
O desafio para os municípios é elaborar um plano que guarde consonância com o Plano
Nacional de Educação e, ao mesmo tempo, garanta sua identidade e autonomia.
37
• disposições sobre legislação tributária;
• disposições sobre equilíbrio entre receita e despesa;
• normas a respeito de empenhos;
• medidas para o controle de gastos e avaliação de resultados;
• recursos e despesas previstos para o exercício.
Essas três leis são de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo e são instrumentos de
apoio ao processo de planejamento. Há de se observar os prazos definidos na Lei Orgânica do
Município para envio dessas leis à Câmara Municipal para apreciação. Caso não tenham sido
definidos os prazos, deve-se observar aqueles estabelecidos no art. 35 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias - ADCT da Constituição Federal.
A LDO é a lei que tem por finalidade orientar a elaboração do Orçamento Anual, compreende
parte das metas e prioridades constantes do PPA. Integrarão o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais11.
A LOA é a lei que estima a receita e autoriza a despesa. Merece atenção especial do(a) pre-
feito(a) que irá assumir, haja vista que a execução de seu plano de governo deverá estar em
consonância com essa lei. Caso sejam necessárias alterações, deverão ser feitas por meio de
abertura de créditos adicionais (suplementares, especiais e extraordinários)12.
Tendo em vista que não poderão ser realizadas despesas sem prévia autorização, caso a LOA
não tenha sido aprovada, há que se abrir créditos especiais para realização das despesas, nos
termos do § 8º do art. 166 da Constituição Federal.
11
Ver art. 4º da Lei Complementar nº 101/2000.
12
Ver art. 167, incisos V e VI, e §§ 2º e 3º da Constituição Federal e Lei nº 4.320/64.
38
Regime dos servidores
Servidores municipais são todas as pessoas físicas que prestam serviços ao município, na Admi-
nistração direta e indireta, submetidas à hierarquia administrativa, mediante retribuição pecu-
niária. Assim, são servidores:
A lei estatutária (estatuto) regulamenta o regime jurídico dos servidores do município ocu-
pantes de cargos de provimento efetivo, relacionando direitos e vantagens, responsabilidades e
obrigações. É importante que o(a) prefeito(a) examine se a lei existente está de acordo com as
normas constitucionais e legais sobre a matéria13.
Compete ao município, observadas essas normas, legislar sobre o assunto, conforme sua con-
veniência e oportunidade. É possível a revisão das relações da Administração com o servidor,
sempre respeitados os princípios e normas constitucionais que se sobrepõem à lei local, e os
direitos adquiridos, também resguardados na Constituição14.
Por outro lado, os servidores sob regime das leis trabalhistas não podem ter suas condições
de trabalho revistas pelo município, pois não é de sua competência legislar sobre direito do
trabalho15. Algumas alterações são possíveis, desde que resultem de acordo entre as partes:
servidor e município.
A Constituição Federal também admite a contratação por prazo determinado para atender a
situações temporárias e excepcionais, mas não admite o uso de servidor temporário para ati-
vidades de caráter permanente. Esses servidores estarão vinculados ao regime estatutário ou
celetista, dependendo do regime adotado pelo município.
13
Ver arts. 37 e seguintes da Constituição Federal, bem como a Lei Complementar nº 101/2000.
14
Ver art. 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal.
15
Ver art. 22, inciso I da Constituição Federal.
39
Deve ser conferido se o município possui lei que regulamente as situações em que se permite
a contratação por prazo determinado e se essa lei está sendo aplicada com rigor. O Ministério
Público tem reprimido contratações indevidas e o(a) prefeito(a) deve estar atento às conse-
quências que podem daí advir16.
A Constituição Federal e a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF estabelecem limites para gastos
com pessoal. Para o Poder Executivo, esse limite é de 54% da receita corrente líquida17; para o
Legislativo, é de 6%.
Regime previdenciário
O município pode ter servidores vinculados a regime próprio ou filiá-los ao Regime Geral de
Previdência, sob o comando do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. Há vantagens e des-
vantagens, tanto em um como em outro.
No regime próprio, o município, por utilizar lei local, pode estabelecer condições relativas às
contribuições e aos critérios de benefícios. É preciso, entretanto, conhecer a legislação federal
aplicável aos regimes de previdência, que contém várias exigências a serem observadas. É
importante lembrar também que, nessa hipótese, as aposentadorias e pensões serão de res-
ponsabilidade do próprio sistema municipal.
Quando o regime é próprio do município, deve haver lei que estabeleça as normas pertinentes
a aposentadorias e pensões dos servidores. A gestão de sistemas próprios de previdência, que
é de responsabilidade do município, pode ser complexa, exigindo capacidades institucionais
específicas visando ao equilíbrio das contas previdenciárias e, consequentemente, a sustenta-
bilidade do sistema.
16
A esse respeito, vale a leitura do Decreto-lei nº 201/67, que sujeita o prefeito a crime de responsabilidade.
Havendo ocorrência de fatos como o citado, o prefeito deve tomar providências para regularizar a situação.
17
Para conhecer o conceito de receita corrente líquida, ver inciso IV do art. 2º da LRF.
40
A contribuição previdenciária dos servidores é obrigatória nos dois regimes, pois visa a custear
a sua aposentadoria e as pensões que porventura venham a existir. O sistema próprio de previ-
dência é, assim, mantido por recursos do ente estatal e dos servidores a ele vinculados.
É fundamental que o(a) prefeito(a) identifique a situação da previdência no município para que
possa tomar medidas que visem ao seu aprimoramento ou, se for o caso, os ajustes necessários.
Qualquer que seja o regime previdenciário do município, o(a) prefeito(a), o(a) vice- prefeito(a),
os(as) secretários(as) municipais e os(as) vereadores(as) deverão estar vinculados ao Regime
Geral do INSS, desde que não sejam servidores públicos. Esse também é o caso dos ocupantes
de cargos comissionados de livre nomeação e exoneração e dos contratados para atender a
excepcional interesse público, nos termos de lei municipal que regulamente o disposto no art.
37 da Constituição Federal.
Regulamentos
Além das leis mencionadas, para que a Administração seja eficiente são necessários regula-
mentos que estabeleçam padrões de desempenho dos serviços de competência municipal.
Dentre as competências da Prefeitura, existem aquelas que possuem relação ou estão reguladas
por legislação federal e estadual. A necessidade de consulta a essa legislação é frequente, por-
18
Sobre essas formas de terceirização, ver Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
41
tanto, sugere-se criar arquivo eletrônico dessas leis para estar disponível para exame a qualquer
momento. O site da Presidência da República permite acesso à legislação federal19.
19
Consultar: http://www4.planalto.gov.br/legislacao
42
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 5.172, de 25 Institui o sistema tribu- Define os tributos, os respectivos fatos gera-
de outubro de 1966 tário nacional e estabelece dores, sua base de cálculo, seus contribuintes,
(Código Tributário Na- normas gerais de direito tri- dentre outras normas de cumprimento obriga-
cional), alterada pela butário aplicáveis à União, tório pelo município. Trata de formas de distri-
Lei Complementar estados e municípios, assim buição do FPM aos municípios.
nº 143, de 17 de julho como do Fundo de Partici-
de 2013. pação dos Municípios/FPM.
Lei nº 8.429, de 2 Estabelece sanções aplicá- Define agente público como todo aquele que
de junho de 1992 veis aos agentes públicos exerce mandato, cargo, emprego ou função
(Lei de Improbidade nos casos de enriqueci- na Administração Pública, ainda que transito-
Administrativa). mento ilícito no exercício do riamente ou sem remuneração, por eleição,
mandato, cargo, emprego nomeação, designação, contratação ou qual-
ou função da Administração quer outra forma de investidura ou vínculo.
Pública direta, indireta ou Aplica-se a todos os agentes públicos, isto é,
fundacional. prefeito(a), vice-prefeito(a), vereadores(as),
secretários(as) municipais, servidores co-
missionados, estatutários e celetistas.
43
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 10.520, de 17 de Institui modalidade de lici- Bastante utilizada para fins de contra-
julho de 2002 (Pregão). tação denominada pregão e tação, especialmente para compra de
Decretos nºs 3.555, de a possibilidade de sua reali- bens e serviços comuns, já que permite
08 de agosto de 2000, e zação por meio eletrônico. agilidade, economicidade e transparência
5.450, de 31 de maio de Regulamenta o pregão e para a Administração.
2005. sobre a modalidade em
forma eletrônica.
Lei Complementar nº 101, Trata de normas de finanças O conhecimento de seu teor é funda-
de 04 de maio de 2000 públicas voltadas para a res- mental para o agente político, especial-
(Lei de Responsabilidade ponsabilidade na gestão mente para o chefe do Executivo e o
Fiscal - LRF). fiscal, como as relativas ao presidente do Legislativo, reforçando o
orçamento, ao gasto público, à planejamento.
prestação de contas, à receita É nessa lei que o município encontra as
pública, à renúncia fiscal e ao regras sobre gastos de pessoal e relató-
endividamento público. rios de gestão.
Lei Complementar nº 131, Altera a redação da Lei de A lei amplia o acesso a informações refe-
de 27 de maio de 2009. Responsabilidade Fiscal, no rentes a despesas e receitas dos entes
que tange à transparência federativos, por meio da exigência de
da gestão fiscal, inovando um padrão mínimo de qualidade na sua
ao determinar a disponibili- prestação e da definição de prazos para
zação, em tempo real, de in- o cumprimento das determinações que
formações pormenorizadas visam assegurar a sua divulgação.
sobre a execução orçamen-
tária e financeira da União,
dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios.
Lei nº 10.028, de 19 de Altera o Código Penal e ou- Aplica-se, em parte, aos agentes públicos
outubro de 2000 (Lei de tras leis para tipificar crimes definidos na Lei de Improbidade Adminis-
Crimes Fiscais). contra as finanças públicas. trativa pelo não cumprimento da LRF.
Lei nº 11.079, de 30 de de- Regulamenta as parcerias pú- As PPPs buscam facilitar o relacionamento
zembro de 2004 (Parcerias blico-privadas. entre o setor público e o privado para am-
Público-privadas - PPPs). pliar a oferta de bens e serviços públicos.
44
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Decreto nº 8.915, de 24 Altera a vigência dos convê- Altera para 30 de junho de 2017 o término
de novembro de 2016. nios e dos contratos de re- da vigência dos convênios e dos contratos
passe, com execução de ob- de repasse celebrados entre os órgãos
jeto iniciada, celebrados entre e as entidades da administração pública
os órgãos e as entidades da federal e os órgãos e as entidades da ad-
administração pública federal ministração pública municipal que se en-
com os órgãos e as enti- cerrariam entre 25 de novembro de 2016
dades da administração pú- e 28 de fevereiro de 2017, desde que es-
blica municipal. tivessem em vigor na data da publicação
deste Decreto.
Lei nº 8.987, de 13 de fe- Dispõe sobre o regime de Trata de concessão e permissão de ser-
vereiro de 1995. concessão e permissão da viços públicos, inclusive precedida da
prestação de serviços pú- execução de obra pública: a construção,
blicos, previsto no art. 175 da total ou parcial, conservação, reforma am-
Constituição Federal, e dá ou- pliação ou melhoramento de quaisquer
tras providências. obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa ju-
rídica ou consórcio de empresas que de-
monstre capacidade para a sua realização,
por prazo determinado.
20
Ver também Decretos nº 1.819, de 16 de fevereiro de 1996; nº 5.504, de 05 de agosto de 2005,
nº 6.428, de 14 de abril de 2008; nº 6.497, de 30 de junho de 2008.
45
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
46
LEGISLAÇÃO DO QUE TRATA COMENTÁRIO
Lei nº 13.303, de 30 de Dispõe sobre o estatuto ju- É vedada a indicação, para o Conselho de
junho de 2016, regula- rídico da empresa pública, Administração e para a diretoria, dentre
mentada pelo Decreto da sociedade de economia outros, de representante do órgão regu-
nº 8.945, de 27 de de- mista e de suas subsidiárias, lador ao qual a empresa pública ou a so-
zembro de 2016. no âmbito da União, dos Es- ciedade de economia mista está sujeita,
tados, do Distrito Federal e de Ministro de Estado, de Secretário de
dos Municípios. Estado, de Secretário Municipal, de titular
de cargo, sem vínculo permanente com o
serviço público, de natureza especial ou
de direção e assessoramento superior
na administração pública, de dirigente
estatutário de partido político e de titular
de mandato no Poder Legislativo de qual-
quer ente da federação, ainda que licen-
ciados do cargo. A União fica proibida
de realizar transferência voluntária de
recursos a Estados, ao Distrito Federal e
a Municípios que não fornecerem ao Re-
gistro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins as informações relativas
às empresas públicas e às sociedades de
economia mista a eles vinculadas.
Quanto à legislação estadual, o(a) prefeito(a) e seus auxiliares diretos devem conhecer, entre
outras leis, a Constituição e a legislação tributária do seu estado, notadamente os critérios de
repartição dos impostos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Ser-
viços - ICMS e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA. Compreender
a organização judiciária do estado também é útil, pois as ações judiciais envolvendo o muni-
cípio são comuns.
47
As legislações federal e estadual sofrem alterações constantes, por isso deve-se estar atento
à edição de novas normas, com incidência nos municípios, que venham a ser expedidas, bem
como à jurisprudência emitida pelos Tribunais Superiores.
O grande número de leis aplicáveis, pela sua extensão e complexidade, pode trazer dificul-
dades à Administração Municipal. Ao longo do exercício do mandato, é necessário cuidado
para que não se cometam ilegalidades ou ilegitimidades que venham a trazer danos para
os cidadãos locais, para o município e para suas autoridades.
Fontes de receita
O município detém várias fontes de receita. Deve-se examinar a legislação tributária muni-
cipal para verificar se atende a melhor técnica e permite arrecadar os tributos de modo
a aliar justiça fiscal e eficiência, se contém entraves burocráticos ao desenvolvimento das
atividades econômicas e se incentiva a formalização dos contribuintes.
É útil que se faça comparação entre o que o município está arrecadando e o que outros
municípios do mesmo porte têm obtido por fonte de receita. O conhecimento sobre a
arrecadação de outros municípios também pode ser útil na identificação de fontes alter-
nativas ou de arranjos inovadores.
48
• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS, Imposto Predial e Territorial
Urbano - IPTU, Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis - ITBI;
• taxas pelo exercício do poder de polícia e taxas pela prestação de serviços;
• contribuição de melhoria, contribuição para custeio da iluminação pública e contri-
buição previdenciária (se for o caso);
• atividades econômicas, tais como agropecuária, indústria e serviços, exercidas dire-
tamente ou por meio de concessões e permissões ou parcerias público-privadas;
• fruição (uso, cessão) do patrimônio municipal – aluguéis, arrendamentos, partici-
pações societárias e aplicações financeiras;
• operações de crédito (sem esquecer que essa receita exige desembolso posterior
para sua liquidação junto ao operador);
• participação no produto da arrecadação federal e estadual (Fundo de Participação
dos Municípios - FPM, Imposto Territorial Rural - ITR21, Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços - ICMS, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automo-
tores - IPVA, Imposto de Renda Retido na Fonte de pessoas físicas e jurídicas);
• compensação financeira (royalties) pela exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos e de outros recursos minerais em seu território, plataforma conti-
nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva;
• transferências voluntárias da União e do estado por meio de convênios e contratos
de repasse;
• transferências fundo a fundo nas áreas de saúde e assistência social;
• relações com terceiros (públicos ou privados) por meio de convênios, termos de
parceria e outros instrumentos.
21
O Município pode optar pela arrecadação integral do ITR através de convênio com a Receita Federal do
Brasil. Ver art. 153, §4º, inciso III da Constituição Federal e Lei nº 11.250, de 2005.
49
Execução financeira
Para dar início à execução financeira, devem ser tomadas as seguintes providências:
• enviar o autógrafo do(a) prefeito(a) aos bancos em que o município mantém movimen-
tação;
• analisar a programação financeira e o cronograma de desembolso para o exercício que se
inicia e promover os ajustes que julgar necessários, nos limites da autorização legislativa;
• verificar se houve despesas sem empenho no exercício anterior e regularizar a situação;
• verificar a existência de precatórios22 e agendar os respectivos pagamentos nos termos
determinados em lei;
• providenciar o levantamento da dívida ativa, tributária e não tributária, para efetivar sua
cobrança;
• verificar se a receita prevista para o primeiro bimestre está compatível com as metas de
resultado primário, ou seja, a capacidade de pagar, e nominal, isto é, a capacidade de
assumir compromissos a longo prazo;
• verificar se os gastos com pessoal e a dívida pública estão nos limites previstos na Lei de
Responsabilidade Fiscal - LRF.
Após a posse, caberá ao(à) prefeito(a) enviar a prestação de contas do último exercício do
mandato de seu antecessor aos órgãos competentes. Além dessa documentação, o chefe do
Executivo deve elaborar e encaminhar ao Tribunal de Contas os seguintes relatórios:
• relatório resumido da execução orçamentária, o qual deverá ser publicado até trinta dias
após o encerramento de cada bimestre;
22
Ver art. 100 da Constituição Federal, Emenda Constitucional 62/2009 e Ação Direta de Inconstitu-
cionalidade 4425.
50
• relatório de gestão fiscal, o qual deverá ser publicado até trinta dias após o encerramento
de cada quadrimestre.
Gestão do patrimônio
Gestão tributária
O Código Tributário Municipal (CTM) é o instrumento pelo qual a população, por meio
de seus representantes legais, agentes políticos integrantes dos poderes Legislativo e
Executivo, explicita a natureza e o montante de recursos de origem tributária que cada
munícipe irá desembolsar para, juntamente com as demais fontes de receita, financiar a
ação do governo local.
51
informar também a respeito da existência, na Prefeitura, de programa de treinamento,
capacitação e desenvolvimento de servidores em todos os níveis hierárquicos.
O programa poderá ser objeto de avaliação e aprimoramento ou, se não existir, deve ser
iniciada a sua concepção para o início do novo mandato, com objetivos de:
52
A Lei de Acesso à Informação (LAI) inaugura, portanto, um novo patamar na relação entre a
sociedade e o Poder Público brasileiro em suas três esferas, tornando-o mais transparente e
democrático. Com ela, o cidadão se fortalece diante do Estado, ampliando seu poder de controle
e de fiscalização dos atos da administração pública.
De caráter nacional, a LAI estabelece normas gerais para todos os entes federativos e normas
específicas para a União. No que concerne ao Poder Executivo federal, o Decreto nº 7.724, de
16 de maio de 2012, regulamentou os procedimentos para a garantia do acesso à informação e
para a classificação de informações sob restrição de acesso, observados o grau e prazo de sigilo.
Os principais compromissos internacionais contra a corrupção firmados pelo Brasil são: a Con-
venção da Organização dos Estados Americanos (OEA), de 1996; a Convenção da Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 1997; e a Convenção da Organi-
zação das Nações Unidas (ONU), de 2003.
De acordo com o art. 45 da Lei nº 12.527, de 2011, compete aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios criar legislação própria para, obedecidas as normas gerais estabelecidas na
LAI, definir regras específicas para a sua aplicação plena em âmbito local. Tais normas disporão
especialmente sobre a criação e funcionamento do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), e
sobre os procedimentos para interposição de recurso pelo requerente no caso de indeferimento
de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso. De qualquer modo, ainda que os
demais entes federativos não atendam à obrigatoriedade de regulamentar o direito de acesso
à informação, os seus dispositivos gerais valem para todos os entes e – embora a não regula-
mentação possa dificultar o exercício do direito pelo cidadão – não há que se falar na não apli-
cabilidade da Lei de Acesso à Informação nos Estados, Distrito Federal e Municípios, uma vez
que a maioria dos seus dispositivos tem eficácia imediata. Com isso, por exemplo, mesmo que o
município não tenha editado normas específicas sobre a estrutura de atendimento a solicitações
de informação, a Lei nº 12.527, de 2011 – por si só – garante ao cidadão o direito de acesso às
informações e documentos.
Aos municípios com até 10.000 (dez mil) habitantes, a Lei de Acesso à Informação os dispensou
da divulgação obrigatória na internet de informações de interesse coletivo ou geral por eles
produzidas ou custodiadas (art. 8º, § 2º), mantendo, todavia, a obrigatoriedade de divulgação,
53
em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e
prazos previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Um rol mínimo de informações de interesse coletivo e geral é apresentado na LAI. A lei define
ainda prazos e padrões mínimos para atendimentos de pedidos de acesso. Para isso, ela tratou
de definições e procedimentos que promovam a chamada transparência ativa. Esta consiste na
divulgação de informações, por iniciativa da própria administração pública, em meios de fácil
acesso ao cidadão. A transparência passiva, ao contrário, se configura quando o Poder Público
dá acesso a uma determinada informação a partir de uma solicitação específica da sociedade.
Com o acesso prévio à informação, a chamada transparência ativa, o cidadão não precisa se
dirigir a órgãos e entidades públicas, o que gera benefícios para ele e economia de tempo e
recursos para a Administração.
No âmbito do Executivo
Conselhos
Principal canal de participação popular encontrado nas três esferas de governo, os conselhos
são obrigatórios nas áreas de saúde, assistência social, meio ambiente, criança e adolescente
e educação. Devem ser representativos da população, especialmente dos segmentos direta-
mente interessados. Embora heterogêneos, os conselhos possuem algumas características
recorrentes, como composição plural e paridade de representação.
54
O(A) prefeito(a) deve examinar a legislação específica de cada conselho existente em seu
município, bem como seu regimento interno, para, se for o caso, recomendar medidas para
aperfeiçoá-los. A atenção com a capacitação dos conselheiros tem sido componente impor-
tante para o bom funcionamento desses colegiados nos municípios.
Consulta pública
Forma pela qual o governo municipal dá voz a setores da população, indivíduos interessados,
especialistas ou todos que quiserem se manifestar a respeito de questões enfrentadas pela
sociedade, bem como apresentar alternativas para sua correção e formulação ou reformu-
lação de políticas, planos, programas e projetos que possuam relação com o fato posto em dis-
cussão. Uma forma de consulta pública, em relação ao Plano Diretor, encontra-se no Estatuto
da Cidade.
Cogestão
É um processo que consiste na partilha de responsabilidades entre o estado e os potenciais
beneficiários, na tomada de decisões e na implementação conjunta de medidas que tendem a
otimizar a utilização dos recursos públicos para um fim específico.
Entidades estatais, agências governamentais e outras organizações podem ser geridas dessa
maneira, com a participação de representantes da sociedade em seus conselhos ou diretorias.
Conferências
As conferências constituem espaços privilegiados de efetivação da participação e do controle
social no planejamento e avaliação de políticas públicas, fundamentais para a sua democrati-
zação. São espaços deliberativos, onde se avalia a situação e se definem as diretrizes.
No âmbito do Legislativo
55
A participação popular pode ocorrer em audiências públicas ou na tribuna livre. Audiências
públicas são eventos em que cidadãos interessados participam da discussão de projetos de leis.
A tribuna livre é utilizada em muitas Câmaras como forma de permitir que cidadãos se mani-
festem durante as sessões do Legislativo sobre proposições que estão em tramitação.
Hoje, com a expansão das tecnologias de informação e comunicação (TICs), há mais condições
para que o município mantenha, por exemplo, páginas na internet com informações de natureza
diversa sobre ele e seu governo. Essas páginas só cumprirão o seu papel se forem permanente-
mente atualizadas. A informação sobre o novo governo deve ser introduzida em seguida à posse
para permitir o conhecimento da nova realidade do município e da Administração.
4. Controle da Administração
O controle da Administração é uma função permanente de orientação, monitoramento e cor-
reção dos rumos da gestão no tocante às suas decisões e ações. Com isso, o controle pode ser:
23
Ver arts. 70 e seguintes da Constituição Federal. Ver também Lei Complementar nº 101/2000 – LRF.
56
Ainda no que se refere ao controle da Administração, convém lembrar que o chefe do
Poder Executivo pode estar sujeito a ações por crime de responsabilidade, crimes fun-
cionais, crimes por abuso de autoridade, bem como crimes comuns e especiais, e que o
cometimento dessas infrações pode levar à perda de mandato.
Controle interno
É o controle exercido pela própria Administração, por seus órgãos, sobre seus próprios atos
e agentes. Assim, o Poder Executivo, o Poder Legislativo e demais órgãos e entidades muni-
cipais devem efetuar, dentro do seu âmbito organizacional, os seus próprios controles.
O(A) prefeito(a) eleito(a) deve certificar-se da existência, na Prefeitura e nos demais órgãos
e entidades do Poder Executivo, de sistema de controle interno, que poderá estar sob a res-
ponsabilidade do secretário de Finanças ou do controlador geral, o que dependerá da orga-
nização local.
Na fase de transição, é oportuno e conveniente que o(a) novo(a) gestor(a) obtenha do res-
ponsável pelo sistema de controle interno as informações pertinentes às contas governa-
mentais (orçamentárias, financeiras e patrimoniais), aos contratos e convênios, às despesas
com pessoal e aquelas de natureza obrigatória (educação e saúde, por exemplo), e sobre
as providências adotadas em relação às recomendações dos órgãos de controle, bem como
outras que entender necessárias à visão do conjunto.
57
Controle externo
O controle externo é atribuição do Poder Legislativo, que o exerce com o auxílio do Tribunal de
Contas. O Poder Judiciário também exerce controle externo, porém somente se provocado pelo
Ministério Público, por algum cidadão ou por outro titular do poder de peticionar judicialmente.
Outro exemplo de controle externo ocorre por iniciativa do Ministério Público, geralmente
utilizando a ação civil pública, frequentemente proposta para sanar irregularidades que se
enquadrem como improbidade administrativa, podendo também estar vinculada a danos ao
meio ambiente, à ordem urbanística e a outros interesses difusos e coletivos.
Além do Ministério Público, podem também propor essa ação a Defensoria Pública, a União, os
estados, o Distrito Federal e os municípios, autarquias, empresas públicas, fundações e socie-
dades de economia mista e associações civis, estas quando atendam aos requisitos legais.
O Tribunal de Contas respectivo, por sua vez, é responsável pela apreciação das contas apresen-
tadas pelo(a) prefeito(a), sobre as quais emitirá parecer prévio pela aprovação ou rejeição. O parecer
prévio somente deixará de prevalecer se, pelo menos, dois terços dos membros da Câmara, no
momento do julgamento das contas do(a) prefeito(a), votarem contra a decisão do Tribunal.
58
4.2. Tipos de controle exercidos pela Câmara Municipal
59
estabelece, no âmbito do município, entre a sociedade e o governo local. As formas não
são mutuamente excludentes, podem coexistir, se combinar e se intercomplementar.
A Constituição Federal prevê a participação popular direta ou por meio de organizações repre-
sentativas na formulação das políticas públicas e no controle das ações em todos os níveis.
Foram incluídas, no texto constitucional, diversas formas participativas de gestão e controle
em áreas como saúde, educação, assistência social, políticas urbanas, meio ambiente, entre
outras.
A partir da Carta Magna, uma nova legislação participativa foi implementada, viabilizando a
criação de novos mecanismos de participação e controle social, como os conselhos de polí-
ticas públicas, conferências, mesas de diálogo, fóruns de debate, audiências públicas, ouvi-
dorias, orçamentos participativos, etc.
60
Conferências – são espaços públicos de debates entre o Estado e a sociedade
civil e simbolizam a ampliação da participação popular na gestão das políticas
públicas. As conferências nacionais são grandes fóruns organizados, em que os
diversos segmentos da sociedade debatem as políticas públicas do país.
61
problema econômico, social ou cultural. As organizações têm a capacidade de
despertar o civismo e a cooperação social nos seus participantes. Constituem-se
em uma forte ferramenta de mobilização social, contribuindo para a manu-
tenção da democracia, uma vez que possibilita a manifestação de interesses de
quaisquer segmentos.
Ação popular – A ação popular é o instrumento por meio do qual qualquer cidadão
pode ter a iniciativa de procurar obter a invalidação de atos ou contratos ilegais e
lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico-cultural.
Outros meios existem para que o cidadão possa participar do controle exercido sobre a
Administração, tais como o exame das contas do município, que devem ficar à disposição
dos cidadãos e de instituições da sociedade.
62
5. Início de mandato
5.1. Equipe de governo
Para a formação da equipe de governo, é importante que o(a) prefeito(a) conte com téc-
nicos de sua confiança nas áreas contábil, tributária, jurídica, de pessoas, de obras, de
planejamento e de comunicação social.
Quando o(a) prefeito(a) optar pela mudança dos ocupantes dos cargos, é conveniente que
as substituições sejam feitas gradualmente, para evitar paralisação dos trabalhos até que
os novos ocupantes passem a dominar os trâmites legais e burocráticos.
24
Súmula Vinculante do STF nº 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, ou, ainda, de função
gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal”.
63
Essa súmula dispõe que é inconstitucional a nomeação de parentes, como pais, avós,
filhos, netos, irmãos, sobrinhos, tios, cônjuges, sogros, genros, noras e cunhados. Primos
não estão incluídos. Caso ocorra nomeação com status de agente político, em desacordo
com essa súmula, a interpretação corrente é no sentido de que qualquer cidadão ou insti-
tuição interessada pode recorrer ao Judiciário para pedir a sua anulação.
É importante obter uma relação das dívidas do município, por credor, com as datas dos
respectivos vencimentos, inclusive as dívidas de longo prazo e encargos decorrentes de
operações de crédito, que informe sobre a capacidade de a Administração realizar novas
operações de crédito de qualquer natureza, uma vez que existem normas que estabelecem
condições para o endividamento do município, como resoluções do Senado Federal.
De posse desses dados, a nova Administração poderá também conhecer o grau de com-
prometimento do orçamento para o seu primeiro ano do mandato.
64
5.4. Convênios e contratos com a União e com o estado e recebimento
de subvenções e auxílios
A equipe de gestão deve buscar informações sobre convênios assinados, executados e em execução,
e também sobre os assinados e não executados, sejam eles com a União ou com o estado. A falta de
prestação de contas ou a prestação insuficiente ou irregular pode caracterizar inadimplência do muni-
cípio e impedir a celebração de novos convênios.
As informações acerca dos convênios firmados com o Governo Federal poderão ser obtidas pelo site
do Tribunal de Contas da União – TCU, que é o órgão competente para fiscalizar o uso dos recursos
de convênios com a União, bem como pelo site do Ministério da Transparência, Fiscalização e Contro-
ladoria-Geral da União – CGU, que exerce fiscalização sobre recursos federais repassados aos muni-
cípios.
Outra fonte segura sobre a legislação aplicável e sobre os convênios e contratos firmados pelo Governo
Federal com municípios é o Portal de Convênios. Nesse Portal o(a) prefeito(a) poderá encontrar,
inclusive, indicações de cursos a distância e de manuais sobre execução desses convênios. Para obter
as informações sobre convênios do seu município com a União acesse os sites25 do TCU, da CGU, o
Portal dos Convênios e o Portal da Transparência. Outra forma de acessar essas informações e outras
que o Governo Federal dispõe sobre o seu município é através do Portal Federativo26.
Os serviços municipais que são prestados sob a forma de concessão ou permissão ou delegação
devem ser analisados para a verificação da existência de contratos, sua regularidade, condições de
operação e qualidade de atendimento. Outro aspecto é o exame das tarifas praticadas em relação à
capacidade da população pagá-las e a do prestador em mantê-las.
25
www.tcu.gov.br, www.cgu.gov.br, www.convenios.gov. e www.portaltransparencia.gov.br.
26
www.portalfederativo.gov.br
65
Os técnicos de confiança do(a) prefeito(a) eleito(a) poderão examinar essas tarifas e oferecer
relatório para determinar, se for o caso, as medidas de correção e ajuste.
É importante que se conheça a situação dos contratos de obras, serviços e fornecimentos con-
tratados e não executados, ou em atraso; se os pagamentos estão em dia e se correspondem
ao que foi contratado; se as obras, serviços e fornecimento de bens estão correspondendo ao
desejado; e se os procedimentos licitatórios dos mesmos estão de acordo com a legislação
pertinente27.
As cláusulas dos contratos devem ser examinadas com atenção, para saber se estão de acordo
com as leis aplicáveis e se contêm algo desfavorável ao município. Deve-se aproveitar a oportu-
nidade para verificar se os preços contratados são compatíveis com os praticados no mercado
e com a qualidade do serviço, da obra ou do bem fornecido.
Atentar que, os recursos públicos, aí incluídos os depósitos judiciais, devem ser mantidos em
bancos públicos28, conforme determina o artigo 164 da Constituição Federal, orientações
formais de alguns Tribunais de Contas Estaduais e Municipais, bem como decisão do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).
27
Ver Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos).
28
Ver o artigo 164 da Constituição Federal.
66
Quanto às licitações, convém verificar se há pendências, contestações dos licitantes, se os pro-
cedimentos foram cumpridos, se os processos correspondentes atendem às normas legais e se
os casos de dispensa e inexigibilidade estão devidamente justificados.
A situação da dívida ativa, em cobrança administrativa ou judicial, bem como dos créditos lan-
çados e não recebidos no exercício vigente no momento da transição, deve ser verificada. Há
municípios em que o volume de recursos inscritos em dívida ativa é bastante elevado, o que
pode indicar que:
67
• o município não reúne condições e meios técnicos suficientes para conseguir o cumpri-
mento da obrigação tributária;
• os contribuintes não pagam porque os tributos estão sendo cobrados em valores incom-
patíveis com a renda da população;
• o município não demonstra ao contribuinte que o pagamento dos tributos, que, além de
ser obrigação legal, reverte-se em benefícios para a população.
Conhecendo a situação dos créditos, convém pensar em realizar campanha para estimular o
pagamento ou proceder à cobrança judicial. Se o valor em cobrança é grande, é possível pensar
em promover a revisão da legislação e dos métodos de cobrança para adequar a lei local e apro-
ximar o contribuinte à Administração.
Pode-se, ainda, como forma de auxiliar na recuperação dos créditos, firmar convênio com ins-
tituição financeira oficial para a prestação de serviço de arrecadação de créditos inscritos em
dívida ativa por meio da emissão de boletos ou carnês de cobrança.
Quanto aos tributos relativos ao presente exercício, cabe comparar o valor lançado com o
arrecadado e examinar a legislação, as alíquotas praticadas para os diversos tributos e outros
aspectos que possam explicar o comportamento dos contribuintes quando há evasão expressiva
de recursos.
A comparação dos critérios utilizados nos principais tributos cobrados no município com os que
usam municípios vizinhos ou de porte semelhante também é importante. Pode estar havendo,
por exemplo, redução de contribuintes que se inscrevem em outro município porque pagarão
menos imposto sobre serviços.
Se esse número for excessivo, cabe examinar com detalhes a situação e, se for o caso, promover o
seu retorno ou permitir a sua cessão quando houver justificativa para tanto.
68
O(A) prefeito(a), por meio de sua equipe, deve obter informações sobre a folha de pagamento,
abrangendo servidores ativos, inativos e pensionistas, para saber se há sintomas de irregularidades.
Sugere-se verificar com especial atenção os controles existentes sobre a folha de pagamento e a
data do último recadastramento de servidores, ativos e inativos, e pensionistas. Havendo dúvidas
quanto à correção dos pagamentos efetuados, o gestor público pode se valer de procedimentos de
recadastramento.
Muitos municípios promoveram parcelamentos de seus débitos com INSS, FGTS e PASEP relativos
aos seus servidores vinculados ao regime celetista. É importante verificar qual é a situação do muni-
cípio frente a esses credores: se há débitos, qual o seu montante, se há parcelas em atraso, quanto
tempo se levará para a quitação.
O(A) prefeito(a) eleito(a) deve ficar atento porque o município que for devedor da União, do
estado e de suas autarquias pode ter o recebimento de suas quotas derivadas da repartição de
receitas suspenso, conforme autoriza a Constituição29.
O(A) novo(a) prefeito(a) deve solicitar à Câmara relação dos projetos de leis que o chefe do
Executivo que está deixando o cargo encaminhou, contendo o seu teor. O relacionamento com
a Câmara Municipal é importante para que o governo possa agir no interesse público. Assim, é
importante procurar saber também se existem projetos de iniciativa de vereadores que afetam
a ação do Executivo para a eventualidade de nova providência a ser tomada no âmbito da Admi-
nistração.
Quanto aos projetos em tramitação, é conveniente verificar quais devem ter o seu andamento
acelerado, seja no mandato que se encerra ou no início da nova gestão, e quais devem ser
retirados para melhor apreciar o seu conteúdo. É conveniente ainda conhecer as últimas leis
sancionadas ou vetadas pelo(a) prefeito(a). Neste último caso, deve-se saber se o veto foi apre-
ciado e, tendo sido, se foi mantido ou rejeitado.
29
Parágrafo Único, art. 160 da Constituição Federal.
69
A Constituição Federal estabelece normas a respeito dos recursos destinados à Câmara Muni-
cipal, inclusive quanto a limites de gastos e de remuneração dos vereadores. Uma fonte de
conflito entre os poderes Executivo e Legislativo decorre do repasse inadequado dos recursos
a este destinados.
Constitui crime de responsabilidade do(a) prefeito(a) repassar à Câmara Municipal valores acima
dos permitidos pela Constituição, não efetuar o repasse mensalmente ou enviá-lo a menor em
relação à proporção prevista na lei orçamentária anual.
70
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Assistência Social – SUAS e do Programa Bolsa Família – PBF. Rio de Janeiro: IBAM: Unica-
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71
“Guia Básico para Gestão nos Municípios”é uma publicação
de cunho informativo e de prestação de serviço.
72