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SOCIEDADE TEOSÓFICA NO BRASIL

LOJAS DHARMA E PARANÁ

Os Fundamentos
Esotéricos da Meditação

Vicente Fiumanó

Tradução para estudo em Loja:


Elizabeth C. Parolin e Moacir M. Fernandes
[SETEMBRO/2011]
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OS FUNDAMENTOS ESOTÉRICOS DA MEDITAÇÃO


SUMÁRIO
Introdução 03
Capitulo I - O fundamento da unidade 08
Capítulo II - A natureza da Mônada 13
Capítulo III - A constituição setenária universal 17
Capitulo IV - Fundamento da periodicidade universal. 22
Capítulo V - Fundamento da reencarnação 27
Capítulo VI - Fundamento de casualidade ou carma 31
Capítulo VII - A grande fraternidade branca 35
Capítulo VIII - A senda: o único caminho 40
Capítulo IX - O campo de ação do meditante 45
Anexo - Fontes para o estudo e aprofundamento 52
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INTRODUÇÃO

Com o presente trabalho nos propomos a preencher um vazio existente do tratamento da


Meditação na condição de uma Ciência Oculta.

Existem excelentes obras de Meditação em diferentes idiomas, mas todas apresentam a


mesma deficiência: dão por subentendidos os fatos fundamentais referentes à formação
filosófico-científica do futuro meditante. Essa formação é essencial, pois dela depende a
orientação e a qualidade dos resultados a serem obtidos. Uma formação espúria precipitará o
praticante no círculo vicioso e medíocre observado na maioria dos sistemas convencionais, os
quais, além de não permitirem avançar na direção legítima – o que qualquer tratado real sobre
Meditação deveria proporcionar – ainda induzem o praticante a penetrar em áreas totalmente
incompatíveis com o verdadeiro desenvolvimento Oculto.

Em virtude do ciclo evolutivo em que nos encontramos como Humanidade, a cada dia se
torna mais evidente que a experiência pessoal em um ou em outro grau da escalada do
desenvolvimento interior, é fundamental. Cada vez mais é maior o número de pessoas que
desejam começar "a fazer algo prático", mas em geral, elas apenas continuam estudando
indefinidamente ou simplesmente "falando" a respeito da Vida Espiritual. Essa constatação, ao
mesmo tempo em que oferece uma excelente oportunidade em termos de crescimento
individual, apresenta alguns inconvenientes e tendências que podem se transformar em sérios
transtornos no futuro.

Esse fato sinaliza a necessidade inadiável e incontestável de serem estabelecidas as bases


do que verdadeiramente se constitui o Ato da Meditação, seus propósitos, sua filosofia e seus
inconvenientes, de modo a se evitar ao máximo eventuais resultados indesejáveis e, também,
para se converter na prática diária – como já ocorre esotericamente – essa técnica em uma
Ciência do Desenvolvimento Humano, de modo a constituir um eficiente veículo de progresso
pessoal, capaz de introduzir toda a Humanidade num novo ciclo de Trabalho e Desenvolvimento
integrado e iluminado pela verdadeira perspectiva da Filosofia Esotérica.

O ingresso da Humanidade no Ciclo de Aquário, científico, filosófico e humanista, nos


permite pressupor perspectivas mais promissoras para a prática Meditativa, pois oferece um
cenário adequado para a realização científica dessa experiência em um nível coletivo, o que
jamais se concretizou antes sobre nosso planeta de forma extensa e grupal.

Não obstante este favorecimento das condições cósmicas, ninguém nos abrevia o
trabalho que temos que realizar para assentar as bases firmes para que esta possível experiência
se realize sobre os princípios mais sólidos, puros e representativos da Tradição Oculta, único
sistema detentor do mais antigo acervo, experiência e registro da prática experimental do
fascinante – mas também perigoso – terreno da vivência meditativa. Todos os inconvenientes
desta busca espiritual, no passado e no presente, têm lugar porque se desconhecem ou se evitam
os princípios elementares que oferece a Ciência Oculta, para serem estabelecidas as bases desta
prática.
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Devido ao maior interesse que vem sendo manifestado pelo público por estas técnicas,
tem-se produzido uma avalanche de literatura barata, de instituições que dão "lições de ioga e
Meditação" e de "instrutores" ou "gurus" que oferecem orientação espiritual, diretamente ou por
correspondência. Em geral, por trás de tudo isso, esconde-se uma cobiça monetária; e, como
ocorreu nas esferas das grandes religiões organizadas, o mercantilismo vai penetrando na área
do sagrado, desconsiderando a reverência interna – elemento indispensável para uma correta
valorização – com a qual devemos trabalhar neste terreno sagrado. Quando o praticante se
encontra afetado por falta de reverência necessária para o que realmente constitui o Ato da
Meditação, certamente ele não poderá ir muito longe através dela – a Meditação –.

É fundamentalmente necessário evitar que se tome a verdadeira Meditação como uma


das muitas pílulas para curar dores de cabeça ou que ela se converta em um passatempo da moda
ou um estimulante "dos poderes da personalidade", além dos muitos já existentes, mas que ao
mesmo tempo perdem a atração inicial devido à repetição mecânica dos mesmos.

É necessário desconfiar das "ofertas" de desenvolvimento acelerado, que abundam entre


os exploradores e depreciadores do mundo espiritual. A maior proteção que podemos dispor
para nos colocar a salvo das ofertas fáceis de desenvolvimento é o conhecimento dos
Fundamentos Esotéricos da Meditação, tal como nos participa a Filosofia Esotérica.

Atualmente, os tratados sobre Meditação de acesso ao público em geral devem ser


necessariamente introdutórios e elementais, visando à segurança do próprio praticante. Além
disso, o conteúdo que se deve proporcionar tem que ter por objetivo o crescimento interior do
estudante. As razões pelas quais a participação do buscador, para cada questão, cada instrução e
cada disciplina têm que ser compreendidas pelo leitor, como se a valorização estivesse surgindo
do seu próprio interior. Quando este processo ocorre, não se nutrem complexos de dependência,
nem para o que é lido, nem para o autor ou orientador.

A verdadeira orientação ocultista não se constitui em absoluto de elementos impositivos,


tudo é orientado para a própria compreensão ou para intensificá-la, de tal forma que o indivíduo
cresça ajudado indireta e secundariamente desde o "exterior", mas que sempre o faça apoiado
sobre seu próprio esforço e responsabilidade internos.

É imprescindível não se realizar nenhum tipo de disciplina da qual não se saiba


antecipadamente a razão da mesma e porque ela é prescrita, qual o papel que ela preenche na
escala integral do progresso humano, seja Espiritual, psíquico ou físico. Esta medida de
segurança garante-nos a mais básica necessidade na condição de futuros Meditantes, isto é: a
saúde psíquica e física dos mesmos, sem as quais é impossível todo verdadeiro progresso em
Ocultismo.

Como ainda não chegou a hora para termos Instrutores avançados em contato com o
grande público, é necessário aumentar as exigências – as margens de segurança básicas –, para
evitar ao máximo possível os inconvenientes produzidos por uma prática indiscriminada. A
medicina atual, eminentemente materialista, ainda não sabe o que fazer com os casos que lhe
chegam às mãos – como conseqüência de experimentos com essas “práticas”–, a não ser em se
valer de sedativos e psicofármacos, os quais, na maioria das vezes, terminam por afetar os
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órgãos físicos mais sutis do corpo, com os quais o meditante tem que trabalhar, e deles
depende, isto é, do sistema nervoso e das glândulas de secreção interna – especialmente as
glândulas Pituitária e Pineal – as quais trabalham como pontes de contato dos modos mentais e
emocionais de consciência com a própria consciência de vigília.

Esse quadro nos alerta para o fato de que basicamente dependemos de nosso senso
comum, e quanto mais faça parte de nossa experiência, menos problemas nós teremos que
enfrentar ao longo de nossas vidas.

Na antiga Tradição Budhista, era considerada em grande estima a obtenção da erudição


sobre a Senda, não pelo fato em si da acumulação de dados e de informação a esse respeito, mas
porque isso propiciava ao monge os elementos de julgamento que ele necessitava à medida que
surgiam problemas oriundos da sua experiência. Este rigoroso tipo de formação hoje em dia
ainda é encontrado muito isoladamente aqui ou acolá, mas em pequena proporção comparada ao
imenso trabalho que vem ocorrendo neste campo.

Devido às grandes exigências para serem satisfeitas nas necessidades imediatas da


existência, nos dias atuais, vai sobrando cada vez menos tempo para que nos dediquemos à
Autocultura Espiritual. Entretanto, é urgente e necessário que organizemos nossa vida, de
maneira tal que possamos resgatar o máximo de tempo possível das atividades passíveis de
serem adiadas ou que, por sua natureza, possam ser dispensáveis de nossas vidas, em favor
daquelas de real necessidade. Uma vez que o interesse por estes estudos tenha atingido certo
grau de compreensão interna, não teremos inconvenientes em abandonar muitas coisas que
apenas psicologicamente nos parecem vitais; em seguida, veremos que elas não passavam de
bolhas de sabão, sem nada substancial em seu interior. Enquanto o praticante não atingir a esse
estágio em seu estudo, onde nada nem ninguém o poderão afastar dele e de sua prática, é
recomendável que tenha à mão algumas obras que possam auxiliá-lo para condição propícia.
Obras tais como "Bhagavad Gita"; "A Jóia Suprema do Discernimento, de Sankara; "Aos Pés
do Mestre", de J. Krishnamurti; "A Voz do Silêncio", de H.P.B.; "Luz no Caminho", de Mabel
Collins; não deveriam faltar em nenhuma biblioteca de um estudante e praticante de Meditação.

O presente trabalho pretende constituir-se em uma ponte entre esse estado inicial da
verdadeira busca interior, existente no Grupo Oculto ao qual o aspirante se afiliou
esotericamente – esteja ele consciente ou não desse estado –, e o começo de um trabalho
verdadeiramente científico e sistemático, em sintonia com o Raio Fundamental de cada
candidato e com o Trabalho ou Serviço Oculto, em relação ao qual esse grupo se acha
esotericamente comprometido. Desconhecidos estes fatores condicionantes, é preferível que o
aspirante à meditação inicie sua prática em bases preliminares, não menos apaixonantes,
positivas e esclarecedoras, as quais, uma vez atendidas e razoavelmente realizadas, chamarão a
atenção de Seu verdadeiro Mestre Oculto, e esse Mestre orientará o Grupo Esotérico ao qual ele
pertence.

Difundiu-se muito sabiamente que: "quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece",
mas esse "estar pronto” não depende do conceito do aspirante, e sim, significa "estar pronto" no
conceito do Mestre, o que em geral não representa a mesma coisa. É por esta razão que cada
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aspirante deve trabalhar com o máximo de prudência e compreensão, se não quiser passar em
vão sua atual encarnação. As pessoas podem estar afetadas por algumas das muitas ilusões que
condicionam os principiantes, e esperando que o Mestre faça aquilo que unicamente elas
próprias podem e têm que fazer. Somente depois que cada um de nós tenha realizado o trabalho
sobre si mesmo, que pode e deve fazer baseado na própria compreensão e possibilidades, é que
se torna possível ser iniciado o trabalho que o Mestre irá realizar em nós. Pretender inverter esta
ordem é desconhecer as mais básicas regras do genuíno Trabalho Oculto.

Sobre os Aspirantes, Discípulos e Iniciados de todo o mundo, vela amorosa e sabiamente


a Grande Fraternidade Branca, oferecendo assistência, cuidado, instrução e a orientação que
cada um necessita e merece para galgar mais um degrau da infinita escala do Desenvolvimento
do Ser. O conhecimento deste fato deveria encher de confiança a todo aspirante à vida
Espiritual, para que não venha a se desesperar com os resultados de sua prática meditativa. Se
cada um estiver direcionado por um Verdadeiro Espírito de Serviço, e conhecer e confiar na Lei,
não haverá em seu coração lugar para desespero, desanimo e temor que tantas vítimas causam
ano após ano entre os “buscadores”. Os aspirantes pretensiosos, presunçosos, egoístas e
vaidosos, são abandonados aos seus carmas pessoais à espera que se reduza neles o fator
pessoal, que os desqualifica perante um verdadeiro Instrutor Espiritual para todo ensino e
orientação esotérica possíveis. Constituindo-se a verdadeira vida espiritual na conquista diária e
transcendência do "eu", aqueles que vivem para o "eu" jamais encontram eco nos mundos
invisíveis que respondam a seus rogos.

Esta obra pretende participar os verdadeiros fundamentos para que cada um se esclareça
por si mesmo e inicie com a perspectiva que só o genuíno conhecimento pode nos oferecer, o
caminho que o conduzirá diretamente para sua própria meta espiritual.

Como até o presente desconhecemos existir alguma obra contendo as doutrinas mais
fundamentais do Ocultismo com ênfase para a Meditação, nosso propósito foi apresentar de uma
maneira simples, despretensiosa, direta e sem adornos retóricos, os elementos mais relevantes
para uma compreensão profunda, tanto no aspecto metafísico e filosófico, como científico, em
que se baseia o tema da Meditação.

Procuramos fazer o melhor, de acordo com a nossa perspectiva de Compreensão,


contudo, ficaremos agradecidos com o amável leitor que venha a nos enviar alguma sugestão
que permita melhorar o presente trabalho, para o caso de uma futura reedição do mesmo.

A lista bibliográfica que oferecemos1 é também fruto de nosso trabalho e experiência do


estudo, prática e difusão da temática da Meditação e de tudo que é possível realizar para o
esclarecimento sobre a Vida Espiritual, durante mais de um quarto de século. Nesta área, vimos
realizando um trabalho pioneiro e emprestando nossa voz à Ciência da Meditação, mesmo nas
épocas pouco favoráveis para isto, nos expondo a sermos tachados de extraterrestres ou de uma
pessoa fora de seu juízo normal. Os tempos mudam e o sonho dos loucos se converte nas
realidades das multidões. Hoje falar de meditação é tema comum no mundo.

1
Apresentada no Anexo da presente tradução. (NT)
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Prosseguimos sonhando, com outros sonhos talvez, mas ainda com o propósito de
continuar a trabalhar em prol de uma Humanidade Fraterna em Espírito e em Consciência,
acima de toda diferença temporária, de cor, de religião, de sexo, posição social, nacionalidade,
etc. Sabemos que a Humanidade é uma grande família e trabalhamos para esta Unidade, o único
trabalho fundamental que vale a pena realizar, sobre a face física de nosso bendito planeta Terra.
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Capítulo I

O FUNDAMENTO DA UNIDADE
O primeiro e mais condicionante fundamento para a formação Oculta de todo aspirante à
Meditação, como fato prático, é o Fundamento da Unidade. Este fundamento é a pedra angular
de todos os outros. Faltando o mesmo, todos os demais podem considerar-se inúteis, e na
presença dele os outros se tornam racionalmente justificáveis, tanto em seus aspectos científicos
como filosóficos.
Com certeza, o aspirante já terá ouvido frases tais como: "Nele vivemos, nos movemos e
temos nosso Ser"; "No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus,
todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele nada foi feito". Estas frases poderão parecer sem
sentido dentro da imensa onda de materialismo em que se debate nossa civilização, mas na
perfeita compreensão delas, acha-se toda a esperança de sobrevivência da Humanidade como
espécie pensante.
O descobrimento de uma perspectiva humana da existência como totalidade sempre foi o
ápice da experiência dos antigos meditantes e Mestres do Despertar. Na condição de Ciência,
toda Meditação se fundamenta no fato de que esta experiência pode ser obtida sem se ter
atingido o apogeu do processo evolutivo corrente, mas sim agora, se forem preenchidas as
condições de pureza, organização e sensibilidade requeridas para tal.
Todo o âmbito da Meditação prepara o aspirante para a obtenção de um amplo conceito
de si próprio e da idéia da Unidade, em primeiro lugar através de um maior esclarecimento
intelectual e filosófico e, a seguir, através da experiência, assunto que trataremos oportunamente
no capítulo Contatos Ocultos. Tudo nos instrumenta para se ganhar terreno dentro da
compreensão possível do fundamental e condicionante da Existência.
Duas coisas o praticante da Meditação deve aspirar: a primeira é começar pelo princípio;
a segunda é começar bem. Giordano Bruno, uma das glórias da Humanidade, ensinava que se o
primeiro botão do "nosso colete" for abotoado mal, todos outros teriam a mesma sorte. O
primeiro botão do colete do Meditador é o botão da Unidade.
Os grandes problemas da Humanidade tornam-se impossíveis de resolver caso não se
compreenda a realidade da Unidade de toda vida. Toda a história sangrenta de nosso planeta
apóia-se na dissidência humana a respeito de o meu e o teu, a minha conveniência e a tua, meus
direitos, minha busca de felicidade, meu prazer, minha religião, meu Deus, minha pátria.
Constantemente o sentido do pessoal se sobrepõe à fundamental razão do ser humano, co-
participante da própria Natureza, da mesma fonte e da mesma Meta e Destino. As divisões
engendradas pelo homem através do tempo envenenaram seu pão, e tornarão impossível seu
sonho; vivemos procurando ansiosamente segurança no perecível, no impermanente; e nos
afirmamos no poder terrestre à custa de nossa saúde psíquica e física. Criando constantemente
desculpas para não enxergar o primeiro e principal centro básico de todos nossos problemas, que
é a natureza de nosso "eu" psicológico aquele que usurpou o lugar da totalidade em nós.
A Humanidade, na condição de entidade coletiva, terá que reconquistar sua perspectiva
original de Unidade, caso deseje permanecer como espécie. A vida humana deve investir em
trabalho e ganhos para a Totalidade, não para a maior glória e comodidade de alguma das partes
em conflito.
Para o aspirante que não compreender este Primeiro Fundamento Básico, será inútil
seguir adiante em seus intentos, sem ter que retroceder em seguida no caminho. Nosso interesse
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é que, mediante o auxílio que pode oferecer a Meditação como Ciência, nós tenhamos que
retroceder o menos possível no caminho. Compreendemos que toda a miséria humana, está
enraizada em uma vida sustentada em valores da "dualidade" e desejamos transcendê-los para
conquistar conscientemente a verdadeira perspectiva da realidade.
Um dos auxílios formidáveis que cada ser humano pode obter é a de aprender bem desde
o começo, pois uma vez viciada nossa compreensão filosófico-intelectual, custa-nos maior
esforço voltar a aprender, já que quando os sofismas se encontram instalados em nós, eles se
convertem em núcleos vivos que impedirão uma e outra vez a genuína compreensão. Um dos
maiores problemas na atualidade no âmbito do ensinamento Esotérico é que existem muitos
alunos e "professores" "mal informados", os quais projetam geração após geração os vícios de
uma formação espiritualista materializada, fragmentária e personalista, gente que "não caminha"
nem deixa caminhar... monstros de vaidade viva que arrastam atrás de si, tal como a matéria da
cauda de um cometa, a esteira de seus seguidores, vítimas de fraude espiritual, irrecuperáveis
para um possível e efetivo trabalho de auto-esclarecimento, admitido como genuinamente
esotérico. Que as idéias movem o mundo é um antigo ensinamento oculto, e que as idéias
viciadas não só impedem a correta formação intelectual, mas elas também pervertem toda a
experimentação possível, o que determina que a eliminação das superstições seja fundamental
na Tradição Buddhista da auto-realização Espiritual, constituindo uma das condições
indispensáveis para se entrar na "corrente" da vida Esotérica. A maior superstição que a
Humanidade sofre é a Superstição da Separatividade, de onde se conclui pela necessidade de
um reconhecimento intuitivo da Realidade da Unidade Fundamental de toda Modalidade de
Vida.
Neste Fundamento, subjaz o segredo da Ahimsa, a Não Violência, fator inicial na prática
de toda modalidade de ioga ou disciplina para obter-se a União. A sensibilidade real requerida
para que Ahimsa seja verdadeira e não apenas uma postura psicológica, de conveniência ou um
elemento obtido pela imposição ou pela repressão, é justamente o reconhecimento real da
Unidade, sem nenhum tipo de reservas, nem ideológicas, nem de conveniência. Qualquer grau
de Ahimsa se perverte com o tempo, se não se apoiar sobre as graníticas rochas da Unidade,
como Fato e não como filosofia. A verdadeira Não Violência ou Ahimsa, transcende todas as
divisões engendradas pela mente humana, e consegue sentir, naturalmente, um profundo
respeito e compaixão por tudo que vive, pela Vida como Totalidade.
O Fundamento da Unidade é, por conseguinte, o fator mais condicionante e básico para a
formação de um meditante. Sem este fundamento todo o trabalho restante, por mais importante
que pareça, será superficial, periférico e inferior.
O maior desafio da espécie humana, sua maior glória, é primeiramente o reconhecimento
intuitivo da Existência da Unidade e, segundo, a sua realização consciente; para isso nasce, para
isso vive, para isso chora e sorri, angustia-se e se exalta, perverte-se e se regenera. Todas as
vidas e todas as mortes, não são senão o prelúdio da verdadeira vida imortal, com plena
consciência da Unidade. Todos os níveis da existência representam um desafio para a
consciência incipiente no propósito de encontrar o centro de sua própria vida dinâmica, de onde
surge, e para onde se dirige.
Todo o drama da existência humana é um ato de constante transcendência de novas e
mais dualidades sutis, que se fundem no nível imediato superior.
Todo problema, todo desafio, é a renovada e sempre eterna oportunidade de exercer um
ato de compreensão, uma fusão, uma síntese. O máximo Feito da Natureza é a fusão no
Absoluto de seus Dois Eternos, seus sempre renovados e inesgotáveis Princípios,
O convite para uma fusão, uma síntese no nível mais imediato de nosso atual horizonte
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de consciência, constitui o propósito essencial de toda nossa Natureza. Descobrir este fato
constitui o verdadeiro nascimento para a dinâmica divina, para a verdadeira essência da
filosofia, para a filosofia viva, a única que pode nos manter sempre vivos, sempre ativos, em um
constante ato de superação, de crescente compreensão, de contínua transcendência. Morrendo
consciente e constantemente para aquilo que já fomos, para chegar a ser tudo o que podemos
ser, e esta possibilidade não tem limites, nem em extensão nem em profundidade.
A primeira conquista do Meditante consiste em fundir sua consciência finita e
temporária, com sua superconsciência Atemporal, eterna e imortal. É a partir desta fusão que
começa seu possível desenvolvimento infinito de possibilidades. Enquanto isto seguirá sendo
prisioneiro da angústia de cada nascimento e de cada morte. A compreensão deste fato, desperta
no aspirante o verdadeiro interesse pelo tema da Meditação e da Vida Interior, reconhecendo
que esse é o único caminho pelo qual é possível passar a compreender e transcender sua
natureza sujeita aos processos duais de toda a Natureza.
Afirma a Doutrina secreta que: "O homem tende a converter-se em um Deus, e depois em
Deus, da mesma forma que todos os demais Átomos do Universo". (D.S. I, 203).
O nível e a qualidade de vida no Meditante vão se introduzindo gradualmente e ele vai se
equipando com os instrumentos de percepção e de reconhecimento de novos níveis e
modalidades de vida e de consciência, os quais cada ser humano possui em sua estrutura
potencial interna, equivalentes a todo o universo em que vive. Um maravilhoso sistema de
correspondências vai-lhe permitindo irromper conscientemente, ciclo após ciclo, os níveis mais
e mais abstratos na Natureza da Totalidade.
O reconhecimento intuitivo da Unidade de Vida marca o começo do trabalho do
verdadeiro aspirante ao Campo da Meditação. É o princípio, o meio e o fim. Sem alcançar este
primeiro degrau, é sinal de que ainda não soou sua hora, para que inicie o acesso para a Senda
Interior, cuja conquista admite-se estarem desenvolvidos e aperfeiçoados os diferentes sistemas
meditativos, de modo a cobrir toda a gama de variedade de caráter, níveis e metas de cada grau
da Senda Interior.

PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO


1) A Doutrina Secreta estabelece:
"Um princípio Onipresente, Eterno, Sem Limites e Imutável, sobre o qual toda
especulação é impossível, porque transcende o poder da concepção humana, e porque toda
expressão ou comparação da mente humana não poderia senão diminuí-lo”. Está além do
alcance do pensamento, ou, segundo as palavras do Mandukya, é "inconcebível e inefável".
"Para que a generalidade dos leitores perceba mais claramente estas idéias, deve começar
com o postulado de que há uma realidade absoluta anterior a todo Ser manifestado e
condicionado. Esta causa Infinita e Eterna, vagamente formulada no "Inconsciente" e no
"Incognoscível" da filosofia européia corrente, é a Raiz de "tudo quanto foi, é ou será". É,
naturalmente, desprovida de todo e qualquer atributo, e permanece essencialmente sem nenhuma
relação com o Ser manifestado e finito. É a "Seidade"; mais propriamente que Ser, ou SAT em
Sânscrito, e esta fora do alcance do pensamento ou especulação". (D.S. I, 81).
*****
2) "O Ser vivo, não constitui uma exceção na grande harmonia natural que faz com que
as coisas se adaptem umas a outras. Não rompe nenhum acordo, não está em contradição nem
em luta com as forças cósmicas gerais. Está bem longe disso, forma parte de um concerto
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universal das coisas, e a vida do animal não é mais que um fragmento da vida total do universo".
(Luis Pasteur: Carta ao amigo Raulin, datada em 4 de Abril de l87l).
*****
3) "Um novo domínio da ciência, que lança um desafio a si mesma, faz hoje sua
aparição. O conjunto das criaturas terrestres, as plantas, os animais, a própria espécie humana
estão influenciadas pelas modulações cósmicas quase impalpáveis. O homem está
inseparavelmente ligado ao restante do universo, não só por meio dos instrumentos que ele
inventou, mas também graças à impressionante sensibilidade de sua própria substância". (Frank
A. Brown, citado por M. Gauquelin em "Cosmopsicología").
*****
4) "Ao Deus desconhecido, ao que vós adorais sem conhecê-lo, é a quem eu vos venho
anunciar. O Deus que fez o mundo e tudo que nele existe, sendo Senhor do Céu e da Terra, não
habita em templos feitos por mãos humanas, nem é servido por mãos humanas, como se
precisasse de alguma coisa; pois ele é quem dá a todos vida e alento a todas as coisas",

"E de um só sangue ele fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra
fixando os tempos anteriormente determinados e os limites do seu habitat. Tudo isso para que
procurassem Deus, e mesmo às apalpadelas se esforçassem para encontrá-lo, embora certamente
não esteja longe de cada um de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser, como
alguns dos vossos já disseram: Porque somos também de sua Raça". (Atos: 17-23/28).
*****
5) "Este mundo estava submerso na escuridão imperceptível, desprovido de todo
atributo distintivo, sem poder ser descoberto pelo raciocínio, nem ser revelado, parecia entregue
inteiramente ao sono”.
"Quando a dissolução (Pralaya) chegou ao fim, então o Senhor Existente Por Si mesmo,
o qual não está ao alcance dos sentidos externos, tornando este mundo perceptível com os cinco
elementos e os outros princípios, resplandecentes do mais puro brilho, apareceu e dissipou a
escuridão, isto é desenvolveu a Natureza (Prakriti).
"Aquele que somente o espírito pode perceber, pois que escapa aos órgãos dos sentidos,
não tem partes visíveis, é eterno e alma de todos os seres, que ninguém pode compreender,
desdobrou seu próprio esplendor”.
"Tendo decidido, em sua mente, fazer emanar de sua substância as diversas criaturas,
produziu primeiro as águas em que depositou um germe... Desde o começo o Ser Supremo
atribuiu a cada um, a cada criatura em particular, um nome, funções e uma maneira de viver,
segundo as palavras do Veda". (Manava-Dharma-Shastra I, 5/8/2l).
*****
6) No Catecismo (Oculto), o Mestre pergunta ao discípulo: "Levanta a cabeça, ó Lanu!
Vês uma luz ou inumeráveis luzes por cima de ti, brilhando no céu negro da meia noite?".
"Eu percebo uma Chama, ó Gurudeva; vejo milhares de centelhas que não estão
separadas e que nela brilham".
"Dizes bem. E agora observa em torno de ti, e em ti mesmo. Essa luz que arde no teu
interior, porventura a sentes de alguma maneira diferente da luz que brilha em teus irmãos os
humanos?".
"Não és de modo algum diferente, embora o prisioneiro continue preso pelo Carma, e as
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suas vestes exteriores enganem os ignorantes induzindo-os a dizer: "Tua alma e minha Alma".
(D.S. I, pág. 169).
*****
7) "Em sua profunda infinitude, pelo milagre do Amor, vi reunido em um único feixe
todo o disperso no universo; a substância com acessórios e suas relações, tudo fundido de tal
modo que não passava mais do que uma única chama.
"Acredito que desse modo vi a forma universal desta complexa totalidade, pois ao dizê-
lo sinto o aumento de minha plenitude", (Dante, A Divina Comédia", O Paraíso).
*****
8) "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. No
princípio, ele estava com Deus, Todas as coisas por ele foram feitas e sem ele nada do que existe
seria feito. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens", (João: I, 1-4).
*****
9) "Do Uno sem nome se originaram o Céu e a Terra.
Do Uno imanente procedem todas as coisas e seus nomes.
Quem se acha mais além do desejo pode ver o Uno.
Quem alimenta muitos desejos pode ver somente aos muitos.
O Uno e os muitos são em verdade Um; mas os muitos têm múltiplos nomes.
Esta unidade é um mistério; é o mistério supremo:
“A soleira do Espírito". (Tao Te King)
*****
10) "A Lei Fundamental da Ciência Oculta é a Unidade radical da última essência de
cada parte constitutiva dos elementos compostos da Natureza, desde a estrela ao átomo mineral,
do mais elevado Dhyzan Chohan ao menor dos infusórios, na acepção completa da palavra, quer
se aplique ao mundo espiritual, quer ao intelectual ou ao físico. 'A Divindade é um ilimitado e
infinito expandir-se'". (D.S. I, 169).
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Capítulo II
A NATUREZA DA MÔNADA
O Segundo Fundamento essencial é o que nos esclarece a respeito de nossa relação com
essa Unidade Absoluta que reina na Natureza.
Aqui também a mente humana acrescentou "agregados" que terminaram por tergiversar
totalmente a natureza da Realidade. Toda nossa confusão filosófica se acha enraizada no
extraordinário desconhecimento a respeito de nossa natureza humana, vigente na concepção
materialista a respeito da natureza do Homem, concepção essa que nem sequer consegue separar
o raciocínio, o pensamento e as emoções da estrutura cerebral. Cada sistema religioso criou sua
própria concepção, sua própria filosofia, tendo o interessado que enfrentar e conhecer a
concepção de cada sistema, tendo que dedicar longos anos de investigação intelectual, chegando
a um beco sem saída. Em quase todos os sistemas religiosos organizados ainda é vigente a
confusão a respeito do significado das palavras Alma e Espírito: as mesmas seguem sendo
utilizadas como sinônimos e quando se pedem definições concretas, saem logo pela tangente,
em um amontoado de palavras vazias. Tenta-se preencher com palavras um importante domínio
da Natureza humana, sem o reconhecimento de que na verdade não se sabe absolutamente nada
diretamente a respeito do assunto. Os teólogos de todas as religiões se dedicam abertamente à
especulação mental, a um mero exercício de montar frases e palavras que carecem de vida
interior, da verdadeira experiência a respeito do que se fala. Nos últimos dois mil anos o
exercício intelectual esteve matando a necessidade da própria experiência Interior, a qual se
pretende superar com afirmações dogmáticas, em geral carentes de sentido e de uma realidade
pratica. Entre o materialismo científico e o agnosticismo religioso, o investigador sincero fica à
mercê da loucura ideológica, ao desespero intelectual, caso não venha a ter a boa sorte de
contatar a Filosofia Esotérica.
Quase todas as filosofias religiosas são "criacionistas": o Ser humano é uma "criação" de
Deus ou da Entidade criadora do sistema específico.
É aqui que se abre uma brecha intransponível entre o Sistema Esotérico e as religiões
mundanas mais apropriadas à atenção das multidões ignorantes e carentes de propósito religioso,
do que ao aspirante da Senda Interior.
A filosofia "criacionista" é uma interpretação condicionada e dependente da Natureza
Humana. Ela jamais poderá satisfazer as necessidades filosóficas de uma Vida que aspira à
Senda Espiritual, com uma mente desperta, com capacidade própria de pensar, de inquirir e de
perguntar de forma amadurecida e profunda. Tal mente necessita algo que vá além das
formulações mentais, palavras ocas, afirmações dogmáticas, modalidades de pensar e de
interpretar determinadas por autoridade pessoal ou institucional. Uma mente madura, sensível e
penetrante, não admite para seu alimento além do que a Verdade, os fatos da Natureza, tal qual
eles são e não arremedos da realidade.
É óbvio que uma entidade humana "criada" constitui uma entidade extática, acabada e
dependente de seu suposto "criador". Ela carece de liberdade, de uma absoluta liberdade, como a
proveniente da investigação Oculta da Natureza, necessária para se descobrir experimentalmente
por si mesmo a verdadeira Natureza da Entidade Humana em todos os níveis do ser. O próprio
conhecimento, a própria Natureza, fonte e destino, não podem ser satisfeitos com meras leituras
de livros e interpretações intelectuais, sejam quais forem os livros, as pessoas ou as instituições,
o verdadeiro autoconhecimento exige uma mente livre de dogmas, ávida de verdade, de Fatos e
não de palavras, enquanto que uma entidade "criada" jamais poderia dispor deste tipo de
liberdade absoluta, para uma investigação do tipo livre e pessoal.
As promessas da Filosofia da Meditação ficariam sem serem realizáveis, se a filosofia
14

"criacionista" da entidade humana fosse uma realidade, o que seria um cruel engano, o pior dos
enganos, para as mais sagradas aspirações do coração humano. A história da Humanidade nos
mostra que jamais ouve engano nas doutrinas do Ocultismo, nem tampouco que os Ocultistas
tiveram que se retratar pela divulgação de falsas interpretações da Existência e das Leis e Regras
que regulam a Vida Espiritual.
Unicamente a Tradição Oculta esclarece o problema quanto ao aspecto do ser humano
ter sido influenciado pela "criação", ainda que não na forma geralmente compreendida, mas
apenas nos aspectos estruturais do Ser humano, legados pelos Patriarcas, os Pitris ou
Antecessores. O que constitui a Verdadeira Natureza de cada Ser humano é o Mistério dos
Mistérios, que somente pode ser expresso intelectualmente quando se afirma que tudo quanto
existe – o conhecido e desconhecido, a natureza do absoluto, o ser humano – é um aspecto do
próprio absoluto. É devido ao fato da Natureza Espiritual da Humanidade ser da mesma
Natureza do Absoluto, que existem absolutas possibilidades de realização para o Ser humano. A
Filosofia da Meditação implica entre outras coisas – como veremos – na possibilidade de
acelerar, antecipar cientificamente a Evolução ou Desenvolvimento Humano. Isto somente é
possível para uma Natureza Dinâmica e Absoluta, dentro de suas possibilidades intrínsecas do
Vir a Ser.
Antes de nos introduzirmos experimentalmente no campo da Meditação, é
imprescindível realizar uma remoção geral e eliminação de todo complexo "criacionista" e de
separatividade com aquilo que consideramos o Coração de toda a Existência, a Natureza do
Todo, de Deus, do Absoluto; de poder deixar de pensar em Deus e no Homem como sendo duas
coisas distintas, substancial e hierarquicamente. Isso implica em certa ousadia – divina ousadia
– que caracteriza a todos os verdadeiros estudantes esotéricos, e os diferencia de todos os
"videntes" e exploradores do mundo espiritual.
Todo ranço de criacionismo e/ou de dependência externa ou interna, constitui um entrave
para se iniciar a Senda da Meditação, uma carga, que, a menos que seja descartada, impedirá o
aspirante de levantar vôo. Tudo que existe fora de nós mesmos sabe-se que possui uma
influência secundária na vida do aspirante espiritual; até mesmo a presença do Mestre é
acessória, pois conforme é do conhecimento antigo: "Os Budas só assinalam o caminho".
Apenas com esta profunda compreensão da relação Homem-Deus, é possível cada homem
tornar-se o "artífice de seu próprio destino", e também que "cada um seja para si mesmo o
caminho, a verdade e a vida".
A idéia de "avançar sozinho", apenas pode espantar a estudantes pacatos e dependentes,
gente ainda imatura para se sustentar sobre seus próprios pés, para fazer frente à vida de uma
maneira direta e não através de "representantes" ou salvadores pessoais; gente que nos abra
caminho, para que nós também possamos avançar. Do ponto de vista da experiência direta, em
realidade não existem tais intermediários, os quais foram inventados para manter as pessoas
escravas da dependência exterior. Quando descobrimos que neste caminho não podemos
avançar conduzidos pela mão de alguém, surge em nós a íntima certeza, a confiança profunda,
apoiada em nossa verdadeira natureza Espiritual, única responsável real pela nossa própria auto-
realizarão.
Há em nós mesmos uma etapa de destruição de todas as fantasias psicológicas e
filosóficas, antes de podermos semear as douradas sementes da Filosofia Esotérica, encontrando
em nós terreno fértil para germinar, enraizar e iniciar o trabalho constante de transformação, que
aguarda no horizonte de cada um.
Consideras-te corajoso para iniciar tua própria limpeza e iluminação?
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PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO


l) Ensina também a Doutrina Secreta:
"A Identidade Fundamental de todas as Almas com a Alma Suprema Universal, sendo
esta ultima um aspecto da Raiz Desconhecida". (D.S. I, 84).
*****
2) "A Alma do Homem é Imortal, e seu futuro, é o futuro de algo cujo crescimento e
esplendor, não têm limites" (Mabel Collins, Idílio do Lótus Branco, Cap. VIII, pág.111).
*****
3), "A Mônada ou Espírito individual – ou o mais interno Eu do homem – é somente
uma forma centralizada ou contraída da Consciência Universal. Mesmo não sendo a Mônada
senão a pura Consciência, este fato é obscurecido pelo mundo mental em que vive o indivíduo
(Segredo da Auto Realização, I. K. Taimni, Sutra 4 pag. 17.)
*****
4) "Tal Ser nunca nasceu nem morrerá, nem depois de ter sido deixará de ser. Este Ser
não nasceu, é eterno, imutável, antigo. Nunca poderá ser destruído. Ainda que o corpo possa
morrer e ser destruído, aquele que habitou o corpo ainda permanece depois da morte deste. A
espada não pode penetrá-lo, o fogo não pode queimá-lo, a água não pode molhá-lo, nem o ar
pode secá-lo. O habitante do corpo de cada um de nós é sempre indestrutível". (O Bhagavad
Gita, Cap. II, slokas 20, 23).
*****
5) "Todo Ser humano é Divino em essência e contém em si todas as qualidades e poderes
que associamos à Divindade, em "estado germinal ou em desenvolvimento gradativo em torno
de uma perfeição sempre maior e uma expansão de consciência que não tem limites". (A
Renovação de Si Mesmo, I.K. Taimni, ponto 11).
*****
6) "Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós sois Filhos do Altíssimo; mas, como homens
morrereis". (Salmo 82: 6-7).
*****
7) "O próprio Espírito dá testemunho a nosso espírito, de que somos Filhos de Deus".
(Romanos: 8-l6).
*****

8) "Este Átma, que reside no coração, é menor que um grão de arroz, menor que um grão
de cevada, menor do que uma semente de mostarda, menor que um grão de milho. Este Átma,
que reside no Coração, é também maior que a Terra, maior que a atmosfera, maior que o Céu,
maior que todos os mundos juntos”. (Chandogya – Upanishads, P. 3ª. K. 14-5-3).
*****
9) "O Reino dos Céus não vem com as aparências. Nem se poderá dizer: Ei-lo aqui, ei-lo
acolá, porque o Reino de Deus está dentro de vós". (Lucas, 17: 20-21).
*****
10) O Ser Divino que caminha com firmeza, lutando e esforçando-se por evoluir, aos
16

poucos vai convertendo-se no verdadeiro Administrador Interno e Imortal.


Todo aquele que compreende que é ele mesmo o próprio Administrador Interno,
habitando os veículos de expressão que ele mesmo criou, adquire um sentido de dignidade e
poder que vai se tornando cada vez maior e com domínio sobre a natureza inferior. (Annie
Besant).
17

Capítulo III
A CONSTITUIÇÃO SETENÁRIA UNIVERSAL
O Terceiro Fundamento Esotérico da Meditação é o Fundamento do Universo e do
Homem Multidimensional, o que em Teosofia denominamos tecnicamente a Constituição
Setenária Universal.
Do ponto de vista operativo e científico, este Fundamento é dos mais importantes do
nosso tema, pois em virtude de o Universo e o homem não serem apenas aquilo que é visto,
degustado, tocado, ouvido e cheirado pelo homem perceptível aos sentidos, não haveria
necessidade da Ciência da Meditação existir ou vir a ser efetiva. O Universo e o Ser humano
possuem aspectos ainda desconhecidos, tanto para o teólogo como para o filósofo e o cientista
corrente. A Integralidade do tema é inesgotável em suas possibilidades e é ilimitada em extensão
e profundidade. Este conceito pode resultar em um grande desafio para a mentalidade Ocidental,
que trabalha com a mente finita dentro de limites eminentemente estruturais e ainda em seus
níveis densos. Toda complexidade humana e as infinitas incógnitas do Universo têm sua razão
de ser nos níveis mais subjetivos dessa Integridade; à medida que avançamos em novas direções
e níveis da vida, mais explicamos o que se passa no campo dos sentidos, pois toda a vida
fenomênica observável é resultante de modalidades de vida e de consciência mais subjetivas.
Para acessar cientificamente aos níveis mais profundos do próprio ser e da Natureza, é
que foi desenvolvida a Ciência da Meditação, através de milhões de anos de experimentação, no
próprio coração da Totalidade da Natureza. A meditação como ciência não é uma matéria
especulativa, mas eminentemente experimental; nela não há lugar para a crença, para a aceitação
gratuita, um simples acúmulo de informação, nada disso serve neste campo; a observação
constante dos fatos e dos processos, objetivos e subjetivos, é o coração vivo da meditação. Para
uma mentalidade imatura e superficial, todo o campo da meditação, da vida interior, carece de
sentido e de existência. Para as pessoas que ainda se encontram na etapa do desenvolvimento
sensorial, focadas puramente no físico, nosso campo é uma utopia, um sonho de loucos. Para o
intelectual que busca apenas através da leitura, a vida Espiritual mais profunda será para sempre
desconhecida; aqui não há lugar para a comodidade, para aquisição gratuita, para o despertar
que surge gratuitamente sem o mínimo esforço pessoal. Tudo deve ser conquistado, milímetro a
milímetro, como conseqüência de um viver desperto e enobrecido pela perspectiva da Vida
Total.
Sob um ponto de vista estritamente técnico, não há possibilidade de o Ser Humano fazer
uso da Meditação, se ele ainda não tiver completado a cota básica de desenvolvimento na esfera
do mundo psíquico-físico. Antes de poder nascer em outras regiões, temos que ter realizado as
lições que este mundo está destinado a proporcionar. Por isso, o aspirante à Meditação não pode
ser um indivíduo comum, insensível, superficial, brutal, o que tornaria impossível toda tentativa
de meditação, mas é necessário que ele seja altamente sensível, mentalmente amadurecido e que
comece a se manifestar em sua capacidade perceptiva, a compreender a Vida como uma
Unidade, caso contrário não teria uma condição pessoal basicamente desenvolvida para iniciar a
Senda de Retorno. Antes de poder chegar à Universidade, é necessário passar pelos outros
estágios e a Natureza não admite saltos. Você poderá realizá-los rapidamente, mas terá que
passar por todos; do contrário, permanecerá estagnado naquilo que é escravizado pelas
modalidades de vida no nível em que se encontra. Não haverá transcendência nesse avançar para
cima e para adiante, que se constitui a dinâmica universal da Vida.
O meditante treinado desenvolve a capacidade de colocar seu Corpo Físico à vontade e
experimentar, primeiro momentaneamente e depois continuamente, seus corpos mais sutis, para
então iniciar o trabalho ou etapa de reconhecimento e aprendizagem nos demais níveis de seu
próprio Ser e do Universo.
18

A evolução é uma conquista constante de poderes, faculdades e níveis de consciência


mais extraordinária e desafiante do que a anterior. O Nirvana, a etapa mais gloriosa para nossa
Humanidade, não é nada mais – como já foi ensinado – que o umbral de uma nova senda. Em
virtude de não existirem limites para as capacidades Divinas, tampouco existem limites para a
experimentação, tanto interior como exterior, no pequeno como no grande. Esta consciência
dinâmica e multidimensional pode ser – e correntemente costuma ser – um sério obstáculo para
uma mentalidade ainda não esclarecida pelos Fundamentos da Filosofia Esotérica, mas é uma
das ferramentas mais necessárias para o futuro meditante. A área da Meditação não é uma
possibilidade para perspectivas míopes, mas sim para aqueles que podem trabalhar – ainda que
apenas em um estado incipiente – com a consciência do Absoluto.
Existem Metas relativas, mas não uma Meta Total e Definitiva última, o que seria
contrário à Natureza, um atentado à nossa compreensão sob o aspecto do absoluto.
Experimentalmente falando, ninguém encontra os limites últimos para o desenvolvimento da
Vida Divina, pois sempre aparece um novo horizonte a ser conquistado, uma nova colina lá ao
longe e, em seguida, outra e mais outra, interminavelmente, como reiteradamente expôs o Sr. J.
Krishnamurti: Uma vez que o aprender começa, ele não tem fim.
O Iniciado judeu-cristão, Paulo do Tarso escreveu em sua época: "há corpos materiais e
há corpos espirituais”... entretanto, seus ensinamentos ainda são compreendidos
superficialmente e interpretados mediocremente. Como eco da Tradição Oculta, encontramos o
ensinamento Hinduísta da Quíntupla Divisão do Homem e na Tradição Egípcia o das Sete
Almas do Homem. Também na Divisão Trina do Cristianismo – tirada dos Pitagóricos e
Neoplatônicos – achamos fundamentos para compreender a estrutura multidimensional do
Universo e do Ser humano.
O campo da Meditação não é lugar para dúvidas, para aqueles horizontes materialistas
que ainda repetem com Lombroso2 afirmando que o cérebro segrega pensamentos, da mesma
maneira que o fígado segrega bílis; que seguem pensando que o Ser humano é unicamente o
corpo físico e, assim, interpretam que todas as diversas manifestações do Espírito, da mente e
emoções, sejam um subproduto de atividades físicas, não conseguindo admitir que, talvez, seja o
inverso, que toda atividade física se deve a algum tipo de atividade subjetiva, cuja raiz se acha
fora das necessidades e possibilidades do homem físico. O homem físico é apenas um autômato
que responde aos requisitos mais imperativos e determinantes de natureza mental e emocional,
e, em alguns raros casos, a atividades puramente Espirituais.
Para a Tradição Esotérica, o Ser humano é um composto multidimensional, sendo o
Centro de Tudo isso, da Natureza, da Eternidade e do Todo. Em seu aspecto instrumental, o ser
humano possui um maravilhoso conjunto de instrumentos através dos quais se expressa em
termos de Vontade, em termos de Amor e Compaixão, em termos de pensamento e nas diversas
formas emotivas; tudo isto em perfeita harmonia com sua natureza física; mas completamente
independentes em sua fonte raiz. O corpo físico humano nada tem a ver com a emocionalidade e
o desejo, nada a ver com o pensamento ou com a intuição; ele é apenas um órgão de expressão
no meio físico em que vivemos de toda a completa e maravilhosa natureza subjetiva. Para a
revelação autoconsciente de todo este mundo subjetivo ainda desconhecido, é que estão
destinadas as diversas Técnicas de Meditação. Cada disciplina meditativa tende a desenvolver,
aperfeiçoar e utilizar cada parte oculta do Ser Humano, em seu próprio nível subjetivo e
mediante a consciência de vigília, permitir sua expressão objetiva.
2
Cesare Lombroso (1835-1909) foi um, médico cirurgião, espírita e cientista italiano. Dedicou especial atenção ao
estudo de doentes mentais; ficou mundialmente famoso por seus estudos e teorias no campo da caracterologia,
ou a relação entre características físicas e mentais. (N.T.)
19

Exotericamente a psicologia ainda é materialista, eminentemente periférica e infantil, e


jamais poderá satisfazer as inquietações de um estudante e praticante da Meditação. A atual
psicologia ainda se encontra em uma etapa eminentemente fisiológica, e, por isso, não pode
responder às mil e uma questões que surgem sobre a vida subjetiva ou para cobrir a tentativa de
uma aceitável formação científica e filosófica, destinada a enfrentar o trabalho interior de
regeneração pessoal e não cair nos infinitos artifícios e complexos de repressão. Somente a
Filosofia Esotérica ensina a seus estudantes como conduzir seus complexos psicológicos sem
cair nem na repressão, nem na gratificação ou na ativa expressão dos diversos aspectos de falsas
necessidades psicológicas ou modalidades do caráter, próprios do candidato que inicia o
trabalho para se converter em um efetivo Meditante.
O conhecimento de nossa Estrutura Multidimensional nos mostra a área a conquistar, as
faculdades que necessitam ser desenvolvidas e os poderes que se alcançam como fruto natural
do desenvolvimento Ético e Moral.
O imenso e infinito horizonte que se abre diante de cada um, já não dará lugar ao
aborrecimento, mas a um constante descobrimento, a um estado de constante iniciativa e energia
que não tem limites. O homem descontente é um homem interiormente árido, semimorto, e no
campo do Ocultismo é necessário desenvolver o máximo de nossa Plena Atenção, se não
quisermos virar vítimas de nossas próprias deficiências. Ao menor descuido logo a dor e a
decepção vêm bater em nossas portas.
A Meditação pode começar como um sutil divertimento, mas deve se converter no maior
dos jogos e abranger todos os aspectos de nosso viver. Tem que se constituir em uma vida de um
constante despertar, um constante trabalho, um constante deslumbramento pelas pequenas e
grandes coisas que iremos descobrindo na vida, momento a momento, dia após dia. A vida do
Meditante é um contínuo despertar para todos os afastamentos do "eu" em todos os possíveis
níveis, até extirpá-lo por completo da própria natureza. É um despertar constante para ver as
coisas tal qual elas são, em toda sua amplidão e profundidade, não de uma maneira pessoal, ao
meu gosto ou ao dele, segundo o modelo cristão ou hindu, oriental ou ocidental, a não ser como
estes sistemas são em perfeita nudez, sem agregados culturais, sem etiquetas identificadoras. A
Vida como a Verdade não pode ser personalizada, não pode ser guardada, sem que a afetemos
em sua própria essência.

PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO


l) "Tudo, no Universo metafísico como no universo físico, é setenário" (Doutrina
Secreta, I, 202).
*****
2) Além dos sentidos estão os objetos, além dos objetos está a mente; além da mente está
o intelecto e mais à frente do intelecto está o Grande Ser. Mais além do Grande está o Oculto;
mais à frente do Oculto, está a Pessoa (Purusha), além da Pessoa não há nada: esta é a meta do
Caminho Supremo. (Katha - Upanishads: I-III, 10-11).
*****
3) "Este corpo é chamado Kshetra (Campo), e o sábio chama ao conhecedor dele,
Kshetragna (O Conhecedor do Campo). Eu considero como verdadeiro conhecimento, o
conhecimento de Kshetra (o Corpo) e do Kshetragna (Alma) (Bhagavad Gita, XIII: 1-2).
*****
4) "E há corpos celestes e corpos terrestres; mas uma é a glória dos celestes e outra a dos
20

terrestres" (I. Coríntios 15,40).


*****
5) "Cada um dos Princípios Humanos está em correlação com um plano, um planeta e
uma raça; e os Princípios Humanos estão, em cada plano, em correspondência com as forças
ocultas da Natureza sétupla; sendo as dos planos superiores dotadas de uma potência espantosa"
(Doutrina Secreta, I, 58)
*****
6) "O Homem é o símbolo setenário, no plano terrestre, da Grande Unidade, o Uno, o
Logos". (Doutrina Secreta, I, l35)
*****
7) "O próprio ensinamento relativo à constituição setenária dos corpos siderais e do
macrocosmos – da qual procede a divisão setenária do homem ou microcosmos – era até agora
considerado um dos mais esotéricos. Nos tempos antigos só eram dados a conhecer no momento
da Iniciação, juntamente com os números mais sagrados dos Ciclos. (Doutrina Secreta, I, 211)
*****
8) "As sete almas do Faraó são freqüentemente mencionadas nos textos egípcios... Sete
almas ou princípios foram identificados no homem pelos Druidas britânicos... Os Rabinos
também elevavam o número de almas para sete; o mesmo fazem os Karens3 da Índia". (Geral
Massey: As Sete Almas do Homem, pag.4).
*****
9) "A classificação sétupla verdadeiramente esotérica, é uma das classificações mais
importantes, se não a mais importante, que recebeu sua ordenação na constituição misteriosa
deste paradigma eterno. Relacionado com isto posso dizer também que a classificação quádrupla
procede da mesma origem. A luz da vida, por assim dizer, parece ser refratada pelo prisma de
três faces de Prakriti, tendo as três Gunas como três faces dando origem a sete raios, que no
curso do tempo desenvolvem os sete princípios desta classificação. O avanço do
desenvolvimento apresenta alguns pontos semelhantes com o desenvolvimento gradual dos raios
do espectro. Enquanto a classificação quádrupla é suficiente para qualquer objeto prático, a
verdadeira classificação sétupla é de grande importância teórica e científica. É necessário adotar
essa classificação para explicar certos tipos de fenômenos observados pelos ocultistas, e
possivelmente ela se constitui na base mais apropriada para um sistema perfeito de psicologia.
Ela não é propriedade privada da "Doutrina Esotérica Transhimalaica”. De fato, ela tem maior
relação com o Logos Brahmânico do que com o Logos Buddhista, Para melhor esclarecer o
sentido do que aqui exponho, posso dizer que o Logos tem sete formas. Em outras palavras há
sete classes de Logos no Cosmos. Cada um deles se converteu na figura central de um dos sete
ramos principais da Antiga Religião Sabedoria. Esta classificação não é a classificação sétupla
que adotamos. Faço esta afirmação sem o menor temor de contradição. A real classificação tem
todos os requisitos de uma classificação científica. Ela possui sete princípios distintos, que
correspondem aos sete estados distintos de Pragna4 – ou consciência. Ela lança uma ponte entre
o objetivo e o subjetivo, e indica o misterioso circuito por que passa a ideação. Os sete

3
2 karens ou kayin - grupo étnico formado por diversas comunidades nativas do Sudeste Asiático. (N.T.)
4
Pragna (Prajnâ, Pragnya ou Prajna (Sânsc.) Segundo o Glossário Teosófico, Prajnâ é sinônimo de Mahat, a
Mente universal, Consciência. Representa capacidade para a percepção [que existe em sete aspectos diversos,
correspondentes às sete condições da matéria (Doutrina Secreta I, pág. 184)]. Significa ainda: inteligência,
conhecimento, entendimento, discernimento; razão, juízo; sabedoria, conhecimento supremo ou espiritual. (N.T.)
21

princípios estão associados aos sete estados de matéria e aos sete tipos de energia. Estes
princípios estão harmonicamente dispostos entre dois pólos, os quais definem os limites da
consciência humana". (T. Subba Rao, The Theosophist. l887, (Madras), pag. 705 - 706)
*****
10) "O número sete, o mesmo da doutrina da constituição setenária do homem, ocupa um
lugar proeminente em todos os sistemas secretos e desempenha um papel tão importante na
Kabalah ocidental, como no Ocultismo Oriental". (Doutrina Secreta, I, 275).
22

Capítulo IV
FUNDAMENTO DA PERIODICIDADE UNIVERSAL
Este Fundamento nos mostra o procedimento que a Natureza adota para conseguir que
todo o potencial Absoluto do "Vir a Ser” de cada átomo constituinte da Vida Total, torne-se
atual, ou seja, passe do estado latente ao estado potencial. Neste caso, o Ser humano assemelha-
se a uma das infinitas facetas do Diamante, adotado simbolicamente como expressão da
totalidade.
Se cada Ser e cada coisa existentes na Natureza possuem absolutas possibilidades de
"Vir a Ser”, paralelamente também deve haver infinitos e absolutos meios e também, absolutos e
infinitas oportunidades de desenvolvimento.
Apenas com base nesta proposição é possível compreender um dos axiomas mais
formidáveis da Filosofia Esotérica, a saber: que não se pode precisar nem um princípio nem um
fim nos processos de manifestação da natureza, pode-se apenas falar de começo e fim relativos,
para retornar a iniciar um novo ciclo incessante de existência e manifestação. Os períodos de
atividade e de descanso abrangem todas as esferas da manifestação universal.
A este processo inesgotável de auto-expressão da Vida Universal, chamamos de
Evolução. O conhecimento da Lei de Evolução foi reconduzido ao destaque popular por Charles
Darwin; este fato da Evolução Universal constituiu um dos fundamentos conhecidos da mais
remota antigüidade e apenas temporariamente esteve perdido pela cultura ocidental.
Diz o Livro de Dhyzian: "O vínculo que une o Vigilante Silencioso (A Mônada) e sua
Sombra (O Corpo), retorna mais forte e mais brilhante em cada mudança (Reencarnação)”.
Citamos este fragmento por ser um dos mais significativos dentro da Filosofia Esotérica da
Meditação, pois esta – a ciência da Meditação – é a ciência por excelência para intensificar
científica e deliberadamente o vínculo interno entre o puramente Espiritual e o puramente
material do Ser Humano, segundo a significativa afirmativa da Doutrina Secreta – entre o
Vigilante Silencioso e sua Sombra – ou em palavras mais simples, entre o Espírito e a Matéria
no homem, inter-relacionados primeiro pela inteligência e, a seguir, pelo despertar
autoconsciente da própria Natureza Espiritual em plena consciência de vigília.
Toda a vida Espiritual, Psíquica e Material, seja do homem, do átomo, de um Sol ou de
um Planeta, acha-se regulada pela Lei de Periodicidade Universal, da qual depende a Lei dos
Ciclos. Ciclos dentro de Ciclos é uma das características condicionantes de todo processo de
manifestação, seja em pequena ou em grande escala. Toda a vida, conhecida ou desconhecida,
se acha condicionada em sua expressão pelo Princípio de Periodicidade Universal e cada vida e
cada circunstância acham seu momento para florescer e amadurecer, para nascer e para morrer.
Na esfera específica do Ser Humano, chamamos este processo de reencarnação. A
Reencarnação não constitui uma opção, mas um elemento condicionante da Natureza, e cada
encarnação se encontra regulada em sua qualidade, tanto pela Lei de Evolução como pela Lei do
Carma, do Mérito ou da Casualidade Universal. Como Reencarnação e Carma serão mais bem
considerados em outro capítulo, não os abordaremos em maiores detalhes aqui. Numa mútua e
harmônica complementação, Evolução e Carma vão conduzindo os Seres humanos, como
também as Nações, Mundos e Sistemas Solares, para o patamar imediato superior de suas
infinitas possibilidades. Mediante o Carma ou Casualidade – entendendo-se consciente ou
inconscientemente o conceito correto dessas palavras – pode-se acelerar ou diminuir o impulso
coletivo da Evolução que determina todos os acontecimentos "para um patamar mais elevado e
para frente", em prol de seu destino ilimitado de "Vir a ser".
O papel da Meditação intervém na etapa em que o indivíduo pode tomar o
23

desenvolvimento em suas próprias mãos e dirigi-lo inteligentemente para a etapa adequada


colocada diante dele por seu próprio Arquétipo Espiritual.
Se já não existisse tal condição latente em sua própria Natureza, não haveria nenhuma
possibilidade de, usando a inteligência, intensificar e acelerar os resultados e construir-se o
futuro no presente, como se costuma dizer.
Todo o presente do aspirante à meditação depende do que ele já tenha feito no passado
neste sentido. Por ter trabalhado pouco tempo, estas conquistas passadas são readquiridas e
estabelecidas na consciência de vigília para sua disponibilidade atual; se ele não passou por um
processo de meditação, o mesmo terá que se conformar com os méritos resultantes da presente
vida. (Há um princípio de recapitulação em cada encarnação, sobre o qual não poderemos nos
estender aqui). Uma apreciação a respeito nos explicaria a razão pela qual algumas pessoas em
pouco tempo conseguem resultados verdadeiramente notórios, enquanto outras, apesar dos
muitos anos de prática, parecem não realizar trabalho algum. Entretanto, o conhecimento da Lei
do Carma permite ao praticante situar-se psicologicamente e continuar trabalhando, apesar da
aparente falta de resultados. Nos primeiros anos de meditação, esses resultados têm lugar nos
níveis supra físicos de nossa constituição Oculta, tentando expressar-se na consciência de
vigília. Nos casos ainda incipientes ou insuficientes para que isso venha a ocorrer, e em outras
ocasiões, esses resultados são "mantidos" nos níveis subjetivos, na forma de uma proteção
psicológica, para o bem do próprio indivíduo, pois se fossem estabelecidos conscientemente
poderiam produzir sérios desequilíbrios de relação numa personalidade ainda muito impregnada
do aspecto pessoal, de falsas concepções, do sentido de excelência individual, de forte
personalismo, de egoísmo, vaidade, etc.; o "eu" pode apropriar-se de todo o trabalho realizado e
nutrir sua inesgotável sede de auto-importância pessoal e, em pouco tempo, o indivíduo, fica
convertido em um dos muitos desastres "da experimentação espiritual".
É antigo o conceito de que atrás de um santo há um grande passado e que diante de um
pecador há um longo futuro. O reconhecimento deste princípio constatado na Natureza permite
ao praticante trabalhar confiantemente em sua complexa estrutura, sabendo que os resultados só
chegarão quando os mesmos estiverem maduros e haja utilidade em dispô-los para o uso em
consciência de vigília.
Começar a trabalhar sobre a própria natureza de uma maneira prática, não apenas
intelectualmente ou nutrindo-se de bons propósitos e desejos de superação, os quais, à larga,
tendem a produzir certo adormecimento do verdadeiro impulso de despertar, terminando por
eliminá-lo completamente; quando realmente começamos a trabalhar sobre nós mesmos, podem
se produzir alguns efeitos indesejáveis como subproduto natural da experimentação. Se
estivermos alerta a esse respeito, não teremos dúvidas, nem falsos temores, nem ocorrerá
cancelamento da atividade experimental. Sabemos que tentar ganhar mais terreno em menos
tempo em todo o trabalho de aceleração e/ou intensificação de princípios vitais constituem parte
do risco da experimentação. O risco da experimentação pode chegar ao completo desequilíbrio
psicossomático, quando ela é efetuada sem o conhecimento adequado, a cautela necessária, e a
assistência oculta que supervisiona a experimentação; por isso, nunca serão suficientes os alertas
à prudência, ao senso comum e à percepção de basear a Meditação em pilares fortes o suficiente
para que possam desafiar todos os riscos da experimentação. É necessário não apressar o passo e
dedicar todo o tempo que se fizer necessário para o esclarecimento pessoal, a fim de saber, sem
sombra de dúvidas, em que consiste a natureza da Vida Espiritual, o que representa meditar e
sobre o que se exercem as diversas práticas de Meditação. Diante de alguma dúvida, é
imprescindível a suspensão de qualquer tipo de disciplina até esclarecer-se a respeito.
O praticante deve ter presente que, só em arrojar-se antes de tempo na sua própria e
ainda não corrigida psicologia, implica em um sério risco para sua saúde mental, pois uma vez
24

liberado seu inconsciente sem ter obtido antes a compreensão e a segurança para controlá-lo, o
indivíduo pode se perder em um dos vários complexos da loucura que arrastaram a muitos
praticantes incautos à completa inutilidade física e mental, quando estimulados por "falsos
instrutores", além de outras vítimas de sua própria impaciência e curiosidade.
Deve-se saber antecipadamente que o maior inimigo neste campo é o próprio "eu'', as mil
e uma cabeças com que se reveste nossa ambição pessoal, nossa ânsia de auto-importância
pessoal, nossa busca do prazer, etc. A Sabedoria, já alertou reiteradamente que: "Os inimigos do
Homem serão os de sua casa"; são seus próprios conteúdos psicológicos, seus mil e um desejos,
sua vaidade, suas superstições, seus complexos de dependência, tanto internos como externos, o
julgar-se um pouco diferente e mais importante que os "outros"; a tudo isso se deve temer e estar
alerta para que, quando surgirem, possam ser sábia e resolutamente neutralizados em sua ação
efetiva. Crescer nesta área é crescer em perspectiva, atenção e conhecimento dos mecanismos
adequados do ser e do agir. Como diz contundentemente H.P.B. ''Neste campo, um descuido de
cinco minutos pode levar a perder o trabalho de cinco anos" – de observância –. O estado de
constante alerta deve crescer até abranger o mínimo movimento, tanto psíquico quanto físico.
Observemos que, tal como a maré, a atividade do "eu'', tem seus "altos" e "baixos".
Aprendamos que podemos trabalhar com o Princípio de Periodicidade de uma maneira
inteligente; ao menor movimento, alertemo-nos sobre qualquer tipo de intervenção de parte do
"eu", e empreguemos a Plena Atenção para não sermos atraídos por esse movimento, e
passemos a nos constituir no Observador e supervisor do tipo das atividades que podem ser
liberadas dinamicamente e quais delas devem ir morrendo no momento em que aparecem, sem
alimentá-las com complacência nem com resistência, mas apenas permitindo-lhe morrer.
O descobrimento de todos os ciclos internos, a própria ênfase, permite ao estudante
poder lidar com a maré da natureza e se converter em um colaborador Dela, e dispor para Ela o
Serviço de seu trabalho de autoconhecimento, purificação e transcendência. Aprenderemos um
dos maiores Segredos da Meditação: a favor da natureza tudo, contra a natureza nada. O
aumento da sensibilidade interior permitirá ao praticante intensificar sua capacidade de respeito
e reverência para com toda modalidade de vida. Ele vai se reconhecendo em cada aspecto dela;
vai despertando a íntima relação que o liga com toda modalidade de vida, sente sua pulsação,
suas necessidades e trata de cooperar com cada uma delas. Ele se converte naturalmente em um
amigo de toda a vida, que é sua vida.

PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO


1) A Doutrina Secreta afirma:
"A Eternidade do Universo in toto, como plano sem limites; periodicamente cenário de
Universos inumeráveis, manifestando-se e desaparecendo incessantemente", chamados "As
Estrelas que se manifestam", e "as Centelhas da Eternidade". "A Eternidade do Peregrino (A
Mônada), é como um abrir e fechar de olhos da Existência por si Mesma", segundo o Livro de
Dhyzan. "O aparecimento e desaparecimento de Mundos, são como o fluxo e o refluxo
periódico das marés”.
"Esta segunda asserção da Doutrina Secreta é a absoluta universalidade da lei de
periodicidade, de fluxo e refluxo, do crescimento e decadência, que a ciência tem observado e
registrado em todos os departamentos da Natureza. Alternativas tais como Dia e Noite, Vida e
Morte, Sono e Vigília, são fatos tão comuns, tão perfeitamente universais e sem exceção, que
será fácil compreender como vemos nelas uma das leis absolutamente fundamentais do
Universo". (Doutrina Secreta, I, 84)
25

*****
2) "O mundo estava submerso na escuridão, imperceptível, desprovido de todo atributo
distintivo, sem poder ser descoberto pelo raciocínio e nem ser revelado; parecia entregue
inteiramente ao sono.
"Por ocasião do fim da dissolução (Pralaya), então o Senhor Existente por Si Mesmo,
fazendo o mundo perceptível com cinco elementos e os outros princípios – resplandecentes do
mais puro brilho – apareceu e dissipou a escuridão, ou seja, desenvolveu a Natureza” (Prakriti).
"Quando este Deus se encontra desperto o universo cumpre suas ações; quando dorme,
oculta seu espírito em um profundo repouso, o mundo então se dissolve”.
"Assim, através de um despertar e de um repouso alternativo, o Ser Imutável faz reviver
ou morrer eternamente todo este conjunto de criaturas móveis e imóveis". (Manava - Dharma-
Shastra, I, 5-6, 52-57).
*****
3) "Uma geração vai e uma geração vem; mas a terra sempre permanece (1-4), "Todos os
rios correm para o mar e, contudo, o mar nunca se enche; do lugar de onde os rios vieram, para
ali voltam para correr de novo (1-7).
"O que foi, será, o que se fez, se tornará a fazer; nada há de novo debaixo do sol" (l-9).
"Mesmo que alguém afirmasse algo: Olha, isto é novo!” Eis que já sucedeu em outros
tempos que nos precederam (1-10)
"Tudo tem seu tempo, e tudo debaixo do céu tem sua hora.” (3-1).
"Tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de plantar e tempo de colher o que se
plantou. Tempo de matar e tempo de curar: tempo de destruir e tempo de edificar. Tempo de
abraçar e tempo de abster-se de abraçar. Tempo de calar e tempo de falar. Tempo de guerra e
tempo de paz”.
"Aquilo que já foi, é; e o que tem que ser, já foi”.
“E Deus restaura o que já passou." (Eclesiastes l a 3-l5)
*****
4) "Nosso Universo", não passa de uma unidade em um número infinito de Universos,
todos eles "Filhos da Necessidade", elos da Grande Cadeia Cósmica de Universos, sendo cada
um deles uma relação de efeito com o que o precedeu, e de causa com o que lhe sucede.
(Doutrina Secreta l, 106)
*****
5) "A Doutrina Esotérica ensina, tal como o budismo e o bramanismo, e também a
Kabala, que a Essência Una, infinita, e desconhecida, existe em toda eternidade e que é ora
passiva, ora ativa em sucessões alternadas regulares e harmônicas. Na linguagem poética do
Manu, chamam-se esses estados Dias e Noites de Brahma". (Doutrina Secreta, I, 73).
*****
6) "O movimento é eterno no não-manifestado, e periódico no manifestado", diz um
ensino oculto" (Doutrina Secreta, I, l50-nota 82 ver também pág. 72/72).
*****
7) A Lei que rege o nascimento, o crescimento e a morte de tudo que há no Kosmos,
26

desde o Sol até o vagalume que voa sobre a relva, é una". (Doutrina Secreta, I, l89)
*****
8) "A Natureza entra em declínio e desaparece do plano objetivo, tão-somente para de
novo surgir do plano subjetivo, após um período de repouso e subir ainda mais alto. Nosso
Kosmos e nossa Natureza não se esgotarão senão para reaparecer num plano mais perfeito,
depois de cada Pralaya (Doutrina Secreta, I, pág. 193)
*****
9) "As Cadeias Planetárias têm seus Dias e suas Noites, isto é, períodos de atividade ou
de vida, e de inércia ou morte”. (Doutrina Secreta, I, l99).
*****
10) "O Eterno Pai (O Espaço) envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia
adormecido uma vez mais, durante Sete Eternidades". (D.S. I, 94).
27

Capítulo V
FUNDAMENTO DA REENCARNAÇÃO
Este Fundamento é subsidiário e complementar do anterior, e abrange a todos os
aspectos da Natureza Física e Metafísica. O fundamento da Reencarnação é específico ao reino
humano, daí lhe dedicarmos uma atenção especial.
A Lei de Reencarnação abre-nos as portas do mistério da Vida Humana e junto com a
Constituição Setenária Universal e com o Carma – nosso próximo fundamento – abre-nos um
extraordinário e racional panorama, que pessoa alguma pode supor, antes de se introduzir no
Campo da Psicologia Esotérica.
A Reencarnação é a Lei da Constante oportunidade, ou das oportunidades renovadas. É
parte do Movimento da constante impermanencia que rege todo o Kosmos. Faz parte da própria
Natureza da Matéria, o nascer, evoluir, envelhecer e posteriormente morrer. Esta é também uma
constante universal. Tanto a Lei de Periodicidade na Escala Kósmica, como a Lei da
Reencarnação na escala Humana, nos proporcionam a oportunidade de trocar a roupagem do
corpo; deixar o veículo velho e cristalizado, para tomar outro novo, vitalizado e correspondente
às possibilidades da Evolução, tanto para o próprio instrumento físico ou psíquico, como para o
Habitante interior, o Homem Real.
A Reencarnação não implica – como às vezes é divulgado exotericamente – na
possibilidade de encarnar em formas diferentes da humana – seja como animal, ou como vegetal
̶ mas no retorno para um novo corpo humano de uma qualidade nem melhor, nem pior, daquele
que se deixou na vida anterior, da mesma forma como não amanhecemos nem piores nem
melhores do que deitamos na noite anterior. O fato da morte não pode afetar a qualidade de
ninguém nem de nada. Voltamos com nossas deficiências e também com nossas habilidades,
para reiniciar o trabalho sobre nós mesmos, na mesma posição e qualidade que deixamos, tal
como ocorre quando retornamos dia após dia à Escola ou à Universidade. Observe-se aqui que
não é só uma questão apenas do assistir as aulas da vida, mas também do que realizamos e da
maneira como nos dirigimos na vida diária.
Hipoteticamente, a Reencarnação implica em uma nova oportunidade, mas devido a
nossa ignorância e também influenciados pela ignorância do meio em que vivemos–
multiplicando nossa ignorância por X –, é possível que retornemos com nossos enganos e, ainda,
reforcemos nossas tendências indesejáveis e, em vez de nos liberar, cada vida pode se tornar
uma oportunidade para uma escravidão maior. Mas isso depende unicamente de nós e não de
uma Deidade exterior, nem de Diabos inventados por uma alucinante teologia. Perante cada um
de nós existem duas possibilidades: ser melhor ou claudicar ante as influências do passado...
Cada Homem deve converter-se em um Deus por si mesmo ou perecer momentaneamente. O
impulso da Evolução é sempre para o bem e não possui outro propósito senão o de proporcionar
novas oportunidades e um campo idôneo de experiências para o desenvolvimento das
potencialidades latentes e Divinas em cada Ser e em cada coisa.
O Essencial é conhecer que existe um Propósito, um Objetivo Condicionante na
Natureza e este objetivo é a Evolução. É o desenvolvimento do melhor em cada coisa e em cada
ser. Quando temporariamente se perde a perspectiva deste objetivo – como ocorreu no Ocidente
durante os últimos l.500 anos – certamente não se pode esperar por um meio ambiente delicado,
apreciado, tolerante e sensível, mas sim, o Ocidente que temos: intolerante, agressivo,
materialista, carente de toda perspectiva Espiritual, e no limiar de uma hecatombe nuclear5, a
5
O presente livro foi publicado durante a chamada “guerra fria”, com a ameaça de uma eclosão nuclear entre as
potências rivais. (N.T.)
28

qual somente um genuíno despertar Espiritual pode deter. A necessidade de um verdadeiro


esclarecimento espiritual é a grande necessidade de nosso tempo. E cabe tão somente aos
espiritualistas do mundo inteiro trabalhar para poder introduzir mais luz nas mentes humanas.
Este esclarecimento torna-se vital e imprescindível para o aspirante prático quanto às
possibilidades da Meditação. O primeiro grande trabalho que se espera que ele realize é cortar
seus compromissos com o passado e, a partir daí, nasça para uma nova vida, renovada,
fundamentada e enraizada sobre princípios fundamentais e inabaláveis da Filosofia Esotérica,
repousando sobre as bases de uma visão totalizadora da existência. Sem tal formação, jamais ele
poderá resistir aos fortes ataques do inconsciente coletivo, à pressão constante da sociedade de
consumo e, mais cedo ou mais tarde, ao chegar o arrefecimento das aspirações internas, tenderá
a claudicar diante dela. Cada Reencarnação vivida em bases verdadeiramente esotéricas,
certamente lhe permitirá construir os alicerces de uma Individualidade forte. Isso será o
suficiente para que vida após vida, possamos escalar todos os degraus da escada terrena, sem se
tornar vítima das influências do meio ambiente nem depender de filosofias falsas e materialistas
para continuar avançando. Cada um terá o Norte em seu próprio Interior sempre sinalizando o
Caminho, o rumo a tomar momento a momento, e também, a ajuda inapreciável – quando
merecida – de seu Próprio Mestre Espiritual.
Se a jornada atual passar sem maiores avanços, a Reencarnação lhe dará a confiança
interna de que terá todas as oportunidades realmente necessárias para completar seu trabalho
sobre a Terra. Elevar-se vida após vida de suas próprias cinzas, como a ave Fênix, e começar de
novo uma vez mais.
Mediante o progresso na vida meditativa, cada um vai limpando seu passado e suas
vestes e escrevendo novas e mais brilhantes páginas no Livro Maior de sua Vida. Sabendo que o
que não se pode realizar hoje mediante trabalho e disciplina poder-se-á realizar em outra
ocasião, desaparece o temor e o receio para com a Natureza. Torna-se consciente de uma
maneira indiscutível, que tudo depende de si mesmo, que ele pode conquistar tudo, que não
existem alturas inacessíveis para o Ser resoluto e disposto a realizar o trabalho que cada estado,
cada nível, cada faculdade e cada poder exigem para ser executado.
Um dos mais sérios problemas que o praticante da Meditação deverá enfrentar é o
problema do tempo. Acostumados a um sentido de tempo limitado de no máximo 70 ou 100
anos – com uma hipotética utilidade de apenas 50 % dessa idade – a idéia de Eternidade pode
resultar não assimilável no início da experimentação.Torna-se pois, indispensável entender-se
adequadamente este Fundamento, caso se pretenda escapar da sensação de impotência e do
desespero ao iniciar o trabalho de se tornar um verdadeiro meditante. Pode-se conhecer o
momento em que se inicia o trabalho, mas jamais se poderá saber quando será completado. Esta
perspectiva, nem sempre resulta ser alentadora e muito menos gratificante.
A reflexão profunda sobre o problema psicológico do tempo auxiliará o estudante de
modo que nada nem ninguém possam afetar a tranquilidade de sua consciência. Ele enfrentará o
desafio do Eterno Presente, não ficará dependente dos resultados, nem se preocupará com o
amanhã, pois terá que saber que o Hoje é filho do Ontem e o Amanhã será o resultado do
Presente, porque o realmente importante é o agora, o que se é e o que se faz, agora. Aprenderá a
deixar de viver em termos ilusórios, do gosto e do desgosto pessoal. Aprenderá a valorizar a
Realidade tal qual é, sem desejar estar aqui ou ali, mas sim tentar ser feliz e valorizar aquilo que
se É e onde se Está. O desafio da Realidade golpeará uma ou outra vez a própria compreensão,
até aprender a lição da Eternidade. Hoje, as Necessidades da Vida Divina nos colocam e nos
retêm aqui; o amanhã: terá a sua realidade, seu lugar e suas necessidades próprias.
Do ponto de vista da Verdadeira Realidade, precisamos nos limitar progressivamente à
Realidade constantemente presente, imediata, e a viver no mais alto nível de nossas atuais
29

possibilidades. A Realidade muda, o tempo muda e o lugar muda na medida em que nós
mudamos.
O Espírito desprovido de matéria é uma abstração realmente inexistente e onde quer que
exista uma modalidade de manifestação, encontramos presente a Lei da Reencarnação, operando
em uma ou outra escala, conhecida ou desconhecida para nós no momento atual.

PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO


1) Ensina também a Doutrina Secreta:
"A identidade fundamental de todas as Almas com a Alma Suprema Universal, sendo
esta última um aspecto da Raiz Desconhecida; e a peregrinação obrigatória para todas as almas,
centelhas daquela Alma Suprema, através do Ciclo de Encarnação, ou de Necessidade, conforme
a Lei Cíclica e Kármica" (Doutrina Secreta, l, 84).
*****
2) Sendo mineral, morri e me fiz planta;
sendo planta, morri e ascendi ao animal;
sendo animal, morri e cheguei a ser homem.
Por que devo ter medo? Quando cheguei a ser menos para morrer?
Agora sendo homem, uma vez mais morrerei, para voar
com os anjos benditos; mas ainda sendo anjo
devo seguir adiante... (Jalalul-din-RUMI, Mathnawi)
*****
3) "Todas as almas estão sujeitas às moléstias da transmigração; e os homens não
conhecem os planos que o Altíssimo tem para eles; não sabem como os está julgando em todas
as horas, antes de vir a este mundo e ao sair dele. Não sabem por quantas transformações e
provas misteriosas devem passar nem quantas Almas e Espíritos vêm a este mundo e não
retornam ao palácio do divino rei.
"As Almas têm que reingressar à substância absoluta de onde saíram. Mas, para este
propósito, têm que cultivar todas as perfeições, as quais estão implantadas na semente; e se
tiverem satisfeito esta condição durante uma vida, terão que recomeçar outra, e uma terceira vez,
e assim sucessivamente, até que adquiram a condição que as capacita para uma reunião com
Deus". (O Zohar),
*****
4) "Assim como a gente tira do corpo as roupas usadas e as substitui por novas e
melhores, também o habitante do corpo (que é o espírito) tendo abandonado a velha morada
mortal, entra em outra nova e recém preparada para ele (B.G. II, 22).
"Assim como Alma, vestindo este corpo material, passa pelos estados da infância, da
juventude e da velhice, do mesmo modo a alma passa de um corpo para outro; e em outras
encarnações, viverá outra vez: o sábio não se engana nunca no que se refere a isso”. (B.G. II-
13).
"O habitante do corpo de cada um de nós é sempre indestrutível" (B.G. II-30).
"OH Arjuna! Tanto você com eu já passamos por muitos nascimentos. Eu sou consciente
de todos; mas você, em troca, não os conhece" (B.G. IV-5).
"Ao fim de muitos nascimentos, o Sábio vem a mim, e compreende que tudo isto está
30

compenetrado num único ser". Bhagavad Gita (VII-l9)


*****
5) "Com o coração sereno, purificado, culto, desprovido de maldade, flexível, preparado
para atuar, firme e imperturbável, o Arhat dirige e inclina a mente até obter a lembrança de seus
estados temporários anteriores. Recorda um, ou dois, três... ou mil ou cem mil nascimentos,
durante muitos evos, tanto de dissolução como de evolução" (Buda: Samannaphala Sutta).
*****
6) "A alma passa de forma em forma, e as mansões de sua peregrinação são múltiplas.
“Tira os corpos como se fossem roupas, e como vestimentas os guardas. Tu vens de
tempos longínquos, oh alma do homem; certamente és eterna" (Fragmentos Herméticos).
*****
7) Embora seja novo o corpo que a alma agora habita,
segui suas pegadas por muitas épocas,
em cada mudança e destino desta existência,
através de cujas variedades como na corrida de tocha,
em que, de mão em mão,
os jovens velozes passam sua tocha ardente,
de corpo a corpo para a alma, não extinta,
logo passa. Até alcançar a meta! (Thomas Moore - Poeta Irlandês. l779-l852).
*****
8) "Cada vez que morremos ganhamos mais vida. As almas passam de uma esfera a
outra sem perda de personalidade, e se tornam mais e mais brilhantes... Eu sou uma alma. Eu sei
que ao entregá-lo à tumba não serei eu mesma... Terra, e você não é meu abismo!... Toda a
criação é uma perpétua ascensão, do bruto ao homem, do homem a Deus. Privamo-nos mais e
mais da matéria, nos vestimos mais e mais do espírito, esta é a lei". (Victor Hugo).
*****
9) "Desde o Primeiro Nascido (o Primeiro homem), o Fio que une o Vigilante Silencioso
(a Mônada) à sua Sombra (o Corpo), torna-se mais e mais forte em cada Mutação
(Reencarnação). A Luz do Sol da Manhã se converteu na glória do meio-dia… (Doutrina
Secreta, l, 297).
*****
10) "Os que acreditam na reencarnação e no Carma, são os únicos que têm uma vaga
percepção de que todo o segredo da vida está na série ininterrupta de suas manifestações, seja no
corpo físico, seja fora dele" (Doutrina Secreta I, 272).
31

Capítulo VI
FUNDAMENTO DE CAUSALIDADE OU CARMA
A Lei de Casualidade Universal ou Carma, também conhecida como Lei do Equilíbrio
Universal, constitui nosso sexto fundamento, indispensável em nossa compreensão, das bases
Esotéricas da Meditação.
O mundo que nós conhecemos é meramente o mundo dos efeitos, cujas Causas se acham
submersas nos níveis mais abstratos de nosso Universo. O Mundo dos Númenos, tanto na
Natureza como também no homem, são as conquistas do futuro. Todo o Campo da Meditação,
experimentalmente falando, consiste na aventura para acessar conscientemente por si mesmo o
Mundo das Causas e dos Númenos. Hoje conhecemos o mundo exterior, amanhã conheceremos
o interior, quando então conseguiremos tornar efetivos os Poderes da Vida Interior. Estes, nos
permitirão explorar outros níveis subjetivos sem que o corpo físico seja um estorvo para isso,
uma vez que podemos deixá-lo à vontade toda vez que desejarmos, seja para trabalhar, seja para
pesquisar além dos sentidos comuns.
O Coração deste Fundamento reconcilia-nos com o sentido da Justiça Divina; não de
uma maneira dependente e vingativa, mas como uma Justiça verdadeiramente imparcial que não
faz exceções nem de homens, nem de deuses, nem de impérios. É a lei, perante a qual todos são
iguais de uma maneira essencial e insubornável.
A Lei de Casualidade ou do Carma é complementar à Lei de Reencarnação e também à
Lei de Evolução.
A Lei de Evolução é eminentemente coletiva em seus efeitos e processos, e a Lei do
Carma é seletiva, condicionante por nível, consciência e mérito.
O Carma proporciona aos Universos, aos Mundos, aos Deuses e aos Homens o lugar e as
condições que merecem, nem mais nem menos. Estas condições são as que em cada grau de
vida se vai ganhando à medida que se realiza a experiência da própria e particular manifestação.
Existem modalidades de Carmas Coletivos e outras estritamente individuais.
Ensinou-se que: "Deus não pode ser enganado, que cada um colhe o que semeia", pois
cada ser é o Arquiteto de seu próprio destino. O grande complexo de temor coletivo e específico
que tanta dor e angústia vêm causando é o da Humanidade ter perdido a confiança nos
ensinamentos fundamentais, que apenas poderá ser desfeito pela compreensão da perspectiva
Esotérica da Vida. Somente a Filosofia Esotérica, pode devolver a confiança popular sobre estes
ensinamentos, ao complementá-lo com as indicações que se referem às vidas sucessivas. Carma
sem Reencarnação e Reencarnação sem Carma, apresenta-nos uma Realidade mutilada em seus
aspectos mais essenciais. Faz da vida um beco sem saída, uma brincadeira com os sentimentos
mais caros e íntimos do coração e inteligência humana. Torna o homem um indolente
psicológico, um ser dependente de favores divinos, de uma deidade vingativa e caprichosa,
demasiado antropomórfica – permita-me essa expressão – para ser correto. Entre uma teologia
irracional, fantasiosa e especulativa, a Teosofia abre passagem com a espada do verdadeiro
conhecimento, com a Luz que dissipa com a sua simples presença as trevas do obscurantismo
religioso de nosso tempo, devolvendo a confiança, ao ser Humano na Natureza e na Vida.
A Filosofia Esotérica é irreconciliável com uma interpretação da vida dependente de
favores divinos; coloca o homem sobre seus próprios pés, fixa-o na base indisputável de sua
própria responsabilidade e lhe devolve essa íntima confiança em seu próprio Ser Divino, seu
único Juiz, ato após ato, vida após vida.
A formação de um Meditante exige uma individualidade altamente poderosa, penetrante,
madura e ao mesmo tempo altamente responsável frente a si mesma e à vida. Na vida social e
32

corrente o mais forte explora ao mais débil, o inteligente se aproveita do mais ignorante. Já no
campo da vida espiritual, todo este processo pervertido se inverte: O mais forte se converte em
um protetor do mais fraco e o mais inteligente se torna orientador dos mais ignorantes.
Quando a dor importuna nossas vidas, compreendemos que nós mesmos, em algum
momento de nosso passado a colocamos em ação e sabemos também que apenas nós podemos
transformá-la em uma força benéfica. Aprende-se a desenvolver essa valiosa qualidade de saber
suportar as injustiças pessoais. Quando se está desconforme com a realidade que nos rodeia,
trabalha-se – não dizemos combate-se – trabalha-se para melhorá-la. Não necessitamos nenhum
"bode expiatório", nenhuma salvação vicária para justificar nossas deficiências pessoais e
nossos enganos, os assumimos e os corrigimos, potencializando nossa capacidade de
compreensão e nosso grau de atenção, para que não possam ir se reproduzindo mecanicamente
esses nossos erros e danos. Conhecendo o mal, poderemos extingui-lo de nós. Quando sofremos
uma experiência que nos fere, temos uma oportunidade excelente de corrigir coisas e ampliar o
balanço de nosso conhecimento pessoal.
O estudante de Teosofia perde todo direito à autojustificação, ao auto-engano, à auto
compaixão, à projeção de sua responsabilidade pessoal sobre os outros. Sabe que tudo depende
de si próprio e que tudo que pode aspirar, deve conquistar e realizar com base em sua própria
iniciativa e mérito.
O Carma é acumulativo em seus efeitos; é por isso que sabemos que nenhum esforço
jamais se perde por mais insignificante que ele seja. Tudo o que fizermos agora se converte em
uma força que nos habilita, ou em uma função positiva na nossa próxima oportunidade ou na
nossa próxima limitação.
Como o propósito da Meditação basicamente consiste em se ganhar mais liberdade de
ação, deprende-se daí a necessidade de uma vida vivida no mais alto nível de seletividade para
não seguir onerando nosso futuro indefinidamente. Como também para eliminar os efeitos
decorrentes do passado, e assim poder libertar-nos por completo deles. É ensinado que: "O
Carma futuro pode e deve ser evitado", mas para isso, é preciso acrescentar o próprio
autoconhecimento e a Plena Atenção cada vez com mais intensidade.
O Carma é a ferramenta mais extraordinária que o praticante da meditação possui, e
quanto mais o valoriza, respeita e utiliza sabiamente em sua própria vida, mais curto se torna o
caminho e menos dramáticas as suas vidas futuras.
A liberdade e a Sabedoria, assim como o poder, são conquistas do interior, não podem
ser proporcionados por nenhuma entidade externa, por mais divina que esta seja.
Liberdade, Sabedoria, Amor, Poder, Beleza, tudo se encontra em estado latente em cada
Ser Divino, tem-se apenas que trabalhar, desenvolver os instrumentos, purificá-los e sensibilizá-
los de tal maneira, que se estabeleça em cada um o terreno adequado para sua manifestação
pratica e atuante na vida diária.
Tudo isto exige uma séria valorização, compreensão, e dar início à tarefa de
desconectarmo-nos de tudo que impeça ou dificulte que isso ocorra. A vida do Meditante é uma
vida de contínua ação regeneradora.
Comece hoje o seu trabalho.

PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO.


1)" Cada um é o próprio artífice de sua ventura"- Cervantes: Dom Quixote da Mancha".
33

*****
2) Ensina também a Doutrina Secreta:
A peregrinação é obrigatória para todas as almas, centelhas da Alma Suprema, através do
Ciclo de Encarnação ou de Necessidade, conforme a lei cíclica e kármica durante todo esse
período. Em outras palavras, nenhum Buddhi puramente espiritual (Alma Divina) pode ter uma
existência consciente independente, antes que a Centelha, emanada da Essência pura do Sexto
Princípio Universal – ou seja, a Alma Suprema – haja passado por todas as formas elementais
pertencentes ao mundo fenomenal do Manvântara, e adquirido a individualidade, primeiro por
impulso natural e depois pelos esforços próprios conscientemente dirigidos e regulados por seu
Carma, escalando assim todos os graus de inteligência, desde Manas Inferior até Manas
Superior, desde o mineral e a planta ao Arcanjo mais sublime (Dhyâni-Buddha) (Doutrina
Secreta, I, 84).
*****
3) "Cada homem é seu próprio e absoluto legislador, produzindo para si glória ou trevas;
é o decretador de sua própria vida, da sua recompensa e da sua punição". (O Idílio do Lótus
Branco, Mabel Collins, Cap.VIII, pág. 111).
*****
4) "É difícil discernir a natureza do Carma... É preciso compreender a natureza da reta
ação, como também a da ação injusta e da inação". (Bhagavad Gita, IV - l7).
*****

5) “Teu Carma está intrinsecamente entrelaçado com o grande Carma" (Luz no Caminho, 1, 5,
pág. 16, Ed. Pensamento).
*****
6) "O Espírito do homem é o sustento da sua alma:
Como poderias receber ajuda do exterior?
Nós mesmos cometemos o mal,
e sofremos as conseqüências:
nós deixamos de nos realizar,
e é assim que nos purificamos.
O puro ou impuro procede apenas de nós mesmos;
ninguém pode purificar a outrem.
Levanta-te apoiado em ti próprio, teu Espírito;
corrige-te perante o teu Eu, e desta forma,
sob a Sua proteção e em constante vigilância,
viverás em perfeita felicidade! (Dhammapada).
*****
7) "Cada homem é absolutamente para si mesmo o caminho, a Verdade e a Vida" (Luz
no Caminho, I-20, pág. 21 Ed. Pensamento).
*****
8) "A todo homem foi concedido o livre-arbítrio: se quiser seguir a senda do bem e ser
um homem reto, depende dele; se, pelo contrário, quiser trilhar o caminho do mal e ser um
vigarista, dele também depende. Este é o significado do versículo da Tora: "eis que o homem já
é como um de nós versado no bem e no mal". Gênese 3,22. Em outras palavras: eis que o gênero
34

humano é o único no universo e ninguém é comparável a ele quanto à sua autonomia, ainda que,
por sua própria faculdade de discernir entre o bem e o mal, inclina-se por um ou pelo outro, de
acordo com seus desejos.
"Que não te influencie a teoria que sustentam os estúpidos gentis e muitos desviados
israelitas de que o Espírito Divino, bendito seja, determina para cada homem desde seu
nascimento se ele será justo ou perfeito.” Nada disso. Na realidade, cada homem pode ter a
possibilidade de ser grande como Moisés, nosso Mestre, ou mau como Jeroboam; de ser um
sábio ou um ignorante, um coração terno ou uma alma cruel, um avaro ou um generoso e assim
em todas as outras qualidades e defeitos...
"Sabe que embora tudo emane da vontade de Deus, o homem tem livre-arbítrio e sob seu
domínio acham-se todos seus atos. Deus não obriga o homem nem o conduz contra sua vontade:
é o homem mesmo quem, por sua iniciativa e como conseqüência da decisão que toma, graças
ao entendimento que recebeu de Deus, e que leva a cabo as ações de que ele seja capaz. É por
isso que se julga o homem por seus atos. Se age bem, lhe recompensa; se age mal, lhe castiga".
(Maimônides, Livro do Conhecimento, V. l-4).
*****
9) "Não vos iludais: de Deus não se zomba: pois tudo o que o homem semear, isso
colherá". (Gálatas 6:7).
*****
10) A Doutrina Fundamental da Filosofia Esotérica não admite no homem a outorga de
privilégios nem de dons especiais, salvo aqueles que forem conquistados pelo próprio Ego, com
seu esforço e mérito pessoal, ao longo de uma série de metempsicoses e reencarnações".
(Doutrina Secreta, l, 84).
35

Capitulo VII
A GRANDE FRATERNIDADE BRANCA
O sétimo Fundamento Esotérico da Meditação é a existência da Grande Fraternidade
Branca, conhecida também como a Hierarquia Oculta de nosso planeta.
Esta instituição é a mais antiga de nossa Terra; ela exerce a orientação de todos os
processos evolutivos do planeta seja a nível Espiritual, mental ou físico. É a Igreja invisível da
Cristandade, a Corporação dos Homens Perfeitos e, também, a Verdadeira Sangha do Budismo.
Entre as suas muitas tarefas, a Grande Fraternidade Branca administra o Ensinamento
Oculto e as normas e preceitos da Senda Espiritual em seus diversos níveis. Século após século e
idade após idade, ela participa ao mundo o grau e o tipo de conhecimento necessário para
promover o nível e tipo de civilização, que se torna possível em cada época.
Em alguns momentos especiais da História surgem líderes e diretores externos através
das diversas nações representativas das tentativas mais destacadas do Plano de Evolução. Isto
acontece nas áreas de orientação governamental, religiosa, científica, artística, etc. Os picos
maiores da história das grandes civilizações ocorrem quando alguns de Seus representantes se
encontram presentes, trabalhando nelas.
As tarefas mais importantes e mais amplas realizadas pela Grande Fraternidade Branca
têm lugar nos níveis mais subjetivos – para nós – da Natureza. Ela trabalha em perfeita
concordância com a grande Lei Kármica e a Lei dos Ciclos – dentre as mais conhecidas –
impulsionando a vida total de nosso planeta para um grau de perfeição mais elevado, à medida
que a Humanidade torna isso possível. Como regra fundamental de atuação, a Fraternidade não
utiliza meios impositivos e trabalha com os indivíduos que desejam cooperar com Ela, em seus
complexos e variados trabalhos em favor de toda a Humanidade. Nos diversos graus de suas
fileiras vão passando os indivíduos que através de suas vidas demonstraram ter um vivo
interesse para o serviço da Humanidade e se encontram dispostos a trabalhar na promoção dos
Planos dos Regentes da Raça em algum de seus diversos ramos do Serviço Mundial.
Toda a literatura sobre a "Senda" faz referência ao Trabalho da Grande Fraternidade,
especialmente no que se refere ao setor do Despertar Espiritual, seja com relação aos aspirantes,
como também com os que se encontram em diversos graus de compromisso com o Trabalho
Interior. Todo o trabalho genuíno do despertar espiritual está sob a supervisão da Fraternidade.
As atividades das Igrejas exotéricas, assim como os monastérios das diversas correntes
religiosas de todo o mundo, são apenas uma sombra do verdadeiro trabalho que se realiza na
esfera de ação planetária através dos Sete Ashrams principais da Grande Fraternidade e seus
ramais subsidiários.
Este aspecto Oculto da Grande Fraternidade Branca está definidamente relacionado com
o tema essencial da Meditação. Usualmente, compreende-se por Meditação o fato de alguém
"sentar-se" e começar a dar atenção para seu interior, a refletir sobre algum tema específico de
valor espiritual. O interesse que dedica o estudante em obter um pleno conhecimento de seus
diversos e complexos mecanismos psicológicos e seu saldo ocorre como resultado desse
trabalho. Isto é apenas uma parte do trabalho: a parte pessoal, do processo completo da
Meditação. O essencial, é que, se o indivíduo não possui a suficiente sensibilidade e mérito para
receber a atenção Oculta de um discípulo mais avançado do que ele, ou não chegou a ocasião,
ou não alcançou o nível pessoal requerido para receber a atenção direta de um Mestre de
Sabedoria, tudo o que deste lado do véu pode fazer esse indivíduo resulta superficial e de
pequeno valor para promover seu verdadeiro avanço e progresso Oculto. Geralmente, a falta de
uma verdadeira assistência Esotérica faz o indivíduo tornar-se prejudicial ao seu estado de
equilíbrio atual por incorrer em práticas inconvenientes à formação de uma estrutura oculta
36

adequada para o aspirante. A grande maioria deles incorre nestes desequilíbrios devido à pressa
ou à ambição interior e terminam inutilizando-se pelo resto da encarnação,
É necessário alertar o aspirante, algumas vezes que, a menos que ele tenha adquirido o
Direito Divino à Assistência Oculta, todas as práticas externas resultam superficiais, e que ele
permanecerá em um "status quo" quanto a seu desenvolvimento interior. É por esta razão que
fracassam os esforços de milhares e milhares de indivíduos, século após século, neste sentido.
Na grande maioria das vezes, o Indivíduo encontra-se afetado por uma intensa ambição
espiritual. Ele deseja ser diferente dos outros, mais importante do que os outros e obter
proeminência em seu próprio meio. Passa a invejar alguém que obteve coisas que outros ainda
não conseguiram obter; acha-se constantemente centrado em si mesmo, no próprio progresso, na
própria salvação, em sua auto-importância e a outros fatos semelhantes, que desqualificam-no, a
priori, para todo verdadeiro trabalho Ocultista.
É sempre algum agente da Grande Fraternidade que realiza os "ajustes" no corpo
instrumental de cada praticante, potencializando, conforme o caso, as diversas modalidades de
Energia requeridas, os mecanismos de relação entre a Consciência e seus veículos, e impondo
um novo ritmo de atividade aos sistemas de comunicação ou a órgãos sutis que em geral na
atualidade encontram-se em baixa – ou em nenhuma – atividade, conforme pode ser constatado
pelos resultados.
Esta Assistência Oculta é regulada por Leis Especiais, que dependem do grau e do
mérito de cada indivíduo e de sua folha de Serviço em benefício da Raça e da Vida em geral, no
passado e também no presente, além do seu estado atual de pureza magnética. Enquanto não são
preenchidos os requisitos básicos destes dois elementos, o indivíduo não tem acesso à
Assistência Oculta, faça o que fizer e seja quem for. Nestas questões não há exceções: ou se está
em condições ou não se está.
Na primeira etapa de realização Espiritual o aspirante tem que realizar por si mesmo o
arrasamento e a limpeza de seu próprio terreno, revolver a terra, deixá-la em condições de "ser
semeada" para que, quando soar a hora, o trabalho "no outro lado do véu" possa ser começado
sem perda de tempo e de energia. Que indicadores podem sinalizar que o indivíduo já está
preparado para este trabalho? Um intenso desejo de compreensão dos mistérios da vida que não
podem ser explicados nem através de algum ensinamento acadêmico conhecido nem pelo
ensinamento de alguma corrente religiosa. Só quando o indivíduo esgotou os métodos usuais de
informação, o que o leva para alguma fonte de informação relacionada com os fatos do
Ocultismo, a fim de averiguar se já existe reconhecimento ou não da validade de seus
ensinamentos. Outro elemento condicionante é o valor hipotético que o aspirante possa ter em
relação ao Serviço Mundial; se já possui alguma qualidade que possa contribuir para o Benefício
Geral; se não busca o proveito próprio, a própria conveniência; se ainda encontra-se correndo
atrás da fama; se não precisa ser importante ou exercer poder sobre os outros; se percebe e sente
em si mesmo as injustiças sociais, a exploração do homem pelo homem, seja pelo dinheiro, pela
política ou por motivos religiosos; se sente como seus os horrores da ignorância do mundo e está
disposto a realizar algo para minorar esta desagradável situação; se já descobriu que os sistemas
atuais de política e religião constituem verdadeiros becos sem saída... e que tem que haver
"algo" que o ensine a compreender a verdadeira realidade da situação existente; estes são alguns
sinais que indicam se o indivíduo está chegando ao ponto crítico da descoberta do Fato
fundamental da Filosofia Esotérica.
Cada coisa e cada ser humano é por excelência uma entidade atômica, radiante em
proporção ao seu estado evolutivo. Antes de um indivíduo chegar a merecer a atenção de um
Discípulo ou de um Mestre Espiritual, um genuíno Sat Guru, é necessário que ele alcance uma
intensidade de vibração e de radiação pelas quais sua presença possa ser notada no Mundo
37

Oculto. Quando isso ocorre, ele não passa despercebido pelos Gerentes da Evolução, os quais
estão sempre em busca de auxiliares para Seu trabalho. Então, o indivíduo é levado a uma
relação mais estreita com Eles.
A relação Guru-Chela, Mestre e Discípulo, não é condicionada pelo fator meramente
físico, nem pelo espaço, nem pelo tempo e, esteja onde estiver e seja quem for, a pessoa irá
receber a atenção individualizada que merece e necessita para seguir avançando em sua própria
e particular linha de desenvolvimento.
Como já foi dito, a Grande Fraternidade Branca se encontra organizada com base em
Sete Grandes Departamentos de Trabalho – relacionados com as Sete Modalidades
Fundamentais da Vida Divina, ou Raios –. Cada pessoa está substancialmente relacionada com
algum destes sete Grandes Departamentos. Na medida em que progride na Vida Interior, ela vai
acessando os diferentes graus de relação e iniciação na própria organização Oculta do Ashram a
que pertence.
O estudante poderá ver que o cenário da vida de um Meditante é mil vezes mais
transcendente do que a vida de sua efêmera personalidade e, desconhecendo estes fatos
verdadeiramente fundamentais, dificilmente poderia se oferecer inteligentemente a começar o
trabalho que é necessário realizar em cada etapa.
Enquanto o estudante estiver desligado do Sistema Esotérico, não deixará de ser vítima
dos pseudo-ensinamentos existente sobre Meditação e não poderá distinguir entre os muitos
institutos que vendem ensinamentos e iniciações; os gurus, que oferecem seus serviços com
vantajosas prestações mensais; as metodologias aceleradas e "instantâneas" que oferecem o
Satori6 e o Samadhi sem o esforço dos ensinamentos que conduzem ao único caminho, ao preço
único do esforço próprio, de sua capacidade de Serviço e de sua lealdade para a busca, vivência
e participação da Verdade.
A Grande Fraternidade Branca está esperando que cada um desperte interiormente e
assuma suas responsabilidades para com a Raça Humana e com toda a vida que o rodeia, para
com seu próprio destino espiritual; seu compromisso com a Vida e com a Verdade; com o
Coração da Natureza que é Amor ativo. Quando a Alma dá o primeiro passo para a grande
Fraternidade Branca, certamente já estará se dirigindo para ela um de seus Agentes para
introduzi-la definidamente na Senda.

PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO


l) "Há uma escola filosófica que a sociedade moderna perdeu de vista e, todavia, sempre
existiu. Dela se encontram vestígios nas antigas filosofias que são familiares a todo espírito
cultivado, mas estes vestígios não são mais inteligíveis do que seriam os fragmentos esculturais
de uma arte já esquecida”. (A.P. Sinnett, O Mundo Oculto).
*****
2) "Dos novos fatos expostos pela Teosofia, um das mais importantes é o da existência
de homens perfeitos. Deriva logicamente dos outros grandes ensinamentos teosóficos do Carma

6
Satori - literalmente significa “compreensão”; termo usado em budismo com o significado de
“iluminação”.
38

e da Evolução através de reencarnações". (C.W. Leadbeater, Os Mestres e a Senda, pág. 15).


*****
3) "Há uma grande Fraternidade e seus Membros estão em constante comunicação uns
com os outros; mas essa comunicação ocorre em planos superiores e eles não vivem
necessariamente juntos. Alguns destes excelsos Irmãos, a quem chamo Mestres de Sabedoria,
assumem, como parte de sua atuação a tarefa de aceitar discípulos aprendizes para lhes ensinar;
mas estes Mestres são minoria na poderosa corporação de Homens Perfeitos”. (C.W.
Leadbeater, Os Mestres e a Senda, pág. 27).
*****
4) "Sempre existiu uma Fraternidade de Adeptos, a Grande Fraternidade Branca; sempre
existiram aqueles que sabem, os possuidores de sabedoria interna, e nossos Mestres figuram
entre os atuais representantes desta poderosa estirpe de videntes e sábios". (C.W.L. Os Mestres e
a Senda, pag. 51).
*****
5) Eis que vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos,
povos e línguas. Estavam diante do trono e na presença do Cordeiro, vestes brancas e com
palmas nas mãos... Estes são os que saíram da grande tribulação: e lavaram suas roupas e as
alvejaram-nas no sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do trono de Deus e Lhe servem dia
e noite em seu templo. (Apocalipse 7: 9-15).
*****
6) "Fatos como o Governo Interno do Mundo se mantiveram por longo tempo como os
mais preciosos segredos dos antigos mistérios; mas agora com a nova oportunidade para os
homens de uma evolução mais rápida, revela-se o que antes estava oculto". (C. Jinarajadasa:
Fundamentos da Teosofia).
*****
7) "O trabalho da Grande Fraternidade de Adeptos nem cessa nem diminui de idade em
idade. Movidos como são seus membros por verdadeira compaixão divina, todos seus trabalhos
em prol do homem contribuem para redução e no fim para eliminação da crueldade que
freqüentemente o homem inflige a seus irmãos, os homens e aos animais; e da reação inevitável
que ela traz sobre ele. Entretanto, essa eliminação não deve ser forçada, deve ser tão natural
quanto possível. Sendo como Eles são, a encarnação da Ternura, os Mestres opõem virtudes
contrárias à crueldade e aos impulsos perversos aos quais o homem se inclina. Alguns deles
aparecem pessoalmente como instrutores Mundiais e outros como Gurus. Eles inundam a alma
dos homens com poder espiritual, luz e amor. Eles dirigem influências de espiritualização às
mentes dos homens e à mente mundial. Eles guiam e inspiram indivíduos e grupos receptivos;
porém com liberdade de ação física, só muito raramente eles interferem... A liberdade humana,
mesmo se mal empregada, é sagrada e este é o princípio que governa o trabalho dos Adeptos
neste planeta." (Geoffrey Hodson: El despertar da alma, pag. l7l/2).
*****
8) "... À cabeça de todas as atividades, controlando cada unidade e dirigindo toda
evolução, acha-se o rei, o Senhor do Mundo, Sanat Kumara, o Jovem dos Eternos Verões, e o
manancial da Vontade (demonstrando-se como Amor) do Logos planetário. Cooperando com
Ele, e na qualidade de seus Conselheiros, existem três Personagens chamados Pratyeka Budas,
ou Budas de Atividade. Estes quatro Seres encarnam a Vontade ativa, amorosa e inteligente.
Eles constituem o pleno florescimento da inteligência, obtida em um sistema solar anterior, o
39

que o homem está tratando de aprimorar agora.


"A sede desta Hierarquia esta situada em Shamballa, um centro no deserto de Gobi,
designado nos livros antigos como a "Ilha Branca". Ela é constituída de matéria etérica, e
quando a raça dos homens houver desenvolvido na Terra a visão etérica , será conhecida a sua
localização e aceita a sua realidade. Vários Mestres que têm corpo físico, vivem nos Himalaias,
em um lugar recluso chamado Shigatsé, longe dos caminhos dos homens; mas na sua maioria
estão disseminados em todo mundo, e vivem de modo incógnito e desconhecidos em diferentes
lugares e em distintas nações, embora cada um em cada lugar constitua o ponto focal para a
energia do Senhor do Mundo, demonstrando ser um distribuidor do amor e da sabedoria da
Deidade para seu meio ambiente". (A. Bailey: Iniciação Humana e Solar, Cap. IV, pág. 40)
*****
9) "Esta Hierarquia Oculta, tanto do Universo e do homem, é Setenária. Cada um dos
sete aspectos opera diretamente sobre seu correspondente nível de consciência, desde o mais
elevado ou plano espiritual até o físico.
"Cada um dos sete estados desta consciência está refletido na Fraternidade, não apenas
por meio de cada Adepto individual que penetra e domina cada estado, mas sim no conjunto da
Grande Companhia por meio de Suas sete divisões e departamentos de atuação. Cada
Departamento é presidido por um Adepto que é o Senhor do Tipo (Raio) de consciência e o
Dirigente de sua manifestação”. (C. Hodson: Meditações sobre a vida oculta, pag. 75-78).
*****
10) "A Fraternidade dos Adeptos serve à humanidade com exatidão sem nódoa e
sabedoria perfeita". (G. Hodson: A Senda Para a Perfeição)
*****
40

Capítulo VIII
A SENDA: O ÚNICO CAMINHO
O propósito Maior do Meditante, não pode ser outro que o de "entrar na Senda". Esta
afirmação poderia parecer aparentemente dogmática, entretanto, a menos que o aspirante dirija
seus passos para "a Senda”, não teria outra opção para progredir em sua vida interior. Isto é um
fato, e não um parecer meramente especulativo, literário, mas se apóia na experiência milenar no
campo do desenvolvimento Interior.
Qualquer outra direção que o Meditante possa tomar converterá sua meditação em
apenas um exercício físico ou intelectual, que de nenhuma maneira poderá lhe proporcionar o
processo de avanço que todo meio genuíno de meditação deveria proporcionar. Se houver falha
de orientação, ou seja, desse objetivo da experimentação, tudo o que se fizer perverte a
experimentação ou vai se tornar um elemento meramente mecanicista, um mero exercício
psicofísico.
Em todos os sistemas religiosos se fala, velada ou abertamente, a respeito da Meta da
Vida Espiritual. Na Filosofia Hindu, a Meta é Moksha e, também, se faz referência
reiteradamente ao estado de libertação em vida, o Jivanmukti; no Egito, a Meta era o estado da
própria osirificação, em que Osíris representava o aspecto puramente espiritual de cada Ser
humano. No Budismo, a Meta é o nirvana, a extinção do "eu", o sentido de separatividade; o
Nirvana é a apoteose da agudeza da atenção, do Perfeito Iluminado ou Desperto, como foi
chamado Buda. No antigo Cristianismo se falava do processo da própria divinização do Cristo
em Nós, a esperança da Glória. Neste caso, representando a idéia do Cristo, o mesmo do que o
Princípio Espiritual de cada Ser, igual ao Osíris Egípcio.
Esta Meta fundamental, se acha organizada com base em uma série de etapas que
progressivamente conduzem o aspirante ao topo da montanha da Vida; no Cristianismo, acham-
se simbolicamente detalhadas pelo principais feitos da Vida do Jesus, ou seja: O Nascimento, de
origem Virginal, isto é, de um estado de pureza; o Batismo no Rio Jordão, a purificação no Rio
da Vida, o ingresso na corrente que conduz à "outra margem". A Transfiguração, como o
aperfeiçoamento total da personalidade, a promoção da própria natureza psicofísica ao estado
atômico, radiante, um genuíno processo de espiritualização da matéria. A Crucificação, a
transcendência de todo processo de dualidade, objetivo e subjetivo, a independência total de
todo processo material. A Ressurreição, o nascimento irreversível no mundo Espiritual, a
capacidade de atuar como pleno Adepto a cada momento e circunstância requerida pelo Serviço
Mundial, a eliminação de todo temor da morte, tanto física como psíquica, uma vez que já se
obteve o perfeito contato com aquilo que em nós constitui a Natureza da Eternidade. No sistema
Yogui Hindu, este processo se acha instrumentado sobre a aquisição dos Cinco Samadhis
Fundamentais que conduzem gradualmente à Realização Direta. No Sistema Oculto – do qual
todos os outros são subsidiários – o processo de auto-realização encontra-se organizado e
embasado nas Cinco Grandes iniciações que só a Grande Fraternidade Branca pode
proporcionar. Em cada iniciação, o Iniciado vai despertando para um plano de vida mais sutil de
nosso sétuplo universo. Este sistema, esteve completamente oculto até o advento da Sociedade
Teosófica em l875, quando foi decidido – desde o âmago da Grande Fraternidade Branca –
revelar exotericamente alguns aspectos do Sistema Esotérico, até então secreto.
Existe uma Senda probatória, que posteriormente conduz à Verdadeira Senda Oculta, a
Senda do Discipulado. A palavra Discipulado é um dos termos mais relativos deste Sistema
Fundamental: sempre se é um discípulo no verdadeiro sentido da palavra, mesmo quando se
chega à Maestria, pois se converte em um discípulo de um Ser muito mais glorioso, sábio e
poderoso, não tendo limites esta dourada Cadeia de relação Guru-Shyshya. Conforme é
informado em "Yoga Tibetana e Doutrinas Secretas", de Evans Wentz: O nirvana é a soleira de
41

uma nova senda.


O Sistema Yogui de Patanjali, o sistema de Meditação por excelência, foi instrumentado
para proporcionar as diferentes ferramentas e conhecimentos que necessita o Aspirante, seja
para começar o Trabalho oculto, seja para levá-lo à sua completa consumação. Existem outros
textos complementares de instrução Oculta, tanto exotéricos como esotéricos, com os quais o
aspirante ficará em contato na medida em que vai realizando o processo de auto-reeducação e
reorientação pessoal, tanto mental, emocional como física Nos distintos capítulos do presente
trabalho, recomendam-se textos mais representativos para cada tema, de tal maneira que cada
interessado possa consultá-los e investigá-los à medida que avança sobre cada Fundamento.
Uma vez vencida a etapa claramente informativa e básica, compreender-se-á porque
dissemos que a única orientação válida para o mediante que se preze dessa condição, é o
ingresso na senda. É uma verdadeira aberração psicológica utilizar-se de algum aspecto da
Ciência da Meditação "para fortalecer a Personalidade", "para ser mais importante" ou para "ser
mais influente na vida", como o fazem algumas escolas ou correntes da atualidade, ou ainda
como prometem alguns gurus ávidos de proveito monetário e de ambição espiritual, os quais,
têm que arcar num ou noutro momento com a dor e a decepção. É uma lei no mundo oculto que
cada discípulo encontra o mestre que ele merece. O aspirante que busca genuinamente mais luz
e não mais importância pessoal desenvolve ao mesmo tempo certa espécie de "faro" oculto que
o afasta rapidamente de instituições comerciais, revestidas com manto da aparente
espiritualidade, e também dos enganadores e falsos "gurus", que agem como "cegos conduzindo
outros cegos", os quais abundam tanto no Oriente como no Ocidente.
Não existe uma ferramenta mais destrutiva do que um conhecimento, ou processo,
instrumentado para obter mais libertação e mais luz, seja utilizada para fins totalmente
contrários aos seus objetivos específicos. Ao longo de muitos séculos, a História Oculta de
muitos principiantes nos dá muitos testemunhos para considerar esta experimentação como
passageira. Práticas realizadas antes de ser executado o trabalho preliminar de limpeza
magnética levaram os ambiciosos aspirantes, desejosos de ganhar terreno sem esforço, à loucura
e à autodestruição dos mecanismos etéricos, cujas seqüelas duraram várias encarnações, com
todos os agregados de dor e limitações da saúde pessoal. Existem sobrados testemunhos
dolorosos para seguir avançando indiscriminadamente no campo da experimentação prática da
Meditação, sem informar-se antes, seja sobre o propósito da existência em geral, do propósito
que tende a preencher cada disciplina, seja sobre à natureza do campo em que cada disciplina
deve ser aplicada. Desconhecendo estes três fatores fundamentais, é de se julgar uma loucura
"meditar", fruto de uma curiosidade que terá que deixar um ou outro vestígio na vida do
praticante cego.
O conhecimento sobre o cenário da vida oculta e dos mecanismos instrumentais do
indivíduo permitirá ao praticante trabalhar com a tranqüilidade interna requerida por um
verdadeiro trabalho de meditação. Com maior soltura pessoal, o praticante irá adquirir uma
maior compreensão de todas as modalidades de vida de sua complexa constituição psicológica,
e, se estiver em suas possibilidades e méritos, irá despertar conscientemente para níveis do
universo ainda velados para a multidão em geral, sem os riscos de uma interrupção por falta da
necessária base ética e moral, requerida para esse tipo de experiência.
O fato fundamental da vida do Meditante sério, é não procurar liberação e luz,
unicamente para si mesmo, mas que no pano de fundo de sua consciência prepondere a
aspiração de colocar a Serviço da Raça Humana e da Vida em geral, todos seus avanços
pessoais. Esta qualidade é a que "protege" naturalmente o praticante, de todos os perigos da
prática meditativa. Se a ênfase da experiência Interior não se desenvolve a partir de um serviço
como base e de uma impessoalidade pessoal crescente, não haverá possível desenvolvimento
42

Oculto, ocorrendo um estancamento ou a profanação da prática – segundo o caso – até que se


recupere a genuína perspectiva "da Senda".
A Meditação abre possibilidades sem limite para o praticante, desde que ele demonstre
seriedade, responsabilidade e sensibilidade Oculta, e não deseje se converter em mais uma
vítima da experiência meditativa. A formação pessoal, mental, emocional e física, tem sido
considerada na abundante literatura que, desde l875, foi proporcionada para cobrir os requisitos
da experiência que pode ser realizada em uma etapa preliminar – pode-se dizer de abrandamento
ou de preparação –que conduz posteriormente à assistência Esotérica, face a face com o próprio
Mestre Interior, o qual assistirá ao praticante até que ele atinja os umbrais da própria Maestria
Espiritual. O Mestre, o verdadeiro pastor de Almas, age como uma ponte entre a Natureza
Espiritual do Aspirante e sua estrutura psicofísica, até que a sua Própria Mônada seja capaz de
tomar definitivamente o controle da total Evolução do mesmo, abordando diretamente com suas
influências a própria consciência de vigília, primeiro esporadicamente e, em seguida, constante e
irreversivelmente.
Como pode se apreciar, esta Senda tende a liberar um crescente poder no Meditante, uma
crescente liberdade, a eliminação de toda dependência exterior, seja física ou psíquica, até o
ganho próprio da Onisciência (4a. Etapa) e a Onipotência (5a. Etapa), tudo dentro do âmbito e
possibilidades de nosso sistema Solar.
Esta perspectiva poderá não ser muito atrativa para muitos aspirantes à prática da
Meditação. Mas à medida que se pode conhecê-la como a única condição verdadeiramente
válida, sem opções de nenhuma natureza, é que se pode saber se o indivíduo está ou não
basicamente preparado para iniciar a aventura interior. Não constituindo a Meditação um ganho
de caráter pessoal, mas que de modo intrínseco se acha engendrada com a totalidade da Vida,
qualquer ênfase personalista alerta a quem possa ver que a pessoa ainda se acha percorrendo
uma etapa da senda da Matéria; etapa em que o indivíduo se desenvolve estruturalmente,
indicando que sua ênfase pessoal, resíduos do desenvolvimento animal, da lei da selva, da luta
pela vida, da vitória do mais forte sobre o mais fraco... É uma Lei da Natureza, que não poderá
nascer para a Vida Espiritual – e iniciar a Senda de Retorno – o Nirvritti Marga, sem antes banir
de toda sua estrutura psicofísica, todo vestígio condicionante de modalidade de vida animal . A
primeira etapa do desenvolvimento Humano é por "impactos do Exterior", mas o
"desenvolvimento Espiritual", a segunda etapa, o desenvolvimento da Consciência, é; "do
interior para o exterior"; não é se formando, mas participando. É o "não buscar no exterior" o
essencial, a Meta de todas as dores e alegrias, o Objetivo Oculto do Filho Pródigo, que sai do
Seio do Pai – o Lar Espiritual – para a conquista e conhecimento do Quíntuplo Universo, o
campo de desenvolvimento da Vida Divina em sua etapa como Humanidade. A verdadeira Meta
de cada Ser Humano, de cada Meditante prático, é realizar rapidamente o trabalho de
transformar-se conscientemente em um dos Senhores da Inteligência, Amor e Compaixão, entre
as demais Unidades Espirituais que o rodeiam.
Pode-se observar em toda a ordem da Natureza que nos reinos de Vida Subumanos há
consciência, mas em nenhum deles há autoconsciência. Esta é própria da Humanidade. Como já
dissemos, a Natureza Essencial da Vida Divina é um constante Acontecer; uma escala ilimitada
nas possibilidades de Vir a Ser. Em virtude deste postulado Fundamental é que podemos afirmar
que frente a possibilidade da Autoconsciência da Humanidade, abre-se o desafio à Consciência
espiritual, a que outorga o reconhecimento empírico do fato mais formidável e significativo da
Natureza: a unidade de vida. Vivemos em um mar unitário de existência, entretanto, a ilusão da
Separatividade, turva constantemente a nossa Consciência. Pois bem, a erradicação total de todo
elemento separatista de nossa estrutura psicológica, constitui a meta fundamental da evolução da
humanidade. Todo o resto, é mero acessório em relação a este Propósito Fundamental. Todo o
43

Ciclo de Vidas e Mortes, não possui outro Propósito senão o de ficarmos conscientes de que
somos uma só e única vida; esta Vida Total, se expressa em uma gama infinita de níveis de
manifestação, qualidade, consciência e mérito. O universo significa o Um no Diverso. A
Unidade é um Fato na Natureza, mas a Glória da Humanidade é ter que descobri-lo.
Este descobrimento pode realizar-se com uma marcha comum de desenvolvimento, ao
longo de milhões e milhões de anos: ou então tomar-se a senda acelerada e abreviar o tempo que
conduz à Realização do descobrimento da unidade. A Senda Acelerada é uma opção, e não uma
obrigação, por isso cada um é livre para escolher, mas nesta liberdade podemos escolher em
permanecer na dor e na ignorância ao longo de séculos, ou penetrar na Senda da luz, como foi
chamada, e avançar de Luz em Luz; de liberdade em liberdade, de Poder em Poder;
compartilhando as responsabilidades dos Diretores da Evolução: participando dessa Divina
tarefa de: "Suportar o pesado Carma do mundo”, e convivendo na companhia de Seres
realmente Espirituais, livres de todas as dificuldades que se impõe na ausência do Despertar.
Avançando ombro a ombro com outros condiscípulos, que se encontram realizando nosso
próprio intento, apoiando-nos serviçal e mutuamente; fazendo que a Senda seja na Verdade a
Aventura Maior de nossa existência; a tentativa mais nobre; o heroísmo mais justificado; o
Único Gaminho que nossos pés podem galgar, a partir do momento em que sabemos algo de sua
existência, não importando até onde podemos chegar a cada vida, mas tentando nos manter
dentro de seus limites, ganhando ou perdendo, mas permanecendo firmes até o final.

PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO


l) "Lento, mas constante é o progresso humano. Portanto, vai aumentando o numero de
homens perfeitos, e todo aquele que fizer o tremendo esforço requerido, atingirá o Adeptado.
Em circunstâncias normais são necessárias muitas vidas antes de alcançar tão alto nível; mas
agora nos deparamos com a possibilidade de acelerar o nosso avanço na Senda e concentrar em
menos vidas terrenas a evolução que em condições normais tardaria milhares de anos". (Os
Mestres e a Senda, C.W. Leadbeater, paq. 53).
*****
2) "Os Mestres velam sempre pela raça e observam todos aqueles que, pela prática das
virtudes, pelo trabalho desinteressado ou pelo esforço intelectual consagrado ao Serviço dos
homens, devoção sincera, piedade e pureza distanciam-se da massa de seus semelhantes e se
tornam capazes de receber uma assistência mais especial do que a recebida pela humanidade em
geral", (A Sabedoria Antiga, A. Besant, pág. 222).
*****
3) "O Mestre é como um companheiro de viagem que, tendo percorrido antes o caminho,
oferece os resultados de sua experiência aos que lhe seguem. Este oferecimento dos resultados
da experiência não é propriamente um processo externo. O Mestre obteve a plena consciência da
Unidade com a Vida existente em toda forma; portanto ele reconhece a si Mesmo como uno
com a Vida do discípulo. Mediante a unidade e identificação de Sua consciência com a do
discípulo, Ele pode ajudá-lo interiormente. Permite ao discípulo compartilhar e usar a
consciência e conquistas do Mestre que estejam dentro de sua própria capacidade" (G. Hodson:
Meditações sobre a Vida Oculta).
*****
4) "À medida que a Sabedoria Antiga descobre ante o olhar do investigador o sublime
plano de evolução, surgem corações que ardem em irresistíveis desejos de se consagrar ao
mesmo. Todas as coisas da vida perdem seu sabor quando se percebe a Visão Celestial e nada
44

mais é possível a não ser entregar-se plenamente e sem reservas ao Ideal de Serviço, devoção ou
renúncia". (C .Jinarajadasa, Fundamentos da Teosófia).
*****
5) "Uma vez que se compreende que a evolução para a perfeição é o propósito da
existência do homem, o ser humano inteligente coopera". (G. Hodson: O Despertar da Alma,
pag. l8).
*****
6) "Aquele que conhece os demais possui sabedoria;
mas aquele que conhece a si mesmo possui luz interna.
Aquele que vence aos demais é forte;
mas o que vence a si mesmo é mais forte;
"Aquele que basta a si mesmo é rico;
Aquele que persevera em sua rota é homem de vontade;
mas quem sabe descansar onde se encontra, resiste.
"Aquele que morre sem deixar de ser
alcança a imortalidade". (Lao Tse. Tao Te King).
*****
7) "Com efeito, é necessário que este ser corruptível seja vestido de incorruptibilidade e
que este ser mortal seja vestido de imortalidade. Quando este ser corruptível tiver vestido a
incorruptibilidade e este ser mortal tiver vestido a imortalidade, então se cumprirá a palavra da
escritura:
"A morte foi absorvida na vitória.
Onde está, ó morte, teu aguilhão?
Onde, ó sepulcro, está tua vitória? (I, Coríntios, XV, 53-55).
*****
8) "Do irreal, conduze-me ao Real.
Das trevas, conduze-me à Luz.
Da Morte, conduze-me à Imortalidade". (Upanishad).
*****
9) "Desde que o homem é um ser autoconsciente, ele possui o poder de submeter-se a
um processo de aceleração para o amadurecimento espiritual. Ele pode apressar a realização de
sua meta, através da aplicação deliberada, numa forma intensificada dos princípios que
governam o crescimento normal.” (G. Hodson: Meditações sobre a Vida Oculta, pag. 7).
*****
10) "A Senda está aberta para todos os que desejam saber e progredir mais; mas aquele
que aspira se aproximar dos Mestres terá que ser altruísta tal como eles são; terá que esquecer
sua personalidade e se dedicar inteiramente ao serviço da humanidade, como eles se dedicam".
(C.W. Leadbeater: Os Mestres e a Senda, pág. 51).
45

Capítulo IX
O CAMPO DE AÇÃO DO MEDITANTE
Existe um duplo campo de ação na vida do Meditante. Na realidade os dois são apenas
um, mas em favor do desenvolvimento do presente tema, sujeito a uma perspectiva mental, seu
campo de ação pode sofrer uma momentânea divisão. Isto é, sua vida Interna e sua Vida
Externa. Na medida em que se podem harmonizar os dois âmbitos de existência, é possível
converter-se num efetivo Meditante, na verdadeira perspectiva Espiritual.
As Leis vigentes sobre o desenvolvimento Oculto exigem que o Aspirante consiga estar
no mundo sem ser do mundo. As antigas práticas do isolamento físico apenas ocorrem sob
condições e necessidades excepcionais. O que hoje se persegue em termos experimentais é um
estado de tranqüilidade interior, de tal modo que as diversas e infinitas gamas de impressões
impactantes do mundo exterior não encontrem nenhuma ressonância no caráter nem na ênfase
do Aspirante quanto à sua vida Oculta.
À medida que sua compreensão lhe possibilita, o Aspirante irá se libertando de todos os
materiais que possam ser ativados negativamente a partir do exterior; de todas as cadeias e
dependências externas, de toda necessidade artificial, psíquica e física, que seja contrária à vida
Espiritual e tenda a mantê-lo em seu atual estado de escravidão e inutilidade espiritual. Aquilo
que ele não pode obter completamente hoje servirá como base do trabalho de amanhã. Mas não
trabalhará com expectativas emocionais e projeções e sim, terá o cuidado para não perder o
sentido da realidade para não perder tempo e vitalidade. O Ocultismo não é perfeccionista, mas
exige viver no melhor dos níveis de nossas atuais possibilidades.
É em contato com todas as modalidades variadas de vida que ele deverá seguir
realizando sua Senda e seu Serviço. É com o ardor mental que cada um deverá gravar esta
necessidade da Vida Espiritual: “Não há senda sem serviço, nem serviço sem senda”. À medida
que esta regra da vida espiritual se impregna em seu caráter, a tendência para o isolamento
poderá ser colocada devidamente sob controle. É em contato com o mundo, que o verdadeiro
conhecimento do caráter pode ser exercido ao máximo na sua possível intensidade. Se alguém se
afasta das "tentações", como poderá saber que tendências psíquicas o mantém longe da Vida
Espiritual, da direta percepção da Verdade? O contato com os outros não apenas nos permite
por em prática o que sabemos e podemos na tarefa de atenuar as reais necessidades das pessoas,
mas fornecer-lhes também orientação, ajudando a esvaziar os complexos de dramatismo que
ocorrem por falta de perspectiva espiritual. Ao mesmo tempo, esta relação porá nosso caráter à
prova e nos mostrará onde estão ocultas nossas debilidades. O Meditante deverá estar o mais
alerta possível, para atuar compelido pelas qualidades de vida com suas aspirações encarniçadas;
se pretende ganhar soltura e liberdade, e não viver constantemente de "aspirações" e bons
desejos, os quais, caso não se concretizem em ação, não servem para nada, como também
constituem sérias obstruções psicológicas. É por demais sabido que: "o caminho para o inferno
se encontra pavimentado de boas intenções"; como continuar insistindo neste sentido? A vida
diária de cada aspirante é uma constante possibilidade para ajustar o balanço de nossa
verdadeira natureza. Esta "saltará" à visão alerta do praticante toda vez que for contrariada em
suas modalidades e natureza. Então, se estivermos prevenidos, impediremos que a reação se
dinamize e morra ativamente em termos de possibilidade futura. As tendências, Skandas,
impressões e Samskaras que se conseguem neutralizar quando brotam no horizonte da atividade
psicológica, são eliminadas para sempre. Deve-se ganhar em velocidade para "perceber cada
parte do processo de evocação, pois é necessário deter a impressão antes que chegue a conectar-
se com os centros motores dispostos no Corpo Astral, já que uma vez realizada a conexão,
torna-se impossível estancar a ação; nesse caso, o Corpo Físico é um mero autômato, não possui
vontade própria, e o indivíduo, sem nenhuma alternativa de poder impedir, acaba fazendo aquilo
46

que não quer. Nisto se apóia a necessidade fundamental de ganhar terreno no campo da atenção
interna e externa. Na Atenção se encontra o segredo da própria Renovação ou
Autotransformação; sem atenção o indivíduo permanece estagnado ou se repetindo
interminavelmente em seus próprios equívocos, com todas as seqüelas negativas que este
proceder vai adicionando à incapacidade já existente. É bastante conhecido o processo
mecânico, o qual pouco a pouco vai destruindo o indivíduo, sendo isto realçado pela Tradição
Oriental: "primeiro o homem toma vinho; a seguir o vinho toma vinho e mais tarde o vinho
toma o homem".
Todos os hábitos, fruto da ignorância e da inconsciência, por Lei, devem ser banidos
através da autoconsciência e nisto, sem dúvidas, se fundamenta a necessidade do
desenvolvimento da atenção. Com respeito a este tema particular retornaremos mais
detidamente em futuro trabalho ora em preparação, abordando outros aspectos daquilo que é
sempre necessário fazer na vida de um praticante de Meditação.
Até aqui, assinalamos a necessidade do contato e Serviço exterior, agora analisaremos a
necessidade da dedicação à Vida Interior sem a qual tampouco o aspirante poderá ir muito
longe. Existe no Bhagavad Gita, um capítulo – o décimo terceiro – dedicado especialmente ao
Campo e ao Conhecedor do Campo, o qual faz uma luminosa introdução sobre a Vida Interior.
O meditante que desprovido de conhecimento (pelo menos intelectual) de sua natureza
psicológica se lança na visão interior, assemelha-se a um nadador que por gostar de nadar, ao
ver uma piscina com líquido se joga nela, sem saber se o que contém é água ou alguma
variedade de ácido ou substância química nociva à saúde. A história da experiência interna se
encontra cheia de nomes deste tipo de vítimas. Por razões de segurança e desempenho, é uma
necessidade cientifica só se penetrar no campo interno com um mínimo de conhecimento de
nossa natureza bastante complexa. Antes de poder realizar seu primeiro corte, um bom cirurgião
necessariamente tem que passar por longos anos de estudo de anatomia física. Da mesma forma,
para se poder "operar" meditativamente, é necessário conhecer não só a anatomia física, mas
também ter um conhecimento mais detalhado das diversas modalidades de energia que
constituem a vida e a estrutura dos corpos sutis, caso não se queira ficar inutilizado antes de se
poder apreciar um genuíno resultado.
É imprescindível o conhecimento de cada um dos corpos, sua anatomia, suas leis de
desenvolvimento, sua composição e suas funções. Uma vez que conhecemos o quanto do
exterior pode ser conhecido, a abundante provisão que a Tradição Oculta ou Teosofia já
disponibiliza para ser apreciada e levada em consideração, mais sadiamente poderemos iniciar
nossa experiência de "concentrar nossa Consciência para o interior", frase esta que também
tem sua ciência e sua filosofia.
Um dos Axiomas mais conhecidos pelos estudantes da Ciência da Meditação, é que: "ao
pensamento segue a energia". Eis aqui a arma mais formidável que possui cada praticante: o uso
da mesma o converterá em um mago negro ou em um discípulo dos Mestres de Sabedoria. Esse
verdadeiro veículo de progresso, quando empregado com conhecimento e poder egoísta, se
converte em uma arma mortal, sendo sempre mais atingido o próprio neófito imprudente. Usada
indiscriminadamente, pode produzir desequilíbrio e loucura. Usada por quem a conhece, com
propósitos sadios, produz mérito e libertação.
É bem conhecido nos círculos de estudantes sérios e praticantes de meditação que a
consciência possui um poder que alimenta tudo que observa. O conhecimento deste poder da
consciência é outro dos tesouros operativos do Meditante, igual à função anterior; e também
pode se converter em uma “faca de dois gumes” se for utilizado indiscriminadamente, sem a
necessária instrução esotérica básica. .
Em geral, toda pessoa acredita ser de uma qualidade superior em relação ao que
47

realmente é. Entretanto, a meditação vai revelando ao estudante que, com o tempo, ele vai se
conhecendo como realmente ele é, e se seu desequilíbrio em relação à realidade é grande, o
meditante improvisado terá que pagar o preço de sua inexperiência, pois não poderá evitar
tornar-se vítima de seu próprio autoconhecimento... O desequilíbrio entre o que ele é e o que
pensa ser, pode provocar um sério abalo psicológico, que poderá arremessá-lo para fora do
âmbito da experiência meditativa inicial. Esta é uma das várias provas que cada praticante com
verdadeira vocação para a Verdade terá que passar exitosamente. O indivíduo deve estar sempre
disposto a mudar constantemente a idéia da própria identidade, pois o que conheceu de si
mesmo até o presente é a “casca” mais superficial de sua própria natureza e, quase sempre, ele
chega ao campo da experiência meditativa com um forte coeficiente de falsos conceitos e
concepções a respeito de si próprio, fruto da educação religiosa corrente e das diversas
interpretações psicológicas do ser Humano, altamente impregnadas de um forte materialismo. Se
a este quadro adicionarmos a capacidade de autoprojeção das próprias aspirações sobre a
verdadeira realidade e possibilidade em relação ao que cada um é e pode, temos um panorama
suficientemente completo para compreender a delicada situação de cada aspirante neste campo
tão especifico e tão exigente da experiência por meio da meditação. Antes que o Sistema
Esotérico possa produzir algum resultado efetivamente prático, é necessário efetuar-se uma
completa reeducação pessoal e sair dos círculos viciosos pessoais e culturais de cada época.
Um dos segredos das primeiras tentativas no campo da meditação consiste em não se
deixar cair vítima da identificação com tudo aquilo que alguém vai descobrindo durante o
exercício da meditação. Para se obter êxito nesta etapa, é necessária uma profunda compreensão
do que realmente se é constituído, independente dos conteúdos artificiais e transitórios da
própria estrutura psíquica, os quais têm que ser eliminados e/ou reeducados – conforme o caso-.
Nem o positivo nem o negativo, nem o agradável, nem o desagradável de cada um, deve se
constituir em motivo de identificação: a verdadeira Natureza do Ser de cada um não pode sofrer
identificação com nada humano, por mais elevado que possa parecer aos olhos inexperientes dos
principiantes. O princípio operativo apoiado na negatividade pode de fato nos ajudar nesta
etapa; o "nem isso, nem aquilo" tem que estar constantemente no cenário de nossa consciência,
eliminando todo processo de identificação com o irreal. Só assim é possível se avançar no
matagal da ilusão que constitui a psicologia humana de nossos tempos.
Outro inconveniente é a aplicação indiscriminada de qualquer tipo de Meditação, e em
virtude das faculdades e dos poderes acima mencionados, com facilidade pode-se incorrer na
utilização inapropriada para as próprias necessidades, estrutura e possibilidade; ou se pode cair
em uma simplificação superficial do próprio desenvolvimento pessoal, efetuando meditação tipo
bakti, gnana ou mântrica, simplesmente orientado pelo próprio gosto pessoal ou seguindo a linha
de menor esforço. Aqui encontramos outra série de fatores viciados, próprios de uma
informação deficiente sobre o tema. Fazer o que já podemos fazer, não é nenhum mérito nesta
esfera do trabalho. É necessário realizar treinamento nas nossas áreas não trabalhadas, pois
apenas elas podem nos proporcionar progresso. É necessário saber quais são as nossas zonas
frágeis, pois é aí onde se terá que aplicar meditação e atenção, para obter um desenvolvimento
harmônico com a própria Natureza.
Uma interpretação fragmentária das diversas Modalidades e Técnicas de Meditação pode
conduzir a sérios inconvenientes e necessitará de muito tempo e trabalho para reverter a
situação, algumas delas com repercussão nas sucessivas vidas. Para evitar desequilíbrios de
formação, a Filosofia Esotérica adotou em seu sistema prático de auto-realização o sistema da
Raja Yoga ou Yoga Real. Tal Sistema contempla de maneira integral todas as necessidades
psicofísicas do praticante. Esse sistema é bastante rico em disciplinas, técnicas, leis e regras,
tornando improvável que apareçam problemas nas primeiras etapas da experimentação, os quais
não possam ser trabalhados exitosamente com a aplicação científica em alguns casos. A
48

codificação efetuada por Patanjali cobre com sobra as necessidades de toda experimentação
meditativa, durante muitos estágios de desenvolvimento interno.
No terreno avançado do Sistema Esotérico, cada um terá a assistência direta de um
genuíno Sat Guru, que lhe indicará o tipo de disciplina pessoal que precisa aplicar para acessar
os níveis mais elevados da auto-realização. Nesse aspecto pouco há para prolongarmo-nos
agora, pois o presente trabalho é especialmente dedicado aos principiantes na senda da
Meditação.
O Ser humano é essencialmente uma Unidade Atômica, um complexo Sistema de
Sistemas, de uma gama infinita de modalidades de forças e energias, que precisa ser
compreendido cientificamente antes de se adotar algum tipo de "prática" em algumas de suas
partes constituintes. Na atualidade, nos encontramos coletivamente fracos quanto ao
conhecimento detalhado de nossas estruturas Ocultas, não por falta de informação, mas sim por
falta de investigadores do conhecimento já disponível.
É freqüente a imprensa mundial, noticiar sobre "acidentes" que tiveram alguns
meditantes improvisados, seja por enfartes de coração, como de cérebro. Quando se interpreta a
expressão de meditação no coração, de uma forma materialista ou literal – como é mencionado
no âmbito religioso corrente – o interprete ingênuo centra sua consciência nesse órgão físico e,
necessariamente, produz uma congestão por excesso de energia e retenção sangüínea. Algo
semelhante tem lugar quando o praticante centra sua atenção na cabeça, provocando uma
elevada tensão e irrigação cerebral, o que termina com uma explosão dos vasos sanguíneos mais
delicados do cérebro. Assim, é cobrada a pressa e a deficiente educação meditativa. Outros
incorrem em práticas espúrias de Pranayama, para acelerar seu acesso aos níveis mais sutis de
existência, o que elimina a proteção proporcionada pela Natureza, e os torna vítimas das mil e
uma variedades de entidades que aguardam com ansiedade por algum desprevenido com
constituição psíquica deficiente, para lhe oferecer uma porta pela qual possa se expressar. Tanto
para a prática de Pranayama, como para o despertar Consciente para os níveis mais sutis da
Natureza, é necessário ser efetuada sob a orientação sábia de outro Ser que nos tenha precedido
neste trabalho, a fim de que ele nos introduza gradual e conscientemente nessa experiência,
oferecendo ainda a proteção de que se necessita nestes casos. Em geral, não recomendamos a
utilização de práticas de Pranayama, se não for sob assistência direta, como também sugerimos
seja evitado qualquer tipo de experimentação com alguma variedade de Tantra Yoga.
Nas primeiras etapas da Vida do Meditante, dá-se ênfase à preparação Ética e Moral,
com o fim de se evitar os aspectos mais desagradáveis da experimentação Esotérica e porque são
itens indispensáveis para o estabelecimento de uma estrutura psíquica através da qual se perceba
a realidade das coisas tal qual são, sem as deformações decorrentes de uma psicologia ainda não
purificada. Efetivamente, a etapa de purificação pessoal, prescrita por todos os sistemas de
cultura espiritual sem exceção, tem uma necessidade e propósito vital: proteger o estudante de
toda possível influência externa e, ao mesmo tempo, incrementar um desenvolvimento interior
ilimitado no reconhecimento espontâneo do que se constitui a verdade em cada caso e
circunstância da qual participe.
Um dos Sistemas Internos de nossos constituintes multidimensionais é representado pelo
complexo Sistema de Chakras ou rodas que interconectam o funcionamento dos diferentes
Corpos sutis. Em virtude do campo dos Chakras ser um dos mais afetados por seu manuseio
psicológico e seu necessário conhecimento científico, o qual nem sempre se encontra ao alcance
do estudante comum, somos levados a dedicar uma atenção específica a este tema. É de
conhecimento público o fato de que quase todas as escolas Exotéricas de desenvolvimento
pessoal recomendam a meditação para o desenvolvimento e a ativação dos diversos Chakras,
desconhecendo, entretanto, o mais elementar conceito sobre o desenvolvimento técnico dos
49

mesmos. Do ponto de vista estritamente esotérico, o desenvolvimento e/ou a dinamização dos


Chakras ocorre através de aspectos ativados "a partir do interior", não conhecendo tais escolas
o mínimo significado desta afirmação. Esse processo ocorre sob cuidados especiais e é
orientado por um Discípulo avançado ou um Mestre de Sabedoria. O mesmo é condicionado
pelo Raio específico do indivíduo e do trabalho em particular, o qual ele tem que realizar como
parte de sua contribuição em termos de Serviço através de seu Grupo e para o Bem Geral.
Desconhecendo estes fatores fundamentais – que não são encontrados neste lado do Véu –, toda
manipulação externa dos Chakras representa um verdadeiro atentado; um aborto psíquico, do
qual nenhum experimentador sai ileso. A manipulação dos Chakras com Energia imposta "de
fora" – por meditação – não só os tira de "ritmo", como prejudica o fluxo harmônico de energias
que os mesmos administram através da sua participação num equilíbrio total entre o homem
interno e externo, especialmente no que afeta o delicado Sistema Glandular, cuja deterioração e
desequilíbrio, escapam da atual ciência médica. É importante saber uma vez mais que, quando
se produzem os desarranjos, o indivíduo fica abandonado à sua triste sorte, pois os "mestres"
não podem fazer nada para auxiliar seus "discípulos; quando começam a ocorrer os desarranjos
psíquicos e nervosos já será muito tarde para se recorrer ao Sistema Esotérico e o
experimentador terá que suportar todas as seqüelas de sua imprudência.
É necessário insistir muitas vezes que o principiante nada tem que fazer com seus
Chakras, até que não chegue à etapa em que conheça o que significa "trabalhar a partir do
interior”, e não de forma imposta. Outra coisa importante para ter em conta é que o
desenvolvimento de uma função psíquica, não representa desenvolvimento espiritual, mas pode
indicar o contrário. A verdadeira prova do progresso Espiritual é constituída fundamentalmente
pela qualidade da vida diária que nos induz a uma maior compreensão e sensibilidade para com
a vida, e a darmos cobertura para alguma de suas momentâneas necessidades. A vida
genuinamente Espiritual somente pode ser avaliada pelo grau de amorosa compreensão e um
Serviço cada vez mais amplo e impessoal, sobre toda a vida e tudo que nos rodeia.

PENSAMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO E A MEDITAÇÃO


l) "Ajuda a Natureza e coopera com ela; e a Natureza te considerará como um de seus
criadores e se tornará obediente. E ante ti de par em par ela abrirá as portas de suas câmaras
secretas, e desvendará ante tua vista os tesouros escondidos no mais profundo de seu seio puro e
virginal. Não maculada pela mão da matéria, ela mostrará seus tesouros apenas ao olho do
Espírito – o olho que nunca se fecha e para o qual não há véu algum em todos seus reinos.
Então, ela te mostrará os meios e o caminho, o primeiro portal e o segundo, e o terceiro, e
mesmo até o sétimo. E depois, a meta – além da qual, banhada na luz solar do Espírito, há
glórias inauditas, só visíveis ao olho da Alma.” (H.P.B. A Voz do Silêncio, I, slokas 66-68).
*****
2) "Esvazie a mente de todos os preconceitos e permita que a luz brilhe no interior.
Esvazie o coração de todo desejo e permita que o puro amor brilhe através dele. Esvazie a Alma
de toda a ambição pessoal e permita que o fogo da aspiração te exalte. Esvazie todo o seu ser do
eu e do egoísmo, fazendo com que o altruísmo venha a tornar-se sua mais profunda qualidade.
Então, poderá ocorrer a iluminação, e poderá ser feito progresso, poderá o Eu Superior obter o
domínio sobre o inferior". (A Senda para a Perfeição. Geoffrey Hodson, pág. 22).
*****
3) "O Aspirante começa a compreender que a Vida Una reveste inumeráveis aparências,
que são todas boas em seu tempo e lugar; e deve aceitar cada manifestação desta vida sem
procurar transformá-la em qualquer outra. Aprende a venerar a Sabedoria que concebeu o plano
50

deste universo e dirige sua execução; e considera com serenidade os fragmentos ainda mais
imperfeitos, que desenvolvem lentamente a trama de sua existência parcial". (A. Besant, A
Sabedoria Antiga, pag., 225).
*****
4) "O que deves estudar é vosso motivo maior para a vossa ação. Execute suas ações tão
sabiamente quanto possas: usai seus melhores pensamentos e os melhores propósitos para julgar
o que é certo antes de fazê-lo. Observe se os olhos examinam não a face exterior, mas sim o
coração do homem, aplicando o mais reto julgamento do mundo. Dedicai-vos por completo e
sem reservas ao serviço dos demais, ajudando em qualquer lugar que seja possível fazê-lo.
Trabalhe em qualquer lugar onde haja oportunidade para isso, dedicando-se a um grande ideal.
Siga em frente através da névoa ou da luz do sol; prossegui na tempestade e na calmaria. E
quando as vidas que deixastes para trás floresçerem nesta vida atual com as flores de serviço, de
heroísmo e de devoção, então vocês como homens do mundo que são, e que desconhecem o que
dissemos e não sabem da existência dos Mestres ou das glórias do mundo oculto, aí então
estareis começando a dar os primeiros passos que os levarão ao princípio da senda". (A. Besant,
"A Senda da Iniciação).
*****
5) Não confundas teus corpos, nem o físico, nem o astral, nem o mental, com teu Eu.
Cada um deles pretenderá ser o Eu, a fim de obter o que deseja, mas tu deves conhecê-los e te
reconhecer a ti mesmo como seu dono. ... "Vigia, pois, incessantemente, porque de outro modo
fracassarás". (J. Krishnamurti, Aos Pés do Mestre, I, 16 e l, 25).
*****
6) "Devemos nos transformar em instrumentos de serviço. Isto implica uma
reorganização radical total de nossa natureza, um trabalho que abrange um pouco do plano
exterior e muito mais do plano interno do indivíduo. Esta reorganização leva a um renascimento
espiritual e sua base é a fraternidade". (N. Sri RAM: Pensamentos para os Aspirantes).
*****
7) "Com calma mental e sentidos controlados, mergulha sempre no Paramâtman (A
Alma Suprema do Universal7) que está em teu interior e, pela realização de tua identificação
com Brahman, destrói as trevas criadas pela ignorância primária, que não tem princípio".
(Sankaracharya: A Jóia Suprema do Discernimento).
*****
8) "A mente individual, pode regressar para o estado de Consciência pura, penetrando na
sua fonte central e, ao contemplá-la, converter-se na Realidade Suprema, em seu aspecto Chit."
(Inteligência). (O Segredo da Realização Direta, Sutra l3).
*****
9) "O ser reflexivo, em virtude de seu recolhimento sobre si mesmo, de imediato torna-se
sensível para desenvolver-se em nova esfera. Na realidade, é um outro mundo que nasce.
Abstração, lógica, escolha e invenções raciocinais, matemáticas, arte, percepção calculada do
espaço e da duração, ansiedade e sonhos de amor... Todas estas atividades da Vida Interior não
são mais que a efervescência do novo centro constituído sobre si próprio.’ (Teilhard do Chardin:
Hino do Universo, Pensamentos escolhidos XXIX).

7
O Eu Supremo, que é um com o espírito Universal (Glossário Teosófico – N.T.)
51

*****
10) “A meditação é a compreensão constante da maneira em que se vive cada minuto,
enquanto a mente se mantém extraordinariamente viva, alerta e sem estar curvada por nenhum
medo, nenhuma esperança, nenhuma ideologia, nenhuma pena.
Não se pode chegar muito longe sem fundamentar esta compreensão da vida diária, a
vida cotidiana de solidão, de tédio, de excitação, de prazeres sexuais, das urgências para realizar
algo, para se auto-expressar; a vida diária de conflitos entre o ódio e o amor, vida na qual
alguém reclama que lhe ame; uma vida de solidão interna. Se não se compreende isso sem
nenhuma distorção, sem se tornar neurótico; se não se é completa e extremamente sensível e
equilibrado; sem uma base assim, você não pode ir muito longe.” (J. Krishnamurti, A Liberdade
Total, Provocação Essencial do Homem)
52

ANEXO
FONTES PARA O ESTUDO E APROFUNDAMENTO

Capítulo 1 – O Fundamento da Unidade


1) A Doutrina Secreta, do H.P.B. 6 Volumes.
2) A Sagrada Doutrina da Unidade, do Pablo Yaloja.
3) A Unidade do Cosmos, G. Abetti. Editorial EISA, Madrid. España.1967.
4) Tratado da Unidade, Muhiyuddin El Arabi. Luis Cárcano, Espanha
5) Compêndio de Teosofia, C.W. Leadbeater,
6) Fundamentos da Teosofia, C. Jinarajadasa.
7) Teosofia Explicada, A. Pavri Editorial Orión. México.
8) O Homem, Deus e o Universo, I. K. Taimni,
9) Tao Te King, Lao Tse.
10) Bhagavad Gita.

Capítulo II – A Natureza da Mônada


l) A Doutrina Secreta, H.P.B., Volume I
2) O Segredo da Realização I. K.Taimni,
3) Aos Pés do Mestre, J. Krishnamurti,
4) Shiva Sutra - A Realidade e Realização Supremas, I.K.Taimni
5) O Bhagavad Gita
6) A Jóia Suprema do Discernimento. Sankaracharya.
7) Auto Realização pelo Amor, I.K. Taimni,
8) Compêndio de Teosofia, C.W. Leadbeater.
9) O Idílio do Lótus Branco, Mabel Collins
10) O Cantar da Ashtavakra. Edit. Século Vinte. Buenos Aires.
Capítulo III – A Constituição Setenária Universal
1) A Doutrina Secreta, Volume I
2) Evolução da Vida e da Forma. A. Besant.
3) A Genealogia do homem. C.W. Leadbeater.
4) Noções da Teosofia. A. Besant
5) Um Estudo sobre a Consciência. A. Besant
6) O Homem Visível e Invisível. C.W. Leadbeater
7) Os Chakras. C.W. Leadbeater
8) O Corpo Astral. A. Powell
53

9) O Corpo Mental, A. Powell


10) O Corpo Causal e o Ego. Powell

Capítulo IV – Fundamento da Periodicidade Universal


1) A Doutrina Secreta, H.P.B.
2) A Sabedoria Antiga, A. Besant
3) Fundamentos do Teosofia, C. Jinarajadasa
4) Teosofia Explicada, A Pavri
5) O Espaço, o Tempo e o Eu, Norman Pearson
6) O Homem, Deus e o Universo, I. K. Taimini.
7) Curso Básico da Teosofia, E. Simmons. Editorial Teosófica - Argentina.
8) A Bíblia
9) O Manava-Dharma-Shastra
10) O Bhagavad Gita. A. Besant.

Capítulo V – Fundamento da reencarnação


l) Reencarnação e Carma. A. Besant.
2) A Doutrina Secreta, Vol. III, H.P.B.
3) Imortalidade e Reencarnação. A. David Nell, Argentina
4) A Sabedoria Antiga, A. Besant.
5) O Espaço, o Tempo e o Eu. N. Pearson.
6) Você esteve aqui, E. Fiore, Espanha.
7) Teosofia Explicada. A. Pavri.
8) Reencarnação. A. Abhedananda. Argentina
9) Experiência da Reencarnação G. Cerminara, Espanha,
10) Vida depois da Vida. Moody, Espanha.

Capítulo VI – Fundamento da Causalidade ou Karma


l) Reencarnação e Carma. A. Besant
2) A Doutrina Secreta, H.P.B., Volume III.
3) Transcendência do Carma. Edgar Cayce, Argentina
4) Fundamentos da Teosofia, C. Jinarajadasa.
5) As manifestações do Carma. R. Stainer, Argentina
6) A Sabedoria Antiga, A. Besant.
7) A Eterna Sabedoria da Vida. Clara Codd
54

8) Compêndio de Teosofia. C.W. Leadbeater.


9) O Espaço, o Tempo e o Eu. N. Pearson, Argentina
10) Teosofia Explicada. A Pari, México

Capítulo VII – A Grande Fraternidade Branca


l) Os Mestres e a Senda. C. W. Leadbeater
2) O Governo interno do Mundo A. Besant.
3) Iniciação Humana e Solar. A. Bailey.
4) A Doutrina Secreta, Volumes I - III - V e VI, H.P.B.
5) A Exteriorização da Hierarquia. A. Bailey.
6) Mestres e Discípulos. C. W. Leadbeater.
7) Os Mahatmas e as Provas Iniciáticas. H. P. B.
8) Teosofía Explicada, Pavri, México.
9) Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett.
10) Fundamentos do Teosofia. G. Jinarajadasa.

Capítulo VIII – A Senda: O único Caminho


1) Os Mestres e a Senda, C.W. Leadbeater.
2) O Despertar da Alma. G. Hodson.
3) Do Recinto Externo ao Santuário Interno A. Besant.
4) Os Mahatmas e as Provas lniciáticas. H.P.B.
5) Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett.
6) A Senda do Discipulado. A. Besant.
8) A Senda para a Perfeição. G. Hodson.
8) Aos Pés do Mestre. J. Krishnamurti.
10) Em Seu Nome. C. Jinarajadasa.
12) Cartas do Mestre K.H. para C.W. Leadbeater.

Capítulo IX – O Campo de Atuação do Meditante


l) A Voz do Silêncio, H.P.B.
2) A Senda para a Perfeição C. Hodson.
3) A Sabedoria Antiga, A. Besant.
4) A Senda de Iniciação, A. Besant.
5) Aos Pés do Mestre, J. Krishnamurti.
ó) Pensamentos para os Aspirantes, N. Sri Ram
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7) A Jóia Suprema do Discernimento, Sankacharya.


8) O Segredo da Realização Direta. I.K.Taimni
9) Hino do Universo, Teilhard de Chardin.
10) Liberdade Total, Provocação Essencial do Homem, J. Krishnamurti.

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