Você está na página 1de 5

ESCOLA E.B. 2,3/S DR.

DANIEL DE MATOS
Ficha de Avaliação de Língua Portuguesa - 9º ano – VERSÃO 1

GRUPO I
5
PARTE A

Lê o texto com atenção. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado a seguir ao


texto.
10
PERPLEXIDADE PELA MONÇÃO

Leio vários jornais espalhados pelo balcão do bar, todos trazem as mesmas notícias. Como é,
aliás, habitual – as notícias cada vez mais saem todas da mesma fonte e resultam cada vez mais
15idênticas entre si. Na Índia, tal como no mundo inteiro. Mas, hoje, a notícia de primeira página dos
jornais indianos causaria estranheza em qualquer outro país. Anuncia o princípio da monção para o dia
seguinte. Explicita também a hora. Se a previsão não falhar, e se o meu comboio nãos e atrasar,
apanharei com a monção em cima quando passar por Calecute. A monção que sobe para norte, eu que
desço para sul, e Calecute que, como sempre, é lugar de cruzamentos e de perplexidades.
20 Fico a pensar perplexo nesta notícia de primeira página: a hora da chegada da monção. Como
se em Portugal os jornais anunciassem que as chuvas do próximo inverno começarão às três da tarde
do dia 18 de outubro. (…)
Estas previsões são avançadas por várias fontes. Desde o Centro Meteorológico de Trivandrum,
na ponta sul da Índia, a cargueiros ao largo do subcontinente que acompanham a fase embrionária da
25monção, aos vários governos estaduais preocupados em acalmar os seus inquietos leitores, até uma
imensidão de astrólogos e sacerdotes que são pagos para isso. Pergunto-me como pode um fenómeno
natural, meteorológico, sazonal e extremamente complexo obedecer a uma coisa tão frívola e
vulnerável como uma previsão humana. Mas a minha perplexidade é europeia, claro. (…)
Por uma destas curiosas coincidências do destino da Humanidade, Vasco da Gama contratou
30em Melinde aquele que foi um dos mais experientes e didáticos navegadores árabes de sempre, e que
Camões celebra por duas vezes em Os Lusíadas.
Hoje, pensa-se que esse mesmo capitão astrólogo era Ibn Majid, máxima autoridade da época
sobre a navegação do Índico e autor de vários tratados sobre o tema. Desconhecendo as
consequências do seu papel, Ibn Majid ensinou a Europa a navegar na Ásia.
35 Quando a armada de D. Francisco de Almeida deixa a costa oriental africana, sabe já, portanto,
por onde e quando deve navegar no Índico. Sabe também as latitudes das várias cidades da costa
indiana e quais delas evitar com cuidado. (…) E no dia de Todos-os-Santos chega a Cochim.
Não recebe surpresas desagradáveis. (…) Agora, D. Francisco de Almeida chega com uma
ordem precisa: fazer de Cochim a capital do estado português na Índia.
40 Magalhães1, que terá nesta altura os seus 25 anos, habita portanto uma nova capital. Cresceu
em Lisboa e torna-se adulto em Cochim. Aqui, a palavra “adulto” tem um significado duro. Durante estes
sete anos que o veem a navegar pelo Índico, Magalhães vive a vida de soldado e marinheiro. Obedece
– e geralmente as ordens que tem de cumprir são as de atacar, conquistar, atirar a matar, não perdoar.
(…) Penso uma vez mais na perplexidade da monção. Que estranho e misterioso fenómeno, que
45ilegíveis latitudes, que climas desfavoráveis aguardavam a primeira geração de navegadores europeus
no Índico. Mas também que lições formidáveis, que estágio fundamental recebeu essa geração. Quem
saísse daqui com vida, estava apto a navegar em qualquer outro oceano da Terra – e em todos eles. E
foi, de facto, o que um desses estagiários acabou por fazer.

50 Gonçalo Cadilhe, Nos Passos de Magalhães, Oficina do Livro Editora, 2008

Vocabulário:
1
Magalhães – Fernão de Magahães

Professora Ana Viana Pá gina 1


55
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. As afirmações de (A) a (F) referem-se a informações do texto. Escreve a sequência de letras


que corresponde à ordem pela qual essas informações aparecem no texto. Começa a sequência
60 pela letra (A).

(A) As primeiras páginas dos jornais anunciam o início da monção.


(B) As primeiras viagens foram excelentes estágios para os navegadores portugueses.
(C) Fernão de Magalhães foi soldado e marinheiro durante sete anos.
65 (D) Terá sido um árabe, grande conhecedor da arte de navegação, quem ajudou os portugueses a
chegar ao Oriente.
(E) A monção é ponto de partida para a reflexão.
(F) A função de D. Francisco de Almeida era transformar Cochim na capital do estado português na
Índia.
70
2. Indica o referente do pronome “o” na frase “(…) que o veem a navegar pelo Índico.”(l.30)

3. Seleciona, para responderes a cada item (3.1. a 3.3.), a opção que permite obter a afirmação
75 adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada opção
que escolheres.

3.1. Com a afirmação “as notícias cada vez mais saem todas da mesma fonte e resultam cada
vez mais idênticas entre si” (ll. 2-3) o autor:
80 (A) faz uma crítica à globalização da comunicação social.
(B) verifica que a informação é censurada no mundo inteiro.
(C) reflete sobre a falta de interesse dos jornais mundiais.
(D) afirma que os jornais indianos são iguais aos europeus.

85 3.2. A frase “Aqui, a palavra “adulto” tem um significado duro.” (l.29) significa que:
(A) É difícil crescer em países pobres.
(B) Os marinheiros tinham uma vida infeliz.
(C) Quando os marinheiros partiam, não sabiam se voltariam.
(D) Os soldados e marinheiros tinham de obedecer a ordens que, por vezes, podiam ser
90 difíceis de cumprir.

3.3. A expressão “um desses estagiários” (l. 36) refere-se a:


(A) D. Francisco de Almeida.
(B) Pedro Álvares Cabral.
95 (C) Fernão de Magalhães.
(D) Vasco da Gama.

100

105

Professora Ana Viana Pá gina 2


110 PARTE B

Lê o texto com atenção. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado a seguir ao


texto.

115Vocabulário:
1
molesta – perversa, lastimosa
2
pérfida - traiçoeira
3
mitiga - alivia
4
aras - altares
1205 engano de alma - ilusão
6
ledo - feliz
7
apartavam - afastavam

Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.


125
4. Carateriza física e psicologicamente D. Inês de Castro.

5. “Apesar de descrever a vida tranquila de D. Inês, o narrador vai introduzindo indícios de que
essa tranquilidade terá um fim cruel.”
130 Comenta esta afirmação.

6. “O nome que no peito escrito tinhas”(120,v.8)


Indica o recurso expressivo presente neste verso e explica a sua expressividade.

135 7. Recordando tudo o que sabes sobre este episódio, explica porque podemos dizer que estamos
perante “um episódio trágico e lírico”.

5Professora Ana Viana Pá gina 3


PARTE C
140
Lê as estrofes 33 e 34 do Canto I de Os Lusíadas, a seguir transcritas, e responde, de forma
completa e estruturada, ao item 9. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

145 33 Sustentava contra ele Vénus bela,


Afeiçoada à gente Lusitana
Por quantas qualidades via nela
Da antiga, tão amada, sua Romana;
Nos fortes corações, na grande estrela
150 Que mostraram na terra Tingitana1,
E na língua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção2 crê que é a Latina.

34 Estas causas moviam Citereia3,


155 E mais, porque das Parcas4 claro entende
Que há-de ser celebrada a clara Deia5
Onde a gente belígera6 se estende.
Assi que, um, pela infâmia que arreceia,
E o outro, pelas honras que pretende,
160 Debatem, e na perfia7 permanecem;
A qualquer seus amigos favorecem.

Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto I, Porto Editora, 2010

165Vocabulário:
1
terra Tingitana- Norte de África
2
corrupção – alteração; mudança
3
Citereia - Vénus
4
Parcas – as três divindades que, segundo a mitologia clássica, presidiam aos destinos dos homens
1705 Deia - deusa
6
belígera - guerreira
7
perfia – porfia; teimosia nas palavras e nas ações

Redige um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual


175explicites o conteúdo das estrofes 33 e 34.

O teu texto deve incluir:


 uma parte introdutória, em que identifiques o episódio a que pertencem as estrofes e as
duas personagens que, nestas estrofes, defendem posições opostas relativamente aos
180 portugueses;

 uma parte de desenvolvimento, na qual indiques o motivo da discussão entre essas duas
personagens e três razões que suportam a posição sustentada pela personagem que
defende os portugueses;
185
 uma parte final, em que justifiques a importância deste episódio na glorificação do herói de
Os Lusíadas.

190 GRUPO II

1. De qual dos conjuntos de palavras está ausente uma relação entre hiperónimo e hipónimos?
(A) ator – encenador – plateia – cenário
(B) cinema – arte – pintura – teatro
195 (C) disciplina – História – Inglês – matemática
(D) melancolia – mágoa – sentimento – tristeza

Professora Ana Viana Pá gina 4


2. Reescreve as frases, substituindo as expressões sublinhadas pelos pronomes adequados.

200 2.1. O Presidente da República entregará os prémios aos vencedores do concurso literário.
2.2. Traz os teus apontamentos de Língua Portuguesa.
2.3. D. Pedro contaria a Inês todos os seus segredos.

3. Indica o valor aspetual da conjugação perifrástica presente na seguinte frase:


205 Gonçalo Cadilhe veio a saber que a editora não publicará esta crónica.

(A) Início da ação.


(B) Resultado final da ação.
(C) Firme propósito de realizar a ação.
210 (D) Ação recém-concluída.

4. Transforma em frases complexas os pares de frases simples a seguir apresentados, utilizando


conjunções ou locuções conjuncionais das subclasses indicadas entre parênteses. Faz as
alterações necessárias à correção das frases.
215
4.1. Todos queriam ir ao concerto.
Eles não tinham dinheiro.
(conjunção ou locução conjuncional subordinativa concessiva)

220 4.2. O filme era muito longo.


Deixei-me dormir a meio.
(conjunção ou locução conjuncional subordinativa consecutiva)

GRUPO III
225
Imagina que és um dos marinheiros portugueses que partiram nas viagens dos Descobrimentos.
Escreve um texto, correto e bem estruturado, com um mínimo de 180 e um máximo de 240
palavras, em que relates um (e apenas um à tua escolha) dos acontecimentos difíceis que tinham que
ultrapassar: uma tempestade, uma má receção num porto desconhecido ou uma epidemia a bordo.
230
FIM

QUESTÃ COTAÇÃ
O O
1. 6 pontos
2. 2 pontos
GRUPO I PARTE
3. 9 pontos
A
4. 6 pontos
5. 6 pontos
PARTE
6. 5 pontos
B 7. 6 pontos
PARTE 8. 10 pontos
C
1. 2 pontos
2. 9 pontos
GRUPO II
3. 3 pontos
4. 6 pontos
GRUPO III 30 pontos
Bom trabalho!

Professora Ana Viana Pá gina 5


10

Você também pode gostar