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A Crítica Freudiana ao
Reducionismo Biológico
The Freudian criticism against biological reducionism

André Luis Masiero,


André Luis Muniz de
Oliveira, Fabiano Amantéa
Ragnoli & Larissa Canella
Gozzoli

Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais,
Campus de Poços de Caldas
Artigo

PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2006, 26 (1), 58-69


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PSICOLOGIA CIÊNCIA E
PROFISSÃO, 2006, 26 (1), 58-69

Resumo: Atualmente ressurge uma tendência reducionista biológica no


âmbito da psicanálise. Neste ensaio, apresentamos a forma como Freud
empreendeu sua crítica contra essa concepção através de duas rupturas
epistemológicas: a teoria sexual e a teoria dos sonhos.
Palavras-chave: psicanálise, reducionismo biológico, teoria sexual, teoria
dos sonhos.

Abstract: A biological reductionism tendency in the psychoanalytical sphere


reappears nowadays. In this essay we present the way Freud undertook
his critics against this conception through two epistemological ruptures:
the sexual theory and the theory of dreams.
Key words: psychoanalysis, biological reductionism, sexual theory, theory
of dreams.

Atualmente ressurge, no âmbito da procura da determinação biológica das


psicanálise mundial, o interesse pelo caráter desordens mentais. A descoberta dos
biológico da obra de Freud. Grupos de primeiros psicofármacos, na década de 50,
pesquisadores vêm sendo formados pelo foi anunciada com grande entusiasmo.
mundo com o objetivo de esquadrinhar o
Segundo Rodrigues (2003), foi uma
papel que a neurobiologia desempenhou na
verdadeira “revolução psicofarmacológica”,
construção da psicanálise, avaliando se uma
apesar dos intensos efeitos colaterais e baixa
retomada e/ou continuação desse
pensamento determinaria novos rumos para eficiência desses medicamentos, muitas
o conhecimento acerca do inconsciente. vezes até mesmo agravando o quadro
psicopatológico dos usuários. Nos últimos
Vem ganhando destaque mundial uma nova anos, pesquisas têm resultado em fármacos
disciplina que pretende agregar, em um só mais bem tolerados pelos usuários,
campo de conhecimento, a psicanálise e as diminuindo seus temidos efeitos colaterais.
neurociências, a neuropsicanálise. Segundo
o neuropsicólogo Mark Solms (2004), A genética molecular é uma das áreas
pioneiro na área, as descobertas das científicas que mais tem se popularizado e
neurociências vêm confirmando muitas das
prometido, para um breve futuro, a
teses psicanalíticas, o que Freud havia previsto
prevenção de desordens mentais através da
no início do século XX. Esse é o motivo pelo
manipulação genética, embora as pesquisas
qual a psicanálise vem ressurgindo no
na área da psiquiatria ainda sejam incipientes.
turbilhão do debate neurocientífico
contemporâneo após um declínio nos últimos De acordo com Ojopi, Gregório, Guimarães,
20 anos, de acordo com Solms. Fridman & Dias Neto (2004), a genética
molecular poderá elucidar as causas da
O advento de novos medicamentos também esquizofrenia, abrindo a possibilidade de
tem estimulado o interesse científico na melhores tratamentos e prevenção.
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A Crítica Freudiana ao Reducionismo Biológico

A neurologia, a genética e a farmacologia têm O presente ensaio tem o objetivo de avaliar


engendrado especulações de que esse momento crítico pelo qual passa a
brevemente todo o tratamento das psicanálise. Para tanto, retomaremos pontos
desordens mentais se reduzirá a poucas e fundamentais da obra freudiana: a Teoria
simples manipulações de ordem biológica, Sexual e a Interpretação dos Sonhos. Essas
relegando não só a psicanálise, mas também duas colunas, com a Metapsicologia, formam
outras ciências psicológicas e seus métodos o alicerce do pensamento freudiano, e, a partir
terapêuticos a um plano secundário. daí, podemos mostrar caminhos para uma
É verdade que,
crítica ao reducionismo.
com o Projeto Especificamente no campo psicanalítico atual,
para uma Com a Metapsicologia, Freud estabeleceu a
Psicologia surgem muitos questionamentos frente à
definição do objeto da psicanálise: o
Científica, de 1895, retomada das teses biológicas. A
ele empreendeu inconsciente; este, porém, não é definido
neuropsicanálise pretende apoiar toda a
uma tentativa de apenas como substantivo, mas como adjetivo,
encontrar uma produção de conhecimento sobre o
explicação assumindo um sentido muito diferente dos
inconsciente na neurociência, afirmando,
neurológica para seus predecessores. No âmbito da chamada
os fenômenos entre outras extravagâncias, que o id, o eu e
mentais
Primeira Tópica (1900-1920), o inconsciente
o supereu têm localizações precisas no
observados em é um local do aparelho mental desconhecido
seus pacientes, cérebro.
pela consciência, onde estão armazenados
porém
abandonaria essa afetos recalcados pouco acessíveis pelo eu.
obra e sairia à Outro segmento entende que é possível essa
procura de um conjunção, mas não necessária para a
novo método, É verdade que, com o Projeto para uma
sobrevivência da psicanálise, tratando-se
apresentado em Psicologia Científica, de 1895, ele
sua forma mais somente da criação de uma nova disciplina.
acabada na
empreendeu uma tentativa de encontrar uma
Se essa conjunção é viável, e que resultados
Interpretação dos explicação neurológica para os fenômenos
Sonhos, de 1900. renderá, ainda é prematuro afirmarmos com
mentais observados em seus pacientes,
segurança.
porém abandonaria essa obra e sairia à
procura de um novo método, apresentado
Outras linhas de pensamento na psiquiatria
em sua forma mais acabada na Interpretação
têm questionado a real utilidade da
dos Sonhos, de 1900.
psicanálise no mundo moderno frente ao
surgimento de medicamentos mais eficientes Com a Teoria Sexual, Freud desvinculou a
e rápidos na eliminação de sintomas sexualidade – até então naturalizada
psicopatológicos (Roudinesco, 2000). organicamente e moralizada culturalmente na
forma de instinto reprodutivo – da
Esses fatos podem estar nos indicando que, genitalidade. Essa ruptura foi trabalhosa e levou
com a tentativa de (re)estabelecer o “rigor Freud a erigir um novo arsenal conceitual para
científico” da psicanálise, talvez estejamos explicar, entre outros fatos humanos, a
assistindo a um ressurgimento do mais puro sexualidade infantil na determinação dos
e simples reducionismo biológico, uma destinos do indivíduo e da cultura.
tendência a submeter todos os fenômenos
humanos a um único sistema de leis Com a Interpretação dos Sonhos, ele lança
explicativas e que reivindica um status luz à via de acesso ao inconsciente e a seus
privilegiado de verdade. significados, sobrepujando o entendimento

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dos sonhos como mera atividade cerebral fato, Freud já trazia essa inquietação de Viena.
desprovida de sentido e de interesse Havia sintomas aparentemente de origem
científico. orgânica, mas que, numa observação mais
atenta, se revelavam de origem estritamente
De saída, podemos dizer que o primeiro psicológica.
questionamento de Freud (1896) foi
justamente o papel dos distúrbios orgânicos Originalmente escrito em francês, o texto final
(neurológicos, tóxicos, genéticos, etc.) na veio a lume sete anos depois de pronto, com
determinação dos sintomas histéricos. o título Algumas considerações para um
Levando em consideração também a estudo comparativo das paralisias motoras
possibilidade de uma simples “simulação orgânicas e histéricas. Foi um dos resultados
histérica” ou “fingimento” – hipótese do estágio de Freud em Paris.
descartada, embora aceita por boa parte dos
contemporâneos de Freud –, essas Aqui ele apresenta uma série de argumentos “Na histeria, o
controvérsias foram tanto motivo das suas favoráveis à conclusão de que a histeria teria ombro ou a coxa
primeiras contendas com o saber científico um fundo psicológico, afirmando que haveria podem estar mais
paralisados do que
estabelecido quanto um verdadeiro móbile paralisias estranhas que se comportavam à a mão ou o pé.
da psicanálise. revelia da anatomia. As paralisias histéricas Podem surgir
movimentos dos
pareciam destituir a configuração nervosa. dedos enquanto o
Portanto, antes de sairmos em busca dos segmento proximal
substratos neurofisiológicos do ainda está
“Na histeria, o ombro ou a coxa podem estar absolutamente
Ödipuskomplex ou do gene determinante dos mais paralisados do que a mão ou o pé. Podem inerte”
lapsus linguae, vale determo-nos por um surgir movimentos dos dedos enquanto o
Freud
momento na obra freudiana a fim de segmento proximal ainda está absolutamente
apontarmos uma possível interpretação acerca inerte” (Freud 1895, pp. 205-6).
de uma problemática aberta na psicanálise
contemporânea e que, ao que tudo indica, Assim, observou Freud, a delimitação da
está longe de ser encerrada. paralisia histérica era muito precisa, o que
seria impossível se o distúrbio em questão
Da etiologia da histeria à tivesse origem orgânica, como uma
teoria sexual intoxicação ou uma lesão cerebral. As
paralisias histéricas, ainda, sempre se
1
Há um texto de Freud pouco comentado apresentavam com uma intensidade maior
que foi um marco na transição de seus que a orgânica, embora durassem menos
estudos neurológicos para os psicológicos. tempo e fossem acompanhadas de 1 Neste trabalho,
utilizamos a Edição
Quando esteve em Paris, como aluno de Jean dificuldades no plano psicológico, como Standard Brasileira das
Martin Charcot, entre 1885 e 1886, este lhe depressão, ansiedade, pesadelos, etc. Obras Completas, de S.
Freud, de 1996, da editora
propôs que realizasse um trabalho que Imago, porém, sempre que
possível, comparamos a
diferenciasse as paralisias motoras orgânicas Tendo à frente esses dados, seria coerente tradução com o inglês e
espanhol, bem como
das histéricas. A primeira lição que aprendeu imaginar que se trataria apenas de simulação seguimos as observações
com o mestre foi que era possível extrair do paciente. No entanto, alguns estados críticas de Bettelheim
(1984); Carone & Souza
conjecturas neurológicas a partir da histéricos, se fossem simulados, causariam tal (1989) e Roudinesco
(1998). Os trabalhos de
observação dos estados clínicos, método não fadiga corporal que rapidamente o doente Freud citados trazem a
data original de
aceito pelos alemães (Manonni, 1994). De desistiria de seus “sintomas”. Além disso, não publicação.
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A Crítica Freudiana ao Reducionismo Biológico

era possível tantos casos de simulação, como como uma grande promessa no controle
os observados na Salpêtrière. Havia, portanto, epidemiológico da loucura e da
algum fenômeno a ser entendido e talvez, “degeneração”. Um bom exemplo era Francis
até aquele momento, negligenciado pela Galton, um primo de Charles Darwin, que,
Medicina. em 1869, propôs que o Estado regulamentasse
os casamentos como meio de garantir que,
Parecia não haver dúvidas de que existiam dessas uniões, fossem gerados os melhores
paralisias cuja origem não podia ser creditada descendentes humanos, tanto para o Estado
ao físico. O mestre Charcot já o teria quanto para a própria coesão da estrutura
mostrado. Ainda nesse trabalho, Freud familiar, o que representaria, entre outras
esboça uma explicação para a dinâmica vantagens, um ganho econômico para a nação.
psicológica da formação sintomática do Com essa prática, no longo prazo, a “raça
distúrbio. Todo o psiquismo seria revestido humana” desenvolver-se-ia biologicamente,
de cargas afetivas às quais o ego deveria chegando futuramente a um estágio superior
encaminhar-se convenientemente, ou por de evolução. Utópico, mas prestigiado no
meios motores, ou por encadeamentos meio científico europeu, o inglês dizia que
mentais. Se o indivíduo fosse incapaz de teria comprovado, através do estudo de
eliminar as cargas afetivas, essas formariam genealogias de famílias ilustres inglesas, que
um precipitado mental – como um corpo a loucura e a inteligência eram categorias
estranho – que futuramente desencadearia hereditárias. Galton seguia duas regras
algum sintoma. A grande novidade desse simples: 1) Os “melhores indivíduos”
trabalho é o rascunho de uma explicação de reproduziriam os melhores descendentes; 2)
como um afeto poderia sedimentar-se no A mistura dos “bem-dotados” com os
sistema nervoso e desencadear um sintoma “degenerados” poderia macular os bons
físico facilmente observável. exemplares raciais. Poucos contestavam essas
premissas (Masiero, 2002).
Ainda que as explicações psicodinâmicas para
a histeria prevalecessem na primeira fase do Freud (1896) não negava a importância da
pensamento freudiano, permanecia em hereditariedade na determinação das
aberto o papel da hereditariedade na neuroses, mas, segundo sua experiência
causação das neuroses. Também como um médica, dizia que muitos distúrbios eram
dos frutos de sua passagem pelo Salpêtrière, considerados hereditários inadequadamente.
Freud dedicar-se-ia à questão da O caso conhecido como Miss Lucy era um
hereditariedade dos distúrbios mentais, um exemplo. Haveria um certo exagero no
tema indispensável aos médicos do final do princípio da hereditariedade irrestrita
século XIX. Mesmo que houvesse uma acompanhada de uma prematuridade
dinâmica mental inconsciente subjacente à científica frente aos dados disponíveis, pois,
histeria, a qual Freud perseguia, tudo indicava afinal, a predisposição genética para algum
que essa forma de funcionamento mental distúrbio psíquico só poderia ser comprovada
era determinada hereditariamente, aliás, depois de os sintomas já se terem instalado.
como acreditava Charcot. O simples fato de uma neurose ser mais
freqüente em determinadas famílias não
Nesse momento, a ciência da representaria, necessariamente, um
hereditariedade despontava na Medicina fenômeno hereditário. Sequer os

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levantamentos genealógicos eram precisos, etiológicas das neuroses mas também de seus
pois eram sujeitos a muitas interferências dos significados para o indivíduo, a partir,
relatores. sobretudo, dos atos experimentados no
cotidiano.
A hereditariedade também não explicava o
problema da “escolha da neurose”. Sabia-se Seu ponto de partida é o método de Joseph
que determinadas famílias poderiam Breuer. As experiências traumáticas passadas
apresentar uma recorrência de neuroses deixariam marcas mnêmicas no indivíduo.
acima da média populacional, porém nada Essas marcas poderiam retornar
explicava o motivo pelo qual, na passagem simbolicamente na forma de neurose,
das gerações, as neuroses se apresentavam independentemente do tempo em que foram
de maneiras diversas. Numa geração, haveria deixadas. A terapêutica consistia em trazer à
uma histeria; noutra, uma obsessão; na tona os traumas e, “tendo assim localizado a
próxima, uma psicose, etc. A crítica cabal à cena, eliminamos o sintoma ao promover,
hereditariedade, porém, foi a questão das durante a reprodução da cena traumática, uma
“causas concorrentes” das neuroses, isto é, correção subseqüente do curso psíquico dos “tendo assim
localizado a cena,
as influências ambientais que impulsionariam, acontecimentos que então ocorreram” (Freud,
eliminamos o
em maior ou menor grau, a predisposição aos 1896b). Caberia ao psicanalista descobrir sintoma ao
distúrbios mentais, como o esgotamento qual foi a cadeia associativa que realizou o promover, durante
a reprodução da
nervoso, a sobrecarga intelectual, a fadiga paciente entre o sintoma neurótico cena traumática,
física, as intoxicações, etc. Mesmo que apresentado e a sua causa traumática (uma uma correção
subseqüente do
houvesse uma causação hereditária, sem experiência vivida). O intrigante, nessa curso psíquico dos
esses agentes, talvez a neurose ficasse latente concepção, é que, segundo os relatos dos acontecimentos
que então
e nunca se manifestasse. O papel relativo da pacientes de Freud, no momento em que
ocorreram”
hereditariedade e desses agentes era uma ocorreu, a experiência parecia uma cena
questão à espera de resposta, e era banal, não sendo vivida como traumática. Freud

justamente nessa fenda explicativa que a Nesse ponto, Freud é enfático. Qualquer que
psicanálise se inseria. seja a cadeia associativa de recordações do
paciente, ao final, chega-se a uma lembrança
Evidentemente, a intenção de Freud (1896), infantil e de ordem sexual, não
nesse trabalho, não era demolir o edifício da necessariamente de aparência traumática.
hereditariedade, mas certamente apontar, Evidentemente, uma agressão sexual pode
quase solitariamente, as tendências deixar marcas traumáticas indeléveis, mas
ideológicas e as falhas das explicações das haveria casos em que uma simples insinuação
causas das neuroses. O que Freud combatia ou contato corporal casual teria
era um certo otimismo científico desmedido, desencadeado sintomas neuróticos futuros.
que tomava a hereditariedade como Prevendo as críticas, defende-se dizendo que
explicação total para todos os males, essa conclusão é derivada de sua experiência
tentando abrir caminhos para uma cura como médico, e que ele mesmo teria
definitiva dos sofrimentos humanos. A relutado em aceitá-la e trazê-la a público.
hereditariedade isolada, portanto, não seria
o suficiente para explicar a etiologia das No entanto, Jean Martin Charcot, Hippolyte
neuroses. Freud (1896b) empenha-se, então, Bernheim e Rudolf Chrobak – um
não só na elucidação de outras possibilidades ginecologista colega de Freud na Universidade
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A Crítica Freudiana ao Reducionismo Biológico

de Viena –, em certas ocasiões, teriam popular, como fenômeno místico revelador


comentado idéia semelhante, mas nunca do futuro ou da vontade dos deuses, e pela
levaram isso a público em artigos ou ciência, como simples produto da atividade
conferências, apenas em comunicações fisiológica cerebral sem nenhum significado
informais (Mannoni, 1994). e inútil para o desvendamento de qualquer
aspecto anímico humano. Sob esses pontos
Assim, os casos de neuroses não explicados
de vista, encerrava-se toda a discussão a
através da hereditariedade poderiam ter
respeito.
origem traumática sexual. Haveria, portanto,
alguma sexualidade na infância, o que
Mas Freud, ao contrário, a partir de suas
contradizia as premissas biológicas até então,
observações dos estados psicopatológicos,
de que só poderia haver sexualidade quando
perseguia a hipótese de que todos os sonhos,
o corpo já estivesse pronto para a procriação,
após a puberdade. mesmo aqueles aparentemente absurdos,
carregavam um sentido próprio quase sempre
De acordo com Roudinesco (1998, p. 772), desconhecido, dissimulado por uma série de
“ao mostrar que as atividades infantis – os tipos operações inconscientes e imediatamente
de sucção, a masturbação, as brincadeiras com vinculado à vivência cotidiana ou remota do
o corpo ou com as fezes, a alimentação, a sonhador. Cerca de dez anos antes da
defecação, etc. – são fontes de prazer e auto- publicação da Interpretação dos Sonhos,
erotismo, Freud destrói o velho mito do ‘paraíso quando tratava da Sr.ª Emmy von N.,
dos amores infantis.’” começou a perceber que os sonhos poderiam
ser um ponto de partida para associações que
A descoberta da sexualidade infantil pré- conduziriam até idéias inconscientes
genital, isto é, anterior à unificação das pulsões subjacentes aos sintomas. O papel da
sob o primado do genital (pênis, clitóris-
psicanálise seria justamente a revelação do
vagina), foi um grande passo no entendimento
sentido dessas idéias inconscientes. Esse caso
da causação das neuroses e um rompimento
ainda se reveste de suma importância, pois
com a sexologia biológica. Na obra Três Ensaios
apresenta uma série de reformulações
sobre a Teoria da Sexualidade, de 1905, Freud
metodológicas, como o abandono da hipnose,
inaugura uma sexualidade como estruturante
o início da associação livre e a descoberta do
da subjetividade. Ora, se a sexualidade fosse
restrita ao biológico, não haveria uma papel da sexualidade nas neuroses.
multiplicidade de comportamentos e
manifestações sexuais como os observados no Freud começa a contestar a concepção
ser humano, e o sexo seria, como nos animais, neurofisiológica do sonho do século XIX, a
periódico e somente para procriação. qual, carente de conhecimentos profundos
Definitivamente, não parecia que a acerca da própria atividade cerebral, fechava-
sexualidade humana se manifestasse dessa se sobre si mesma. Como psicanalista, negou-
forma. se ainda a aceitar que um fenômeno deveras
trivial e comum a todos os seres humanos
Os sonhos nada poderia revelar a seu respeito. Se não
houvesse fatos que justificassem o estudo
Até o advento da psicanálise, os sonhos eram científico dos sonhos, também não havia
entendidos sob dois aspectos: pela sabedoria motivos para desprezá-los.

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O fato de os sonhos remeterem a aspectos médicos que exigiam parâmetros claros entre
da vida em vigília não constituía grande o normal e o patológico, e entre sujeito e
novidade. Na Interpretação dos sonhos, Freud objeto.
apresenta um longo levantamento de estudos
realizados que apontam essa conclusão, Seu ponto de partida foi a questão das fontes
porém as explicações disponíveis no período de estimulação dos sonhos, isto é, quais
ainda deixavam em aberto muitas lacunas, fatores eliciavam a atividade onírica.
entre elas “As condições de sua origem, sua Inúmeros estudos e especulações indicavam
relação com a vida anímica de vigília, sua três tipos de estímulos dos sonhos: 1)
dependência de estímulos que se impõem à estímulos sensoriais externos: quando
percepção durante o estado de sono, as muitas levemente adormecido, os órgãos dos
peculiaridades de seu conteúdo que repugnam sentidos humanos conseguem ainda captar
ao pensamento desperto, a incoerência entre estímulos exteriores como sons, luzes e
suas imagens de representação e os afetos a sensações táteis, e, partir daí, elaborar um
elas ligados e, por fim, seu caráter transitório, sonho; 2) estímulos internos subjetivos: como
a maneira como o pensamento de vigília os nas alucinações ou ilusões, a atividade
põe de lado como algo que lhe é estranho, e cerebral cria imagens, sons ou sensações
os mutila ou extingue na memória — todos enquanto estamos adormecidos; essas
esses problemas, e outros ainda, vêm sensações se organizam na forma de sonhos;
aguardando esclarecimento há muitas centenas 3) estímulos somáticos orgânicos: se
de anos e, até agora, nenhuma solução dormirmos privados de alguma necessidade
satisfatória foi proposta para eles” (Freud, fisiológica, tentaremos compensar a falta
1901, p. 573). através do sonho. Se tivermos fome,
sonharemos com alguma comida, com sede,
Fica claro, nessa passagem, que a sua sonharemos com água, e assim por diante.
intenção era inaugurar uma nova ciência do Entende-se assim o ditado popular: o sonho
sonho, uma vez que essas questões não é o guardião do sono, isto é, para que o
poderiam ser respondidas pela ciência do desconforto proveniente da privação não
cérebro do início do século XX nem depois atrapalhe uma necessidade fisiológica
de centenas de anos de especulação. Aliás, fundamental (o sono), haveria sempre uma
eram problemas levantados muito mais pela tendência para sonhos agradáveis, na tentativa
mística sabedoria popular que pela ciência. de compensar uma falta. Portanto, o sonho,
na primeira acepção de Freud, seria a
Em suas observações clínicas, Freud notou “realização de um desejo”.
que as estruturas psicopatológicas eram
análogas à dinâmica onírica de indivíduos Esses três pontos não entram em conflito com
normais. Essa constatação foi absolutamente a premissa inicial de que os sonhos guardam
intrigante e indicava que os limites entre o sempre algum vínculo com a vida em vigília,
normal e o patológico se esvaíam na medida como já haviam apontado Wundt e Strümpell.
em que sua teoria mental avançava. Convém A grande novidade inicia-se quando Freud
lembrar que boa parte dos sonhos aponta uma outra fonte de estimulação
apresentados na Interpretação dos Sonhos onírica, isto é, as fontes psíquicas. A questão
eram seus próprios. Isso distanciava a central colocada na teoria era saber se
psicanálise cada vez mais dos saberes existiriam sonhos cujas fontes estimuladoras
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não passariam pelo somático. Sabemos primeiro é a repressão, e o segundo, a


atualmente que existem sonhos que não se simbolização.
encaixam totalmente nas três fontes descritas
acima, sendo que talvez a maioria deles Os sonhos se valem de imagens e linguagem
parece distanciar-se tanto da realidade que simbólica, cujo sentido é desconhecido pelo
causam grande surpresa ao próprio sonhador próprio sonhador. É como se o inconsciente
(Freud, 1916). Isso é facilmente constatável lançasse mão de um recurso para adequar os
na atividade clínica. Freud criticava a desejos e impulsos a uma linguagem aceitável
psiquiatria do final do século XIX por negar conscientemente. Basicamente, isso é o que
uma certa autonomia do psíquico frente ao faz a transformação do conteúdo onírico
somático, como se isso representasse algum latente, isto é, o “real” significado do desejo
retrocesso científico em direção a uma antiga ou fantasia, em conteúdo manifesto, ou seja,
É sobre a “metafísica da mente”. Mesmo não havendo a maneira como o desejo ou fantasia são
repressão,
a aceitação, pela ciência, de que os sonhos representados no sonho. Na definição
paradoxalmente,
que, embora seja seriam fenômenos psíquicos, por outro lado, freudiana, o simbolismo é uma alusão ou uma
o motivo das essa mesma ciência não apresentava nenhum comparação de elementos (imagem, palavra)
frustrações
humanas, argumento contrário convincente; assim, aparentemente desconectados, mas que
estruturar-se-iam o nada impedia Freud de partir da premissa de guardam entre si uma relação que, mesmo
indivíduo e a
civilização.
que haveria fontes estritamente psíquicas de obscura, é passível de revelação.
estimulação onírica.
Aparentemente, a consideração dos sonhos
Para assegurar que essas fontes tinham papel como “realização de desejo” não explicaria
central na determinação dos sonhos, Freud um outro fenômeno onírico fundamental: os
expôs várias constatações que podem servir pesadelos. Se a função dos sonhos fosse
à análise de qualquer tipo de produção do resguardar o sono, como explicar a formação
inconsciente, como a arte, o folclore, os desses tipos de sonhos? Afinal, nada seria
chistes, os atos falhos e também nas mais perturbador à tranqüilidade do sono que
formações sintomáticas. os pesadelos. É verdade que a palavra
“pesadelo” aparece pouquíssimas vezes na
Primeiramente, a memória parecia estendida obra de Freud, certamente não por esquivar-
na atividade onírica. Os sonhos traziam se do assunto, mas, sim, por considerá-lo um
conteúdos mnêmicos há muito tempo tipo de sonho próximo aos dos sonhos
“esquecidos” pelo sonhador e que pareciam agradáveis. No aparelho mental, atuaria uma
inacessíveis em vigília. Nesse ponto, as força repressora para tentar debelar os
impressões formadas na tenra infância eram impulsos violentos próprios do ser humano,
predominantes. Freud já trazia a idéia de uma presentes desde a infância. É sobre a
certa memória indissolúvel desde seu contato repressão, paradoxalmente, que, embora seja
com as experiências com hipnose, de H. o motivo das frustrações humanas, estruturar-
Bernheim. Se o esquecimento não significava se-iam o indivíduo e a civilização. No período
uma destruição do conteúdo mnêmico, logo de sono, a censura atuante no aparelho mental
deveria haver um mecanismo que guardasse seria amenizada, deixando os impulsos hostis,
esse conteúdo, impedindo seu contato com próprios do ser humano, mas inimagináveis
a consciência e outro que permitisse a sua conscientemente, quase totalmente livres
manifestação de maneira dissimulada. O para se manifestarem. O eu, sentindo-se

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ameaçado, choca-se com esses impulsos, categoria profissional, mesmo que tenha
gerando uma ansiedade perturbadora do surgido no seio da Medicina. Sabe-se também
sono. que Freud colocava a clínica como o local
por excelência de produção do conhecimento
É interessante notar que Freud, mesmo psicanalítico, insatisfeito que estava com os
conhecendo com profundidade as resultados dos métodos tradicionais. Ora, se
determinações neurofisiológicas do fenômeno, quisesse criar modelos experimentais, Freud
buscava uma explicação fundamentalmente o teria feito; afinal, teve todas as
psíquica para os sonhos; os pesadelos pareciam oportunidades para isso, ao passar treze anos
comprovar definitivamente sua tese. na universidade cursando Medicina e
sofrendo pressões para que renunciasse às
Conclusão suas idéias. O abandono ou desistência de
criar um modelo neurológico, evidenciado
O título do artigo de Solms (2004), em uma pelo Projeto para uma psicologia científica, e
revista de divulgação científica, passa ao a publicação subseqüente da Interpretação
público a impressão de que a psicanálise dos Sonhos, sua obra máxima concluída
esteve fora dos debates científicos nos últimos menos de cinco anos depois, apresenta-nos
anos e que agora, com a neuropsicanálise, uma clara ruptura epistemológica. Freud não
“Freud está de volta”. Isso é falso e nem de abandonou o Projeto por falta de opção nem
longe se trata de um deslize casual, mas de admitiu que essa obra fora um fracasso;
uma manobra retórica do autor para abandonou-o devido à maturação de seu
posicionar-se como o salvador de uma teoria, método, que impôs rupturas com modelos
ou o cientista que resgatou a psicanálise de científicos dominantes, processo semelhante
um suposto ostracismo. Basta uma olhadela ao que ocorre com qualquer cientista. Os
no ritmo das publicações de revistas e livros críticos da psicanálise, que pretendem
no Brasil e no mundo, nos anais de (re)colocá-la numa suposta “ordem científica”,
congressos, nos cursos de formação, etc., das parecem desprezar o fato de que a obra
últimas décadas, para se constatar que Freud freudiana é construída e reconstruída o
“não está de volta”, pelo simples fato de tempo todo. Freud nunca hesitou em
nunca ter deixado o âmbito das ciências abandonar ou reformular suas concepções
psicológicas, que sempre necessitam recorrer quando observava que não mais davam conta
a um ou outro aspecto do pensamento de explicar ou intervir nos fenômenos que
psicanalítico. investigava. Um exemplo clássico é o rápido
abandono da hipnose, a busca por métodos
A tendência de medicalizar a psicanálise e mais concretos e que poderiam ser
colocá-la nos parâmetros científicos positivos compartilhados pelos seus pares. Uma
é antiga e vem sendo, ao mesmo tempo, afirmação sua do final do século XIX não
criticada e aclamada. Critica-se a psicanálise necessariamente deve ser entendida como a
por ser especulativa e não permitir falsear sua última palavra, visto que produziu até
hipóteses e criar modelos de verificação poucas semanas antes de falecer, em 1939.
experimental. Freud já estava atento a esse Portanto, não é possível afirmar que Freud
problema quando abriu a discussão sobre a aguardava um aprimoramento da neurologia
análise leiga. A psicanálise, para seu próprio para adequar a psicanálise a outros parâmetros
criador, não deveria ficar restrita a uma científicos. Aliás, essa é uma das principais
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A Crítica Freudiana ao Reducionismo Biológico

justificativas dos neuropsicanalistas na uma disciplina não é decorrência da sua


tentativa de ajustar a metapsicologia a um precisão científica.
modelo cerebral. No início de sua produção,
talvez nutrisse essa esperança, mas Tudo indica, porém, que a construção de um
certamente abandonou-a, o que fica mais modelo interdisciplinar neuropsicanalítico é
evidente a partir da década de 1920. irreversível. Apontando um segundo caminho,
melhor fariam os psicanalistas, antes de
Toda essa celeuma parece mostrar-nos dois
censurar a neuropsicanálise e as tendências
caminhos futuros. Por um lado, podemos
biologizantes reducionistas, se abrissem uma
decretar o fracasso da tentativa de fundar
crítica contra a tentativa de submeter toda a
uma ciência da subjetividade e apelarmos para
psicanálise a um modelo único, indicando que
as soluções rápidas oferecidas pelas terapias
a sua existência não depende de provas
medicamentosas. Por esse caminho,
advindas de outros modelos epistemológicos.
certamente haverá ganhos de poder e
A psicanálise tem um método independente
prestígio para a psicanálise, mas não
necessariamente ganhos científicos, éticos ou e estruturado de produção de conhecimento,
filosóficos. O sucesso das terapias místicas, e a neuropsicanálise – como a
que se autoproclamam atualmente como psicofarmacologia, a psiquiatria genética, etc.
“alternativas”, e a revelação de que os novos – é tão somente mais uma área de estudos
antidepressivos podem desencadear dentre tantas outras que pode ser salutar,
comportamentos suicidas (Amorim, 2004) são desde que não tente englobar a pluralidade
claras evidências de que o prestígio social de das abordagens psicológicas.

PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2006, 26 (1), 58-69


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André Luis Masiero, André Luis Muniz de Oliveira, Fabiano Amantéa Ragnoli & Larissa Canella Gozzoli PSICOLOGIA CIÊNCIA E
PROFISSÃO, 2006, 26 (1), 58-69

André Luis Masiero


Mestre e Doutor em Psicologia pela USP – Ribeirão Preto
Professor-assistente da PUC-MG – Poços de Caldas
Coordenador-adjunto do Curso de Psicologia PUC-MG – Poços de Caldas
Coordenador do Núcleo de Estudos Psicanalíticos
Rua Padre Francis Cletus Cox, 1661 – Jd. Country Club
Poços de Caldas-MG CEP: 37701-355
Email:masiero@yahoo.com Tel.: (35) 3729-9249

André Luis Muniz de Oliveira


Rua Vivaldi Leite Ribeiro, 422, Cascatinha, Poços de Caldas-MG. CEP: 37701-029.

Fabiano Amantéa Ragnoli


Rua Chile 310, Jardim Quissisana, Poços de Caldas-MG. CEP 37701-226

Larissa Canella Gozzoli


Rua de Luizi, 77, Santa Ângela, Poços de Caldas-MG. CEP 37701-281
Alunos do 5.º semestre de Psicologia da PUC-MG - Campus de Poços de Caldas
Integrantes do Núcleo de Estudos Psicanalíticos PUC-MG - Poços de Caldas

Recebido 30/03/05 Reformulado 01/08/05 Aprovado 03/03/06

Referências

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