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© 03/14 16:15:44 ScreenHunter’ @ Capitulo 1 Ensino de analise linguistica: situando a discussao Livia Suassuna Explorar as potencialidades da flexdo da lingua sobre st propria represenia [...}, para 0 sweito falante, a-via por ex- celéncia para uma (re)flexdo que the propicia 0 contate com a espessura cultural da lingua, espessura tecida das marcas que nela deixa o uso. Mais do que veicuio de cultura, a lingua ¢ématnz de cultura, O homem usa-a, mas, em certo sentido, é também usado por ela. (Femanda Irene Fonseca) Anilise linguistica — a origem do termo- © termo andilise linguistica (AL) apareceu nos debates sobre o ensino de lingua portuguesa em 1981, quando o professor e pesquisa- dor Jofio Wanderley Geraldi, da Umversidade Estadual de Campinas (UNICAMP), publicou o texto “Subsidios metodolégicos para o ensino de lingua portuguesa”, no qual propunha uma metodologia de trabalho com a lingua materna em sala de aula que articulasse trés praticas: a leitura, a producao de textos ¢ a analise linguistica. Esse texto figurou no periédico Cadernos da FIDENE (n. 18, 1981). Paging 11 8 177 (7%) = © 03/14 16:16:01 ScreenHunter’ 2 Em seguida, o texto foi ligeiramente modificado — sofreu alguns recortes, ganhou notas de rodapé ¢ passou a se chamar “Unidades basicas do ensino de portugués” - e publicado outra vez numa cole- tanea que linha Geraldi como organizador e que se intitulava O texto na sala de aula: leitura e produgdo. A coletinea foi editada em 1984 pela Assoeste (Associagao dos Secretarios Municipais de Educagio do Geste do Parana) ¢ teve algumas reedigdes até que, em 1997, foi assumida pela Editora Atica (Sio Paulo) e seu titulo foi reduzido, passando a ser apenas O lexio na sala de aula Ao detalhar a metodologia inicialmente proposta para o ensino de lingua portuguesa, Geraldi (1997b) sugeriu que, no interior de uma concep¢io sociointeracionista de linguagem,' ao lado da leitura e da escrita, fosse feito um trabalho de analise linguistica (também chamado de metalinguagem ou reflexio metalinguistica), que teria as seguintes caracteristicas: a. nasceria da propriedade que tem a linguagem de referir-se a si propria; b. estaria baseada na capacidade que todo falante tem de refletir ¢ atuar sobre o sistema linguistico, ¢. sera praticada, primordialmente, a partir da escrita do aluno, num processo de revisiio e reescrita textual, o qual exige uma tomada de consciéncia dos mecanismos linguisticos ¢ discursivos acionados quando do uso da linguagem, d. teria um sentido mais amplo do que aquele j4 associado ao termo gramdtica, uma vez que daria conta de processos e fendmenos enunciativos, e nio apenas de ordem estrutural Retomemos as palavras do proprio Geraldi (1997b, p. 73-74) ao te- cer consideragdes de ordem geral sobre o que seria a analise linguistica: * aanalise linguistica que se pretende partira nfo do texto “bem escri- tinho”, do bom autor selecionado pelo “fazedor de livros didaticos” Pagina 12 08 17 (7%) & @,03/14 16:17:16 ScreenHunter Ao contrano, o ¢nsino gramatical somente tem sentido para auxaliar ‘onluno. Por isso partini do texto dele; + [|] fundamentalmente, « priitica de andilise linguistica deve se ca- ructerizar pela retomuda do texto produzido na aula de produio [...| pra reescrevé-lo no aspecto tomade como tema da aula de andlise, + [.] fundamenta essa prittica o principio: “partir do erro para a autocomegio” Em duss notns de rodapé constantes da piginn 74, diz ainda o- autor * O.uso da expressilo “pritica de anilise linguistica” no ve deve ao mero gosto por novastenminologias A andlise Jinguistica inchui tant ‘trabalho sobre quesides trachicionais da gramaticn quanto questes amplas « propésito do texto, entre as quais vale 8 pena citar coedio: ¢ cooréncia intemas do texto, adequaglo do texto aos. objetivos Pretendidos, analise dos recursos expresses utilizados (metaforns, Metonimias, panifrases, citagdes, discursos direto ¢ indireto, etc.) onganizaco-< incluso de wiformagGex. etc. Essenculmente, a pritica de anilise linguistica nito poderis limitar-se a higienizagio do texto doaluno em seus aspectos gramaticars ¢ artogriiiicos, limitando-se a ~“coreyies”. Trata-se de trabalhar com o aluno o seu texto para que ele atinga seus objetivos junto acs leitores a que se destina. Oobjetvo essencial da anilise linguistica é a reescrita do texto do- luna. Isso nfo exclu, obviamente, a possibilidade de messas aulns ‘0 professor ongamzar atividades sobre o tema escolhido, mostrando com essas.atividades os axpectos sistemdticos da lingua portuguesa (Chamo atengio aqui para os aspectos stsiemiticos da lingua e niio para aterminologia pramatical com que a denominamos O objetivo no ¢ 0 aluno dominar a temminologia (embora possa usta), mas compreender o fendmeno linguisuco em estudo. Isso posto, salientamos, entho, que a anilise Iinguistica se cons tutui, desde a sua concepyo, como allermativa a pritica tradicional de contetidos gramaticars isolados. uma vez que se basem em textos comeretos ¢ com ela se procura descrever as diferentes operagies de construgo textual, tanto mum nivel mais amplo (discursivo) quanto. 3 Pagina 13 de 177 (8%) 2 & @,03/14 16:17:39 SereenHunter ‘num nivel menor (quando se toma como objeto de estudo, por exem plo, uma questio ortogrificn ou mérfica) Analise linguistica e gramatica sao a mesma coisa? Caberia, entio, perguntar agora se anvilise Linguistica ¢ graméticn sho a mesma coisa Tissa questo j4 foi rapidamente tratada acima Die Tiamos que, em parte, sim. Mas isso vai depender do que entendemos pox grannitica ¢ do que entcndemos por andlise linguistica Talvez a melhor ideta seja a de que a anilise Linguistica ¢ uma Pritica mas ample que inclu: a gramtica, ou seya, dante de um texto, podemos eleger como questiio de estado ~ depensiendo das finalidades doensine des conteddos envolvidos ~ o uso de SSem vezde S, Isso, ‘obviamente, nio depende do texto como um todo, nem de seu carter sociodiscursivo, mas do ambiente fonético ¢ das convengiies, regras © regularidades/irrepularidades ortogrificas envolvidas. Entio, essa questo pode set considerads gramatical pow diz resperio estitamen- ta 4 estrutura da lingua, a0 sistema ortognifico do portugués (o que, sabente-se. nibo a Lorna uma questo menor), Por outro Indo, se estamos tentando compreender por que o autor de um texto optow por escrevé-lo em primeira ou em ter ceima pessoa, ¢ que relagSes isso tem com as caracteristicas dos Personagens ou do locutor, ou mesmo com a esfera discursiva em que o texto circula, ou, ainda, com os compromises que se quer estabelecer com o que se diz ¢ com o interlocutor, estamos diante de uma questiio discursiva, a qual, necessanaumente, remete-nos a exterioridade constituva do texto (locutor, mterlocutor, cena cnunciativa, ethos, intengtes etc.) Sugeriu Geraldi, no texto “Ensino de gramitica x reflexiio sobre a lingua” (1996), que a diferenga entre uma coisa ¢ outra tem a ver ‘com uma atitude de ensino-aprendizagem de lingua na escola, com wm enfoque reflexivo que se pode conferit ao ensino gramatical Fstudos recentes que desenvalvemos sobre o tema (Suva: Stas sna, 2011; Santos; Svasstxa, 2011) evidenciasam que a grande di- ferenga entre professores que praticam a andlise linguistica e aqueles ‘cuyo trabalho remete mais ao modelo tradicional esta na possibulidade “4 Pagina 14 de 17 (8%) 2 & @03/14 16:17:54 ScreenHunter ¢ © de 08 alunos se defrontarem com questies ¢ feniimenos hnguisticos! discursivos a medida que mobilizam seus conhecimentos (resultantes ou no do processo de escolarizayiio) para descrevé-los ¢ explici-los ‘Vale aqui citar nowamente Geraldi (1996, p. 136) |. mais do que encontrac uma resposta, 0 que vale na refle- sho sobre a lingua ¢ 0 procewso de tomi-la como objeto. As. Fentitivak oF acertod @ 08 eros entinam muito enais sobre a Lingus do que © estudo do produto de uma reflexdo feits por from, stem qe se tine com as rates que Jeviram i reflex que se estada E posiglo de Gerald pode ser complementada pela de Franchi (1987, p 21) Interessa pouco descobrir a melhor defini de substantive ou de sujeito ou de que quet que seja. No plano em que se dia umilise escola certamente nile eusiem bows defines. [_ ] Mas intereasa, ¢ muita, levinr os whines a eperar com a lingungem, revere transformar seus textos, perocber newse trabalho a rique das formas linguisticus disponiveis pura suas mais diversas opydes, Sobretudo quando, no texto escrito, ele necestita tornar muitas Yezes comscentes os pro cedumentos expeesavos de que se serve Com ra, parece-me, reintroduz-#0 mi gramitica © scu axpecto ctiativo: © que Permite vo falanie compreender, em um primey paseo. 08 Processes diferenciades de constracho das exprensicx para, Sepois, um din ¢ se for 0 caso, construir um sistema nocional que lhe permits descrever eases processos, falar deles, cm ‘uma teoria gramatical Em suma, 0 fundamental no estude da gram itea'analase linguists ca ¢ contemplar a varnedade de recursos expressros postos a disposigilo- do falante/escritor para a construgio do sentido. Gramiitica é, para Franchi (1987), o estudo das condigSes linguisticas da significagio. E uma resposta sistematica ¢ explicita 4 questSio fundamental de por que e como as expressies das linguas naturais significam tudo aquilo que significam. B nesse sentidlo podemos, sim, tomar come equivalentes os termes gramatica e amdlise languistic 1s Pagina 15 de 177 (9%) & @,03/14 16:18:13 ScreenHunter Atividades linguistica, epilinguistica e metalinguistica No interior do debate sobre o ensino de aniilixe linguisticn, hi uma distinglo que convem apeesentar aqui. aquela entre atividade lin ‘guistica, epilinguisticae metalinguistaca. © termo atividade lingulstica Femete 4 atividade de linguagem propriamente dita, ou seja, aoe wos ‘que fazemos da lingun, como disse Franchi (1987), ela nada mais é do que o exercicio pleno, circunstancindo, intencionado ¢ com intengics significativas da propria linguagem. Essa atividade se di, segundo ‘© nuto#, nas circunstincias cotidianas da comunicagio no jimbito da familia ¢ da comumdade. Dai que a escola, na continuidade desse Proceso, deve se tomar um espago de rica interagao social, no qual se ctiem condisies pars o exercicio do suber linguistico dos alunos, da gramittica que jé interiorizaram ao longo dos incontiveis processos de interclimbio verbal de que jé participaram Jia atividade epilinguistica diz respeito a uma capacidade que todo falante tem de operar sobre a linguagem, fazendo escolbas, ava- Tiando os recursos expressives de que se utiliza, fazendo retomadas, corriginde estruturas etc. Sabente-se que esx acho é fortemente mar- cada pels intuiclo ¢ se constitu: numa das bases — se no a prncipal ~ da gramética internalizada de cada falante. Franchi (1987) comenta que a escola, por meio da atuagto de educador, deve ser também um espagode vivéncia de situapies mais especificas de Linguagem, no-qual fagam sentido a escrita, a descriglo, a algumentago, astim como os instrumentos verbais da cultura contemporiines (ornal, Livro, literatura, relatirio et.) Defende outer que no espago escolar devem ser crindas as condigées para o desenvolviments de recursos expecssivos mais ‘variidos, que supsem aescrita,o-exercicio profissional, a participasio na vide social cultural. Assim, desde cedo os alunos jt podem ser conduzidos a diversificar os recursos com que falam © escrevem, ops- rando sobre sua propria linguagem, praticando a diversidade dos fatos pramaticars de sua lingua. E ai, diz ele, que comesa a se intensificar uma pritica presente ji na aquisigio da linguagem, de construgio de objetos linguisticos mais complexos ¢ de levantamento de hipiteses relativas & estrutura da lingua (nesse caso, nto sc pode dizer que se faz gramatica no sentido de um sistema de nogSes descritiwas), 16 Pagina 16 de 177 (10%) 2 & @,03/14 16:18:35 ScreenHunter Franchi yulga que o professor ¢ omediador que orienta ¢ mulliplica esis atividades, tanto mais proficuas quanto mais permitam a partici- paso, a contribuigao, a crittca, a escolha A atividade epilinguistica, sem divide, liga-se a atrridade lnguistica, a produgo¢ a compreensiio de-textos. nem sempre se trata de aprender nowas formas de construyio e transformaglo de expresses: no mais das vezes. o que ooorre € que se toma operacional e ativo um sistema no qual o aluno ja teve acess. em ambientes extracscolares, em situagSes comuns de intecaglo pels Iinguagem. Mas ¢ justamente isso que vai abrir as portas para um trabalho de sistem atizacSo gramatical No texto de 1996, Gerald: lamenta que as auvidades de ensino- de gramvitica levadas a efeito pela escola rilo constituem, come seria desejivel, a contiquidade dessa atividade epilinguistica Além disses, as. analises constantes das gramaticas tradicionans que mapiram os contet- dos ensinados silo respostas dadas a perguntas que os alunos, enquanto falantes da lingua, sequer formularam, por isso, muitos contetidos € teorias gramaticais nada Ihes dizern (Grea.ni, 1996) Com relagio i atrvidade metaimguisiica, consideramos aq que ess Seria exatumente u atividede a se desenvolver na escola ruxs aulas de Lingus portugues. Hla se assemelha a atavidade epilinguistica, mas aultrapassa e desta se diferencia porque é uma age cpie @. se pratica de modo consciente; b se desenvolve sastematicamente. © exge uiha laxonomia, d resulta em teorias sobre a linguagem Por meio das ativklades de rellexio metalinguistica, 0 professor Jevars os alunos a s¢ confrontar com determinades feniimenos ¢ usos. da lingungem, estmulando-os amoblizar suns capacidades linguistica e cpilinguistica, com vistas 4 explicitagko de conbecimentnse 4 produglo de-explicagiies para os feniimenos estudiades Porque, come diz Geralds (1995). com @ hnguagem. nis nio sé-falamos sobre-o mundo, mas tam- bém falamos sobre o modo como falamos sobre o mundo. E qual seria a vantagem de conduzir o aluno a produgio de co- ahccumentos de nivel metalxguistico, quando ele j4 interage de modo- 7 Pagina 17 de 477 (10%) 2 & @,03/14 16:18:47 ScreenHunter bem-sucedido sem que, necessariamente, tenha consciéncia do que faz quando nsa a lingua? A explicagio para isso é que, refletindo de modo sistemiatico ¢ conscienie, produzindo teorias com bese em sifuagiies dliversificadas de emprego da linguagem, o-aluno vai progressivamen- te constnando um corpo de conhecamentos amplo ¢ consistente que the assegura autonomia ¢ capacidade de lidar com a nguagem em situapGes novas, Também adepto da gradagio que vai do linguistico para ometa- linguistico, Franchi ( 1987) afirma que ¢ somente sobre fatos relevantes. de Lingua (entendendo relevantes come carregadbs de significagia) ‘que os alunos, nas aulas de gramética, podem formular hipdteses so- bee a matureza da linguagem ¢ 0 caniter sistemitico das construgiies linguisticas, podendo, ao final, falar da linguagem, descrevé-la em um quadro nocional intuitive ou tedrico (atividade metalinguistica) ‘O saber gramatical deriva, pois, de “uma larga familiaridade com os fatos da lingua, como decorréncia de uma necessidade de sistematizar tum saber linguistico que se aprimorou e que se tornou consciente” (p, 42), B, Jembra o autce, sem perdermos de vista a questiio fundam ental da significagiio, “nilo somente no sentido de uma representagiio do mundo, mas no sentido também de uma agho pela linguagem sobre 06 iterlocutores, dependente do modo e estilo com que nos servos dela ¢ de seus miltiplos recursos de expresso” (p. 42) E possivel relacionar o que foi dito alé aqui sobre as atividades linguistica, epilinguistica ¢ metalinguistica is distingSes extabelecidas poe Possenti (1997) entre trés diferentes conceitos de gramitica e de lingua. Diz 0 autor que o termo ~gramvitica™ pode set entendido: @ como conjunto de regras que devem ser seguidas, b. como conjunto de regras que silo seguidas, ©. como conjunte de regras que o-falante domana Estariamos, entio, falando, respectiwamente, de gramatica norma- iva, descritiva ¢ intemalizada, Possenti relaciona esses wes. tipos de gramatica com tnés concepgdes de lingua No primeiro caso, o termo: Jingna secobee apenas uma das variedades linguisticas usades efeti- ‘vamente por uma comunidade, ¢a chamads lingua padrdo ou norma Pagina 18 de 477 (11%) 2 & @,03/14 16:18:58 ScreenHunter culla, que serve de modelo para se considerarem as oulras formas de falar como erradas ou ndo pertencentes 4 lingua, No segundo caso, temos. a visio de lingua como um canstrute tedrico, necessaniamente absiralo ¢ homogénco. O autor considera. que a gramatica descritva também ¢ excladente em relagio a certcs fenimenos da lingua, no tanto por so mclur partes dela, mas por inclui-las.de um certo modo. De acordo.com Possenti, nunca se sabe se 0s construtns das graméticas descritivas repeesentam o maior cor teide empinico possivel e até que pene sho restritivoes em relaBo acs. fenémenos propramente ditos Seya como for. ¢ fato que gramaticas descritivas nilo avalizam nenhum preconceito contra qualquer tipo de lingua ou qualquer de suas variedades. No tereeiro caso, a lingua seria 0 conpunto das variedades Utilizadas por uma comunidade linguistica, reconhecidas como hete~ Rinimas, isto é, formas diversas entre 3 pertencentes i mesma lingua. Possenti destaca que a propriedade “pertencer a uma Lingua” eatnbuida a uma determinada wariedade independentemente de seus rages linguisticos intemnos ou de suas regras grumaticals, ¢ tem mais 8 Ver com 0 sentimento dos préprios uswirios de que falam a mesina lingua, apesar das diferencas. Do ponto de vista do ensino, essas distingdes dio importantes porque, diferentemente do que reza a tradigac (em geral os alunos sto obrigados a dom nar a metalinguagem de anilise de uma variedade da lingua que aanda néio dominam ). seria mais produtivo fazer o caminho- inverso: partir do conhecimento que o aluno jd tem ds lingua, de sua capacidade epilinguistica, de sua gramtica intemalizada, para, em seguida, chegar 4 situagho de explicitar o comhecimento linguistico ¢ gramatical, descrevendo © nomeando os fenimenos, ¢ +0 depois, numa ctapa final, concentrar os exforgos no dominio da vanedade padiilo ¢ de seus mecanismos, regras ¢ exferus de circulaglo, Porneca (1994. p. 123), discutindo sobre objetes eobjetives do en- sino de portugués como lingua matemu, considera que cabe a0 professor [J avaliar 2 extensio profundidads da relagiio que a erian- fa ji tem com a linguagem antes de chegar 4 escola ¢ tomar eonscidncta de que a sia fungio peugungica € esscncalmente 9 Pagina 19 de 477 (11%) 2 & @,03/14 16:19:09 ScreenHunter catalisadora. deverk respeitar © poeservar us caracteristicas deve relagio anterior, sabendo ennquecé-In pela cragio de necesidades nowas ¢ alargi-la a novas formas de colmatar as smesmas necessadades (gr da autisea) Por que e como ensinar analise linguistica? No que consiste a mudanga proposta para oensino de lingua postu guess ede andlise linguistica a pastir da concepeSo de linguagem camo inlerusSo/discurso” Aunda devemos ensinat gramitce na escola? Em ‘caso afirmalivo, por que ¢ para que ensunar gramitica? E qual a maneara mais produtiva de fuzi-lo? Essas slo questies que, necessariam ene, surge quando debitemos © ensine de lingua portuguesa na stualidade ‘Sem prepaizo de uma refledio permanente, a ser feita por cada pro- fessor, junto a seu grupo de trabalho, poderiamcs lancar algumas ideias, ‘com o intuito de responder a algumas das questies langadas. Dariamos, Primeiramente, que devemos, sim, ensinar gramitica na escola, desde ‘que procedamos, como ji se vil, a uma revisito do concemto de gramati~ ca. Nilo se wate de normas de bem falar e escrever, de regras abachuns de um sistema imutivel, mas de uma légica que toda lingua histdrica segue. de um corpunto de fendmenos produtreos as iogugemr, os cua silo passives de descricio, reflexio ¢ uso per parte des usuiries Como firma Mume (1994, p66), 0 ensino de gramatica, desse ponto de vista, “deve de set apenas um corunto de regras prescritivas ou normals, (Pira transformar-se em uma expliciiagio das regras de uso da lingua, em situagies agnificauvas ” (gnfo da auscra), Do ponto de vista das maziies parn se ensinar gramatica, o que se discute nos dias de hoje é que o dominio de um maior nimero de warie- ‘dides linguisticas (entre as quant esto a lingua padio, a lingua teria, amodalidade escrita, a linguagem ceendifica) permite ao suyeito da lingua (gem uma mace inserpo social, em teemos de cirewlagiio nas insidncias priblicas de wo da lingua Ou sey, quanto mais modalidades ¢ vurkediadkes ‘du Iingua © sujeato demina, mats amplas sto sams chances de se significar ‘6 de significar o mundo, pois a leitura de um texto Inericio antigo, por ‘exemplo, permite que ele, para além de saa vide cotidiana e imediata, se ‘aproprie de tuniversos de referéneia do passado eda linguagem propria do momento hastonco em que esse texto for produzdo 20 Pagina 20 de 477 (12%) 2 & @03/14 16:19:22 ScreenHunter ¢ © E asso, certamente, que Fonseca (1994) se refere quando propug- nauma “sensibilizago 4 lingua” & qual se pode chegar pela exploragio dacapacidnde que tem a lingua de fletir-se sobre si propria, Diza mutora Aespectficudinfe do ermano da lingua materre rekstrvamenie x. outras discsplinas contra-ne ewenctalmente no exploras desta sapacidiade de flexibo cha imei sabre. pripriw( |. Poe ens via se pode chegar a uma sensthvlcagio & lingua, passando lem dos wos tarsparentes da hnguagem © explosando ot uses em que a lingua se flecte sobre st propria estabelecendo uma aurorujardeia criadora de pewsibilidades estdticas ¢ ecognifvas nowas ¢ insuspestadas (p. 124, grfos da autora) ‘No que tinge i metodologia, as orientiagSes atunis para o ersino- da lingua sugerem que o texto esteja no centro do processo de ensino~ aprendizagem. O objetivo maior das aulas de portugnés ¢ o de formar © cidadio letior ¢ produtor de textos, Eniretanio, isso mio sera comse- guido apenas com as priticas do ler ¢ do exctewer por si mesmas, mas. com uma reflexio sistemética sobre essas priticas, reflesto que seja capaz de gerar Leones ¢ expheagtes sobre o funcionamento des textos. ediscursos ¢ aplicapSes desses conhecimentos em situagtiesnovas. Por isso, defende-se que o ensino de lingua portuguesa gire em tomo de (és pratcas Linguistcus fundam entais e aruculadws a lettura, a escrita em andlse Linguistica? ‘Murvie (1994) sugere alguns procedimentos para o ensino de gra- mattica, entre eles: (a) comstituir um material de trabalho ¢ submeté-lo fi classificaglo, com as categorias jé existentes, (b) aprender como funciona ¢ como se realiza 0 sistema, (c) conhecer 0 uso efetivo da linguagem; (d) elaborar consideraydes sobre a fala ¢ w excrita; (e) despertar o interesse para procedimentos de formulngio, analise ¢ sintese de materiais apresentados. Ainda conforme Muric, s¢ 1 CE PISCIOTTA G01, p. 137-128) “Lar e prose next ho sho ativndadies wa fictemes pura o desenvolvaments da competénein dicamma do prem As milan de Lingua Portuguese, priscipaimente mo segundo segarcrto de envi Rirsiascrtal, dover fecalurr, alem ds ketura ¢ da eserta, a lingue e a Iengumger coms cbyeton, 4c edo pora que o lune apremin a cbeervar, descrever ¢ extegerizar os frie fr spulticos. que spureces nos tees ~ a Pagina 21 de 477 (12%) & @,03/14 16:19:38 ScreenHunter ‘optarmos pelo.cam inho da andlise do uso efetivo da lingua. o elassien modelo de ensino haseado no trip conceito-exemplo-exercicio no resolverd a questio da aprendizagem ¢ 0 aluno ride conquistard sua Pfitica individual de andlise critica dos fatos da lingua A autora considera que é mais conveniente que o aprendiz. a partir de seus conhecimentos prévios ede uma determinada definiglo ou deseriglo (que pode ser, inclusive, a da graméitica tradicional), teste a validade ‘ou niio do conceito e decida em que momento ele se aplica em da- lerminado texto ¢ por que se aplicn A nomenclatura no ensino de anilise linguistica ‘Uma questo sempre presente quando se drscute ensino de anilise Linguistica ¢ a necessidade ou nilo de usar a nomenclatura (gramatical, ou out). Nesse sentido, ¢ importante esclarecer alguns pontos. Pri- meirumente, deve-se ter em mente que 0 objeto de ensino, no caso, nllo ¢a nomenclatura em si mesma, como acredilam alguns professores de lingua portugues: A nomenclatura ~ seja na area aqui discutida, ‘seja em qualquer outro campo de conhecimento ~ é uma necesmdade de pensamento ctentifica. Precisamos nomear os fenémenos pare que possamos nos referir a eles Assim, nilo é a aprendizagem da nomen- clatura que nos faz aprender a lingua; pensar sobre ela é que exige de nés que tenhames uma linguagem cientifica propria Gerald (1997, p. 45) ja tratava da questiio no afirmar: [Juma coins & saber a Singin, isuo &, deminer as habilidados do uso dia lingua em sitangSes concretis de interago, enten- endo © produzinds enuncados, percebendo as diferengas centre uma forma de expreasio.¢ outrs, Outra, é saher annlrsar ‘uma lingua dom nando concesiose metalinguagers a partir dos quis se falasohre a hingun, se apeesentam stias caracterinticas emruturais € de uso Segundo o autor, seria preciso fazer uma opgie pelo predominio de uma agSo sobre cutra: pelo menos no nivel do ensino fundamental, as atividades devem girar em tomo de enssino da lingua ¢ apenas subsi- schariamente se devera apelar para a metaingwagem, quando a descrsiie di lingua se impSe como meto para alcangar o dominio da lingua. n Pagina 22 de 477 (13%) 2 & @,03/14 16:19:52 SereenHunter Acreditamos, inclusive, que uma reflexio sistemdtica sobre a lin- guagem e seus usos, a formulagiio de hipiteses, o esforga de descrigio: de fatos ea explicitag’o de saberes garantem o dominio progressivoda. metalinguagem, que, nesses circunstfincins, se dard de modo natural, em decoréncia da pripria reflextio. Discorrendo sobre as relagSes entre nomenclatura ¢ ensino, Franchi (1987) diz que os exercicios gramaticais, em sua maioria, se situnm no nivel da metalinguagem, visando i aquisiglio de um siste- mma de nogSes ¢ de uma linguagem representativa (na verdade, uma nomenclatura) para poder falar de certos aspectos da linguagem Mas, na verdade, fax-se menos que isso, pois essis nogSes tediricas nic se organizam de modo que, através delas, se possa falar estritamente do- sistema Mais frequentemente, so propostos exercicios analiticas ¢ classificatdrios, sem relapes com os procesuos de construgho ¢ trans formagio das expressies, com a adequagao do texto as intengies de seu produtor. Esquece-se, diz o autes, que a pertinénciade um elemento verbal a uma ow outra classe depende de operagies do sujeito ¢, mais que isso, que a propna elaborugSo de um sistema descritivo supSe wna familiandade prévia com os processos envolvudos nessa construio. Para Franchi, somente se aprende gramatica quando esta se relucsona Swuma vivéncia rica da lingua materna, quando construida pelo aluno- come resultado de seu propio modo de operar com as expressdes € sobre as expressdes, quando os fatos da lingua so faios de um trabalho efetvo ¢m§o-cxemplos descolados da vida" (p. 26). Relagoes entre anilise linguistica, leitura e produgio de texto ‘Segundo a metodologia proposta. o ler ¢ o escrever devem exit articulados a um proceso permanente de reflexiio sobre as operug ies Inguisucas ¢ discusivas ai umplicadas. Ou seya, a analise linguistica tanto se da no momento em que lemos (porque extraimos senbdes. do texto, comparamos, notames alguma movagio, percebemos mar- cas ideolégicas no dizer do outro etc.) quanto no momento em que escrevemos (porque temos que buscar a melhor forma de dizer © que queremos, pensar sobre a escrita das palavras, decidir por uma forma singular ou plural ete) 3 Pagina 23 de 477 (14%) 2 & @,03/14 16:20:05 SereenHunter Cumpre esolarecer que os textos: produzides pelos alunos consti- tuem material privilegiado para a reals zagSo desse tmbalho de reflexio sobrea lingua, masnio se trata de refaz2-los para apenas corrigi-los ¢, sim,de retomé-lose por meio deles desencadews 0 processe de anilise linguistica Adverte Geraldi (1995, p. 217) [LJ 9 amilise inguisea 9 se praticur.em salt de aula riko ¢ sumples crerechio gramatical de lexten face w urn mode lo de wae riedade e de suns convengtes mais do que isso cla permite 205 ‘sujedlosretomur sunts antusetes scbre # ngungem, sursenti- bas, torn Iss conscientes ¢ mesmo peoduza, part delas, conscet- smenios sobte a lngungem que o alino usa € que culros usa Portanto, 0 texto do aluno ganha importincia na medida em que olerece consigSes bastante propicius de mobilizagao das hipiteses ¢ intuipes dos aprendizes, mas nem por isso devemos promover a anilise linguistica apenas a partir de suas produpSes, o mesmo movimento vale Para os textos de leitura ¢ para a modabdade oral da lingua ‘Vejamos, a seguir, uma forma de trabalhar a gramética partindo da eserita. O trecho ¢ de autora de wm aluno de primero periodo de curso untversitirto (irea técnica, discaplina Portugués Instrimental).? ‘Esse aluno, como se poder! conststar, escreveu, a partar da temiticn dos bows-frias da cuna, um texto na 1* pessoa do singular. como se fosse ele mesmo um desses boms-lnas. Observe-se. particularmente. como ele faz uso da virgula, sem constitu os blocos de sentido do texto (isto é, usa a vingula por viinias razdes diferentes, sem estabelecer as “paradas™ necessirins) Sou Severina, tenho trints ¢ nove anos, sete fIhose sou bevia-fria Acordo as quatro ¢ mera da manha, todo dia, para wr trabalhar. (Comego o dia caminhando, ando dez quilometros ate chegar ao canavial, meu filho mais velho, Jovio. vai comigo, ele tem dez ‘anos mas ja trabalha pra ayudar em casi, se ele niio for a neces- ssidade em casa almenta © Trecho transcrito tal como fos produrido, 4 Pagina 24 de 477 (14%) 2 & @,03/14 16:20:17 ScreenHunter No segundo panigrafo, vemos que o aluno define tés temiticas. diferentes’ fala de si proprio ¢ do filho Joao e, em seguida, comen- ta algo sobre a necessidade de que o filo pequeno trabalhe, Nao- houve, propriamente, erro gramatical em sua constragio, mas, sem divida, © panigrafo ficaria mais bem organizado e, portanto, mais claro para o leitor se viesse pontuado, além da virgula, com ponto- ou ponto e vingula Comego o dia caminhando, ando dez quilémetras até chogar a0 canavial, meu filho mais velho, Jodo, vai comigo, ele tem dez anos mas j4 trabalhs pra ajudar em casa, se ele nflo for a neces- sidade em casa uments Comepo o cia caminhando, ando dez quikimetros até chegar no canavial, meu filha mais velho, Jodo, vai comigo, cle tem dez anos mas ja trabalha pea ajudar em casa Se ele no for a nesessdade em casa aumenta, Caso um professor trabalhasse com esses aspectos, relacionando Pontuagio ¢ topicalizagio, estania dando aula de gramatica, sem dive da, mas no estaria levando 0 aluno a memonizar regras transm itadas no Vazio, nem a pontuar frases soltas ¢ aleatirias, O uso dos sinais de pontuaglo seria, entho, discutido coleuvamente, em sala de aula, ¢ seria dada ao aluno a oportumidade de pensar sobre a lingua ¢ sexs. recursos de expresso, sobre os sentidos pretendidos ¢ formas mais ou menos adequadas de dizer as coisas. Do mesmo modo, ¢ possivel, por meio da leitura ¢ analise de textos diversos, compreender a “gramatica” do dizer do outro. Ana- lisemos rapidamente o trecho a seguir, extraido de uma coluna culzural desevista informativa semana) A maténa, publicada na Carta Capital n° 434, de 7 de marge de 2007, ¢ de autora da joenalesta ¢ critica de arte Ana Paula Sousa ¢ trata da indistria da fama. Bry Pagina 25 de 477 (15%) 2 @,03/14 16:20:27 ScreenHunter .¢ Acelebridade, no dizer de Emily Dickinson, £4 “puniglo domé~ ilo e o casio do talento”. E sua expam’o inquieta, sobretudo, porque atinge até mesmo quem quer manter ouvidos tapados olhos vendados diante do desfile de ninguéns Salvoum eremita ‘que viva na caverna de uma reserva ecologica, no ha brasileiro que desconhega Damella Cicarelli e Cla. Sume entio a inevi- Uivel pergunte 0 que fez Daniella para que todos a eonhegam? “A colebritite niio tem queda de volume. Ao contrario, ¢ cada ‘ver maior”, aesta [o joralista] Sérgio Augusto, que, na coluna que mantém no jomal @ Estado de So Paulo, cunhou terme “celebrityLindia”. Para cle, a midia é a maice respomsivel pela “Jeca vassalagem”™ a celebridades. ‘Vamos destacar aqui algumas das. estrutégias discursivas utilizadas: (Ayo texto comega com uaa citago, earcada com axpas duplas, recurso: fala do outo—sendo eee outro alguem como Timily Dickinson —nflo apenas agrega sentidos ao que dizemos, mas tem affnabidace, entre outrns, de legitamar dito, ou sepa, wale como um argumento de autondade. além diese, newse cam ‘a autora j4 amuncia o toon de sum critica, opondo celebei dade, de um lado, ¢ ménio‘castigo, de outro, (B)otermo “ninguém”, invarkivel, a principio, fot fleaemado para oo phural, levando-nos a entender que as supostis celebrutades Ibrasileinas, que niio sho poticas, na verdade sho pesvous insig- nificantes, mexpressavnt, (C) para a matora, ak celebridades inv adem a nossa vila, sore elas ‘nos chegam informngtes que, muta veees, preferiamos desco- nhecer, ¢ faz vise dimendo que so eacaga dea mnvasho alguem ‘que ‘ja eremita © que, sdicionalmense, v7va mama cavemna ¢, funda, de uma reserva ecologies, temon agua oulra erica ombud, que meude sribre av nds doy ecokyyastas como pessoas: que cuidam de nichos ou santuiiries isolados, (D) vemos também emprego ds expresso “Dursella Cicarelli ¢ Cia”, por meso da qual aresenhusta mores uma celebriclade- ‘sitbolo, curacterumda pot nko tes feito nada de impertarte, ¢, sdicionalmente, firma que bi uma especie de “empresa”. de grupo institucional organizado pautado pels mesma ccnduta (0 que w pode infersr pelo use da sigla "Cin “), 26 Pagina 25 de 477 (15%) & @,03/14 16:20:40 ScreenHunter () no texto forum wtilimades termes niio dicionarizados, a partir de mecanismnos jé conbecios de formaglo de palavras: (1) “oelebeitite”, que viria de ‘celebridade” + sutixo “ite (Cnflamagho, patologn), midies que o culto as celebridades é uma dong, (2)"celebeay india” foi formade peba jurgio de “celebeity™ (do inglés) + “india” (que vem também do inglés “Land” = "Yeera”), significande “terra de celebridades". (Q) jd © termo “jeca vassalagem" traz, de um lado, a idea de subdesenvolvimento ¢ atrasc cultural (remete a0 personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobats) ¢, de outro, a ede de subservsénera, dependéncta, submissie que vom de “vassnlo', tipo social ds Idade Miia que recebia foudos de seu suscrano e The prestava obedigncia apes un juramento de fe ‘Note-se, pors, que o jogo de palawras, os discursos reportados, a abundincia de neologismos ¢ us rupturas com a Lingua padre foram recursos emprogados, certamente, para confenr um efeito de ironia ao: texto, marcando o distanciamento entre a posiglio ideologica da autora eo mundo das celebridades. A guisa de conclusio ‘Murrie (1994) julga que seria proveiteso ensinaroalunoa pensar sobre os conceitos gramaticais ¢ reinventii-les, a partir de uma gram aca textual pautada mo significado, pura ela, a significagiio textual ¢ que estabelece os critérios de utilizagiio das regras da lingua ‘Nilo ha duvida de que ensinar nessa nova perspectrya constitu: grande desafio. até natural que os professores estejam se perguntando- sobre o tema, sobre come fazer na sala de aula para no corer 0 nisco- de apenas desenvolver atividades de lestura ¢ produio textual, sem a reflexiio que garanta no aluno os avanges na compreensiio da lingua € de scus diversos wsos sociais. Mas acreditamos que, inewmo numa satuago de umpasse e crise com a que ora vivemos, ¢ possivel tentar formas aliemativas de ensinar lingua portugueswanilise linguisticn ¢ obter ganhos com isso, sendo o maint deles a amplingko da capacida- de interativa de nossos alunos ¢, por extensio, de sias condigies de exercicio da cidadania, 2 Pagina 27 de 477 (16%) 2

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