Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
1
Lecionada pela professora Ms. Daniela Moreira de Jesus; alunas Andrea, Juraci, Lourdes.
2
O mini curso teve duração de 24 horas e foi promovido juntamente a disciplina.
Diante de tais dados, o Atlas reconhece que: “Em termos de
vulnerabilidade à violência, é como se negros e não negros vivessem em
países completamente distintos” (ATLAS DE VIOLÊNCIA, 2019, p. 50).
A violência através de arma de fogo, em sua maioria, pelo Estado,
também atinge veemente a população negra, principalmente jovens homens
negros. De acordo com dados a 13ª edição do Anuário da Violência, divulgada
no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado em 10 de setembro de
2019, que traz dados e análises de registros policiais sobre criminalidade, o
sistema prisional e os gastos com segurança pública, indica que 75,4% dessas
mortes são de jovens negros; provocadas, especificamente pelas policiais
brasileiras. Foram investigados 7.952 registros de intervenções policiais
terminados em morte no período de 2017 e 2018 (VELOSO, 2019).
Em relação a educação, são os que tem menores oportunidades de
concluir os estudos. Um terço dos brasileiros entre 19 e 24 anos não havia
conseguido concluir o ensino médio em 2018. Apesar da média geral já ser alta
(e cujo percentual é similar entre jovens brancos), o panorama entre os negros
é ainda pior: quase metade (44,2%) dos negros homens dessa faixa etária não
concluiu a etapa.
Os recortes por cor de pele e gênero revelam outros abismos: 33% das
meninas negras nessa idade não têm ensino médio, enquanto o índice é de
18,8% entre as brancas.
São discriminados por conta do seu fenótipo, a cor da pele, cabelo, lábios,
nariz são usados como motivo para ofender pessoas negras e não negras,
atribuindo-lhes, de forma pejorativa, palavras e/ou frases como o intuito de
ofender. Assim, “denegrir”, “cabelo duro”, “não sou tuas negas” são
frequentemente utilizados como ofensa: denegrir é tornar negro, não há ofensa
em ser negro.
O processo de escravidão desumanizou os negros a ponto de tornar ruim
tudo que se refere a ele, assim, para insultar alguém basta associá-lo a algo
que faça alusão ao ser negro. Neste sentido, é possível refletir como a
linguagem é algo extremamente poderoso, seja para ofender ou enaltecer.
Durante os encontros tratamos sobre como o poder da linguagem pode
nos ajudar a tratar de forma educadora e lúcida para tratar do racismo vigente
e estrutural que atinge a população negra.
Utilizamos como principal fonte de discussão o livro Afrocentricidade: a
teoria da mudança social, do professor Molefi Kete Asante. O livro trata sobre a
Afrocentricidade, que, de acordo como autor:
No livro, dividido em tópicos, Asante (2014) fala sobre o que ele denomina
Constituintes de Poder, dentre os quais a Liberação da Linguagem (ASANTE,
2014, p. 52) foi utilizada como fonte principal de discussão e reflexão, sendo
possível trazer à tona como a linguagem é estabelecida para propagar o
racismo, e como ela é utilizada como instrumento de poder pelo racista. Dizer
que existe gente feia e gente bonita constitui padrões de beleza e o negro não
se encaixa no padrão do bonito, do belo, mas sempre como gente feia ou de
beleza exótica. Neste sentido, o prof. Asante nos alerta que:
Boa leitura!
AGRADECIMENTOS
A coisa tá preta – A fala racista se reflete na associação entre “preto” e uma
situação desconfortável, desagradável, difícil, perigosa. Aqui é possível utilizar,
a coisa não está boa, a coisa ou situação está ruim.
A dar com pau – Expressão originada nos navios negreiros. Muitos dos
capturados preferiam morrer a serem escravizados e faziam greve de fome na
travessia entre o continente africano e o Brasil. Para obrigá-los a se alimentar,
um “pau de comer” foi criado para jogar angu, sopa e outras comidas pela
boca.
Você tem uma beleza exótica – Não há nada de exótico em ser negra. Fico
chocada porque a pessoa parece que não olha para o lado e percebe que vive
num país de maioria negra. Essa beleza é comum! Inclusive não gosta da ideia
de diversidade porque se nós negros somos maioria, devemos falar em
normalidade.
Lista negra - Uma lista negra é, geralmente, mencionado como local onde
colocamos tudo de ruim, sejam pessoas que não gostamos, sejam coisas que
não gostamos. Por que não ressignificar este termo? Na música Quadro Negro,
da banda de Hip Hop chamada Simples Rap’otagem lista negra é trazida como
um espaço em que está colocado pessoas negras e movimentos que lutam
contra a desigualdade racial. Nesta lista negra podemos ter negros e negras da
nossa família/comunidade, da nossa escola, nossos amigos, da universidade.
Cito algumas que revolucionaram e fizeram mudanças significativas na luta a
favor dos direitos para a população negra no mundo e no Brasil: Malcom X, a
Rainha Nzinga, Nelson Mandela, zumbi dos Palmares, Dandara, Zeferina.
Pesquise sobre elas!
Meia tigela – Os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem
sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam
como punição apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de
“meia tigela”, que hoje significa algo sem valor e medíocre.
Mercado negro, magia negra e ovelha negra – São expressões que
utilizadas com tanta naturalidade que muita gente sequer percebe a conotação
negativa que tem para o negro. Estas e outras inúmeras expressões em que a
palavra ‘negro’ representa algo pejorativo, prejudicial, ilegal. Porém, podemos
trazer uma nova forma de utilizar estes termos ou não utilizá-los: Mercado
negro – mercado ilegal; magia negra – pense muito antes de utilizar este termo,
ele faz ataque a religiosidade do outro e ainda diz que é ruim por que é negra;
ovelha negra – analise antes de inferir sobre a personalidade das pessoas,
esse termo quer dizer que alguém é desgarrado, ovelha que se perdeu e sendo
preto, é pior. Não julgue e não seja racista.
Negros são os mais racistas com eles mesmos – A partir do momento que
alguém diz esta frase, claramente não entende como o apagamento identitário
na construção do povo negro no Brasil foi extremamente tóxico, nos fazendo
não apenas esquecer nossas origens, mas nos fazendo não gostar delas por
serem vistas como negativas por toda a parcela da sociedade que é
etnicamente aceita. Ser negro sempre foi ruim na sociedade escravagista,
quem ia querer estar associado a coisas ruins? Hoje podemos falar de forma
positiva sobre ser negro, mostrando, principalmente para nossas crianças, que
há muitos exemplos positivos e o principal deles é que a humanidade começou
na África – Egito, os quais foram os criadores de uma diversidade de cultura,
tecnologia, literatura dentre outras coisas.
Neguinha da Mussuca – Uma expressão tornada racista, pois, em sua origem
não deveria ser. Neguinha é endossado pelo Mussuca, uma comunidade
Quilombola de Sergipe. Ou seja, uma expressão duplamente racista. Ofender
uma pessoa em Laranjeiras é dizer que é um “neguinho da Mussuca”. Ser
negro e da Mussuca não é ruim, uma comunidade negra quilombola, que tem
uma diversidade cultural muito grande e que mantém viva tradições negras,
como reisados e um ícone como Dona Nadir, deve ser exaltado e admirado por
todos.
Não sou tuas negas – Frase geralmente usada para dizer a alguém que não a
compare com “suas negas”, o que não quer dizer que essas negas existam,
literalmente, ou que a pessoa seja negra. Não passa de mais um ato racista de
objetificação de corpos negros, neste caso, da mulher negra. Através da página
Geledés – Instituto da Mulher Negra, podemos entender por que e o quanto
essa frase é racista: A frase “não sou tuas nega” carrega uma agressividade
imensa para as mulheres negras [...]. A expressão é histórica, remete à época
em que mulheres negras eram vendidas, compradas, trocadas. Enfim, elas
pertenciam a homens brancos ricos que as adquiriam como amantes, escravas
ou amas de leite. ‘Não sou tuas nega’ significa ‘não sou sua negra escrava’, o
que quer dizer ‘não pertenço a você’. A essência racista desta frase é bastante
evidente.
Você é negra, mas é bonita: Essa frase é dita por muitos para mim
acreditando ser um elogio, algumas pessoas chegam a complementar dizendo
que sou bonita que nem pareço negra. Fica evidente a lógica do racismo e da
atuação do racista, que realmente acredita que beleza está em ser branco, e se
surpreende perante a pessoas negras que considera bonitas. Ofensivo e
racista, as pessoas podem apenas dizer que uma mulher ou homem negros
são bonitos.
Referências
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/dez-expressoes-racistas-que-voce-
precisa-parar-de-falar-imediatamente/ Acesso em: 13/03/2020
https://catracalivre.com.br/cidadania/em-boca-fechada-nao-entra-racismo-13-
expressoes-racistas-que-devem-sair-do-seu-vocabulario/ Acesso em:
13/03/2020
https://www.4oito.com.br/blog/ananda-figueiredo/post/racismo-cotidiano-13-
expressoes-racistas-que-voce-usa-sem-saber-969 Acesso em: 13/03/2020
REFERENCIAS:
https://revistamarieclaire.globo.com/Comportamento/noticia/2019/07/nao-parece-mas-
e-racismo-20-frases-para-extinguir-do-seu-vocabulario.html
https://www.geledes.org.br/18-expressoes-racistas-que-voce-usa-sem-saber/
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/dez-expressoes-racistas-que-voce-precisa-
parar-de-falar-imediatamente/
https://revistamarieclaire.globo.com/Comportamento/noticia/2019/07/nao-
parece-mas-e-racismo-20-frases-para-extinguir-do-seu-vocabulario.html
Acesso em: 13/03/2020
https://www.geledes.org.br/18-expressoes-racistas-que-voce-usa-sem-saber/
Acesso em: 13/03/2020
GELEDÉS. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/o-racismo-lucrativo-
disfarcado-de-humor/> Consultado em: 03 de março 2020.