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Edifício
AQWA
Corporate
Linhas futuristas de um
projeto arquitetônico arrojado
que se insere no conjunto
de obras que tem alterado
urbanisticamente a zona
portuária do Rio de Janeiro
ENTREVISTA
CAPELA DE
Rubens Menin, da MRV, conta
como criou uma das maiores SANTA LUZIA
construtoras do País A engenharia sustentando
o sagrado
ÍNDICE | REVISTA ESTRUTUR A
AQWA
CORPORATE ÍNDICE
04 | EDITORIAL 40 | ARTIGO RETRO
CONTINUIDADE ASSOCIADA A NOVAS IDEIAS PROTENSÃO PARCIAL: UMA FASCINAÇÃO!
53 | INOVAÇÃO
A IGREJA DE ATLÂNTIDA
E SUA PROPOSTA
ESTRUTURAL
CONCEPÇÃO FUTURISTA
10
EXPEDIENTE
A Revista Estrutura é uma publicação da ABECE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
ENGENHARIA E CONSULTORIA ESTRUTURAL, dirigida aos escritórios de engenharia e
engenheiros projetistas, construtoras, arquitetos e demais profissionais do setor.
PRESIDENTE: Jefferson Dias de Souza Junior SECRETARIA GERAL: Elaine C. M. Silva PUBLICIDADE: ABECE
VICE-PRESIDENTE DE RELACIONAMENTO: COMITÊ EDITORIAL: Alexandre Duarte Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.993 - cj. 61 -
João Alberto de Abreu Vendramini Gusmão, Antonio Laranjeiras, Augusto CEP: 01452-001 - São Paulo/SP
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DIRETORA DE NORMAS TÉCNICAS: Golombek, Nelson Covas, Ricardo Leopoldo Os artigos assinados ou as entrevistas concedi-
Suely Bacchereti Bueno e Silva França, Selmo C. Kuperman, Sergio das refletem as análises e opinião dos autores
Hampshire, Valdir Pignatta e Silva. ou entrevistados e não necessariamente do Co-
DIRETOR DE METÁLICAS: Tomás Vieira mitê Editorial da revista.
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João Luis Casagrande Mecânica de Comunicação
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Laginha Neto, Leonardo Braga Passos, Luiz PRODUÇÃO GRÁFICA: MGDesign Cadastre-se no
Aurélio Fortes da Silva, Ricardo Borges Kerr, www.mgdesign.art.br site da ABECE para
Thomas Carmona, Túlio Nogueira Bittencourt DIAGRAMAÇÃO: Alcibiades Godoy receber a revista.
03
EDITORIAL
CONTINUIDADE
ASSOCIADA A
NOVAS IDEIAS
A
credito que, após os últimos três Auxilia e facilita esse processo de pres-
anos de intensa recessão viven- tação de serviços, o fato de a ABECE ser
ciada por todos os brasileiros, uma entidade na qual não há disputa
a ABECE, enquanto entidade eleitoral, pois há muitos anos formamos
representativa de um setor importante um grupo que vem se renovando na dire-
da economia que sofreu diretamente os ção da entidade, sempre de forma volun-
impactos deste período, necessitará reto- tária e através de um trabalho de doação
mar e intensificar iniciativas na direção de à categoria dos engenheiros estruturais.
uma maior valorização dos profissionais Neste sentido, ascender ao cargo de pre-
das diversas áreas de projeto de estrutu- sidente é uma sucessão natural, que faz
ra. Precisamos também aprimorar e am- parte de todo um processo de parceria
pliar os contatos com nossos associados e com os colegas que me antecederam e
colaboradores, assim como a relação com com os que me sucederão. Contudo, esta
entidades e associações parceiras, com as oportunidade de dar um toque pessoal
quais sempre mantivemos um profícuo às ações já iniciadas e de implementar
relacionamento. Não devemos, ainda, nos outras ideias que desenvolvemos junto
esquecer de estreitar os laços com todos com os parceiros da nova diretoria, cer-
os demais players da extensa cadeia da tamente nos envaidece e se apresenta
construção civil brasileira. rabilidade das edificações, além de menor como um desafio tentador.
Entendo que uma das principais preo- custo inicial e de manutenção das obras. Talvez este seja um dos motivos do gran-
cupações e demandas dos associados Como uma entidade que já construiu um de sucesso da ABECE ao longo de sua exis-
seja trabalhar no sentido da recuperação conceito elevado no meio técnico e que, tência de décadas. A continuidade das ações
do nosso mercado de trabalho, com o ne- ao mesmo tempo, tem o compromisso em associada a novas ideias e motivações, com
cessário aumento do volume de negócios defender os interesses dos seus associa- energias renovadas a cada nova gestão,
e a imprescindível recuperação dos valores dos, a ABECE procura sempre zelar pelo proporciona uma entidade vibrante e com
dos nossos honorários, que ficaram es- bem-estar da sociedade de uma forma garra para defender nossos associados e as
tagnados nestes últimos tempos. E como, geral. Tal atitude tem se traduzido por um boas práticas da profissão que abraçamos,
concretamente, fazer isso? A missão da trabalho desenvolvido pelos profissionais oferecendo à sociedade produtos e servi-
ABECE, nesse aspecto, vai na direção de associados à nossa categoria que seja va- ços de grande qualidade e confiabilidade.
desenvolver um intenso trabalho de cons- lorizado, tenha qualidade e que possibilita Pessoalmente, é um grande desafio, que
cientização das empresas contratantes obras duráveis, seguras, econômicas e de tive que negociar intensamente com minha
dos nossos serviços de que o projeto de baixo custo de manutenção. Para assegu- família, que muito nos honra e que espero
uma obra não deve ser colocado na coluna rar tudo isso, a entidade tem procurado poder desempenhar satisfatoriamente,
de “custo” dos seus orçamentos. Temos de orientar e capacitar seus associados e com a ajuda de Deus e dos demais colegas
atuar de maneira que o mercado, de uma demais profissionais que atuam na área da nova diretoria.
forma geral, compreenda que o projeto sobre a utilização das mais modernas e
é um “importante investimento”, que ne- melhores técnicas executivas, de forma a João Alberto de Abreu Vendramini
cessariamente significará maior qualidade propiciar aos clientes finais a maximização presidente eleito para a gestão
final das construções, confiabilidade e du- e a otimização de resultados. 2018 - 2020
NOVA GESTÃO
NOVOS CAMINHOS...
D
urante estes dois anos em que se aqui e gerasse uma verdadeira revolu-
estive à frente da ABECE, procu- ção na economia.
rei, incessantemente, aproximar Deixando as perigosas visões políticas
construtores e projetistas. Nes- de lado, as quais muito do que aconteceu
te momento, precisamos nos unir e dar- nessa época eu também não concordo, a
mos as mãos para superar a maior crise parte econômica cumpriu seu papel de
político-econômica que já atravessamos. estabilizar o país e passar uma imagem
No Brasil, mais do que na maioria dos de segurança aos investidores externos.
países desenvolvidos, temos uma relação E investimento estrangeiro, sem dúvida,
muita estreita entre produção e política... pode alavancar a economia brasileira de
entre a construção civil e os desmandos e uma maneira substancial.
desatinos de seus dirigentes... Quando esta revista chegar a ser distri-
Independentemente da economia ir buída, estaremos encerrando o 2º turno
bem ou mal, quando da substituição de das eleições no Brasil. Espero que a equi-
dirigentes, obras são paralisadas, paga- pe que esteja assumindo a presidência
mentos e faturas são suspensos, priorida- desta Nação possa tranquilizar o mercado
des alteradas etc. A lista é extensa... e passar a mensagem de credibilidade do
Isso não poderia acontecer. Nos países Brasil para os mercados interno e, princi-
mais desenvolvidos, quando há altera- palmente, ao externo.
ções de dirigentes, apenas pequenas cor- externo. Com os fundos de investimentos Que o Brasil suba de forma considerá-
reções de rumo são realizadas. estrangeiros, existem trilhões disponíveis vel no ranking de investimento. E, para
Precisamos ter um plano a médio e para aplicações em quaisquer países e que isto aconteça, teremos que passar
longo prazo, apenas com ajustes a se- um pequeno percentual desse montante por diversas reformas e ajustes, fiscais e
rem feitos no curto prazo. Não podemos causaria uma enorme euforia em nossa estruturais.
continuar vendo este país sendo levado economia. Com um governo que atue nessa linha,
por planos mirabolantes que se alteram Mas, para que isso realmente aconte- esperamos bons ventos para a Constru-
ao sabor das demagógicas promessas ça, os países que estão bem classificados ção Civil e a melhora da economia de
de políticos sem embasamento técnico a nesse ranking de supostas postulantes a uma maneira geral. Com esse pensamen-
procura de votos rasteiros por interesses investimentos, têm que se mostrar segu- to, com certeza, a ABECE/Construtoras/
menores. ros, política e economicamente. Incorporadoras e empresas de projeto
Políticos que, na sua grande maioria, Quando lembramos do milagre brasilei- como um todo devem estar alinhadas.
estão interessados prioritariamente no ro na década de 70, falamos de uma épo- Boa sorte à nova equipe da ABECE, lide-
seu próprio saldo bancário e, em segun- ca em que, externamente, o Brasil passou rada pelo eng. João Vendramini!
do lugar, com a próxima eleição. Com essa a ser visto com bons olhos e este fato fez Espero que naveguem em águas que
visão, a prioridade passa a ser apenas de com que muito capital estrangeiro entras- corram para um novo horizonte, mais co-
curto prazo. lorido e com céu de brigadeiro...
Para um pleno desenvolvimento de
nosso país, uma das melhores alterna- Boa sorte, Brasil!
tivas seria, sem dúvida, o investimento
05
ENTRE VISTA | RUBENS MENIN
A APOSTA DA MRV NO
SIMPLES, FUNCIONAL E
NO BAIXO CUSTO
O
O ENGENHEIRO RUBENS MENIN, UM DOS FUNDADORES começo de tudo foi a constru-
ção de uma casa simples na
DA MRV, DETALHA SUA TRAJETÓRIA EMPRESARIAL, zona Norte de Belo Horizon-
CONTA COMO FOI CRIADA UMA DAS MAIORES te, concluída pela metade do
CONSTRUTORAS DO PAÍS E FALA DA NECESSIDADE valor orçado inicialmente. Com a venda
desta casa, foram construídas outras
DE SE MANTER CUSTOS CONTROLADOS, três, igualmente populares e a custos
FOCO NA INOVAÇÃO E INVESTIMENTO EM PESSOAS baixos, cuja venda resultou na compra de
PARA TER SUCESSO um terreno na periferia da capital minei-
ra, onde foram erguidas outras 10 casas.
O resto é história. Embalado pelo suces-
so dessa experiência inicial, concretizada
na segunda metade dos anos de 1970,
o engenheiro Rubens Menin Teixeira
de Souza, se associou ao primo e a um
“
dustrializada, inovação tecnológica e forte pessoas é cliente da MRV. Então posso di-
investimento em capacitação profissional zer que, apesar das crises, fomos vitoriosos
para formar um time envolvido, dedicado em nossa empreitada.
e “apaixonado pelo que faz”. Acompanhe A construção
a seguir, na entrevista à revista ESTRUTU- ABECE – Quais os principais fatores
RA, outras opiniões e avaliações de Menin industrializada tem que levaram a empresa a se manter
sobre engenharia, construção e negócios:
permitido que a atuante e com um elevado volume de
obras?
ABECE – O que o fez decidir pelo curso MRV entregue um Rubens Menin – Além de manter os
de engenharia civil? custos sob controle, para garantir escala
Rubens Menin – A engenharia corria em novo apartamento apostamos em grandes obras e na cons-
minhas veias desde cedo. Meu avô pater- trução de prédios padronizados, com
no, Asdrubal Teixeira de Souza, era enge- a cada dois os mesmos materiais e acabamentos
“
nheiro e comandava uma empresa que
montava barragens e Pequenas Centrais
minutos e meio nas diferentes unidades. O processo de
construção industrializada nos permitiu
Hidrelétricas (PCHs). Meus pais, Geraldo crescer exponencialmente. Outro ponto
e Maura, começaram a namorar ainda na importante é que uma grande empresa
faculdade de engenharia, em Belo Hori- só se faz com gente e estou convencido
zonte – no caso de minha mãe era um de que o sucesso da companhia se deve
fato incomum no Brasil, especialmente ABECE – Já na casa dos 40 anos de ati- ao time diferenciado de mais de 20 mil
na década de 50. Minha mãe foi a ter- vidade e tendo passado por todas as colaboradores envolvidos com o proje-
ceira mulher a se formar em engenharia oscilações da economia brasileira, to da MRV. Uma equipe dedicada, ética
no Estado de Minas Gerais. Minha base qual balanço que faz da MRV? e apaixonada pelo que faz. Verdadeiros
familiar moldou minha educação e, con- Rubens Menin – Apesar dos desafios im- realizadores de sonhos.
sequentemente, meu futuro. Fui treinado postos pelas inúmeras crises econômicas
desde cedo para ser engenheiro. A enge- enfrentadas ao longo dos anos, como a de ABECE – Quantos m2 construído a
nharia sempre fez parte da minha vida. 1982, o foco na população de baixa ren- empresa já acumula ao longo de sua
da nunca deixou de ser prioridade para a história?
ABECE – Como nasceu a MRV? MRV. Sempre enxerguei nas crises as opor- Rubens Menin – Somente nos últimos
Rubens Menin – Antes mesmo de me for- tunidades para enxugar gastos desneces- seis anos construímos 40.395.855 m 2 .
mar, identifiquei uma oportunidade não sários e investir em inovação e tecnologia, Em nossa história temos 340 mil clientes
apenas de ganhar algum dinheiro, mas de tornando os processos ainda mais eficien- ativos o equivale a um milhão de brasilei-
começar a concretizar o sonho pessoal tes. Além de manter os custos sob con- ros, sendo que um a cada 200 brasileiros
de construir um Brasil mais justo e so- trole, para garantir escala apostamos em mora em um imóvel construído pela MRV.
cialmente inclusivo: a construção de uma grandes obras e na construção de prédios
casa popular, aquela mesma localizada na padronizados, com os mesmos materiais ABECE – Como uma empresa que sem-
Rua dos Maçaricos, 96, e que continua em e acabamentos nas diferentes unidades. pre inova, observa os modernos avan-
pé até hoje. Sem dinheiro no bolso, fiz o Dessa forma, conseguimos desenvolver ços do setor de construção? Como
que muitos empreendedores novatos e uma estruturada cadeia de fornecedores avalia, por exemplo, os avanços em
sem recursos estão acostumados: recorri de aço, tinta, tubos, metais e outros ma- termos de industrialização do proces-
a meu pai. Construí a casa com metade teriais oferecendo um produto de baixo so construtivo? O que acha do BIM? Já
do valor solicitado inicialmente e como a custo e alta qualidade para o cliente. Com o emprega nos seus projetos?
07
ENTRE VISTA | RUBENS MENIN
Rubens Menin – A busca pela inovação ser visto como parte do plano de comuni- uma retomada gradual no curto a médio
sempre foi uma obsessão. Desde os pri- cação da empresa, garantindo o repasse prazo, sustentada pela demanda consis-
mórdios da MRV, buscamos oferecer à de informações, tarefas e a produtividade tente por imóveis, pela continuidade do
classe de baixa renda um produto que não de toda a equipe envolvida e não é o que Minha Casa Minha Vida (MCMV) e pela
apenas coubesse no bolso, mas superasse vemos em grande parte das empresas. oferta de financiamentos, ainda que o
as expectativas do comprador, ditando as setor precise de ajustes regulatórios. O
tendências do mercado e estabelecendo ABECE – Qual sua percepção em rela- Brasil ainda conserva um crescimento de-
parâmetros inovadores. Adotamos o BIM, ção ao estágio técnico atual da enge- mográfico significativo, o que implicará na
sistema que integra as etapas da constru- nharia de estrutura brasileira em re- necessidade de produção de 35 milhões
ção (projeto executivo, instalações, estrutu- lação ao que existe em outros países? de moradias ao longo dos próximos 20
ral e arquitetônico) de um empreendimen- Rubens Menin – Precisamos evoluir mui- anos. Isso faz do Brasil o quarto maior
to em um ambiente colaborativo. A MRV é to. A comparação internacional, em geral, mercado de habitação do mundo em ter-
uma das pioneiras na adoção do programa é muito desfavorável ao Brasil. Os países mos de demanda que só é superado por
que é considerado o futuro da construção. emergentes da Ásia, incluindo a China, o China, Índia e Estados Unidos. Além dis-
Vietnã, a Coréia do Sul e a Tailândia, têm so, contamos com boa disponibilidade de
ABECE – Como a MRV encara as novas conseguido investir em infraestrutura, crédito, embora seja preciso diversificar
tecnologias do concreto? Tem utiliza- algo próximo a 10% dos respectivos PIBs. as fontes de financiamento para se evitar
do essas inovações em suas obras? Perifericamente a esse núcleo mais ativo, escassez de recursos futuramente, quan-
Rubens Menin – Na MRV temos um de- outros países como as Filipinas, a Índia e do o setor estiver novamente aquecido.
partamento específico para inovação, que o Japão também têm conseguido taxas Acho que pode faltar funding na retoma-
fica responsável por gerenciar os novos de investimento elevadas, quase todas da, por isso a importância de novas fontes
projetos e trabalhar para aprimorar os de financiamento.
processos construtivos, atendimento ao
cliente, desenvolvimento de alternativas ABECE – A seu ver, que medidas se-
“
sustentáveis para escritórios, canteiros de riam necessárias para acelerar a re-
obras e empreendimentos, entre outras cuperação?
ações inovadoras estamos usando em
mais de 80% das nossas obras o concreto
Um projeto Rubens Menin – As empresas brasilei-
ras tiram de seus resultados quase 40%
auto adensável nas formas de parede de executivo bem de tudo o que ganham ou produzem para
concreto e o desempenho das obras em pagar, na forma de tributos, os elevadíssi-
que usamos essa tecnologia é fantástico. detalhado garante mos custos da ineficiente máquina pública
O concreto utilizado para a produção das brasileira. Com uma carga deste padrão,
unidades residenciais obedece a critérios
a fluidez dos não há competitividade que resista. Já
rigorosos na sua formulação. Um laborató-
rio montado nos canteiros de obras realiza
trabalhos nos a burocracia parece ter saído definitiva-
mente de controle e pressiona, mais do
“
os ensaios de concreto auto adensável a canteiros que qualquer outro fator, a elevação final
partir de amostragens obtidas no próprio e persistente do Custo Brasil. No setor de
local para garantir a qualidade do produto. construção: com o impacto da burocracia
associada ao licenciamento de obras e à
ABECE – Qual sua opinião sobre os aprovação de projetos, os custos já alcan-
projetos executivos elaborados hoje çam, em média, 10% do preço final de ven-
no Brasil? Eles são de padrão de ex- superiores a 5% do PIB. Na América Lati- da dos imóveis. O absurdo decorre do fato
celência? na, alguns dos nossos vizinhos também de que, em quase todas as regiões do Bra-
Rubens Menin – Acredito que o projeto se destacam, merecendo menção os ca- sil, essas atividades burocráticas estão de-
executivo constitui a parte mais impor- sos da Colômbia, do Peru, do Chile e do mandando tempo da ordem de três anos
tante de uma obra de engenharia e pode México. Nesse panorama geral, é preocu- para a obtenção de todas as licenças e al-
garantir o sucesso ou a falha total de um pante registrar a situação brasileira, cuja varás. Não há competitividade que resista
empreendimento – como vemos em mui- infraestrutura deficiente e deteriorada a um desperdício desse tamanho. O Brasil
tas obras públicas e em projetos de gran- está sendo objeto de investimentos limi- precisa destravar com urgência estes dois
des construtoras e incorporadoras. Um tadíssimos, já há quase três décadas. gargalos. A reforma tributária está na pau-
projeto executivo bem detalhado garante ta há muitos anos, mas há enorme dificul-
a fluidez dos trabalhos nos canteiros. Os ABECE – Como avalia as perspectivas dade para a obtenção de consenso para
funcionários não precisam parar para tirar do mercado da construção civil brasi- que ela avance. No caso da burocracia, po-
dúvidas, corrigir problemas que surgem leira no médio prazo? Acredita numa rém, a tarefa não é tão complicada: basta
inesperadamente e todas as decisões re- recuperação efetiva das obras nos vontade política e um bom planejamento
lativas à construção estão claras. Além de próximos anos? para reduzir de forma rápida e vigorosa
ser um detalhamento de como a obra de- Rubens Menin – Sou um otimista e acre- este tipo de entrave ao desenvolvimento
verá funcionar, o projeto executivo deve dito que o mercado imobiliário mostrará mais robusto do nosso país.
UM MARCO
NA ARTE DE
PROJETAR
O
POR SUELY BACCHERETI BUENO* AQWA Corporate é um projeto 1900 vagas de estacionamento, distri-
bastante arrojado, localizado na buídas em cinco subsolos, o complexo
região em renovação do Porto corporativo será executado em duas fa-
Maravilha, no Rio de Janeiro. As- ses e quando finalizado 14.000 pessoas
sinado pela Fosters+Partnes, foi concebido trabalharão nos edifícios. São 21 pavi-
para ser um marco na região. Na época um mentos com lajes amplas de 3.200 m² a
dos mais importantes empreendimentos 3.700 m² e 4.800 m² de área de lojas e
da Tishman Speyer no Brasil. restaurantes. Edifício Classe AAA, quali-
Localizado em uma área de 140.000 dade mais alta tendo inclusive certifica-
m², com 134.000 m² de área locável e ção LEED Gold.
11
ESTRUTUR A EM DESTAQUE | AQWA CORPOR ATE
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ESTRUTUR A EM DESTAQUE | AQWA CORPOR ATE
FIG. 9 – FOI UM LONGO E ÁRDUO TRABALHO DE TODA A EQUIPE ATÉ CHEGAR À GEOMETRIA FINAL.
15
ESTRUTUR A EM DESTAQUE | AQWA CORPOR ATE
FIG. 18 – A ESTRUTURA EM TORNO DO NÚCLEO NOS SUBSOLOS É UMA LAJE PROTENDIDA COM 22CM DE ALTURA APOIADA NOS PILARES
UTILIZANDO CAPTÉIS DE 40CM.
16
FIGS. 19 E 20 – A ESTRUTURA DO TÉRREO FOI FEITA COM LAJES, VIGAS E BLOCOS PARA TRANSIÇÃO DOS PILARES.
FIG. 21 – A ESTRUTURA DOS ANDARES TIPO TAMBÉM ERA EM LAJES PROTENDIDAS COM 22 CM DE ALTURA APOIADA NAS VIGAS DA FACHADA E NAS
VIGAS LOCALIZADAS NOS LIMITES DO NÚCLEO.
FIG. 22 – POR OCASIÃO DO PROJETO EXECUTIVO, A TISHMAN RESOLVEU ESTUDAR A OPÇÃO EM ESTRUTURA MISTA.
ESTRUTUR A EM DESTAQUE | AQWA CORPOR ATE
FIG. 26 – VISTA INTERNA AINDA EM FASE DE CONSTRUÇÃO. FIG. 27 – SEÇÕES DOS PILARES.
19
ESTRUTUR A EM DESTAQUE | AQWA CORPOR ATE
FICHA TÉCNICA
Área: 110.560 m2- Subsolos, Térreo e
Núcleo da Torre
FIG. 38 – ARMADURAS E CHUMBADORES POSICIONADOS PARA CONCRETAGEM. Concreto (50 MPa): 22.363 m3
Armadura frouxa: 3.281.382 kg
Armadura Protendida: 85.879 kg
ESTRUTURA MISTA
Aço: 4.500 ton
Concreto:
- Steel deck 35 MPa: 8.063 m3
- Pilares: 50 MPa: 1.137 m3 (AUTO
ADENSÁVEL – CONCRETAGEM
12m DE ALTURA)
80 MPa: 71 m3
Armadura frouxa: 762.624 kg
Área locável: 74.231 m2
4.806 m2 de área para lo-
jas e restaurantes
21 andares
19 pavimentos de escritórios
18 elevadores
5 pavimentos de estacionamento
com 929 vagas
4 elevadores de estacionamento,
FIGS. 39 E 40 – ESTRUTURA DA FACHADA EM SUA POSIÇÃO FINAL. 1 de emergência e 1 de serviços
21
BOAS PR ÁTICAS DE PROJE TO | CAPEL A DE SANTA LUZIA
NOVAS FUNDAÇÕES
PARA A CAPELA
DE SANTA LUZIA
AS SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA COLOCAR A
CAPELA DE SANTA LUZIA SOBRE UM PRÉDIO DE
APROXIMADAMENTE 32 M DE ALTURA. ENTRE OUTRAS
SAÍDAS ENCONTRADAS ESTÁ A UTILIZAÇÃO DE ESTACAS
DE GRANDES DIÂMETROS COLOCADAS COM USO DE
FLUÍDO ESTABILIZANTE. ALÉM DISSO, FOI FUNDAMENTAL
O HIDROJATEAMENTO PARA REMOVER LENTA E
GRADUALMENTE A TERRA SOB A FUNDAÇÃO ORIGINAL
23
BOAS PR ÁTICAS DE PROJE TO | CAPEL A DE SANTA LUZIA
3. DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO
DAS ESTACAS
Para o dimensionamento da capacidade de fundação
dos estacões, foi considerado somente o substrato situa-
do abaixo da cota 781,00m, a qual consiste na cota de as-
sentamento dos blocos de fundação definitiva.
A estratigrafia encontrada na região da capela é mos-
trada na Figura 2:
Nota-se que há uma alternância entre camadas de ar-
gila siltosa dura e areia argilosa compacta a muito com-
pacta, ou seja, solos com elevada competência e baixa
deformabilidade.
A maior preocupação que um projeto de fundações des-
te tipo deve ter é o controle dos recalques (principalmente
diferenciais), uma vez que a estrutura da capela é bastante
antiga e relativamente frágil.
Destarte, a favor da segurança, optou-se pelo dimen-
sionamento dos estacões como estacas flutuantes, isto é,
estacas que suportam a carga de trabalho primordialmen-
te por atrito lateral (vale ressaltar que a norma brasileira
ABNT NBR 6122 exige, para estacas escavadas, um mínimo
de 80% da carga de trabalho resistida por atrito lateral). Sa- FIG. 2 – PERFIL DE SONDAGEM ADOTADO PARA OS CÁLCULOS.
25
BOAS PR ÁTICAS DE PROJE TO | CAPEL A DE SANTA LUZIA
executadas as sapatas, devidamente terísticas da estrutura da capela foram não transmitir nenhum impacto nocivo
dimensionadas para as cargas rema- cuidadosamente vistoriadas e avaliadas às paredes. Prèviamente estas travessas
nescentes. através de ensaios de resistência e pros- de concreto armado, perpendiculares à
Sete vigas transversais apoiadas nas pecções. Constatou-se que as espessa parede foram executadas ao longo, em
duas principais. Estas dão condições de paredes de 30 a 50 cm de espessura não aberturas realizadas com extrator. Estes
receber todas as vigas duplas secundá- há reforço de concreto ou aço. Os tijo- elementos garantiram a transferência
rias (sanduíche) ou bloco abraçadeira e los e paredes foram classificadas de boa de carga à estrutura sem nenhuma mo-
lajes do piso. qualidade, porém para garantir total in- vimentação de acomodação “estrutura x
Transferência de carga da parede tegridade destas foi criado um elemen- parede”. A pequena deformação da es-
às novas vigas: As condições e carac- to especial inovador (travessa), visando trutura após a remoção do solo através
BOAS PR ÁTICAS DE PROJE TO | CAPEL A DE SANTA LUZIA
lizar quase que somente o atrito lateral deslocamentos à medida que as escava-
para suportar os carregamentos calcula- ções avançam.
dos pela JKMF. Além disso, tem-se fatores A Figura 4 mostra o histórico de leitura
de segurança globais superiores a 1,60, dos recalques dos quatro pinos fixados nas
respeitando-se as exigências da norma paredes da capela (um em cada canto):
brasileira ABNT NBR 6122. Até a presente data, já foram escavados
cerca de 24m de terreno abaixo da capela,
4. MONITORAMENTO com a execução de três lajes intermediá-
Como em toda obra de interação solo- rias além da laje de transição. Para esta Em função das dimensões da estrutura
-estrutura que envolve grande respon- situação, os recalques acumulados medi- de transição, a máxima distorção provo-
sabilidade, foi previsto em projeto um dos estão variando entre 2,7 e 6,0mm. cada pelos recalques diferenciais está
monitoramento semanal dos desloca- Uma vez que o recalque elástico das em cerca de 1/4500, a qual não possui
mentos verticais e horizontais do topo estacas estimado para essa fase de exe- impacto relevante na estrutura da capela
da estrutura de subfundação (base da cução é de 2,9mm, pode-se dizer que as de Santa Luzia.
capela), o qual foi realizado a partir da fichas sofreram recalques variando entre Em termos de deslocamentos horizon-
instalação de marcos reflexivos e pinos zero e 3,1mm, o que está condizente com tais, foram instalados marcos reflexivos
de recalque. Assim, com o auxílio de uma as premissas adotadas no dimensiona- no topo dos estacões, cujas leituras são
estação total, é possível acompanhar os mento geotécnico. mostradas na Figura 5:
METOLOGIA CONSTRUTIVA
• Execução das quatro estacas escavadas
de cada lado externo das duas paredes
longitudinais.
• Demolição do piso existente executado
sobre contra piso.
Observa-se que tais deslocamentos qualquer preocupação, haja vista que os mento das trincas e fissuras que já exis-
têm variado, há vários meses, dentro de efeitos do vento foram contemplados nos tiam na capela antes da realização da
uma amplitude de 3,5mm, o que possi- cálculos da JKMF. subfundação, as quais apresentam-se
velmente tem relação com a atuação de Por fim, deve-se salientar as inspe- passivas desde a acomodação estrutu-
esforços devidos ao vento. Tal oscilação, ções visuais que são realizadas a cada ral ocorrida na etapa de transferência
no entanto, também não representa duas semanas, incluindo o monitora- das fundações.
ANDAMENTO DA EXECUÇAO
Atualmente está na final de escavação, restan-
do os 6,00 m finais surge outra questão crucial,
a transferência de carga da estaca-pilar para a
sapata. Após estudo e cálculo minucioso foi
definido um modelo que consiste em mobilizar
a força através do atrito devido a retração e da
componente vertical gerada pela superfície tron-
co de cone preparado através de escarificação
da superfíci.
A etapa seguinte se torna um processo con-
vencional de execução, porém face ao desapru-
mo das estacas-pilar, estas serão escarificadas
até uma profundidade limitada.
Prevendo esta patologia e necessidade de lapi-
dação foi previsto no projeto cobrimento maior
da armadura, tal que possibilite corte mais pro-
fundo no concreto.
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ARTIGO TÉCNICO | AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DE LUVAS PAR A EMENDAS MECÂNICAS
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ARTIGO TÉCNICO | AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DE LUVAS PAR A EMENDAS MECÂNICAS
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ARTIGO TÉCNICO | AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DE LUVAS PAR A EMENDAS MECÂNICAS
res de deslizamento inferiores ao limite caso de emendas com luvas deve-se parâmetro deslizamento e seu res-
máximo de 0,10 mm. As amostras que considerar o comprimento da luva pectivo método de ensaio.
estavam em desacordo com as normas e o diâmetro da barra de aço. Por- Conclusivamente, este artigo possui,
supracitadas tiveram seus procedimentos tanto, propõe-se que procedimento portanto, a intenção de contribuir com o
de ensaio baseados no Método 2 de en- similar ao da ISO 15835 (2009) seja conhecimento das premissas e requisitos
saio, ou seja, utilizaram transdutores indi- devidamente apreciado e posterior- necessários para o desenvolvimento de no-
viduais para a medição do deslizamento, mente implementado na futura revi- vos estudos experimentais que envolvam
medido ao final de três ciclos de carrega- são da ABNT NBR 8548 (1984). as emendas mecânicas, além de oferecer
mento. Os valores finais de deslizamentos 3. O uso de extensômetros elétricos subsídios para discussão de procedimentos
obtidos, muito diferentes, evidenciam, cla- em vários pontos da amostra foi de de avaliação de desempenho e instrumen-
ramente, eventuais problemas em relação grande importância para registro tação de luvas de aço nas futuras revisões
à instrumentação utilizada. das leituras de deformação e, con- da norma brasileira ABNT NBR 8548 (1984).
Considerando que o tipo de instalação sequentemente, de garantia de com-
dos transdutores, conectados individual- portamento mecânico adequado, na REFERÊNCIAS
mente à barra emendada, é o mesmo nos pretendida avaliação de desempe- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
Métodos 1 e 2, pode-se concluir que este nho do sistema de emenda mecâni- TÉCNICAS NBR 8548 – Barras de aço des-
tipo de conexão pode estar sujeito a even- co de barras de aço para concreto. tinadas a armaduras de concreto armado
tuais movimentações dos transdutores ao 4. O procedimento de ensaio denomi- com emenda mecânica ou por solda – De-
final de cada ciclo de carga. Já os ensaios nado neste trabalho como “Método terminação da resistência à tração, Rio de
pelo Método 3, empregando aparato es- 3”, com instrumentação baseada Janeiro, 1984.
pecial para medição dos deslizamentos, em Haber et al. (2015) e Nguyen & ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
resultou em valores de idênticos de des- Mutusuyoshi (2015), mostrou-se NICAS NBR 6152 – Materiais metálicos –
lizamento ao final de cada ciclo de carre- bastante eficiente para a obtenção Ensaio de tração à temperatura ambiente,
gamento da barra emendada. Este resul- dos parâmetros de interesse: resis- Rio de Janeiro, 2002.
tado só seria possível, caso não existisse tência à tração e deslizamento. Com ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
nenhuma movimentação dos transduto- a inserção de quatro extensôme- NICAS NBR 7480 – Aço destinado a arma-
res ao final de cada ciclo de carga, o que tros elétricos, sendo dois nas barras duras para estruturas de concreto arma-
pode comprovar a eficiência do Método 3 de aço e outros dois nas luvas de do - Especificação, Rio de Janeiro, 2007
de ensaio proposto. emenda, além dos transdutores de ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
deslocamento, em grupo de 3 e co- NICAS NBR 9062 - Projeto e execução de
CONCLUSÕES nectados a um aparato especial, foi estruturas de concreto pré-moldado. Rio
1. Em conformidade com os resultados possível monitorar minuciosa e de- de Janeiro, 2017.
do programa experimental desen- talhadamente deformações e desli- ELETROBRÁS ELETRONUCLEAR - Docu-
volvido nesta pesquisa, entende-se zamentos nas amostras ao longo de mento n° DS-G-6647-029202, 2000, 25 p.
que as emendas mecânicas por luvas todo o ensaio. HABER, Z.B., Saiidi, M.S., Sanders, D.H. Beha-
de rosca cônica e parafusadas esta- 5. Quanto ao número de ciclos de carga, vior and simplified modeling of mechanical
riam aptas a serem utilizadas como a constância nos resultados de des- reinforcing bar splices. ACI Structural Jour-
solução para prover continuidade e lizamento, ao final de cada um dos nal March/April 2015, 179-189 pp.
integridade estrutural em constru- três ciclos, obtidas para o Método 3 INTERNATIONAL ORGANIZATION STANDA-
ções de concreto armado, uma vez de ensaio, pode indicar a suficiência RIZATION. Steel for the reinforcement and
que seu comportamento atendeu de apenas 1 ciclo de carga para a prestressing of concrete - Test methods -
a todas as prescrições normativas obtenção do deslizamento final. En- Part 1: Reinforcing bars, wire rod and wire.
pré-estabelecidas. É importante re- tretanto, este fato deve ser melhor ISO 15630-1. Genebra, Suiça, 2009.
gistrar que essas constatações são avaliado em trabalhos futuros, onde INTERNATIONAL ORGANIZATION STANDARI-
limitadas ao experimento realizado outros tipos de emendas mecânicas ZATION. Steels for the reinforcement of con-
e aos materiais empregados nesta e outros diâmetros de barras emen- crete — Reinforcement couplers for mecha-
pesquisa. A generalização das con- dadas devem ser ensaiados. nical splices of bars — Part 2: Test methods.
clusões só é possível com a conti- 6. De maneira efetiva, a norma ABNT ISO 15835-2. Genebra, Suiça, 2009.
nuidade dos estudos, envolvendo NBR 8548 (1984) está defasada e LENTON Taper Threaded Rebar Splicing Sys-
obviamente outros tipos de luvas de necessita de revisão quanto aos tems, Cleveland, EUA, 2011, 20 p.
aço disponíveis no Brasil (prensada, processos de ensaio e parâmetros LENTON LOCK Especificação Técnica Cleve-
rosca paralela, soldável, etc.). de interesse a serem obtidos. Re- land, EUA, 2011, 1 p.
2. Apesar de não ter sido um parâme- comenda-se, portanto, considerar NGUYEN, D. P., MUTSUYOSHI, H. Influence
tro de avaliação neste trabalho, é em seu escopo todos os métodos e of Quality of Mechanical Splices on Beha-
de suma importância que o compri- tipos de emenda de barras de aço vior of Reinforced Concrete Members. Re-
mento efetivo de ensaio da amostra em estruturas de concreto armado search Report of Department of Civil and
emendada seja baseado no tipo de disponíveis no cenário nacional, in- Environmental Engineering, Saitama Univ.,
emenda a ser avaliado, ou seja, no cluindo em uma futura revisão, o Vol.41, 2015, 32-43 pp.
OS DESAFIOS DA
PONTE CHACAO
2 – PROCESS5O DE
LICITAÇÃO DO PROJETO
O Projeto vai se materializar através de FIG. 1 – VISTA ESQUEMÁTICA DA PONTE
três contratos e suas respectivas Asses-
sorias de Inspeção: A fundação do pilar central (em cons- co código de projeto que englobe todos
• Projeto e Construção da Ponte Cha- trução durante o ano de 2018) consta os aspectos da estrutura. Justamente
cao, acessos imediatos e área de ser- de 36 pilotis de concreto armado de por isso foi gerado um Manual de Projeto
viços (administrado pela Dirección 2,65 metros de diâmetro de ou com um próprio para a Ponte Chacao, baseado no
Nacional de Vialidad). revestimento de aço permanente que AASHTO LRFD, Manual de Estradas (códi-
• Construção do Acesso Sul (adminis- oferece resistência estrutural e recobre go chileno para pontes) e complementa-
trado pela Departamento Regional o elemento. Essa fundação contempla do com normas e estudos que abrangem
de Estrada). um volume de concreto que supera as condições particulares do projeto e
• Construção do Acesso Norte (admi- 9.500 metros cúbicos e cerca de 1.700 seu entorno.
nistrado pela Coordenadoria de Con- toneladas de aço. O Pilar Sul, por outro Os objetivos do projeto são a seguran-
cesões de Obras Públicas). lado, contempla a utilização de mais ça, funcionalidade, viabilidade de cons-
Na data de 4 de novembro de 2013 de 3.600 metros cúbicos de concreto e trução e estética da ponte. Para esses
foi realizado o recebimento das ofer- 300 toneladas de aço, enquanto que o objetivos é considerada uma vida útil de
tas técnicas e econômicas, tendo sido Pilar Norte será formado por 5.300 me- 100 anos.
recebida apenas uma oferta. Tendo tros cúbicos de concreto e 850 tonela- O processo do projeto seguiu o seguin-
sido qualificada tecnicamente a ofer- das de aço. te esquema:
ta recebida, na data de 9 de dezem- A ponte terá uma placa ortotrópica • Requisitos de projeto proporciona-
bro de 2013 foi realizada a abertura do tipo caixa com 4 pistas de circulação dos pelas Bases de Licitação (BALI).
econômica dessa oferta, resultando com uma largura mínima de 3,5 metros • Requisitos de códigos de projeto
em um valor de $360.134.000.000 e cada uma (Figura 2). As estruturas de an- AASHTO e Manual de Estradas.
por um prazo de 2.379 dias. Tanto o coragem norte e sul terão um volume de • Execução de Engenharias Básicas:
orçamento quanto o prazo oferecido concreto armado de 26720 [m3] e 24212 Estudos de vento, Estudos sísmicos,
cumprem rigorosamente os requisitos [m3], respectivamente. Topografia, Batimetria, entre outros.
estabelecidos nas Bases da Licitação. • Elaboração de Manual de Projeto.
O contrato “Contrato e Construção da • Elaboração de Especificações Técni-
Ponte Chacao – Região dos Lagos” con-
4 – PROCESSO DO cas.
siste no projeto e a construção de uma PROJETO • Desenvolvimento de Análise Global:
ponte suspensa entre o continente e a Por tratar-se de uma ponte singular de Análise estática e dinâmica, Análise
Ilha de Chiloé. Além disso, contempla grande envergadura, não existe um úni- de vento, entre outros.
a construção dos Acessos Imediatos,
do Edifício Mirador e de Operações.
O projeto foi concedido ao Consórcio
OAS-HYUNDAI-SYSTRA-A AS JAKOBSEN
(CPC). A data de início do contrato foi
18 de fevereiro de 2014.
3 – DESCRIÇÃO DO
PROJETO
A Ponte Chacao apresenta trechos de
acesso de 339 metros no Acesso Norte e
140 metros no Acesso Sul, além de dois
vãos centrais de 1.155 e 1.055 metros nos
dois lados norte e sul, respectivamente.
Além disso, considera a construção de 3
pilares com alturas de 157 metros (Pilar
Sul), 175 metros (Pilar Central) e com 199
metros (Pilar Norte). FIG. 2 – DISPOSIÇÃO DE CALÇADAS, ACOSTAMENTOS E POSTES DE ILUMINAÇÃO
DA PONTE CHACAO
(Ver Figura 1).
37
CASE INTERNACIONAL | PROJETO ESTRUTUR AL CONTEMPLOU RISCOS SÍSMICOS
• Desenvolvimento de documentos de nicos avançados) foram realizadas nas • Avaliação determinística do risco,
projeto: Projeto geotécnico, Projeto amostras de solo recuperado em amos- considerando o cenário sísmico da
definitivo, Análise estrutural de ele- tras de rocha. Falha do Golfo de Ancud
mentos, entre outros. • Registros de tempo de rocha para
5.4. Estudos de erosão análises sísmicas
e escavação • Análise 1D de resposta do local
5 – ENGENHARIAS O objetivo principal dos Estudos de • Análise 2D de resposta do local
BÁSICAS Erosão e Escavação é estimar a escava- • Impedâncias dinâmicas y movimen-
ção e a erosão ao longo do fundo maríti- tações de entrada para fundações
5.1. Topografia mo onde serão construídos os pilotis dos • Seleção de históricos de tempo para
Com a finalidade de estabelecer um pilares Norte e Central. cenários específicos de terremotos
prazo para o Projeto e obter a situação Para esse fim, foi realizado um estudo • Duração efetiva para análise de re-
real do terreno em que será construído hidrodinâmico da área do Canal de Cha- gistro de tempo sísmico no linear -
o projeto, o CPC realizou um Sistema cao para diferentes cenários de corren- SMP
de Transporte de Coordenada (CTS), de tes de maré e eventos extremos. Foi de- Parte 3 – Projeto e avaliação sísmica geo-
acordo com o Manual de Estradas Vol. 2 terminada a magnitude desses campos a técnica:
e as Bases Técnicas, o qual foi aprovado partir de simulações numéricas realiza- • Forças de interação cinemática dos
pelo Ministério de Obras Públicas. das com o código livre OpenFOAM. pilotis e forças internas – Pilar central
Com esse CTS, o CPC estabeleceu um e Pilar Norte.
sistema de coordenadas geodésicas e 5.5. Estudos geológicos • Estabilidade de taludes sob cargas
uma rede de pontos topográficos em Os estudos geológicos proporcionam sísmicas.
PTL. Com isso, o CPC realizou levanta- o antecedente do Informe de Interpre- • Blocos de ancoragem – Acelerações
mentos topográficos das áreas impor- tação Geotécnica no que se refere à ma- máximas sob o Sismo Máximo.
tantes do projeto e foram feitos planos neira com que a área atual do projeto foi • Impedâncias de fundação sob cargas
topográficos com curvas de nível e perfis formada e o estudo de Erosão e Escava- • Deslocamentos permanentes devido
longitudinais e transversais. ção nas áreas dos Pilares Norte e Cen- à Falha do Golfo de Ancud
tral, no que se refere às características
5.2. Batimetria do fundo marítimo onde serão construí- 5.7. Estudos de vento
Para a coleta de dados, mediante um dos os pilares. Para os estudos de vento, o CPC levou
mareógrafo localizado em Punta Co- Foram realizadas pesquisas dos es- a cabo medições de vento em três esta-
ronel, foram realizados os modelos do tudos prévios, levantamentos multiface ções climáticas, nas proximidades das lo-
fundo marítimo, e segundo normativa e 3D detalhados e subsequentes levanta- calizações dos Pilares Norte e Sul e perto
as especificações do SHOA, o CPC exe- mentos ROV, e exames da escavação re- da Roca Remolinos, onde foi construído
cutou uma Batimetria Geral de Precisão cente das sondagens de 2015 por parte o Pilar Central. Além disso, foram consi-
dentro da faixa de expropriação onde de um geólogo projetista de CPC. derados também os dados de vento com
será construída a ponte, e três batime- Os principais pontos estudados foram: longa história, medidos no Aeroporto El
trias multiface de controle na localização • Modelo geomorfológico: Tepual e no Farol Corona, que estão loca-
dos pilares Norte e Central e ao longo do • Modelo Geológico: lizados perto do lugar.
eixo longitudinal da ponte. • Erosão
• Rebaixamento da Roca Remolinos 5.8. Túnel de vento
5.3. Estudos geotécnicos • Falha no Golfo de Ancud (FGA) Foram realizadas as seguintes provas
O objetivo dos Estudos Geotécnicos é de túnel de vento de seções e da ponte
oferecer os resultados das campanhas 5.6. Estudos sísmicos em escala completa em um laboratório
geotécnicas para caracterizar os mate- Os estudos sísmicos foram divididos Coreano:
riais do subsolo na localização do pro- em três tópicos principais: • modelo topográfico
jeto (Informe Geotécnico Fático), e ofe- Parte 1 – Medições e instrumentação • modelo de seção preliminar da placa
recer informações para definir as curvas sísmica: Oito estações de sismômetros • modelo de seção da placa
p-y, os parâmetros de resistência ao e três acelerômetros. A partir dessas • modelo de tela de vento
corte, o comportamento e os parâme- medições são obtidos dados desde o • modelo de seção do pilar
tros de deformação do solo sob carga início do contrato. • modelo aeroelástico do pilar
dinâmica para a análise sísmica (Informe Parte 2 – Dados sísmicos de entrada • modelo completo da ponte
Geotécnico Interpretativo). para Análise e Projeto: • modelo do cabo do pêndulo
A campanha geotécnica foi realizada • Análise probabilística de risco para o
pelo CPC (Fugro) de fevereiro a setembro projeto da ponte de canal de Chacao 5.9. Estudos marítimos
de 2015. A campanha de pesquisa consis- (Chile) Os estudos marítimos da estimativa
tiu de pesquisas geotécnicas com testes • Avaliação qualitativa do risco vulcâni- das condições do meio ambiente para o
in situ. As provas de laboratório (ensaio co para o projeto da ponte do Canal projeto da ponte são:
de índice, ensaios mecânicos e mecâ- de Chacao • Modelo de maré
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ARTIGO RE TRÔ | EDIÇÃO 106
PROTENSÃO PARCIAL:
UMA FASCINAÇÃO!
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ARTIGO RE TRÔ | EDIÇÃO 106
O numerador representa a força de es- determinação da armadura passiva para que se aceitem aberturas de fissuras até
coamento da armadura de protensão e o valores preestabelecidos da seção de w = 0,3 mm.
denominador a força total de escoamen- concreto , da armadura pretendida e do Em resumo:
to de todas as armaduras de tração. momento máximo. PL = 1,27 PP = 2,16 PC = 1,70
Como k , l vale 0 para o concreto ar- Para melhor compreensão dos proble- Holanda: Índia = 2,67 (relação de momen-
mado e 1 para protensão sem armadura mas propostos é transcrita a seguir a Fig. tos)
passiva. Não se faz referência à proten- 1 da referida publicação, que fornece os
são total, limitada ou parcial. l não de- dados: tipo de estrutura e de carrega- b) Protensão forte
pende do carregamento e mesmo para mento, seções transversais e materiais No caso de armadura de protensão
protensão completa pode ser inferior a 1. disponíveis. maior e diminuição de armadura passiva
A justificativa de se dar preferência a
uma definição que independa do carre-
gamento está em se poder referir a um
coeficiente não vinculado às normas dos
diversos países. Será, então, possível re-
ferir-se ao graú de protensão, indepen-
dentemente do país ou de qualquer nor-
ma. Não dá, entretanto, ao engenheiro,
imediatamente, a idéia de que parte do
carregamento total está sendo equilibra-
do pela protensão. Este fato é considera-
do fundamental por Leonhardt.
Neste trabalho referir-nos-emos aos
dois coeficientes k e l com os seguintes
nomes:
k = protensão relativa (Bachmann)
l = grau de protensão (Thürlimann)
3 – COMPORTAMENTO DOS
DIVERSOS PAÍSES
Hugo Bachmann escreveu um traba-
lho notável denominado “Partial Pres-
tressing of Concrete Structures” (IABSE
Surveys S-11/79 e também na revista
Beton - und Stahlbetonbau 1980, Cad.
2, Teilweise Vorspannung: Erfahrungen
in der Schweiz und Fragen der Bemes-
sung). Nesse trabalho, ele analisa o com- Somente 11 países responderam. Os (foi mantida aproximadamente constante
portamento de 11 países com relação resultados são bastante discrepantes e a força total de escoamento das armadu-
ao uso da protensão parcial. Isto foi o convém fazer uma análise minuciosa. ras) as proporções são parecidas:
resultado de uma “enquete” internacio- Índia (só PC): 430 kNm
nal na qual eram propostos 9 proble- SEÇÃO RETANGULAR Holanda: 820 kNm (= 520 PC, 620 PL,
mas simples de dimensionamento para a) Protensão fraca 820 PP)
averiguar como as normas dos diversos O menor momento admissível foi indica-
países encaravam a protensão parcial. do pela Índia com cerca de 300 kNm e o Aceitando-se fissuras w = 0,3, pode-se
Esses 9 problemas se referem a 3 tipos maior pela Holanda com 800 kNm . A Índia atingir momento 32% acima da PL. Em
de seção transversal: retangular, Te I. só admite protensão completa, ao passo resumo:
As áreas das armaduras, protendida Ap que a Holanda é mais liberal: 370 kNm para PL = 1, 19 PC PP = 1,58 PC = 1,32 PL
e passiva As, assim como a respectiva protensão completa, 470 para protensão Holanda: Índia = 1,91
posição, são fornecidas nos 6 primeiros limitada e 800 para pretensão parcial. Mes-
problemas. Abrangem 2 casos: mo que se considere apenas a PC a Holan- SEÇAO T
da admite cerca de 23% mais do que a Ín- a) Protensão fraca
a) Protensão fraca: Ap pequena + As grande
dia, o que faz supor limites 23% a mais para Ainda neste caso, os extremos são re-
b) Protensão forte: Ap grande + As pequena
a tensão de tração no aço de protensão. presentados pela Índia e pela Holanda.
Para cada um dos casos pergunta-se Da PC para a PL há um aumento de Índia (só PC): 740 kNm
qual o momento fletor máximo admissí- 27% e para a PP, de 216%. Isto significa Holanda: 1 600 kNm (= 940 PC, 1 060 PL,
vel. Os 3 últimos problemas consistem na que se pode ir até 70% além da PL desde 1 600PP)
43
ARTIGO RE TRÔ | EDIÇÃO 106
2 na armadura de protensão).
18 kgf /cm2 = 1,8 MPa Na Revisão não há limitação de ten- Devido à pequena influência, adotare-
Já existem, portanto, diferenças de sões no concreto em serviço. Entretanto, mos para ambos os aços o mesmo valor
interpretação de resultados de ensaios em vazio, sob ação de protensão inicial e da NB-116:
para determinação da resistência do con- mais as parcelas então atuantes de carga a = 6,8
creto. Resumindo: permanente, deve-se tomar cuidado con-
NB-116 (NB-1/60) tra uma microfissuração por excesso de 4 – Cálculos exigidos
sR = 21,6 MPa compressão (que aniquila sua resistên- Os cálculos desenvolvidos em obe-
sT = 1,8 MPa cia a tração no futuro, sob carga máxima diência à NB-116 referem-se a:
após as perda progressivas de proten- a) Verificação de tensões
Rev ·NB-116 ( NB-1/78) são). b) Segurança à ruptura
fck = 22,6 MPa (adot. 21,6) |sc,max| = 0,70 • fckj = 0,70 • 17 = 11,9 MPa c) Absorção da cunha de tensões de
f tk = 2,0 MPa sendo fckj = 0,75 • fck = 17 MPa tração por armadura passiva ou de
protensão.
Quanto ao aço de protensão, Ba- A máxima tensão de tração em vazio,
chmann fornece a resistência média de na região oposta aos cabos principais O cálculo de verificação de tensões é
1800 MPa, tensão média de escoamento de protensão, é a única tensão de tração feito nos diversos estágios de carrega-
de 1600 MPa e coeficiente de variação de que não pode ultrapassar um limite pre- mento. A armadura passiva existente
5%. Resultam, tanto pela NB-116 como viamente estabelecido : pode ser incorporada nos caracteristi-
pela Revisão: sc,max = 1,2 • fctk = 1,2 (0,06 • 17 + 0,7) = cos da seção (seção homogeneisada). A
sat = fptk = 1800 (1 – 1,65 • 0,05) = 2 MPa armadura de protensão só pode ser in-
1650 MPa corporada para todos os carregamentos
sae = fpyk = 1600 (1 – 1,65 • 0,05) = No aço de protensão as limitações são no caso de pré-tração. Para pós-tração
1470 MPa diferentes para pré-tração e para pós- só pode ser considerada para os carre-
-tração: gamentos que se aplicam após a injeção.
Para o aço da armadura passiva, ob- No ato da protensão Como não é dada a distribuição de car-
tém-se analogamente : PRE POS gas permanentes e acidentais, admitiu-
f sk = sf = 560 (1 – 1,65 • 0,05) = 514 MPa 0,85 • fptk = 1403 0,80 • fptk = 1320 -se apenas a armadura passiva na homo-
f yk = se = 500 (1 – 1,65 • 0,05) = 459 MPa spi geneisação, com o: = 6,8.
0,95 • fpyk = 1396 0,90 • fpyk = 1323
A segurança à ruptura foi determinada
Esses aços não constam das normas 0,77 • fptk = 1270 com coeficiente de segurança global 1,65,
spo
brasileiras, de maneira que faremos 0,85 • fpyk = 1250 tendo sido usada a fórmula simplificada
adaptações especiais para esses valores
sae se
de resistências e escoamentos. Na armadura passiva a tensão máxima é sar = 1,2 • sae 1,0 – 0,5 ma ___ + m ___ sat
siR sR
ss = 150 MPa (valor a ser discutido)
2. Tensões admissíveis valor que também se aplica para a va- adotando-se um valor bmed quando a
Na NB-116 são estabelecidas diversas riação ss da tensão na armadura de pro- linha neutra corta a alma. Foi sempre
tensões admissíveis no aço e no concreto tensão (fadiga ). observada a condição de que o momen-
dependendo da fase de carregamento. to fletor de ruptura não supera o que
Admitiremos que no ato da protensão 3. Módulos de deformação se obtém com zona de compressão de
o concreto tenha atingido a resistência Pela NB-116 os módulos de deforma- altura h/3.
sRp = 0,75 • sR= 16,2 MPa ção longitudinal são: A verificação da fissuração foi feita tan-
Concreto to no estádio I (calculando-se a cunha de
As tensões máximas iniciais (em vazio, Ec= 500 (sR + 400) kgf/cm2 = 500 tensões de tração determinada na seção
item 3.1.1): (sR + 40) MPa = 30.800 MPa homogênea) como no estadia 11. Não foi
sC 0,5 • sR = 10,8 MPa Aços aplicada na armadura passiva (ou acrés-
=C 2 • sT = 3,6 MPa (PL)
s Ea = Ef = 210.000 MPa cimo na armadura de protensão) tensão
Relação modular superior a 220 MPa e não foi feita verifi-
No aço de protensão temos: n = 210.000/30.800 = 6,8 cação de fadiga.
Em vazio (protensão inicial + g) Foram determinados os seguintes mo-
0,75 • sat = 1238 MPa Na Revisão são adotados os valores da mentos limites:
sa
0,90 • sae = 1323 MPa NB- 1/78, EB-780 e da EB-781.
45
ARTIGO RE TRÔ | EDIÇÃO 106
passavam os limites preestabelecidos. Se- Os resultados junto com os da enquete os característicos geométricos das seções
gundo a NB-116 a limitação das tensões de internacional estão todos agrupados nas ideais tendo sido ‘incorporada na seção
tração no concreto na PL impede o dimen- figuras 2a , 2b e 3 extraídas da publicação homogeneisada apenas a armadura pas-
sionamento da armadura passiva. Apenas mencionada de Bachmann. siva ou ambas. A diferença máxima nos
no caso da seção I, com a grande área exis- módulos de resistência foi de 7%. Isto
tente na zona tracionada, a tensão de tra- Análise dos resultados pode não representar muita coisa, mas
ção ficou abaixo do limite 3,6 MPa e assim Os quadros anexos número 1, 2, 3, 4 na hora de se aceitar ou rejeitar uma peça
foi possível dimensionar A s. Não se levou, contém todos os resultados dos cálculos por excesso de tração pode constituir um
entretanto, em conta o efeito de fadiga. efetuados. O Quadro Nº 1 mostra todos fator decisivo. A maior diferença encontra-
47
ESPAÇO ABERTO | CBCA
INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS
ALTOS NO BRASIL
REDUNDÂNCIA ESTRUTURAL, COMPARTIMENTAÇÃO VERTICAL E OBSERVAÇÃO
DE NORMAS E ESPECIFICAÇÕES DE MATERIAIS DE REVESTIMENTOS SÃO
MEDIDAS QUE EVITAM TRAGÉDIAS*
E
m 1° de maio de 2018, um incên- timentação vertical pelas fachadas, pelo Cabe à engenharia de instalações, os
dio de grandes proporções no edi- poço do elevador, pelas escadas não en- projetos de chuveiros automáticos, hi-
fício Wilton Paes de Almeida sur- clausuradas e, provavelmente, por outras drantes, sistemas de iluminação de emer-
preendeu todo o País. O edifício vias. A compartimentação vertical é impor- gência e sistemas de detecção e alarme.
de concreto armado com 24 pavimentos, tante justamente para impedir a propaga- Acrescentam-se a isso a ABNT NBR
localizado na região do Largo do Paissan- ção vertical do incêndio de um pavimento 14432:2001 e as Instruções Técnicas
du, em São Paulo, teve o seu colapso e para o imediatamente superior, sendo uma (IT8, em São Paulo), que indicam o TRRF
infelizmente vidas foram levadas. das medidas mais eficientes para a segu- (tempo requerido de resistência ao fogo)
Da mesma forma que em outros trági- rança contra incêndio e também essencial para o qual as estruturas devem ser
cos incêndios ocorridos também em edi- para o dimensionamento das estruturas. projetadas. É importante lembrar que o
fícios localizados na cidade de São Paulo Quanto à questão de redundância es- TRRF não é tempo real, mas um tempo
– Joelma, Andraus, Cesp e Grande Avenida trutural, em edifícios altos, significa dizer padrão utilizado para ensaios em for-
- o caso do edifício Wilton Paes de Almeida que caso um elemento estrutural falhe nos. Quanto mais alta a edificação, maior
tem a característica de ser uma constru- por conta do incêndio, o projeto estrutu- será esse TRRF. Conhecido esse tempo,
ção do meado do século passado, com ral prevê caminhos alternativos para os o engenheiro dimensionará os elementos
projeto arquitetônico, estrutural e de ins- carregamentos chegarem à fundação. estruturais com base nas normas ABNT
talação, que não considerava a segurança De uma maneira geral, cabe a arquitetura NBR 15200:2012 “Projeto de estruturas
contra incêndio. São várias as edificações garantir a compartimentação vertical e pro- de concreto em situação de incêndio” ou
nessa condição no Brasil, e isso represen- jetar adequadamente as saídas de emer- ABNT NBR 14323:2013 “Dimensionamen-
ta um grande risco para as pessoas. gência, por meio de escadas de segurança, to de estruturas de aço de edifícios em
Os incêndios nesses edifícios propa- por exemplo, cujo número, largura e locali- situação de incêndio - Procedimento”.
garam-se com muita facilidade e envol- zação devem ser projetadas com base na Fica claro que a segurança contra in-
veram toda a edificação, dificultando ABNT NBR 9077:2001 - Saída de emergên- cêndio é multidisciplinar, dependendo da
as operações de combate ao incêndio cia em edifícios ou nas instruções técnicas arquitetura e da engenharia, tendo como
e provocando sérios danos à estrutura. dos Corpos de Bombeiros estaduais. guia as Instruções Técnicas dos Corpos
A ocupação original do edifício também Outras medidas do escopo da arquite- de Bombeiros estaduais e as Normas
precisa ser respeitada. Um edifício ba- tura são as especificações de materiais Brasileiras, que devem estar sempre em
sicamente feito para abrigar escritórios de revestimento e acabamento colo- contínuo aprimoramento com base nos
não pode ser modificado para um edifício cados em tetos, paredes e pisos. Esses erros detectados em incêndios ocorridos
habitacional sem o devido cuidado. devem possuir características de reação no Brasil e no exterior. Além disso, sem-
No caso mais recente, do já menciona- ao fogo adequadas, levando-se em con- pre é importante considerar as pesquisas
do edifício Wilton Paes de Almeida, a falta ta a propagação superficial das chamas científicas desenvolvidas pela Engenharia
de compartimentação vertical, a estrutura e a quantidade e densidade de fumaça de Segurança contra Incêndio.
pouco redundante e um projeto antigo em desenvolvidas. Acessibilidade aos equi-
(*) Centro Brasileiro da Construção em Aço
termos de segurança contra incêndio foram pamentos para combate ao incêndio e (CBCA), com a colaboração de Valdir Pignat-
as principais razões para o desabamento. o distanciamento seguro entre edifícios ta e Silva (professor doutor da Escola Poli-
técnica da Universidade de São Paulo) e do
Nele, assim como nos outros edifícios também são de responsabilidade dos engenheiro Mauri Resende Vargas (Tecsteel
mencionados, havia quebra de compar- projetos de arquitetura. Engenharia)
A TRAJETÓRIA DE
UM MESTRE DAS OBRAS
ENTERRADAS
O DESAFIO SEMPRE FEZ PARTE DA CARREIRA DO PROFESSOR CARLOS EDUARDO
MOREIRA MAFFEI. JOVEM AINDA, JÁ ATUOU NO PROJETO DE UM DOS TRECHOS MAIS
COMPLEXOS DO METRÔ PAULISTANO. COM ISSO, SE TORNOU ESPECIALISTA EM OBRAS
ENTERRADAS, ALÉM DE TER DADO AULA PARA CERCA DE 1.600 ALUNOS
A
trajetória profissional do en-
genheiro e professor Carlos
“
Eduardo Moreira Maffei sem-
pre foi pautada por desafios.
Já na graduação, ele decidiu fazer parte
de um seleto grupo de estudantes – 9
O professor
numa turma de 200 – que optou pela es-
pecialização em Engenharia de Estrutura,
das escolas
uma novidade nos cursos de engenharia de engenharia
do início dos anos de 1960, quando se
graduou engenheiro pela POLI. Após se tem de,
formar e passar por um estágio no escri-
tório do engenheiro Paulo Franco Rocha,
necessariamente,
Maffei enfrentou outro desafio, ao fazer
parte da equipe de que construiu um dos
ter doutorado.
trechos mais complexos da primeira linha Ele tem de saber
de metrô do Brasil, o Trecho 3 da Linha 1
Azul do Metrô de São Paulo, na qual foi muito mais do que
utilizado, também pela primeira vez no
país, o chamado Tatuzão.
está ensinando
“
Foi nessa obra que ele aprimorou as
pesquisas e estudos que viriam a resultar
CARLOS EDUARDO MOREIR A MAFFEI na elaboração do conceito de interação
solo-estrutura, o qual se transformou
num curso ministrado por ele no Brasil e
também em Portugal. Na época, concilia-
va sua atuação nas obras com aulas de permaneceu por 41 anos, tendo leciona-
Resistência de Material que começou a do para aproximadamente 1.600 alunos,
dar na POLI em 1970. A carreira acadêmi- segundo suas estimativas. Atualmente,
ca foi outro desafio vencido e na qual ele apesar de já ter aposentado, continua
“
os grandes escritórios de arquitetura e
de engenharia na época. Fizemos diver-
sos projetos interessantes, sobretudo
em edifícios residenciais. Isso durou até O computador agrega demais,
1969, quando o Paulo Franco Rocha foi
trabalhar na Promon Engenharia e nos
mas acho que temos de
convidou, a mim e ao Orlando, para tra-
balhar na empresa. Foi então que come-
desconfiar dele. Há empresas que
çaram os grandes desafios. criaram um grupo de profissionais
ABECE – Poderia relembrar alguns encarregado de checar se o que o
desses desafios.
“
MAFFEI – Um dos primeiros projetos
computador definiu é correto
em que nos envolvemos foi o trecho 3
da futura Linha 1 Azul do Metrô de São
Paulo, que começava um ponto antes do
Vale do Anhangabaú e ia até perto da
Liberdade. Comecei a trabalhar no pro-
jeto básico desse trecho que, por passar
pelo centro da cidade, local de grande
concentração de edifício, foi feito todo
por meio dos chamados Tatuzões. Em sim um problema de interação entre as truir uma viga. É melhor eu, através da
função disso, foram necessárias várias duas áreas. Foi então que passei a estu- teoria, dizer se o método que você está
obras de reforço para que o equipa- dar solos com mais dedicação. Comecei usando para calcular é válido ou não no
mento pudesse fazer a perfuração dos a juntar as duas coisas. Tanto que depois seu exemplo prático. E teoria é ler muito.
tuneis sem comprometer as edificações até criei um curso de interação solo-es- Por outro lado, acho que o professor das
na superfície, principalmente na parte trutura de pós-graduação, pois entendia escolas de engenharia tem de, necessa-
próxima do Mosteiro de São Bento, que que não podemos tratar as duas áreas riamente, ter doutorado. Ele tem de sa-
exigiu a construção e uma grande laje. de forma independente. Os cálculos ber muito mais do que está ensinando.
Eu acabei me destacando na elaboração para a estrutura dependem do compor-
desses projetos. Chegou numa determi- tamento e do tipo de solo. Hoje é uma ABECE – O que mudou na forma de
nada fase da obra que os americanos, coisa fácil de fazer, pois temos compu- elaborar projetos?
com os quais a Promon tinha feito uma tadores que facilitam nos cálculos des- MAFFEI – Hoje não existe mais tempo
parceria técnica para executar a obra, sa interação. Na época, teve muito de para assimilar o projeto. No passado, eu
me chamaram e propuseram que eu as- criatividade para desenvolver essa inte- ficava um mês ou até dois meses calcu-
51
NOSSO CR AQUE | CARLOS EDUARDO MOREIR A MAFFEI
lando um prédio. Nós íamos até a tercei- cortava e colocava o macaco. Repetimos ção ocorrida no concreto foi um negó-
ra casa para chegar ao cálculo de uma esse modelo em outros edifícios em cio fantástico. Você tem hoje concreto
viga. Se desse um número do qual des- Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul resistente, duráveis, concreto projetado,
confiava, fazia tudo de novo. Nós tínha- e no Recife. evoluiu muito mesmo. Tanto que a pes-
mos uma certa sensibilidade para isso. soa que ficar três anos sem participar de
Refazíamos os cálculos. É claro que hoje ABECE – Quanto tempo demorou a uma obra vai cometer gafe. Os sistemas
o computador facilitou enormemente o obra? de drenagem, de rebaixamento, sistema
trabalho. Com ele, eu posso desenvol- MAFFEI – A obra em si demorou três ou de melhoria de solo, tudo isso está em
ver vários esquemas e refazer com rapi- quatro meses. A preparação e os cálcu- franca evolução. Os aditivos, é outra área
dez o que não está batendo. Por outro los, no entanto, demandaram dois anos de grande melhoria. E a gente tem que fi-
lado, ninguém sabe exatamente o que de trabalho e diversas reuniões com téc- car por dentro. De vez em quando, peço a
está fazendo, pois, o computador até te nicos, engenheiros e com o síndico do um pessoal de chumbadora de rocha, vir
dá o desenho pronto. Ele permite fazer edifício. É uma obra que tem que pensar aqui fazer uma explanação para a gente
experimentos virtuais: vamos tirar esse em tudo. Os moradores não tiveram de saber das recentes inovações.
pilar daqui e colocar para lá e ver se
melhora. Isso o computador agrega de- ABECE – Qual sua avaliação sobre o
mais, mas acho que temos de descon- momento atual da engenharia es-
fiar um pouco dele. Tem até uma empre- trutural brasileira do ponto de vista
sa que possui um grupo de profissionais técnico?
“
encarregado de checar e verificar se o MAFFEI – Poucos profissionais têm con-
que o programa do computador definiu dições de fazer projetos de edifícios com
é realmente o correto. 100 andares, mas os poucos que fazem
Ao estudante de têm a mesma capacidade técnica dos de
ABECE – Destaque uma obra desafia- fora do país. Até porque hoje o mundo é
dora que o senhor participou do pro- engenharia: leia uma aldeia global no que diz respeito a
jeto. troca de informações e de conhecimento.
MAFFEI – A obra de nivelamento de dois muito. Estude. Uma coisa que eu sinto muito é o pessoal
edifícios que estavam inclinados em
Santos foi a mais desafiadora. Em um
Se dedique e trazer arquitetos de fora, trazer o Cala-
trava, esses caras mais famosos, quando
deles, fizemos umas estacas cavadas aprimore sua eu acho que temos arquitetos aqui com a
dos dois lados indo até a parte mais só- mesma capacidade e criatividade. O de-
lida do solo e, em seguida, fizemos umas memória, pois senvolvimento está aqui, mas o nome do
vigas vierendeel ocupando parte do arquiteto é de fora. Eu duvido que não te-
primeiro andar e também da fundação. quem não tem nha arquitetos aqui com capacidade para
Depois de prontas as vigas, que abraça-
vam os pilares, colocamos macacos para
memória também desenvolver os projetos. Tem prédios be-
líssimos aqui no Brasil.
em seguida cortamos os pilares e com não terá um
isso conseguimos renivelar o edifício. ABECE – O que o jovem que pensa em
“
Antes disso tivemos um problema com futuro bom cursar engenharia deve analisar ao
o efeito sucção por causa do acúmulo optar pela carreira?
de água na areia. Tivemos de fazer um MAFFEI – Em qualquer profissão, o que
trabalho com a areia para deixar a fun- deve ser considerado é não se deixar
dação suspensa e só então renivelar o levar por ninguém, por maior que seja
edifício que tinha 2,2 graus de desnível. a fama ou o grau da pessoa, que não
No outro prédio, que fica atrás do pri- apresente um argumento racional e
meiro, como era mais largo e não dava lógico sobre qualquer tema. Em segun-
para fazer as estacas cavadas ao lado do sair dos apartamentos. Só saiam quan- do lugar é ser dedicado e ler muito, o
prédio, optamos por usar estaca raiz. E do estava macaqueando, porque tínha- que não é o caso hoje da maioria dos
aí fizemos outro sistema: cortei os pila- mos de ouvir algum estalido da estrutu- estudantes. Vou te dizer que muita
res e colocamos o macaco auxiliar. A di- ra e pedíamos para que todos saíssem gente que hoje trabalha na área de tu-
ficuldade era descobrir a carga correta. durante uma hora e depois voltavam. neis nunca leu um livro sobre o tema.
Fizemos então o seguinte: pegava cada Se você não tem memória também não
pilar e jogava uma determinada carga no ABECE – Considerando normas técni- terá um futuro bom. E nesse aspecto,
macaco. Se fosse fácil cortar o pilar, sig- cas, materiais e outros itens da cons- hoje as coisas estão piorando em razão
nificava que a carga colocada no macaco trução, o que mais evoluiu? Avança- do computador, pois ele te dará o re-
era grande demais. Se fosse difícil cortar mos mais em que? sultado da conta a partir das hipóteses
o pilar, significava que a carga colocada MAFFEI – Sem dúvida nenhuma que o apresentadas. O que precisamos ver é
era pequena. A gente acertava a carga, maior avanço foi em materiais. A evolu- se essas hipóteses são válidas.
A IGREJA DE ATLÂNTIDA
E SUA PROPOSTA
ESTRUTURAL.
O FASCÍNIO PELO LIMITE
HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO, NO FINAL DOS ANOS DE 1950,
E DOS ESTUDOS E ESFORÇOS PARA RECUPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
DA IGREJA CRISTO OBRERO, LOCALIZADA NO URUGUAI
CARABALLO, CIRO;
LARRAMBEBERE, GONZALO;
PESCI, LUCÍA
DIVULGAÇÃO
53
INOVAÇÃO | IGREJA CRISTO OBRERO
A
arquitetura moderna atual-
DIVULGAÇÃO
mente está passando por um
processo de revisão, grande
parte dele baseado em planos
e documentos de pesquisas históricas
que explicam o processo como um todo.
Especialmente orientados para entender
o processo do pensamento e as circuns-
tâncias sociais por trás de sua gestação.
Um dos tópicos mais trabalhados é o que
está relacionado ao projeto estrutural
das superfícies em concha e lisas, nivela-
das com o uso de régua, construídas em
meados da década de 1950.
Uma recente concessão do programa1
Keeping It Modern – Fundação Getty – per-
mitiu uma profunda investigação sobre a FIG. 2 – OS TIJOLOS CERÂMICOS SÃO UNIDOS COM ARGAMASSA DE CIMENTO E AREIA
REFORÇADO ESTRUTURALMENTE COM BARRAS DE AÇO.
história e o projeto da Igreja2 Cristo Obrero,
A obra mais icônica do engenheiro uru-
guaio Eladio Dieste, realizada no ano pas- do dinheiro para sua construção não é das pelos engenheiros Dieste e Montañez,
sado. Para entender as características de fácil para uma modesta cidade operária. antes mesmo da fundação da empresa:
seu projeto, especialmente as estruturais, é Enquanto a captação de recursos é provi- Armazém Frugoni em Montevidéu (1955),
necessário responder a duas perguntas bá- denciada, com pequenas doações, sorteios Posto de Gasolina Cooper em Montevidéu
sicas: Por que essa igreja no pequeno povo- e loterias, o casal Giúdice-Urioste começa a (1957), Lavanderia Jung Lanas em Monte-
ado de Estación Atlántida? E por que Dieste? procurar um construtor capaz de erigir uma vidéu (1957), Clube de Remadores Merce-
construção bonita, porém não muito cara. des (1957), Armazéns Graneleiros BROU
em Colônia (1958), e o Depósito Carrau em
ANTECEDENTES DA Montevidéu (1959). Além disso, Dieste rea-
CONSTRUÇÃO
“
liza a TEM Factory S.A. em Montevidéu, o
O desenvolvimento de Atlântida como Ginásio Municipal de Dolores e o armazém
um resort praiano teve início em 1908 para rolos de papel do jornal El País, cuja
com um programa de reflorestamento A igreja Cristo foto estava na primeira página em 1956. Ao
impulsionado por uma corporação parti- mesmo tempo, está sendo desenvolvida3
cular: La Arborícora Uruguaya, que ativa a Obrero y Nuestra a projeção da igreja do Cristo Obrero. Con-
estação ferroviária local. Em 1911 a região vém mencionar que a Berlingieri House em
ao redor da estação era um projeto imo- Señora de Punta Ballena (1946) constituiu a primeira
biliário, quando teve início a construção
do hotel Atlântida e dos primeiros chalés
Lourdes se abóbada de tijolos reforçados (vão livre
de 6m). Ela foi construída em colaboração
no passeio à beira-mar. Entre as primeiras destaca por com o arquiteto catalão Antonio Bonet.
famílias estão os sobrenomes Urioste e O envolvimento de Dieste nesse pro-
Giúdice, figuras principais posteriormente sua resolução jeto é resultado de seu relacionamento
relacionadas com a Igreja Cristo Obrero. com o engenheiro Mario Bonaldi, e com
Em pouco tempo, a pequena cidade ao criativa estrutural, outros profissionais católicos, que haviam
redor da estação ferroviária passou a ter
uma escola, uma padaria e serviço médi-
construtiva, participado do projeto anterior da capela
de 1946 na Estación Atlántida. Em 1955 a
co. Uma população estável de trabalhado- formal e relação complexa com Dieste começa e
res fez desse seu espaço vital. No início da continua com altos e baixos, até a finali-
“
década de 1940, o casal Alberto Giúdice e espacial zação das contas administrativas da igreja
Adela Urioste compra o terreno e a casa em 1962. Dieste, que recentemente havia
onde é construída uma pequena capela. se convertido ao catolicismo4, considera
O casal Giúdice já estava transmitindo a esse projeto como um desafio pessoal, e
doutrina cristã na região e, em 1946, foi acaba se envolvendo em cada detalhe da
construída uma capela básica. No dia 25 Dieste é nomeado em 1955 por outros concepção planimétrica, do projeto estru-
de dezembro de 1949 a capela foi elevada engenheiros, para a construção de arma- tural, da supervisão da construção e da
a paróquia, o que impulsionou uma mu- zéns de tijolos de baixo custo, com um novo participação financeira. Ele se aprofunda
dança na pequena construção existente. sistema estrutural: telhados de cerâmica no projeto dos quatro componentes do
Uma nova igreja passa a ser um pensa- reforçada. Pelo menos seis construções complexo: A igreja, o batistério subterrâ-
mento constante, no entanto a obtenção em concha com dupla curvatura são erigi- neo, a torre do sino e a casa paroquial,
“
Não foi encontrado o conjunto com-
pleto das plantas baixas originais da
construção. Portanto, não existem infor-
mações sobre alguns elementos estrutu- As três estruturas de igreja foram
rais. A descrição a seguir é baseada em
relatórios escritos ou orais de Dieste, nas construídas com tijolos cerâmicos
narrações do engenheiro Marcelo Sasson
(o principal assistente de Dieste por oca- unidos por argamassa estrutural
sião da obra), e em desenhos, fotos e tex-
tos disponíveis, além de algumas poucas
de cimento e areia, com reforço
amostras e pesquisas das estruturas. de barra de aço colocadas nas
“
A CONSTRUÇÃO PRINCIPAL juntas da argamassa
O templo tem apenas uma nave. Sua
planta baixa, aproximadamente retangu-
lar, tem 33m de comprimento e 16m de
largura. A altura da nave varia entre 7m
nas paredes laterais e 8,40m nos pontos e a segunda camadas de tijolos têm uma tipologia variada, com diferentes geo-
mais altos do eixo. finalidade estrutural. As duas são unidas metrias. A parede da frente, com a por-
Um conjunto contínuo de abóbadas de por meio de uma camada de argamassa. ta principal, tem trechos retos e curvos
dupla curvatura de cerâmica reforçada A camada externa (extrados) tem tijolos localizadas sob o nível do coro (mezani-
forma a parte superior. Essas abóbadas sólidos (12cm x 25cm, 2cm de espessura), no). Nesse nível existem três trechos de
têm diretriz catenária (curva plana). Seus de baixa densidade. Ela opera como iso- parede com protetores solares que se
vãos livres variam entre 13,20m e 18,80m ladora térmica e protetora mecânica. Ela alternam com janelas estreitas de ônix,
e suas elevações entre 0,07m e 1,40m. não tem qualquer papel estrutural. que permitem a passagem da luz solar do
Cada abóbada individual (barra) tem 6m Na pedra chave na abóbada que coin- norte para o templo. Dentro, os confes-
de largura. As cargas verticais das abó- cide com o presbitério um conjunto de sionários são colocados sob o menciona-
badas são suportadas por paredes em apenas janelas circulares deixam que a do mezanino, perto da parede da frente.
ambos os lados. Os impulsos horizontais luz natural recaia sobre o altar. Uma escada, construída com cerâmica
das abóbadas são transportados por duas As duas paredes laterais têm 7m de al- reforçada, leva ao coro, que tem um guar-
vigas horizontais curvas (placas curvas), tura. Elas são superfícies lisas niveladas da-corpo de tijolos perfurados.
que são presas à linha da mola das abóba- com o uso de régua, geradas pelo movi- A parede de trás é, em sua maior parte,
das. Ao mesmo tempo, essas vigas curvas mento de uma linha reta (geratriz) repou- lisa. Sua face interna apresenta tijolos de
transferem as cargas horizontais às barras sando sobre duas diretrizes: uma diretriz tipos diferentes. A área do altar, hierarqui-
de aço (membros elásticos) que estão alo- horizontal em linha reta ao nível do solo e zada por um Cristo de madeira entalhada,
jados dentro das abóbadas, nas catenárias uma diretriz horizontal ondulante coloca- é parcialmente circundada por uma pa-
mais baixas, ou seja, naquelas que têm da a uma altura de 7m. Essas superfícies rede baixa de tijolos reforçados. Atrás do
55
INOVAÇÃO | IGREJA CRISTO OBRERO
altar há duas salas que correspondem à mente sobre rodas e verticalmente por
PAREDES LATERAIS
sacristia e à sala anterior à sacristia. meio de macacos mecânicos. O molde
ONDULADAS tinha quatro torres que seguravam uma
O BATISTÉRIO As duas paredes são de superfícies estrutura curva coberta por uma camada
O batistério é uma construção subter- lisas, niveladas com o uso de régua, o de madeira.
rânea localizada do lado de fora da nave. que normalmente é gerado por uma li- Os tijolos da cúpula foram posiciona-
Uma parede circular (com 4,52m de diâme- nha reta móvel (geratriz) em contato com dos na camada de madeira, cada um em
tro e 2,26m de altura) é coberta por uma duas diretrizes. Durante seu movimento, seu lugar planejado. Após o término da
cúpula esférica de tijolos reforçados. No a geratriz mantém um pequeno ângulo construção da barra, a cúpula atingiu a
alto da cúpula uma claraboia cilíndrica per- variável com a direção vertical. Portanto, resistência exigida em algumas horas
mite que a luz natural recaia sobre a pia ba- as paredes poderiam ser erigidas sem o (entre 12 e 24 horas, conforme a tempe-
tismal. A estrutura é fundamentada sobre uso de formas. Para isso, as diretrizes fo- ratura). Então o molde podia ser baixado
pequenos pilares de concreto colocados ram dispostas e construídas com estru- para ser movimentado horizontalmente
sob a parede redonda. Vindo de fora, você turas de madeira: a parede lisa ao nível (sem colidir com a nova barra de tijolos).
pode entrar no batistério passando por do solo e a ondulada a uma altura de 7m. Até a posição da próxima barra. Ali, o
uma escada e um corredor subterrâneo.
Desde o batistério, um segundo corredor
“
e uma escada levam ao interior da igreja.
“
A construção da igreja foi realizada du- preservação dos componentes
rante os anos de 1958 e 1960. Não existem
informações em detalhes sobre alguns dos
métodos usados. No entanto, recorrendo
às mencionadas fontes de informação, en-
contramos as características básicas das Os pontos respectivos das duas diretri- molde era levantado para iniciar um novo
técnicas de construção. A seguir, são apre- zes foram ligados com fios. Finalmente, ciclo. O molde tem dois ailerons dobrá-
sentados alguns dos processos.6 as paredes foram erigidas tangencial- veis nas duas extremidades para evitar
As estruturas são fundadas sobre pe- mente em relação às superfícies geradas colidir com as ondulações da parede du-
quenos pilares concretados in situ (0,15m pelos fios. Cada parede ondulada consis- rante seu deslocamento horizontal.
de diâmetro e uma profundidade efetiva te de duas camadas adjacentes de tijolos
entre 4m e 6,5m). Não é possível termos que foram construídas ao mesmo tempo. TORRE DO SINO
certeza sobre o tipo de equipamento de A torre tem tanto paredes de superfície
empilhamento que foi empregado. Não COBERTURA lisa niveladas com o uso de régua quanto
obstante, não há dúvida sobre o fato Cinco faixas e meia de tiras de cúpulas de revolução. Ela foi construída sem mol-
de que o equipamento foi projetado e de dupla curvatura formam a cobertura des, seguindo um procedimento similar
desenvolvido por Dieste, que tinha uma do templo. A ideia central era: executar ao usado nas paredes laterais onduladas.
grande experiência em projetar e realizar uma cúpula (barra), cujo molde pudes- Uma diretriz circular foi colocada ao nível
pilhas e equipamento de empilhamento. se ser retirado rapidamente e reusado chão (na barra de fundação circular). Uma
para formar a barra seguinte. Isso foi segunda diretriz circular, com o mesmo
BATISTÉRIO realmente possível porque um arco cate- diâmetro, estava sendo posicionada em
Uma escavação circular foi executada nário (curva plana) apoiado em suas ex- níveis crescentes, de acordo com a ele-
para alojar o batistério subterrâneo. Então tremidades e sujeito a seu próprio peso vação da torre. Pontos apropriados de
foi construída uma parede cilíndrica de ti- suporta tensões de pura compressão, o diretrizes inferiores e superiores foram
jolos, sem o uso de moldes. A cúpula foi que estabiliza a estrutura e permite a re- ligados a um conjunto de fios, que forma-
construída em uma forma de madeira. A su- moção precoce do molde. Com esse ob- ram uma superfície auxiliar. Os tijolos da
perfície do piso foi feita com um conjunto de jetivo foi construído um molde itinerante. torre foram colocados tangencialmente à
círculos concêntricos de tijolos trapezoidais. Ele podia ser movimentado horizontal- superfície auxiliar.
57
VALORIZ AÇÃO PROFISSIONAL | CAPACITAÇÃO PAR A EL ABOR AÇÃO DE ORÇAMENTO
ESTÁ NA HORA
DA VIRADA
É FUNDAMENTAL CAPACITAR O PROFISSIONAL DA ÁREA DE
PROJETOS A APRIMORAR SUAS HABILIDADES NA HORA DE
AVALIAR SEUS CUSTOS E FAZER ORÇAMENTOS. ELE PRECISA
APRENDER A GANHAR DINHEIRO
A
POR ROBERTO DIAS LEME * o longo de sua trajetória, a A discussão se arrasta pelos meus
ABECE vem conseguindo uma mais de 30 anos de profissão e sempre se
expressiva valorização, sendo diz que só a “lei da oferta e procura” pode
nossa associação reconhecida solucionar a questão e, como temos vis-
nacionalmente por sua atuação na va- to nos últimos anos, a situação melhorou
lorização da atividade de projeto de es- um pouco, mas está longe do patamar
trutura. Produzimos palestras técnicas, que seria adequado.
seminários e workshops para atualização Os engenheiros, em especial o proje-
de nossos engenheiros; atuamos em re- tista estrutural, é um ser extremamente
visões de normas, premiamos, em con- técnico e não consegue aliar a técnica ao
junto com a Gerdau, o arrojo e a técnica seu bem-estar financeiro mínimo para,
do projetista por intermédio do Prêmio pelo menos, ter uma velhice tranquila.
Talento Engenharia Estrutural; represen- Devemos repensar e fazer palestras
tamos nossa classe durante discussões e workshops para ensinar o projetista a
sobre vários problemas nacionais; forma- avaliar seus custos e fazer orçamentos;
mos parcerias com universidades e com enfim, aprender a ganhar dinheiro.
diversas entidades representativas da Não podemos esperar qualquer reco-
cadeia construtiva, entre diversas outras nhecimento por parte de nossos contra-
ações. tantes, pois, para estes, nosso serviço é
Está na hora de darmos uma virada e custo de obra, sendo a obra o fardo que
mudarmos o patamar de remuneração nossos contratantes têm de arcar e seu
de nossos projetos e, consequentemen- investimento prioritário é em vendas e
te, valorizar o engenheiro estrutural, que propaganda, onde não se discute “centa-
cada vez mais assume responsabilidades vos”, como é em nosso caso.
e trabalho e não consegue uma remune- Imaginemos um grande absurdo como
ração adequada para seu serviço. uma greve dos projetistas estruturais;
A ABECE produziu tabelas de referên- isto é, sem entregas de projeto por três
cia para honorários mínimos, mas o que meses. Seria o caos. Pararia toda a cadeia
observamos é uma disparidade mons- da construção civil, seriamos recebidos
truosa de preços pelo Brasil afora, com para negociar até pelo Presidente da Re-
variações de 10 vezes e, em alguns casos, pública no Palácio do Planalto.
(*) Diretor Administrativo e Financeiro da chegando até 20 vezes a diferença entre Está na hora de refletirmos e tentar-
ABECE orçamentos. mos uma mudança de patamar.
F
ormado na turma de 1985 da FESP Engenharia Estrutural 2004, Prêmio Des- seus associados e do bem-estar da so-
– Faculdade de Engenharia São taques ABECE 2012, menção honrosa do ciedade, procurando que o produto do
Paulo, o engenheiro João Alberto de Prêmio “Obra do Ano 2013” da ABCIC (As- trabalho desenvolvido por nossa cate-
Abreu Vendramini assume a dire- sociação Brasileira da Construção Indus- goria seja valorizado, desenvolvido com
ção da ABECE para o período 2018-2020. trializada em Concreto) e Prêmio Tilt-Up qualidade, possibilitando obras duráveis,
Iniciou sua carreira na área industrial e Achievement Award pela TCA – Tilt-Up seguras, econômicas e de baixo custo de
de processos, onde acumulou sólido co- Concrete Association em 2014. manutenção, associadas às melhores e
nhecimento sobre rotinas de produção e Ao assumir a direção da entidade, mais modernas técnicas executivas, pro-
do funcionamento das indústrias. Desde salientou que a ABECE deve sempre piciando a nossos clientes maximização
1989 é diretor técnico da Vendramini En- “trabalhar na defesa dos interesses dos e otimização de resultados”.
genharia. É professor do cur-
so de pós-graduação em Es- COMPOSIÇÃO DA DIRETORIA COMPOSIÇÃO DA DIRETORIA
truturas de Concreto Armado PRESIDENTE FINANCEIRO
para Edifícios da FESP e tam- JOÃO ALBERTO DE ABREU VENDRAMINI DIRETOR – ROBERTO DIAS LEME
bém possui especialização em RELACIONAMENTO CONSELHO DELIBERATIVO 2018 A 2022
estruturas pré-moldadas de VICE-PRESIDENTE – ÊNIO CANAVELLO BARBOSA FLÁVIO CORREA D'ALAMBERT
DIRETOR – TÚLIO NOGUEIRA BITTENCOURT MARCELO ROZENBERG
concreto pela Universidade DIRETOR – RICARDO BORGES KERR MARCOS DE MELLO VELLETRI
Federal de São Carlos. DIRETOR ADJUNTO – RAFAEL TIMERMAN MARCOS MONTEIRO
Atuou como Coordena- TECNOLOGIA VALDIR SILVA DA CRUZ
dor da Comissão de Estudo VICE-PRESIDENTE – LUIZ AURÉLIO FORTES DA SILVA JEFFERSON DIAS DE SOUZA
DIRETOR – CLÁUDIO ADLER RICARDO FRANÇA
de Cargas para o Cálculo de
DIRETOR – TOMAS VIEIRA JOÃO LUIZ CASAGRANDE
Estruturas de Edifícios (CE-
DIRETOR ADJUNTO – RODRIGO NURNBERG CONSELHEIRO DELIBERATIVO 2016 A 2020
02:124.11), tendo sido respon-
MARKETING AUGUSTO G. PEDREIRA DE FREITAS
sável por produzir o texto-ba- BRUNO CONTARINI
VICE-PRESIDENTE – LEONARDO BRAGA PASSOS
se da revisão da ABNT NBR DIRETOR – JOSÉ MARTINS LAGINHA NETO EDUARDO BARROS MILLEN
6120:1980 Cargas para o cál- DIRETOR – TIAGO GARCIA CARMONA FRANCISCO PAULO GRAZIANO
DIRETOR ADJUNTO – JOSÉ AUGUSTO ÁVILA JULIO TIMERMAN
culo de estruturas de edifica-
JOSÉ AUGUSTO DE ÁVILA
ções. Ganhou vários prêmios DIRETORIA DE NORMAS TÉCNICAS NATAN JACOBSOHN LEVENTAL
e homenagens, como menção DIRETORA – SUELY B. BUENO NELSON COVAS
DIRETOR ADJUNTO: ALIO KIMURA VIRGÍLIO AUGUSTO RAMOS
honrosa do Prêmio Talento
C
riado há cerca de dois anos pela os intervenientes de uma obra (proje- níveis. “As fixações com chumbadores
ABECE, o Comitê Técnico que tistas, fabricantes e aplicadores) são químicos se disseminaram na constru-
estuda questões relacionadas a evitados erros de especificação e de exe- ção de forma ampla em função de sua
regulamentação do uso de fixa- cução, por meio da definição de regras execução rápida, limpa e racional”, ob-
ção com chumbadores químicos em con- claras a serem observadas nas várias fa- serva Carmona.
creto, está finalizando um texto que fará ses do processo construtivos”, comenta De acordo com o engenheiro, o Brasil
uma série de recomendações técnicas Tiago Carmona, coordenador do Comitê vem acompanhando com agilidade a evo-
das melhores práticas para o uso destes da ABECE. lução dos sistemas de fixação com chum-
elementos em projetos e obras. Numa Na avaliação de vários projetistas, badores químicos. “Novos materiais são
etapa posterior, tais recomendações po- normatizar sistemas de ancoragem em apresentados ao mercado da construção
derão se transformar numa futura nor- concreto implica em aumentar o nível pelos representantes das multinacionais
ma técnica. de exigência no que diz respeito a qua- que pautam o desenvolvimento desta
“Uma provável e futura norma técni- lidade de produtos e na execução dos tecnologia”, diz. Nesse sentido, Carmona
ca representaria uma evolução técnica projetos. Para Carmona, com uma nor- salienta que, ao criar o Comitê Técnica, a
fundamental em processos construtivos ma, seria possível dimensionar e exigir ABECE reforça seu papel de disseminar
que, em alguma de suas etapas, utilizam mais dos fornecedores e instaladores, o tecnologia e boas práticas construtivas. “A
as fixações. Ao se consolidar premissas que manteria um nível mínimo de quali- constatação de erros construtivos, a falta
técnicas mediante um consenso entres dade de materiais e informações dispo- de critérios claros de projeto e até mesmo
59
NOTAS E E VENTOS
o registro de acidentes envolvendo este cuida da análise dos pontos as serem seu escopo é bem abrangente e ela se
tipo de fixação, motivaram a criação do revistos já definiu o cronograma de reu- relaciona com outras normas. Apenas
Comitê”, informa. niões. O objetivo, segundo o engenheiro em sua primeira parte, são listadas 63
Por fim, Carmona afirma que o traba- Augusto Pedreira de Freitas, relator da normas nacionais e 29 internacionais.
lho do Comitê contribuirá, de forma de- revisão na parte de estrutura da Norma, Primeira norma a tratar da qualidade
cisiva, na regulamentação da prática, de- é “avaliar todos os pontos da Norma que dos produtos da construção civil, bem
finindo tipologias de materiais, situações envolvam elementos estruturais”. como de sua utilização pelos usuários,
recomendáveis de aplicação e rotinas Ao longo do processo, o grupo fará um ela acabou se tornando um dos prin-
de cálculo/projeto. “Processos constru- criterioso estudo do que necessita ser cipais indicadores de desempenho de
tivos com respaldos normativos estabe- alterado, excluído ou acrescentado em uma edificação.
lecem requisitos mínimos de segurança todos os aspectos relativos a estrutura. Como a Norma incluiu em seu escopo
e desempenho em serviço, objetivando Além de Augusto, outro representante da exigências quanto a qualidade posterior
a qualidade final da construção e prote- ABECE na Comissão que elaborará a revi- a entrega da obra, isso demanda dos
gendo a sociedade”, conclui. são é o engenheiro Ricardo França, asso- profissionais da área de engenharia um
REVISÃO NORMA DE DESEMPENHO ciado e membro do Conselho da entidade, maior conhecimento e rigor na escolha
– Com a perspectiva de concluir até mea- que atua como consultor da Norma. Am- dos materiais utilizados na construção,
dos de 2019 os trabalhos de revisão da bos serão responsáveis pelos itens rela- maior cuidado na concepção dos proje-
ABNT – NBR 15.575 Norma de Desempe- cionados a parte de Estrutura da Norma. tos e, principalmente, adoção de crité-
nho de Edificações, em vigor desde julho O trabalho de revisão da 15.575 deve rios mínimos determinados pelas nor-
de 2013, o grupo de profissionais que ser longo e bem complexo, uma vez que mativas.
A
ABECE passa a fazer parte da engenheiro Túlio Nogueira Bittencourt, ção pelo Grupo Brasileiro IABMAS da 8ª
IABMAS – International Asso- diretor da ABECE e um dos fundadores, Conferência Internacional sobre Manu-
ciation for Bridges Maintenan- em 2013, do Grupo Brasileiro IABMAS tenção, Segurança e Gestão de Pontes,
ce and Safety, associação cujo (Brazilian IABMAS Group – BIG) organizada no ano de 2016, em Foz do
principal objetivo é promover a coopera- Segundo o engenheiro Túlio, com sua Iguaçu/PR e que foi promovida em nome
ção internacional na difusão de conheci- destacada atuação na área da engenha- da IABMAS. A expectativa dos dirigentes
mento e informações a respeito da ma- ria estrutural brasileira, a ABECE poderá da ABECE é que agora, por fazer parte da
nutenção, segurança e gestão de pontes. contribuir de forma decisiva para a dis- entidade, a entidade poderá intensificar
A iniciativa para o ingresso da ABECE, seminação de conhecimento na área de a promoção de eventos dessa natureza,
como membro coletivo, nessa impor- manutenção e segurança estrutura de auxiliando na disseminação de conheci-
tante entidade internacional partiu do pontes. Uma prova disso foi a realiza- mentos nessas áreas.
A
valiação Técnica de Projetos – Fi- 6.118:2014, das recomendações da ABECE, tes do momento para a construção civil
nalidade, Conceitos, Diretrizes e além das razões, vantagens e custos de se e a sociedade em geral. Importantes te-
Recomendações ABECE para ATP fazer ATP. Já na segunda palestra, ele deta- mas como os ligados à sustentabilidade
e Ensaios não Destrutivos em lhou os métodos de ensaio, falou da utiliza- fazem parte dos debates, levando em
Estruturas de Concreto, foram as duas ção dos mesmo em estruturas novas e an- conta o cenário da construção e todas as
palestras proferidas pelo engenheiro tigas (retrofit), das limitações de utilização implicações do tema.
Leonardo Braga Passos na abertura do dos equipamentos, e como alguns ensaios Promovido pela FIEMG (Federação das
Seminário de Estruturas em Concreto, não destrutivos podem auxiliar no atendi- Indústrias do Estado de Minas Gerais), é
promovido pela ABECE durante o Minas- mento à Norma de Desempenho. aberto ao público em geral e tem como
con 2018, evento unificado da constru- O tradicional Minascon é um evento perfil de seus visitantes lojistas e atacadis-
ção civil promovido, no fim de setembro, unificado da Construção Civil e ponto de tas; arquitetos, engenheiros, administrado-
em Juiz de Fora-MG. encontro entre todos os envolvidos na res de condomínio, profissionais da cons-
Na primeira intervenção, o palestrante, cadeia produtiva do segmento. Envol- trução em geral, designers de interiores,
que é diretor da ABECE, tratou de aciden- ve um conjunto de mostras e palestras, decoradores e paisagistas; construtores,
tes estruturais, do item 5 da ABNT NBR que trazem os assuntos mais importan- empreiteiros e estudantes de áreas afins.
C
om a presença de 1189 partici- abertura pelo seu presidente Jefferson sidade de Leeds (Inglaterra), além de um
pantes de quase todos os esta- Dias de Souza Júnior. estudo do professor Roberto Stark, da
dos brasileiros e de 15 países, foi Segundo organizadores, o objetivo do Universidade Nacional do México, emba-
realizado, de 17 a 21 de setem- Congresso Brasileiro do Concreto é divul- sando a tese de que o concreto é o mate-
bro, o 60º Congresso Brasileiro do Con- gar as pesquisas científicas e tecnológicas rial construtivo do futuro.
creto, evento técnico-científica promovi- sobre a tecnologia do concreto e seus Já entre aos eventos paralelos realiza-
do pelo Instituto Brasileiro do Concreto sistemas construtivos. “É o fórum onde dos no CBC, destaque para: a Terceira
(IBRACON). “Os números corroboram se celebra a tecnologia e o conhecimen- Conferência sobre Barragem, realizada
ser o Congresso Brasileiro do Concreto o to sobre o concreto, material construtivo a cada três anos; segunda edição do
maior evento nacional de discussões so- mais consumido no mundo”, resumiu a Seminário sobre Segurança de Estrutu-
bre o concreto e seus sistemas construti- professora Edna Possan, da Universidade ras em Situação de Incêndio; Seminário
vos, ao bater, em sua sexagésima edição, Federal da Integração Latino-Americana sobre Laboratórios na Garantia da Qua-
os recordes das edições anteriores”, co- (Unila), e que faz parte da comissão orga- lidade Concreto e Construção; Mesa-Re-
mentou o presidente do IBRACON, enge- nizadora regional do evento. donda Centrais Dosadoras X Centrais
nheiro Julio Timerman, durante a soleni- Os destaques na programação do Misturadoras; Seminário Boas Práticas
dade de abertura do encontro, realizado encontro, que teve recorde de público, na Execução de Estruturas de Concreto;
em Foz do Iguaçu-PR. foram as conferências plenárias de pes- e Seminário de Novas Tecnologias, com
O 60º CBC teve a participação de en- quisadores estrangeiros e os eventos estudos de casos de produtos e obras
genheiros, profissionais técnicos de es- paralelos. Entre as pesquisas e estudos de várias empresas.
critório de projeto, laboratórios, constru- apresentados, destacam um estudo Fizeram parte ainda da extensa pro-
toras, empresas de energia, fabricantes sobre perfis de cloreto nas peças de gramação do Congresso do IBRACON
de equipamentos e componentes do concreto armado, feito pelo Centro de lançamentos de livros técnicos e da
concreto, concreteiras, indústrias de pré- Pesquisas Estudos Avançados do Ins- Prática Recomendada Guia da Preven-
-fabricação, pesquisadores, estudantes tituto Politécnico Nacional, do México; ção Álcali-Agregado, como também as
de engenharia, além de órgãos gover- mecanismo físico-químico de formação e reuniões dos comitês técnicos e das re-
namentais e representantes de associa- distribuição dos produtos hidratados do vistas do IBRACON, além de cursos de
ções ligadas à indústria da construção, principal componente do cimento, apre- atualização profissional, concursos es-
como a ABECE, representada na mesa de sentado por um pesquisador da Univer- tudantis e premiações.
61
NOTAS E E VENTOS
EM MEMÓRIA
D
escendente de armênios, Jor- co de ativos do plano Collor, em 1990, Essas características pessoais, alia-
ge Zaven Kurkdjian sempre foi teve que buscar forças para manter o das a um profundo conhecimento
fiel às tradições de suas raí- escritório funcionando. Nessa época, técnico tanto de estruturas de aço
zes: formou-se em 1966 pela já contava com a colaboração eventual quanto de concreto e de madeira pos-
Faculdade de Engenharia Mackenzie, do amigo Julio Fruchtengarten, com sibilitaram que o escritório firmasse
abraçando a especialidade de cálculos quem acabou se associando em 2000, parcerias duradouras com os mais re-
estruturais na Engenharia Civil. tendo ingressado mais recentemente nomados arquitetos do Brasil; o resul-
Ainda estudante e assessorado pelo na sociedade os filhos Roberto e Jairo tado é uma série de obras marcantes
irmão Jorge Kurken Kurkdjian, então Fruchtengarten. que contaram com sua participação,
professor de estruturas de aço do Mac- O Jorge Zaven tinha uma personalida- sendo algumas mais recentes o San-
kenzie e engenheiro de projetos estru- de marcante; seu gênio alegre, sua vas- tuário Theotokos, a sede do SEBRAE
turais do Escritório Técnico Arthur Luiz ta cultura e a diversidade dos assuntos em Brasília, o Pórtico da Praça do Pa-
Pitta, já desenvolvia em casa alguns pro- que o interessavam (fotografia, música, triarca em São Paulo, as unidades do
jetos. Com o aumento do volume de tra- pintura,...) tornavam o convívio com ele SESC Belenzinho, Santo Amaro, 24 de
balho e após a conclusão do curso de muito fácil e as relações pessoais du- Maio e Jundiaí, o Teatro Cultura Artís-
engenharia, ambos decidiram criar um radouras. Amava a profissão e tratava tica, o Cais das Artes em Vitória e tan-
escritório próprio, situado à rua Bento com grande respeito e admiração os tas outras.
Freitas, próximo dos escritórios de mui- arquitetos com quem trabalhava, pro- Jorge Zaven faleceu no final de abril
tos arquitetos com os quais passaram curando sempre conciliar os requisitos de 2018, aos setenta e cinco anos, dei-
a trabalhar. O escritório foi crescendo estruturais com os arquitetônicos. Aca- xando muitos amigos e uma grande
e em 1978 mudou-se para uma nova bou formando uma vasta biblioteca, lacuna em nosso meio técnico.
sede no Morumbi, onde está até hoje. com ênfase na literatura voltada para
Com a morte do irmão em 1989 e a soluções estruturais inovadoras e sua Depoimento cedido por Julio Fruchtengarten,
subsequente crise gerada pelo confis- evolução ao longo dos anos. amigo e sócio de Jorge Zaven Kurkdjian
C
omo ele mesmo disse em uma maior nessa direção veio com o con- considerado fundamental pelos pro-
de suas últimas entrevistas, vite para ser assistente do professor jetistas. Além disso, participou da for-
concedida à revista ESTRU- Nilo Amaral, na cadeira de concreto mulação de diversas normas técnicas
TURA: nasceu para ser enge- da Poli e, mais tarde, quando passou a ao longo de mais de 60 anos de ativi-
nheiro. Prova disso é que o professor dar aulas de estabilidade das constru- dade profissional. O professor Fusco
Péricles Brasiliense Fusco, antes mes- ções e de estruturas metálicas na FEI era um entusiasta das inovações – em
mo de concluir o curso na Escola Poli- (Faculdade de Engenharia Industrial). meados dos anos de 1980 estimulou a
técnica da Universidade de São Paulo Em paralelo, mantinha seu escritó- montagem de um curso de computa-
(turma de 1952), já havia projetado seu rio de projetos, atuando em diversas ção no Departamento de Engenharia
primeiro edifício, quando fazia estágio obras, tendo se especializado em en- Civil da Poli –, e tinha uma preocupa-
no escritório de engenharia estrutural genharia pesada para o setor indus- ção quase obsessiva com o ensino no
de Paulo Franco Rocha. trial. Comandou, entre outras obras, o país. Tanto que trabalhava num novo
A partir de então, a vida desse pau- projeto do segundo alto forno da Co- livro onde tratava, principalmente, da
listano, filho de pai médico e mãe pro- sipa – Companhia Siderúrgica Paulista, falta de uma atenção especial sobre
fessora, foi marcada por uma suces- construções para a CBA – Companhia a “arte de aprender”. Como sua inten-
são de conquistas, pois no mesmo ano Brasileira de Alumínio, estações da li- sa vida demonstra, o professor Fusco
em que se formou, também iniciava nha norte-sul do metrô paulistano e a deixou, ao falecer no final de julho des-
suas atividades acadêmicas, ao ser Usina Hidrelétrica de Itaipu. te ano, um legado não só para a En-
convidado para trabalhar na área de No plano acadêmico, além das aulas, genharia brasileira, mas ensinamentos
estruturas do Instituto de Pesquisas escreveu 13 livros, incluindo “Técnicas que ainda serão úteis para todos os
Tecnológicas (IPT). Um impulso ainda de Armar as Estruturas de Concreto”, brasileiros.
N
ascido em 1926 e formado corado com inúmeros prêmios em re- cursos de aperfeiçoamento nos Esta-
em Engenharia Civil pela Es- conhecimento ao seu trabalho e atua- dos Unidos e Suíça. Trabalhou no Gru-
cola Politécnica da Universi- ção, entre eles as medalhas de ouro do po Paredes de Concreto, coordenando
dade de São Paulo em 1952, Instituto de Engenharia como coorde- a área de sustentabilidade. Foi respon-
Gabriel Oliva Feitosa especializou-se nador da Divisão Técnica (Estrutura) sável por mais de 15 milhões de m3 de
em cálculos estruturais. Após uma ex- mais atuante nos biênios 1967/1968 e concretos aplicados.
periência com alguns colegas de turma 1969/1970; Prêmio “Emílio Baumgart” Durante toda sua trajetória profissio-
montou o Escritório Técnico Feitosa e recebido do Ibracon (Instituto Brasilei- nal sempre teve participação ativa na
Cruz. Entrou na recém-criada Divisão ro do Concreto), no ano de 1993, além área de Normalizações técnicas, tendo
de Estruturas do Instituto de Engenha- do Prêmio Personalidade Engenharia coordenado a elaboração das Normas
ria, em São Paulo, e foi eleito por acla- Estrutural concedido pela ABECE em NBR 7212 e NBR 8953. Além disso, sem-
mação para a coordenação da Divisão, 2005. O engenheiro Feitosa faleceu dia pre foi um grande articulador das ati-
na qual permaneceu por 25 anos. Na 4 de setembro, aos 92 anos. vidades relacionadas com a engenharia
ABECE, foi conselheiro em sucessivas de forma geral em várias entidades,
gestões, de 1994 a 2008, tendo sido ARCINDO VAQUERO Y MAYOR – entre elas a ABECE, da qual era presen-
condecorado com o título de Associa- Também em setembro, a engenharia ça marcante em eventos e reuniões.
do Honorário em 2002. brasileira perdeu Arcindo Vaquero Y Teve atuação destacada também como
Como projetista, foi o responsável Mayor, consultor na área de tecnolo- consultor na Associação Brasileira das
pelos projetos de diversos shoppings gia do concreto dosado em central. Empresas de Serviços de Concretagem,
paulistanos, como West Plaza, Jardim Graduado em Engenharia Civil pela tendo sido ainda vice-presidente técni-
Sul e Paulista, e do Shopping Praia de Universidade Presbiteriana Mackenzie co da Federación Ibero Americana de
Belas, em Porto Alegre (RS). Foi conde- (1976), Arcindo participou de diversos Hormigón Premezclado.
63
O QUE ELES QUEREM DE NÓS | BUSCA PELO NOVO
INTERAÇÃO ENTRE
PROJETISTA E
CONSTRUTOR É
FUNDAMENTAL
A BUSCA POR FAZER DIFERENTE, DE IMAGINAR NOVAS
FORMAS E ESTAR ATENTO AO NOVO E ATUAL NO
MERCADO SÃO FATORES QUE LEVAM O PROFISSIONAL
A TER ORGULHO DE SUA OBRA
R
POR LUIS FERNANDO CINIELLO BUENO* efletindo um pouco sobre nossa
atividade de construtor, precisa-
mos pensar que ela é muito mais
ampla e, na maioria das vezes,
estamos concretizando um sonho dos
nossos clientes, o sonho de uma vida; e
que, na verdade, são sonhos dos clien-
tes de nossos clientes.
Por outro lado, não podemos esque-
cer que estamos no Brasil, um pais de
muitas desigualdades e com grandes
desafios a superar, aonde o merca-
do está constantemente saindo de
uma crise e os recursos são escas-
sos, o custo do dinheiro um dos
mais elevados do mundo; o que
nos levou a um déficit habitacio-
nal descomunal de 1, 2, ou 3 mi-
lhões de habitações. Não importa
a quantia. De toda forma é enorme
e na nossa atual situação não con-
seguiremos atender.
Outro aspecto fundamental para
considerarmos é que nossos clien-
tes já têm dificuldades enormes para
adquirir um imóvel, pagá-lo ao longo de
décadas, e certamente, com suor, fa-
“
Se acharam simples resolver esta
equação, temos ainda que acrescen-
tar mais uma variável: conseguir
concretizar a inspiração dos
Quando nós, construtores, iniciamos
arquitetos, para permitir que
tenhamos belos empreen-
o desenvolvimento de uma nova
dimentos, fazendo das ideia para um projeto, precisamos do
nossas cidades luga-
res mais bonitos, apoio do projetista de estrutura para
gostosos de morar
e trabalhar, aonde
conseguirmos locar da melhor forma
tenhamos prazer de
estar de e viver.
possível os futuros pilares e também
“
Com tudo isto fica saber a espessura das vigas
evidente que produ-
zir um Bom Proje-
to é uma tarefa
bastante difícil,
que exige de-
dicação, von- Passada a “conceituação”, entramos na ao que há de novo e atual no mercado,
tade, esforço, mais trabalhosa etapa, que é a definição quais os movimentos e anseios que te-
criatividade propriamente dita do modelo estrutural mos e não nos conformarmos de fazer
e diria muito que teremos, sendo que as metas só se- o mesmo de sempre, ou que a primeira
rão atingidas combinando criatividade e solução é a ideal, pois na maioria das ve-
muitos cálculos, pois nossa arquitetura zes é a mais rápida, mas dificilmente será
sempre é diferente produto a produto e a melhor. Nesse sentido, será a solução
a melhor forma do último projeto cer- que teremos orgulho de dizer que dela
tamente não será a melhor solução participamos e ajudamos a idealizar.
para o atual e provavelmente será
diferente no nosso próximo. * Luís Fernando Ciniello Bueno é en-
Além disso, o mercado de in- genheiro civil formado pela Escola Poli-
sumos e fornecedores também é técnica da Universidade de São Paulo, já
bastante dinâmico o que nos leva coordenou e executou obras de torres
novamente a estudar diferentes comerciais, hotéis e condomínios resi-
combinações. A realidade dos últi- denciais de diversos padrões. Possui MBA
mos anos apontando que ter uma Executivo pela FEA-USP e em Gestão Imo-
espessura media menor, mesmo biliária pela FAAP. Possui ainda especiali-
levando a taxas de aço maiores, era zação em Administração pela Fundação
a melhor opção, tem se mostrado Getulio Vargas. É coordenador do grupo
completamente errada, inclusive inver- de Normas Técnicas da ABNT – Associa-
tida, pois uma resistência do concreto ção Brasileira de Normas Técnicas, além
maior, ou até uma espessura maior é me- de integrar o Comitê de Tecnologia e Qua-
lhor se conseguirmos utilizar menos aço. lidade do Sinduscon.
65
RE VISTA ESTRUTUR A | OUTUBRO • 2018 66
RESPOSTAS
1 – Cobrimento da armadura igual a 10 mm: 4 – Agrupamento de cabos na pós-tração relação à face de aberturas nas lajes deve ser de
Comentário: segundo a tabela 7.2 da NBR igual a 6 unidades: 7,5 cm”.
6118:2014, o menor cobrimento nominal da ar- Comentário: segundo o item 18.6.2.2 da 7 – Desvio de cabo execessivo sem reforço:
madura para lajes deve ser de 20 mm podendo NBR 6118:2014, “os cabos alojados em bainhas Comentário: segundo o item 20.3.2.5 da NBR
ser reduzido em 5 mm em algumas situações. No podem constituir grupos de dois, três e quatro 6118:2014, “o desvio no plano da laje de um cabo
caso de concreto protendido o valor mínimo é de cabos nos treços retos, desde que não ocorram ou feixe de cabos deve produzir uma inclinação
25 mm para classe de agressividade I. disposições em linha com mais de dois cabos ad- máxima de 1/10 na corda imaginária que une o
2 – Concreto estrutural fck ≥ 15 MPa: jacentes”. início ao fim desse trecho, mantendo o seu desen-
Comentário: para estruturas em concreto 5 – Espaçamento entre cordoalhas igual a volvimento de acordo com uma curva parabólica
protendido o concreto estrutural deve possuir 200 cm: em planta”, “para os casos em que o desvio ex-
classe de resistência de no mínimo c25 (resistên- Comentário: segundo o item 20.3.2.1 da NBR ceda os limites especificados, deve ser prevista
cia característica à compressão de 25 MPa) con- 6118:2014, “para que uma faixa de laje seja tratada armadura capaz de resistir à força provocada por
forme tabela 7.1 da NBR 6118:2014. como uma região protendida, na direção conside- esse desvio.
3 – Laje maciça protendida apoiada direta- rada, o espaçamento entre cordoalhas, cabos ou Observação: como se trata de um exemplo e
mente sobre pilar com 12 cm de espessura: feixes de cabos deve ser no máximo de 6h, não não um projeto completo, diversos outros itens
Comentário: para lajes lisas e lajes - cogumelo excedendo 120 cm”. (carimbo, notas mais completas, legendas etc..)
(fora do capitel), segundo o item 13.2.4.1 da NBR 6 – Cobrimento de 1cm na região dos furos: e desenhos (cortes, detalhes construtivos etc...)
6118:2014, as espessuras mínimas a serem adota- Comentário: segundo o item 20.3.2.4 da NBR devem fazer parte de um projeto estrutural ade-
das devem ser de 16 cm e 14cm respectivamente. 6118:2014, “o cobrimento mínimo de cabos em quado as normas técnicas.
DIRETOR DA ABECE
POR LEONARDO BRAGA PASSOS
AS FALHAS
DESCUBRA
JOGO DE SE TE ERROS