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Os Fundamentos
Esotéricos da Meditação
Vicente Fiumanó
INTRODUÇÃO
Em virtude do ciclo evolutivo em que nos encontramos como Humanidade, a cada dia se
torna mais evidente que a experiência pessoal em um ou em outro grau da escalada do
desenvolvimento interior, é fundamental. Cada vez mais é maior o número de pessoas que
desejam começar "a fazer algo prático", mas em geral, elas apenas continuam estudando
indefinidamente ou simplesmente "falando" a respeito da Vida Espiritual. Essa constatação, ao
mesmo tempo em que oferece uma excelente oportunidade em termos de crescimento
individual, apresenta alguns inconvenientes e tendências que podem se transformar em sérios
transtornos no futuro.
Não obstante este favorecimento das condições cósmicas, ninguém nos abrevia o
trabalho que temos que realizar para assentar as bases firmes para que esta possível experiência
se realize sobre os princípios mais sólidos, puros e representativos da Tradição Oculta, único
sistema detentor do mais antigo acervo, experiência e registro da prática experimental do
fascinante – mas também perigoso – terreno da vivência meditativa. Todos os inconvenientes
desta busca espiritual, no passado e no presente, têm lugar porque se desconhecem ou se evitam
os princípios elementares que oferece a Ciência Oculta, para serem estabelecidas as bases desta
prática.
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Devido ao maior interesse que vem sendo manifestado pelo público por estas técnicas,
tem-se produzido uma avalanche de literatura barata, de instituições que dão "lições de ioga e
Meditação" e de "instrutores" ou "gurus" que oferecem orientação espiritual, diretamente ou por
correspondência. Em geral, por trás de tudo isso, esconde-se uma cobiça monetária; e, como
ocorreu nas esferas das grandes religiões organizadas, o mercantilismo vai penetrando na área
do sagrado, desconsiderando a reverência interna – elemento indispensável para uma correta
valorização – com a qual devemos trabalhar neste terreno sagrado. Quando o praticante se
encontra afetado por falta de reverência necessária para o que realmente constitui o Ato da
Meditação, certamente ele não poderá ir muito longe através dela – a Meditação –.
Como ainda não chegou a hora para termos Instrutores avançados em contato com o
grande público, é necessário aumentar as exigências – as margens de segurança básicas –, para
evitar ao máximo possível os inconvenientes produzidos por uma prática indiscriminada. A
medicina atual, eminentemente materialista, ainda não sabe o que fazer com os casos que lhe
chegam às mãos – como conseqüência de experimentos com essas “práticas”–, a não ser em se
valer de sedativos e psicofármacos, os quais, na maioria das vezes, terminam por afetar os
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órgãos físicos mais sutis do corpo, com os quais o meditante tem que trabalhar, e deles
depende, isto é, do sistema nervoso e das glândulas de secreção interna – especialmente as
glândulas Pituitária e Pineal – as quais trabalham como pontes de contato dos modos mentais e
emocionais de consciência com a própria consciência de vigília.
Esse quadro nos alerta para o fato de que basicamente dependemos de nosso senso
comum, e quanto mais faça parte de nossa experiência, menos problemas nós teremos que
enfrentar ao longo de nossas vidas.
O presente trabalho pretende constituir-se em uma ponte entre esse estado inicial da
verdadeira busca interior, existente no Grupo Oculto ao qual o aspirante se afiliou
esotericamente – esteja ele consciente ou não desse estado –, e o começo de um trabalho
verdadeiramente científico e sistemático, em sintonia com o Raio Fundamental de cada
candidato e com o Trabalho ou Serviço Oculto, em relação ao qual esse grupo se acha
esotericamente comprometido. Desconhecidos estes fatores condicionantes, é preferível que o
aspirante à meditação inicie sua prática em bases preliminares, não menos apaixonantes,
positivas e esclarecedoras, as quais, uma vez atendidas e razoavelmente realizadas, chamarão a
atenção de Seu verdadeiro Mestre Oculto, e esse Mestre orientará o Grupo Esotérico ao qual ele
pertence.
Difundiu-se muito sabiamente que: "quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece",
mas esse "estar pronto” não depende do conceito do aspirante, e sim, significa "estar pronto" no
conceito do Mestre, o que em geral não representa a mesma coisa. É por esta razão que cada
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aspirante deve trabalhar com o máximo de prudência e compreensão, se não quiser passar em
vão sua atual encarnação. As pessoas podem estar afetadas por algumas das muitas ilusões que
condicionam os principiantes, e esperando que o Mestre faça aquilo que unicamente elas
próprias podem e têm que fazer. Somente depois que cada um de nós tenha realizado o trabalho
sobre si mesmo, que pode e deve fazer baseado na própria compreensão e possibilidades, é que
se torna possível ser iniciado o trabalho que o Mestre irá realizar em nós. Pretender inverter esta
ordem é desconhecer as mais básicas regras do genuíno Trabalho Oculto.
Esta obra pretende participar os verdadeiros fundamentos para que cada um se esclareça
por si mesmo e inicie com a perspectiva que só o genuíno conhecimento pode nos oferecer, o
caminho que o conduzirá diretamente para sua própria meta espiritual.
Como até o presente desconhecemos existir alguma obra contendo as doutrinas mais
fundamentais do Ocultismo com ênfase para a Meditação, nosso propósito foi apresentar de uma
maneira simples, despretensiosa, direta e sem adornos retóricos, os elementos mais relevantes
para uma compreensão profunda, tanto no aspecto metafísico e filosófico, como científico, em
que se baseia o tema da Meditação.
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Apresentada no Anexo da presente tradução. (NT)
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Prosseguimos sonhando, com outros sonhos talvez, mas ainda com o propósito de
continuar a trabalhar em prol de uma Humanidade Fraterna em Espírito e em Consciência,
acima de toda diferença temporária, de cor, de religião, de sexo, posição social, nacionalidade,
etc. Sabemos que a Humanidade é uma grande família e trabalhamos para esta Unidade, o único
trabalho fundamental que vale a pena realizar, sobre a face física de nosso bendito planeta Terra.
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Capítulo I
O FUNDAMENTO DA UNIDADE
O primeiro e mais condicionante fundamento para a formação Oculta de todo aspirante à
Meditação, como fato prático, é o Fundamento da Unidade. Este fundamento é a pedra angular
de todos os outros. Faltando o mesmo, todos os demais podem considerar-se inúteis, e na
presença dele os outros se tornam racionalmente justificáveis, tanto em seus aspectos científicos
como filosóficos.
Com certeza, o aspirante já terá ouvido frases tais como: "Nele vivemos, nos movemos e
temos nosso Ser"; "No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus,
todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele nada foi feito". Estas frases poderão parecer sem
sentido dentro da imensa onda de materialismo em que se debate nossa civilização, mas na
perfeita compreensão delas, acha-se toda a esperança de sobrevivência da Humanidade como
espécie pensante.
O descobrimento de uma perspectiva humana da existência como totalidade sempre foi o
ápice da experiência dos antigos meditantes e Mestres do Despertar. Na condição de Ciência,
toda Meditação se fundamenta no fato de que esta experiência pode ser obtida sem se ter
atingido o apogeu do processo evolutivo corrente, mas sim agora, se forem preenchidas as
condições de pureza, organização e sensibilidade requeridas para tal.
Todo o âmbito da Meditação prepara o aspirante para a obtenção de um amplo conceito
de si próprio e da idéia da Unidade, em primeiro lugar através de um maior esclarecimento
intelectual e filosófico e, a seguir, através da experiência, assunto que trataremos oportunamente
no capítulo Contatos Ocultos. Tudo nos instrumenta para se ganhar terreno dentro da
compreensão possível do fundamental e condicionante da Existência.
Duas coisas o praticante da Meditação deve aspirar: a primeira é começar pelo princípio;
a segunda é começar bem. Giordano Bruno, uma das glórias da Humanidade, ensinava que se o
primeiro botão do "nosso colete" for abotoado mal, todos outros teriam a mesma sorte. O
primeiro botão do colete do Meditador é o botão da Unidade.
Os grandes problemas da Humanidade tornam-se impossíveis de resolver caso não se
compreenda a realidade da Unidade de toda vida. Toda a história sangrenta de nosso planeta
apóia-se na dissidência humana a respeito de o meu e o teu, a minha conveniência e a tua, meus
direitos, minha busca de felicidade, meu prazer, minha religião, meu Deus, minha pátria.
Constantemente o sentido do pessoal se sobrepõe à fundamental razão do ser humano, co-
participante da própria Natureza, da mesma fonte e da mesma Meta e Destino. As divisões
engendradas pelo homem através do tempo envenenaram seu pão, e tornarão impossível seu
sonho; vivemos procurando ansiosamente segurança no perecível, no impermanente; e nos
afirmamos no poder terrestre à custa de nossa saúde psíquica e física. Criando constantemente
desculpas para não enxergar o primeiro e principal centro básico de todos nossos problemas, que
é a natureza de nosso "eu" psicológico aquele que usurpou o lugar da totalidade em nós.
A Humanidade, na condição de entidade coletiva, terá que reconquistar sua perspectiva
original de Unidade, caso deseje permanecer como espécie. A vida humana deve investir em
trabalho e ganhos para a Totalidade, não para a maior glória e comodidade de alguma das partes
em conflito.
Para o aspirante que não compreender este Primeiro Fundamento Básico, será inútil
seguir adiante em seus intentos, sem ter que retroceder em seguida no caminho. Nosso interesse
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é que, mediante o auxílio que pode oferecer a Meditação como Ciência, nós tenhamos que
retroceder o menos possível no caminho. Compreendemos que toda a miséria humana, está
enraizada em uma vida sustentada em valores da "dualidade" e desejamos transcendê-los para
conquistar conscientemente a verdadeira perspectiva da realidade.
Um dos auxílios formidáveis que cada ser humano pode obter é a de aprender bem desde
o começo, pois uma vez viciada nossa compreensão filosófico-intelectual, custa-nos maior
esforço voltar a aprender, já que quando os sofismas se encontram instalados em nós, eles se
convertem em núcleos vivos que impedirão uma e outra vez a genuína compreensão. Um dos
maiores problemas na atualidade no âmbito do ensinamento Esotérico é que existem muitos
alunos e "professores" "mal informados", os quais projetam geração após geração os vícios de
uma formação espiritualista materializada, fragmentária e personalista, gente que "não caminha"
nem deixa caminhar... monstros de vaidade viva que arrastam atrás de si, tal como a matéria da
cauda de um cometa, a esteira de seus seguidores, vítimas de fraude espiritual, irrecuperáveis
para um possível e efetivo trabalho de auto-esclarecimento, admitido como genuinamente
esotérico. Que as idéias movem o mundo é um antigo ensinamento oculto, e que as idéias
viciadas não só impedem a correta formação intelectual, mas elas também pervertem toda a
experimentação possível, o que determina que a eliminação das superstições seja fundamental
na Tradição Buddhista da auto-realização Espiritual, constituindo uma das condições
indispensáveis para se entrar na "corrente" da vida Esotérica. A maior superstição que a
Humanidade sofre é a Superstição da Separatividade, de onde se conclui pela necessidade de
um reconhecimento intuitivo da Realidade da Unidade Fundamental de toda Modalidade de
Vida.
Neste Fundamento, subjaz o segredo da Ahimsa, a Não Violência, fator inicial na prática
de toda modalidade de ioga ou disciplina para obter-se a União. A sensibilidade real requerida
para que Ahimsa seja verdadeira e não apenas uma postura psicológica, de conveniência ou um
elemento obtido pela imposição ou pela repressão, é justamente o reconhecimento real da
Unidade, sem nenhum tipo de reservas, nem ideológicas, nem de conveniência. Qualquer grau
de Ahimsa se perverte com o tempo, se não se apoiar sobre as graníticas rochas da Unidade,
como Fato e não como filosofia. A verdadeira Não Violência ou Ahimsa, transcende todas as
divisões engendradas pela mente humana, e consegue sentir, naturalmente, um profundo
respeito e compaixão por tudo que vive, pela Vida como Totalidade.
O Fundamento da Unidade é, por conseguinte, o fator mais condicionante e básico para a
formação de um meditante. Sem este fundamento todo o trabalho restante, por mais importante
que pareça, será superficial, periférico e inferior.
O maior desafio da espécie humana, sua maior glória, é primeiramente o reconhecimento
intuitivo da Existência da Unidade e, segundo, a sua realização consciente; para isso nasce, para
isso vive, para isso chora e sorri, angustia-se e se exalta, perverte-se e se regenera. Todas as
vidas e todas as mortes, não são senão o prelúdio da verdadeira vida imortal, com plena
consciência da Unidade. Todos os níveis da existência representam um desafio para a
consciência incipiente no propósito de encontrar o centro de sua própria vida dinâmica, de onde
surge, e para onde se dirige.
Todo o drama da existência humana é um ato de constante transcendência de novas e
mais dualidades sutis, que se fundem no nível imediato superior.
Todo problema, todo desafio, é a renovada e sempre eterna oportunidade de exercer um
ato de compreensão, uma fusão, uma síntese. O máximo Feito da Natureza é a fusão no
Absoluto de seus Dois Eternos, seus sempre renovados e inesgotáveis Princípios,
O convite para uma fusão, uma síntese no nível mais imediato de nosso atual horizonte
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de consciência, constitui o propósito essencial de toda nossa Natureza. Descobrir este fato
constitui o verdadeiro nascimento para a dinâmica divina, para a verdadeira essência da
filosofia, para a filosofia viva, a única que pode nos manter sempre vivos, sempre ativos, em um
constante ato de superação, de crescente compreensão, de contínua transcendência. Morrendo
consciente e constantemente para aquilo que já fomos, para chegar a ser tudo o que podemos
ser, e esta possibilidade não tem limites, nem em extensão nem em profundidade.
A primeira conquista do Meditante consiste em fundir sua consciência finita e
temporária, com sua superconsciência Atemporal, eterna e imortal. É a partir desta fusão que
começa seu possível desenvolvimento infinito de possibilidades. Enquanto isto seguirá sendo
prisioneiro da angústia de cada nascimento e de cada morte. A compreensão deste fato, desperta
no aspirante o verdadeiro interesse pelo tema da Meditação e da Vida Interior, reconhecendo
que esse é o único caminho pelo qual é possível passar a compreender e transcender sua
natureza sujeita aos processos duais de toda a Natureza.
Afirma a Doutrina secreta que: "O homem tende a converter-se em um Deus, e depois em
Deus, da mesma forma que todos os demais Átomos do Universo". (D.S. I, 203).
O nível e a qualidade de vida no Meditante vão se introduzindo gradualmente e ele vai se
equipando com os instrumentos de percepção e de reconhecimento de novos níveis e
modalidades de vida e de consciência, os quais cada ser humano possui em sua estrutura
potencial interna, equivalentes a todo o universo em que vive. Um maravilhoso sistema de
correspondências vai-lhe permitindo irromper conscientemente, ciclo após ciclo, os níveis mais
e mais abstratos na Natureza da Totalidade.
O reconhecimento intuitivo da Unidade de Vida marca o começo do trabalho do
verdadeiro aspirante ao Campo da Meditação. É o princípio, o meio e o fim. Sem alcançar este
primeiro degrau, é sinal de que ainda não soou sua hora, para que inicie o acesso para a Senda
Interior, cuja conquista admite-se estarem desenvolvidos e aperfeiçoados os diferentes sistemas
meditativos, de modo a cobrir toda a gama de variedade de caráter, níveis e metas de cada grau
da Senda Interior.
universal das coisas, e a vida do animal não é mais que um fragmento da vida total do universo".
(Luis Pasteur: Carta ao amigo Raulin, datada em 4 de Abril de l87l).
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3) "Um novo domínio da ciência, que lança um desafio a si mesma, faz hoje sua
aparição. O conjunto das criaturas terrestres, as plantas, os animais, a própria espécie humana
estão influenciadas pelas modulações cósmicas quase impalpáveis. O homem está
inseparavelmente ligado ao restante do universo, não só por meio dos instrumentos que ele
inventou, mas também graças à impressionante sensibilidade de sua própria substância". (Frank
A. Brown, citado por M. Gauquelin em "Cosmopsicología").
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4) "Ao Deus desconhecido, ao que vós adorais sem conhecê-lo, é a quem eu vos venho
anunciar. O Deus que fez o mundo e tudo que nele existe, sendo Senhor do Céu e da Terra, não
habita em templos feitos por mãos humanas, nem é servido por mãos humanas, como se
precisasse de alguma coisa; pois ele é quem dá a todos vida e alento a todas as coisas",
"E de um só sangue ele fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra
fixando os tempos anteriormente determinados e os limites do seu habitat. Tudo isso para que
procurassem Deus, e mesmo às apalpadelas se esforçassem para encontrá-lo, embora certamente
não esteja longe de cada um de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser, como
alguns dos vossos já disseram: Porque somos também de sua Raça". (Atos: 17-23/28).
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5) "Este mundo estava submerso na escuridão imperceptível, desprovido de todo
atributo distintivo, sem poder ser descoberto pelo raciocínio, nem ser revelado, parecia entregue
inteiramente ao sono”.
"Quando a dissolução (Pralaya) chegou ao fim, então o Senhor Existente Por Si mesmo,
o qual não está ao alcance dos sentidos externos, tornando este mundo perceptível com os cinco
elementos e os outros princípios, resplandecentes do mais puro brilho, apareceu e dissipou a
escuridão, isto é desenvolveu a Natureza (Prakriti).
"Aquele que somente o espírito pode perceber, pois que escapa aos órgãos dos sentidos,
não tem partes visíveis, é eterno e alma de todos os seres, que ninguém pode compreender,
desdobrou seu próprio esplendor”.
"Tendo decidido, em sua mente, fazer emanar de sua substância as diversas criaturas,
produziu primeiro as águas em que depositou um germe... Desde o começo o Ser Supremo
atribuiu a cada um, a cada criatura em particular, um nome, funções e uma maneira de viver,
segundo as palavras do Veda". (Manava-Dharma-Shastra I, 5/8/2l).
*****
6) No Catecismo (Oculto), o Mestre pergunta ao discípulo: "Levanta a cabeça, ó Lanu!
Vês uma luz ou inumeráveis luzes por cima de ti, brilhando no céu negro da meia noite?".
"Eu percebo uma Chama, ó Gurudeva; vejo milhares de centelhas que não estão
separadas e que nela brilham".
"Dizes bem. E agora observa em torno de ti, e em ti mesmo. Essa luz que arde no teu
interior, porventura a sentes de alguma maneira diferente da luz que brilha em teus irmãos os
humanos?".
"Não és de modo algum diferente, embora o prisioneiro continue preso pelo Carma, e as
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suas vestes exteriores enganem os ignorantes induzindo-os a dizer: "Tua alma e minha Alma".
(D.S. I, pág. 169).
*****
7) "Em sua profunda infinitude, pelo milagre do Amor, vi reunido em um único feixe
todo o disperso no universo; a substância com acessórios e suas relações, tudo fundido de tal
modo que não passava mais do que uma única chama.
"Acredito que desse modo vi a forma universal desta complexa totalidade, pois ao dizê-
lo sinto o aumento de minha plenitude", (Dante, A Divina Comédia", O Paraíso).
*****
8) "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. No
princípio, ele estava com Deus, Todas as coisas por ele foram feitas e sem ele nada do que existe
seria feito. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens", (João: I, 1-4).
*****
9) "Do Uno sem nome se originaram o Céu e a Terra.
Do Uno imanente procedem todas as coisas e seus nomes.
Quem se acha mais além do desejo pode ver o Uno.
Quem alimenta muitos desejos pode ver somente aos muitos.
O Uno e os muitos são em verdade Um; mas os muitos têm múltiplos nomes.
Esta unidade é um mistério; é o mistério supremo:
“A soleira do Espírito". (Tao Te King)
*****
10) "A Lei Fundamental da Ciência Oculta é a Unidade radical da última essência de
cada parte constitutiva dos elementos compostos da Natureza, desde a estrela ao átomo mineral,
do mais elevado Dhyzan Chohan ao menor dos infusórios, na acepção completa da palavra, quer
se aplique ao mundo espiritual, quer ao intelectual ou ao físico. 'A Divindade é um ilimitado e
infinito expandir-se'". (D.S. I, 169).
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Capítulo II
A NATUREZA DA MÔNADA
O Segundo Fundamento essencial é o que nos esclarece a respeito de nossa relação com
essa Unidade Absoluta que reina na Natureza.
Aqui também a mente humana acrescentou "agregados" que terminaram por tergiversar
totalmente a natureza da Realidade. Toda nossa confusão filosófica se acha enraizada no
extraordinário desconhecimento a respeito de nossa natureza humana, vigente na concepção
materialista a respeito da natureza do Homem, concepção essa que nem sequer consegue separar
o raciocínio, o pensamento e as emoções da estrutura cerebral. Cada sistema religioso criou sua
própria concepção, sua própria filosofia, tendo o interessado que enfrentar e conhecer a
concepção de cada sistema, tendo que dedicar longos anos de investigação intelectual, chegando
a um beco sem saída. Em quase todos os sistemas religiosos organizados ainda é vigente a
confusão a respeito do significado das palavras Alma e Espírito: as mesmas seguem sendo
utilizadas como sinônimos e quando se pedem definições concretas, saem logo pela tangente,
em um amontoado de palavras vazias. Tenta-se preencher com palavras um importante domínio
da Natureza humana, sem o reconhecimento de que na verdade não se sabe absolutamente nada
diretamente a respeito do assunto. Os teólogos de todas as religiões se dedicam abertamente à
especulação mental, a um mero exercício de montar frases e palavras que carecem de vida
interior, da verdadeira experiência a respeito do que se fala. Nos últimos dois mil anos o
exercício intelectual esteve matando a necessidade da própria experiência Interior, a qual se
pretende superar com afirmações dogmáticas, em geral carentes de sentido e de uma realidade
pratica. Entre o materialismo científico e o agnosticismo religioso, o investigador sincero fica à
mercê da loucura ideológica, ao desespero intelectual, caso não venha a ter a boa sorte de
contatar a Filosofia Esotérica.
Quase todas as filosofias religiosas são "criacionistas": o Ser humano é uma "criação" de
Deus ou da Entidade criadora do sistema específico.
É aqui que se abre uma brecha intransponível entre o Sistema Esotérico e as religiões
mundanas mais apropriadas à atenção das multidões ignorantes e carentes de propósito religioso,
do que ao aspirante da Senda Interior.
A filosofia "criacionista" é uma interpretação condicionada e dependente da Natureza
Humana. Ela jamais poderá satisfazer as necessidades filosóficas de uma Vida que aspira à
Senda Espiritual, com uma mente desperta, com capacidade própria de pensar, de inquirir e de
perguntar de forma amadurecida e profunda. Tal mente necessita algo que vá além das
formulações mentais, palavras ocas, afirmações dogmáticas, modalidades de pensar e de
interpretar determinadas por autoridade pessoal ou institucional. Uma mente madura, sensível e
penetrante, não admite para seu alimento além do que a Verdade, os fatos da Natureza, tal qual
eles são e não arremedos da realidade.
É óbvio que uma entidade humana "criada" constitui uma entidade extática, acabada e
dependente de seu suposto "criador". Ela carece de liberdade, de uma absoluta liberdade, como a
proveniente da investigação Oculta da Natureza, necessária para se descobrir experimentalmente
por si mesmo a verdadeira Natureza da Entidade Humana em todos os níveis do ser. O próprio
conhecimento, a própria Natureza, fonte e destino, não podem ser satisfeitos com meras leituras
de livros e interpretações intelectuais, sejam quais forem os livros, as pessoas ou as instituições,
o verdadeiro autoconhecimento exige uma mente livre de dogmas, ávida de verdade, de Fatos e
não de palavras, enquanto que uma entidade "criada" jamais poderia dispor deste tipo de
liberdade absoluta, para uma investigação do tipo livre e pessoal.
As promessas da Filosofia da Meditação ficariam sem serem realizáveis, se a filosofia
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"criacionista" da entidade humana fosse uma realidade, o que seria um cruel engano, o pior dos
enganos, para as mais sagradas aspirações do coração humano. A história da Humanidade nos
mostra que jamais ouve engano nas doutrinas do Ocultismo, nem tampouco que os Ocultistas
tiveram que se retratar pela divulgação de falsas interpretações da Existência e das Leis e Regras
que regulam a Vida Espiritual.
Unicamente a Tradição Oculta esclarece o problema quanto ao aspecto do ser humano
ter sido influenciado pela "criação", ainda que não na forma geralmente compreendida, mas
apenas nos aspectos estruturais do Ser humano, legados pelos Patriarcas, os Pitris ou
Antecessores. O que constitui a Verdadeira Natureza de cada Ser humano é o Mistério dos
Mistérios, que somente pode ser expresso intelectualmente quando se afirma que tudo quanto
existe – o conhecido e desconhecido, a natureza do absoluto, o ser humano – é um aspecto do
próprio absoluto. É devido ao fato da Natureza Espiritual da Humanidade ser da mesma
Natureza do Absoluto, que existem absolutas possibilidades de realização para o Ser humano. A
Filosofia da Meditação implica entre outras coisas – como veremos – na possibilidade de
acelerar, antecipar cientificamente a Evolução ou Desenvolvimento Humano. Isto somente é
possível para uma Natureza Dinâmica e Absoluta, dentro de suas possibilidades intrínsecas do
Vir a Ser.
Antes de nos introduzirmos experimentalmente no campo da Meditação, é
imprescindível realizar uma remoção geral e eliminação de todo complexo "criacionista" e de
separatividade com aquilo que consideramos o Coração de toda a Existência, a Natureza do
Todo, de Deus, do Absoluto; de poder deixar de pensar em Deus e no Homem como sendo duas
coisas distintas, substancial e hierarquicamente. Isso implica em certa ousadia – divina ousadia
– que caracteriza a todos os verdadeiros estudantes esotéricos, e os diferencia de todos os
"videntes" e exploradores do mundo espiritual.
Todo ranço de criacionismo e/ou de dependência externa ou interna, constitui um entrave
para se iniciar a Senda da Meditação, uma carga, que, a menos que seja descartada, impedirá o
aspirante de levantar vôo. Tudo que existe fora de nós mesmos sabe-se que possui uma
influência secundária na vida do aspirante espiritual; até mesmo a presença do Mestre é
acessória, pois conforme é do conhecimento antigo: "Os Budas só assinalam o caminho".
Apenas com esta profunda compreensão da relação Homem-Deus, é possível cada homem
tornar-se o "artífice de seu próprio destino", e também que "cada um seja para si mesmo o
caminho, a verdade e a vida".
A idéia de "avançar sozinho", apenas pode espantar a estudantes pacatos e dependentes,
gente ainda imatura para se sustentar sobre seus próprios pés, para fazer frente à vida de uma
maneira direta e não através de "representantes" ou salvadores pessoais; gente que nos abra
caminho, para que nós também possamos avançar. Do ponto de vista da experiência direta, em
realidade não existem tais intermediários, os quais foram inventados para manter as pessoas
escravas da dependência exterior. Quando descobrimos que neste caminho não podemos
avançar conduzidos pela mão de alguém, surge em nós a íntima certeza, a confiança profunda,
apoiada em nossa verdadeira natureza Espiritual, única responsável real pela nossa própria auto-
realizarão.
Há em nós mesmos uma etapa de destruição de todas as fantasias psicológicas e
filosóficas, antes de podermos semear as douradas sementes da Filosofia Esotérica, encontrando
em nós terreno fértil para germinar, enraizar e iniciar o trabalho constante de transformação, que
aguarda no horizonte de cada um.
Consideras-te corajoso para iniciar tua própria limpeza e iluminação?
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8) "Este Átma, que reside no coração, é menor que um grão de arroz, menor que um grão
de cevada, menor do que uma semente de mostarda, menor que um grão de milho. Este Átma,
que reside no Coração, é também maior que a Terra, maior que a atmosfera, maior que o Céu,
maior que todos os mundos juntos”. (Chandogya – Upanishads, P. 3ª. K. 14-5-3).
*****
9) "O Reino dos Céus não vem com as aparências. Nem se poderá dizer: Ei-lo aqui, ei-lo
acolá, porque o Reino de Deus está dentro de vós". (Lucas, 17: 20-21).
*****
10) O Ser Divino que caminha com firmeza, lutando e esforçando-se por evoluir, aos
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Capítulo III
A CONSTITUIÇÃO SETENÁRIA UNIVERSAL
O Terceiro Fundamento Esotérico da Meditação é o Fundamento do Universo e do
Homem Multidimensional, o que em Teosofia denominamos tecnicamente a Constituição
Setenária Universal.
Do ponto de vista operativo e científico, este Fundamento é dos mais importantes do
nosso tema, pois em virtude de o Universo e o homem não serem apenas aquilo que é visto,
degustado, tocado, ouvido e cheirado pelo homem perceptível aos sentidos, não haveria
necessidade da Ciência da Meditação existir ou vir a ser efetiva. O Universo e o Ser humano
possuem aspectos ainda desconhecidos, tanto para o teólogo como para o filósofo e o cientista
corrente. A Integralidade do tema é inesgotável em suas possibilidades e é ilimitada em extensão
e profundidade. Este conceito pode resultar em um grande desafio para a mentalidade Ocidental,
que trabalha com a mente finita dentro de limites eminentemente estruturais e ainda em seus
níveis densos. Toda complexidade humana e as infinitas incógnitas do Universo têm sua razão
de ser nos níveis mais subjetivos dessa Integridade; à medida que avançamos em novas direções
e níveis da vida, mais explicamos o que se passa no campo dos sentidos, pois toda a vida
fenomênica observável é resultante de modalidades de vida e de consciência mais subjetivas.
Para acessar cientificamente aos níveis mais profundos do próprio ser e da Natureza, é
que foi desenvolvida a Ciência da Meditação, através de milhões de anos de experimentação, no
próprio coração da Totalidade da Natureza. A meditação como ciência não é uma matéria
especulativa, mas eminentemente experimental; nela não há lugar para a crença, para a aceitação
gratuita, um simples acúmulo de informação, nada disso serve neste campo; a observação
constante dos fatos e dos processos, objetivos e subjetivos, é o coração vivo da meditação. Para
uma mentalidade imatura e superficial, todo o campo da meditação, da vida interior, carece de
sentido e de existência. Para as pessoas que ainda se encontram na etapa do desenvolvimento
sensorial, focadas puramente no físico, nosso campo é uma utopia, um sonho de loucos. Para o
intelectual que busca apenas através da leitura, a vida Espiritual mais profunda será para sempre
desconhecida; aqui não há lugar para a comodidade, para aquisição gratuita, para o despertar
que surge gratuitamente sem o mínimo esforço pessoal. Tudo deve ser conquistado, milímetro a
milímetro, como conseqüência de um viver desperto e enobrecido pela perspectiva da Vida
Total.
Sob um ponto de vista estritamente técnico, não há possibilidade de o Ser Humano fazer
uso da Meditação, se ele ainda não tiver completado a cota básica de desenvolvimento na esfera
do mundo psíquico-físico. Antes de poder nascer em outras regiões, temos que ter realizado as
lições que este mundo está destinado a proporcionar. Por isso, o aspirante à Meditação não pode
ser um indivíduo comum, insensível, superficial, brutal, o que tornaria impossível toda tentativa
de meditação, mas é necessário que ele seja altamente sensível, mentalmente amadurecido e que
comece a se manifestar em sua capacidade perceptiva, a compreender a Vida como uma
Unidade, caso contrário não teria uma condição pessoal basicamente desenvolvida para iniciar a
Senda de Retorno. Antes de poder chegar à Universidade, é necessário passar pelos outros
estágios e a Natureza não admite saltos. Você poderá realizá-los rapidamente, mas terá que
passar por todos; do contrário, permanecerá estagnado naquilo que é escravizado pelas
modalidades de vida no nível em que se encontra. Não haverá transcendência nesse avançar para
cima e para adiante, que se constitui a dinâmica universal da Vida.
O meditante treinado desenvolve a capacidade de colocar seu Corpo Físico à vontade e
experimentar, primeiro momentaneamente e depois continuamente, seus corpos mais sutis, para
então iniciar o trabalho ou etapa de reconhecimento e aprendizagem nos demais níveis de seu
próprio Ser e do Universo.
18
3
2 karens ou kayin - grupo étnico formado por diversas comunidades nativas do Sudeste Asiático. (N.T.)
4
Pragna (Prajnâ, Pragnya ou Prajna (Sânsc.) Segundo o Glossário Teosófico, Prajnâ é sinônimo de Mahat, a
Mente universal, Consciência. Representa capacidade para a percepção [que existe em sete aspectos diversos,
correspondentes às sete condições da matéria (Doutrina Secreta I, pág. 184)]. Significa ainda: inteligência,
conhecimento, entendimento, discernimento; razão, juízo; sabedoria, conhecimento supremo ou espiritual. (N.T.)
21
princípios estão associados aos sete estados de matéria e aos sete tipos de energia. Estes
princípios estão harmonicamente dispostos entre dois pólos, os quais definem os limites da
consciência humana". (T. Subba Rao, The Theosophist. l887, (Madras), pag. 705 - 706)
*****
10) "O número sete, o mesmo da doutrina da constituição setenária do homem, ocupa um
lugar proeminente em todos os sistemas secretos e desempenha um papel tão importante na
Kabalah ocidental, como no Ocultismo Oriental". (Doutrina Secreta, I, 275).
22
Capítulo IV
FUNDAMENTO DA PERIODICIDADE UNIVERSAL
Este Fundamento nos mostra o procedimento que a Natureza adota para conseguir que
todo o potencial Absoluto do "Vir a Ser” de cada átomo constituinte da Vida Total, torne-se
atual, ou seja, passe do estado latente ao estado potencial. Neste caso, o Ser humano assemelha-
se a uma das infinitas facetas do Diamante, adotado simbolicamente como expressão da
totalidade.
Se cada Ser e cada coisa existentes na Natureza possuem absolutas possibilidades de
"Vir a Ser”, paralelamente também deve haver infinitos e absolutos meios e também, absolutos e
infinitas oportunidades de desenvolvimento.
Apenas com base nesta proposição é possível compreender um dos axiomas mais
formidáveis da Filosofia Esotérica, a saber: que não se pode precisar nem um princípio nem um
fim nos processos de manifestação da natureza, pode-se apenas falar de começo e fim relativos,
para retornar a iniciar um novo ciclo incessante de existência e manifestação. Os períodos de
atividade e de descanso abrangem todas as esferas da manifestação universal.
A este processo inesgotável de auto-expressão da Vida Universal, chamamos de
Evolução. O conhecimento da Lei de Evolução foi reconduzido ao destaque popular por Charles
Darwin; este fato da Evolução Universal constituiu um dos fundamentos conhecidos da mais
remota antigüidade e apenas temporariamente esteve perdido pela cultura ocidental.
Diz o Livro de Dhyzian: "O vínculo que une o Vigilante Silencioso (A Mônada) e sua
Sombra (O Corpo), retorna mais forte e mais brilhante em cada mudança (Reencarnação)”.
Citamos este fragmento por ser um dos mais significativos dentro da Filosofia Esotérica da
Meditação, pois esta – a ciência da Meditação – é a ciência por excelência para intensificar
científica e deliberadamente o vínculo interno entre o puramente Espiritual e o puramente
material do Ser Humano, segundo a significativa afirmativa da Doutrina Secreta – entre o
Vigilante Silencioso e sua Sombra – ou em palavras mais simples, entre o Espírito e a Matéria
no homem, inter-relacionados primeiro pela inteligência e, a seguir, pelo despertar
autoconsciente da própria Natureza Espiritual em plena consciência de vigília.
Toda a vida Espiritual, Psíquica e Material, seja do homem, do átomo, de um Sol ou de
um Planeta, acha-se regulada pela Lei de Periodicidade Universal, da qual depende a Lei dos
Ciclos. Ciclos dentro de Ciclos é uma das características condicionantes de todo processo de
manifestação, seja em pequena ou em grande escala. Toda a vida, conhecida ou desconhecida,
se acha condicionada em sua expressão pelo Princípio de Periodicidade Universal e cada vida e
cada circunstância acham seu momento para florescer e amadurecer, para nascer e para morrer.
Na esfera específica do Ser Humano, chamamos este processo de reencarnação. A
Reencarnação não constitui uma opção, mas um elemento condicionante da Natureza, e cada
encarnação se encontra regulada em sua qualidade, tanto pela Lei de Evolução como pela Lei do
Carma, do Mérito ou da Casualidade Universal. Como Reencarnação e Carma serão mais bem
considerados em outro capítulo, não os abordaremos em maiores detalhes aqui. Numa mútua e
harmônica complementação, Evolução e Carma vão conduzindo os Seres humanos, como
também as Nações, Mundos e Sistemas Solares, para o patamar imediato superior de suas
infinitas possibilidades. Mediante o Carma ou Casualidade – entendendo-se consciente ou
inconscientemente o conceito correto dessas palavras – pode-se acelerar ou diminuir o impulso
coletivo da Evolução que determina todos os acontecimentos "para um patamar mais elevado e
para frente", em prol de seu destino ilimitado de "Vir a ser".
O papel da Meditação intervém na etapa em que o indivíduo pode tomar o
23
liberado seu inconsciente sem ter obtido antes a compreensão e a segurança para controlá-lo, o
indivíduo pode se perder em um dos vários complexos da loucura que arrastaram a muitos
praticantes incautos à completa inutilidade física e mental, quando estimulados por "falsos
instrutores", além de outras vítimas de sua própria impaciência e curiosidade.
Deve-se saber antecipadamente que o maior inimigo neste campo é o próprio "eu'', as mil
e uma cabeças com que se reveste nossa ambição pessoal, nossa ânsia de auto-importância
pessoal, nossa busca do prazer, etc. A Sabedoria, já alertou reiteradamente que: "Os inimigos do
Homem serão os de sua casa"; são seus próprios conteúdos psicológicos, seus mil e um desejos,
sua vaidade, suas superstições, seus complexos de dependência, tanto internos como externos, o
julgar-se um pouco diferente e mais importante que os "outros"; a tudo isso se deve temer e estar
alerta para que, quando surgirem, possam ser sábia e resolutamente neutralizados em sua ação
efetiva. Crescer nesta área é crescer em perspectiva, atenção e conhecimento dos mecanismos
adequados do ser e do agir. Como diz contundentemente H.P.B. ''Neste campo, um descuido de
cinco minutos pode levar a perder o trabalho de cinco anos" – de observância –. O estado de
constante alerta deve crescer até abranger o mínimo movimento, tanto psíquico quanto físico.
Observemos que, tal como a maré, a atividade do "eu'', tem seus "altos" e "baixos".
Aprendamos que podemos trabalhar com o Princípio de Periodicidade de uma maneira
inteligente; ao menor movimento, alertemo-nos sobre qualquer tipo de intervenção de parte do
"eu", e empreguemos a Plena Atenção para não sermos atraídos por esse movimento, e
passemos a nos constituir no Observador e supervisor do tipo das atividades que podem ser
liberadas dinamicamente e quais delas devem ir morrendo no momento em que aparecem, sem
alimentá-las com complacência nem com resistência, mas apenas permitindo-lhe morrer.
O descobrimento de todos os ciclos internos, a própria ênfase, permite ao estudante
poder lidar com a maré da natureza e se converter em um colaborador Dela, e dispor para Ela o
Serviço de seu trabalho de autoconhecimento, purificação e transcendência. Aprenderemos um
dos maiores Segredos da Meditação: a favor da natureza tudo, contra a natureza nada. O
aumento da sensibilidade interior permitirá ao praticante intensificar sua capacidade de respeito
e reverência para com toda modalidade de vida. Ele vai se reconhecendo em cada aspecto dela;
vai despertando a íntima relação que o liga com toda modalidade de vida, sente sua pulsação,
suas necessidades e trata de cooperar com cada uma delas. Ele se converte naturalmente em um
amigo de toda a vida, que é sua vida.
*****
2) "O mundo estava submerso na escuridão, imperceptível, desprovido de todo atributo
distintivo, sem poder ser descoberto pelo raciocínio e nem ser revelado; parecia entregue
inteiramente ao sono.
"Por ocasião do fim da dissolução (Pralaya), então o Senhor Existente por Si Mesmo,
fazendo o mundo perceptível com cinco elementos e os outros princípios – resplandecentes do
mais puro brilho – apareceu e dissipou a escuridão, ou seja, desenvolveu a Natureza” (Prakriti).
"Quando este Deus se encontra desperto o universo cumpre suas ações; quando dorme,
oculta seu espírito em um profundo repouso, o mundo então se dissolve”.
"Assim, através de um despertar e de um repouso alternativo, o Ser Imutável faz reviver
ou morrer eternamente todo este conjunto de criaturas móveis e imóveis". (Manava - Dharma-
Shastra, I, 5-6, 52-57).
*****
3) "Uma geração vai e uma geração vem; mas a terra sempre permanece (1-4), "Todos os
rios correm para o mar e, contudo, o mar nunca se enche; do lugar de onde os rios vieram, para
ali voltam para correr de novo (1-7).
"O que foi, será, o que se fez, se tornará a fazer; nada há de novo debaixo do sol" (l-9).
"Mesmo que alguém afirmasse algo: Olha, isto é novo!” Eis que já sucedeu em outros
tempos que nos precederam (1-10)
"Tudo tem seu tempo, e tudo debaixo do céu tem sua hora.” (3-1).
"Tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de plantar e tempo de colher o que se
plantou. Tempo de matar e tempo de curar: tempo de destruir e tempo de edificar. Tempo de
abraçar e tempo de abster-se de abraçar. Tempo de calar e tempo de falar. Tempo de guerra e
tempo de paz”.
"Aquilo que já foi, é; e o que tem que ser, já foi”.
“E Deus restaura o que já passou." (Eclesiastes l a 3-l5)
*****
4) "Nosso Universo", não passa de uma unidade em um número infinito de Universos,
todos eles "Filhos da Necessidade", elos da Grande Cadeia Cósmica de Universos, sendo cada
um deles uma relação de efeito com o que o precedeu, e de causa com o que lhe sucede.
(Doutrina Secreta l, 106)
*****
5) "A Doutrina Esotérica ensina, tal como o budismo e o bramanismo, e também a
Kabala, que a Essência Una, infinita, e desconhecida, existe em toda eternidade e que é ora
passiva, ora ativa em sucessões alternadas regulares e harmônicas. Na linguagem poética do
Manu, chamam-se esses estados Dias e Noites de Brahma". (Doutrina Secreta, I, 73).
*****
6) "O movimento é eterno no não-manifestado, e periódico no manifestado", diz um
ensino oculto" (Doutrina Secreta, I, l50-nota 82 ver também pág. 72/72).
*****
7) A Lei que rege o nascimento, o crescimento e a morte de tudo que há no Kosmos,
26
desde o Sol até o vagalume que voa sobre a relva, é una". (Doutrina Secreta, I, l89)
*****
8) "A Natureza entra em declínio e desaparece do plano objetivo, tão-somente para de
novo surgir do plano subjetivo, após um período de repouso e subir ainda mais alto. Nosso
Kosmos e nossa Natureza não se esgotarão senão para reaparecer num plano mais perfeito,
depois de cada Pralaya (Doutrina Secreta, I, pág. 193)
*****
9) "As Cadeias Planetárias têm seus Dias e suas Noites, isto é, períodos de atividade ou
de vida, e de inércia ou morte”. (Doutrina Secreta, I, l99).
*****
10) "O Eterno Pai (O Espaço) envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia
adormecido uma vez mais, durante Sete Eternidades". (D.S. I, 94).
27
Capítulo V
FUNDAMENTO DA REENCARNAÇÃO
Este Fundamento é subsidiário e complementar do anterior, e abrange a todos os
aspectos da Natureza Física e Metafísica. O fundamento da Reencarnação é específico ao reino
humano, daí lhe dedicarmos uma atenção especial.
A Lei de Reencarnação abre-nos as portas do mistério da Vida Humana e junto com a
Constituição Setenária Universal e com o Carma – nosso próximo fundamento – abre-nos um
extraordinário e racional panorama, que pessoa alguma pode supor, antes de se introduzir no
Campo da Psicologia Esotérica.
A Reencarnação é a Lei da Constante oportunidade, ou das oportunidades renovadas. É
parte do Movimento da constante impermanencia que rege todo o Kosmos. Faz parte da própria
Natureza da Matéria, o nascer, evoluir, envelhecer e posteriormente morrer. Esta é também uma
constante universal. Tanto a Lei de Periodicidade na Escala Kósmica, como a Lei da
Reencarnação na escala Humana, nos proporcionam a oportunidade de trocar a roupagem do
corpo; deixar o veículo velho e cristalizado, para tomar outro novo, vitalizado e correspondente
às possibilidades da Evolução, tanto para o próprio instrumento físico ou psíquico, como para o
Habitante interior, o Homem Real.
A Reencarnação não implica – como às vezes é divulgado exotericamente – na
possibilidade de encarnar em formas diferentes da humana – seja como animal, ou como vegetal
̶ mas no retorno para um novo corpo humano de uma qualidade nem melhor, nem pior, daquele
que se deixou na vida anterior, da mesma forma como não amanhecemos nem piores nem
melhores do que deitamos na noite anterior. O fato da morte não pode afetar a qualidade de
ninguém nem de nada. Voltamos com nossas deficiências e também com nossas habilidades,
para reiniciar o trabalho sobre nós mesmos, na mesma posição e qualidade que deixamos, tal
como ocorre quando retornamos dia após dia à Escola ou à Universidade. Observe-se aqui que
não é só uma questão apenas do assistir as aulas da vida, mas também do que realizamos e da
maneira como nos dirigimos na vida diária.
Hipoteticamente, a Reencarnação implica em uma nova oportunidade, mas devido a
nossa ignorância e também influenciados pela ignorância do meio em que vivemos–
multiplicando nossa ignorância por X –, é possível que retornemos com nossos enganos e, ainda,
reforcemos nossas tendências indesejáveis e, em vez de nos liberar, cada vida pode se tornar
uma oportunidade para uma escravidão maior. Mas isso depende unicamente de nós e não de
uma Deidade exterior, nem de Diabos inventados por uma alucinante teologia. Perante cada um
de nós existem duas possibilidades: ser melhor ou claudicar ante as influências do passado...
Cada Homem deve converter-se em um Deus por si mesmo ou perecer momentaneamente. O
impulso da Evolução é sempre para o bem e não possui outro propósito senão o de proporcionar
novas oportunidades e um campo idôneo de experiências para o desenvolvimento das
potencialidades latentes e Divinas em cada Ser e em cada coisa.
O Essencial é conhecer que existe um Propósito, um Objetivo Condicionante na
Natureza e este objetivo é a Evolução. É o desenvolvimento do melhor em cada coisa e em cada
ser. Quando temporariamente se perde a perspectiva deste objetivo – como ocorreu no Ocidente
durante os últimos l.500 anos – certamente não se pode esperar por um meio ambiente delicado,
apreciado, tolerante e sensível, mas sim, o Ocidente que temos: intolerante, agressivo,
materialista, carente de toda perspectiva Espiritual, e no limiar de uma hecatombe nuclear5, a
5
O presente livro foi publicado durante a chamada “guerra fria”, com a ameaça de uma eclosão nuclear entre as
potências rivais. (N.T.)
28
possibilidades. A Realidade muda, o tempo muda e o lugar muda na medida em que nós
mudamos.
O Espírito desprovido de matéria é uma abstração realmente inexistente e onde quer que
exista uma modalidade de manifestação, encontramos presente a Lei da Reencarnação, operando
em uma ou outra escala, conhecida ou desconhecida para nós no momento atual.
Capítulo VI
FUNDAMENTO DE CAUSALIDADE OU CARMA
A Lei de Casualidade Universal ou Carma, também conhecida como Lei do Equilíbrio
Universal, constitui nosso sexto fundamento, indispensável em nossa compreensão, das bases
Esotéricas da Meditação.
O mundo que nós conhecemos é meramente o mundo dos efeitos, cujas Causas se acham
submersas nos níveis mais abstratos de nosso Universo. O Mundo dos Númenos, tanto na
Natureza como também no homem, são as conquistas do futuro. Todo o Campo da Meditação,
experimentalmente falando, consiste na aventura para acessar conscientemente por si mesmo o
Mundo das Causas e dos Númenos. Hoje conhecemos o mundo exterior, amanhã conheceremos
o interior, quando então conseguiremos tornar efetivos os Poderes da Vida Interior. Estes, nos
permitirão explorar outros níveis subjetivos sem que o corpo físico seja um estorvo para isso,
uma vez que podemos deixá-lo à vontade toda vez que desejarmos, seja para trabalhar, seja para
pesquisar além dos sentidos comuns.
O Coração deste Fundamento reconcilia-nos com o sentido da Justiça Divina; não de
uma maneira dependente e vingativa, mas como uma Justiça verdadeiramente imparcial que não
faz exceções nem de homens, nem de deuses, nem de impérios. É a lei, perante a qual todos são
iguais de uma maneira essencial e insubornável.
A Lei de Casualidade ou do Carma é complementar à Lei de Reencarnação e também à
Lei de Evolução.
A Lei de Evolução é eminentemente coletiva em seus efeitos e processos, e a Lei do
Carma é seletiva, condicionante por nível, consciência e mérito.
O Carma proporciona aos Universos, aos Mundos, aos Deuses e aos Homens o lugar e as
condições que merecem, nem mais nem menos. Estas condições são as que em cada grau de
vida se vai ganhando à medida que se realiza a experiência da própria e particular manifestação.
Existem modalidades de Carmas Coletivos e outras estritamente individuais.
Ensinou-se que: "Deus não pode ser enganado, que cada um colhe o que semeia", pois
cada ser é o Arquiteto de seu próprio destino. O grande complexo de temor coletivo e específico
que tanta dor e angústia vêm causando é o da Humanidade ter perdido a confiança nos
ensinamentos fundamentais, que apenas poderá ser desfeito pela compreensão da perspectiva
Esotérica da Vida. Somente a Filosofia Esotérica, pode devolver a confiança popular sobre estes
ensinamentos, ao complementá-lo com as indicações que se referem às vidas sucessivas. Carma
sem Reencarnação e Reencarnação sem Carma, apresenta-nos uma Realidade mutilada em seus
aspectos mais essenciais. Faz da vida um beco sem saída, uma brincadeira com os sentimentos
mais caros e íntimos do coração e inteligência humana. Torna o homem um indolente
psicológico, um ser dependente de favores divinos, de uma deidade vingativa e caprichosa,
demasiado antropomórfica – permita-me essa expressão – para ser correto. Entre uma teologia
irracional, fantasiosa e especulativa, a Teosofia abre passagem com a espada do verdadeiro
conhecimento, com a Luz que dissipa com a sua simples presença as trevas do obscurantismo
religioso de nosso tempo, devolvendo a confiança, ao ser Humano na Natureza e na Vida.
A Filosofia Esotérica é irreconciliável com uma interpretação da vida dependente de
favores divinos; coloca o homem sobre seus próprios pés, fixa-o na base indisputável de sua
própria responsabilidade e lhe devolve essa íntima confiança em seu próprio Ser Divino, seu
único Juiz, ato após ato, vida após vida.
A formação de um Meditante exige uma individualidade altamente poderosa, penetrante,
madura e ao mesmo tempo altamente responsável frente a si mesma e à vida. Na vida social e
32
corrente o mais forte explora ao mais débil, o inteligente se aproveita do mais ignorante. Já no
campo da vida espiritual, todo este processo pervertido se inverte: O mais forte se converte em
um protetor do mais fraco e o mais inteligente se torna orientador dos mais ignorantes.
Quando a dor importuna nossas vidas, compreendemos que nós mesmos, em algum
momento de nosso passado a colocamos em ação e sabemos também que apenas nós podemos
transformá-la em uma força benéfica. Aprende-se a desenvolver essa valiosa qualidade de saber
suportar as injustiças pessoais. Quando se está desconforme com a realidade que nos rodeia,
trabalha-se – não dizemos combate-se – trabalha-se para melhorá-la. Não necessitamos nenhum
"bode expiatório", nenhuma salvação vicária para justificar nossas deficiências pessoais e
nossos enganos, os assumimos e os corrigimos, potencializando nossa capacidade de
compreensão e nosso grau de atenção, para que não possam ir se reproduzindo mecanicamente
esses nossos erros e danos. Conhecendo o mal, poderemos extingui-lo de nós. Quando sofremos
uma experiência que nos fere, temos uma oportunidade excelente de corrigir coisas e ampliar o
balanço de nosso conhecimento pessoal.
O estudante de Teosofia perde todo direito à autojustificação, ao auto-engano, à auto
compaixão, à projeção de sua responsabilidade pessoal sobre os outros. Sabe que tudo depende
de si próprio e que tudo que pode aspirar, deve conquistar e realizar com base em sua própria
iniciativa e mérito.
O Carma é acumulativo em seus efeitos; é por isso que sabemos que nenhum esforço
jamais se perde por mais insignificante que ele seja. Tudo o que fizermos agora se converte em
uma força que nos habilita, ou em uma função positiva na nossa próxima oportunidade ou na
nossa próxima limitação.
Como o propósito da Meditação basicamente consiste em se ganhar mais liberdade de
ação, deprende-se daí a necessidade de uma vida vivida no mais alto nível de seletividade para
não seguir onerando nosso futuro indefinidamente. Como também para eliminar os efeitos
decorrentes do passado, e assim poder libertar-nos por completo deles. É ensinado que: "O
Carma futuro pode e deve ser evitado", mas para isso, é preciso acrescentar o próprio
autoconhecimento e a Plena Atenção cada vez com mais intensidade.
O Carma é a ferramenta mais extraordinária que o praticante da meditação possui, e
quanto mais o valoriza, respeita e utiliza sabiamente em sua própria vida, mais curto se torna o
caminho e menos dramáticas as suas vidas futuras.
A liberdade e a Sabedoria, assim como o poder, são conquistas do interior, não podem
ser proporcionados por nenhuma entidade externa, por mais divina que esta seja.
Liberdade, Sabedoria, Amor, Poder, Beleza, tudo se encontra em estado latente em cada
Ser Divino, tem-se apenas que trabalhar, desenvolver os instrumentos, purificá-los e sensibilizá-
los de tal maneira, que se estabeleça em cada um o terreno adequado para sua manifestação
pratica e atuante na vida diária.
Tudo isto exige uma séria valorização, compreensão, e dar início à tarefa de
desconectarmo-nos de tudo que impeça ou dificulte que isso ocorra. A vida do Meditante é uma
vida de contínua ação regeneradora.
Comece hoje o seu trabalho.
*****
2) Ensina também a Doutrina Secreta:
A peregrinação é obrigatória para todas as almas, centelhas da Alma Suprema, através do
Ciclo de Encarnação ou de Necessidade, conforme a lei cíclica e kármica durante todo esse
período. Em outras palavras, nenhum Buddhi puramente espiritual (Alma Divina) pode ter uma
existência consciente independente, antes que a Centelha, emanada da Essência pura do Sexto
Princípio Universal – ou seja, a Alma Suprema – haja passado por todas as formas elementais
pertencentes ao mundo fenomenal do Manvântara, e adquirido a individualidade, primeiro por
impulso natural e depois pelos esforços próprios conscientemente dirigidos e regulados por seu
Carma, escalando assim todos os graus de inteligência, desde Manas Inferior até Manas
Superior, desde o mineral e a planta ao Arcanjo mais sublime (Dhyâni-Buddha) (Doutrina
Secreta, I, 84).
*****
3) "Cada homem é seu próprio e absoluto legislador, produzindo para si glória ou trevas;
é o decretador de sua própria vida, da sua recompensa e da sua punição". (O Idílio do Lótus
Branco, Mabel Collins, Cap.VIII, pág. 111).
*****
4) "É difícil discernir a natureza do Carma... É preciso compreender a natureza da reta
ação, como também a da ação injusta e da inação". (Bhagavad Gita, IV - l7).
*****
5) “Teu Carma está intrinsecamente entrelaçado com o grande Carma" (Luz no Caminho, 1, 5,
pág. 16, Ed. Pensamento).
*****
6) "O Espírito do homem é o sustento da sua alma:
Como poderias receber ajuda do exterior?
Nós mesmos cometemos o mal,
e sofremos as conseqüências:
nós deixamos de nos realizar,
e é assim que nos purificamos.
O puro ou impuro procede apenas de nós mesmos;
ninguém pode purificar a outrem.
Levanta-te apoiado em ti próprio, teu Espírito;
corrige-te perante o teu Eu, e desta forma,
sob a Sua proteção e em constante vigilância,
viverás em perfeita felicidade! (Dhammapada).
*****
7) "Cada homem é absolutamente para si mesmo o caminho, a Verdade e a Vida" (Luz
no Caminho, I-20, pág. 21 Ed. Pensamento).
*****
8) "A todo homem foi concedido o livre-arbítrio: se quiser seguir a senda do bem e ser
um homem reto, depende dele; se, pelo contrário, quiser trilhar o caminho do mal e ser um
vigarista, dele também depende. Este é o significado do versículo da Tora: "eis que o homem já
é como um de nós versado no bem e no mal". Gênese 3,22. Em outras palavras: eis que o gênero
34
humano é o único no universo e ninguém é comparável a ele quanto à sua autonomia, ainda que,
por sua própria faculdade de discernir entre o bem e o mal, inclina-se por um ou pelo outro, de
acordo com seus desejos.
"Que não te influencie a teoria que sustentam os estúpidos gentis e muitos desviados
israelitas de que o Espírito Divino, bendito seja, determina para cada homem desde seu
nascimento se ele será justo ou perfeito.” Nada disso. Na realidade, cada homem pode ter a
possibilidade de ser grande como Moisés, nosso Mestre, ou mau como Jeroboam; de ser um
sábio ou um ignorante, um coração terno ou uma alma cruel, um avaro ou um generoso e assim
em todas as outras qualidades e defeitos...
"Sabe que embora tudo emane da vontade de Deus, o homem tem livre-arbítrio e sob seu
domínio acham-se todos seus atos. Deus não obriga o homem nem o conduz contra sua vontade:
é o homem mesmo quem, por sua iniciativa e como conseqüência da decisão que toma, graças
ao entendimento que recebeu de Deus, e que leva a cabo as ações de que ele seja capaz. É por
isso que se julga o homem por seus atos. Se age bem, lhe recompensa; se age mal, lhe castiga".
(Maimônides, Livro do Conhecimento, V. l-4).
*****
9) "Não vos iludais: de Deus não se zomba: pois tudo o que o homem semear, isso
colherá". (Gálatas 6:7).
*****
10) A Doutrina Fundamental da Filosofia Esotérica não admite no homem a outorga de
privilégios nem de dons especiais, salvo aqueles que forem conquistados pelo próprio Ego, com
seu esforço e mérito pessoal, ao longo de uma série de metempsicoses e reencarnações".
(Doutrina Secreta, l, 84).
35
Capitulo VII
A GRANDE FRATERNIDADE BRANCA
O sétimo Fundamento Esotérico da Meditação é a existência da Grande Fraternidade
Branca, conhecida também como a Hierarquia Oculta de nosso planeta.
Esta instituição é a mais antiga de nossa Terra; ela exerce a orientação de todos os
processos evolutivos do planeta seja a nível Espiritual, mental ou físico. É a Igreja invisível da
Cristandade, a Corporação dos Homens Perfeitos e, também, a Verdadeira Sangha do Budismo.
Entre as suas muitas tarefas, a Grande Fraternidade Branca administra o Ensinamento
Oculto e as normas e preceitos da Senda Espiritual em seus diversos níveis. Século após século e
idade após idade, ela participa ao mundo o grau e o tipo de conhecimento necessário para
promover o nível e tipo de civilização, que se torna possível em cada época.
Em alguns momentos especiais da História surgem líderes e diretores externos através
das diversas nações representativas das tentativas mais destacadas do Plano de Evolução. Isto
acontece nas áreas de orientação governamental, religiosa, científica, artística, etc. Os picos
maiores da história das grandes civilizações ocorrem quando alguns de Seus representantes se
encontram presentes, trabalhando nelas.
As tarefas mais importantes e mais amplas realizadas pela Grande Fraternidade Branca
têm lugar nos níveis mais subjetivos – para nós – da Natureza. Ela trabalha em perfeita
concordância com a grande Lei Kármica e a Lei dos Ciclos – dentre as mais conhecidas –
impulsionando a vida total de nosso planeta para um grau de perfeição mais elevado, à medida
que a Humanidade torna isso possível. Como regra fundamental de atuação, a Fraternidade não
utiliza meios impositivos e trabalha com os indivíduos que desejam cooperar com Ela, em seus
complexos e variados trabalhos em favor de toda a Humanidade. Nos diversos graus de suas
fileiras vão passando os indivíduos que através de suas vidas demonstraram ter um vivo
interesse para o serviço da Humanidade e se encontram dispostos a trabalhar na promoção dos
Planos dos Regentes da Raça em algum de seus diversos ramos do Serviço Mundial.
Toda a literatura sobre a "Senda" faz referência ao Trabalho da Grande Fraternidade,
especialmente no que se refere ao setor do Despertar Espiritual, seja com relação aos aspirantes,
como também com os que se encontram em diversos graus de compromisso com o Trabalho
Interior. Todo o trabalho genuíno do despertar espiritual está sob a supervisão da Fraternidade.
As atividades das Igrejas exotéricas, assim como os monastérios das diversas correntes
religiosas de todo o mundo, são apenas uma sombra do verdadeiro trabalho que se realiza na
esfera de ação planetária através dos Sete Ashrams principais da Grande Fraternidade e seus
ramais subsidiários.
Este aspecto Oculto da Grande Fraternidade Branca está definidamente relacionado com
o tema essencial da Meditação. Usualmente, compreende-se por Meditação o fato de alguém
"sentar-se" e começar a dar atenção para seu interior, a refletir sobre algum tema específico de
valor espiritual. O interesse que dedica o estudante em obter um pleno conhecimento de seus
diversos e complexos mecanismos psicológicos e seu saldo ocorre como resultado desse
trabalho. Isto é apenas uma parte do trabalho: a parte pessoal, do processo completo da
Meditação. O essencial, é que, se o indivíduo não possui a suficiente sensibilidade e mérito para
receber a atenção Oculta de um discípulo mais avançado do que ele, ou não chegou a ocasião,
ou não alcançou o nível pessoal requerido para receber a atenção direta de um Mestre de
Sabedoria, tudo o que deste lado do véu pode fazer esse indivíduo resulta superficial e de
pequeno valor para promover seu verdadeiro avanço e progresso Oculto. Geralmente, a falta de
uma verdadeira assistência Esotérica faz o indivíduo tornar-se prejudicial ao seu estado de
equilíbrio atual por incorrer em práticas inconvenientes à formação de uma estrutura oculta
36
adequada para o aspirante. A grande maioria deles incorre nestes desequilíbrios devido à pressa
ou à ambição interior e terminam inutilizando-se pelo resto da encarnação,
É necessário alertar o aspirante, algumas vezes que, a menos que ele tenha adquirido o
Direito Divino à Assistência Oculta, todas as práticas externas resultam superficiais, e que ele
permanecerá em um "status quo" quanto a seu desenvolvimento interior. É por esta razão que
fracassam os esforços de milhares e milhares de indivíduos, século após século, neste sentido.
Na grande maioria das vezes, o Indivíduo encontra-se afetado por uma intensa ambição
espiritual. Ele deseja ser diferente dos outros, mais importante do que os outros e obter
proeminência em seu próprio meio. Passa a invejar alguém que obteve coisas que outros ainda
não conseguiram obter; acha-se constantemente centrado em si mesmo, no próprio progresso, na
própria salvação, em sua auto-importância e a outros fatos semelhantes, que desqualificam-no, a
priori, para todo verdadeiro trabalho Ocultista.
É sempre algum agente da Grande Fraternidade que realiza os "ajustes" no corpo
instrumental de cada praticante, potencializando, conforme o caso, as diversas modalidades de
Energia requeridas, os mecanismos de relação entre a Consciência e seus veículos, e impondo
um novo ritmo de atividade aos sistemas de comunicação ou a órgãos sutis que em geral na
atualidade encontram-se em baixa – ou em nenhuma – atividade, conforme pode ser constatado
pelos resultados.
Esta Assistência Oculta é regulada por Leis Especiais, que dependem do grau e do
mérito de cada indivíduo e de sua folha de Serviço em benefício da Raça e da Vida em geral, no
passado e também no presente, além do seu estado atual de pureza magnética. Enquanto não são
preenchidos os requisitos básicos destes dois elementos, o indivíduo não tem acesso à
Assistência Oculta, faça o que fizer e seja quem for. Nestas questões não há exceções: ou se está
em condições ou não se está.
Na primeira etapa de realização Espiritual o aspirante tem que realizar por si mesmo o
arrasamento e a limpeza de seu próprio terreno, revolver a terra, deixá-la em condições de "ser
semeada" para que, quando soar a hora, o trabalho "no outro lado do véu" possa ser começado
sem perda de tempo e de energia. Que indicadores podem sinalizar que o indivíduo já está
preparado para este trabalho? Um intenso desejo de compreensão dos mistérios da vida que não
podem ser explicados nem através de algum ensinamento acadêmico conhecido nem pelo
ensinamento de alguma corrente religiosa. Só quando o indivíduo esgotou os métodos usuais de
informação, o que o leva para alguma fonte de informação relacionada com os fatos do
Ocultismo, a fim de averiguar se já existe reconhecimento ou não da validade de seus
ensinamentos. Outro elemento condicionante é o valor hipotético que o aspirante possa ter em
relação ao Serviço Mundial; se já possui alguma qualidade que possa contribuir para o Benefício
Geral; se não busca o proveito próprio, a própria conveniência; se ainda encontra-se correndo
atrás da fama; se não precisa ser importante ou exercer poder sobre os outros; se percebe e sente
em si mesmo as injustiças sociais, a exploração do homem pelo homem, seja pelo dinheiro, pela
política ou por motivos religiosos; se sente como seus os horrores da ignorância do mundo e está
disposto a realizar algo para minorar esta desagradável situação; se já descobriu que os sistemas
atuais de política e religião constituem verdadeiros becos sem saída... e que tem que haver
"algo" que o ensine a compreender a verdadeira realidade da situação existente; estes são alguns
sinais que indicam se o indivíduo está chegando ao ponto crítico da descoberta do Fato
fundamental da Filosofia Esotérica.
Cada coisa e cada ser humano é por excelência uma entidade atômica, radiante em
proporção ao seu estado evolutivo. Antes de um indivíduo chegar a merecer a atenção de um
Discípulo ou de um Mestre Espiritual, um genuíno Sat Guru, é necessário que ele alcance uma
intensidade de vibração e de radiação pelas quais sua presença possa ser notada no Mundo
37
Oculto. Quando isso ocorre, ele não passa despercebido pelos Gerentes da Evolução, os quais
estão sempre em busca de auxiliares para Seu trabalho. Então, o indivíduo é levado a uma
relação mais estreita com Eles.
A relação Guru-Chela, Mestre e Discípulo, não é condicionada pelo fator meramente
físico, nem pelo espaço, nem pelo tempo e, esteja onde estiver e seja quem for, a pessoa irá
receber a atenção individualizada que merece e necessita para seguir avançando em sua própria
e particular linha de desenvolvimento.
Como já foi dito, a Grande Fraternidade Branca se encontra organizada com base em
Sete Grandes Departamentos de Trabalho – relacionados com as Sete Modalidades
Fundamentais da Vida Divina, ou Raios –. Cada pessoa está substancialmente relacionada com
algum destes sete Grandes Departamentos. Na medida em que progride na Vida Interior, ela vai
acessando os diferentes graus de relação e iniciação na própria organização Oculta do Ashram a
que pertence.
O estudante poderá ver que o cenário da vida de um Meditante é mil vezes mais
transcendente do que a vida de sua efêmera personalidade e, desconhecendo estes fatos
verdadeiramente fundamentais, dificilmente poderia se oferecer inteligentemente a começar o
trabalho que é necessário realizar em cada etapa.
Enquanto o estudante estiver desligado do Sistema Esotérico, não deixará de ser vítima
dos pseudo-ensinamentos existente sobre Meditação e não poderá distinguir entre os muitos
institutos que vendem ensinamentos e iniciações; os gurus, que oferecem seus serviços com
vantajosas prestações mensais; as metodologias aceleradas e "instantâneas" que oferecem o
Satori6 e o Samadhi sem o esforço dos ensinamentos que conduzem ao único caminho, ao preço
único do esforço próprio, de sua capacidade de Serviço e de sua lealdade para a busca, vivência
e participação da Verdade.
A Grande Fraternidade Branca está esperando que cada um desperte interiormente e
assuma suas responsabilidades para com a Raça Humana e com toda a vida que o rodeia, para
com seu próprio destino espiritual; seu compromisso com a Vida e com a Verdade; com o
Coração da Natureza que é Amor ativo. Quando a Alma dá o primeiro passo para a grande
Fraternidade Branca, certamente já estará se dirigindo para ela um de seus Agentes para
introduzi-la definidamente na Senda.
6
Satori - literalmente significa “compreensão”; termo usado em budismo com o significado de
“iluminação”.
38
Capítulo VIII
A SENDA: O ÚNICO CAMINHO
O propósito Maior do Meditante, não pode ser outro que o de "entrar na Senda". Esta
afirmação poderia parecer aparentemente dogmática, entretanto, a menos que o aspirante dirija
seus passos para "a Senda”, não teria outra opção para progredir em sua vida interior. Isto é um
fato, e não um parecer meramente especulativo, literário, mas se apóia na experiência milenar no
campo do desenvolvimento Interior.
Qualquer outra direção que o Meditante possa tomar converterá sua meditação em
apenas um exercício físico ou intelectual, que de nenhuma maneira poderá lhe proporcionar o
processo de avanço que todo meio genuíno de meditação deveria proporcionar. Se houver falha
de orientação, ou seja, desse objetivo da experimentação, tudo o que se fizer perverte a
experimentação ou vai se tornar um elemento meramente mecanicista, um mero exercício
psicofísico.
Em todos os sistemas religiosos se fala, velada ou abertamente, a respeito da Meta da
Vida Espiritual. Na Filosofia Hindu, a Meta é Moksha e, também, se faz referência
reiteradamente ao estado de libertação em vida, o Jivanmukti; no Egito, a Meta era o estado da
própria osirificação, em que Osíris representava o aspecto puramente espiritual de cada Ser
humano. No Budismo, a Meta é o nirvana, a extinção do "eu", o sentido de separatividade; o
Nirvana é a apoteose da agudeza da atenção, do Perfeito Iluminado ou Desperto, como foi
chamado Buda. No antigo Cristianismo se falava do processo da própria divinização do Cristo
em Nós, a esperança da Glória. Neste caso, representando a idéia do Cristo, o mesmo do que o
Princípio Espiritual de cada Ser, igual ao Osíris Egípcio.
Esta Meta fundamental, se acha organizada com base em uma série de etapas que
progressivamente conduzem o aspirante ao topo da montanha da Vida; no Cristianismo, acham-
se simbolicamente detalhadas pelo principais feitos da Vida do Jesus, ou seja: O Nascimento, de
origem Virginal, isto é, de um estado de pureza; o Batismo no Rio Jordão, a purificação no Rio
da Vida, o ingresso na corrente que conduz à "outra margem". A Transfiguração, como o
aperfeiçoamento total da personalidade, a promoção da própria natureza psicofísica ao estado
atômico, radiante, um genuíno processo de espiritualização da matéria. A Crucificação, a
transcendência de todo processo de dualidade, objetivo e subjetivo, a independência total de
todo processo material. A Ressurreição, o nascimento irreversível no mundo Espiritual, a
capacidade de atuar como pleno Adepto a cada momento e circunstância requerida pelo Serviço
Mundial, a eliminação de todo temor da morte, tanto física como psíquica, uma vez que já se
obteve o perfeito contato com aquilo que em nós constitui a Natureza da Eternidade. No sistema
Yogui Hindu, este processo se acha instrumentado sobre a aquisição dos Cinco Samadhis
Fundamentais que conduzem gradualmente à Realização Direta. No Sistema Oculto – do qual
todos os outros são subsidiários – o processo de auto-realização encontra-se organizado e
embasado nas Cinco Grandes iniciações que só a Grande Fraternidade Branca pode
proporcionar. Em cada iniciação, o Iniciado vai despertando para um plano de vida mais sutil de
nosso sétuplo universo. Este sistema, esteve completamente oculto até o advento da Sociedade
Teosófica em l875, quando foi decidido – desde o âmago da Grande Fraternidade Branca –
revelar exotericamente alguns aspectos do Sistema Esotérico, até então secreto.
Existe uma Senda probatória, que posteriormente conduz à Verdadeira Senda Oculta, a
Senda do Discipulado. A palavra Discipulado é um dos termos mais relativos deste Sistema
Fundamental: sempre se é um discípulo no verdadeiro sentido da palavra, mesmo quando se
chega à Maestria, pois se converte em um discípulo de um Ser muito mais glorioso, sábio e
poderoso, não tendo limites esta dourada Cadeia de relação Guru-Shyshya. Conforme é
informado em "Yoga Tibetana e Doutrinas Secretas", de Evans Wentz: O nirvana é a soleira de
41
Ciclo de Vidas e Mortes, não possui outro Propósito senão o de ficarmos conscientes de que
somos uma só e única vida; esta Vida Total, se expressa em uma gama infinita de níveis de
manifestação, qualidade, consciência e mérito. O universo significa o Um no Diverso. A
Unidade é um Fato na Natureza, mas a Glória da Humanidade é ter que descobri-lo.
Este descobrimento pode realizar-se com uma marcha comum de desenvolvimento, ao
longo de milhões e milhões de anos: ou então tomar-se a senda acelerada e abreviar o tempo que
conduz à Realização do descobrimento da unidade. A Senda Acelerada é uma opção, e não uma
obrigação, por isso cada um é livre para escolher, mas nesta liberdade podemos escolher em
permanecer na dor e na ignorância ao longo de séculos, ou penetrar na Senda da luz, como foi
chamada, e avançar de Luz em Luz; de liberdade em liberdade, de Poder em Poder;
compartilhando as responsabilidades dos Diretores da Evolução: participando dessa Divina
tarefa de: "Suportar o pesado Carma do mundo”, e convivendo na companhia de Seres
realmente Espirituais, livres de todas as dificuldades que se impõe na ausência do Despertar.
Avançando ombro a ombro com outros condiscípulos, que se encontram realizando nosso
próprio intento, apoiando-nos serviçal e mutuamente; fazendo que a Senda seja na Verdade a
Aventura Maior de nossa existência; a tentativa mais nobre; o heroísmo mais justificado; o
Único Gaminho que nossos pés podem galgar, a partir do momento em que sabemos algo de sua
existência, não importando até onde podemos chegar a cada vida, mas tentando nos manter
dentro de seus limites, ganhando ou perdendo, mas permanecendo firmes até o final.
mais é possível a não ser entregar-se plenamente e sem reservas ao Ideal de Serviço, devoção ou
renúncia". (C .Jinarajadasa, Fundamentos da Teosófia).
*****
5) "Uma vez que se compreende que a evolução para a perfeição é o propósito da
existência do homem, o ser humano inteligente coopera". (G. Hodson: O Despertar da Alma,
pag. l8).
*****
6) "Aquele que conhece os demais possui sabedoria;
mas aquele que conhece a si mesmo possui luz interna.
Aquele que vence aos demais é forte;
mas o que vence a si mesmo é mais forte;
"Aquele que basta a si mesmo é rico;
Aquele que persevera em sua rota é homem de vontade;
mas quem sabe descansar onde se encontra, resiste.
"Aquele que morre sem deixar de ser
alcança a imortalidade". (Lao Tse. Tao Te King).
*****
7) "Com efeito, é necessário que este ser corruptível seja vestido de incorruptibilidade e
que este ser mortal seja vestido de imortalidade. Quando este ser corruptível tiver vestido a
incorruptibilidade e este ser mortal tiver vestido a imortalidade, então se cumprirá a palavra da
escritura:
"A morte foi absorvida na vitória.
Onde está, ó morte, teu aguilhão?
Onde, ó sepulcro, está tua vitória? (I, Coríntios, XV, 53-55).
*****
8) "Do irreal, conduze-me ao Real.
Das trevas, conduze-me à Luz.
Da Morte, conduze-me à Imortalidade". (Upanishad).
*****
9) "Desde que o homem é um ser autoconsciente, ele possui o poder de submeter-se a
um processo de aceleração para o amadurecimento espiritual. Ele pode apressar a realização de
sua meta, através da aplicação deliberada, numa forma intensificada dos princípios que
governam o crescimento normal.” (G. Hodson: Meditações sobre a Vida Oculta, pag. 7).
*****
10) "A Senda está aberta para todos os que desejam saber e progredir mais; mas aquele
que aspira se aproximar dos Mestres terá que ser altruísta tal como eles são; terá que esquecer
sua personalidade e se dedicar inteiramente ao serviço da humanidade, como eles se dedicam".
(C.W. Leadbeater: Os Mestres e a Senda, pág. 51).
45
Capítulo IX
O CAMPO DE AÇÃO DO MEDITANTE
Existe um duplo campo de ação na vida do Meditante. Na realidade os dois são apenas
um, mas em favor do desenvolvimento do presente tema, sujeito a uma perspectiva mental, seu
campo de ação pode sofrer uma momentânea divisão. Isto é, sua vida Interna e sua Vida
Externa. Na medida em que se podem harmonizar os dois âmbitos de existência, é possível
converter-se num efetivo Meditante, na verdadeira perspectiva Espiritual.
As Leis vigentes sobre o desenvolvimento Oculto exigem que o Aspirante consiga estar
no mundo sem ser do mundo. As antigas práticas do isolamento físico apenas ocorrem sob
condições e necessidades excepcionais. O que hoje se persegue em termos experimentais é um
estado de tranqüilidade interior, de tal modo que as diversas e infinitas gamas de impressões
impactantes do mundo exterior não encontrem nenhuma ressonância no caráter nem na ênfase
do Aspirante quanto à sua vida Oculta.
À medida que sua compreensão lhe possibilita, o Aspirante irá se libertando de todos os
materiais que possam ser ativados negativamente a partir do exterior; de todas as cadeias e
dependências externas, de toda necessidade artificial, psíquica e física, que seja contrária à vida
Espiritual e tenda a mantê-lo em seu atual estado de escravidão e inutilidade espiritual. Aquilo
que ele não pode obter completamente hoje servirá como base do trabalho de amanhã. Mas não
trabalhará com expectativas emocionais e projeções e sim, terá o cuidado para não perder o
sentido da realidade para não perder tempo e vitalidade. O Ocultismo não é perfeccionista, mas
exige viver no melhor dos níveis de nossas atuais possibilidades.
É em contato com todas as modalidades variadas de vida que ele deverá seguir
realizando sua Senda e seu Serviço. É com o ardor mental que cada um deverá gravar esta
necessidade da Vida Espiritual: “Não há senda sem serviço, nem serviço sem senda”. À medida
que esta regra da vida espiritual se impregna em seu caráter, a tendência para o isolamento
poderá ser colocada devidamente sob controle. É em contato com o mundo, que o verdadeiro
conhecimento do caráter pode ser exercido ao máximo na sua possível intensidade. Se alguém se
afasta das "tentações", como poderá saber que tendências psíquicas o mantém longe da Vida
Espiritual, da direta percepção da Verdade? O contato com os outros não apenas nos permite
por em prática o que sabemos e podemos na tarefa de atenuar as reais necessidades das pessoas,
mas fornecer-lhes também orientação, ajudando a esvaziar os complexos de dramatismo que
ocorrem por falta de perspectiva espiritual. Ao mesmo tempo, esta relação porá nosso caráter à
prova e nos mostrará onde estão ocultas nossas debilidades. O Meditante deverá estar o mais
alerta possível, para atuar compelido pelas qualidades de vida com suas aspirações encarniçadas;
se pretende ganhar soltura e liberdade, e não viver constantemente de "aspirações" e bons
desejos, os quais, caso não se concretizem em ação, não servem para nada, como também
constituem sérias obstruções psicológicas. É por demais sabido que: "o caminho para o inferno
se encontra pavimentado de boas intenções"; como continuar insistindo neste sentido? A vida
diária de cada aspirante é uma constante possibilidade para ajustar o balanço de nossa
verdadeira natureza. Esta "saltará" à visão alerta do praticante toda vez que for contrariada em
suas modalidades e natureza. Então, se estivermos prevenidos, impediremos que a reação se
dinamize e morra ativamente em termos de possibilidade futura. As tendências, Skandas,
impressões e Samskaras que se conseguem neutralizar quando brotam no horizonte da atividade
psicológica, são eliminadas para sempre. Deve-se ganhar em velocidade para "perceber cada
parte do processo de evocação, pois é necessário deter a impressão antes que chegue a conectar-
se com os centros motores dispostos no Corpo Astral, já que uma vez realizada a conexão,
torna-se impossível estancar a ação; nesse caso, o Corpo Físico é um mero autômato, não possui
vontade própria, e o indivíduo, sem nenhuma alternativa de poder impedir, acaba fazendo aquilo
46
que não quer. Nisto se apóia a necessidade fundamental de ganhar terreno no campo da atenção
interna e externa. Na Atenção se encontra o segredo da própria Renovação ou
Autotransformação; sem atenção o indivíduo permanece estagnado ou se repetindo
interminavelmente em seus próprios equívocos, com todas as seqüelas negativas que este
proceder vai adicionando à incapacidade já existente. É bastante conhecido o processo
mecânico, o qual pouco a pouco vai destruindo o indivíduo, sendo isto realçado pela Tradição
Oriental: "primeiro o homem toma vinho; a seguir o vinho toma vinho e mais tarde o vinho
toma o homem".
Todos os hábitos, fruto da ignorância e da inconsciência, por Lei, devem ser banidos
através da autoconsciência e nisto, sem dúvidas, se fundamenta a necessidade do
desenvolvimento da atenção. Com respeito a este tema particular retornaremos mais
detidamente em futuro trabalho ora em preparação, abordando outros aspectos daquilo que é
sempre necessário fazer na vida de um praticante de Meditação.
Até aqui, assinalamos a necessidade do contato e Serviço exterior, agora analisaremos a
necessidade da dedicação à Vida Interior sem a qual tampouco o aspirante poderá ir muito
longe. Existe no Bhagavad Gita, um capítulo – o décimo terceiro – dedicado especialmente ao
Campo e ao Conhecedor do Campo, o qual faz uma luminosa introdução sobre a Vida Interior.
O meditante que desprovido de conhecimento (pelo menos intelectual) de sua natureza
psicológica se lança na visão interior, assemelha-se a um nadador que por gostar de nadar, ao
ver uma piscina com líquido se joga nela, sem saber se o que contém é água ou alguma
variedade de ácido ou substância química nociva à saúde. A história da experiência interna se
encontra cheia de nomes deste tipo de vítimas. Por razões de segurança e desempenho, é uma
necessidade cientifica só se penetrar no campo interno com um mínimo de conhecimento de
nossa natureza bastante complexa. Antes de poder realizar seu primeiro corte, um bom cirurgião
necessariamente tem que passar por longos anos de estudo de anatomia física. Da mesma forma,
para se poder "operar" meditativamente, é necessário conhecer não só a anatomia física, mas
também ter um conhecimento mais detalhado das diversas modalidades de energia que
constituem a vida e a estrutura dos corpos sutis, caso não se queira ficar inutilizado antes de se
poder apreciar um genuíno resultado.
É imprescindível o conhecimento de cada um dos corpos, sua anatomia, suas leis de
desenvolvimento, sua composição e suas funções. Uma vez que conhecemos o quanto do
exterior pode ser conhecido, a abundante provisão que a Tradição Oculta ou Teosofia já
disponibiliza para ser apreciada e levada em consideração, mais sadiamente poderemos iniciar
nossa experiência de "concentrar nossa Consciência para o interior", frase esta que também
tem sua ciência e sua filosofia.
Um dos Axiomas mais conhecidos pelos estudantes da Ciência da Meditação, é que: "ao
pensamento segue a energia". Eis aqui a arma mais formidável que possui cada praticante: o uso
da mesma o converterá em um mago negro ou em um discípulo dos Mestres de Sabedoria. Esse
verdadeiro veículo de progresso, quando empregado com conhecimento e poder egoísta, se
converte em uma arma mortal, sendo sempre mais atingido o próprio neófito imprudente. Usada
indiscriminadamente, pode produzir desequilíbrio e loucura. Usada por quem a conhece, com
propósitos sadios, produz mérito e libertação.
É bem conhecido nos círculos de estudantes sérios e praticantes de meditação que a
consciência possui um poder que alimenta tudo que observa. O conhecimento deste poder da
consciência é outro dos tesouros operativos do Meditante, igual à função anterior; e também
pode se converter em uma “faca de dois gumes” se for utilizado indiscriminadamente, sem a
necessária instrução esotérica básica. .
Em geral, toda pessoa acredita ser de uma qualidade superior em relação ao que
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realmente é. Entretanto, a meditação vai revelando ao estudante que, com o tempo, ele vai se
conhecendo como realmente ele é, e se seu desequilíbrio em relação à realidade é grande, o
meditante improvisado terá que pagar o preço de sua inexperiência, pois não poderá evitar
tornar-se vítima de seu próprio autoconhecimento... O desequilíbrio entre o que ele é e o que
pensa ser, pode provocar um sério abalo psicológico, que poderá arremessá-lo para fora do
âmbito da experiência meditativa inicial. Esta é uma das várias provas que cada praticante com
verdadeira vocação para a Verdade terá que passar exitosamente. O indivíduo deve estar sempre
disposto a mudar constantemente a idéia da própria identidade, pois o que conheceu de si
mesmo até o presente é a “casca” mais superficial de sua própria natureza e, quase sempre, ele
chega ao campo da experiência meditativa com um forte coeficiente de falsos conceitos e
concepções a respeito de si próprio, fruto da educação religiosa corrente e das diversas
interpretações psicológicas do ser Humano, altamente impregnadas de um forte materialismo. Se
a este quadro adicionarmos a capacidade de autoprojeção das próprias aspirações sobre a
verdadeira realidade e possibilidade em relação ao que cada um é e pode, temos um panorama
suficientemente completo para compreender a delicada situação de cada aspirante neste campo
tão especifico e tão exigente da experiência por meio da meditação. Antes que o Sistema
Esotérico possa produzir algum resultado efetivamente prático, é necessário efetuar-se uma
completa reeducação pessoal e sair dos círculos viciosos pessoais e culturais de cada época.
Um dos segredos das primeiras tentativas no campo da meditação consiste em não se
deixar cair vítima da identificação com tudo aquilo que alguém vai descobrindo durante o
exercício da meditação. Para se obter êxito nesta etapa, é necessária uma profunda compreensão
do que realmente se é constituído, independente dos conteúdos artificiais e transitórios da
própria estrutura psíquica, os quais têm que ser eliminados e/ou reeducados – conforme o caso-.
Nem o positivo nem o negativo, nem o agradável, nem o desagradável de cada um, deve se
constituir em motivo de identificação: a verdadeira Natureza do Ser de cada um não pode sofrer
identificação com nada humano, por mais elevado que possa parecer aos olhos inexperientes dos
principiantes. O princípio operativo apoiado na negatividade pode de fato nos ajudar nesta
etapa; o "nem isso, nem aquilo" tem que estar constantemente no cenário de nossa consciência,
eliminando todo processo de identificação com o irreal. Só assim é possível se avançar no
matagal da ilusão que constitui a psicologia humana de nossos tempos.
Outro inconveniente é a aplicação indiscriminada de qualquer tipo de Meditação, e em
virtude das faculdades e dos poderes acima mencionados, com facilidade pode-se incorrer na
utilização inapropriada para as próprias necessidades, estrutura e possibilidade; ou se pode cair
em uma simplificação superficial do próprio desenvolvimento pessoal, efetuando meditação tipo
bakti, gnana ou mântrica, simplesmente orientado pelo próprio gosto pessoal ou seguindo a linha
de menor esforço. Aqui encontramos outra série de fatores viciados, próprios de uma
informação deficiente sobre o tema. Fazer o que já podemos fazer, não é nenhum mérito nesta
esfera do trabalho. É necessário realizar treinamento nas nossas áreas não trabalhadas, pois
apenas elas podem nos proporcionar progresso. É necessário saber quais são as nossas zonas
frágeis, pois é aí onde se terá que aplicar meditação e atenção, para obter um desenvolvimento
harmônico com a própria Natureza.
Uma interpretação fragmentária das diversas Modalidades e Técnicas de Meditação pode
conduzir a sérios inconvenientes e necessitará de muito tempo e trabalho para reverter a
situação, algumas delas com repercussão nas sucessivas vidas. Para evitar desequilíbrios de
formação, a Filosofia Esotérica adotou em seu sistema prático de auto-realização o sistema da
Raja Yoga ou Yoga Real. Tal Sistema contempla de maneira integral todas as necessidades
psicofísicas do praticante. Esse sistema é bastante rico em disciplinas, técnicas, leis e regras,
tornando improvável que apareçam problemas nas primeiras etapas da experimentação, os quais
não possam ser trabalhados exitosamente com a aplicação científica em alguns casos. A
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codificação efetuada por Patanjali cobre com sobra as necessidades de toda experimentação
meditativa, durante muitos estágios de desenvolvimento interno.
No terreno avançado do Sistema Esotérico, cada um terá a assistência direta de um
genuíno Sat Guru, que lhe indicará o tipo de disciplina pessoal que precisa aplicar para acessar
os níveis mais elevados da auto-realização. Nesse aspecto pouco há para prolongarmo-nos
agora, pois o presente trabalho é especialmente dedicado aos principiantes na senda da
Meditação.
O Ser humano é essencialmente uma Unidade Atômica, um complexo Sistema de
Sistemas, de uma gama infinita de modalidades de forças e energias, que precisa ser
compreendido cientificamente antes de se adotar algum tipo de "prática" em algumas de suas
partes constituintes. Na atualidade, nos encontramos coletivamente fracos quanto ao
conhecimento detalhado de nossas estruturas Ocultas, não por falta de informação, mas sim por
falta de investigadores do conhecimento já disponível.
É freqüente a imprensa mundial, noticiar sobre "acidentes" que tiveram alguns
meditantes improvisados, seja por enfartes de coração, como de cérebro. Quando se interpreta a
expressão de meditação no coração, de uma forma materialista ou literal – como é mencionado
no âmbito religioso corrente – o interprete ingênuo centra sua consciência nesse órgão físico e,
necessariamente, produz uma congestão por excesso de energia e retenção sangüínea. Algo
semelhante tem lugar quando o praticante centra sua atenção na cabeça, provocando uma
elevada tensão e irrigação cerebral, o que termina com uma explosão dos vasos sanguíneos mais
delicados do cérebro. Assim, é cobrada a pressa e a deficiente educação meditativa. Outros
incorrem em práticas espúrias de Pranayama, para acelerar seu acesso aos níveis mais sutis de
existência, o que elimina a proteção proporcionada pela Natureza, e os torna vítimas das mil e
uma variedades de entidades que aguardam com ansiedade por algum desprevenido com
constituição psíquica deficiente, para lhe oferecer uma porta pela qual possa se expressar. Tanto
para a prática de Pranayama, como para o despertar Consciente para os níveis mais sutis da
Natureza, é necessário ser efetuada sob a orientação sábia de outro Ser que nos tenha precedido
neste trabalho, a fim de que ele nos introduza gradual e conscientemente nessa experiência,
oferecendo ainda a proteção de que se necessita nestes casos. Em geral, não recomendamos a
utilização de práticas de Pranayama, se não for sob assistência direta, como também sugerimos
seja evitado qualquer tipo de experimentação com alguma variedade de Tantra Yoga.
Nas primeiras etapas da Vida do Meditante, dá-se ênfase à preparação Ética e Moral,
com o fim de se evitar os aspectos mais desagradáveis da experimentação Esotérica e porque são
itens indispensáveis para o estabelecimento de uma estrutura psíquica através da qual se perceba
a realidade das coisas tal qual são, sem as deformações decorrentes de uma psicologia ainda não
purificada. Efetivamente, a etapa de purificação pessoal, prescrita por todos os sistemas de
cultura espiritual sem exceção, tem uma necessidade e propósito vital: proteger o estudante de
toda possível influência externa e, ao mesmo tempo, incrementar um desenvolvimento interior
ilimitado no reconhecimento espontâneo do que se constitui a verdade em cada caso e
circunstância da qual participe.
Um dos Sistemas Internos de nossos constituintes multidimensionais é representado pelo
complexo Sistema de Chakras ou rodas que interconectam o funcionamento dos diferentes
Corpos sutis. Em virtude do campo dos Chakras ser um dos mais afetados por seu manuseio
psicológico e seu necessário conhecimento científico, o qual nem sempre se encontra ao alcance
do estudante comum, somos levados a dedicar uma atenção específica a este tema. É de
conhecimento público o fato de que quase todas as escolas Exotéricas de desenvolvimento
pessoal recomendam a meditação para o desenvolvimento e a ativação dos diversos Chakras,
desconhecendo, entretanto, o mais elementar conceito sobre o desenvolvimento técnico dos
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deste universo e dirige sua execução; e considera com serenidade os fragmentos ainda mais
imperfeitos, que desenvolvem lentamente a trama de sua existência parcial". (A. Besant, A
Sabedoria Antiga, pag., 225).
*****
4) "O que deves estudar é vosso motivo maior para a vossa ação. Execute suas ações tão
sabiamente quanto possas: usai seus melhores pensamentos e os melhores propósitos para julgar
o que é certo antes de fazê-lo. Observe se os olhos examinam não a face exterior, mas sim o
coração do homem, aplicando o mais reto julgamento do mundo. Dedicai-vos por completo e
sem reservas ao serviço dos demais, ajudando em qualquer lugar que seja possível fazê-lo.
Trabalhe em qualquer lugar onde haja oportunidade para isso, dedicando-se a um grande ideal.
Siga em frente através da névoa ou da luz do sol; prossegui na tempestade e na calmaria. E
quando as vidas que deixastes para trás floresçerem nesta vida atual com as flores de serviço, de
heroísmo e de devoção, então vocês como homens do mundo que são, e que desconhecem o que
dissemos e não sabem da existência dos Mestres ou das glórias do mundo oculto, aí então
estareis começando a dar os primeiros passos que os levarão ao princípio da senda". (A. Besant,
"A Senda da Iniciação).
*****
5) Não confundas teus corpos, nem o físico, nem o astral, nem o mental, com teu Eu.
Cada um deles pretenderá ser o Eu, a fim de obter o que deseja, mas tu deves conhecê-los e te
reconhecer a ti mesmo como seu dono. ... "Vigia, pois, incessantemente, porque de outro modo
fracassarás". (J. Krishnamurti, Aos Pés do Mestre, I, 16 e l, 25).
*****
6) "Devemos nos transformar em instrumentos de serviço. Isto implica uma
reorganização radical total de nossa natureza, um trabalho que abrange um pouco do plano
exterior e muito mais do plano interno do indivíduo. Esta reorganização leva a um renascimento
espiritual e sua base é a fraternidade". (N. Sri RAM: Pensamentos para os Aspirantes).
*****
7) "Com calma mental e sentidos controlados, mergulha sempre no Paramâtman (A
Alma Suprema do Universal7) que está em teu interior e, pela realização de tua identificação
com Brahman, destrói as trevas criadas pela ignorância primária, que não tem princípio".
(Sankaracharya: A Jóia Suprema do Discernimento).
*****
8) "A mente individual, pode regressar para o estado de Consciência pura, penetrando na
sua fonte central e, ao contemplá-la, converter-se na Realidade Suprema, em seu aspecto Chit."
(Inteligência). (O Segredo da Realização Direta, Sutra l3).
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9) "O ser reflexivo, em virtude de seu recolhimento sobre si mesmo, de imediato torna-se
sensível para desenvolver-se em nova esfera. Na realidade, é um outro mundo que nasce.
Abstração, lógica, escolha e invenções raciocinais, matemáticas, arte, percepção calculada do
espaço e da duração, ansiedade e sonhos de amor... Todas estas atividades da Vida Interior não
são mais que a efervescência do novo centro constituído sobre si próprio.’ (Teilhard do Chardin:
Hino do Universo, Pensamentos escolhidos XXIX).
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O Eu Supremo, que é um com o espírito Universal (Glossário Teosófico – N.T.)
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10) “A meditação é a compreensão constante da maneira em que se vive cada minuto,
enquanto a mente se mantém extraordinariamente viva, alerta e sem estar curvada por nenhum
medo, nenhuma esperança, nenhuma ideologia, nenhuma pena.
Não se pode chegar muito longe sem fundamentar esta compreensão da vida diária, a
vida cotidiana de solidão, de tédio, de excitação, de prazeres sexuais, das urgências para realizar
algo, para se auto-expressar; a vida diária de conflitos entre o ódio e o amor, vida na qual
alguém reclama que lhe ame; uma vida de solidão interna. Se não se compreende isso sem
nenhuma distorção, sem se tornar neurótico; se não se é completa e extremamente sensível e
equilibrado; sem uma base assim, você não pode ir muito longe.” (J. Krishnamurti, A Liberdade
Total, Provocação Essencial do Homem)
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ANEXO
FONTES PARA O ESTUDO E APROFUNDAMENTO