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DIREITO
Introdução
O homem evoluiu e, com ele, o Direito, acompanhando o passo a passo
da sua trajetória. Assim, percebe-se que sempre existiu a necessidade
de o homem organizar a sua relação com os demais, a fim de garantir, a
princípio, a sua sobrevivência e, posteriormente, a paz social necessária
ao seu desenvolvimento.
Neste capítulo, você vai ler sobre o Direito na sociedade sem escrita,
a importância do Código de Hamurabi na história do Direito e as carac-
terísticas do Direito egípcio, hebreu, hindu e muçulmano na Antiguidade.
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O Código de Hamurabi
O Direito foi codificado com o objetivo de atender às necessidades da sociedade,
tendo em vista que, por meio dele (das suas normas coercitivas, mais especifi-
camente), é possível controlar as relações e garantir um bom convívio social.
O Código de Hamurabi é uma fonte histórica do Direito, tendo sido consi-
derada a mais antiga por muito tempo. Apesar de, efetivamente, não ser a mais
antiga, foi a que chegou a nós de forma mais completa: o Código foi gravado
em caracteres cuneiformes sobre uma estela de diorito, que se encontra hoje
exposta e protegida em um museu da França. Por ter sido gravado em uma
rocha, trouxe a primeira ideia de segurança jurídica das normas — registrada
dessa forma, em tese, ninguém poderia modificá-la, nem mesmo o rei, ideia
que tem uma conotação muito mais poética do que, de fato, verdadeira.
22 Direito na Antiguidade
Embora alguns livros e artigos ainda afirmem que o Código Hamurabi é o código mais
antigo, a legislação mais antiga encontrada na história do Direito foi o Código de
Ur-Nammu, da dinastia Ur, também apelidado de tabuinha de Istambul.
Enquanto o Código de Hamurabi consagrava a lei de talião, o Código de Ur-Nammu
previa penas de multa em dinheiro e dizia, no início do seu texto, o quanto o rei era
justo e garantidor dos direitos dos que o serviam.
A confusão se dá porque ele foi encontrado pelo homem antes do Código de Ur-
-Nammu, tendo sido, também, o que menos perdeu o seu conteúdo até ser encontrado.
O Código de Ur-Nammu foi elaborado pelo rei da cidade de Ur, que liderava o povo
sumério (habitante do Sul da Mesopotâmia). Esse código é de 2010 a.C., tendo sido
criado aproximadamente 40 anos antes do Código de Hamurabi. Provavelmente,
Hamurabi se inspirou no exemplo de Ur-Nammu para criar as suas normas, percebendo
as vantagens de um Direito devidamente formalizado.
Outra confusão comum se relaciona à data dos escritos. Isso porque, para certos
fatos e registros históricos, é bastante perigoso tentar ser exato e determinar datas
fixas. Portanto, atente para o período histórico, pois, na maioria das vezes, só é possível
saber a data aproximada da ocorrência de um fato.
Direito hebraico
Historicamente, os hebreus eram nômades que, a princípio, habitavam a Pa-
lestina, indo depois para o Egito, onde foram humilhados e escravizados,
com exceção de José, filho de Jacó. Posteriormente, o povo foi conduzido por
Moisés para fora da terra do seu cativeiro.
O Direito hebraico é fundamentalmente religioso (monoteísta), baseando-
-se na também chamada Lei Mosaica, dada diretamente por Deus a Moisés.
Essas leis gravadas no Pentateuco, que compõem a Torá (Bíblia judaica),
correspondem aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento da atual Bíblia
Sagrada cristã. No seu bojo, traz as normas de conduta pelas quais os hebreus
estavam submetidos, sendo considerado pecado tudo que afrontasse o que
Deus ali estipulou, principalmente no que diz respeito aos 10 Mandamentos.
Encontramos os 10 Mandamentos (base da legislação hebraica) escritos no
livro de Êxodo 20:3-17 e em Deuteronômio 5:6-21, mencionados novamente
com palavras semelhantes. A partir do capítulo 21, já se observam várias
penalidades para o descumprimento dos mandamentos contidos nas tábuas
da lei. No capítulo 23, ainda vemos punições para o descumprimento de cada
mandamento em situações variadas. Já nos livros de Levítico e Números,
encontram-se algumas regras de conduta com as suas respectivas penalidades.
Os livros restantes tratavam dos rituais e da evolução histórica do povo desde
a sua criação.
O Direito hebreu, baseado na Lei Mosaica, influenciou o Direito romano,
medieval, canônico, muçulmano, germânico, bem como a cultura jurídica
ocidental. Ainda hoje, vemos traços marcantes da sua influência nas leis atuais,
inclusive no Brasil, mais notadamente no Código Penal brasileiro.
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Direito hindu
O povo hindu faz parte da primeira grande cultura da Índia, tendo sido dis-
sipada com a invasão de seu território, sendo que muitos foram convertidos
à crença mulçumana.
A sociedade hindu era dividida em castas, por isso cada uma tinha normas
jurídicas próprias, costumes, interpretação particular dos textos sagrados, com
o seu próprio tribunal local. Atualmente, a conservação da tradição hindu é
praticada por alguns indianos de forma familiar, como religião ou filosofia
de vida, sendo o Direito indiano aplicado de forma coercitiva e soberano a
todos os que vivem no território do país, enquanto o Direito hindu, que são
as normas internas das comunidades que adotam o hinduísmo, são inferiores
e valem apenas para aquela comunidade, desde que não afronte preceitos da
lei indiana.
Não se confunda: o povo hindu não existe mais, mas existem indianos, que é todo
aquele que mora no território da Índia, e os hindus, que são agora aqueles que praticam
o hinduísmo.
Direito islâmico
Assim como o Direito de outras sociedades antigas, o Direito islâmico se
baseia na religião, sendo o Alcorão o livro que norteia as suas decisões. Esse
livro sagrado foi escrito pelo profeta Maomé no ano de 610 d.C., unindo di-
versas tribos árabes em torno da fé em Alá. É composto por 5.000 versículos,
distribuídos em 112 capítulos.
O Direito islâmico nasceu na Arábia Saudita, mas os seguidores do islã
estão espalhados por todo o mundo, sendo que os adeptos ao islamismo se
submetem a todos os preceitos contidos no Alcorão, independentemente da
localidade onde vivam. Estão fortemente concentrados na Arábia Saudita,
Somália, Afeganistão, Maldivas, Saara Ocidental, Turquia, Irã, Argélia, Mau-
Direito na Antiguidade 27
Para os seguidores do Islã, as regras de Alá foram enviadas por Maomé, devendo ser
seguidas sem questionamentos, pois, como recompensa, entrarão no paraíso, onde
viverão eternamente após a morte.
Leituras recomendadas
DOUGLAS, W. O Poder dos 10 mandamentos, o roteiro bíblico para uma vida melhor.
São Paulo: Mundo Cristão, 2012.
GUSMÃO, P. D. Introdução à ciência do Direito. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1972.
ISLAM BRASIL. 2012. Disponível em: <http://islamismobr.blogspot.com.br/2012_08_01_
archive.html>. Acesso em: 19 set. 2017.
LEMOS, O. Sistema jurídico muçulmano: sistema jurídico muçulmano. 2011. Disponível
em: <http://www.recantodasletras.com.br/textosjuridicos/2964338>. Acesso em: 19
set. 2017.
PEARLMAN, M. Através da bíblia livro por livro. Rio de Janeiro: CPAD, 1964.
REALE, M. Lições preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
RODRIGUES. M. Considerações a respeito do direito muçulmano. 2015. Disponível em:
<https://marcelorodrigues.jusbrasil.com.br/artigos/188321480/consideracoes-a-
-respeito-do-direito-muculmano>. Acesso em: 19 set. 2017.
SANTIAGO, E. Código de Hamurabi. 2017. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
historia/codigo-de-hamurabi/>. Acesso em: 19 set. 2017.
SÁ NETTO, I. A escrita. [2017]. Disponível em: <http://www.fascinioegito.sh06.com/
escrita.htm>. Acesso em: 19 set. 2017.