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APLICAÇÕES EM SISTEMAS DE GEOVISUALIZAÇÃO: UMA

PROPOSTA METODOLÓGICA A PARTIR DE COMPONENTES “WEB”


GENÉRICOS

Sandro Laudares1,2, João Francisco de Abreu (Phd.) 2, 3


1
Departamento de Ciência da Computação – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
2
Programa de Pós-graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial –
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

3
Pró-reitoria de Pós-graduação (PROPPG) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
{laudares}@pucminas.br, {jofabreu}@pucminas.br

ABSTRACT
This paper focuses on the use of generic components through the internet and
how it can replace the need of complete desktop Geographic Information
Systems (GIS) which are expensive and difficult to learn. Implementing GIS
applications at any organization nowadays imply intensive training and
dedication, which results on delays and difficulty to implement projects. This
work’s main goal is to investigate and classify generic geovisualization “web”
components. Thus, an environment used as a repository to support WebGIS
development was modeled and implemented. The “web” components
applicability and effectiveness are proved through “real life” use cases. These
components can be customized and integrated in information systems
throughout any organization. This process eliminates the use of costly and
complex GIS software.

RESUMO

Este artigo demonstra que o uso de componentes, acessados através da Internet,


substitui os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) completos, de alto custo
e complexidade. A implantação de SIG´s nas organizações atualmente envolve
treinamento especializado e dedicação dos usuários, resultando em atrasos e
dificuldade de implantação de projetos. O principal objetivo deste trabalho é a
investigação e classificação de componentes genéricos para Geovisualização na
“web” e a organização de um ambiente virtual utilizado como repositório para
dar suporte à geração de SIGs na Internet, comprovando a aplicabilidade e
eficácia do uso desses componentes através da utilização em estudos de caso.
Componentes genéricos podem ser adaptados e integrados aos sistemas de
informação disponíveis nas organizações, eliminando a necessidade de aquisição
de softwares de geoprocessamento de alto custo e difícil utilização.
2

INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda questões metodológicas e aplicadas relacionadas com o


tema Geovisualização, apresentando como resultado um ambiente de componentes de
software genéricos, que podem ser estendidos para a construção de sistemas específicos
que serão referenciados neste trabalho como “Sistemas de Geovisualização” para a
internet. Trata-se de um conjunto de componentes de código aberto, que implementam
funções visuais de geoprocessamento através da “web”. A geovisualização permite a
apresentação visual de segmentos e tendências a partir da recuperação de informações
em grandes bases de dados e uma otimização de recursos, esforços humanos e
materiais, em função das características intrínsecas dos mesmos em cada território.

JUSTIFICATIVA

Iniciativas de código aberto internacionais, de alta qualidade na área de


geoprocessamento já estão disponíveis no mercado atualmente, mas tais aplicações
ainda estão sub-utilizadas, principalmente na administração pública. SIGs na Internet
tornaram-se uma alternativa viável e de baixo custo para a tomada de decisão na
administração pública e privada, proporcionando ao tomador de decisão uma
representação lógica e gráfica de informações geograficamente referenciadas, reduzindo
o custo com tecnologia nas organizações. Os “Sistemas de Geovisualização” via
Internet surgem, assim, em tempos de maiores desafios, servindo de instrumento de
gestão, planejamento e análise de mercado e de seu potencial, permitindo uma
concentração e direcionamento de esforços, ou seja, uma efetiva racionalização.A
disponibilidade de um ambiente de componentes de software que implementam
algoritmos de diversos métodos de Geovisualização e funções visuais de análise
espacial, contendo as especificações de cada funcionalidade e exemplos práticos de sua
aplicação torna possível ao usuário a identificação dos componentes que melhor
atendem sua demanda, possibilitando a resolução do seu problema via Internet, sem a
necessidade de utilização de um SIG mais complexo, e normalmente de maior custo.

ANÁLISE ESPACIAL, GEOPROCESSAMENTO E


GEOVISUALIZAÇÃO

A compreensão da organização do espaço é um dos aspectos fundamentais nos


estudos geográficos e, na maioria dos casos, a análise espacial “... se volta ora para o
comportamento de um lugar ou grupos de lugares segundo um elenco de variáveis, ora
para o modo pelo qual o comportamento das variáveis é afetado pelo espaço onde
ocorrem; ou até mesmo, uma interação entre as duas abordagens.” (CASTRO e
ABREU, 2004, p. 9). Atualmente, os métodos quantitativos de classificação e de
3

regionalização na análise espacial são implementados por sistemas digitais, bem como,
as técnicas cartográficas para representar a dinâmica da organização espacial. Ainda,
segundo os autores citados acima:
Os recursos oferecidos atualmente, principalmente pelos Sistemas de
Informações Geográficas (SIG’s), pela Cartografia Digital, pela Estatística
Multivariada e pelos Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados
(SGBD), têm proporcionado elevado nível de precisão, eficiência e rapidez
na manipulação de grande volume de dados, para fins de Análise Espacial e
de Representação Gráfica de Informações Espaciais. (CASTRO e
ABREU, 2004, p.9).
Um conceito chave na análise espacial é a dependência espacial e sua
formulação matemática, a auto-correlação espacial. Segundo a Primeira Lei da
Geografia “Os fatos geográficos são correlacionados, mas os mais próximos são mais
correlacionados.” (TOBLER, 1979, p. 519). Segundo DRUCK et al. (2004, p.17), a
análise espacial nos permite ir além dos mapas coloridos e estabelecer uma
quantificação explícita da variabilidade espacial dos fenômenos em estudo. O uso da
Geovisualização na modelagem do mundo real apresenta uma série de potencialidades,
mas também possui uma série de limitações, na medida em que é baseado em uma
representação generalizada da realidade, sempre limitada à capacidade de representação
dos sistemas computacionais (hardware e software). MUZZARELLI et al. (1993, p.28),
desenvolvem estudo bibliográfico sobre os Sistemas de Informações Geográficas,
comprovando que ainda não existe uma definição padronizada e universalmente aceita
para SIG, a não ser o fato de que refere-se a informações espacialmente localizadas e
que permite o controle e gestão do território. Camara (2000) postula que atualmente há
uma grande diversificação de softwares de geoprocessamento que podem ser incluídos
em quatro categorias que se complementam: "SIGs desktop"; "Gerenciadores de Dados
Geográficos"; "Componentes GIS"; "Servidores web de Dados Geográficos”. Todas
essas tecnologias são importantes e não é objetivo deste trabalho a apresentação
detalhada de cada uma. O que interessa aqui é apresentar uma nova abordagem de
análise e utilização de componentes “web” genéricos, que podem ser adaptados de
acordo com o método a ser usado e a capacidade de abstração do usuário.
Para os autores MacEachren & Kraak (2001), a Geovisualização integra
visualização, cartografia, análise de imagens, visualização de informações, análise
exploratória de dados e SIG para oferecer teorias, métodos e técnicas para exploração
visual, análise, síntese e apresentação de dados espaciais. Segundo Tobón (2002), a
visualização no contexto da Tecnologia da Informação pode ser definida da seguinte
forma:
“Visualização é uma técnica de análise de dados que conta com a
habilidade humana para reconhecer padrões em ambientes computacionais
flexíveis que apóiam a exploração interativa de dados em tela. Visualização
é particularmente útil e apropriada quando se conhece pouco sobre o
conjunto de dados para aprender sobre suas características, fazer
descobertas e formar hipóteses sobre relações entre os seus atributos.”
(TOBÓN, 2002, p.3)

A visualização esteve presente ao longo de toda a história da humanidade e,


portanto, não é um conceito novo para a ciência. Segundo Ramos (2005), “A
visualização cartográfica é um conceito derivado da visualização científica, e também
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pode ser definido como visualização geográfica ou Geovisualização”. (RAMOS, 2005,


p.23) . O objetivo da Geovisualização seria oferecer padrões exploratórios e de
relacionamento entre dados para que o usuário crie os mapas que necessita. Com o
crescimento do número de usuários não especializados que utilizam SIGs na “web”
com objetivos diversos, como: localizar endereços, gerar rotas, planejar viagens,
encontrar lugares, e assim por diante, estão sendo realizados vários trabalhos voltados
para a visualização de dados espaciais. Segundo Ramos (2005), visualização geográfica
pode ser definida como o uso de representações visuais concretas - seja em papel seja
por meio de computador ou outra mídia - para tornar contextos e problemas espaciais
visíveis, de forma a potencializar o uso das habilidades humanas para o processamento
de informação. Dentre as novas mídias emergentes, a Internet passa a ser um excelente
meio veiculador e disseminador de informações, inclusive para dados espaciais. Esse
caráter multimídia impõe novos desafios à cartografia como por exemplo, como
construir e disponibilizar produtos cartográficos de forma eficiente e a um baixo custo,
que venham atender às exigências e limitações dessas novas mídias emergentes? Como
possibilitar ao usuário construir seu próprio mapa mantendo os preceitos de um bom
projeto cartográfico? Essas são algumas questões a serem respondidas. Deve-se pensar
o mapa agora como instrumento de exploração e comunicação dos dados espaciais. E
esta nova forma de pensar o mapa é definida como um processo de visualização
cartográfica ou Geovisualização.

GEOTECNOLOGIA: APLICAÇÕES ATUAIS E TENDÊNCIAS

As questões e os problemas que podem ser focalizados sob a perspectiva de


tempo e espaço são muitos, envolvendo aspectos da localização espacial dos artefatos
humanos e a distribuição do uso do tempo. A Geotecnologia surge nesse contexto
como uma das três tendências de maior desenvolvimento tecnológico na atualidade. O
Ministério do Trabalho dos Estados Unidos - “U.S. Department of Labor (DoL)” -
recentemente citou a Geotecnologia como uma das três tecnologias com maior
crescimento e potencial de criação de empregos da década atual (as outras duas
tecnologias são a Biotecnologia e a Nanotecnologia). As tendências discutidas neste
tópico estão contribuindo para um movimento em direção à facilidade de uso,
implementação e integração da Geotecnologia. Embora o mercado para aplicações
específicas de SIGs ainda permaneça, o uso da tecnologia espacial se tornará muito
mais integrado a outras tecnologias e, a maioria das aplicações que usam tecnologia
espacial não serão tratadas como SIG. O impacto contínuo da Internet e dos “Web
services” (funcionalidades executadas através de servidores “web”) e o crescente
envolvimento das grandes empresas de software.
O impacto da Internet nas aplicações de Geotecnologia, como em todas as áreas
de Tecnologia da Informação (TI), continua a acelerar. Aplicações cada vez mais
sofisticadas podem ser acessadas via “web” em qualquer lugar do mundo, e cada vez
mais dados são acessáveis em tempo real (“on-line”). Quando se trata de Internet,
muitas pessoas pensam inicialmente em aplicações baseadas em “browsers” (Internet
Explorer; Mozilla Firefox; etc.), mas é muito mais do que isso. Grande parte do impacto
da Internet vem das suas capacidades de rede tecnológica, conectando computadores
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globalmente. Os três grandes grupos de aplicações em geotecnologia disponíveis


atualmente são:
o Serviços para a “web” (ou “web services”) de geoprocessamento
o Sistemas de Computação Móvel e Sistemas de Informações
Geográficas em Tempo Real
o API’s – “Application Programming Interface” - de Geovisualização
A Internet também viabilizou a oportunidade de manutenção de dados de
empresas em qualquer lugar do mundo, trabalhando diretamente as chamadas “live
databases” ou bases de dados “ao vivo”. Na indústria do geoprocessamento, o principal
resultado desse impacto é a capacidade de acessar bancos de dados espaciais
interativamente, em qualquer lugar no mundo. Esta capacidade cria muitas
oportunidades interessantes, como a habilidade de utilizar bases de dados externas de
vários tipos, como bancos de dados de edificações (imóveis), rodovias – incluindo
informação relevante sobre roteirização, e bases de dados demográficas para utilização
em estratégias de marketing.

DESENVOLVIMENTO DE UM AMBIENTE DE COMPONENTES


“WEB” GENÉRICOS PARA SISTEMAS DE GEOVISUALIZAÇÃO

O ambiente de componentes de software proposto foi desenvolvido a partir de


um banco de dados que armazena algumas informações técnicas sobre os componentes,
como: as classes utilizadas, hierarquia, métodos, propriedades e eventos; algumas
informações analíticas como: a função do componente, qual o seu contexto,
abrangência; além dos códigos-fonte e suas versões. São utilizados métodos simples de
pesquisa e ordenação para a busca e seleção de componentes, objetivando a reutilização
em projetos de sistemas e adaptação para uso em Sistemas de Informação na Internet.
Adicionalmente, modelos de software baseados em componentes aceleram o processo
de desenvolvimento, pois além da possibilidade de reuso de código, vários grupos
podem trabalhar em partes diferentes da aplicação simultaneamente. Um ambiente
contendo um repositório de componentes de software genéricos de Geovisualização foi
desenvolvido a partir da observação dos atores citados (usuários; provedores de dados;
ambiente de concepção de produtos cartográficos, e conteúdo dos produtos
cartográficos) e seus requisitos, utilizando estruturas de dados definidas em padrão
XML que identificam conceitos particulares a dados espaciais e espaço-temporais. O
objetivo foi criar uma arquitetura simples e clara, com poucas dependências. O projeto
detalhado expõe o conteúdo dos pacotes, onde as classes são descritas. Modelos
estáticos e dinâmicos da UML foram usados para representar a hierarquia e as
estruturas das classes usadas e como os objetos se comportam em diferentes situações.
Os componentes utilizados neste trabalho são adaptados de bibliotecas de classes de
código aberto para a “web”.
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ALGUNS ESTUDOS DE CASO


Com o objetivo de explorar as potencialidades disponíveis na Internet, foram
elaborados alguns protótipos de “Sistemas de Geovisualização” interativos utilizando
códigos-fonte abertos em linguagem Java. Para demonstrar o potencial dos aplicativos
desenvolvidos foram elaborados alguns estudos de caso de gestão nas áreas pública e
privada.

Geovisualização aplicada ao geomarketing


O território geográfico possui variáveis que podem ser determinantes na
estratégia de marketing de uma empresa. Onde localizar? Onde investir? Onde estão os
potenciais clientes? Onde se encontram as oportunidades para uma melhor penetração
no mercado? Essas são perguntas feitas diariamente por empresários e administradores
públicos. O geomarketing surge, assim, como um conceito de análises e aplicações
usadas como instrumento de gestão, planejamento estratégico e análise de mercado e
possibilitando uma otimização de recursos e esforços humanos e materiais em função
das características intrínsecas dos mesmos em cada território, permitindo uma
concentração e direcionamento de esforços. Neste contexto, os “Sistemas de
Geovisualização” são os recursos de análise espacial que melhor se enquadram neste
tipo de estudo, ao permitirem a análise de variáveis alfanuméricas, a respectiva
associação e representação no espaço, com a possibilidade de atualização das mesmas.
A visualização dos resultados pode ser realizada sob a forma de mapas temáticos,
utilizando um componente de software que implementa diversos métodos de
agrupamento (média móvel; intervalos iguais; etc.). As figuras que seguem representam
a seqüência de telas para a geração de interfaces de Geovisualização a partir de dados
do ambiente externo. Para o protótipo desenvolvido foram utilizadas informações do
IBGE relativas ao estado de Minas Gerais, especificamente da Pesquisa de Orçamento
Familiar (POF-2002/2003) e do CENSO (2000).

Figura 1: Exemplo de interação


do protótipo
Fonte: http://www.geocod.com/geomarketing
Figura 2: Opção de visualização: “Gerar Mapa”
Fonte: http://www.geocod.com/geomarketing
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Figura 3: Opção “Mapas”: o sistema permite a disposição dos dados sob a forma de
camadas sobrepostas
As telas do protótipo apresentado exemplificam suas funcionalidades. O produto
Fonte: http://www.geocod.com/geomarketing
pode ser adaptado para se adequar a qualquer organização que necessite localizar
geograficamente seus recursos e realizar análises espaciais a partir das informações
georeferenciadas, como- a identificação da distribuição espacial de clientes; a análise
de agrupamentos a partir dos mapas temáticos visualizados; a medição da associação
espacial entre duas ou mais variáveis, como por exemplo, a correlação entre a
localização de lojas próprias da empresa com pontos onde estão localizados os
concorrentes. A utilização do sistema de Geomarketing apresentado proporciona uma
facilidade na segmentação de mercado, permitindo uma maior personalização e
orientação nas campanhas de marketing, possibilitando que as organizações
identifiquem e alcancem os seus consumidores, onde vivem, seus deslocamentos, seu
perfil e potencial de compras.

“Fotomóvel” – Uma aplicação de Geovisualização em tempo real

Este estudo de caso aborda a utilização de uma aplicação de Geovisualização


em tempo real desenvolvida em linguagem Java. O armazenamento de dados é
realizado através do gerenciador de banco de dados (SGBD) MySQL. A aplicação
protótipo foi gerada a partir de componentes “web” contidos no ambiente de
componentes de software genérico, apresentado no tópico 4 e da “API Google Maps”. O
protótipo permite a conexão a um dispositivo receptor de GPS (Global Positioning
System) através da tecnologia “Bluetooth” 1 e pode ser instalado em dispositivos
móveis (aparelhos celulares; etc.) através do endereço www.slsistemas.com.br . O
objetivo final deste projeto é gerar uma aplicação colaborativa, em tempo real, que
permita aos usuários a troca de mensagens on-line, e em movimento, a partir de
qualquer lugar com cobertura de comunicação móvel (rede GSM/ GPRS). O protótipo
permite o envio de imagens fotografadas a partir de dispositivos móveis. É possível
também, o envio da posição geográfica ou endereço do portador do dispositivo móvel. A
figura abaixo ilustra o processo de funcionamento da aplicação.

1
Bluetooth é uma tecnologia de baixo custo para a comunicação sem fio entre dispositivos eletrônicos a
pequenas distâncias. Com o Bluetooth o usuário pode detectar e conectar o seu aparelho de forma
rápida a outros dispositivos que tenham a mesma tecnologia.
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“A”
GP
S “B

Figura 4: Processo de funcionamento do Protótipo “Fotomóvel”


Fonte: Dados da Pesquisa

O usuário “A” acessa o “Fotomóvel” em um dispositivo móvel, enviando fotos e


informações provenientes de informações digitadas pelo usuário ou através de um
receptor GPS. Essas informações são transmitidas através de uma antena de celular
GSM conectada a um servidor internet, que por sua vez hospeda as páginas de acesso
em um banco de dados. Usuários “B” podem acessar um website para visualizar as
informações e fotos em tempo real. Uma das vantagens da utilização de aplicativos em
celulares é ter a possibilidade de conectar-se à internet, através do GPRS, para
requisitar alguma informação ou dado, enviar ou receber, ou ainda ambos. O usuário
pode fotografar e enviar fotos, mensagens e o endereço do local onde foi retirada a foto
para visualização através de um álbum de fotos. A figura abaixo, ilustra algumas fotos e
mensagens enviadas e a demonstração da localização geográfica de um evento.

O “Fotomóvel” permite o georeferenciamento automatizado de imagens e


verificação dos resultados em tempo real utilizando componentes de Sistemas de
Geovisualização, computação móvel e sistemas de navegação e posicionamento.
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ANÁLISE DOS RESULTADOS

Sistemas de Geovisualização via internet tem se tornado uma alternativa viável


e de baixo custo para a tomada de decisão na administração privada e pública, não só
municipal, mas também a nível estadual e federal. Entretanto, a não uniformidade
ambiental e organizacional dificulta a definição de modelos fechados, o que não exclui
a definição de uma linha padronizada de produtos, que na atualidade não é bem
marcada, assim como os procedimentos empregados para a integração de dados
geográficos (físicos e sócio-econômicos). Em qualquer projeto deve se ter em mente
que os resultados são frutos de uma série de abstrações e simplificações, e por mais
coerência que exista, tais resultados nunca transmitem a realidade integral de uma
paisagem. Neste contexto, a aplicabilidade de componentes “web” genéricos foi
comprovada a partir da sua utilização em sistemas de “web” GIS como os protótipos
apresentados. Tais componentes podem e devem ser desenvolvidos e adaptados para
atender as organizações em diversas áreas, proporcionando ao tomador de decisão uma
representação lógica e gráfica de informações geograficamente referenciadas em tempo
real e reduzindo custos com tecnologia. Os resultados deste trabalho demonstram que, a
utilização de componentes genéricos padronizados torna-se cada vez mais necessária e
útil ao desenvolvimento de sistemas de Geovisualização aplicáveis a diversas áreas do
conhecimento. O uso de componentes permite uma flexibilidade maior na
personalização da interface e das funcionalidades. No entanto, os fabricantes estão
oferecendo objetos simples, com funções de consulta e apresentação, o que limita o
escopo do uso da tecnologia de Geovisualização. A alternativa viável é oferecer uma
biblioteca de rotinas genéricas, num ambiente “web” acessível, como demonstrado nas
adaptações para os estudos de caso.

CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

Pode-se concluir que é altamente produtiva a utilização de novas tecnologias de


componentes genéricos em projetos de mapas interativos via Internet. Entende-se que,
com a adoção de tecnologias de código-fonte abertos pelas organizações públicas e
privadas, serão ampliadas as possibilidades de desenvolvimento tecnológico e,
conseqüentemente, reduzidos os gastos na aquisição de equipamentos e softwares, além
de impulsionar o desenvolvimento de aplicativos computacionais que venham a atender
demandas e necessidades específicas. A caracterização espacial demonstrou também a
importância das representações gráficas no tratamento da dinâmica das organizações
espaciais, reforçando a função de síntese desempenhada pela Geovisualização na
representação e comunicação da informação espacial. A partir dos resultados
alcançados, surgem, naturalmente, necessidades e projetos para desenvolvimento
posterior, no sentido de se atualizar a metodologia, incorporando novos componentes de
código-aberto e novas funcionalidades ao repositório desenvolvido. Diversas correntes e
tendências dos estudos geográficos orientam as características e os rumos para a
Geografia. Essas perspectivas enriquecem-na conceitualmente e promovem o seu
dinamismo científico e utilitário. Ao geógrafo, ou qualquer profissional que necessite
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de aplicações de geoprocessamento, cabe fazer a Geografia, tornando-se adepto de uma


ou outra perspectiva, analisando o conjunto global ou as categorias setoriais dos
fenômenos. Compete ao geógrafo - e ao usuário de Sistemas de Geovisualização em
geral - conhecer as várias tendências, avaliar seus pontos positivos e negativos,
identificando as suas vantagens e desvantagens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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