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Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança


Africana

Cais do Valongo, integrante do circuito.


O Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana é
uma região situada entre os bairros da Gamboa e da Saúde, na Zona Central da cidade
do Rio de Janeiro. Foi criado com o objetivo de socializar os diversos sítios
arqueológicos existentes na área englobada, além de promover a segurança e a
conservação desses sítios.
Foi criado no dia 29 de novembro de 2011 por meio do Decreto Municipal Nº 34.803,
elaborado pelo então prefeito carioca Eduardo Paes.[1] O circuito foi criado devido à
importância histórica e cultural dos remanescentes revelados pelas
pesquisas arqueológicas executadas na região, motivadas principalmente pelas obras no
âmbito do Porto Maravilha.
O mesmo decreto de 2011 também instituiu o Grupo de Trabalho Curatorial do Projeto
Urbanístico, Arquitetônico e Museológico do Circuito Histórico e Arqueológico de
Celebração da Herança Africana, coordenado pelo Subsecretário do Patrimônio Cultural,
Intervenção Urbana, Arquitetura e Design do Gabinete do Prefeito. O grupo de trabalho
teve o objetivo de construir coletivamente diretrizes para a implementação de políticas de
valorização da memória e da proteção do patrimônio cultural da região. [2] O grupo também
ficou encarregado de apresentar, em 30 dias, o recorte conceitual, histórico-cultural, de
abrangência do circuito e sua delimitação territorial. [1]

Pontos
O circuito engloba uma série de espaços, cada um remetendo a uma dimensão da vida
dos africanos e de seus descendentes na Região Portuária. O Decreto Municipal Nº
34.803 indica os seguintes pontos:[1]

 Centro Cultural José Bonifácio (CCJB): É um centro cultural instalado em um


palacete fundado em 1877. Funcionando ininterruptamente desde 20 de novembro de
2013, o local sedia atividades tanto acadêmicas quanto pedagógicas e artístico-
culturais referentes à influência africana na formação social brasileira. O CCJB abriga
uma exposição permanente de objetos encontrados durante as escavações e obras no
âmbito da Operação Urbana Porto Maravilha.
2

 Cemitério dos Pretos Novos: É um sítio arqueológico, que também funciona


como centro cultural, descoberto em 1996 após uma reforma em um casarão. Durante
a reforma, foram encontradas ossadas humanas que indicavam que ali funcionou,
entre 1769 e 1830, um antigo cemitério de escravos.

 Cais do Valongo: É um antigo cais situado na Praça Jornal do Comércio.


Construído em 1811, o cais foi local de desembarque e de comércio de escravos
africanos até 1831, ano em que foi proibido no Brasil o tráfico transatlântico de
escravos. Foi reformado em 1843 em virtude do desembarque da Teresa Cristina das
Duas Sicílias, que viria a se casar com o imperador Dom Pedro II. O Cais do Valongo
recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO em 9 de julho
de 2017 por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados
nas Américas.

 Jardim Suspenso do Valongo: É uma construção paisagística situada na encosta


oeste do Morro da Conceição. Projetado pelo arquiteto-paisagista Luis Rey, o jardim
foi construído em 1906 como parte de um muro de contenção durante as obras
promovidas pelo prefeito Pereira Passos.

 Praça dos Estivadores: É uma praça situada onde, no passado, era uma área de


venda de escravos. Antigo Largo do Depósito, o nome atual do logradouro
homenageia o Sindicato dos Estivadores, o primeiro sindicato do Brasil, fundado em
1903.

 Pedra do Sal: É uma grande pedra com uma escadaria talhada, aos pés do Morro
da Conceição. Tombado em 1984 como patrimônio histórico, o local recebeu esse
nome porque lá era descarregado o sal dos navios que atracavam no porto.
Atualmente, a Pedra do Sal é palco de rodas de samba e de choro.

Cais do Valongo
O Cais do Valongo é um antigo cais localizado na zona portuária do Rio de Janeiro, entre
as atuais ruas Coelho e Castro e Sacadura Cabral. [1] Recebeu o título de Patrimônio
Histórico da Humanidade pela UNESCO em 9 de julho de 2017 por ser o único vestígio
material da chegada dos africanos escravizados nas Américas. [2]
Construído em 1811, foi local de desembarque e comércio de escravizados africanos
até 1831, com a proibição do tráfico transatlântico de escravos. Durante os vinte anos de
sua operação, entre 500 mil e um milhão de escravizados desembarcaram no cais do
Valongo.[1]
Em 1843, o cais foi reformado para o desembarque da princesa Teresa Cristina de
Bourbon-Duas Sicílias, que viria a se casar com o imperador D. Pedro II. O atracadouro
passou então a chamar-se Cais da Imperatriz.[3]
Entre 1850 e 1920, a área em torno do antigo cais tornou-se um espaço ocupado por
negros escravizados ou libertos de diversas nações - área que Heitor dos Prazeres
chamou de Pequena África.[4][5]

História
Até meados da década de 1770, os escravizados desembarcavam na Praia do Peixe,
atual Praça XV, e eram negociados na Rua Direita (hoje Rua 1º de Março), no centro do
3

Rio de Janeiro, à vista de todos. Em 1774, uma nova legislação estabeleceu a


transferência desse mercado para a região do Valongo, por iniciativa do segundo Marquês
de Lavradio, Dom Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão d'Eça e Melo Silva
Mascarenhas, vice-rei do Brasil, alarmado com "o terrível costume de tão logo os pretos
desembarcarem no porto vindos da costa africana, entrarem na cidade através das
principais vias públicas, não apenas carregados de inúmeras doenças, mas nus". [5]
O mercado foi transferido, mas ainda não havia o ancoradouro, e a alternativa encontrada
foi desembarcar os escravizados na alfândega e imediatamente enviá-los de bote ao
Valongo, de onde saltariam diretamente na praia. Em 1779, o comércio de escravizados
finalmente se estabeleceu na área do Valongo, onde teve seu auge entre 1808, com
a chegada da família real portuguesa, e 1831, quando o tráfico negreiro para o Brasil foi
proibido, passando a ser feito clandestinamente. [5]
A partir de 1808 o tráfico quase dobra, acompanhando o crescimento da cidade que, após
a transferência da corte portuguesa para o Brasil, passa de 15 mil para 30 mil habitantes.
Todavia só em 1811 o cais foi construído, passando o desembarque a ser feito
diretamente no Valongo.[5] De 1811 a 1831, entre 500 mil e um milhão de escravos ali
desembarcaram.[1] No fim dos anos 1820, o tráfico de escravizados para o Brasil vive o seu
apogeu. O Rio de Janeiro era então um importante entreposto comercial de escravizados,
e o Valongo era a principal porta de entrada dos negros vindos de Angola, da África
Oriental e Centro-Ocidental - enquanto no Maranhão e na Bahia chegavam navios vindos
da Guiné e da África Ocidental, respectivamente.[5]
Em 1831, o tráfico transatlântico de escravos foi proibido, por pressão da Inglaterra, e o
Valongo foi fechado. Os traficantes passaram então a fazer o desembarque em portos
clandestinos.
Em 1843, foi feito um aterro de 60 centímetros de espessura sobre o cais do Valongo para
a construção de um novo ancoradouro, destinado a receber a princesa Teresa Cristina,
futura esposa de D. Pedro II. O cais foi então rebatizado 'Cais da Imperatriz'. Mas este
também acabaria por ser enterrado em 1904, durante a reforma urbanaempreendida pelo
prefeito Pereira Passos.[3][5] 123

Redescoberta
Em 2011, durante as escavações realizadas como parte das obras de revitalização
da zona portuária do Rio de Janeiro, foram descobertos os dois ancoradouros - Valongo e
Imperatriz -, um sobre o outro, e, junto a eles, uma grande quantidade de amuletos e
objetos de culto originários do Congo, de Angola e Moçambique. [5][6] O IPHAN e a prefeitura
do Rio de Janeiro elaboraram um dossiê para a candidatura do sítio arqueológico do cais
ao título de Patrimônio da Humanidade da Unesco.[3][7][8]O sítio foi declarado patrimônio da
humanidade na 41ª sessão do comitê da Unesco, em 2017. [9]

Jardim Suspenso do Valongo


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Jardim Suspenso do Valongo


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Localização Saúde, no Rio de Janeiro, no   Brasil

Tipo Público

Inauguração 1906

Administração Prefeitura do Rio de Janeiro

O Jardim Suspenso do Valongo é uma construção paisagística situada na encosta oeste


do Morro da Conceição, no trecho que também já foi chamado de Morro do Valongo,
no bairro da Saúde, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Foi projetado pelo arquiteto-
paisagista Luis Rey e construído em 1906, como parte de um muro de contenção, durante
as obras promovidas pelo prefeito Pereira Passos. Está a 7 metros acima do nível da rua e
possui 1 530 metros quadrados de área. [1]

História[editar | editar código-fonte]
Concebido como um jardim romântico, destinado ao passeio da sociedade nos finais de
tarde, ele continha terraço, passeios, arborização, combustores de gás, depósito de água
para irrigação, canteiros e grama, jardim rústico, casa do guarda e depósito de
ferramentas e até mesmo uma cascata. O acesso pode ser feito até hoje por escadas pela
Rua Camerino.
Havia, no jardim, quatro estátuas em mármore representando divindades
romanas: Minerva, Mercúrio, Ceres e Marte. Estas estátuas foram retiradas do Cais da
Imperatriz de Grandjean de Montigny, localizado próximo e que, à época, encontrava-se
em ruínas. Em 2002, as estátuas foram parcialmente danificadas por vândalos e a
prefeitura resolveu transferi-las para o Palácio da Cidade. Réplicas das originais foram
armazenadas temporariamente no Parque Noronha Santos, na Avenida Presidente
Vargas, ao lado da Sede da Divisão de Monumentos e Chafarizes da Fundação Parques e
Jardins. Em junho de 2012, as réplicas foram recolocadas no jardim após
a restauração deste, como parte do projeto de revitalização da região do Porto Maravilha.

Pedra do Sal
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5

A Wikipédia tem o portal:

 Portal de História

Pedra do Sal, Rio de Janeiro.


Pedra do Sal[1][2] é um monumento histórico e religioso localizado no bairro da Saúde, perto
do Largo da Prainha, na cidadedo Rio de Janeiro, no Brasil. É onde se encontra a
Comunidade Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal. Foi tombadaem 20 de
novembro de 1984 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.
Local de especial importância para a cultura afro-carioca e para os amantes do samba e
do choro. Pode ser considerada como o núcleo simbólico da região chamada de Pequena
África, que era repleta de zungus, casas coletivas ocupadas por negros escravos e forros.
Na Pedra do Sal, que fica a 100 metros do Largo da Prainha, reuniam-se
grandes sambistas do passado, como Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Heitor dos
Prazeres
Partindo de sua base, no Largo do João da Baiana e subindo por degraus escavados
na pedra, pode-se subir para o Morro da Conceição.<cite.php>

História[editar | editar código-fonte]
Pedra do Sal - 1608
Um grupo baiano se instala na Saúde[3], onde a moradia é mais barata e mais perto
do Cais do Porto, onde os homens buscam vagas na estiva.
As primeiras grandes docas do Rio de Janeiro surgem nesta época, datando daí o
aparecimento de trapiches onde se arregimentavam os estivadores numa zona de ruas
tortuosas e becos em torno da Pedra da Prainha, depois conhecida como Pedra do Sal,
onde ficava o grande mercado de escravos.
Bairro da Saúde - Séc. XVIII
O início do século XIX é um período em que se dá um crescimento mais efetivo, a partir da
chegada da Família Real e Corte. É nesse período que a cidade deixa de ser simples
colônia para se tornar capital político-administrativa do reino. Toda a vida urbana se
expande. Faz-se grande a atividade portuária. Surgem vários trapiches na orla marítima.
Com a virada da metade do século, se agravam as condições de vida na capital da Bahia,
o que propicia uma migração sistemática de negros sudaneses para o Rio de Janeiro.
Com a abolição engrossa o fluxo de baianos para o Rio fundando-se praticamente uma
pequena diáspora baiana na capital.
A Pedra do Sal é, em suma, mais que um bem cultural afro-brasileiro. É um monumento
histórico e religioso, tombado há duas décadas: desde 20 de novembro de 1984,
pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.
6

Pedra do Sal - 1817


É ao redor da Pedra do Sal que os baianos se concentram trazendo para as vizinhanças
seus pontos de encontro. Torna-se um ponto de referência da cultura negra, sendo sua
importância baseada nos valores afetivo e cultural.
De fato, a colônia baiana se impõe no mundo carioca em torno de seus líderes vindos
dos terreiros de candomblé e dos grupos festeiros, se constituindo num dos únicos grupos
populares no Rio de Janeiro com tradições comuns e coesão, cuja influência se estende a
toda a comunidade heterogênea que se forma nos bairros em torno do cais do porto.
A casa do candomblé de João Alabá é um dos mais importantes pontos de convivência
dos baianos de origem. As tias baianas como Ciata, Bibiana, Mônica, Perciliana e outras,
que se encontravam no terreiro de João Alabá, formam um dos núcleos principais de
organização e influência sobre a comunidade. São essas negras que ganham respeito por
suas posições centrais no terreiro e por sua participação nas principais atividades do
grupo, que garantiram a permanência das tradições africanas e as possibilidades de sua
revitalização na vida mais ampla da cidade.
A mais famosa de todas as baianas, a mais influente, foi Hilária Batista de Almeida, a "Tia
Ciata", citada em todos os relatos do surgimento do samba carioca e dos ranchos, como
na memória dos negros antigos da cidade. Nascida em Salvador em 1854, no dia de Santo
Hilário, chega ao Rio de Janeiro com 22 anos. Do namoro com conterrâneo Norberto,
nasce Isabel, ainda durante as primeiras experiências de vida adulta de Ciata. Doceira,
começa a trabalhar na Rua da Carioca, sempre com suas roupas de baiana preceituosa.
Mais tarde, Hilária irá viver com João Batista numa relação definitiva com quem teve 15
filhos. Mulher de grande iniciativa e energia, Ciata faz sua vida de trabalho constante,
tornando-se a iniciadora da tradição carioca das baianas quituteiras, atividade que tem
forte fundamento religioso. Na primeira metade do século XIX, sua presença era
documentada no livro de Debret "Viagem Pitoresca e Histórica do Brasil".
Na casa de Alabá, Hilária era primeira responsável pelas obrigações das feitas no santo.
Tia Ciata de Oxum, patrona da sensualidade e da gravidez, protetora das crianças que
ainda não falam, orixá das águas doces, da beleza e da riqueza. Ciata era festeira, não
deixava de comemorar as festas dos orixás em sua casa da Praça Onze, quando, depois,
se armava o pagode.
Há, na época, muita atenção da polícia à reunião dos negros. Tanto o samba como o
candomblé são objetos de continua perseguição, vistos como coisas perigosas, que
deveriam ser extintas. A casa da Tia Ciata era um local favorável às reuniões, um local
onde se desenrolavam atividades coletivas tanto do trabalho quanto do candomblé.
Com a modernização da cidade e o deslocamento dos antigos moradores da Saúde para
a Cidade Nova, o pequeno carnaval toma a Praça Onze.
Pedra do Sal - 1930
Hilário, principal criador e organizador dos ranchos da Saúde, seria um dos responsáveis
pelo deslocamento dos desfiles para o carnaval, que transformaria substancialmente suas
características.
Ao lado dos ranchos, malandros, desocupados, trabalhadores irregulares, todos saíam em
grupos anárquicos formando blocos e cordões, ainda como uma continuidade negra do
antigo entrudo.
O carnaval carioca perdia a sua feição bruta da primeira metade do século XIX ao
africanizar-se para feição moderna, o ciclo dos grupos festeiros, chegando até a criação
das escolas de samba.
Com a morte de Bibiana, Ciata ficava sozinha, numa casa bastante grande. Nos dias de
festa, na sala ficava o baile, onde se tocava os sambas de partido alto entre os mais
velhos e mesmo música instrumental quando apareciam os músicos profissionais negros
7

(filhos dos baianos). No terreiro o samba raiado e às vezes as rodas de batuque entre os


mais moços.
As festas eram frequentadas principalmente pela baianada e pelos negros que a eles se
juntavam, estivadores, artesãos, alguns funcionários públicos, alguns mulatos e brancos
de baixa classe, gente que se aproxima pelo lado do samba e do carnaval, e
por doutores atraídos pelo exotismo das celebrações. No samba se
batia pandeiro, tamborim, agogô, surdo, ou com o que estivesse à
mão: panelas, pratos, latas valorizados pelas mãos rítmicas dos negros. As grandes
figuras negras do mundo musical carioca, Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Heitor dos
Prazeres, surgem ainda crianças lá nas rodas, aprendendo as tradições musicais baianas
às quais dariam novas formas cariocas.
O bairro da Saúde está situado na 1ª Região Administrativa, na área configurada
como periferia imediata da área central de negócios e integra a Zona Portuária do Rio de
Janeiro. Oficialmente, a Saúde está limitada entre a Praça Mauá e a Barão de Tefé,
abrangendo o morro da Conceição e Valongo. Entretanto, a comunidade local sente que
seu limite real e histórico se estende até a região da Gamboa.
Na época da fundação da cidade do Rio de Janeiro, a região se constituía por partes
baixas, na sua maioria alagadiços, e pelos Morros da Conceição e parte do Livramento. No
século XVII, há uma expansão gradativa, através do prolongamento de ruelas desde o
centro histórico até o morro da Conceição. Em princípio do século XVIII, apos a fundação
das capelas de Nossa Senhora da Saúde e Nossa Senhora do Livramento, a ocupação
abrange as áreas da Saúde e Gamboa. A ocupação das áreas de morro já se caracteriza
como zonas de residências e as partes baixas pelos trapiches.
A partir do século XVIII, principalmente após sua segunda metade, o Rio se torna um
importante porto negreiro, quando o transito se intensifica com a necessidade de mão de
obra escrava acentuada pela descoberta das minas.

Tombamento[editar | editar código-fonte]
Texto que deu origem ao processo de tombamento da Pedra do Sal, ocorrido em 20
de novembro de 1984 - (E-18/300048/84-SEC)
Pedra do Sal é um monumento histórico da cidade do Rio de Janeiro.
Dali, os moradores da Saúde saudavam os navios que chegavam da Bahia com familiares
e amigos. A Pedra do Sal era, para migrantes, o que é hoje o Cristo Redentorpara os
recém-chegados ao Rio: o primeiro abraço e o primeiro sentimento da cidade.
Ocorre que os moradores da Saúde e seus migrantes eram predominantemente negros
baianos retornados da Guerra do Paraguai (1865/70) ou em busca de melhores condições
de vida. A Saúde, debruçada sobre o porto, era uma pequena Bahia (como a Bahia, por
sua vez, era uma pequena África).
Lá, se encontraram as célebres tias, cabeças de famílias extensas
– Bibiana, Marcelina, Ciata, Baiana... Pretas forras. Foi nas suas "pensões" que
o batuque e o jongose transformaram em partido-alto e, logo, no amplo espaço da Praça
Onze, no samba que conhecemos.
Os pretos da Saúde e suas tias participaram dos principais eventos da
cidade: Abolição (1888), Revolta da Armada (1891/93), as greves de 1903/05, a Revolta
Contra a Chibata (1910) e outros. Participação amplamente documentada, embora
subestimada pela historiografia conservadora.
Já não existe a Praça Onze. Nada sobrou das "pensões" onde nasceu o samba. Boa parte
da Saúde (e da Gamboa, da Conceição, Providência e do Estácio, que a prolongavam) se
descaracterizou. Ficou, como raro testemunho da cidade negra, a Pedra do Sal.
A Pedra do Sal é um monumento religioso do povo carioca.
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Na virada do século, a Saúde, como o velho centro do Rio, enxameava de templos afro-


brasileiros; iyalorixás, cambonos e alufás em cada quarteirão. Os templos católicos foram
tombados e preservados. Nenhum afro-brasileiro o foi.
Na Pedra do Sal, se
faziam despachos e oferendas (a Obaluaiyê, Xangô, Ogum, Exu, Iansã e outros Orixás),
se despejavam trabalhos. Era e é, local consagrado. À sua volta, convergindo nela,
ficavam diversas roças, hoje desaparecidas, reduzidas ou transferidas para o subúrbio e
Grande Rio.
Remanescendo como espaço ritual, a Pedra do Sal é um dos poucos testemunhos físicos
daquele passado de densa religiosidade carioca.
A Pedra do Sal é, em suma, mais que um bem cultural de todo povo brasileiro. É um
monumento histórico e religioso da cidade do Rio de Janeiro (1 de abril de 1984, Joel
Rufino dos Santos, historiador).

Pedra do Sal,Rio de Janeiro.


 

Pedra do sal, Largo João da baiana

Referências
1. ↑ http://www.todorio.com/rio/zonaportuaria/pedradosal
2. ↑ Pedra do sal
3. ↑ http://iserj.net/morro-da-conceicao-uma-pagina-da-historia-do-rio-de-janeiro/

Cemitério dos Pretos Novos


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Cemitério dos Pretos Novos


9

Interior do centro cultural. Ao centro, a pirâmide de vidro, construída em


2012, que dá destaque a alguns dos restos arqueológicos achados no local.

Tipo Sítio arqueológico e Centro cultural

Inauguração 1996 (24 anos)

Website [1]

Geografia

País  Brasil

Cidade  Rio de Janeiro, RJ

Coordenadas
22° 53' 45" S 43° 11' 34" O

O Cemitério dos Pretos Novos, também conhecido como Memorial dos Pretos Novos,
é um sítio arqueológico e centro cultural situado no bairro da Gamboa, na Zona Central da
cidade do Rio de Janeiro. Localiza-se nos números 32, 34 e 36 da Rua Pedro Ernesto, em
um casarão do século XVIII. O centro funciona sobre o local onde funcionou, entre 1769 e
1830, um antigo cemitério de escravos. É administrado pelo Instituto de Pesquisa e
Memória Pretos Novos.
Atualmente, o casarão funciona como centro cultural, cuja finalidade é resgatar a história
da cultura africana na cidade através da divulgação cultural e artística. No local, são
oferecidos cursos e oficinas.[1] Na Galeria Pretos Novos, são
apresentadas exposições temporárias de arte contemporânea de temática africana. Já
a Biblioteca Pretos Novos, inaugurada em novembro de 2012, conta com cerca de 600
títulos dedicados à cultura, à história e às artes afro-brasileiras e indígenas.[2]
O centro recebeu esse nome por homenagear os Pretos Novos. Pretos Novos era o nome
dado aos escravos recém-chegados ao Rio de Janeiro pelo Cais do Valongo e que eram
negociados no mercado de vendas de escravizados. [3]

Índice
10

 1História
 2Acervo
 3Ver também
 4Referências
 5Ligações externas

História[editar | editar código-fonte]
O denominado Cemitério dos Pretos Novos funcionou, entre 1769 e 1830, em um dos
barracões do antigo mercado negreiro, localizado no Valongo, faixa do litoral carioca que
ia da Prainha à Gamboa. O barracão era situado na Rua do Cemitério, atual Rua Pedro
Ernesto.[4] O cemitério foi criado por ordem de Luís Melo Silva Mascarenhas, o marquês do
Lavradio, então vice-rei do Brasil, por conta da transferência do porto de desembarque dos
escravos do cais da Praça XV para o Valongo, local na época fora dos limites urbanos.[5]
No mercado negreiro do Valongo, eram "depositados" todos os escravos que chegavam
nas longas viagens dos navios negreiros, denominados como Pretos Novos. Nessas
viagens, praticamente todo o negro que chegava na então colônia portuguesa encontrava-
se muito debilitado. Uma porcentagem significativa destes cativos imigrantes africanos não
resistia às condições desumanas da travessia do Atlântico ou do mercado de escravos e
eram enterrados dentro de barracões ou nos arredores do mercado. Calcula-se que foram
enterrados, no Cemitério dos Pretos Novos, pelo menos entre 20.000 e 30.000 escravos.
[4]
 Tal espaço de enterro de escravos substituiu o Largo de Santa Rita, situado em frente
à Igreja de Santa Rita de Cássia, no Centro, que era o local onde, anteriormente, eram
feitos os enterros. Nos seus últimos seis anos de funcionamento, segundo pesquisa feita
nos arquivos da igreja, a média de enterros no Cemitério dos Pretos Novos foi superior a
mil enterros por ano.[5]
Em 1830, o mercado foi fechado, em parte pelo inconveniente das atividades e pelo mau
cheiro, que eram objeto de reclamações por parte dos moradores locais, e também como
uma forma de as autoridades locais mostrarem, aos ingleses, que estavam respeitando
o tratado de extinção do tráfico imposto pela Inglaterra e assinado em 1827. Na realidade,
porém, a atividade só mudou de endereço. [6]
O achado arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos ocorreu no dia 8 de janeiro de
1996.[3] Os proprietários da sede do instituto resolveram reformar o imóvel do qual são
donos e, ao ser feita a sondagem o solo para as obras, foram encontrados fragmentos
de ossos humanos misturados a vestígios de cerâmica, vidro, ferro e outros materiais. A
descoberta foi comunicada aos órgãos responsáveis, que enviaram ao local equipes de
profissionais que confirmaram a existência de um sítio arqueológicode grande importância
histórica.[7]
Em 2012, a fim de proteger os achados arqueológicos do local, foram instaladas pirâmides
de vidro sobre as duas aberturas que deixam visíveis as ossadas dos escravos ali
enterrados.[8] Cinco anos depois, em 2017, o primeiro esqueleto inteiro foi encontrado no
local. As escavações, que duraram cerca de sete meses, ocorreram em uma área de 2 m²
de um dos poços de observação do cemitério. A ossada é de uma mulher, batizada de
Josefina Bakhita, que morreu com aproximadamente 20 anos no início do século XIX. [9]

Acervo[editar | editar código-fonte]
Foram encontrados mais de 5 mil fragmentos arqueológicos no local.
Os ossos não cremados encontrados no local permitiram identificar 28 corpos, a maioria
deles correspondentes a indivíduos do sexo masculino com idades entre 18 e 25 anos.
Painéis, fotos, ossadas, arcadas dentárias, artefatos do cotidiano e fragmentos diversos
fazem parte dos objetos expostos no memorial.[7]
Dentre os artefatos encontrados, há pontas de lança, argolas, colares, contas de vidro,
artefatos de barro (como cachimbos), porcelanas, conchas e vestígios de fogueira. Tais
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artefatos evidenciam não apenas restos de origem africana, mas também de origem
europeia e indígena.[2]

Centro Cultural José Bonifácio

Fachada do Centro Cultural José Bonifácio vista da Rua Pedro Ernesto.


O Centro Cultural José Bonifácio (CCJB) é um centro cultural situado no bairro
da Gamboa, na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro. Instalado em uma construção
do século XIX, localiza-se no cruzamento da Rua Pedro Ernesto com a Rua João Alvares.
Integra o Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana, criado com
o objetivo de preservar a memória africana na cidade.[1]
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Com investimentos de R$ 3,8 milhões em restauração, o centro foi reinaugurado em 20 de


novembro de 2013, Dia da Consciência Negra, pelo prefeito Eduardo Paes. O palacete,
fundado em 1877 por Dom Pedro II, foi restaurado pelo programa Porto Maravilha Cultural,
responsável pela recuperação do patrimônio artístico, histórico e cultural da Zona Portuária
do Rio de Janeiro.[2]
O centro cultural é composto por uma área de 2.356 m², dividida em três pavimentos e 18
salas de usos diversos. No térreo, está instalada a área técnica e alguns banheiros. Já no
primeiro pavimento, situam-se: um espaço de exposição para arqueologia, que abriga
alguns achados do Cais do Valongo; uma biblioteca com acervo qualificado nas
temáticas africana e afro-brasileira; uma livraria especializada; um minicentro de
convenções; e a administração do CCJB.[3]
O espaço possui uso múltiplo, abrigando atividades
tanto acadêmicas quanto pedagógicas e artístico-culturais referentes à
influência africana na formação social brasileira. Abriga uma exposição permanente de
objetos encontrados durante as escavações e obras no âmbito da Porto
Maravilha. Pulseiras, cachimbos e amuletos são alguns dos objetos expostos.[4]
O centro recebeu esse seu em homenagem a José Bonifácio de Andrada e Silva, que foi
um naturalista, estadista e poeta brasileiro. José Bonifácio foi uma pessoa decisiva para a
consolidação da Independência do Brasil, e por isso é conhecido pelo epíteto de "Patriarca
da Independência".

História

Fachada do palacete que abriga o centro cultural.


O palacete onde hoje funciona o Centro Cultural José Bonifácio, situado na Rua Pedro
Ernesto, foi inaugurado em 1877 por Dom Pedro II. Nele, funcionou até 1966 a Escola
José Bonifácio, a primeira escola primária da América Latina, cujo nome oficial era Escola
Pública Primária da Freguesia de Santa Rita.[3] Em março de 1977, o palacete passou a
sediar a Biblioteca Popular Municipal da Gamboa. No ano de 1986, a biblioteca foi
transformada em centro cultural, passando a ser denominada Centro Cultural José
Bonifácio.[5] Em 1994, o centro passou por uma ampla reforma, na qual foram
instaladas esculturas de inspiração
No dia 16 de novembro de 2011, na parte da manhã, o prefeito Eduardo Paes deu início às
obras de restauração do CCJB.[1] Treze dias depois, a fim de socializar diversos sítios
arqueológicos existentes nos bairros da Gamboa e da Saúde, foi criado o Circuito Histórico
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e Arqueológico de Celebração da Herança Africana por meio do Decreto Municipal Nº


34.803.[7] O circuito engloba, além do Centro Cultural José Bonifácio, o Cais do Valongo,
o Cemitério dos Pretos Novos e outros pontos de interesse próximos.
Durante a nova reforma, foram preservados diversos componentes do palacete, tais como:
as esculturas da fachada frontal; a deslumbrante escada na entrada, toda em madeira
nobre e com dois dragões esculpidos em sua base; o pátio arborizado; e lindos painéis
de azulejos pintados com mapas que mostram as transformações pelas quais a Zona
Portuária do Rio de Janeiro passou através das décadas. A reforma também incluiu incluiu
itens de acessibilidade, como elevadores e rampas.[8]
Dois anos depois, em 20 de novembro de 2013, o Centro Cultural José Bonifácio foi
reinaugurado pelo prefeito Eduardo Paes. Para a restauração do centro, foram investidos
R$ 3,8 milhões por meio do programa Porto Maravilha Cultural, que destina 3% da venda
dos CEPACs vinculados à operação urbana Porto Maravilha à recuperação do
patrimônio artístico, histórico e cultural dos bairros que compõem a Zona Portuária do Rio
de Janeiro. O centro é coordenado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da
Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP) em parceria com a Secretaria Municipal de
Cultura e o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH).[4]

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