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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. União Estável ................................................................................................................ 2
1.1 Concubinato .................................................................................................................................. 2
1.2 Identidade ..................................................................................................................................... 3
1.2.1 Efeito pessoal da união estável ...................................................................................................... 3
1.2.2 Novo conceito de união estável ..................................................................................................... 4
1.3 Lealdade ........................................................................................................................................ 5
1.4 Poliamor ........................................................................................................................................ 7
1.5 União estável putativa ................................................................................................................... 7
1.6 Conversão da união estável em casamento .................................................................................... 8
1.7 Regime de bens ........................................................................................................................... 11
1.8 Informativos STJ – união estável .................................................................................................. 13
2. Alimentos ................................................................................................................... 16
2.1 Espécies ............................................................................................................................................. 16
2.2 Poder familiar ..................................................................................................................................... 19
2.3 Estatuto da juventude ........................................................................................................................ 20
2.4 Alimentos entre parentes ................................................................................................................... 23
2.5 Alimentos avoengos ........................................................................................................................... 24
2.5.1 Informativos do STJ e alimentos avoengos ................................................................................... 25
2.6 Transmissibilidade .............................................................................................................................. 28
2.7 Características .................................................................................................................................... 29
2.7.1 Incompensáveis ........................................................................................................................... 29
2.7.2 Impenhoráveis............................................................................................................................. 30
2.7.3 Irrepetíveis .................................................................................................................................. 30
2.7.4 (Ir)renunciáveis ........................................................................................................................... 30
2.8 Alimentos e sociedade conjugal .......................................................................................................... 31
2.9 Alimentos compensatórios ................................................................................................................. 37
2.10 Alimentos gravídicos......................................................................................................................... 39
2.11 Estatuto do idoso.............................................................................................................................. 40
2.12 Revisão de alimentos ........................................................................................................................ 42
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Direito Civil V - Família e Sucessões
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
1. União Estável
De acordo com o art. 1.723 do CC, a união estável é uma entidade familiar formada
por pessoas, caracterizada por uma convivência pública, duradoura e contínua, com o
objetivo de estabelecimento de vida em comum, desde que não haja impedimentos
matrimoniais.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família.
Não sendo união estável, não surtirá qualquer efeito, porque os deveres e direitos
que decorrem de uma união estável, conforme o art. 1724 são extrapatrimoniais e, nos
termos do art. 1725, produz o efeito patrimonial pelo regime de bens.
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de
lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
O art. 1521, VI, estabelece que uma pessoa casada não pode contrair novo
casamento, sob pena de incorrer em bigamia. Assim, essa pessoa casada está impedida de
celebrar um novo casamento até que o atual seja extinto.
Art. 1.521. Não podem casar:
VI - as pessoas casadas;
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1.3 Lealdade
Prevista no art. 1724, representa um impedimento para as relações paralelas.
Segundo os Informativos nºs 274, 435, 464 e 494, não são admitidas as uniões
paralelas, sendo que a primeira é união estável e as demais são concubinato.
Informativo n. 0274
descurar do fato de que o núcleo familiar contemporâneo tem como escopo a realização
de seus integrantes, vale dizer, a busca da felicidade. Assinalou-se que, na espécie, a
relação mantida entre o falecido e a recorrida (ex-esposa), despida dos requisitos
caracterizadores da união estável, poderá ser reconhecida como sociedade de fato, caso
deduzido pedido em processo diverso, para que o Poder Judiciário não deite em solo
infértil relacionamentos que efetivamente existem no cenário dinâmico e fluido dessa
nossa atual sociedade volátil. Assentou-se, também, que ignorar os desdobramentos
familiares em suas infinitas incursões, em que núcleos afetivos justapõem-se, em
relações paralelas, concomitantes e simultâneas, seria o mesmo que deixar de julgar
com base na ausência de lei específica. Dessa forma, na hipótese de eventual interesse
na partilha de bens deixados pelo falecido, deverá a recorrida fazer prova, em processo
diverso, repita-se, de eventual esforço comum. Com essas considerações, entre outras, a
Turma deu provimento ao recurso, para declarar o reconhecimento da união estável
mantida entre o falecido e a recorrente e determinar, por conseguinte, o pagamento da
pensão por morte em favor unicamente dela, companheira do falecido. REsp 1.157.273-
RN, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/5/2010.
Informativo nº 0464
Período: 21 a 25 de fevereiro de 2011.
UNIÕES ESTÁVEIS PARALELAS.
A Turma, ao prosseguir o julgamento, deu provimento ao recurso especial e estabeleceu
ser impossível, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio, conferir proteção jurídica a
uniões estáveis paralelas. Segundo o Min. Relator, o art. 226 da CF/1988, ao enumerar
as diversas formas de entidade familiar, traça um rol exemplificativo, adotando uma
pluralidade meramente qualitativa, e não quantitativa, deixando a cargo do legislador
ordinário a disciplina conceitual de cada instituto - a da união estável encontra-se nos
arts. 1.723 e 1.727 do CC/2002. Nesse contexto, asseverou que o requisito da
exclusividade de relacionamento sólido é condição de existência jurídica da união estável
nos termos da parte final do § 1º do art. 1.723 do mesmo código. Consignou que o maior
óbice ao reconhecimento desse instituto não é a existência de matrimônio, mas a
concomitância de outra relação afetiva fática duradoura (convivência de fato) - até
porque, havendo separação de fato, nem mesmo o casamento constituiria impedimento
à caracterização da união estável -, daí a inviabilidade de declarar o referido paralelismo.
Precedentes citados: REsp 789.293-RJ, DJ 20/3/2006, e REsp 1.157.273-RN, DJe
7/6/2010. REsp 912.926-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/2/2011.
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1.4 Poliamor
Alguns cartórios têm feito contrato de uniões poliafetivas, um homem e duas
mulheres ou duas mulheres e um homem e até de três mulheres ou três homens. Por
enquanto só temos notícias de uniões a três, mas o poliamor não estabelece um número
específico, de quantos seriam.
O STJ não admite o poliamor1. Ainda existe muita resistência quanto a essa
estrutura familiar no Brasil, porque ele ainda é um país de prática monogâmica.
O art. 1521, VI, do Código Civil, como nós já vimos, homenageia a monogamia e,
aliás a bigamia ainda é considerada crime no Brasil.
Então, em razão de valores sociais, o poliamor encontra muita resistência. Todavia,
ele é admitido pela doutrina e ainda há alguns militantes na área da família bastante
favoráveis ao poliamor, tendo em vista que é uma possibilidade e uma prática sustentável,
na medida em que é ética.
Duas ou mais pessoas mantêm relações familiares simultaneamente e elas se
aceitam, se acolhem e se legitimam. Por isso, a união estável acaba sendo vivenciada por
essas pessoas, mas o Estado brasileiro ainda não a reconhece.
O CNJ mandou suspender todas as escrituras de relações de poliamor 2, até que o
STJ decida se deve ou não lavrar escrituras de poliamor em tabelionato de notas no Brasil.
Por enquanto, isso representa um claro posicionamento contrário.
1.5 União estável putativa
É uma relação paralela, mas que transita pela boa-fé subjetiva. A união estável
1
Nota do monitor: Segue exemplo de julgado do STJ.
“(...) Realmente, não há como se admitir a coexistência de um casamento nas circunstâncias ora expostas
(sem separação de fato) com uma união estável, sob pena de viabilizar a bigamia, já que é possível a
conversão da união estável em casamento (...)” (STJ, REsp 684.407/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini,
DJ de 27/6/2005).
2
Nota do monitor: “O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sugeriu que cartórios suspendam as escrituras
públicas de relacionamento entre mais de duas pessoas, as chamadas uniões poliafetivas, até a
regulamentação do tema. A recomendação foi repassada às corregedorias estaduais até que o CNJ analise
representação da Associação de Direito de Família e das Sucessões (ADFAS), que pediu, em liminar, a
proibição do reconhecimento do poliamor”. Fonte: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,cnj-pede-
suspensao-de-registro-de-trisal,10000052712
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Assim, não se admite o casamento viciado, sem que as pessoas saibam, declarando-
se nulo esse casamento por sentença, mas são conferidos os efeitos ao casamento nulo,
em homenagem à boa-fé subjetiva das partes que desconheciam os impedimentos
matrimoniais.
Ora, se existe essa possibilidade para o casamento, então, deve-se admitir essa
possibilidade para a união estável.
É importante destacar um julgado do Rio Grande do Sul, segundo o qual:
(...) Comprovada a notoriedade e a publicidade do relacionamento amoroso havido
entre a autora e o de cujus e, por isso é cabível o reconhecimento da união estável
putativa, quando fica demonstrado que a autora não sabia do relacionamento paralelo do
varão com a mãe da ré (...) (TJRS, Apelação Cível nº 70 025 094 707, Rel Des. Sérgio
Fernando de Vasconcellos Chaves, 7ª Câmara Cível, j. 22/10/2008)
Exemplo: Angélica mantém relação com um homem que a assume publicamente
como sua esposa e, depois, ela descobre que esse homem tem uma relação com outra
mulher que pode ser sua esposa ou companheira e essas mulheres desconheciam que
estavam em relações paralelas, porque foram enganadas e iludidas. Embora a segunda
relação não seja reconhecida como união estável, deve-se dar a ela os efeitos de uma
união estável, tal qual acontece com o casamento, porque se deve homenagear a boa-fé
subjetiva.
1.6 Conversão da união estável em casamento
Reconhecido que o casamento e a união estável são duas uniões afetivas aptas a
formar família, destaca-se o art. 226, § 3º, da CF/88, o qual estabelece que a legislação
ordinária deve facilitar a conversão da união estável em casamento.
Imaginemos um casal que iniciou uma relação de união estável em 1982, possuindo
34 anos de vida em comum, vivendo em família durante esse período e, agora, em 2016,
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Esse artigo prevê que esse casal que está há 34 anos em união estável, em
conjunto, podem requerer a conversão da união estável em casamento e deverá ser
prolatada sentença.
Interessante é que o art. 8º da lei nº 9278/96 também previa essa conversão da
união estável em casamento, mas isso se dava em cartório. O Código Civil de 2002
estabeleceu e regulamentou também essa conversão, mas de forma judicializada.
Art. 8° Os conviventes poderão, de comum acordo e a qualquer tempo, requerer a
conversão da união estável em casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil
da Circunscrição de seu domicílio.
A conversão, por outro lado, quando se converte uma coisa em outra, significa que
se está transformando uma união estável em casamento. É a mesma coisa quando se
converte um arresto em penhora. O arresto quando vira penhora, o registro da penhora
tem efeito retroativo. Igualmente, quando se converte uma hipoteca em penhora, haverá
efeito retroativo.
A conversão da união estável em casamento é um pedido judicial comum retroativo
à data da constituição da união estável, salvo se, na data da constituição da união estável
houver impedimento matrimonial. Havendo impedimento matrimonial, a retroatividade
não será a data do reconhecimento da união estável, será a data em que fosse possível os
requerentes terem se casado.
Prestem atenção ao Enunciado 526, da V Jornada de Direito Civil: “É possível a
conversão de união estável entre pessoas do mesmo sexo em casamento, observados os
requisitos exigidos para a respectiva habilitação”.
Nesse mesmo sentido, o STJ dispôs no Informativo 486.
Informativo Nº: 0486
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Essa decisão foi um triste episódio para a história da Corte Superior, porque ela só
serviu para reafirmar a deficiência dos Ministros no que tange à família. O artigo 1725 do
Código Civil consagrou o que já era previsto desde a Lei nº 9278/96, ou seja, o regime de
bens.
Isso quer dizer que, uma vez reconhecida a união estável, fica também comprovada
uma sociedade afetiva, que atrai para si as regras da comunhão parcial de bens, na forma
do artigo 1725, sem prejuízo de um contrato entre os companheiros, elegendo outro
regime de bens se preferirem.
Logo, voltamos a insistir: cuidado com acórdãos que fogem à orientação do próprio
tribunal, porque, muitas vezes, eles só servem para expressar a deficiência pontual de
alguns ministros e, infelizmente, isso acontece. Até porque cabe ao STJ zelar pela vigência
de lei federal e, quando o STJ nega vigência ao art. 1725 do Código Civil, ele presta um
enorme desserviço à ordem jurídica pátria.
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Informativo n. 0505
Período: 20 de setembro a 3 de outubro de 2012.
DIREITO CIVIL. UNIÃO ESTÁVEL DISSOLVIDA APÓS A LEI N. 9.278/1996. PRESUNÇÃO DE
ESFORÇO COMUM.
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Dessa forma, a união estável que já existia quando entrou em vigor o Código Civil de
2002 atraiu o art. 1725. Assim, mesmo que se trate de um patrimônio antigo, formado
muito antes de o Código Civil, este, ainda assim, irá incidir, porque aquela união estava viva
quando a nova lei entrou em vigor, apesar de o Conselho da Justiça Federal ter entendido
que deveria ser aplicada a regra que estivesse em vigor na data da aquisição do bem, por
exemplo, se o bem fosse adquirido em 1977, teria que aplicar a regra de comunicação
patrimonial de 77, se foi adquirido em 93, teria que ser a regra de 93.
Porém, não foi assim que o STJ resolveu, não foi assim que os tribunais seguiram e
não é esse o entendimento doutrinário. É aplicado o regime de bens da comunhão parcial,
salvo se tiver sido escolhido outro regime pelos companheiros para fazer a partilha de
bens, considerando a data da dissolução da sociedade conjugal.
Então, se a sociedade foi dissolvida em 2009, será aplicada a regra em vigor em
2009, e não na data da aquisição do bem.
1.8 Informativos STJ – união estável
508: presunção de paternidade é estendida à união estável
A presunção de paternidade prevista no art. 1597 também é aplicada para a união
estável.
Informativo Nº: 0508
Período: 5 a 14 de novembro de 2012.
DIREITO CIVIL. UNIÃO ESTÁVEL. PRESUNÇÃO DE CONCEPÇÃO DE FILHOS.
A presunção de concepção dos filhos na constância do casamento prevista no art. 1.597,
II, do CC se estende à união estável. Para a identificação da união estável como entidade
familiar, exige-se a convivência pública, contínua e duradoura estabelecida com o
objetivo de constituição de família com atenção aos deveres de lealdade, respeito,
assistência, de guarda, sustento e educação dos filhos em comum. O art. 1.597, II, do CC
dispõe que os filhos nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade
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A recorrente busca reconhecer a existência de uma entidade familiar formada entre ela e
o de cujus apta a reservar-lhe meação nos bens deixados. A seu favor pesa a constatação
de que a Lei n. 9.278/1996 não enumera a coabitação como um elemento indispensável,
um requisito essencial, à formação da união estável (vide Súm. n. 382-STF), mesmo que
não se negue ser ela um dado relevante para perquirir a intenção de constituir família.
Quanto à prova de efetiva colaboração da recorrente na aquisição dos bens, tal
circunstância é relevante apenas para afastar eventual sociedade de fato, subsistindo a
necessidade de definir se existente a união estável, pois ela presume a mútua
colaboração na formação do patrimônio, a refletir na conseqüente partilha (art. 5º da
referida lei). Porém, afastada a única premissa utilizada pelo Tribunal a quo para repelir
a existência da união estável (a falta de coabitação), só resta a remessa dos autos à
origem para que lá, à luz dos demais elementos de prova constantes dos autos, examine-
se a existência da mencionada união, visto o consabido impeço de o STJ revolver o
substrato fático-probatório dos autos. Precedentes citados: REsp 278.737-MT, DJ
18/6/2001, e REsp 474.962-SP, DJ 1º/3/2004. REsp 275.839-SP, Rel. originário Min. Ari
Pargendler, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi (art. 52, IV, b, do RISTJ), julgado em
2/10/2008.
Min. Relator (em voto vencido) dava provimento ao recurso, entendendo que a ausência
de coabitação não constitui motivo suficiente para obstar o reconhecimento de união
estável. A Min. Nancy Andrighi, em seu voto vista divergente, mas vencedor, destacou
que a declarada ausência de comprovação da posse do estado de casados, vale dizer, na
dicção do acórdão recorrido, a ausência de prova da intenção do falecido de com a
recorrente constituir uma família, com aparência de casamento, está intimamente
atrelada ao fato de que, muito embora separados judicialmente, houve a continuidade
da união dele com a primeira mulher, pois permaneceram juntos até a morte do cônjuge
varão, o que vem referendar a questão, também posta no acórdão impugnado, de que
não houve dissolução do casamento válido, ponderando-se, até mesmo, a respeito do
efetivo término da sociedade conjugal, porque notória a continuidade da relação, muito
embora não formalizado pedido de retorno ao status de casados. Nos termos do art.
1.571, § 1º, do CC/2002, o casamento válido não se dissolve pela separação judicial,
apenas pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio. Por isso mesmo, na hipótese de
separação judicial, basta que os cônjuges formulem pedido para retornar ao status de
casados. Já, quando divorciados, para retornarem ao status quo ante, deverão contrair
novas núpcias. Esse entendimento, consagrado pela doutrina e jurisprudência, sob a
vigência do CC/1916, apenas foi referendado pelo CC/2002, o que permite sua incidência
na hipótese. Por fim, a Min. Nancy Andrighi entendeu que a relação mantida entre o de
cujus e a recorrente era despida dos requisitos caracterizadores da união estável. Dessa
forma, na hipótese de eventual interesse na partilha de bens, deverá a recorrente fazer
prova, em processo diverso, de eventual esforço comum. Diante disso, a Turma, ao
prosseguir o julgamento, por maioria, negou provimento ao recurso. REsp 1.107.192-PR,
Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/4/2010.
Ora, se ele estava separado de fato de Juliana, ela não teria direitos sucessórios,
quem os teria era a companheira sobrevivente.
A questão para o STJ é que quem está alegando o fato é Marta. Ela que alega a
separação de fato do morto com a Juliana. Então, se Marta acusa e sustenta a separação
de fato, o ônus da prova cabe a ela. Se Marta não conseguir comprovar a separação de fato
de Juliana e do falecido, então ela não consegue comprovar a união estável.
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Quando termina o processo, mas o juiz está em dúvida, entende o STJ que a dúvida
significa que Marta não conseguiu comprovar a união estável dela, logo, Juliana é a viúva e
a que tem o direito sucessório. Por isso que, na dúvida, em favor do casamento.
2. Alimentos
Aqui a gente começa o fim da nossa abordagem sobre família, que são os alimentos.
Os alimentos se dividem, logo que regulamentados pelo Código Civil, em duas
espécies. Os alimentos civis (art. 1694, caput) e os alimentos naturais (art. 1694, § 2º).
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua educação.
o
§ 1 Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos
recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de
necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
reclama alimentos, a exemplo de uma pessoa que pede alimentos porque nunca estudou,
nunca trabalhou, sempre viveu de mesada do pai e da mãe, ou então era uma pessoa que
pegava o que tinha e distribuía, sem fazer reserva nenhuma, ou seja, era uma pessoa
perdulária, tinha trinta e gastava quarenta, então, nesses casos, pode-se alegar que quem
pede os alimentos foi quem deu causa à própria necessidade.
Se for percebido esse nexo de causalidade entre o comportamento de quem pede
os alimentos e a sua necessidade criada por esse comportamento, pode aquela pessoa a
quem se reclama os alimentos, chamada de alimentante, afirmar que irá prestar o socorro,
mas não é justo ela manter o padrão socioeconômico dessa pessoa que, se hoje reclama
alimentos, é porque buscou por isso.
O alimentante pode optar por não pagar, por exemplo, o aluguel e o condomínio no
lugar em que a pessoa credora de alimentos mora, podendo pagar no lugar mais barato
possível, pode, ainda, escolher não ajudar a alimentanda a ter um carro, sendo ela
obrigada a usar o transporte público, nem disponibilizar uma pessoa a lhe auxiliar nos
serviços domésticos, tendo a alimentanda que ela mesma fazê-los. Em suma, o alimentante
pode reduzir o padrão socioeconômico da pessoa que reclama alimentos ao indispensável.
Isso porque essa pessoa só fez jus aos alimentos naturais, ou seja, indispensáveis à sua
sobrevivência.
Os alimentos foram reduzidos ao indispensável, porque a pessoa que reclama
alimentos foi quem deu causa à própria necessidade, ela foi a responsável por, hoje, estar
na situação de penúria. Caso contrário, se não for essa a situação, os alimentos são civil.
Observação: Dever não significa obrigação. Isso quer dizer que o dever de prestar
alimentos decorre de parentesco ou de matrimônio. Os parentes que devem,
reciprocamente, alimentos são os ascendentes, os descendentes e os irmãos (arts. 1696 e
1697, CC). Pelo matrimônio, devem prestar alimentos os cônjuges e companheiros.
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo
a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta
de outros.
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a
ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
De acordo com o art. 1697, quando alguém vai reclamar alimentos, deve começar
pelos seus ascendentes, na ordem do grau de parentesco: primeiro os pais, depois os avós,
depois os bisavós, esgotando o pedido alimentar de acordo com o distanciamento do grau
de parentesco. Esgotados os ascendentes, então se pode reclamar alimentos dos
descendentes, também obedecendo ao grau de parentesco: primeiro dos filhos, depois dos
netos e depois dos bisnetos.
Esgotados os ascendentes e descendentes, então, poder-se-á reclamar alimentos
aos irmãos, sejam os irmãos germanos ou unilaterais.
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Esse dever de prestar alimentos pode virar uma obrigação. Para que esse dever se
transforme em obrigação, é necessário enfrentar alguns elementos desse dever, para se
questionar se esse dever abstrato pode se tornar uma obrigação concreta.
Assim, questiona-se: será que aquele parente tem a obrigação de prestar alimentos
ao outro? Primeiramente, temos que examinar a necessidade de quem requer.
A primeira coisa que uma pessoa que está pedindo alimentos deve alegar e
comprovar é a sua necessidade. Essa necessidade seria a inaptidão de quem requer de
prover suas próprias necessidades. Se isso fica provado, a pessoa tem direito de reclamar
alimentos.
Dessa forma, uma pessoa pode ter quarenta e cinco anos, mas, por algum motivo
sério, não está pronta nem apta e pode pedir alimentos, porque, por exemplo, está presa
em casa cuidando de alguém, ou tem algum problema de saúde, ou está temporariamente
afastada do mercado de trabalho. Por isso, pode ser que essa pessoa, momentaneamente
ou por tempo indeterminado tenha essa necessidade.
Comprovada a necessidade, passamos a um segundo elemento, que é a
possibilidade. Digamos que uma pessoa provou que precisa do auxílio para que seu
sustento seja provido. Então, a sua necessidade é clara. Contudo, a pessoa requereu
alimentos, por exemplo, dos seus pais, que são muito pobres e eles não têm condições de
prover o sustento próprio.
Se eles não têm meios de, eles mesmos, sobreviverem, não terá como ajudar essa
pessoa. Logo, não adianta uma pessoa ter necessidade, se as pessoas a quem ela reclama
os alimentos não tiverem a possibilidade de lhe ajudar. Por outro lado, os pais podem ser
milionários, mas se o filho não tiver necessidade, não há que se falar em pensão
alimentícia.
Sendo assim, a necessidade confere a possibilidade de reclamar alimentos e a
possibilidade das pessoas a quem são reclamados os alimentos é que vai viabilizar que elas
sejam obrigadas a ajudar.
O problema surge quando se requer alimentos a mais de uma pessoa. Quando mais
de uma pessoa é demandada em alimentos, a proporcionalidade se torna um terceiro
elemento, formando, então, um trinômio.
Se, por exemplo, uma pessoa reclama alimentos em face do seu pai e da sua mãe,
não é justo que os dois paguem a mesma quantia. No caso, a pessoa pede três mil reais a
título de alimentos. Está comprovada a sua necessidade de três mil reais, porque o resto
ela mesma pode prover. Então, seu pai e sua mãe são réus, mas pode ser que seu pai tenha
menos possibilidade que sua mãe, e, por isso, sua mãe pode ser condenada a pagar dois
mil e seu pai mil.
Assim, se houver um desequilíbrio econômico entre os reclamados que tiverem
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possibilidade de prestar alimentos, eles não terão que pagar a mesma quantia, porque a
fixação da pensão alimentícia quando tiver mais de um demandado, deverá observar a
proporção de quanto cada um tiver força para contribuir.
Conclui-se, então, que o dever de prestar alimentos têm os ascendentes,
descendentes, irmãos, cônjuges e companheiros, mas esse dever só se transforma em
obrigação depois de enfrentado o binômio “necessidade-possibilidade”, que pode vir a se
transformar num trinômio, pelo ingresso da proporcionalidade, se houver mais de uma
pessoa demandada para prestar alimentos.
É importante destacar o Enunciado 573 da VI Jornada de Direito Civil, segundo o
qual “Na apuração da possibilidade do alimentante, observar-se-ão os sinais exteriores de
riqueza”.
Isso significa acabar com o “golpe do esperto”, que é aquele que diz que não pode,
que não tem condições ou que apresenta um contracheque muito baixo, mas pelas redes
sociais, através de fotos e testemunhas, se vê que o sujeito ostenta um padrão
socioeconômico incompatível com a renda que comprova.
Então, na hora de fixar a pensão alimentícia, ou de identificar a obrigação, o juiz não
deve levar em consideração apenas o que a parte demandada alega e produz de prova,
mas também deve-se considerar o que ela ostenta.
examinando. Então se os pais não tiverem condições de sustentar um filho a partir dos
dezoito anos, porque seu padrão socioeconômico não lhes permite, a obrigação alimentar
poderá cessar e o filho maior de idade terá que trabalhar para suprir suas próprias
necessidades. Por outro lado, até que se prove em contrário, os pais continuam pagando
alimentos, mesmo com a maioridade.
Nesse sentido dispõe a Súmula 358, a qual estabelece que o cancelamento da
pensão alimentícia por maioridade depende de contraditório, mesmo que nos próprios
autos.
Sendo assim, enquanto o devedor de alimentos não provar que não existe mais
necessidade do filho maior ou que não há mais sua possibilidade, os pais continuam
obrigados a manter a pensão alimentícia.
Vez ou outra, vê-se filho de trinta e poucos anos recebendo pensão alimentícia dos
pais. Isso ocorre porque ninguém foi pedir exoneração. Enquanto não houver o
contraditório da exoneração da pensão alimentícia, ela continua sendo devida.
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o próprio juiz, de ofício, pode chamar ao processo para defender interesse de menor.
A questão da subsidiariedade dos alimentos pode ser exemplificada da seguinte
forma:
(A) Alimentando: prova necessidade
(B) Alimentantes: pai e mãe
Digamos que o pai, sozinho, consiga suprir quarenta por cento das necessidades do
alimentando e a mãe consiga suprir trinta por cento dessas necessidades.
Os dois reconhecem essa necessidade, bem como o juiz e o Ministério Público, mas
os pais, sozinhos, só conseguem suprir setenta por cento. Pergunta-se: quem são os
próximos? Os próximos são os avós.
Os avós vão complementar os trinta por cento faltantes. Serão distribuídos os trinta
por cento que estão faltando para suprir essas necessidades entre os avós.
Percebam, então, que a responsabilidade dos avós foi subsidiária, porque eles só
foram chamados ao processo porque os pais não tiveram condições de cobrir
integralmente as necessidades do filho.
Assim, a nesse caso, a obrigação dos avós é subsidiária.
Outro ponto importante é que os avós não têm que dividir com os pais essa
necessidade. Eles só vêm completar o que está faltando. Se falta trinta por cento, será
distribuído esse valor entre os quatro avós.
Pode ser que um pague dez por cento, o outro quinze por cento, outro pague cinco
por cento e o outro não pague nada. Em primeiro lugar, os avós não são titulares de poder
familiar, por isso, eles não têm obrigação legal de sustentar o neto. Eles só vão contribuir
se tiverem possibilidade. Em segundo lugar, ainda que tenham possibilidade, eles só vão
complementar, na hipótese de os pais não puderem atender integralmente a necessidade
do alimentando.
2.5 Alimentos avoengos
Enunciado 342, da IV Jornada de Direito Civil: “Observadas suas condições pessoais
e sociais, os avós somente serão obrigados a prestar alimentos aos netos em caráter
exclusivo, sucessivo, complementar e não-solidário quando os pais destes estiverem
impossibilitados de fazê-lo, caso em que as necessidades básicas dos alimentandos serão
aferidas, prioritariamente, segundo o nível econômico-financeiro de seus genitores.”
Em caráter exclusivo, em razão do seguinte. Digamos que a necessidade
reconhecida judicialmente foi de treze mil reais e, então, o avô que ficou com a obrigação
de dez por cento, irá pagar trezentos reais. Nesse caso, ele só responde pelos trezentos
reais que ele assumiu, mesmo que os outros não paguem a parte deles. Ele assumiu essa
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Informativo nº 0315
Período: 26 a 30 de março de 2007.
Informativo nº 0421
Período: 1º a 5 de fevereiro de 2010.
ALIMENTOS. RESPONSABILIDADE. AVÓS.
Em matéria sobre a obrigação de os avós alimentarem os netos, a Turma reafirmou que
se trata de responsabilidade subsidiária e complementar à responsabilidade dos pais, por
isso só é exigível em caso de impossibilidade de cumprimento da prestação ou de
cumprimento insuficiente pelos genitores. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.010.387-
SC, DJe 30/6/2009, e REsp 858.506-DF, DJe 15/12/2008. REsp 831.497-MG, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 4/2/2010.
464: a responsabilidade dos avós deve ser repartida entre os avós paternos e os
maternos, porque todos eles são ascendentes de segundo grau.
Informativo nº 0464
Período: 21 a 25 de fevereiro de 2011.
ALIMENTOS. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. AVÓS.
483: é necessária a produção probatória acerca do trinômio por não terem os avós
poder familiar.
Informativo Nº: 0483
Período: 12 a 23 de setembro de 2011.
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do CPC. Assim, fixado pelo tribunal de origem que a avó demonstrou, em contestação, a
impossibilidade de prestar os alimentos subsidiariamente, inviável o recurso especial, no
particular, pelo óbice da Súm. n. 7-STJ. Com essas considerações, a Turma negou
provimento ao recurso. REsp 1.211.314-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/9/2011.
Os avós não têm obrigação legal de sustentar os seus netos. Eles possuem o dever
de sustento
2.6 Transmissibilidade
Está destacada no art. 1700 e significa que, quando é fixada a obrigação alimentar,
isto é quando a prestação de pagar alimentos já é quantificada, significa que foram
examinadas a necessidade, a possibilidade e a proporcionalidade.
Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na
forma do art. 1.694.
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são resultado do seu esforço. O herdeiro não irá pagar alimentos por ser ele o devedor,
mas porque herdou essa responsabilidade.
Então, entende-se que o pagamento da pensão alimentícia não deve sair da renda
pessoal de quem paga quando essa condição decorre de herança. Portanto, os alimentos
devem sair do patrimônio que foi recebido.
Se a herança foi dividida pela metade, se os alimentos forem estabelecidos em dois
mil reais, o herdeiro que ficou com uma das metades vai pagar mil e o outro herdeiro os
outros mil.
De acordo com o art. 1700 do Código Civil, quando os herdeiros os bens, eles
também recebem a responsabilidade de sustentar a pessoa comprovadamente necessitada
de alimentos.
Dessa forma, a transmissão traz tanto o bônus quanto o ônus. Se o herdeiro aceita
o bônus, assume o ônus também.
É importante ressaltar, entretanto, que o dever não se transmite.
Digamos que um sujeito de origem muito pobre, já casado, formou um grande
patrimônio e, com pena do irmão que é pobre, lhe oferece ajuda, embora nunca tenha sido
condenado a pagar alimentos.
Quando ele morre, a sua mulher que ficou viúva ficará com a meação de todo o
patrimônio, já que o patrimônio foi adquirido onerosamente na vigência do casamento,
sob o regime da comunhão parcial. A parte que cabia ao falecido foi herdada pelos dois
filhos.
Os dois herdeiros não terão nenhum dever de ajudar o tio, porque dever não se
transmite. Só é transmitida a obrigação e o pai não assumiu obrigação alguma de sustentar
seu irmão. Logo, quando o pai morre, não há que se falar em transmissão aos herdeiros de
obrigação, pelo simples motivo de que quando foi aberta a sucessão, o morto não estava
obrigado a pagar alimentos.
Assim, enquanto só houver dever não há que se falar em transmissão. Uma vez
aberta a sucessão transmite-se a sucessão.
2.7 Características
2.7.1 Incompensáveis
Segundo o art. 1707 do Código Civil, os alimentos são incompensáveis com outras
obrigações, tendo em vista que as obrigações civis têm a expressão econômica de
favorecer o patrimônio do credor. Logo, a obrigação civil é destinada ao acréscimo
patrimonial para o credor. Já a obrigação alimentar tem expressão econômica, mas tem
por finalidade prover o sustento de alguém, a fim de manter viva uma pessoa com
dignidade.
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Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a
alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
Não é possível compensar vida digna com patrimônio. São bens jurídicos tutelados
absolutamente distintos
2.7.2 Impenhoráveis
Pelo mesmo motivo, ela não admite penhora. Não é possível penhorar crédito de
alimentos, nem conta bancária destinada à percepção de alimentos. Se essa conta estiver
sendo usada também para outros fins, pelo menos para aquela quantia referente a
depósitos de alimentos, tem que ser liberada.
2.7.3 Irrepetíveis
Os alimentos não admitem devolução. Se o alimentante já pagou, não há como
obter a devolução do que foi pago a título de alimentos, já que esse valor foi absorvido
para manter uma pessoa viva.
Mesmo se o alimentante tiver comprovado, em uma negatória de paternidade, que
o alimentado não era seu filho, tendo constatado que pagou os alimentos indevidamente.
Ainda assim, os alimentos não serão devolvidos, porque o seu pagamento é irrepetível.
2.7.4 (Ir)renunciáveis
Nos termos do art. 1707, não se pode renunciar alimentos. Entretanto, não é esse o
entendimento do STJ, nem do Conselho da Justiça Federal.
O CJF e o STJ entendem que os alimentos entre parentes não podem ser
renunciados, porque eles decorrem de um vínculo familiar incindível. Enquanto aquelas
pessoas estiverem envolvidas em laços familiares, a causa jurídica da pensão alimentícia
não cessa. Se não cessa a causa, não cessa a consequência.
Por outro lado, quando se trata de cônjuges ou de companheiros, o vínculo familiar
entre eles cessa uma vez dissolvida a sociedade conjugal. Não mais mantendo os laços
matrimoniais, aquelas partes maiores, capazes, que se autodeterminam em seus interesses
econômicos, não têm mais motivos que as impeça de renunciar aos alimentos.
Assim, conforme o Enunciado 263, da III Jornada de Direito Civil “O art. 1707 do
Código Civil não impede seja reconhecida válida e eficaz a renúncia manifestada por
ocasião do divórcio (direto ou indireto) ou da dissolução da ‘união estável’. A
irrenunciabilidade do direito a alimentos somente é admitida enquanto subsista vínculo de
Direito de Família”.
Portanto, enquanto eles forem casados ou estiverem em união estável, os
alimentos são irrenunciáveis.
No mesmo sentido é o Informativo 260 do STJ.
Informativo nº 0260
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Uma vez que se divorciem ou dissolvam a união estável, os alimentos podem ser
renunciados.
A renúncia resulta na extinção do direito. Logo, se alguém renuncia o seu direito a
alimentos, ele não poderá reclamá-los futuramente.
Assim, se uma pessoa, num acordo de divórcio ou de dissolução de união estável,
renunciar aos alimentos, por mais que venha a precisar deles futuramente, não poderá
demandá-los, porque terá perdido seu direito.
Pode acontecer de alguém deixar de reclamar alimentos, podendo deixar de optar
por não exercer, no momento, o direito de requerer alimentos.
Quando alguém declara, no momento que não exerce o direito de reclamar
alimentos, ela está se reservando no direito de, no futuro, se precisar, reclamá-los, mas, se
renunciar, ela perde o direito.
2.8 Alimentos e sociedade conjugal
A Lei 11.441/2007 estabelece que, a partir do momento em que os cônjuges podem
se divorciar em tabelionato de notas em comum acordo, também se admite que eles
estabeleçam, na escritura pública, a sua pensão alimentícia, ou então que estabeleçam a
sua renúncia.
Assim, verifica-se um diálogo claro entre a lei 11.441/2007 e o Enunciado 263 da III
Jornada.
Imaginemos o seguinte: a dona Laura e o seu Francisco se divorciaram e, no seu
divórcio, ela declarou que não exerceria seu direito a alimentos por não ter necessidade.
Ela fez isso porque era funcionária pública, já estava aposentada e, então já tinha a sua
fonte de renda, entendendo que não havia por que estabelecer uma pensão alimentícia em
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seu favor.
Com o passar dos anos, a dona Laura foi sofrendo perdas econômicas, já que a sua
aposentadoria não era reajustada e a inflação corroeu severamente seus rendimentos e,
para piorar, o Estado passa a atrasar o pagamento. Assim suas contas começaram a ficar
descontroladas. Ela precisa usar medicamentos e não consegue adquiri-los, ou seja, ela se
torna uma pessoa necessitada de alimentos quinze anos depois do divórcio.
O Informativo 309 do STJ deixa claro que o divórcio, por si só, não é uma causa de
exoneração. Logo, essa mulher, por mais que esteja divorciada, se ela comprova
necessidade de auxílio do seu ex-marido, porque ela não tem condições de, por si só, se
sustentar mais, não há motivo para que ele não seja solidário com ela.
Informativo nº 0309
Período: 18 de dezembro de 2006 a 9 de fevereiro de 2007.
HC. ALIMENTOS. DIVÓRCIO.
Como consabido, o término do vínculo conjugal proporcionado pelo divórcio, por si só,
não é causa para a exoneração do dever de prestar alimentos, quanto mais se presente
nos autos a prova de que a alimentanda, a ex-esposa, em razão de vários fatores, tais
como a idade, dificilmente poderá exercer atividade laborativa que supra suas
necessidades. Era necessária a juntada da sentença de divórcio para que se pudesse
avaliar eventual acordo judicial a respeito. Note-se que há pendência de ação revisional,
essa sim no foro adequado a tal discussão, a Vara de Família. Outrossim, não se
comprovou tratar-se de antigos débitos de alimentos, o que afasta a pretensão de
suspender os vários mandados de prisão civil expedidos nas mais de vinte execuções
movidas pela alimentanda. HC 63.746-RJ, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em
6/2/2007.
credor ainda pode ter necessidade ou o devedor ainda pode ter possibilidade, mas não são
esses elementos que eliminam a obrigação do devedor de pagar alimentos. De acordo com
o dispositivo legal, exonera o devedor da obrigação de pagar alimentos:
(A) A nova família formada pelo credor de alimentos
Então se o credor se casa novamente, estabelece união estável ou concubinato, o
devedor se vê desobrigado de pagar alimentos.
Observação: O art. 1709 dispõe que a nova família formada pelo devedor não altera
a sua pensão alimentícia. Por isso, o fato de o devedor se casar de novo ou formar uma
união estável, não diminui nem o faz se livrar da pensão alimentícia.
Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante
da sentença de divórcio.
Isso significa que, se uma pessoa é casada, presume-se que ela colabora com o
sustento da pessoa que com ela está casada e vice-versa. Se ela está em união estável,
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existe a colaboração econômica entre essas pessoas e assim se presume, por causa do art.
1724.
A questão surge no que tange ao concubinato.
O Enunciado 265, da III Jornada de Direito Civil estabelece que, no concubinato, não
existe presunção legal de assistência material entre os concubinos.
Então quando o ex-marido ou ex-companheiro suscitam que a pessoa que recebe os
alimentos formou o concubinato, ele também terá que provar que existe assistência
material entre os concubinos.
Se fosse casamento ou união estável, não precisaria provar, porque a lei já
presume, conforme os art. 1566 e 1724, porém, se for hipótese de assistência material
entre concubinos, como não existe a presunção legal, quem alega, para se exonerar de
alimentos, tem que provar que naquele concubinato existe assistência material.
Por exemplo: João paga alimentos a Maria e ela, agora, é concubina de Antônio,
que já foi padrasto de Maria em alguma época e, como sabemos que não existe ex-
padrasto, ou se ela for viver com um homem casado, de qualquer forma ela será
concubina. Então, João quer deixar de pagar alimentos porque Maria é concubina. Ele tem
que alegar e provar que ela é concubina e que existe assistência material.
Observação: É aconselhável que as respostas sejam abordadas de acordo com os
enunciados. Ou então, ainda que seja citado o enunciado do Conselho da Justiça Federal, o
qual entende que a ligação de concubinato, tão somente, não exonera a obrigação de
pensão alimentícia, porque não possui a presunção legal de assistência material, afirme sua
discordância justificando que a lei não faz essa ressalva e, por a lei não fazer essa ressalva
no art. 1708, não há necessidade dessa prova.
De qualquer forma, é interessante que o candidato comprove que conhece o
entendimento do Conselho da Justiça Federal.
(B) Indignidade do credor
Se o credor de alimentos mantiver uma conduta indigna diante do devedor, a sua
indignidade, na forma do parágrafo único do art. 1708, pode ser uma causa de exoneração
da pensão alimentícia.
Na verdade, a indignidade é causa de exoneração de qualquer liberalidade. Se vocês
revisitarem os arts. 555 e 557 do Código Civil, verão que a ingratidão revoga a doação. O
art. 557 apresenta causas dessa ingratidão
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do
encargo.
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
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O art. 1814 estabelece a indignidade do sucessor e porque ele foi indigno ele perde
os direitos aos bens que ele sucedeu.
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente
ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem
em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
O art. 1961 prevê a deserdação, segundo o qual alguém que pratica o ato de
deserdação pode também ser excluído da sucessão.
Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados,
em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão.
Logo, vê-se que a lei prevê, em vários momentos, que o beneficiado por uma
liberalidade deve guardar uma relação respeitosa com quem lhe auxiliou, porque, caso
contrário, não há por que manter esse auxílio.
Assim, o art. 1708 vai no mesmo sentido. Ora, se uma pessoa sustenta outra, lhe é
solidária, e lhe provê meios de custear sua vida, ela tem que guardar com aquela pessoa
um tratamento respeitoso de alta consideração. Isso não quer dizer que o beneficiário vá
se sujeitar ou se humilhar à pessoa, mas também não pode ofendê-la.
A lei não diz que ofensa é essa para significar indignidade, coube ao intérprete da
norma compreender indignidade é essa. Então, é possível usar como analogia as hipóteses
de ingratidão, de indignidade e de deserdação para aplicar no art. 1708, parágrafo único,
mas não quer dizer que essas hipóteses previstas em lei esgotem o conceito de ingratidão
do credor para se exonerar da pensão alimentícia. Elas servem de rol exemplificativo.
O Enunciado 264, da III Jornada de Direito Civil estabelece que no art. 1708,
parágrafo único, na interpretação do que seja comportamento indigno do credor, o que
gera exoneração de alimentos, são aplicadas, por analogia, as hipóteses dos incisos I e II do
art. 1814 do Código Civil, que são os casos de exclusão por indignidade.
Como argumento, segue transcrição de parte do julgamento de uma apelação do
Tribunal de Santa Catarina, que deixa claro que o fato de a mulher que recebe alimentos
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ter um namorado ou uma vida sexual ativa não pode servir de fundamento para que o
credor de alimentos pare de lhe prestar auxílio.
TJSC, Apelação Cível n. 2012.053940-5
(...) o direito alimentar não pode ter como fundamento uma obrigação de castidade
pós-separatória da mulher credora da pensão, e não comete ao direito de fiscalizar,
restringir e até coibir sob severa punição de extinguir o direito alimentar, que em última
análise representa o direito à vida, e um direito também à vida íntima e sexual de ex-
cônjuges ou ex-parceiros credores de alimentos.
Sobre esses pontos, é importante ainda destacar o Enunciado 345, da IV Jornada de
Direito Civil que dispõe que, ainda que o comportamento do credor seja indigno, pode ser
que, ao invés de exoneração, essa indignidade implique apenas em redução da pensão
alimentícia para o indispensável à sobrevivência do credor, ou seja, os alimentos deixam de
ser civis, para assumir o caráter natural.
Isso ocorre quando fica comprovado que a exoneração da pensão alimentícia pode
comprometer a sobrevivência do credor de alimentos. Então, o comportamento, por mais
indigno e inaceitável que seja, ele não pode significar a morte do credor.
Fazendo uma análise conjunta do art. 1708 com o art. 1704, constata-se que o
cônjuge ou o companheiro inocente, ou seja, que não deu causa ao rompimento da relação
matrimonial, tem direito aos alimentos civis, tem direito de reclamar uma pensão que lhe
mantenha no mesmo padrão socioeconômico.
Atenção! Nem sempre a separação irá reduzir a capacidade econômica de alguém.
Por exemplo, pode ser que um indivíduo esteja em família e pagando contas e, quando se
separa, vai para a casa dos pais. Então, hoje, ele não paga aluguel, nem condomínio, nem
mercado, nem qualquer outra conta. Seu salário fica livre. Nesse caso, a separação
aumentou sua possibilidade. Ou pode ser que uma pessoa se separe e vá viver com alguém
que ganhe dez vezes mais do que ela.
Em suma, o simples fato de aquele casal ter rompido não significa,
obrigatoriamente, uma diminuição do padrão socioeconômico. Essa correlação não é
obrigatória.
Pois bem, só o cônjuge inocente tem direito a alimentos. O culpado não tem direito
a nada, a não ser que (parágrafo único do art. 1704) ele prove, primeiro, a sua necessidade,
segundo, que ele não tem condições de prover a sua necessidade e, terceiro, que ele não
tem a quem pedir. Nesse caso, o culpado tem direito aos alimentos indispensáveis.
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tinha três filhos. Para que ele tivesse sucesso em sua carreira, ela precisou apoiá-lo. Para
que ele fizesse seus cursos, viajasse e, enfim, pudesse investir em sua carreira, ele ficou
muito tempo longe do ambiente familiar, enquanto que ela ficou cuidando dos filhos. Ela,
por sua vez, era formada em direito e era professora universitária e, como professora,
estruturava seus horários de modo que ela teria um salário e poderia cuidar dos filhos, ao
mesmo tempo em que daria o suporte de que o marido precisava.
Digamos que seu marido tivesse uma renda de noventa mil por mês e ela tivesse
uma renda de seis mil por mês. O padrão socioeconômico dessa família era, então,
sustentado pelo marido. Quando os filhos chegaram a uma determinada idade de maior
independência, essa mulher começou a estudar para concurso e ela acabou passando em
concursos de excelentes carreiras só que para outros estados, mas ela não poderia ser
empossada, porque ela tinha que continuar atendendo ao marido, já que ele tinha uma
carreira há mais de quinze anos e tinha ainda filhos adolescentes e, por isso, ela não podia
se mudar para outro Estado, porque era uma mulher casada e ela acabou perdendo
oportunidades para que seu marido crescesse.
Ela perdeu oportunidades, porque foi necessário para a família. Um dia esses filhos
se tornaram adultos e independentes e o casal rompe o relacionamento.
Ainda que eles acordem que ela continue morando no mesmo lugar, com o salário
que ela tinha não conseguia pagar todas as contas, porque sua renda é absorvida, quase
que integralmente, por suas necessidades.
Ora, no momento em que eles rompem, ela tem renda, tem profissão, não é uma
pessoa doente, e sim produtiva, só que ela, hoje, não tem condições de manter a vida a
qual ela sempre conheceu. Então, seria justo que, num cenário desse, em que houve uma
análise objetiva de prejuízo e claras situações de perda de oportunidades em razão de um
casamento e de uma família, que ela seja auxiliada por ele. Nem que, pelo menos, os
custos de uma residência, por exemplo, se ele paga para ela cinco por cento da sua renda,
ou seja, se ela recebe mais quatro mil e quinhentos reais, ela pode não só continuar se
sustentando, mas, de repente, investir no curso de novo.
Se ela hoje tem cinquenta anos e se sente pronta para trabalhar por mais vinte anos
pela frente, ela pode voltar a estudar para concurso, por exemplo. Ela conseguiria tentar
novos projetos, porque estaria sendo apoiada por ele.
De repente, se no futuro, ela consegue recuperar aquelas chances que ela perdeu
no passado, ele pede a exoneração da pensão.
Aqui, então, não é um fato de que a mulher não precisa. Ela tem casa para morar,
tem emprego, um diploma, mas o problema não é esse, é o severo desequilíbrio
econômico sofrido e prejuízos concretos decorrentes dessas perdas das oportunidades.
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
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Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor
de Justiça ou Defensor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título
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executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela Lei nº
11.737, de 2008)
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o
seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência
social.
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isso, a ação revisional é livremente distribuída. Ela não é apensada à ação de alimentos.
Na ação revisional não mais deve ser utilizada a expressão rito sumário, e sim
procedimento comum, porque desde março de 2016 está em vigor o CPC de 2015, então
não há mais a dicotomia entre rito ordinário e rito sumário, só existe agora o procedimento
comum e, por isso, a ação de revisão de alimentos é submetida ao procedimento comum.
No procedimento comum, é possível uma tutela de urgência.
Os alimentos provisórios da ação de alimentos têm natureza de tutela da evidência.
No caso da revisão, por outro lado, como se trata de uma questão revisional, nada é
evidente quanto à concessão ou não de uma liminar. Assim, se não existe essa evidência, a
urgência da concessão dessa liminar tem que ser comprovada.
Na ação de revisão de alimentos existe uma petição inicial, há a distribuição do
pedido e existe uma citação. A decisão de majorar ou de reduzir retroagirá à data da
citação da ação revisional, conforme disposto nos Informativos 207 e 360 do STJ.
Informativo nº 0207
Período: 3 a 7 de maio de 2004
ALIMENTOS. MAJORAÇÃO. CITAÇÃO.
Em caso de majoração dos alimentos determinada na ação revisional, o novo valor
fixado deve retroagir à data da citação. Precedentes citados: REsp 51.781-SP, DJ
24/10/1994; REsp 9.661-CE, DJ 19/8/1991, e REsp 40.436-RJ, DJ 1º/8/1994. REsp
593.367-SP, Rel. Min. Castro Filho, julgado em 4/5/2004.
Informativo nº 0360
Período: 16 a 20 junho de 2008.
ALIMENTOS. NOVO VALOR. RETROAÇÃO. CITAÇÃO.
A Turma reiterou que, na ação de alimentos, alterado o encargo, seu novo valor
retroagirá à data da citação, ressalvadas as parcelas quitadas, que são irrepetíveis.
Precedentes citados: REsp 209.098-RJ, DJ 21/2/2005; REsp 778.307-SP, DJ 1º/12/2005;
REsp 40.436-RJ, DJ 1º/8/1994, e REsp 660.479-MS, DJ 8/4/2005. AgRg no Ag 982.233-PR,
Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 17/6/2008.
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Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo
regime da comunhão universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue
ao credor, mensalmente, parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo
devedor.
Art. 13 O disposto nesta lei aplica-se igualmente, no que couber, às ações ordinárias de
desquite, nulidade e anulação de casamento, à revisão de sentenças proferidas em
pedidos de alimentos e respectivas execuções.
§ 1º. Os alimentos provisórios fixados na inicial poderão ser revistos a qualquer tempo,
se houver modificação na situação financeira das partes, mas o pedido será sempre
processado em apartado.
§ 2º. Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da citação.
§ 3º. Os alimentos provisórios serão devidos até a decisão final, inclusive o julgamento
do recurso extraordinário.
Quando a sentença fixa a pensão alimentícia num patamar maior do que o dos
alimentos provisórios, o devedor terá que pagar a diferença, retroativamente, entre o que
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