DE MOURA
edição fac-símile
comentada
tenda de livros
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP
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M929 Moura, Maria Lacerda de (1887-1945)
ISBN 85-68151-10-8
PARTE II – fac-símile
33 mulher é uma degenerada, 1932 – 3a edição
A
Maria Lacerda de Moura
PARTE IV
312 Ninguém mais nasce de olhos fechados:
ou a encruzilhada que nos toca
Fernanda Grigolin
316 Créditos
— Encarte
Aquela mulher do canto esquerdo do quadro
— Orelha
Projeto Vamos mais longe!
Apresentação
Há quase cem anos, em 1924, Maria Lacerda de Moura pu-
blicou A mulher é uma degenerada, que teve mais duas
edições no Brasil (1925 e 1932) e uma na Argentina (1925).
O livro é muito atual, em especial no que tange à crítica ao
capitalismo e à sociedade burguesa, e à defesa da materni-
dade e do amor livres.
Cada uma a seu modo, acadêmico ou militante, as mulhe-
res convidadas a escrever – Carolina O. Ressurreição, Juliana
Vasconcelos, Margareth Rago e Samanta Colhado – partilham
do pensamento anarcofeminista de Maria Lacerda. O con-
texto da publicação, a relação da autora com o anarquismo
4 paulista, seus ecos no anarcofeminismo contemporâneo e a
urgência de um recorte racial no anarcofeminismo são pontos
apresentados. Já Eloisa Torrão e Marina Mayumi ressaltam
aspectos biográficos de Maria Lacerda, mulher pulsante que
publicou mais de 20 livros e escreveu inúmeros artigos, além
de editar a revista Renascença.
Manter o texto de Maria Lacerda em fac-símile foi escolha:
significa tê-la presente no formato, pois seguramente ela
pensou no desenho de capítulos e parágrafos. Juntamente
ao fac-símile há uma pesquisa iconográfica e um estudo
tipográfico da equipe editorial. Por exemplo, a designer
Laura Daviña estudou as relações tipográficas das edições
anteriores do livro para propor o projeto gráfico, e há vestígios
disso na capa e em elementos como folha de rosto e cartazes.
A mulher é uma degenerada é parte da série “Aquela Mu-
lher” (desdobramento da pesquisa que iniciei em Arquivo 17
e tem muitas ações a realizar, como cartazes, publicações
de pequeno formato e livros).
Bem-vindes!
Fernanda Grigolin
Maria Lacerda de Moura,
uma parresiasta no Brasil
Margareth Rago
8 referências bibliográficas
LEITE, Miriam L. Moreira. Maria Lacerda de Moura, uma fe-
minista utópica. Florianópolis: Editora Mulheres, 2005.
________. Outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura.
São Paulo: Ática, 1984.
RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade
disciplinar: Brasil: 1890-1930. São Paulo: Paz e Terra,
1997; 4. ed., 2014.
Maria Lacerda de Moura:
“transmitir, transformar e transgredir”
como prática anarquista
referências bibliográficas
LEITE, Miriam L. Moreira. Outra face do feminismo: Maria
Lacerda de Moura. São Paulo: Ática, 1984.
MOURA, Maria Lacerda de. A mulher é uma degenerada. São
Paulo: J. Napoli, 1924.
________. Han Ryner e o amor plural. São Paulo: Unitas, 1926.
________. Religião do amor e da beleza. São Paulo: Typ. Condor, 1926.
Maria Lacerda de Moura: pioneira
do anarcofeminismo no Brasil
Juliana Santos Alves de Vasconcelos
3 José Rodrigues Leite e Oiticica foi professor, dramaturgo, poeta e notável anarquista,
nascido em 22 de julho de 1882, em Minas Gerais. Membro da Fraternitas Rosicruciana An-
tiqua, estudou Direito e Medicina, não tendo concluído nenhum dos dois cursos, em favor
do magistério. Também foi vegetariano. No plano político foi um dos grandes articuladores
da Insurreição Anarquista de 1918, no Rio de Janeiro, que, inspirada na Revolução Russa,
pretendia derrubar o governo central na capital do país. Colaborava para o semanário an-
ticlerical A Lanterna, sendo autor de um artigo especial dedicado à memória do terceiro
aniversário do fuzilamento do pedagogo anarquista Francisco Ferrer. Em 1914 tornou-se
professor pela Escola Dramática do Rio de Janeiro, recebendo a cátedra de Prosódia. Em 1916,
publicou um importante conjunto de obras linguístico-filológicas, entre as quais se destaca
seu livro Estudos de fonologia. No ano seguinte, foi nomeado professor do Colégio Pedro II,
ano em que também participou ativamente da organização da Greve Geral a nível nacional.
Criticando a Igreja, o Estado e a ciência burguesa, ela
chocou e enfrentou a moral social ditada naquele período,
denunciou a pedagogia do medo e da submissão na formação
dos jovens, questionou as formas da política institucional e a
necessidade da guerra, bem como a ideologia da domesti-
cidade, sinalizando como eram opressoras e prejudiciais ao
desenvolvimento das mulheres:
referências bibliográficas
MOURA, Maria Lacerda de. Amai e… não vos multipliqueis.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1932.
________. Civilização: tronco de escravos. Rio de Janeiro: Civili-
zação Brasileira, 1931.
________. Religião do amor e da beleza. 2a ed. São Paulo: Ed.
O Pensamento, 1929.
Se hoje somos, é porque antes
outras já foram
Carolina O. Ressurreição
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referências bibliográficas
A PLEBE, n. 99, 1935, São Paulo. Acervo Centro de Cultura
Social – CCSP.
LEITE, Miriam L. Moreira. Maria Lacerda de Moura: uma
feminista utópica. São Paulo: Editora Mulheres, 2005.
______. Outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura.
São Paulo: Ática, 1984.
MONTSENY, Federica. La Revista Blanca, Madri, 1925.
MUJERES LIBRES – 19 de Julio, II año de la revolución, n. 10,
1936, Barcelona.
PERROT, Michele. Entrevista concedida a Laura Greenhagh,
Marília. Disponível em http://www.marilia.unesp.br/
Home/Pesquisa/cultgen/Documentos/feminismo_para_
poucas_entrevista_michelle_perrot.pdf.
RENASCENÇA [Revista], n. 1, 1923, São Paulo. (Acervo do Arquivo
Edgard Leuenroth/Unicamp, Fundo Edgard Leuenroth,
R/0341), pesquisada por Arquivo 17.
Os links às revistas Mujeres Libres e Renascença estão disponíveis, juntamente com outros
textos, na compilação coletiva feita pelas pessoas participantes desta edição, e encontram-se
aqui: www.tendadelivros.org/marialacerda.
32
documentos
Fernanda Grigolin
314
A R T E E L I T E R A T U R A
315
A lista e as relações foram realizadas de forma livre a partir dos seguintes textos:
BENJAMIN, Walter. O autor como produtor. In: Magia e técnica, arte e política (ensaios
sobre literatura e história da cultura). São Paulo: Brasiliense, 1994.
SHEIKH, Simon. El artista (crítico) como intelectual público. Disponível em: <http://esfera-
publica. org/nfblog/?p=59084>. Acesso em: 26 mar. 2013.
______. Representação, contestação e poder: o artista como intelectual público. In: Sobre
artistas como intelectuais públicos. Respostas a Simon Sheikh. São Paulo: Prólogo e
Casa Tomada, 2012.
Maria Lacerda de Moura e da beleza (1926), Amai e… não vos
nasceu em maio de 1887 e morreu multipliqueis (1932), Fascismo: filho
aos 57 anos em março de 1945. Foi dileto da igreja e do capital (1933).
pensadora anarquista brasileira e Foi editora da revista Renascença.
pacifista. Precursora do anarcofemi- Era vegetariana e contundente em
nismo, sendo extremamente ativa seus posicionamentos anticapitalis-
em sua época e lida por intelectuais, tas, antifascistas e anticlericais. Seu
militantes e escritores tanto do Bra- trabalho foi investigado por diversas
sil quanto do exterior. Maria Lacerda feministas brasileiras e estrangeiras,
publicou mais de vinte livros, entre com destaque à pesquisa pioneira
eles: Renovação (1919), A mulher e a de Miriam Moreira Leite nos anos
maçonaria (1922), A fraternidade na 1980. Hoje em dia sua obra é rara, e
escola (1922), A mulher é uma de- alguns dos seus escritos foram ree-
generada (1924), Religião do amor ditados por coletivos anarquistas.
316 Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre todas as pessoas que con-
tribuíram para essa publicação e, também, os espaços pesquisados e quem
editou, desenhou e organizou.
—
Na página do livro em nosso site [www.tendadelivros.org/marialacerda-
demoura] se encontram disponíveis o processo de produção, vídeos e
também uma pequena compilação de textos, artigos e teses sobre Maria
Lacerda, bem como alguns links a pdfs de livros que foram digitalizados ao
longo de anos por coletivos anarquistas.