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' t P10nt m>1. puhhcJdo m 1954. Sobre o lema. \er Lúcta Ltppt Olivetra
r' d1l lltl( w,za/ rw Bra.ul ~ no\ E.\tndcJ:J Umdo'i (Belo Horizonte
1,lr ltlc!adc.
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0& tempos que se ucedem à proclama ã da rep. r . e
d'd;~ um ano antes pela libertação dos escra\os, a 1 ma e -
1
to'n' 0 nac1onal de insurreições rnaí ou menos profundas e
teffl ·
~ezes limitadas a pequenos Je, antes loca1 . Até que o no o cg1me con-
5
a lide e passe a funcio nar, vános anos decorrerão A Guerra de Canudo
:sencadeada no sertão da Bahia em 1896-1897. não é mats do que um e -
sas revoltas que compõem o cortejo de uma mudança de regune. Dedtcado
crônica de um evento histórico, que seu autor testemunhou de corpo pre nt ,
Os sertões tem por objeto essa guerra.
Os elementos de diversa natureza que estiveram na origem d ua com-
posição, entre eles a formação do autor, a conjuntura histónca. o momcnt<
cultural e literário, bem como as práticas discursivas da época, dc\em cr
tomados em consideração, para que esse livro possa ser apreciado no JU~to
contexto.
JH
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0& tempos que se ucedem à proclama ã da rep. r . e
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to'n' 0 nac1onal de insurreições rnaí ou menos profundas e
teffl ·
~ezes limitadas a pequenos Je, antes loca1 . Até que o no o cg1me con-
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a lide e passe a funcio nar, vános anos decorrerão A Guerra de Canudo
:sencadeada no sertão da Bahia em 1896-1897. não é mats do que um e -
sas revoltas que compõem o cortejo de uma mudança de regune. Dedtcado
crônica de um evento histórico, que seu autor testemunhou de corpo pre nt ,
Os sertões tem por objeto essa guerra.
Os elementos de diversa natureza que estiveram na origem d ua com-
posição, entre eles a formação do autor, a conjuntura histónca. o momcnt<
cultural e literário, bem como as práticas discursivas da época, dc\em cr
tomados em consideração, para que esse livro possa ser apreciado no JU~to
contexto.
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OS SERTÕES
WAL:>;ICE. 'OGCEIRA GAL\ÃO
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OS SERTÕES
WAL:>;ICE. 'OGCEIRA GAL\ÃO
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OS \IH!()f'i
WALNIC I. NOCoi'I.JKA Co!\IV r)
fr t'~ ll'' ll.tltlari.rm na mcsnurcgiào. A ~nlw.-.io u)n. i tiu 'llll'rf:!U r uma St• nao ~l' pode propriament ''~ulnr mm lt,J quc'nohlrrrnllln.mln•
t' l ·I' qu,·n.t · h.tnag •n. qut• dt•svi.lss •m as ton·,•nh.'S sat.OllolÍS do n ,,_ f I qu
Pnlti •ic o hr.t~rl iro", ·ntr tanto 1'\ll til no uma ul ' \ I n11
/<,\ I o
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WALNIC I. NOCoi'I.JKA Co!\IV r)
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t' l ·I' qu,·n.t · h.tnag •n. qut• dt•svi.lss •m as ton·,•nh.'S sat.OllolÍS do n ,,_ f I qu
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WALNJCE NOGUEIRA GALVAO
. urgido de tanto. l'aldcamentos c dc tanlo ondicionamentos mesológicos d'. 0 diagnóstico de Antônio Conselheiro é contraditório, o lellor perceben-
1
vcrgc ntc . Dclincaram-st' dcs c modo duas categorias de mestiçagem
do 11 hesit:Jção do autor entre decretá-lo não desequilibrado c constdetá-lo
ord '. te, confonm: se tratas~c do litoral ou do sertão. No litoral, onde 0 af~~~ "doente grave", afetado de paranóia. Determinado pelas variáveis raclil!S que
l\lllt> foi .1hundantc como mão-de obra para os canaviais e engenhos,
. d . 0 po.. entramm em sua constituição, sob o influxo da condições do meio foi rcgrcdindo
vo.lllll' ll!O t ' ndcu a a~ . entnr- c c o 11po prc ommuntc a cr o mulato. No sertã até tornar-se um heresiarca, a exemplo daqueles do cristinnilimo primtti\'o.
,,k ritmo dt• \ td.l durís~inll). a\ csso à scdcntarização, os bandeirnntcs paulist<~~
Envolvido por tabela nas lutas de família entre Maciéis c Arau1os . •ilém das
·o~ mdios acab.1r.1m por pr,'lduzir c 1mo tipo predominant • o curiboca. atrocidades de que seu clã foi vítima viveu infelicidades pe soais que 0 lev:t -
\ popul.t ' Jl) do sert:il. após Ir~ · cculo, de i ·olamcnto. c mostra rc. ram à loucum. Quando ressurge, é já como o Peregrino. que as ·im c intitul,tv:t,
cr· Í\',t et'm rclaç:io .to prt"Cnte por niio t •r rcc •bido influência posteriores. partindo para trinta anos de peregrinação pelos sertões, em penitência sab ·-se
J),·dk.mdo-. ' colctivam ·ntc .to trabalho nômade do rcgime pastoril, manift• ta ltl por que pecados. "Condensando o ob curantismo de três ruças", a pessoa
t' t1.1 ·o, p. ict,logtcos d.1mdolc .tv ·nturcira dos bandeirantes c da impulsividud~ do líder "rres eu tanto que se projetou na Hi tótia''.
indtgcn.t. t •nto .10 tipo fí ico, ou fL·nótipo. o autor encontra ncle uma grande Líder místico, Antônio Conselheiro, acompanhado de scu SCljltazcs. \a
Ulll h rmid.td '. d ·onde conclui que ertancjo ~"o tipo de uma sub alegoria gut:a a pclo sertão. Quando cntrava nas vilas e aldeias, fazia seu st:rmão d•:m-
ctni ·.1 J·' Ctln titutd.t". Fort 'corajn o. sem dúvida ele é: ma,. por ter parado te da igrt:ja e depois ia comandar a construção ou reconstrução dt: igrcj:ts.
no tl'mpo. i"'u.tlml'nte H rasado e ·upcr tkio. o. cemih::rios c açudes. Assim se passaram trinta anos. com o s~quito scmprc ,,
pl · atinnar .1 supcnoridud' do •rtanejo. procede o autor então a um aumentar. Até que a Igreja, já de há muito não \·endo com bon ·olho · aquck
diagm,sttl'l' contra. tin1 entre dots tipo, dt.' \ aquciro•. o ·rtanejo e o gaúcho. competidor avulso, mandou uma missão investigar o que se pns uva no arr,Hal
Dt ~ti ngu· m·: ·por tudl)..lt ' pd,t roupa ·.jaque meioc pinho odoprimciro de Canudos, onde os conselhciristas se tinham finalmente refugiado.
m 'lJ u. 11 ·ar.tt ·r tanto quanto o meio genero o do segundo. o primeiro se A narrativa dessa missão, que se conhece pela pala\ ras de um do.
th'lll .1 .li' ui a qut.' s • tran~mud.t num Jtimo em ativid,td • violen! 1, enquanto no enviado , frei João Evangeli ta do Monte Marciano. é seguida d • perto ~lo
. ~undl . • notam .1jO\ ialid.tde c o •n. o dc fe. ta. autor. De acordo com ela, o dois capuchinhos dt ·garam a C.mudo:. p.u:1
LLngl • ..:ur. o ' \.!mina a. \e. tes do ertan ·jo. sua momdia, seu co tu· executar es õe de reavivamento, como cru comum em todo o sertão. P1c a-
m' .. u IJ: 'r. s ·u foklor '. o· Mdi · que dt.'sen\'Oive para enfrentar a eca ram no recinto sagrado, pura uma multidão ho til c ostensivamente arm,ld.t.
•t ·rn:~m nt p.lir.tr l l em .tmea ·a llbrc sua cabe 'a c. finalmente, sua rdigio- Denunciaram os perigos a que estavam expo tos os pec.tdores ali ~umdo . al'
~id.td Lt.l, 'l'lliO •le. rne. u.;a. porque ab on·e elementos da crença dos obedecerem ma i a Antônio Conselheiro do que ~ Santa Madre lgrqa. Onl ·-
ind1 ''· J p0rtugtl' -e, • d,), africano . entre elas as superstiçõe de toda naram que o presentes se desarmassem e abandonas em o arrai<~l eu hd 'r.
md ·m l t t ianismo. Compro\·am-n o fato de j.i terem havido na região. e voltando aos lares di tantes. E finalmente interpelaram o n elhctro quanto a
hJ t.:mpos. \,trw. outr · :urto · de in urrciçõe marcadas pela religião. poi · eu dissídio com a república, e orlando-o a aceitar a nova fL rma de g~.wemo.
<'m la mi:tu • Jl. i(!UJ irn nte o b.lnditi mo e tomou endêmico. ~01110 re ultado, tiveram que sair dali meio fugiJo . amedrontado pela re.u;a
Ytolenta que os ameaçou .
. De volta. fizeram seu relatório, em vit1udc dP qual a Igreja retir u s.:u
010
"-· :rõ:-.·1o Co~sELHEJRo ap a Antônio Conselheiro e pa ou a engro ar as fileira' de to.k - quanD
auguravam o desmantelamento de 'Canudo-.
UM PARJ1-..'TESE IRRIT.-\:-;TE
mem··
es a ordem de nívei di cursi\os. \atn enc ntrar n:~ parte ··o ho-
uma argumentação bem urpre •ndcnte. ~ gund da.
161
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WALNJCE NOGUEIRA GALVAO
. urgido de tanto. l'aldcamentos c dc tanlo ondicionamentos mesológicos d'. 0 diagnóstico de Antônio Conselheiro é contraditório, o lellor perceben-
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vcrgc ntc . Dclincaram-st' dcs c modo duas categorias de mestiçagem
do 11 hesit:Jção do autor entre decretá-lo não desequilibrado c constdetá-lo
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l\lllt> foi .1hundantc como mão-de obra para os canaviais e engenhos,
. d . 0 po.. entramm em sua constituição, sob o influxo da condições do meio foi rcgrcdindo
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Envolvido por tabela nas lutas de família entre Maciéis c Arau1os . •ilém das
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\ popul.t ' Jl) do sert:il. após Ir~ · cculo, de i ·olamcnto. c mostra rc. ram à loucum. Quando ressurge, é já como o Peregrino. que as ·im c intitul,tv:t,
cr· Í\',t et'm rclaç:io .to prt"Cnte por niio t •r rcc •bido influência posteriores. partindo para trinta anos de peregrinação pelos sertões, em penitência sab ·-se
J),·dk.mdo-. ' colctivam ·ntc .to trabalho nômade do rcgime pastoril, manift• ta ltl por que pecados. "Condensando o ob curantismo de três ruças", a pessoa
t' t1.1 ·o, p. ict,logtcos d.1mdolc .tv ·nturcira dos bandeirantes c da impulsividud~ do líder "rres eu tanto que se projetou na Hi tótia''.
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Ytolenta que os ameaçou .
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UM PARJ1-..'TESE IRRIT.-\:-;TE
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\\\(.f( f r>;(l(illiR\(,\1\ \11
1\ • ,dt.l ao dtl bran o como 1.1ça ~upctiM eta con ·nte n.1 lt'llii,J do
"' •undt' unp 'I r;di~mo t•uropt.:u, n.1s ultunas tléc.tda.~ tio seculo 1X ,,. 011 ,1s
pltldllZid•l' • l'\ idcntcmcntc, pelo~ ·uropeus
.• . . () <]llt' l' lll:ll' UI rll'lllk l'lllllJllt'lll
Jt•r. p.u.1 11 castl 1k' pcns.mwnto brasiiL'If(' Jn me~nl.lt'poc,J. t' q1u 0 r.u 1 ~mo
st'J·• a ·r1to t' :.~provado preCisamente por ,tquelcs qut•l'lc t.li~r 11 mmJ
1\ prl'lt:rêu ·w pelo mtlio não~ no\ idaJ ·nem t•strt•J,It'lll (h- ,,.,to
1
.1. 1 1.1
. histom:am ·ntc dat.tda c a~sume, no imagm.il io das l'lilt's ·olnni,Ji~. uma l1nt
~';10 ueflagrat.la pdl s lliOI'illlClllOS d. indt•pcndt~nda IIJ Allll'l it'.l l.dlllt.l RI' I
1 in.Jit:,Jr ancestrais indíg ·nas s1gnillcava opor-se .111 rolmuz;1dor unlpt·u
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1\ • ,dt.l ao dtl bran o como 1.1ça ~upctiM eta con ·nte n.1 lt'llii,J do
"' •undt' unp 'I r;di~mo t•uropt.:u, n.1s ultunas tléc.tda.~ tio seculo 1X ,,. 011 ,1s
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.• . . () <]llt' l' lll:ll' UI rll'lllk l'lllllJllt'lll
Jt•r. p.u.1 11 castl 1k' pcns.mwnto brasiiL'If(' Jn me~nl.lt'poc,J. t' q1u 0 r.u 1 ~mo
st'J·• a ·r1to t' :.~provado preCisamente por ,tquelcs qut•l'lc t.li~r 11 mmJ
1\ prl'lt:rêu ·w pelo mtlio não~ no\ idaJ ·nem t•strt•J,It'lll (h- ,,.,to
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.1. 1 1.1
. histom:am ·ntc dat.tda c a~sume, no imagm.il io das l'lilt's ·olnni,Ji~. uma l1nt
~';10 ueflagrat.la pdl s lliOI'illlClllOS d. indt•pcndt~nda IIJ Allll'l it'.l l.dlllt.l RI' I
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OS ,\UUtltS
WALNICE NOGUEIRA GALVÃO
c'nns1·llwuo,qut· c1a católico c beato mas não tinha sido ordenado sacerd
• . lOS
uhtinl1.1 ou lidO a tolcJ,JilCJa I v1g ános Ioca1s,
. con f orme oca o. Sabe-se taOte ' te Pires Ferreira. Emboscadas estas em Uauá, seguiu-se um combak "an-
tx: qul'. Jll'tamcntc por nao ser pa re, c c pregava somente no adro d·rn.
111 · ~ d 1 grento. em que os canu,denses foram dizimados. Ainda assim, sem sab~r ava-
ig1t·ju• c nao no altur, c queM! abstinha de administrar os sacramentos co a. liar a quantidade em numeros e os recursos de que o adversário dispunha, a
• rno
~ ·• .um:ntc , o bat•~mo, etc. Pc1cgrinava acompanhado por um séquito q 0 tropas bateram em retirada. Esse episódio passou à história como a primeira
, ue 0 expedição contra Canudos, ou Expedição Pires Ferreira ( 1896).
at:oltL!V.t na. nhr.ts c nas orações. rezando junto com ele.
01a, o .tdvcnto da república acarreta alterações que perturbam 0 ânirn Enceta-se então a preparação de uma nova ofensiva, sempre com tropas
estaduais baianas, agora mais numerosas e mais bem armadas. hem como ~ob
do~ pc1egrinos De um lado, ~ão decretados novos impostos, que gravam~
0 comando de uma patente mais alta, o major Febrônio de Brito. Em janeiro de
popul<u,;io poiJJe do sertão. De outro, certas medidas laicas, mas afetando
1897 deslanchao ataque, que resulta igualmente em derrota, nos arredores de
prJncJpio, rehgiosos vincadamcnte tradicionai • ão postas em ação. É caso
0 Canudos. Essa foi a segunda expedição contra Canudos, ou Expedição Febrônio
da t'Jl.lraç~o entre Igreja c Estado, a liberdade de culto e a instituição do
de Brito.
l':t .uncnto CJvil pela Assembléia Constituinte de 1890. Especialmente esta,
qut• rontr.Jdllla frontalmente um sacramento católico.
Apcís algum,,., csraramuça com as autoridades das vilas e arraiais do
0 DESASTRE
imcnnr. os peregrinos passaram a evitar as aglomerações urbanas e a afundar-
( cada Vl'l. mais no deserto, para votar-se à vida contemplativa. Acabam por
A terceira expedição ganha uma patente superior, tendo por comandante
,Jrrandt.tr, por volta do ano de I893. na tapera de uma fazenda abandonada no
um coronel, e que coronel: Moreira César tivera sua reputação firmada duran-
lundo do ;crtJo d.t Balua, longe de tudo. As ruínas eram de uma antiga proprie-
te a campanha contra a Revolução Federalista no sul do país, quando se desta-
tl.•<lt· fun ltaria ora ab<tndonada c que pertencera à Casa da Torre, um vasto
cara pelo rigor da repressão que exercia, ganhando então o cognome de
dom mio ú criação de gado estabelecido pelo bandeirante Garcia d' Ávila nos
"Corta-cabeças", ou "Corta-pescoço". O perigo que Canudos veio a repre-
p11mtí1Jio da rolúma. Sohre as ruínas os peregrinos instalam seu acampamen-
sentar, após essas duas derrotas, já é agora considerado de alçada nacional c
to. edilic.un pouco a pouco seu~ barracos de pau-a-pique - futura Tróia de
grave demais para ficar sob a responsabilidade de tropas estaduais. Monta-se
'"'flll, no o nnor euclidiano-. reconstroem a pulso, e pedra por pedra, um uma grande ofensiva, com forças federais vindas de todo o país, armamento
nt1go templo loc,JI l.Omcçam a erguer um outro muito maior, defronte àque- moderno incluindo canhões, e uma ampla campanha no sentido de alertar a
le A111hos no largo central do povoado, serão batizados como Igreja Velha e opinião pública. Os ânimos estão exaltados, a demagogia patriótica cspicaçada,
lgn:j.1 'ov,t F<.ta ·a imtalado o arraial de Canudos, nome pelo qual já era c começa-se a insinuar que os incidentes do sertão apontam para uma tentati-
onhccida ·• untiga fatt•nda . va de restauração monárquica.
Ü da ct'n~tnJçao dJ Igreja Nova que decorre um primeiro incidente, a Acompanhada pela atenção de todo o país, a terceira expedição se reúne
nHrltlplic.t\ão ddc . e .. , olumando até Jdlagrar uma verdadeira guerra. em Salvador c marcha para Canudos. Chega a atacar o arraial, ma após
to h.1 lllJ.deira nu sertão. cuja cobertura vegetal típica é a caatinga. a algumas horas, sofrendo pesadas perdas, inclusive a de seu comandante, hate
qual. como\ m10s. nJo p.tssa de um mato ralo. de garranchos, gravetos e cac· em retirada, dehandando, enquanto para facilitar a fuga joga fora armas c
11 1
I' r o o pô' o de Canudos tinha comprado c pago antecipadamente na munições - que serão coletadas e ;ntesouradas pelos canudense - e até
:d.tdc d Juazeiro um lote de peças necessárias para as obras da Igreja Nova. i>Cças de farda, como dólmans ou botas.
Jo tcnJn 1do ntreguc a encomenda. apesar de paga, ameaçaram ir buscá·
A celeuma provocada por mais eua derrota é incalculável. Manifestaçõc
la pc ' llm nt •.
0 de rua nas duas principais cidades do país, Rio de Janeiro e São Paulo, acabaram
' .filctarn, organizados num.t proci são precedida pela bandeira~O se transformando em motins em que o furor da multidão se desencadeou obre
05
•nt Santo, cantando hinos religiosos. Mas as autoridades IocaJS alvos mais óbvios, ou seja, os poucos jornais monarquistas sobrevivente ·
11\ ocarlt '· parJ recebê-lo . tropas estaduais, comandadas pelo renen- quatro foram empastelados e o dono de um deles foi linchado. Todos clamavam
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OS ,\UUtltS
WALNICE NOGUEIRA GALVÃO
c'nns1·llwuo,qut· c1a católico c beato mas não tinha sido ordenado sacerd
• . lOS
uhtinl1.1 ou lidO a tolcJ,JilCJa I v1g ános Ioca1s,
. con f orme oca o. Sabe-se taOte ' te Pires Ferreira. Emboscadas estas em Uauá, seguiu-se um combak "an-
tx: qul'. Jll'tamcntc por nao ser pa re, c c pregava somente no adro d·rn.
111 · ~ d 1 grento. em que os canu,denses foram dizimados. Ainda assim, sem sab~r ava-
ig1t·ju• c nao no altur, c queM! abstinha de administrar os sacramentos co a. liar a quantidade em numeros e os recursos de que o adversário dispunha, a
• rno
~ ·• .um:ntc , o bat•~mo, etc. Pc1cgrinava acompanhado por um séquito q 0 tropas bateram em retirada. Esse episódio passou à história como a primeira
, ue 0 expedição contra Canudos, ou Expedição Pires Ferreira ( 1896).
at:oltL!V.t na. nhr.ts c nas orações. rezando junto com ele.
01a, o .tdvcnto da república acarreta alterações que perturbam 0 ânirn Enceta-se então a preparação de uma nova ofensiva, sempre com tropas
estaduais baianas, agora mais numerosas e mais bem armadas. hem como ~ob
do~ pc1egrinos De um lado, ~ão decretados novos impostos, que gravam~
0 comando de uma patente mais alta, o major Febrônio de Brito. Em janeiro de
popul<u,;io poiJJe do sertão. De outro, certas medidas laicas, mas afetando
1897 deslanchao ataque, que resulta igualmente em derrota, nos arredores de
prJncJpio, rehgiosos vincadamcnte tradicionai • ão postas em ação. É caso
0 Canudos. Essa foi a segunda expedição contra Canudos, ou Expedição Febrônio
da t'Jl.lraç~o entre Igreja c Estado, a liberdade de culto e a instituição do
de Brito.
l':t .uncnto CJvil pela Assembléia Constituinte de 1890. Especialmente esta,
qut• rontr.Jdllla frontalmente um sacramento católico.
Apcís algum,,., csraramuça com as autoridades das vilas e arraiais do
0 DESASTRE
imcnnr. os peregrinos passaram a evitar as aglomerações urbanas e a afundar-
( cada Vl'l. mais no deserto, para votar-se à vida contemplativa. Acabam por
A terceira expedição ganha uma patente superior, tendo por comandante
,Jrrandt.tr, por volta do ano de I893. na tapera de uma fazenda abandonada no
um coronel, e que coronel: Moreira César tivera sua reputação firmada duran-
lundo do ;crtJo d.t Balua, longe de tudo. As ruínas eram de uma antiga proprie-
te a campanha contra a Revolução Federalista no sul do país, quando se desta-
tl.•<lt· fun ltaria ora ab<tndonada c que pertencera à Casa da Torre, um vasto
cara pelo rigor da repressão que exercia, ganhando então o cognome de
dom mio ú criação de gado estabelecido pelo bandeirante Garcia d' Ávila nos
"Corta-cabeças", ou "Corta-pescoço". O perigo que Canudos veio a repre-
p11mtí1Jio da rolúma. Sohre as ruínas os peregrinos instalam seu acampamen-
sentar, após essas duas derrotas, já é agora considerado de alçada nacional c
to. edilic.un pouco a pouco seu~ barracos de pau-a-pique - futura Tróia de
grave demais para ficar sob a responsabilidade de tropas estaduais. Monta-se
'"'flll, no o nnor euclidiano-. reconstroem a pulso, e pedra por pedra, um uma grande ofensiva, com forças federais vindas de todo o país, armamento
nt1go templo loc,JI l.Omcçam a erguer um outro muito maior, defronte àque- moderno incluindo canhões, e uma ampla campanha no sentido de alertar a
le A111hos no largo central do povoado, serão batizados como Igreja Velha e opinião pública. Os ânimos estão exaltados, a demagogia patriótica cspicaçada,
lgn:j.1 'ov,t F<.ta ·a imtalado o arraial de Canudos, nome pelo qual já era c começa-se a insinuar que os incidentes do sertão apontam para uma tentati-
onhccida ·• untiga fatt•nda . va de restauração monárquica.
Ü da ct'n~tnJçao dJ Igreja Nova que decorre um primeiro incidente, a Acompanhada pela atenção de todo o país, a terceira expedição se reúne
nHrltlplic.t\ão ddc . e .. , olumando até Jdlagrar uma verdadeira guerra. em Salvador c marcha para Canudos. Chega a atacar o arraial, ma após
to h.1 lllJ.deira nu sertão. cuja cobertura vegetal típica é a caatinga. a algumas horas, sofrendo pesadas perdas, inclusive a de seu comandante, hate
qual. como\ m10s. nJo p.tssa de um mato ralo. de garranchos, gravetos e cac· em retirada, dehandando, enquanto para facilitar a fuga joga fora armas c
11 1
I' r o o pô' o de Canudos tinha comprado c pago antecipadamente na munições - que serão coletadas e ;ntesouradas pelos canudense - e até
:d.tdc d Juazeiro um lote de peças necessárias para as obras da Igreja Nova. i>Cças de farda, como dólmans ou botas.
Jo tcnJn 1do ntreguc a encomenda. apesar de paga, ameaçaram ir buscá·
A celeuma provocada por mais eua derrota é incalculável. Manifestaçõc
la pc ' llm nt •.
0 de rua nas duas principais cidades do país, Rio de Janeiro e São Paulo, acabaram
' .filctarn, organizados num.t proci são precedida pela bandeira~O se transformando em motins em que o furor da multidão se desencadeou obre
05
•nt Santo, cantando hinos religiosos. Mas as autoridades IocaJS alvos mais óbvios, ou seja, os poucos jornais monarquistas sobrevivente ·
11\ ocarlt '· parJ recebê-lo . tropas estaduais, comandadas pelo renen- quatro foram empastelados e o dono de um deles foi linchado. Todos clamavam
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pt lo HIIIIJilÍI<JITll'IIIIJ ut~~a amca~·;~ nacional coJIII'a a n.:p(JhiJca ( J~o. t'>tud~hlr· , crn m:..nulít.c (ru m:mulkha, r; r,., (r rnhlau1
wn1·Ja
a ~imJJ;Hn UJn,t pclíçuo cxí~índo a l1qti•uaçao do!-. ~cqua.r.c~ do "dcJ~Cnt:r;,rJ,, formada ~;rn c;ornhlé<. <: vrmblé:t•., I..(Jm r .gt tro na<; 1,
lkpul.tdo~ L' •,cnadorcs n.:ío dl\cutíarn outra coisa 110 Parlamento. () <:élchrt r·ttnhém tfl<ll'. t<~rdc crn (Juirnariíe•,J<o ~
com (1 ' • • •
JIHI~I" J<ui Barbm.t,camJwaouo libcrall'>mocdodtrcilO, futurod<.:lcgadoh 1a•.if Á medida qut.; r1 a~.sédt'' con\lrtngc 11 arrawl, d•• q <~1 • J.. m.
fO a ('onfcrém;ia da Pat em Haia lx:tn comr> candidato a pm~idénda, prcJfcnu ~c;ndo oc;upacJ~,~. a rc•.i<.téncia inquebrantável d<r. <:a11uden. '• '1 JfMI a ·1 d a
p;tle\lr:t p1íbhca na qual chamou os canudcn&c~ de "horda de mcntccap 111~ c fiar a comprccn~ao c a crmf.lituír-sc em emgma. Algun d1a ar tr_ d , fin. I,
!!'"é'"· durndo qut· uào pa~savam de um caso de po lícia, a qual deveria ha\taJ par I,a menta-~c uma mndiçlí(), n~;gociada prrr Antônto B 'dtmhc,, rncrnbfll da
p;11 a l·lirniná-los. o~ jornats trataram a derrota como uma calamidade nacional, guarda pt.;~~o<d de Anlímio Ccm~clheiro. Para comtcrnaçao der·. alllcan , , en
dis'>cminando a insegurança c n alannc em toda parte, multiplicando nolícia\ !regam-se cerca de trczcnta~ mulheres, reduzida'> pela fr}me <J c md•'fa d
fahas, cJrlas forjada~ c focos conspiralórios até internacionais. c;squcletos, acompanhadas pelas crianças c por algun~ velhw; c a re i téncta
f· nc ,c clima que Euclides da Cunha pela primeira vez ~c pronuncia recrudesce, mais forte agora porque desvencilhada de um pel-e, mr>rto. Final-
sobre a guerra dc Canudos, publicando no jornal A Provfncía (hoje O r~·sttulo) mente, após um bombardeio intenso de vário~ dia~ c da utílizaçao pioncJr<~ d.;
de S. f'mrln dois artigos intitulados "A nossa Vcndéia", onde expressa opinião uma espécie de napa lm primitivo- a gasolina espalhada sobre as ca•,a "'inda
cm nada diferente das demais. habitadas é incendiada por bastões de dinamite sobre ela lançado<; -o arraral
Prepara-se entiio uma quarta expedição, na qual novamente sobe a pa- &e calou, sem se render, a 5 de outubro de 1897. Os últimos re~btente~.
tcnle em comando, agora o general Artur Oscar de Andrade Guimarães, as- calcinados numa cova no largo das igrejas, não eram mais que quatr(), dos
Sl~lido por quatro outros generais - seu irmão Carlos Eugênio de Andrade quais dois homens, um velho e um menino.
(ruimar5es, Cláudio do Amaral Savagct, Silva Barbosa e Miguel Maria Girard. O recenseamento oficial do exército computou 5.200 ca5a~. o que, a
Até um marechal a expedição chegou a ter, pois o ministro da Guerra, mare- base da estimativa conservadora de uma média de cinco pessoas por cac;<~.
dMI Machado Biltcncourt, deslocou-se para o teatro das operações, lá perma- estimativa baixa para o sertão, dá uma população de 26 mil pessoas. Ou seJa,
necendo cpm seu gahinetc adrede montado, e despachando ao lado de Canudos, a contagem elevou Canudos à posição de segunda cidade do Estado da Bahia
em Monte Santo. As tropas são mobilizadas em todo o país, desde o Amazo- na época, coeva de uma São Paulo que mal atingia 200 mil habitantes. O
nas até o Rio Grandc Jo Sul. cadáver de Antônio Conselheiro, que morrera dias antes do final. foi exumado.
Sua cabeça foi cortada e levada para a Faculdade de Medicina da Bahia para
ser autopsiada, com a intenção de descobrir-se a origem de seus descaminho .
A EXPEDIÇÃO FINAL o que, segundo rezavam as teorias lombrosianas, podia ser inferido a partir das
dimensões do crânio e da dissecação do cérebro. Mas, infelizmente, os resul-
A quarta expedição põe-se em marcha em junho de 1897 (com Euclides, lados não foram conclusivos.
nomeado adido do ministro da Guerra, seguindo depois com uma das colunas
em agosto) c vai assediar o arraial, o qual é cercado para impedir socorro ou
reforços. Mas sobretudo para tolher o abastecimento de água, tão preciosa na REPERCUSSÕES
ea.Jtinga seca e penosamente obtida em cacimbas no Jeito seco do rio vaza·
Barns.
Após uma guerra que se revefou ingloriamente como uma chacina de
Entrementes, os canudenses, que antes só dispunham de poucas e arcai·e pobres-diabos, ficou evidente que não houvera conspiração alguma e qu e~te
cas peças de fogo, daquelas de carregar pela boca - arcabuzes, bacamartes bando de sertanejos miseráveis não tinha qualquer ligação.com os ~anarqUis
coluhrinas - agora dispõem do mais moderno armamento da época, abandona· tas instituídos - gente branca, urbana e de outra classe social, que t~nha ~o~or
do pela t<'rceira expedição em debandada. E especialmente os cobiçados rifleS a '1agunços" e ''fanáticos" pobres como aqueles-, nem qualquer apoio logisuco,
<k repeti'< to Mannlicher austríacos, marca logo metamorfoseada na fala set· seja no país, seja no exterior.
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Ronaldo Vainfas
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