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Princípios básicos do Direito Processual Penal

 1 Princípio da Verdade Real

O Processo Penal deve buscar o descobrimento da verdade real como fundamento da


sentença penal condenatória ou absolutória. Desta forma, todos os fatos discutidos e
alegados no processo penal serão objeto de prova, incumbindo o ônus de produzi-las
àquele que alega o fato, conforme demanda o artigo 156, do Código de Processo Penal.

Logo, enxergamos na sociedade contemporânea, um sistema que busca a verdade real


como ideal. Todavia, se depara com certas objeções no caminho e diversas vezes opta
pela resolução dos interesses das partes envolvidas em contrapartida à penosa busca pela
verdade. Isso pode ser considerado um reflexo de uma certa insegurança jurídica gerada
pela morosidade do judiciário brasileiro, no qual o Estado assume sua incapacidade de
encontrar a verdade real ou até mesmo a processual de maneira célere, sendo mais eficaz
a transação.

 2 Princípio da Imparcialidade do Juiz

 Uma vez que o Estado é titular do poder jurisdicional, cabe a ele resolver os conflitos
penais. Para tanto, é necessária a presença de um juiz imparcial para conduzir este
processo, caso contrário haveria uma distorção no conceito de justiça, equidade e
isonomia entre as partes, conforme explica Tourinho: “Não se pode admitir Juiz parcial. Se
o Estado chamou a si a tarefa de dar a cada um o que é seu, essa missão não seria
cumprida se, no processo, não houvesse imparcialidade do Juiz”.

 3 Princípio da Igualdade das Partes e Paridade de Armas

 Sem igualdade de condições entre as partes em um processo não haveria equilíbrio


entre elas. A ausência de equilíbrio, por sua vez, é considerada negação da Justiça, a qual
tem como símbolo a deusa grega Themis que empunha uma balança que equilibra a
razão com o julgamento. Desta forma, as partes, ainda que em situações opostas, devem
se situar no mesmo plano jurídico, com direitos, ônus, obrigações e faculdades
semelhantes

O princípio de Paridade de Armas, ou Equality of Arms, o qual autorga às partes no


procedimento penal os mesmos direitos e poderes. Com isso compreendemos, enfim, o
porquê de certas garantias serem dadas ao acusado em detrimento da acusação, como
por exemplo a vedação do reformatio in pejus, ou a exclusividade da revisão criminal.

 4 Princípio do Livre Convencimento

 Este princípio garante que o Magistrado possua liberdade para julgar o processo
valorando as provas produzidas com o crivo do contraditório. Com isso, impede-se
julgamentos parciais e inquisitoriais, vedando qualquer decisão tomada com
conhecimento adquirido “extra-autos”.

 5 Princípio da Publicidade

 Este princípio garante a transparência do Poder Judiciário e seus atos, estando


constitucionalmente garantidos no artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal e
infraconstitucionalmente no artigo 792, do Código de Processo Penal. Porém, apesar
desta garantia à sociedade, que transmite maior segurança jurídica aos cidadãos que dela
participam, certos atos devem ser protegidos pelo sigilo. Pois, essa transparência
prejudicaria a busca da verdade real, como nos casos em que a vítima pode se sentir
constrangida a depor.

A publicidade dos autos apesar de imperiosa para manutenção de um Estado


Democrático de direito, não pode ser plena. O fato de nenhum princípio ser intangível
está claramente demonstrado no presente caso, vez que a mitigação da publicidade pode
servir como protetora da intimidade e outras prerrogativas fundamentais.

 6 Princípio do Contraditório e Ampla Defesa

 O artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal prevê que: “aos litigantes em processo
judicial ou administrativo e aos acusados em geral são assegurados o direito do
contraditório e da ampla defesa, com os meios e recursos a ele inerentes”. Com isso, este
princípio pode ser considerado “primário e absoluto de defesa”7, garantindo ao réu o
direito de conhecer a acusação contra sua pessoa e pronunciar-se a respeito dela. Assim
nos explica Tourinho Filho:

 7 Princípio da Iniciativa das Partes

 Cabe as partes provocar a prestação jurisdicional. O advento deste princípio vem para
ratificar o Magistrado como figura imparcial no processo, figura essa que não pode dar
inicio ao processo sem provocação das partes. Porém, há certas previsões que contrariam
este principio, como a possibilidade de o Magistrado ordenar a produção de provas e a
decretação da prisão preventiva de ofício.

 8 Princípio do Ne Eat Judex Ultra Petita Partium (O Juiz não pode ir


além do pedido das partes)

 Com a provocação das partes inicia-se o processo e são delimitados os contornos do


mesmo. Isto, pois o Juízo natural só poderá se pronunciar a respeito daquilo que lhe foi
pedido e exposto na inicial acusatória e nos limites das exceções e contestações
deduzidas pelo réu.

 9 Princípio da Identidade Física do Juiz

 O Código de Processo Penal prevê em seu artigo 399, § 2º, que: “O juiz que presidiu a
instrução deverá proferir a sentença”. Com isso, esse diploma legal visou positivar o
Princípio da Identidade Física do Juiz, que garante o julgamento do processo por juiz que
tenha contato com o processo, evitando que um julgador que não possuiu contato direto
com as provas sentencie o feito.

 10 Princípio do Devido Processo Legal

 Princípio positivado pela primeira vez no ano de 1215 pelo monarca João Sem Terra, foi
encontrado no Capítulo XV da Magna Carta inglesa com o nome de due processo of law.
Visava inibir arbitrariedades por partes das autoridades públicas, garantindo o direito dos
indivíduos não terem suas liberdades privadas sem que antes fossem submetidos a um
julgamento justo baseado na legislação vigente.

 11 Princípio da Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meios


Ilícitos

 A nossa Constituição Federal garante que toda e qualquer prova obtida por meios ilícitos
não será admitida em juízo. Corrobora com essa premissa o artigo 157, do Código de
Processo Penal que prevê que: “São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais”. Destarte, toda prova que afrontar a legislação constitucional ou
ordinária, ferindo direitos materiais ou processuais, não será admitida em juízo.

 
12 Princípio da Presunção de Inocência

 Todos indivíduos são presumidamente inocentes até o trânsito em julgado da sentença


penal condenatória. Tal postulado é garantido pelo presente princípio que garante ao
Estado Democrático de Direito atender seus objetivos. Com isso, evita-se a existência de
um Estado tirano, preservando uma sociedade livre, sendo que corroborado pelo
princípio do devido processo legal não ataca qualquer bem jurídico dos cidadãos de
maneira arbitrária.

 13 Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

 Este princípio, além da garantia de segurança jurídica aos cidadãos membros de um


Estado Democrático de Direito, visa ratificar a ampla defesa. Pois, apesar de iuria novit
curia, assim como todos os seres humanos, os magistrados também estão sujeitos a
falibilidade que a nós é inerente, sendo devido a exposição da questão controvertida à
um órgão jurisdicional. Ademais, tal postulado evita arbitrariedades que possam ser
tomadas pelo julgador.

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