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Recursos Estilísticos

Brasília-DF.
Elaboração

Marcelo Paiva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação................................................................................................................................... 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................... 5

Introdução...................................................................................................................................... 7

Unidade i
CONCEITO DE ESTILÍSTICA..................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
Do conceito para a prática............................................................................................. 13

CAPÍTULO 2
Principais recursos estilísticos........................................................................................ 20

Unidade iI
COMPETÊNCIA TEXTUAL...................................................................................................................... 26

CAPÍTULO 1
Leitura................................................................................................................................. 26

CAPÍTULO 2
Produção de texto............................................................................................................ 41

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 48
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de to rná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O módulo de Recursos Estilísticos foi organizado para que o participante do curso possa adquirir,
cada vez de forma mais específica, a competência de interpretar e transmitir informações conforme
a intenção desejada.

Iniciamos o conteúdo com explicação sobre o conceito de estilística e sua importância no ato de ler e
escrever. Assim, na primeira unidade, abordamos tópicos teóricos e práticos sobre a base de assunto
tão importante.

A segunda unidade apresenta aspectos relevantes para a compreensão e produção de textos.


Enfatizamos a competência textual, ou seja, a capacidade de dominar a técnica de observar e
produzir estruturas textuais em níveis diversos (linguagem, intencionalidade etc.).

Objetivos
»» dominar o conceito de estilística e tópicos fins;

»» aprimorar a capacidade de entender e usar recursos estilísticos em textos diversos;

»» interpretar adequadamente diferentes textos;

»» produzir textos com competência.

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CONCEITO DE Unidade i
ESTILÍSTICA

Só as obras bem escritas hão de passar à posteridade.

Claude de Buffon

Estilística
Fernando Rebouças

O estudo dos  processos de manipulação da linguagem pelos quais a pessoa que


escreve e fala pode exprimir uma mensagem emotiva e intuitiva pelas palavras é
conceituado como “estilística”. A estilística é capaz de explicar particularidades no
uso da língua.

A estilística é uma área da linguística  e estuda a variação do uso da língua em


vários grupos e segmentos, estuda tais variações na publicidade, na política, na
religião, em obras autorais e num período temporal. O estudioso em estilística visa
identificar a capacidade de sugerir e emocionar por meio de fórmulas e efeitos do
estilo da palavra.

Além dessa identificação, há os princípios que possibilitam a explicação de


determinadas escolhas por estilos específicos por grupos e pessoas. A escolha de
um determinado estilo de palavra escrita e falada pode ser justificada pela busca de
uma socialização, ou seja, ser aceito por um grupo ou comunidade.

Outros princípios de estudo são a produção de sentido, a recepção de sentido,


análise crítica do discurso e crítica literária. A estilística está atenta aos níveis de
diálogo, aos usos regionais de acentos e à existência de dialetos.

Também estuda, além das referências de grupos, a língua descritiva, o uso gramatical
e particular da língua. O termo “estilística” pode designar relações entre a forma
e efeitos no uso de uma determinada língua. Na literatura e na linguística, já há
diversos estudos, por exemplo, sobre o “grande estilo” de John Milton, “o estilo da
prosa” de Henry James, o estilo “épico” e o estilo da “canção popular”.

Cada tipo de uso particular da língua e cada tipo de artigo utiliza um estilo diferente
da língua. Uma carta comercial, jurídica e de amor, entre si, demonstram profundas
diferenças no uso da palavra e ao teor emocional que as palavras usadas podem
gerar. Para cada grupo e objetivo de situação a palavra poder ser regida de modo
particular num contexto específico.

9
UNIDADE I │ CONCEITO DE ESTILÍSTICA

Todos os diferentes estilos de linguagem, dentro de uma análise linguística, são


registrados de modo técnico que consulta às propriedades de uma variedade da
língua, associando a língua a uma situação. O registro está relacionado ao momento
ocorrido e ao participante de determinado nível de linguagem.

Como linha de estudo da literatura, a estilística existe desde os estudos retóricos


de Aristóteles, Quintiliano e Cícero. Para eles o estilo era o melhor recurso para
embelezar e figurar um pensamento.

Segundo Pierre Guiraud, no século XX, a estilística teve quatro fases distintas:

1. Estilística estrutural ou da expressão – referente aos primeiros estudos


de Charles Bally e Karl Vossler. Bally escreveu o Tratado de Estilística Francesa
em 1909, tendo como base os ensinamentos de seu mestre, Saussure.

2. Estilística genética ou do indivíduo – teve o objetivo de analisar o


vínculo do texto literário a uma base psicológica, dentre os estudiosos,
destaca-se Leo Spitzer.

3. Estilística funcional – fase desenvolvida pelos estudos de R. Jakobson;


abordou a respeito da comunicação verbal sobre os valores estilísticos.

4. Estilística textual – fase de análise de textos em seus aspectos estilísticos


sob princípios da linguística estrutural e da gramática generativa. Esses
estudos foram muito praticados por M. Cressot, J. Marouzeau e M. Riffaterre.

O termo stilus (latim) significava objeto afiado com objetivo de escrever em tábuas. Sua origem
refere-se ao instrumento para escrever (daí o termo “estilete”). O uso figurado fez o termo ganhar o
sentido do próprio ato de escrever e, depois, passou a significar características peculiares e especiais
no momento de escrever. Assim, ao abordarmos a estilística, fazemos referência às opções específicas
de um autor na escolha de palavras, construções e estruturas textuais.

A expressão “estilística” (em alemão Stilistik e em francês stylistique) é o estudo e a prática de


recursos expressivos intencionais com objetivo de destacar o uso de uma língua com apelos sonoros,
estruturais, racionais, emocionais etc. A intenção do autor é promover reações (além da simples
comunicação) no receptor da mensagem.

Geralmente, confundem-se estilística e linguística. Alguns autores procuram exemplificar a diferença


com o uso de dois termos: parole e langue. A estilística foca o discurso (parole), a linguística, a
língua (langue).

Histórico
As primeiras abordagens sobre o assunto ocorreram no início do século XX, com destaque para os
textos do suíço Charles Bally, do alemão Karl Vossler e do suíço Leo Spitzer. Percebe-se claramente,
no início, grande influência da retórica no conceito de estilística. Houve dificuldade em adequá-la a

10
CONCEITO DE ESTILÍSTICA │ UNIDADE I

determinada linha de análise específica: gramática, linguística ou retórica. Ferdinand de Saussure


abordou a estilística como parte da linguística, com ênfase em recursos afetivo-expressivos.
Pierre Guiraud procurou explicar tais recursos por dois caminhos: linha estruturalista (ênfase na
expressão) e expressiva individual (compartilhada também por Vossler e Leo Spitzer). Especialistas
no assunto mesclam o tema com diferentes abordagens para definir a estilística. Tal divisão não se
mantém clara inclusive nos dias atuais.

Nadiajda Ferreira, redatora da revista Língua Portuguesa, produziu interessante artigo sobre
estilística, literatura e linguística.

A picuinha entre os linguistas e teóricos da literatura não começou ontem e


nem vai terminar amanhã. É bem provável, aliás, que as desavenças tenham
começado na Academia que primeiro resolveu dividir os objetos de estudos
das duas cátedras. Assim, os literatos nunca se cansaram de afirmar que os
linguistas, científicos demais, não eram capazes de apreciar toda a beleza e
profundidade espiritual tanto da poesia quanto da prosa. Os linguistas, por
sua vez, estão certos de que a melhor das piadas é aquela que relaciona a
quantidade de “Ik absinto” ingerida por um escritor e o nível de sanidade da
crítica que será feita pelos teóricos literários quando da publicação da obra.

Charles Bally, linguista suíço, era discípulo de Ferdinand de Saussure e, com


base em suas obras, iniciou teorizações estilísticas que preconizavam um
estudo afetivo da língua. De acordo com o linguista, o papel da estilística era
descrever o complexo sistema expressivo da língua, que nem a gramática
nem a literatura eram capazes de demonstrar em sua totalidade devido a suas
naturezas artificiais e estéticas. Para Bally, tanto a gramática normativa quanto
os estudos literários faziam parte da esfera intelectiva ou lógica da língua e,
portanto, estavam fora de seu campo de interesse. Eram as relações linguístico-
afetivas, a língua como organismo vivo, que interessariam a ele como objeto
do estudo do intelectual, tomando de Saussure o sistema impessoal de
funcionamento da língua e tratando de pesquisar os elementos emocionais
que transformavam a impessoalidade da língua na particularidade da fala.
No entanto, é importante salientar que os estudos de Bally não se dedicam à
fala individual, o que, segundo o autor, seria precário e metodologicamente
impraticável; suas pesquisas focavam os “fatos de expressão” de um idioma
particular de certa época, angariados da fala espontânea e natural do povo.
Uma vez que Bally exclui a fala individual do campo de estudo da estilística,
também não há espaço para uma análise estilística da literatura que, em
primeira instância, nada mais é do que uma expressão individual da língua. A
literatura ainda tem o agravante de que o uso da língua, no seu caso, se dá com
grande carga de intenção estética e no campo da mimese, não sendo, portanto,
espontâneo ou natural, mas artificial e imitativo.

No entanto, linguistas que usaram as bases teóricas lançadas por Bally, como
Jules Marouzeau e Marcel Cressot, discordavam da segregação entre os estudos
estilísticos e a teoria literária. O primeiro levou a estilística ao plano discursivo:

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UNIDADE I │ CONCEITO DE ESTILÍSTICA

a língua, para Marouzeau, é como um prato num restaurante selfservice. As


mesmas opções de alimentos estão disponíveis para todos os clientes, mas eles
preencherão os pratos conforme sua vontade, gosto e necessidade. Igualmente,
a língua é a mesma para todos os falantes de um determinado lugar, mas eles
a utilizam conforme suas sensibilidades e necessidades de expressão. Assim, o
estilo de alguém seria definido por quais expressões essa pessoa pinça da língua
quando precisa se expressar. Marouzeau, então, resolve introduzir a estilística
aos estudos literários. Segundo ele, a literatura é tão rica em expressões,
variações e recursos que nenhuma outra seara poderia ser mais próspera para
os estudos do estilo e dos estilemas. O que aproxima Marouzeau e Cressot
de Bally é que eles não se dedicaram a fazer análises individuais de obras
ou autores. Em vez disso, agruparam certos procedimentos literários que se
repetiam e criaram um método descritivo da linguagem literária, que, em tese,
ainda se encontrava mais na área da linguística do que na da literatura. É então
que se começa a atingir um meio termo entre os dois campos de conhecimento.

[...]

A partir dos estudos de Roman Jakobson, a estilística sofre outra guinada


e muda de objetivos. O estruturalista russo começa por romper com a
nomenclatura da ciência, alegando-a imprecisa. Assim, na obra de Jakobson,
o equivalente de estilística é a poética e o estilo é chamado de função poética.
Seu Linguística e Poética se tornou referência para todos os estudiosos das
relações da língua. Para Jakobson, que parece dar continuidade à tentativa
de Vossler de diminuir o idealismo crociano, a poética deve distinguir as
mensagens verbais artísticas das não artísticas. Assim, o que fosse artístico
seria do ramo de estudos da poética; o que fosse linguagem comum sobraria
para a linguística. É nesse contexto que Jakobson apresenta suas funções de
linguagem, que mais tarde se tornaram onipresentes em qualquer gramática
ou manual. Na teoria de Jakobson, a gramática deixa de ser um terreno estéril
e passa a ter papel preponderante na análise poética. Quando se centra nas
funções da linguagem, a estilística é chamada de funcional; quando se baseia
nas relações entre os elementos do texto, a estilística é estrutural.

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CAPÍTULO 1
Do conceito para a prática

As tarefas da estilística
Guirald

A tarefa mais urgente da estilística é a de definir seu objeto, sua natureza, seus
fins e seus métodos, começando pela própria noção de estilo. Reduzidas ao seu
denominador comum, as diversas concepções de estilo limitam-se à seguinte
definição: o estilo é o aspecto do enunciado que resulta da escolha dos meios
de expressão determinada pela natureza e intenções do indivíduo que fala ou
escreve.

Definição muito ampla, que engloba a expressão, seu aspecto, o sujeito falante, sua
natureza e suas intenções.

1. Os limites da expressão – as definições do estilo diferem, conforme se


tome a expressão no sentido mais amplo da palavra ou numa acepção
limitada.

a. A arte do escritor, que é o sentido tradicional, o emprego consciente de


meios de expressão com fins estéticos ou literários.

b. A natureza do escritor, a escolha espontânea, mais ou menos


inconsciente, por meio da qual se exprimem o temperamento e a
experiência do homem.

c. A totalidade da obra, que transcende a simples forma verbal e


compreende a atitude do homem na totalidade da sua situação.

2. Os limites dos meios de expressão – o estilo é o emprego dos “meios


de expressão”, termo este que pode ser tomado num sentido mais ou
menos restrito.

a. As estruturas gramaticais – sons, formas, palavras, construções.

b. Os processos de composição – forma dos versos, gêneros, descrição,


narração.

c. O pensamento em sua totalidade – temas, visões do mundo, atitudes


filosóficas.

3. A natureza da expressão – a comunicação linguística comporta diferentes


valores que se superpõem e traduzem, seja a atitude espontânea do
sujeito, seja o efeito que este quer produzir sobre seu interlocutor:

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UNIDADE I │ CONCEITO DE ESTILÍSTICA

a. Valores nocionais – o estilo pode ser claro, lógico, correto.

b. Valores expressivos – o estilo pode ser impulsivo, infantil, provincial.

c. Valores impressivos – o estilo pode ser imperioso, irônico, cômico.

4. As fontes de expressão – numa perspectiva vizinha de precedente e que


a confirma, poderemos distinguir:

a. Uma psicofisiologia da expressão – estilos segundo o temperamento, o


sexo, a idade; estilo bilioso (mal-humorado) ou melancólico.

b. Uma sociologia da expressão – estilo das diversas classes e profissões,


estilos provincianos.

c. Uma função da expressão – estilo literário, administrativo, legal, oratório.

5. O aspecto da expressão – da natureza e das fontes da expressão surge


nova série de definições puramente descritivas e baseadas sobre:

a. A forma da expressão – estilo elíptico, metafórico etc.

b. A substância da expressão, o pensamento – estilo terno, triste,


enérgico etc.

c. O sujeito que fala e sua situação – estilo arcaico, poético etc.

Após introdução conceitual sobre a estilística, pode-se examinar o tema em seu aspecto mais prático.
Como a estilística se faz presente nos textos? Castelar de Carvalho, em sua tese acadêmica com o
título Estilística e o Ensino de Português, exemplifica assim:

O efeito estilístico resulta não raro da singularidade, do desvio em relação


ao padrão normativo e da escolha diante das virtualidades oferecidas pelo
sistema. Por exemplo, Machado de Assis optou pelo desvio gramatical, para
poder reproduzir com fidelidade a fala do escravo Prudêncio em Memórias
póstumas de Brás Cubas (LXVIII): “É um vadio e um bêbado muito grande.
Ainda hoje deixei ele (e não deixei-o) na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo
na (e não à) cidade”. Outro exemplo pode ser apreciado neste passo de Vieira,
em que o autor, com o intuito de valorizar cada núcleo do sujeito composto,
preferiu deixar o verbo no singular: “Mas nem a lisonja, nem a razão, nem
o exemplo, nem a esperança bastava (e não bastavam) a lhe moderar
as ânsias”.

O poeta Carlos Drummond de Andrade, para enfatizar a importância do deus


Kom Unik Assão, não hesitou em transgredir a norma gramatical a respeito da
formação do plural: “Eis-me prostrado a vossos peses / Que sendo tantos todo
plural é pouco”. Lembremos, contudo, que só é estilístico o desvio que tem
finalidade expressiva.

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CONCEITO DE ESTILÍSTICA │ UNIDADE I

Maria Verônica Silva Vilariño Aguilera analisa os recursos de linguagem em poema de Carlos
Drummond de Andrade da seguinte forma.

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave?

Matéria-prima ou encantamento, a palavra carreia o universo de que nos fala o poeta (Penetra
surdamente no reino das palavras) e a que nos conduzem ambos: ela, a palavra, poesia em estado
latente; ele, o autor, que, por meio de seu texto, nos ajuda a penetrar nesse reino.

Drummond maneja as palavras com sensibilidade de amante e habilidade de virtuose. É como


se as recriasse. Nesse fazer de novo de que fala Rodrigues Lapa, o escritor se utiliza de muitos
recursos. Entendê-los é outra forma de recriar: o poeta nos oferece uma face do espelho; o que
ele vai refletir depende, em grande parte, de nosso próprio olhar, desse processo participativo e
cúmplice da leitura.

Na sua busca pela expressão, o autor interfere na forma e no significado da palavra, o mais das
vezes, combinando diferentes recursos de linguagem e num escopo maior que abrange o texto como
um todo.

A criação lexical é um dos aspectos relevantes nesse procedimento e, conforme nos mostram os
exemplos detectados em poemas e crônicas, verifica-se mediante processos codificados pela
gramática normativa ou por meio de inovações linguísticas introduzidas pelo autor.

Drummond se vale tanto dos processos de agregação (onde os principais são a composição
– formação de uma palavra nova a partir de outras duas ou mais, geralmente com sentido
diferenciado destas e a derivação – formação de palavras a partir de uma forma primitiva à
qual acrescentam-se prefixos ou sufixos), quanto de desagregação vocabular, por meio de
recursos diversos como o uso de sinais gráficos. No âmbito das palavras compostas, encontramos
casos de aglutinação, quando ocorre fusão ou maior integração dos radicais e de justaposição,
composição de radicais livres, em que persiste a individualidade dos componentes, traduzida,
na escrita, pela mera justaposição de um radical a outro, normalmente separados por hífen
e, na pronúncia, pela permanência do acento tônico em cada radical, sendo o último o
mais forte.

Observe o poema Retrato de Cecília Meireles e a análise dos recursos estilísticos feita por Alessandra
Almeida da Rocha em trabalho acadêmico.

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UNIDADE I │ CONCEITO DE ESTILÍSTICA

Retrato
Cecília Meireles 

Eu não tinha este rosto de hoje,


assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo
 
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
 
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– em que espelho ficou perdida
a minha face?

No início da leitura do poema Retrato, notamos também a presença da


primeira pessoa, o “eu” lírico descrevendo o seu próprio rosto, esse rosto que
ele não mais reconhece como sendo o seu, como nesse primeiro verso: Eu não
tinha esse rosto de hoje, a ideia é intensificada pelo advérbio de negação e pelo
pronome demonstrativo, que sugere a passagem de tempo, a transitoriedade
da vida; e a melancolia do “eu” lírico ao fazer esta constatação, continuando
no segundo verso, no qual há a repetição da palavra “assim”, que indica uma
mudança ocorrida tanto no íntimo, na personalidade, como em assim calmo,
assim triste, quanto fisicamente, “assim magro”.

O uso seguido da palavra “assim” dá um ritmo lento a esse verso, como se a


sugerida passagem fosse tranquila e quase imperceptível para o “eu” lírico.

Na terceira estrofe a constatação continua na percepção dos olhos tão vazios,


devido aos sofrimentos e experiências vividos e o lábio amargo, no quarto
verso dá continuidade a essa ideia. Ocorre uma anáfora, nome dado à figura
que resulta quando se repete a mesma palavra ou frase no começo de vários
versos, da palavra “nem” no início do terceiro e quarto versos desta primeira
estrofe, na qual o “eu” lírico continua reiterando a sua negação da percepção
de suas mudanças.

No primeiro verso da segunda estrofe, o “eu” lírico observa a mudança ocorrida,


nas suas mãos, partes significativas e simbólicas do corpo e que simbolizam
força e luta pela vida, no poema, esse hoje é sem força e já não se luta mais
como nos tempos remotos, passados. O “eu” lírico continua descrevendo-as

16
CONCEITO DE ESTILÍSTICA │ UNIDADE I

no segundo verso como tão paradas e frias e mortas, destacando-se o tom


melancólico. Novamente, nesse verso a repetição da conjunção “e” imprime
lentidão ao ritmo do verso e sugere a passagem da vida para morte.

Ainda nesta estrofe, no terceiro verso, o eu lírico descreve seu coração, metáfora
para os seus sentimentos, que, antes, eram mostrados, expostos e atualmente
estão retraídos, escondidos, como é dito no quarto verso.

Ocorre na segunda estrofe uma anáfora, com a expressão “eu não tinha” que
introduz o poema. É o “eu” lírico reafirmando a não percepção dessa passagem
de tempo, o que provoca um sentimento de perplexidade.

Na terceira estrofe, no primeiro verso, o “eu” lírico percebe e assume que mudou
fisicamente e interiormente e que isto foi tão simples, tão certa, tão fácil, como
se lê no segundo verso. Mais uma vez, o poeta fala-nos da transitoriedade da
vida, dessa “passagem” para outro lugar, passagem esta que é universal, pois
acontecerá com todos nós, sem saber quando, nem onde, e, mesmo assim,
ficamos surpresos com isto. Há a repetição da palavra “tão” mostrando a
certeza da evolução e o ritmo torna-se acelerado como a passagem da vida.

No penúltimo e último versos da última estrofe há um questionamento “eu”


lírico, que fica desejoso em saber em que momento ele perdeu a sua vitalidade.
O poeta fala isso no poema metaforicamente: “espelho” seria o lugar, o
momento; “face” seria a vida, a juventude.

Cecília Meireles, magnífica e liricamente, aborda o tema da passagem da vida


e da sua transitoriedade de maneira filosófica, universal e simples, influências
estas recebidas do grupo espiritualista ao qual pertenceu, o que aparece em
toda a sua obra.

Sobre essa transitoriedade e fugacidade do tempo, Darcy Damasceno, em


Poesia do Sensível e do Imaginário, afirma: “Contínuo latejar, a consciência
da fugacidade não apenas se torna a mola mestra do lirismo, como, por
ansioso esforço de apreensão do fugidio, busca no concreto as amarras dos
fios imaginativos”.

Observamos neste poema a gradação que ocorre nestes versos:

assim calmo, assim triste, assim magro

tão paradas e frias e mortas

tão simples, tão certa, tão fácil

Essas gradações sugerem a evolução, a passagem de tempo do poema.

Em dois momentos ocorre o cavalgamento:

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

17
UNIDADE I │ CONCEITO DE ESTILÍSTICA

– Em que espelho ficou perdida


a minha face?

Ocorre a sugestão ou a impressão de que o “eu” lírico fez uma pausa no seu
pensamento ao constatar todas as mudanças ocorridas.

Ocorrem cesuras nos seguintes exemplos:

Eu não tinha / este rosto de hoje


Eu não tinha / estas mãos sem força
Eu não tinha / este coração
Eu não dei / por esta mudança

Este recurso nos sugere a conscientização do “eu” lírico, da sua mudança lenta
e gradual.

É interessante ressaltar que o poeta faz um jogo com as palavras “magro” (o


segundo verso, primeira estrofe) e “amargo” (quarto verso, primeira estrofe). As
letras da primeira aparecem inseridas e na segunda, como se o final da existência
estivesse por pouco tempo e isso o deixa amargurado. Isto ocorre novamente em
“mortas” (segundo verso, segunda estrofe) e “mostra” (quarto verso, segunda
estrofe), significando que a morte sempre se mostra em nossa vida.

O poeta segue a estrutura de três estrofes e cada uma delas é composta por
quatro versos, resquícios da influência simbolista e sua forma tradicional,
nunca abandonadas por Cecília.

Ela utiliza principalmente de assonâncias de /e/ e /o/:

Eu não tinha este rosto de hoje


nem estes olhos tão vazios

Dando-nos um sentimento e uma ideia de melancolia permanente. Usa


também de aliteração de /r/ em:

tão paradas e frias e mortas

Nesses versos indica-se o grande obstáculo que é a morte. Nota-se a


musicalidade presente, fato característico no poema.

Também notamos as impressões sensoriais sugeridas no poema,


principalmente a imagem visual que surge com o uso das palavras “rosto”,
“calmo”, “triste”, “magro”, “olhos”, “lábio”, “mãos”, “espelho”, “face” e a
imagem do paladar e do tato em “amargo”, “força”, “parada”, “fria”, “morta”,
sugerindo que o corpo demonstra toda sua tristeza, toda a sua “passagem”
desta vida para o desconhecido.

O título Retrato se encaixa perfeitamente ao poema porque a palavra simboliza


algo estático, parado, eternizado e o “eu” lírico ansiava se eternizar, porém o

18
CONCEITO DE ESTILÍSTICA │ UNIDADE I

tempo não permitiu e, por isso, ao final do poema se indaga em que momento
de sua vida a sua juventude foi eternizada pela imobilidade, como acontece nos
álbuns de família.

Análise estilística na propaganda


A propaganda faz uso constante da estilística. A necessidade de, em poucas palavras, expressar
conteúdo a ser fixado pelo receptor exige grande conhecimento e habilidade do criador do texto.
Citaremos alguns exemplos retirados do texto “Recursos da função poético-estética na publicidade”,
de Giulia Fedrizzi, Nathália Vasconcellos e Renata Castro.

O anúncio dos absorventes Always traz a sentença “evita vazamento em


qualquer movimento”. A repetição dos fonemas “mento”, nas duas palavras
que traduzem a ideia central da frase, vazamento e movimento, caracteriza a
figura de linguagem da rima.

A rima foi a figura de linguagem mais utilizada no início da publicidade


brasileira. Seu uso se dava graças à facilidade de memorização que ela
agregava a frase. Ainda hoje, sua eficácia é percebida, pois a rima continua
sendo muito utilizada.

O exemplo acima caracteriza bem essa situação, visto que, ao utilizar a rima,
o anúncio torna-se sonoramente mais agradável, sendo de fácil memorização.
Além disso, é possível perceber que geralmente a rima traz consigo, um ritmo
natural, uma musicalidade, que também pode ser percebida na peça Always.

[...]

O anúncio das sandálias Gooc fine, através da frase “Seja diferente, seja
consciente, use”, faz uso da figura de linguagem da aliteração. Essa é
caracterizada pela repetição dos fonemas consonantais, “n” e “t”, nas duas
palavras centrais da frase, “diferente” e “consciente”.

Apesar da predominância da aliteração no anúncio, é possível encontrar outras


figuras de linguagem, como a rima e a anáfora. A rima pode ser percebida nas
palavras “diferente” e “consciente” através da repetição do fonema “ente”. A
anáfora pode ser percebida pela repetição da primeira palavra no início de
cada frase: “Seja diferente” e “Seja consciente”. Esta também é muito utilizada
na literatura em geral, principalmente na poesia.

19
CAPÍTULO 2
Principais recursos estilísticos

A estilística vem complementar a gramática.

Mattoso Câmara Jr.

Níveis de linguagem
A linguagem pode ser classificada em relação a seu contexto social e cultural. Certamente, você não
escreveria da mesma forma um texto para um adulto e para uma criança. São pessoas com capacidade
de entendimento diferente. Também o seu texto deve ser diferente para cada um deles. É necessário,
assim, preocupar-se e muito com quem receberá o seu texto. Veja, a seguir, os diferentes níveis.

Linguagem formal, culta ou padrão: utilizam-na as classes intelectuais da sociedade, mais


na forma escrita e menos na oral. É de uso nos meios diplomáticos e científicos; nos discursos e
sermões; nos tratados jurídicos e nas sessões do tribunal. O vocabulário é rico e são observadas as
normas gramaticais em sua plenitude.

O Supremo Tribunal Federal determinou o bloqueio imediato dos bens de todos


os diretores envolvidos no escândalo do Banco do Brasil. A priori, a instituição
deverá prestar contas dos gastos de seis diretorias que foram aliciadas por meio
de propina para a liberação de verbas a agências publicitárias.

Linguagem coloquial, oral ou informal: utilizada pelas pessoas que falam e (ou) escrevem
com mais espontaneidade. É a linguagem do rádio, da televisão, meios de comunicação de massa
tanto na forma oral quanto na escrita. Emprega-se o vocabulário da língua comum, e a obediência
às disposições gramaticais é relativa, permitindo-se até mesmo construções próprias da linguagem
oral. Observe um texto coloquial.

Brother, dentro dessa nova edição do Concurso 500 testes tem tudo para que
minha prova role na maior. Só de português são mais 800 questões. Ah, tem
uma lista de livros e dicas para todos ficarem por dentro do que é moleza que
caiu na prova. Vou encarar este estudo.

Elementos da comunicação
Emissor – emite, codifica a mensagem.

Receptor – recebe, decodifica a mensagem.

Mensagem – conteúdo transmitido pelo emissor.

Código – conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem.

20
CONCEITO DE ESTILÍSTICA │ UNIDADE I

Referente – contexto relacionado a emissor e receptor.

Canal – meio pelo qual circula a mensagem.

Sentido denotativo e conotativo


Sentido denotativo: é o uso de um termo em seu sentido primeiro, real, do dicionário. Ao
pensarmos em joia, logo nos vem ao pensamento uma pedra preciosa ou algo semelhante.

Sentido conotativo: é o uso de um termo em seu sentido figurado. Ao caracterizar alguém como
uma pessoa joia, houve uma transferência de sentido facilmente compreensível, mas inadequada
para um concurso.

Funções da linguagem
O modelo a seguir foi proposto por Roman Jakobson.

Função emotiva (ou expressiva): centralizada no emissor, revela sua opinião, sua emoção.
Nela, prevalece a 1a pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias,
memórias, poesias líricas e cartas de amor.

Função referencial (ou denotativa): centralizada no referente, quando o emissor procura


oferecer informações da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do
singular. Linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos.

Função apelativa (ou conativa): centraliza-se no receptor; o emissor procura influenciar o


comportamento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou
o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativos. Usada nos discursos, sermões e propagandas
que se dirigem diretamente ao consumidor.

Função fática: centralizada no canal, tem como objetivo prolongar ou não o contato com o
receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem das falas telefônicas, saudações e similares.

Função poética: centralizada na mensagem, revela recursos imaginativos criados pelo emissor.
Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a
linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, algumas propagandas etc.

Função metalinguística: centralizada no código, usa a linguagem para falar dela mesma. A poesia
que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os
dicionários são repositórios de metalinguagem.

Gêneros literários
Romance: possui um núcleo principal, mas outras tramas se desenvolvem também. É um texto longo,
tanto na quantidade de acontecimentos narrados quanto no tempo em que se desenrola o enredo.

21
UNIDADE I │ CONCEITO DE ESTILÍSTICA

Novela: é uma narrativa menos longa que o romance e se utiliza de menos enredos paralelos.

Conto: é uma narrativa curta. O tempo em que se passa é reduzido e contém poucas personagens
que existem em função de um núcleo.

Crônica: por vezes é confundida com o conto. A diferença básica entre os dois é que a crônica narra
fatos do dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o
desenrolar dos fatos.

Fábula: é semelhante a um conto em sua extensão e estrutura narrativa. O diferencial se dá,


principalmente, no objetivo do texto, que é o de dar algum ensinamento, uma moral. Outra diferença
é que as personagens são animais, mas com características de comportamento e socialização
semelhantes às dos seres humanos.

Parábola: é a versão da fábula com personagens humanas. O objetivo é o mesmo, o de ensinar


algo. Para isso são utilizadas situações do dia a dia das pessoas.

Apólogo: é semelhante à fábula e à parábola, mas pode utilizar-se das mais diversas e alegóricas
personagens: animadas ou inanimadas, reais ou fantásticas, humanas ou não. Da mesma forma que
as outras duas, ilustra uma lição de sabedoria.

Anedota: é um tipo de texto produzido com o objetivo de motivar o riso. É geralmente breve e
depende de fatores como entonação, capacidade de oratória do intérprete e até representação. Nota-
se, então, que o gênero se produz na maioria das vezes na linguagem oral e pode ocorrer também
em linguagem escrita.

Lenda: é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais; sendo assim, a realidade
dos fatos e a fantasia estão diretamente ligadas. A lenda é sustentada por meio da oralidade, torna-
se conhecida e só depois é registrada por meio da escrita. O autor, portanto, é o tempo, o povo e a
cultura. Normalmente fala de personagens conhecidas, santas ou revolucionárias.

Editorial: os editoriais são textos de uma publicação periódica em que o conteúdo expressa a
opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação, sem a obrigação de se ater a nenhuma
imparcialidade ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminado
para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras páginas internas.

Tipos de discursos
Direto: o narrador reproduz a fala da personagem por meio das palavras dela.

Ele afirmou: “Não sei se conseguirei!”

Indireto: o narrador usa suas palavras para reproduzir uma fala de outrem.

Ele afirmou que não sabe se conseguirá.

Indireto-livre: o narrador produz um texto em que retira propositadamente o conectivo,


provocando um elo psicológico no discurso. A fala da personagem (que seria um discurso direto,

22
CONCEITO DE ESTILÍSTICA │ UNIDADE I

mantém suas características diretas) é desenvolvida como parte do texto narrativo do narrador e
não da própria personagem.

Ele afirmou que não era cachorro. Quem ele pensa que é? Quem ele pensa que sou?

Figuras de linguagem ou figuras de estilo


Figuras de linguagem (Brasil) ou figuras de estilo (Portugal) são recursos literários que o autor
pode aplicar no texto para conseguir um efeito determinado na interpretação do leitor. São formas
de expressão mais localizadas em comparação às funções da linguagem, que são características
globais do texto. Podem relacionar-se com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos das
palavras afetadas. Por exemplo: Tenho-lhe chamado um milhão de vezes! (exemplo de hipérbole).

As figuras de sintaxe (estilística da frase e da enunciação) podem ser construídas por:

Assíndeto: orações ou palavras que deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem
justapostas ou separadas por vírgulas: Fere, mata, derriba denodado.

Elipse: omissão de um termo facilmente percebido: O jogo será no Morumbi.

Zeugma: termo já expresso no contexto. É um tipo de elipse: José tem 30 anos; Maria, 25.

Anáfora: repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou verso: Grande no


pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só.

Pleonasmo: repetição da mesma ideia, isto é, redundância de significado: morrerás morte vil.
Saiu para fora.

Polissíndeto: repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma
gramatical (geralmente a conjunção e): Vão chegando as burguesinhas pobres, e as criadas das
burguesinhas ricas e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.

Hipérbato: inversão de membros da frase: Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.

Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a sequência
lógica. A construção do período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem função
sintática definida: Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.

Silepse: a concordância não é feita com as palavras, mas com a ideia a elas associada.

a. Silepse de gênero: discordância entre os gêneros gramaticais: São Paulo é poluída.

b. Silepse de número: discordância envolvendo o número gramatical: Esta gente


está furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo.

c. Silepse de pessoa: discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: Ambos


recusamos praticar este ato.

23
UNIDADE I │ CONCEITO DE ESTILÍSTICA

Figuras de pensamento
As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao
seu aspecto semântico.

Antítese: aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos: Amigos e inimigos estão,


amiúde, em posições trocadas.

Paradoxo: não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas de ideias que se
contradizem. É uma verdade enunciada com aparência de mentira: O mito é o nada que é tudo.

Eufemismo: palavra ou expressão empregada para atenuar uma verdade tida como penosa,
desagradável ou chocante: Passou desta para uma melhor.

Gradação: sequência de palavras que intensificam uma mesma ideia: Ele caminhou, correu,
disparou.

Hipérbole: exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto:
Rios te correrão dos olhos, se chorares!

Ironia: pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que
as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica: Moça linda, bem
tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor.

Prosopopeia: atribuir movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres
animados a seres inanimados ou imaginários: Um frio inteligente [...] percorria o jardim... .

Perífrase/Antonomásia: uso de características para expressar uma ideia: O rei dos animais
rugia alto diante da ameaça.

Figuras de palavras
As figuras de palavras consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele
convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.

Comparação: estabelecer aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por
conectivos comparativos explícitos – feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem
– alguns verbos – parecer, assemelhar-se e outros: Ela é bonita como você.

Metáfora: termo substitui outro por meio de uma relação de semelhança resultante da subjetividade
de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o
conectivo não está expresso, mas subentendido: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.

Metonímia: relação lógica por meio de extensão do significado: Comprei Machado de Assis.

Catacrese: uso de um termo inadequado por esquecimento ou falta do termo original: folha de
papel, braço da carteira.

24
CONCEITO DE ESTILÍSTICA │ UNIDADE I

Figuras de harmonia
Aliteração: repetição da mesma consoante ou de consoantes similares, geralmente em posição
inicial da palavra: Chove chuva choverando.

Assonância: repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema: Sou Ana, da cama, da
cana, fulana, bacana. Sou Ana de Amsterdam.

Onomatopeia: repetição ou sugestão de um som: miau, au-au.

25
COMPETÊNCIA Unidade iI
TEXTUAL

Em literatura o estilo é como o álcool para os corpos embalsamados: conserva-a.


Toda a literatura que resiste à corrosão do tempo deve-o ao estilo. Homero, Cícero,
Shakespeare, Camões, Voltaire, Tolstoi foram grandes estilistas. Quer isto dizer que o
estilo seja uma arte? De modo algum. Mas sem estilo nenhuma obra se salva.

Acresce que a nossa língua está tão pouco clarificada que apenas pensa com
precisão e justeza quem escreve correctamente. Julgar que em nome duma postiça
originalidade ou evidenciação do humano haja de se abolir a técnica é pueril. E fazer
tábua rasa da experiência adquirida no domínio da expressão não pode deixar de
representar um inútil, inglório e malogrado intento. A palavra é como o mármore
na estátua; dar a essa matéria semblante de vida, curvas voluptuosas, sombras
quentes, frémito, solidez, eis o difícil objectivo que não se alcança de golpe. Com
verbo desordenado, segundo a flux apocalíptica da imaginação, só poderá obter-se
uma turva e destrambelhada arte.

Aquilino Ribeiro (escritor português)

Fazer uso competente da língua é capacidade de ler e habilidade de produzir adequadamente textos
diversos, produzidos em situações diferentes e sobre diferentes temas. Pensar em texto é pensar em
nossa vida diária. Sempre estamos envolvidos em leituras, escritas, observações e análises. Quantas
decisões importantes não dependem, única e exclusivamente, de uma boa leitura ou redação de
texto? A premissa para o bom uso de recursos estilísticos é dominar os critérios básicos de leitura e
produção de texto.

CAPÍTULO 1
Leitura

A importância da leitura
Maria Carolina (professora de língua portuguesa e redação)

A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que


começamos a “compreender” o mundo à nossa volta. No constante desejo de
decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo

26
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no


contato com um livro, enfim, em todos estes casos, estamos, de certa forma, lendo –
embora, muitas vezes, não nos demos conta.

A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas


significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. Segundo Angela Kleiman,
a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo
transformar-se em mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão
semântica dos mesmos.

Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns


conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário
e regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e
conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal
do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê
é alcançada, esses diversos tipos de conhecimento estão em interação. Logo,
percebemos que a leitura é um processo interativo.

Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio de mundo para a


compreensão da leitura, podemos inferir o caráter subjetivo que essa atividade
assume. Conforme afirma Leonardo Boff, cada um lê com os olhos que tem.
E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para
entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua
visão de mundo. Isto faz da leitura sempre uma releitura. [...] Sendo assim, fica
evidente que cada leitor é coautor.

A partir daí, podemos começar a refletir sobre o relacionamento leitor-texto. Já


dissemos que ler é, acima de tudo, compreender. Para que isso aconteça, além dos já
referidos processamento cognitivo da leitura e conhecimentos prévios necessários
a ela, é preciso que o leitor esteja comprometido com sua leitura. Ele precisa manter
um posicionamento crítico sobre o que lê, não apenas passivo. Quando atende a
essa necessidade, o leitor se projeta no texto, levando para dentro dele toda sua
vivência pessoal, com suas emoções, expectativas, seus preconceitos etc. É por isso
que consegue ser tocado pela leitura.

Assim, o leitor mergulha no texto e se confunde com ele, em busca de seu sentido.
Isso é o que afirma Roland Barthes, quando compara o leitor a uma aranha: “o texto
se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido –
nessa textura –, o sujeito se desfaz nele, qual uma aranha que se dissolve ela mesma
nas secreções construtivas de sua teia”.

Dessa forma, o único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor; é ele
mesmo quem constrói as imagens acerca do que está lendo. Por isso ela se revela
como uma atividade extremamente frutífera e prazerosa. Por meio dela, além de
adquirirmos mais conhecimentos e cultura – o que nos fornece maior capacidade
de diálogo e nos prepara melhor para atingir às necessidades de um mercado de

27
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

trabalho exigente –, experimentamos novas experiências, ao conhecermos mais do


mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos, já que ela nos leva à reflexão.

E refletir, sabemos, é o que permite ao homem abrir as portas de sua percepção.


Quando movido por curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem se renova
constantemente, tornando-se cada dia mais apto a estar no mundo, capaz de
compreender até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está
inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo e seu horizonte de expectativas.

Desse modo, a leitura se configura como um poderoso e essencial instrumento


libertário para a sobrevivência do homem.

Há, entretanto, uma condição para que a leitura seja de fato prazerosa e válida: o
desejo do leitor. Como afirma Daniel Pennac, “o verbo ler não suporta o imperativo”.
Quando transformada em obrigação, a leitura se resume a simples enfado. Para
suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac prescreve alguns direitos
do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou,
até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da mesma forma, passa
a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo indissociável. A leitura
passa a ser um imã que atrai e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele, por
sua vez, não deseja desprender-se.

Leitura
Quando se diz que se deve saber ler, essa afirmação pode parecer banal, a não ser que esclareça
melhor o sentido da expressão “saber ler”. Ler adequadamente é mais do que ser capaz de
decodificar as palavras ou combinações linearmente ordenadas em sentenças. Deve-se “enxergar”
todo o contexto denotativo e conotativo. É necessário compreender o assunto principal, suas causas
e consequências, críticas, argumentações, polissemias, ambiguidades, ironias etc.

Ler adequadamente é resultado da consideração de dois tipos de fatores: os propriamente linguísticos


e os contextuais, que podem ser de natureza bastante variada. Bom leitor, portanto, é aquele capaz
de integrar esses dois tipos de fatores. Isso permitirá que se entenda profundamente a intenção do
autor ao escrever.

Unidade
Um texto só pode ser considerado como tal se possuir uma unidade de entendimento. A simples
expressão não caracteriza o texto em si. A origem do termo “texto” está relacionada a “novelo”, ou
seja, um emaranhado de assuntos. Assim, todo o texto perpassa uma ideia maior desenvolvida em
partes. Observe como isso se dá no texto a seguir.

Destruir a natureza é a forma mais fácil de o homem se aniquilar da face


da terra. Dizimando certas espécies de animais, por exemplo, interfere na

28
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

cadeia alimentar, causando desequilíbrios que produzirão a extinção de seres


essenciais à harmonia do planeta. Jogando diariamente toneladas de produtos
químicos poluentes, o ser humano causa a destruição do meio ambiente.

Perceba que o texto anterior está dividido em três períodos, cada um com uma ideia específica. No
entanto, o tema principal é a destruição do meio ambiente. Aí está a unidade.

Clareza
Clareza é mecanismo relevante do qual o autor deve valer-se para construir um texto facilmente
compreensível pelo leitor.

Coerência
Coerência é a lógica e a organização da estrutura do texto. Ela envolve o texto como um todo de forma
que o leitor o entenda. O primeiro aspecto a ser observado é em relação à organização. Observe o
texto a seguir.

A cidade do Rio de Janeiro já foi sede de três representações significativas do


poder público: prefeitura municipal, governo estadual e governo federal. O
governo estadual [...]. A prefeitura municipal [...]. O governo federal [...].

O autor citou as três sedes em ordem crescente e abordou de forma desorganizada. Ocorreu, dessa
forma, falha de coerência.

O segundo aspecto em relação à coerência está na lógica. Observe o trecho a seguir.

Brasília é a melhor cidade do Brasil. A qualidade de vida apresenta dados que


se destacam no cenário nacional: baixa criminalidade, alto poder aquisitivo e
boas opções de lazer. Também o clima propicia agradáveis dias durante o ano
inteiro. Infelizmente, muitas pessoas que moram aqui reclamam dos preços
cobrados nos aluguéis de apartamentos apertados.

O parágrafo aborda inicialmente uma visão positiva em relação à cidade e, no final, explora uma
ideia contrária à ideia principal.

Relações lógicas no texto: a coerência


e a coesão
A coerência e a coesão são os tijolos que unem as partes de um texto. É justamente a coesão que
une as ideias no texto. Geralmente, ela ocorre com conectivos (portanto, porque, pois, conquanto
etc.). Alguns autores a dividem em gramatical e lexical (referencial). O candidato pode ter certeza
de encontrar perguntas relacionadas ao assunto em qualquer concurso. Observe alguns elementos
de coesão gramatical e referencial.

29
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

Conjunção: O candidato estudou muito, portanto passou.

Pronome relativo: O candidato que estudou passou.

Perífrase, antonomásia, epítetos: ocorre com o uso de um termo ou expressão que se relaciona
à ideia anteriormente apresentada.

Brasília é uma cidade muito boa. A capital do Brasil apresenta uma qualidade de vida que se
destaca em todo o Brasil.

Xuxa apresentará novo programa. A rainha dos baixinhos pretende inovar com um musical.

Nominalização: um substantivo é empregado no sentido de um verbo já usado.

O candidato estudou a noite inteira. O estudo o encheu de esperança.

Repetição vocabular: como o nome diz, é o uso de termos repetidos.

O Congresso acusou o governo de descontrole nos gastos. No entanto, o governo se defendeu no


mesmo dia.

Um termo síntese: uso de uma expressão que resume a ideia anterior.

Doação ilegal de verbas públicas, compras de deputados e senadores, diversas irregulares – o


mensalão não pode ocorrer em nosso país.

Pronomes: tipo de coesão muito empregado.

Isabela e Rosa chegaram. Esta tem 29 anos; aquela, 4.

Conheço o rapaz que acabou de chegar.

Numerais: eles podem se relacionar a outras ideias no texto.

O deputado afirmou duas coisas: a primeira era que não iria renunciar. A segunda, que tudo
era mentira.

Advérbios: também os advérbios podem retomar ou antecipar ideias.

Morarei em Portugal. Lá, conheci uma linda mulher.

Elipse: omissão de um termo ou expressão que pode ser facilmente depreendida em seu sentido
pelas referências do contexto.

Lígia abriu o armário e encontrou seu livro.

Repetição de parte do nome próprio: para não repetir o nome inteiro, recorre-se a uma parte
que faça referência.

Li Machado de Assis ontem. Machado é realmente sensacional.

30
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

Metonímia: relação lógica entre ideias por extensão.

O Congresso acusou o governo de descontrole nos gastos. O Planalto se defendeu no mesmo dia.

Termo anafórico: quando o item de referência retoma um signo já expresso no texto.

Maria é excelente amiga. Ela sempre me deu provas disso.

Termo catafórico: quando o item de referência antecipa um signo ainda não expresso no texto.

Só desejo isto: que você não se esqueça de mim.

Sinônimo: é obtido pela reiteração de itens lexicais idênticos ou que possuem o mesmo referente.

Lucas é meu filho mais velho. Meu primogênito é muito inteligente.

Fernando Henrique Cardoso não tem dado muitas entrevistas. O ex-presidente prefere o silêncio.

Hiperônimo: quando o termo mantém com o referente uma relação todo-parte, classe-elemento.

Pedro comprou uma moto. O veículo é branco com faixa azul.

Hipônimo: quando o termo mantém com o referente uma relação parte-todo, elemento-classe.

Gosto muito de cidades grandes. São Paulo é maravilhosa.

Na fazenda, tenho muitos animais. Tenho uma vaca grande.

A linguagem
A linguagem surgiu da necessidade de expressão e comunicação. Pode-se afirmar que ela é a forma
propriamente humana da comunicação, da relação com o mundo e com os outros, da vida social e
política, do pensamento e das artes.

O estudo da linguagem sempre fascinou filósofos e estudiosos de diversas correntes. Por exemplo,
Aristóteles defendia a ideia de que o homem é um animal político, pois, embora outros animais
tenham voz, apenas o ser humano tem a capacidade de exprimir valores que viabilizam vida social
e política. Em nosso material, no entanto, abordaremos a questão voltada para concursos públicos.

Nosso conceito será o de destacar a linguagem como um sistema de sinais usados para indicar a
função comunicativa entre pessoas e para a expressão de ideias, valores, intenções e sentimentos.

Quanto às características, podemos extrair as seguintes afirmações em relação à linguagem:

a. é um sistema estruturado com princípios próprios;

b. possui signos ou sinais;

c. possui palavras que têm função de apontar coisas que elas significam – função
indicativa ou denotativa;

31
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

d. tem uma função comunicativa – mediante palavras estabelecemos relações com os


outros seres humanos;

e. exprime pensamentos, sentimentos e valores – função conotativa ou de


conhecimento e expressão.

f. permite a compreensão e interpretação do contexto social, econômico e cultural.

Linguagem simbólica e conceitual


A linguagem simbólica opera por analogias e por metáforas; realiza-se como imaginação; é inerente
aos mitos, à religião, à poesia, ao romance, ao teatro; fascina e seduz, por ser fortemente emotiva
e afetiva; oferece imagens ou sínteses imediatas; oferece palavras polissêmicas, ou seja, carregadas
de múltiplos sentidos simultâneos e diferentes, tanto sentidos semelhantes e em harmonia quanto
sentidos opostos e contrários; faz a criação de um outro mundo, análogo ao nosso, porém mais belo ou
terrível do que o real; destaca a memória e imaginação, focalizando um futuro ou passado possíveis.

A linguagem conceitual procura dar às palavras sentido direto e não figurado, evitando analogia
(semelhança entre palavras e sons) e metáfora (uso de palavras para substituir outras, criando
sentido poético para expressão do sentido); evita uso de palavras carregadas de múltiplos sentidos,
procurando fazer com que cada palavra tenha sentido próprio e que seu sentido vincule-se ao
contexto no qual a palavra é empregada; procura convencer e persuadir por meio de argumentos,
raciocínios e provas; busca definir o mundo real, decifrando-o e superando as aparências; busca
focalizar o presente, a atualidade.

Praticando

1. Leia o texto a seguir e assinale a opção que dá sequência com coerência e coesão.

Em nossos dias, a ética ressurge e se revigora em muitas áreas da sociedade industrial


e pós-industrial. Ela procura novos caminhos para os cidadãos e as organizações,
encarando construtivamente as inúmeras modificações que são verificadas no
quadro referencial de valores. A dignidade do indivíduo passa a aferir-se pela
relação deste com seus semelhantes, muito em especial com as organizações de
que participa e com a própria sociedade em que está inserido.

(José de Ávila Aguiar Coimbra, Fronteiras da ética, São Paulo, Editora Senac, 2002)

a. A sociedade moderna, no entanto, proclamou sua independência em


relação a esse pensamento religioso predominante.

b. Mesmo hoje, nem sempre são muito claros os limites entre essa moral e a
ética, pois vários pensadores partem de conceitos diferentes.

c. Não é de estranhar, pois, que tanto a administração pública quanto


a iniciativa privada estejam ocupando-se de problemas éticos e suas
respectivas soluções.

32
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

d. A ciência também produz a ignorância na medida em que as


especializações caminham para fora dos grandes contextos reais, das
realidades e suas respectivas soluções.

e. Paradoxalmente, cada avanço dos conhecimentos científicos,


unidirecionais produz mais desorientação e perplexidade na esfera das
ações a implementar, para as quais se pressupõe acerto e segurança.

2. Marque o elemento coesivo que estabelece a relação lógica entre as ideias


apresentadas neste texto adaptado de Darcy Ribeiro. Depois escolha a sequência
correta.

I. O Brasil foi regido primeiro como uma feitoria escravista, exoticamente


tropical, habitada por índios nativos e negros importados. ________,
como um consulado, em que um povo sublusitano, mestiçado de sangues
afros e índios, vivia o destino de um proletariado externo dentro de uma
possessão estrangeira.

X Paralelamente

Y Depois

II. Os interesses e as aspirações do seu povo jamais foram levados em conta,


_______ só se tinha atenção e zelo no atendimento dos requisitos de
prosperidade da feitoria exportadora.

X aonde

Y porque

III. Essa primazia do lucro sobre a necessidade gera um sistema econômico


acionado por um ritmo acelerado de produção do que o mercado externo
exigia, com base numa força de trabalho afundada no atraso, famélica,
_______ nenhuma atenção se dava à produção e reprodução das suas
condições de existência.

X pois

Y cuja

IV. ________, coexistiram sempre uma prosperidade empresarial, que às


vezes chegava a ser a maior do mundo, e uma penúria generalizada da
população local.

X Em consequência

Y Senão

V. Alcançam-se, _______, paradoxalmente, condições ideais para a


transfiguração étnica pela desindianização forçada dos índios e pela

33
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

desafricanização do negro, que, despojados de sua identidade, se veem


condenados a inventar uma nova etnicidade englobadora de todos eles.

X ao contrário

Y assim

a. X, X, Y, X, Y
b. Y, X, X, Y, X
c. X, Y, X, Y, Y
d. X, Y, Y, Y, X
e. Y, Y, X, X, Y

3. Marque o item em que os dois períodos formam uma sequência coerente e coesa.

a. Na virada do século XX ao XXI, um dos grandes modismos concentrou-se


na chamada globalização, apesar de há muito os historiadores tratarem
de outras muito anteriores.

Paradoxalmente, toda civilização, produto de uma ou mais culturas, tende


a transbordar ao criar seu ecúmeno, seu universo de interior a exterior.

b. Cada globalização caracteriza-se pela tecnologia, meios de produção


usados, não só da cultura material, também da intelectual, interagindo
uma na outra.

Ainda que a lista seja grande, vem da China à Índia, às principais cidades
gregas, à Roma, aos mongóis, aos muçulmanos, de início árabes.

c. Em suas campanhas hegemônicas, até certo ponto previsíveis, nem por


isso aceitáveis por seus alvos, especialistas estadunidenses em países
estrangeiros, esmeram-se em condenar, por exemplo, o patrimonialismo
de outras sociedades, para assim ainda mais miná-las e enfraquecê-las.

Enquanto os mesmos especialistas nada dizem, nem escrevem, contra o


familismo econômico e político dentro dos Estados Unidos a ponto de
dois presidentes fazerem presidentes seus filhos: John Adams a John
Quincy Adams e George Bush a George W. Bush.

d. Quanto aos Estados, produtos e protetores das culturas e civilizações


que os geraram, eles não têm amigos, nem inimigos, e sim aliados e
adversários, em alianças, conflitos e alianças cambiantes.

Porquanto, as culturas, o que somos, e as civilizações, seus produtos, o que


fazemos, convivem – coexistindo, lutando entre si ou convivendo – em
ciclos menos ou mais longos conforme suas resistências e fecundidade.

e. A defesa da biosfera está no cerne da questão por motivos tão óbvios


porém que tanto tardaram a ser entendidos e atendidos: o planeta Terra,

34
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

no qual a maior parte é água e ar, o planeta Terra é a espaçonave na qual


a humanidade viaja.

f. A maior dessa participação política faz parte do referido e fundamental


esforço humanista e estratégico, um em nada excluiu o outro, antes se
completam indissoluvelmente.

4. As propostas abaixo dão seguimento coerente e lógico ao trecho citado, exceto


uma delas. Aponte-a.

“Provavelmente devido à proximidade com os perigos e a morte, os marinheiros dos


séculos XV e XVI eram muito religiosos. Praticavam um tipo de religião popular em
que os conhecimentos teológicos eram mínimos e as superstições muitas”.

a. Entre essas, figuravam o medo de zarpar numa sexta-feira e o de olhar


fixamente para o mar à meia-noite.

b. Cristóvão Colombo, talvez o mais religioso entre todos os navegantes,


costumava antepor a cada coisa que faria os dizeres: “Em nome da
Santíssima Trindade farei isto”.

c. Apesar disso, os instrumentos náuticos representavam progressos para


a navegação oceânica, facilitando a tarefa de pilotos e aumentando a
segurança e confiabilidade das rotas e viagens.

d. Nos navios, que não raro transportavam padres, promoviam-se rezas


coletivas várias vezes ao dia e, nos fins de semana, serviços religiosos
especiais.

e. Constituíam expressão da religiosidade dos marinheiros constantes


promessas aos santos, individuais e coletivas.

5. Considere o seguinte período: “Na década de 1940, éramos não só atrasados, como
não achávamos nada de mais em sê-lo”. Assinale a opção cuja reescrita mantém o
sentido do período.

a. Na década de 1940, como éramos atrasados, não achávamos nada de


mais em sê-lo.

b. Éramos atrasados na década de 1940. Por isso não achávamos nada de


mais em sê-lo.

c. Na década de 1940, embora fôssemos atrasados, não achávamos nada de


mais em sê-lo.

d. Éramos tão atrasados na década de 1940 que não achávamos nada de


mais em sê-lo.

e. Na década de 1940, além de sermos atrasados, não achávamos nada de


mais em sê-lo.

35
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

6. Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.

“A jubarte é uma baleia que mede até 15 metros de comprimento. Ela chega a
pesar 45 toneladas. Ela está ameaçada de extinção em todo o mundo. Ela passou
novamente a ser vista no arquipélago de Abrolhos. O arquipélago de Abrolhos fica
ao sul do litoral da Bahia”.

Assinale a opção que melhor conserva o sentido do texto original.

a. Ameaçada de extinção em todo o mundo, a jubarte – uma baleia que mede


até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas, que passou
a ser vista no arquipélago de Abrolhos, onde está ao sul do litoral da Bahia.

b. A jubarte é uma baleia que está em extinção em todo o mundo, ela mede
até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas, onde passou
novamente a ser vista no arquipélago de Abrolhos, os quais ficam ao sul
da Bahia.

c. Ameaçada de extinção em todo o mundo, a jubarte – uma baleia que


mede até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas
– passou novamente a ser vista no arquipélago de Abrolhos, ao sul do
litoral da Bahia.

d. A jubarte, uma baleia que mede até 15 metros de comprimento e chega


a pesar 45 toneladas, passou novamente a ser vista no arquipélago de
Abrolhos, ao sul da Bahia, pois está ameaçada de extinção.

e. Uma baleia extinta – a jubarte, que mede até 15 metros de comprimento e


chega a pesar 45 toneladas – passou novamente a ser vista no arquipélago
de Abrolhos, ao sul do litoral da Bahia.

7. Assinale a opção com melhor redação, respeitando as ideias apresentadas abaixo


e com correção gramatical.

I. A raposa lembra os despeitados. (ideia principal).

II. Atributo dos despeitados: fingem-se superiores a tudo.

III. A raposa desdenha das uvas. (oração com valor de adjetivo)

IV. Causa do desdenho: não poder alcançar as uvas.

a. Porque não pode alcançar as uvas de que ela desdenha, a raposa,


fingindo-se superior a tudo, lembra os despeitados.

b. A raposa, desdenhando das uvas que não se podem alcançar, lembra


os despeitados que se fingem superiores a tudo.

c. A raposa, que desdenha as uvas porque não pode alcançá-las, lembra


os despeitados, que se fingem superiores a tudo.

36
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

d. Como não pode alcançar as uvas, a raposa que se finge superior a tudo
e as desdenha, lembra os despeitados.

e. Fingindo-se superior a tudo, a raposa que desdenha das uvas porque


não as pode alcançar, lembra dos despeitados.

A televisão procura atender ao gosto da população a que se dirige. Assim, acomoda


essa grande massa de consumidores a antigos hábitos e tradições, em vez de propor,
aos que assistem a ela, inquietações novas e uma visão mais crítica do mundo em
que vivem.

8. Segundo o texto:

a. Porque se dirige a um público desinteressado, a televisão não se preocupa


com a qualidade de seus programas.

b. A televisão não se preocupa em elevar o nível de seus programas já que o


público que a ele assiste não se interessa por problemas sérios.

c. embora resulte do gosto de um público inquieto com seus valores, a


televisão nega-se a mudar o aspecto formal dos programas.

d. O interesse de baixo nível cultural merece uma televisão que não


questiona em profundidade os problemas do mundo.

e. O interesse do público determina os conteúdos veiculados pela televisão


que, assim, se furta às propostas culturas novas.

9. Conclui-se do mesmo texto que:

a. A tendência dos espectadores é interessarem-se por programas de


televisão que vêm ao encontro de seus hábitos e tradições.

b. Assistir à televisão implica a aceitação de hábitos e tradições que


favorecem o surgimento das ideias que mudam a face do mundo.

c. O público normal da televisão prefere que os programas venham de


encontro a seus hábitos e tradições.

d. O papel principal da televisão consiste em criar inquietações nos


telespectadores.

e. A televisão em alguns lugares propicia uma visão crítica do mundo.

Texto

Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no
Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer
regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção por esta
ou aquela parte de seu país, tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não

37
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

eram os pampas do Sul com o seu gado, não era o café de São Paulo, não eram o
ouro e os diamantes de Minas, não era a beleza da Guanabara, não era a altura da
Paulo Afonso, não era o estro de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves – era
tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada do Cruzeiro.

Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz.
Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a Pátria. O ministério era liberal, ele se
fez conservador e continuou mais do que nunca a amar a “terra que o viu nascer”.
Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do Exército, procurou a administração
e dos seus ramos escolheu o militar.

Era onde estava bem. No meio de soldados, de canhões, de veteranos, de papelada


inçada de quilos de pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de artilharia,
aspirava diariamente aquele hálito de guerra, de bravura, de vitória, de triunfo, que
é bem o hálito da Pátria.

Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a Pátria, nas suas riquezas
naturais, na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Quaresma
sabia as espécies de minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha; sabia o valor
do ouro, dos diamantes exportados por Minas, as guerras holandesas, as batalhas do
Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios. Defendia com azedume e paixão a
proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. Para isso ia até ao
crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era como este rival do “seu” rio que
ele mais implicaria. Ai de quem o citasse na sua frente! Em geral, calmo e delicado,
o major ficava agitado e malcriado, quando se discutia a extensão do Amazonas em
face da do Nilo.

Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. Todas as manhãs,


antes que a “Aurora, com seus dedos rosados abrisse caminho ao louro Febo”, ele
se atracava até ao almoço com o Montoya, Arte y diccionario de la lengua guarani
ó más bien tupi, e estudava o jargão caboclo com afinco e paixão. Na repartição, os
pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia desse estudo do
idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá-lo Ubirajara. Certa vez, o
escrevente Azevedo, ao assinar o ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às
costas, disse em tom chocarreiro: “Você já viu que hoje o Ubirajara está tardando?”.

Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua ilustração, a modéstia


e honestidade de seu viver impunham-no ao respeito de todos. Sentindo que a
alcunha lhe era dirigida, não perdeu a dignidade, não prorrompeu em doestos e
insultos. Endireitou-se, concentrou e pince-nez, levantou o dedo indicador no ar e
respondeu:

– Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo aqueles que
trabalham em silêncio, para a grandeza e a emancipação da Pátria.

(BARRETO, Lima. Triste Fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro, Record, 1998)

38
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

10. Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance publicado originalmente em 1915,


Lima Barreto narra uma história ocorrida durante os primeiros anos da República
brasileira. Com base no fragmento dessa obra apresentada acima, assinale a opção
correta para uma possível inferência do conteúdo textual.

a. Quaresma era, na verdade, carioca, pois vivia na cidade do Rio de Janeiro.

b. Quaresma gostava de comer carne do Sul e de tomar café de São Paulo.

c. Quaresma era muito religioso, por isso imaginava o Brasil unificado.

d. Ao se ver recusado pela junta de saúde do Exército, Quaresma tornou-se


conservador, em oposição ao governo que era então liberal.

e. Quaresma queria ser militar por causa dos excelentes salários pagos pelo
Exército.

11. Tendo como referência as ideias contidas no texto, assinale a opção incorreta.

a. Não obstante o seu modo pacato de viver, Quaresma perdia a calma


quando se discutiam certos assuntos de seu interesse.

b. Quaresma passou a estudar tupi-guarani para poder trabalhar juntos aos


índios, incutindo-lhes o sentimento patriótico que o dominava.

c. Infere-se do texto que os estudos feitos por Quaresma sobre o Brasil


poderiam tê-lo influenciado na assimilação de um sentimento ufanista.

d. No quarto parágrafo, o narrador usou aspas para enfatizar o sentimento


de posse e de nacionalismo da personagem em relação ao rio Amazonas.

e. Quaresma antipatizava com o rio Nilo por ser este mais extenso que o rio
Amazonas.

12. Ainda com base no texto, assinale a opção correta.

a. Todas as manhãs, Quaresma discutia com Montoya, um colega de trabalho


que vivia zombando do interesse do herói pelo estudo do tupi-guarani.

b. Infere-se do texto que o antropônimo “Ubirajara” é de origem indígena.

c. Quaresma não gostava da língua espanhola, por isso a classificava de


“jargão caboclo”.

d. Foi o escrevente Azevedo que deu a Quaresma a alcunha de “Ubirajara”.

e. Por causa de suas excentricidades, Quaresma não gozava do respeito de


seus colegas de trabalho.

13. No texto, não constitui qualidade característica de Quaresma a:

a. Modéstia.

39
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

b. Cultura.

c. Honestidade.

d. Jocosidade.

e. Respeitabilidade.

14. No texto, por uma questão de elegância de estilo, alguns pronomes foram
usados em substituição a seus referentes. Assinale a opção que apresenta associação
incorreta entre o pronome destacado e o referente.

a. “terra que o viu nascer” (segundo parágrafo) / Quaresma.

b. “Ai de quem o citasse” (quarto parágrafo) / o rio Nilo.

c. “deram não se sabe por que em chamá-lo” (quinto parágrafo) / Quaresma.

d. “impunham-no ao respeito de todos” (sexto parágrafo) / Quaresma.

e. “Sentindo que a alcunha lhe era dirigida” (sexto parágrafo) / escrevente


Azevedo.

15. No que se refere à colocação dos pronomes, seria gramaticalmente correto


substituir:

a. “se sabia” (primeiro parágrafo) / por sabia-se.

b. “o fazia” (primeiro parágrafo) / por fazia-o.

c. “julgou-o” (segundo parágrafo) / por o julgou.

d. “lhe estava”(quinto parágrafo) / por estava-lhe.

e. “Endireitou-se” (sexto parágrafo) / por Se endireitou.

16. No que diz respeito à tipologia textual, assinale a opção incorreta.

a. Apesar de conter passagens narrativas, o texto é fundamentalmente uma


descrição de Policarpo Quaresma.

b. Há, no texto, ocorrências de discurso direto.

c. Em “do Amazonas em face da do Nilo” (quarto parágrafo), o trecho entre


aspas não se identifica com o estilo predominante no texto.

d. A expressão “louro Febo” (quinto parágrafo) é uma alusão ao Sol.

e. o texto é predominantemente dissertativo com forte argumentação


nacionalista.

Gabarito:

1.c 2.e 3.c 4.c 5.e 6.c 7.c 8.e 9.a 10.d 11.e 12.b 13.d 14.e 15.c 16.e

40
CAPÍTULO 2
Produção de texto

Por que é importante escrever bem?

Ju Bernadino

Desde que o homem começou a organizar o pensamento por meio de registros, a


escrita foi se desenvolvendo e ganhando extrema relevância nas relações sociais,
na difusão de ideias e informações. Como diz o jornalista Roberto Pompeu de
Toledo, ela até ficou ameaçada com o advindo do telefone, da televisão e do cinema,
mas logo recuperou sua força. “O que aconteceu com a expressão escrita é uma coisa
curiosa. Ela parecia agonizante. Eis que surge a internet, o e-mail, o blog, o Twitter, e
a escrita recupera-se do estado agônico de modo inesperado e espetacular. Quem
insiste em prescindir dela está fora do mundo”, opina o jornalista e colunista da
revista Veja. “Nem é preciso que pais, ou professores, venham a incentivar os alunos.
O aparato tecnológico que os cerca fala por si”.

Tanto é verdade que inúmeros órgãos e movimentos ligados à educação, assim


como o MEC, vêm desenvolvendo ações cuja finalidade é a formação de jovens
e crianças com capacidade para usar a escrita (e a leitura, obviamente) nas mais
diversas práticas sociais, com autonomia!

O Instituto Ecofuturo é um caso assim: criou um concurso de redação destinado a


estudantes de escolas públicas e privadas, que visa, por meio da escrita, estimular a
manifestação da criatividade e a autoexpressão. Na sexta e última edição do concurso,
mais de 30 mil redações foram recebidas e uma pesquisa, ao final, foi realizada. O
resultado instiga: 22% dos alunos vencedores acreditam estar escrevendo mais
depois do concurso e 35% estão mais aplicados nos estudos. Qual seria a explicação
para isso? “Uma delas é que o aluno foi encantado com a possibilidade de se
pronunciar, de ter uma escrita autoral, e se viu reconhecido, capaz”, explica Christine
Fontelles, diretora de Educação e Cultura e Comunicação no Instituto Ecofuturo,
organização não governamental mantida pelo Grupo Suzano.

É possível concluir que a criança estimulada a escrever regularmente tem mais


chance de adquirir este hábito e escrever melhor? Um estudo divulgado este ano
pelo Fundo Nacional de Alfabetização do Reino Unido, “The National Literancy Trust”,
mostrou que sim – assim como a criança que lê mais também apresenta melhor
desempenho na leitura.

Jorge Miguel Marinho, escritor, roteirista e professor universitário de literatura


brasileira, defende que, no fundo, todos querem escrever porque a escrita resulta
de uma motivação natural de fazer com que a experiência individual de cada um
se torne um meio de comunicação com o mundo. Só é preciso um incentivo, um

41
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

empurrãozinho, que precisa vir, sobretudo, de pais e educadores. “Acredito que


crianças, jovens e mesmo adultos que vivem com pessoas que valorizam e são
entusiasmadas com o mundo dos livros e da escrita têm mais oportunidade de
viver a sensibilidade das palavras enquanto leitores, escritores e até criadores e
isto, mais do que um hábito, torna-se um componente absolutamente necessário e
imprescindível para a vida”, argumenta Marinho, que acaba de lançar o livro A convite
das palavras: motivações para ler, escrever e criar.

A prática da escrita não deve ficar restrita a estudantes, nem tampouco aos que
dominam a forma culta, como os escritores. “Escrever vai muito além das regras
impostas por qualquer sistema teórico ou didático: é um modo privilegiado de se
descobrir e desvelar humanamente a experiência imperdível de viver”, complementa
Jorge Marinho, com sabedoria.

(Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/importancia-


escrita-559518.shtml>, Acesso em: 23 out. 2012)

A língua portuguesa, de vocabulário extenso e gramática complexa, permite ampla variação


linguística. Destaco características básicas em relação a um bom texto. Assim, nossa primeira
preocupação é apresentar qualidades fundamentais ao texto adequado: clareza, concisão,
formalidade, objetividade, simplicidade e correção gramatical. Ressalto que o conteúdo deste
capítulo enfatiza estruturas básicas para o bom texto. Os recursos estilísticos (assunto principal do
módulo) permite ao autor incluir características e peculiaridades conforme seu interesse.

Clareza
Princípio que consiste na habilidade de transmitir com exatidão um pensamento. Mais que inteligível,
o texto deve ser claro de tal forma que não permita interpretação equivocada pelo leitor ou ouvinte.
A compreensão do documento deve ser imediata. Para alcançar esse objetivo, é importante redigir
orações na ordem direta, utilizar períodos curtos e eliminar o emprego excessivo de adjetivos. Além
disso, deve-se excluir da escrita qualquer ambiguidade, obscuridade e rebuscamento. O texto claro
pressupõe o uso de sintaxe correta e de vocabulário ao alcance do leitor.

Recomendações:

a. releia o texto após escrevê-lo, para assegurar-se de que está claro;

b. empregue a linguagem técnica apenas em situações que a exijam;

c. certifique-se de que as conjunções realmente estabeleçam as relações sintáticas


desejadas, no entanto evite o uso excessivo de orações subordinadas, pois períodos
muito subdivididos dificultam o entendimento;

d. utilize palavras e expressões em outro idioma apenas quando forem indispensáveis,


em razão de serem designações ou expressões de uso já consagrado ou de não terem
exata tradução. Nesse caso, use aspas.

42
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

Concisão
Consiste em informar o máximo em um mínimo de palavras. No entanto, contenção de palavras não
significa contenção de pensamentos. Por essa razão, não se devem eliminar fragmentos essenciais
do texto com o objetivo de reduzir-lhe o tamanho. Os itens que nada acrescentam ao que já foi dito
é que necessitam ser eliminados. A concisão colabora para a correção do texto, pois as chances
de erro aumentam na mesma proporção que a quantidade de palavras. Mais que curtas e claras,
as expressões empregadas devem ser precisas. Para redigir um texto conciso, é fundamental ter
conhecimento do assunto sobre o qual se escreve.

Recomendações:

a. revise o texto e retire palavras inúteis, repetições desnecessárias, desmedida


adjetivação e períodos extensos e emaranhados. Não acumule pormenores
irrelevantes;

b. dispense, sempre que possível, os verbos auxiliares, em especial ser, ter e haver,
pois a recorrência constante a eles torna a redação monótona, cansativa;

c. prefira palavras breves. Entre duas palavras opte pela de menor extensão.

Objetividade
A objetividade consiste em ir diretamente ao assunto, sem rodeios e divagações. Para ser objetivo,
é necessário escrever apenas as palavras imprescindíveis à compreensão do assunto. Redigir com
objetividade é evidenciar a ideia central a ser transmitida e usar vocabulário de sentido exato, com
referencial preciso, para facilitar a compreensão do leitor. Observe um exemplo de texto com falta
de objetividade retirado de um artigo de uma revista de grande circulação nacional.

Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu espírito


durante os anos tão distantes da infância que não voltam mais e da qual poucos
traços guardo na memória, já que tantos anos se escoaram, a vocação para a
Engenharia é tarefa que pelas razões expostas, me é praticamente impossível
e, ouso acrescentar que, mesmo para um psicólogo acostumado a investigar as
profundezas da mente humana, essa pesquisa seria sobremodo árdua para não
dizer impossível.

Recomendações:

a. use frases curtas e evite intercalações excessivas ou inversões desnecessárias;

b. elimine os adjetivos que não contribuam para a clareza do pensamento;

c. corte os advérbios ou as locuções adverbiais dispensáveis;

d. seja econômico no emprego de pronomes pessoais, pronomes possessivos e


pronomes indefinidos. Evite, por exemplo, um tal, um outro, um certo, um

43
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

determinado, pois termos indefinidos juntos não contribuem para maior clareza,
ao contrário, tornam o texto obscuro;

e. procure restringir o uso de conjunções e de pronomes relativos (que, qual, cujo);

f. não use expressões irrelevantes, pois tornam o texto artificial;

g. não use figuras de linguagem, frases ambíguas, circunlóquios;

h. se puder optar, escolha a voz ativa. No lugar de Foram feitas muitas alterações
pelos engenheiros, prefira Os engenheiros fizeram muitas alterações;

i. não externe opiniões, reúna fatos;

j. use palavras específicas, pertinentes ao assunto.

Correção gramatical
Tópico de fundamental importância. Erros gramaticais comprometem o melhor pensamento.

A escolha da palavra
A palavra é o início da expressão. Nosso objetivo é prepará-lo de forma adequada em todos os
sentidos. Não queira escrever de forma adequada sem antes observar o uso dos termos em seu texto.
A escolha da palavra é o início de um bom texto.

O período adequado
Procure sempre frases curtas. Uma, duas ou, no máximo, três orações por período. A frase curta
tem diversas vantagens: torna o texto mais claro, objetivo e com menor número de erros. Períodos
longos geralmente estão associados a ideias incertas e facilitam falhas na compreensão.

O parágrafo adequado
A ideia e o texto devem seguir um processo de elaboração consistente e progressivo. Escrever um
texto não significa apenas preencher o papel com frases soltas. Escrever pressupõe uma série de
operações anteriores. As qualidades de um parágrafo podem ser agrupadas em quatro características:

1. clareza e objetividade na abordagem inicial;

2. conteúdo argumentativo adequado;

3. unidade coerente e coesa entre as ideias;

4. objetividade.

44
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

Separei dois parágrafos de redações recentes que recebi. Observe como estão bem estruturados. Cada
período apresenta uma ideia que se relaciona com a seguinte e produz uma unidade no parágrafo.

Parágrafo 1
A classe média cresce pouco no Brasil devido a um estado ineficiente que não consegue produzir
um crescimento da economia satisfatório. Estudos do Banco Mundial revelam que existe relação
direta entre o progresso de um país e o desempenho de sua classe trabalhadora. De tal forma que
um interage com o outro e todos são beneficiados.

Parágrafo 2
O primeiro mandato do presidente reeleito teve características sociais bem marcantes. A implantação
de programas como Bolsa-Família e Fome-Zero foi prioridade em seu governo. Tais programas
ocorreram em âmbito nacional e um de seus maiores benefícios foi a troca do trabalho infantil pelas
salas de aula.

Modelo de parágrafo informativo


Os Estados Unidos, desde que se tornaram potência hegemônica, tiveram um inimigo externo
claramente identificado. Assim foi na Segunda Guerra Mundial, na Guerra Fria, na Guerra do Golfo
e, mais recentemente, com o “11 de setembro”. Todos os inimigos foram derrotados do ponto de
vista geopolítico e militar. Agora, não há nação alguma ou grupo transnacional que seja alvo fixo e
prioritário. Esse vazio ocorre exatamente num momento em que os EUA entram em profunda crise
interna. Não há mais como culpar algo externo para unificar a nação.

Modelo de parágrafo argumentativo


A classe média cresce pouco no Brasil devido a um Estado ineficiente, que não consegue produzir
um crescimento da economia satisfatório. Estudos do Banco Mundial revelam que existe relação
direta entre o progresso de um país e o desempenho de sua classe trabalhadora. De tal forma que
um interage com o outro e todos são beneficiados.

Estrutura de textos dissertativos


Antes de iniciar, faça esboço de como você apresentará a ideia na redação. Pense o que aparecerá
no início, no meio e no final. Certamente, tal esboço não será definitivo, No entanto, ele é de muita
importância. É comum o candidato escrever sem organização antecipada dos parágrafos. Isso
geralmente não é bom. Abordaremos agora modelos de estruturas. Você deve se sentir à vontade
para se identificar ou não com eles.

45
UNIDADE II │ COMPETÊNCIA TEXTUAL

Modelo A
O primeiro parágrafo introduz a ideia e apresenta dois fundamentos que serão desenvolvidos na
argumentação. Logo após vem a conclusão.

A decisão do governo em negociar aumento de salário com os controladores


de voo por causa da paralisação nos aeroportos abre um precedente perigoso
para o bom funcionamento de serviços essenciais à população. Outras
categorias podem ser sentir no direito de agir da mesma forma para exigir suas
reivindicações. Também a hierarquia em órgãos – como a Aeronáutica – que
asseguram a estabilidade é comprometida com atitudes precipitadas.

Diversos sindicatos ameaçam organizar greve em busca de melhores salários.


É o caso dos agentes e delegados da Polícia Federal. A classe, que já suspendeu
suas atividades por 24 horas na semana passada, se mobiliza para recorrer
à operação padrão ou mesmo paralisação total caso não obtenha reajuste
salarial. Ao se dar conta das consequências do acerto com os controladores,
o governo enfraquece seu poder de punição e compromete a segurança de
setores fundamentais.

Outro fato de relevante importância é o respeito às normas estabelecidas


para o bom funcionamento das instituições. As forças armadas consideram
qualquer movimento grevista por parte de seus membros – como é o caso dos
controladores de voo – como motim e julgam os participantes por legislação
penal militar própria. Não cabe ao governo interferir da forma como fez. Tal
atitude enfraquece a autoridade militar diante de sargentos, tenentes e tantos
outros militares que esboçam movimentos civis.

A prudência nos orienta que o governo deve conduzir situações com mais rigor
e respeito. Se houve falhas anteriores aos fatos, essas devem ser solucionadas
com diálogo e negociação. Determinados serviços não podem ser paralisados
em hipótese alguma, como é o caso dos controladores de voo, da assistência
médico-hospitalar e da segurança.

Modelo B
O autor preocupa-se em apresentar sua abordagem no parágrafo inicial e desenvolvê-la com
progressividade de um parágrafo para o outro. Nesse caso, deve-se tomar o cuidado de não fugir do
tema abordado inicialmente.

O resultado da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização (Prova


ABC) não surpreende, mas preocupa – e muito. Ao testar os alunos do 3o ano
do ensino básico, série em que deveriam ter completado o período inicial da
aprendizagem regular, o exame demonstra que as deficiências vêm da base e
vão se agravando à medida que a criança avança nos estudos.

46
COMPETÊNCIA TEXTUAL │ UNIDADE II

Nas duas disciplinas mais importantes, os resultados impressionam. Em


matemática, 57% dos estudantes são incapazes de fazer contas de adição e
subtração. Tampouco sabem ver as horas em relógio digital. Em português,
43% não correspondem às expectativas – ler e entender textos simples e
dominar as regras básicas da escrita.

A análise dos números comprova a manutenção de velhos desníveis. O


desempenho da escola pública mostrou-se inferior ao das particulares em
41,7 pontos percentuais (as instituições privadas alcançaram média de 74,3%,
contra 32,6% das mantidas pelo governo). Observa-se, também, diferença
regional marcante em relação ao desempenho dos alunos entre Sul e Sudeste,
de um lado, e Norte e Nordeste, de outro.

O Brasil, é verdade, apresenta melhoras nos indicadores educacionais, mas o


processo tem-se revelado lento, incapaz de acompanhar o dinamismo exigido
pela era da internet e da globalização. Impõe-se não só diminuir o descompasso
na aprendizagem em relação à capacidade de aprendizado, mas também
equilibrar todas as regiões do país.

47
REFERÊNCIAS
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