Você está na página 1de 7

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO DA PREGAÇÃO

O objetivo desta formação é abordar aspectos práticos também importantes para a pregação,
mas que talvez não tenham sido abordados em nenhuma das formações anteriores deste encontro.

COMO PREGAR BEM?


Não basta ter um bom tema de pregação para fazer uma boa pregação. Para o pregador
transmitir bem a sua mensagem, ele precisa estar atento a alguns elementos imprescindíveis.
Para pregar bem, o pregador deve preparar-se bastante em oração, o preparo principal para
a entrega da mensagem é a oração. O pregador deve orar antes de começar a preparar a sua
pregação, durante a preparação e após a mensagem estar pronta. Deve orar antes, durante e depois
da pregação.
A oração, no entanto, não anula a necessidade do devido preparo através do estudo. Alguém
já disse que o pregador deve orar como se tudo dependesse de Deus e trabalhar corno se tudo
dependesse dele.
Antes de falarmos às pessoas sobre Deus, devemos falar com Deus sobre as pessoas.
O pregador deve apresentar-se à missão com o corpo descansado e com reservas físicas,
em outras palavras, para pregar bem, o pregador deve ter saúde, tanto no corpo quanto na alma.
Essa “saúde” passa por tornar cuidado com o que se come, praticar algum tipo de atividade tísica
apropriada a sua pessoa e por ser uma pessoa feliz, alegre e bem motivada.
Anunciar a sua mensagem como se fosse a última vez, se o pregador, que ama a Palavra de
Deus e o ministério que Deus lhe deu, pregar sempre com esse pensamento em sua mente, dará
tudo de si, todo o seu melhor. Será como um arqueiro que tem uma única flecha para matar um
animal perigoso e sabe que não pode errar.
Tenha em mente que de sua palavra pode depender o destino eterno de seus ouvintes,
sabendo disso, certamente não pregará de forma leviana ou relaxadamente.

O PREPARO DA PREGAÇÃO
Normalmente pregadores em início de caminhada se preocupam muito com o conteúdo de
sua pregação e resolvem escrever tudo que lhe vem à mente para não esquecer nada. Essa é uma
preocupação de extrema relevância e é sinal de zelo. No entanto, escrever tudo que se deseja passar
na pregação pode ser uma armadilha, pois muitos se limitam a ler o esquema que prepararam,
tornando a pregação cansativa e monótona. Esse tipo de preparação é ideal para formações e não
para reuniões de oração dos nossos grupos.
Em contrapartida, não preparar nada e não anotar, esperando que “o Espírito Santo ilumine
na hora” é um erro maior ainda. Sua pregação pode ficar sem conteúdo e é preciso saber que o
Espírito Santo nos recorda do que for conveniente falar. Se você não preparou nada, o Espírito Santo
não tem do que te recordar.
Então o ideal é que seja preparado um esquema da pregação, com tópicos e palavras-chave.
Assim, caso precise, você vai recordando-se do que preparou e segue o “roteiro” pré-estabelecido,
não correndo o risco de se perder durante a pregação e fugir do tema proposto.
Existem três aspectos a serem abordados quanto ao preparo em que o pregador deverá estar
atento até chegar de sua pregação: o preparo constante, o preparo específico para o texto a ser
pregado e a interpretação do texto.

O Preparo Constante
A vida inteira do pregador deve ser um preparo constante para aquele momento único e
precioso no qual estará pregando a Palavra. Ele sabe que sua vida fala ou “prega” mais alto. Sabe
que de sua piedade pessoal, da sua “unção” (sem excluir é claro, o principal - a Graça de Deus) pode
depender todo o sucesso da sua empreitada. O preparo constante passa pela vida de oração do
pregador, seu jejum, sua meditação na Palavra e a vigilância no seu testemunho pessoal de vida.

O Preparo Específico
Não existe pregação bíblica sem que se tenha um texto bíblico como base. A
verdadeira pregação bíblica, consiste na exposição da verdade divina contida na Palavra de Deus. O
texto bíblico é o que dá autoridade à mensagem, é o que nos capacita a dizer: “assim diz o Senhor”.
Algumas coisas simples, mais importantes quanto à escolha do texto sobre o qual vamos
pregar: primeiro faça a escolha do texto sob momento de oração sincera e fervorosa, de preferência,
a partir de sua vida devocional (que tenha falado ao seu próprio coração); prefira textos claros, que
contenham um pensamento completo, de compreensão e assimilação mais fácil. O pregador não
pode ter dúvidas a respeito do que a passagem bíblica trata, pois dessa forma não terá firmeza para
transmitir à palavra; escolha as leituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento, faça isso com
objetividade. Procure mensagens que tragam lições pertinentes, estímulo, que aponte soluções para
os problemas. Enfim, que venham para exortar, edificar e consolar (1Co 14,3).

A Interpretação do Texto
Algumas dicas para interpretar o texto bíblico corretamente: O texto deve ser interpretado
honesta e eticamente, devemos aceitar o que Deus está querendo dizer, o pregador não pode
incorrer no erro de distorcer o sentido da passagem bíblica a fim de confirmar o próprio ponto de
vista; O texto deve ser interpretado com cuidado teológico, é preciso ter cuidado com o sentido das
palavras em si, como no caso de Mc 9,44-45 e Lc12,49; O texto pode ser interpretado com
criatividade desde que não distorça seu sentido original, pode-se criar maneiras novas de interpretar
a Bíblia.

MÉTODOS DE ENTREGA DA PREGAÇÃO


O método da entrega das pregações vai depender da personalidade, da habilidade e da
prática de cada pregador. Ele pode pregar de pelo menos 4 formas distintas:
Pregar sem notas
Não é tão fácil, exige habilidade e coragem, mas proporciona grande liberdade ao pregador. Este
método não é aconselhável ao pregador iniciante, porque este pode se perder durante a explanação.

Falar de memória
Quem tem uma mente mais privilegiada, e tem facilidade de memorização, pode usá-la na pregação.
O perigo aqui e ser extremamente mecânico e sem vida.

Ler um manuscrito
Funcionou no caso de alguns pregadores da história, mas eram homens que tinham grande
habilidade retórica e oratória impecável, para o pregador comum pode ser muito desvantajoso,
podendo se perder na leitura do manuscrito, esquecendo-se do ouvinte e tornando-se tremendamente
frio ou formal.

Usando notas
Para muitos, este parece ser o método ideal, mais fácil para o pregador e melhor para os ouvintes.
Anotações bem elaboradas para o púlpito dão de relance a visão do manuscrito que ficou em casa,
na mesa de estudo. Fortalece a segurança do pregador, sem, no entanto, amarrá-lo e lhe dá a
liberdade de uma comunicação direta aos seus ouvintes.

PREGAÇÃO KERIGMÁTICA
Esta deve ser a sua pregação sempre, é a pregação que visa à conversão, a salvação dos
que ainda não creram em Jesus e não o confessaram como Senhor e Salvador, é aquela que visa,
nas palavras de Paulo: “o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus” (Atos 20
17-21). Paulo apresenta um perfeito resumo do que vem a ser o teor dessa pregação em 1 Ts 1 9-10.

DURAÇÃO DA PREGAÇÃO
Não há regras fixas quanto a esse assunto, geralmente o coordenador do ministério de
pregação do grupo que faz o convite é quem informa o tempo disponível para o desenvolvimento da
pregação, mas o discernimento e o bom senso do pregador devem ser aplicados. Não há
uniformidade quanto à duração na história da pregação. Sempre houve pregadores que ‘falavam
muito’ e outros que ‘falavam pouco’. Na verdade o que deve ser considerado é a eficácia, não importa
o tempo que o pregador usará, se ele consegue manter a atenção dos ouvintes e ser eficaz na
transmissão da mensagem.
O tempo da pregação deve variar de acordo com o caráter do evento, a personalidade e
eficácia do pregador e a disposição e concentração dos ouvintes. Como é difícil equacionar todos
esses dados, aconselha-se a ter como limite máximo 25 ou 30 minutos.

O USO DE TESTEMUNHOS
Quais os motivos para se usar testemunhos na pregação? Primeiro por causa do interesse
humano, ele tem o poder de prender a atenção dos ouvintes, ela esclarece e exemplifica a verdade.
O próprio Jesus falava por parábolas e usava fatos para lançar luz sobre uma verdade e para tornar
atraentes as coisas do céu para as pessoas da terra, por exemplo, para falar sobre a providência
Divina, usa a imagem de aves, lírios, coisas para comer, coisas para vestir (Mt 6 25-34).
As ilustrações, exemplos ou testemunhos devem ser claros e tratados com beleza e
elegância, para não incorrerem no risco de serem fúteis e grosseiros.
As fontes de testemunhos são diversas: a própria Bíblia, a historia, a vida, o dia-a-dia.
Quando um principiante pergunta: “onde posso encontrar testemunhos?” muitos pregadores
experientes responderão: “em toda a parte! Use seus olhos”.
Algumas dicas importantes: limite o número de ilustrações (tudo em demasia é prejudicial),
procure ser variado. Muito cuidado com alusões pessoais, nunca fazer insinuações nem usar pessoas
do auditório como exemplo para não correr risco de ser mal interpretado.

ESTILO DA PREGAÇÃO
É comum e até mesmo normal, que no início da vida de pregação, o pregador se “inspire” ou
se “assemelhe” em outra pessoa, algum pregador que admire. No entanto, com o passar do tempo,
ele deverá desenvolver seu próprio estilo, pois somos todos diferentes, cada pessoa é uma pessoa
única, incomparável, cada um tem seu temperamento, sua personalidade e se sairá melhor
desenvolvendo um estilo próprio.

ORGANIZAÇÃO
O pregador precisa ser uma pessoa organizada, tanto em suas atividades cotidianas como na
missão de evangelização. Para facilitar a preparação da pregação e para evitar que se repita uma
pregação no mesmo lugar. é “escrever” sua história como pregador.
Duas boas dicas: Primeiro, o pregador deve ter uma “estufa” de pregações, deve criar o
hábito de anotar mensagens, fazer observações bíblicas, anotar pensamentos em agendas, usar
rascunhos, etc., ou seja, tudo o que seja uma possível semente para uma futura pregação deve ser
guardado nessa estufa. Segundo, na própria pregação ou em outro lugar, o pregador deve anotar a
data e o local onde pregou aquela mensagem.

ESQUEMA DE PREGAÇÃO
Imagine que ao preparar sua pregação você está escrevendo uma redação, pois uma boa
pregação possui todos os elementos de uma boa redação, que são, introdução, desenvolvimento e
conclusão, acrescenta-se a estes elementos, na conclusão, o momento de oração.
Introdução
Nesta etapa o pregador irá se apresentar, nome, algumas informações pessoais, grupo que o
enviou, ministério que faz parte e posição hierárquica a que pertence no grupo ou comunidade que
participa, após sua apresentação o pregador deve apresentar e introduzir o tema a que se destina a
pregação, essa introdução deve ser breve, objetiva e clara, deve ser interessante, pois é aqui que
apanha ou perde a atenção dos ouvintes, deve ser simples e modesta, o que não significa ser
medíocre e feita de qualquer jeito, mas que o pregador deve tomar cuidado com o maiúsculo,
qualquer complexo de superioridade deve ser eliminado, pois o primeiro alvo da pregação é sempre o
próprio pregador da palavra.
São vários os meios de se iniciar uma pregação, por isso o pregador deve variar sempre que
possível a sua introdução para que sua mensagem não fique cansativa e sem novidades para
aqueles que sempre o ouvem.

Desenvolvimento
O desenvolvimento ou o corpo da pregação é sua parte principal, ela é para a pregação o que
é o esqueleto é para o corpo humano, a estrutura sobre o qual o corpo se apoia. As divisões da
pregação têm por finalidade manter o pregador dentro dos limites do seu tema, facilitar ao auditório o
processo lógico da sequência dos pensamentos do pregador e ajudar a memória do próprio pregador.
O desenvolvimento da pregação geralmente é feito através de pontos ou tópicos e subtópico.
A divisão é muito importante, pois auxilia na construção do plano da pregação; facilita a
análise da proposição principal da pregação; facilita a memorização dos pontos principais evitando
divagações e prolixidade; ajuda os ouvintes a acompanhar a discussão do assunto como também
recordar a pregação.
A divisão deve ser lógica; deve visar a unidade da pregação; deve estar relacionada com o
texto ou com o tema proposto; deve haver uma relação lógica e paralela entre um ponto e outro; a
transição entre um ponto e outro deve ser feita de maneira sutil e agradável.
Uma divisão numerosa deixa pregador e auditório exaustos, prejudicando o efeito da
pregação. Já uma pregação com uma só divisão ou mesmo nenhuma, o assemelhará a um discurso
ou simples fala. De qualquer forma, a divisão ficará a critério do pregador, utilizando quantos tópicos
necessários para explanar a mensagem.

Conclusão
A conclusão é o clímax da pregação, na qual o objetivo constante do pregador atinge seu alvo
em forma de uma impressão vigorosa. Uma boa conclusão pode, às vezes, suprir as deficiências de
outras partes da pregação ou servir para aumentar seu impacto, por isso ela é sem dúvida, o
elemento mais poderoso de toda a pregação.
As formas de conclusão mais utilizadas são:

Recapitulação - Usa-se geralmente esse tipo, quando a mensagem consiste numa série de
argumentos ou ideias, exigindo dos ouvintes muita atenção à linha de pensamento do pregador. Deve
ser feita de forma que o pregador, ao resumir e recapitular os pontos principais da sua mensagem
não a “pregue de novo”.
Ilustração - Às vezes pode-se levar as ideias ou verdades da pregação mais eficazmente a um
clímax por meio de um testemunho poderoso ou oportuno. Não recomenda-se usar muitas ilustrações
num mesmo sermão. Deve usar na conclusão, caso não tenha feito anteriormente durante a
explanação da mensagem.
Motivação - Na conclusão, não devemos somente impor uma obrigação moral aos ouvintes, mas
também proporcionar um incentivo para responderem pessoalmente ao desafio apresentado.
A conclusão da pregação deve ser breve, simples, clara e objetiva, mas ao mesmo tempo penetrante
e vigorosa; como qualquer outra parte da pregação, não deve ser improvisada, a menos que sinta a
direção do Espírito Santo para isso, para evitar que o pregador corra o risco de colocar a perder toda
a sua mensagem.
Nunca peça desculpas, essa atitude causa sempre má impressão de que a pregação não foi bem
feita, principalmente no final; evite ainda contar anedotas, o seu objetivo enquanto pregador não é
divertir e nem distrair o público, mas profetizar a palavra de deus. Evite qualquer coisa que possa
distrair o povo, como movimentos aleatórios, olhar para o relógio ou fazer algo que chame a atenção.
Isso demonstra que os minutos vão passando, despertando pressa no povo e revela a tensão
nervosa do pregador.

A Oração
Após a entrega da mensagem, Deus merece uma resposta de seu povo. Através da oração, os
ouvintes têm oportunidade de dar um retorno ao Senhor, confirmando o recebimento da Palavra.
O pregador deve se preparar para realizar a oração todas as vezes que pregar, ao terminar a
mensagem, o pregador deve ser mais insistente na proposta da pregação, usar um tom mais
persuasivo, porém ameno ou brando, deve fazer com que a pessoa sinta que Deus está falando com
ela pessoalmente.
Assim como na conclusão, uma oração mal realizada pode colocar todo o trabalho de uma excelente
pregação à perder, por isso é fundamental que o pregador possua uma vida de intimidade com o
Senhor através da sua oração pessoal, para que possa conduzir e ajudar o povo nesse momento de
oração e encerrar a pregação com chave de ouro.
O sucesso da pregação nem sempre é visível, não podemos nos impressionar com números de
pessoas, talvez ninguém vá a frente dar testemunho e mesmo assim, Deus pode ter te usado para
uma obra maravilhosa. Quem faz a obra é o Espírito Santo, nosso dever como pregadores é apenas
anunciar a mensagem.

Como avaliar minhas pregações?


Um grande erros dos pregadores é esperar o feedback, o retorno daqueles que o ouvem, isso
muitas vezes leva à frustração. É preciso fazer o seu melhor, sem esperar receber elogios, pois eles
podem não vir. Caso esteja inseguro, consulte alguém de sua confiança e intimidade para saber o
que precisa ser melhorado.
Por fim há ainda inúmeras outras orientações e técnicas a ser apresentadas e desenvolvidas
em outro momento oportuno a fim de se aperfeiçoar a pregação e torná-la inesquecível, no entanto
por ora basta que dediquem-se a permanecer na intimidade com Deus e transmitir todo esse fogo que
emana do Senhor no anuncio da palavra.
Deus os abençoe!

Você também pode gostar