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Carta aos dirigentes das Centrais sindicais

após a greve geral de 24 de Novembro

Depois da mobilização de milhões de trabalhadores na greve geral de 24 de


Novembro, poderão os dirigentes das Centrais sindicais aceitar o quadro da
“concertação social” imposto por Sócrates?

Caros camaradas Manuel Carvalho da Silva e João Proença,


Apesar das grandes dificuldades que o movimento sindical atravessa, todos nós podemos sentir-nos
orgulhosos por termos ajudado a realizar, cada um com o seu contributo específico, a maior greve geral
já feita no nosso país.
Como afirma a Resolução da UGT, de 26 de Novembro: “Foi a maior greve de sempre no nosso país,
demonstrando bem a força e credibilidade dada pela unidade na acção, visando objectivos comuns.”
Os objectivos comuns foram e são os da exigência de retirada do PEC 3, que – como justamente é dito
na Resolução da UGT adoptada antes da greve – “prepara um PEC4 e só vai provocar mais
desemprego, mais sacrifícios e mais desigualdade”.
Nesta situação tão grave, como aceitar então que a já citada Resolução da UGT, de 26 Novembro,
afirme: “(…) o combate ao défice torna-se indispensável, mas as medidas necessárias têm que passar
por uma justa repartição dos sacrifícios”?
O que se torna necessário é que a UGT e a CGTP assumam, em comum, a posição expressa por esta
na Resolução do seu Conselho Geral, a 30 de Novembro: “A CGTP combaterá as medidas anti-
trabalhadores contidas no Orçamento do Estado para 2011, exigindo a sua eliminação.”
Sim, é preciso a unidade para a “eliminação destas medidas”. Mas, como vamos conseguir eliminá-las?
Como vamos conseguir impedir a concretização do plano de despedimentos imediatos, na Groundforce-
TAP, mais os mil anunciados no sector das Finanças, ou os outros mil anunciados entre os enfermeiros,
os milhares e milhares que se preparam entre os professores, bem como nos outros sectores, quer das
empresas públicas quer das privadas?
Como vamos impor o salário mínimo nacional de 500 euros, a partir de Janeiro de 2011?
Como vamos impedir o corte nos salários e nas pensões de reforma, quer por via directa, quer pelo
aumento dos impostos e outros descontos?
O governo de Sócrates afirmou estar determinado a não se afastar uma linha deste plano – acordado
com o PSD e a União Europeia –, e até a aprofundá-lo, tornando ainda mais refinado o Código Laboral,
que o PS tinha prometido alterar, nos seus aspectos mais gravosos, antes das eleições legislativas de
2005.
Sócrates acaba de dizer que conta com as reuniões de “concertação” e com o “diálogo social” para pôr
em prática o plano de austeridade da União Europeia.
Será possível ao Governo executar este plano – que prepara mais miséria e destrói o nosso país – sem
“concertação social”?
Para que servem estas reuniões da “concertação social”, se já está tudo aprovado, se o Governo não
vai afastar-se uma linha do seu plano?
É pertinente a posição de dirigentes sindicais que afirmam: “O que de pior pode acontecer a uma greve
geral bem sucedida é não ter continuidade”.
Sim, é preciso dar continuidade ao sucesso da greve geral. Fazê-lo é ajudar a potencializar o esforço
dos milhões que a realizaram. É dar um passo no reforço da organização para impor, de imediato, o
recuo nos despedimentos e no corte dos salários.

Caros camaradas,
O que vos pedimos é que não ajudem Sócrates a manter o dispositivo para executar estas medidas.
Não dêem aval ao quadro da “concertação social” e defendam esta posição junto das Centrais sindicais
dos outros países europeus, para que seja possível a unidade dos trabalhadores à escala da Europa,
derrotando as políticas ditadas pelas instituições da União Europeia e pelo FMI.
Assumimos, por inteiro, a posição da CGTP quando escreve, na sua Resolução de preparação da greve
geral: “É preciso tomarmos nas nossas mãos o destino do país, pois não se pode continuar pelos
caminhos em que nos encontramos, porque por aí vamos para o abismo”.
É por isso que reafirmamos o que dissemos na Carta que vos escrevemos a 13 de Novembro: Contem
connosco para continuar a participar na construção de uma rede de militantes que defendam a
independência e a democracia dos nossos sindicatos, a negociação colectiva, a recusa de participação
em “diálogos sociais” – que só servem para pôr em prática despedimentos e todos os outros ataques
aos trabalhadores.

Primeiros subscritores (participantes na reunião de 11 de Dezembro, em Lisboa):


Aires Rodrigues (dirigente do POUS); Ana Tavares Silva (membro da Coordenadora dos professores contratados do
SPGL); Carlos Melo (SBSI-UGT); Carmelinda Pereira (dirigente do POUS); Cláudio Lordelo (vidreiro da Ifavidro); Erasmo
Vasconcelos (membro da CT da Groundforce); Helena Carvalho (SINTAP-UGT); Isabel Pires (dirigente do SPGL);
Joaquim Pagarete (membro da Coordenadora dos professores aposentados do SPGL); José Luís Teixeira (designer);
Paula Montez (membro da Comissão pela Proibição dos Despedimentos); Vladimir Rodrigues (pintor).

Subscrevo esta carta:

NOME Sector profissional Sindicato CONTACTO

Comissão pela Proibição dos Despedimentos http://proibicaodosdespedimentos.blogspot.com


Contacto: Rua Santo António da Glória, 52-B, cave C, 1250-217 LISBOA

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