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O Congá

O que é um Congá
Além de ser uma “mesa litúrgica”, local consagrado à celebração do culto, o congá de terreiro
também é o norte religioso de um templo. É para esta direção que todos se voltam para baterem
suas cabeças, abrirem suas giras, incorporarem suas entidades e para realizarem outros atos
litúrgicos.

Congá de Terreiro
É a estrutura energética de sustentação do templo, ou seja, é estrutura coletiva, estrutura que serve
ao terreiro e a todos que compõem a sua egrégora. Corrente mediúnica, dirigente espiritual, Orixás,
entidades e assistência são as partes formadoras desta egrégora. Por mais que pensemos na
assistência como necessitados em busca de auxílio espiritual, estas pessoas são tão assíduas nos
trabalhos mediúnicos quanto nós, os médiuns de corrente. Muitas vezes comparecem ao terreiro na
mesma frequência que os filhos de santo, participam da abertura, entram no local de trabalho,
passam por consulta ou passe e, em muitas casas, acompanham o fechamento.

Portanto, o congá é a estrutura energética de sustentação dos agentes envolvidos na composição


ritualística de um terreiro de Umbanda. Não qualquer estrutura de sustentação, o congá, em um
terreiro de Umbanda, é a principal. Está interligado a todos os demais pontos energéticos da casa.
Congá, tronqueira, chão do terreiro, porteira, assentamentos e firmezas, seja da área de assistência
(imagens, quadros, balaios) ou não. Formam entre si um complexo energético semelhante aos
chacras de nosso corpo. Todos estes pontos de captação e emissão de energia devem estar em
harmonia para que o axé do terreiro (seu poder de realização) tenha capacidade de fluir.

O fluxo de energias surge do alto através da irradiação divina, atinge o congá e o congá distribui
este fluído energético (axé) ao restante do terreiro. Sem congá não há circulação (captação e
emissão) de energia.

Formatos
O congá pode ter muitos formatos. Pode ser uma mesa, podem ser prateleiras individuais para cada
força entronada, pode ser uma prateleira para todos os poderes, podem ser prateleiras umas acima
das outras, podem ser mesas mais prateleiras, enfim, podem ser de diversas formas. Assim, podem
formar triângulos, colunas, escadas e outras figuras geométricas que variam de acordo com o
histórico e as escolas umbandistas a qual o dirigente já fez e ainda faz parte.

Aliado a este fato, temos também a relevância de sua atuação junto à assistência como fonte de
referência imagética (de imagens e seus significados). Vejam, ao ver Jesus Cristo com os braços
abertos saberão que aquele templo prega as máximas cristãs, ao encontrar santos católicos terão
ciência imediata da influência católica junto à ética ali presente. Não estou dizendo que é bom ou
ruim. Isto não cabe julgar aqui. Estamos diante de um estudo direcionado e analisando o que
acontece empiricamente. Estou expondo um fato que repercute no fluxo de imagens mentais e
conceitos formadores de opinião da assistência para com o terreiro em seu primeiro contato.

Devemos estar alinhados com aquilo que nosso terreiro reflete para que sempre saibamos quais são
os nossos valores espirituais e, por mais diferentes que sejamos diante de nossos irmãos
umbandistas ou de outras religiões, honraremos estes valores para que nos conduza corretamente na
jornada espiritual de uma vida.

Assim sendo, o congá é o centro energetico do terreiro, dele são emanadas as energias superiores e
para ele são direcionadas as energias terrenas... cabe a casa, manter o conga sempre organizado e de
modo que inspire em seus membros a fé e o estado mental necessario para aquele momento.
O uso de objetos caros ou raros não é necessario, a simplicidade não é prejudicial, muito pelo
contrario, nossa religião é fundada na humildade, a recomendação se dá pelo zelo e não pelo
material.

por outro lado, o uso de imagens é salutar, pois, elas são instrumento de concentração e canalização
de pensamentos e energias.

É comum que abaixo dos congas (e fora de vista) estejam os assentamentos da casa, em especial aos
orixas e guias chefes da mesma, usando o metodo de ota com frequencia.

sobre o conga, segundo o primado de umbanda, se mantem as representações das 7 linhas bem
como dos guias chefes de linha da casa, ferramentas e materiais diversos que possam auxiliar na
função de catalização energetica do congá.

Sobre os materiais:

As velas colocadas (firmadas) com amor e fé estabelecem um elo de ligação maior e abrem o acesso
à dimensão divina habitada por etidades. Assim como a vela ao “anjo da guarda” fortalece a
influência benéfica que o mesmo exerce sobre nós.

As estátuas ajudam a elevar as vibrações mentais, pois ao olhar para elas começamos a nos lembrar
da doutrina salutar e ensinamentos associados, aumentando a conexão da pessoa com tudo o que a
estátua representa.

As pedras são condensadoras de energia e possuem vibração única, podendo trazer a força da
natureza e dos sítios, aos quais foram retiradas, para dentro do ambiente e têm ligação com
encantados da natureza que trabalham para a harmonização das vibrações do planeta. Diferentes
pedras trazem energias diversas, por isso devemos estudá-las para conhecê-las.

A água é o principio da vida e da geração e o melhor veículo para o trato interno de nosso corpo.
Podemos pedir às divindades que nos assistem para fluidificarem a água durante um ritual feito com
fé e amor, onde a água passa a absorver essências etéricas que muito nos ajudará em todos os
sentidos.

As flores e as ervas trazem as essências balsâmicas e curadoras que agem tornando o ambiente
muito mais “leve” e benéfico. Trazem a ligação com o “espírito coletivo” ao qual fazem parte e se
bem tratadas aumentam nosso benefício em sua convivência.

Os utensílios religiosos e magísticos, como os colares de contas (guias), espadas, cálices, podem ser
consagrados e ter no congá um local seguro para sua purificação a partir de onde recebem uma
força e sentido único.
Defumação
A defumação é pratica de quase toda expressão religiosa desde tempos imemoriais, com uma vasta
gama de registros sobre o tema no antigo egito, sumeria, grecia e roma.
Essa pratica carrega consigo a possibilidade de influencia sob diversos aspectos, os quais, tem por
porta de entrada o aspecto psicologico.
O cheiro agradavel e a cortina de fumaça tem a possibilidade de trazer o relaxamento do inviduo,
desacelerando seus pensamentos, focando-o no trabalho a ser iniciado e principalmente o induzindo
a livrar sua mente de pensamentos nocivos.
Por si só, o aspecto psicologico já se traduz em grande beneficio para os consulentes e mediuns,
tendo em vista que não raramente são os proprios sentimentos e pensamentos (odio, luxuria, magoa,
rancos, raiva, inveja, etc etc) destes que atraem e "alimentam" aquela entidade (egum ou kiumba)
que pratica a obsessão, sendo aqui então o primeiro momento onde se mudará o foco do inviduo,
elevando sua vibração.
Por outro lado, há ainda o aspecto energetico das plantas a serem queimadas que foram cultivadas,
receberam energias do solo, da agua, do ar, do sol, da lua, sua propria energia vital entre outras,
portanto, se constituem em um importante elemento energetico a serviço do bem estar coletivo e
que pode ser acessado em poucos instantes.
A defumação, através da sua cortina de fumaça, produz também uma barreira-fluidico energetica na
casa, o que possibilita uma dificuldade maior na interrupção dos atendimentos dos guias.
Vendo ainda do prisma espiritual, a defumação, através do poder das ervas e da fé do medium
defumante (expressado através dos pontos) tem a capacidade de desagregar, deslocar ou retirar as
larvas astrais e miasmas que estejam junto aos consulentes e mediuns (processo iniciado pela
questão psicologica).
Comumente a defumação se procede em duas etapas, a primeira chamada de descarrego tem a
função de limpeza do ambiente, retirando toda a energia negativa do local e das pessoas, realizando
assim uma verdadeira esterelização, deixando as portas abertas para a recepção de novas energias.
As novas energias, por sua vez, vem conduzindas imediatamente por uma defumação chamada de
doce ou lustral, a mesma tras em suas ervas elementos energizadores e que, de preferencia, possuam
afinidade com os trabalhos daquele dia (através de ervas dos guias ou dos orixas).
A defumação é não só um instrumento que beneficia os consulentes, mas também, os mediuns, que
se utilizam desse ritual para se por em passividade, energeticamente neutros ou positivos, para o
trabalho espiritual vindouro.
Não a toa, segundo a tradição de umbanda transmitida pelo caboclo sete encruzilhadas, os rituais de
defumação ocorrem na abertura da gira, comumente após as saudações iniciais e oração, fazendo
com que estejam todos energeticamente prontos para o trabalho que ali se inicia.

O Ritual mais comum utilizado pelas tradições de umbanda se transcreve da seguinte forma:

Saravá o Ponto do Defumador


Saravá (nome do Orixá/Guia cujo ponto será entonado)
Salve a Gira de Umbanda
Inicia-se o ponto cantado
O medium responsavel pela defumação, com turibulo ou defumador previamente acendido, coloca
as ervas de descarrego e defuma na seguinte ordem: Congá, cantos, centro, médiuns, atabaques,
assistência e parte exterior.
Posteriormente, coloca ervas doces/lustrais e faz um "giro" pela casa, energizando com essas ervas.

Fontes:
Tenda Espirita Nossa Senhora da Piedade
Primado de Umbanda
Tupã Óca do Caboclo 7 Pedreiras
Genuina Umbanda
Centro Espirita Urubatan
Eduardo de Oxossi
W.W. da Matta e Silva
Rubens Saraceni
Brasão de Freitas
Entre outros.

A GUIA DOS MEDIUNS


Há muito tempo..
O uso de adereços como colares guias, talismãs e pulseiras é tão antigo, que não se tem uma data
certa de quando essa prática iniciou. O que pode-se constatar, é que eles sempre tiveram um
significado muito amplo por entre as culturas.

Para algumas tribos esses adornos protegiam de ataques de animais, de influências negativas vindas
de outros mundos e de inimigos de tribos rivais.

Dentes, unhas, maços de cabelos…


Os primeiros colares não eram confeccionados com miçangas coloridas e polidas como as guias de
hoje. Alguns elementos eram bem diferentes.

Crinas e unhas de animais, cabelos humanos, pedaços de ossos eram alguns dos componentes das
vovós da guia.

Ainda hoje, algumas guias são confeccionadas com dentes de animais. Já os maços de cabelo
humano (pelo menos na maioria) estão dispensados!

Representação atual
O uso da guias – principalmente pra quem usa uma grande quantidade – chama a atenção. É
comum a associação desses objetos à “macumbaria”. Forma pejorativa de se referir aos cultos afro-
brasileiros.

No livro Formulário de Consagrações Umbandistas, Pai Rubens Saraceni destaca que não há nada
de excepcional, incomum ou fetichista no fato de médiuns umbandistas usarem as guias para
proteção espiritual.

E ainda pontua “irmãos (ãs) umbandistas, não se sintam constrangidos (as) por usarem em público
colares ou “guias”, pois não é em nada diferente do que todo mundo faz”.

No livro ele também descreve a relação que reis, rainhas, imperadores dentre outras figuras tinham
com esses adereços. Nessa associação, cita o uso dos rosários pelos padres, que utilizam esse
elemento também como forma de proteção.

Tanto os indivíduos pertencentes as tribos, as religiões atuais e hoje mais precisamente o


umbandista, pretendem ao usar as guias e tantos outros elementos, é se proteger contra influências
externas.

Mas, em casa uma dessas crenças as fundamentações se diferem, surgindo em cada uma, um
sentido.

“A Umbanda tem fundamento é preciso preparar”. Nunca essa frase fez tanto sentido como quando
falamos sobre rituais consagratórios umbandistas.

A Umbanda tem os seus próprios ritos consagratórios. Que trabalham dentro da egrégora da religião
e que dispensam a réplica à ritos de outras crenças.

Colares Guias – Poder Magístico


As guias são imbuídas de fundamentos mágicos. Como dito, a Umbanda possui os seus próprios
fundamentos, mas esse assunto ainda é alvo de confusão pelos próprios fiéis.

Algumas pessoas se apegam a fundamentos do Candomblé ou de outras denominações e deixam de


lado o estudo magístico genuinamente umbandista.

E ainda, existem os que usam lindos colares, das mais variadas cores e formas. Mas quando
perguntado pelo significado deles, a resposta é vaga ou realmente não existe.

Rubens Saraceni fala sobre isso também no livro Formulário de Consagrações Umbandistas.

Esta na hora dos umbandistas, sentirem mais orgulho, de ter mais confiança em suas práticas
mágico-religiosas e de olharem com indiferença ou como estranhas as práticas mágico-religiosas
alheias, que tanto não lhes pertencem como lhes são dispensáveis mesmo.

Como elas são?


As guias são feitas normalmente com miçangas, louça, cristal, contas de rosário, sementes como as
popularmente chamadas olho de boi e olho de cabra, búzios, pingentes de aço, coquinho e etc.
Algumas pessoas usam o nylon e outras o cordonê para transpassar os adereços. Essa escolha será
defina pela própria pessoa ou pela orientação do guia ou sacerdote.

Ver também: Qual o significado da roupa dos médiuns?

Qual o objetivo?
São condensadores de energia dos guias da lei. Mas o que isso significa? Significa que elas
absorvem os acúmulos negativos dos campos eletromagnéticos, protegendo os médiuns contra
influências ruins durante o trabalho.

A guia assimila cargas negativas e não deixa que elas atinjam o médium incorporado. Ela também
pode ser usada no dia-a-dia como um pára-raio de energias pesadas. Energias estas, das quais
ninguém está imune do contato diário (a não ser que você esteja sozinho em um retiro no alto de
uma montanha, mas se isso fosse verdade você nem estaria lendo esse artigo).

Confecção
Na Umbanda as guias são confeccionadas após o pedido de alguma entidade ou até mesmo o
sacerdote, que irá dar a orientação correta sobre suas características e finalidade – contra quais
influências – ela precisa trabalhar.

Pode acontecer também, da pessoa intuir ou sentir a necessidade de montar uma guia. Então ela
pode levar isso a espiritualidade buscando sempre a orientação correta.
Cuidados
As guias precisam ser descarregadas, que nada mais é do que purificá-la das energias negativas
acumuladas durante os trabalhos. A periodicidade desse rito será a entidade que irá definir e quando
isso acontecer o médium precisa realizar os procedimentos de limpeza da guia.

No livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista, Pai Rubens Saraceni dá


algumas orientações de uso desse elemento:

devem ser cuidadas com respeito e carinho


passar por defumação no início do trabalho
deve ser usada por médiuns mais experientes, bem preparados ou quando pedidas pelas entidades

GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS BRANCAS:

Essa guia vibra a força de Pai Oxalá, normalmente todos os filhos


ao entrar para trabalhar em uma casa de Umbanda, já devem estar com a
guia de Oxalá. Mesmo sem saber quais são os Orixás de Ori, mesmo sem
ter desenvolvimento mediúnico, o médium já deverá estar usando a guia
branca. É a primeira guia da vida de um médium pela regra da Umbanda.

– GUIA DE PROTEÇÃO: Todos os colares de contas são feitos para proteção. Quando um
médium novo em desenvolvimento começa a vestir o branco e a participar de uma roda de
desenvolvimento, é pedido a ele a primeira guia da casa. Essa, normalmente é a de Oxalá,
para todos nós Umbandistas, o Pai Maior; aquele que retém em seu poder a força de todas as
energias da natureza.

PORTEIRA OU TRONQUEIRA
PORTEIRA

A porteira tem um papel fundamental para a organização e também a disciplina dos trabalhos.
O trabalho dos porteiras é por demais complexo, as vezes milhares de seres em espíritos querem
uma oportunidade ou uma porta aberta para saírem dos locais onde são; usados, explorados,
abusados, torturados, ou mesmos mantidos como prisioneiros, a porta da entrada espiritual de um
terreiro tem que ser protegida, pois ali tem uma brecha que muitos querem para entrar, a luz e o
recomeço depende desta passagem.
Muito antes do inicio dos trabalhos já se formam filas e mais filas de espíritos pedindo permissão
para entrar, os porteiras vão estudando e separando caso por caso, seguem a orientação e tem o
apoio dos guias chefes da casa, afinal nem todos que ali se encontram têm o merecimento para o
socorro mais especifico, muitos ainda devem permanecer em observação devido as suas condutas e
somente após a constatação real da vontade de mudar terão a oportunidade do socorro final.
Com a chegada dos médiuns a coisa complica um pouco, pois muitos dos trabalhadores devido ao
padrão vibracional também carregam esses irmãos de pouca luz, neste momento começa uma nova
etapa de esclarecimento e separação dos espíritos que chegam de “carona”, médiuns imprevidentes
que não fazem as suas firmezas e orações, não se banham com as ervas sagradas, não ascende ao
menos uma vela para seus protetores, são os principais alvos de espíritos que vem ali uma
oportunidade de alimento e fluidos energéticos.
Cabe aos Exus que trabalham na porta dar o primeiro choque nesses seres para que eles sejam
separados do corpo vibracional do médium imprevidente.
A proteção de um terreiro de umbanda começa na porta, ali onde colocamos o pé para dentro, ali
naquele local tem um trabalhador incansável, que diuturnamente permanece protegendo o local
sagrado aonde os guias chegam para trabalhar.
A porteira ou os porteiras tem uma ligação direta com a trunqueira firmada no terreiro, ali é o ponto
central de carregar e descarrego de uma casa de Umbanda, a força desses trabalhadores espirituais
mesmo sem o reconhecimento das pessoas que chegam no terreiro é de fundamental importância e
deste local que sai o equilíbrio necessário para a tranquilidade e concretização dos trabalhos.
Devemos saudá-los, de forma respeitosa quando adentramos nos templos. Qualquer um pode se
servir do poder desses guardiões, acenda uma vela e peça proteção e auxílio e receberá. Eles estão a
serviço do Bem, da Lei Maior e daqueles que ali vão pedir auxilio ou auxiliar.

É imperioso que todo o umbandista veja que a porteira não é outra coisa se não o "para-raios" do
terreiro e é uma importante ferramenta de proteção.

caracteristicas fisicas da porteira:

Deve ficar do lado esquerdo da entrada do templo


Poderá ter o formato de uma casinha ou qualquer outro, desde que fechada e protegida do tempo
Na parte interna são firmados o exu, exu mirim e pomba gira guardiões da casa, através de velas,
bebidas (em quartinhas), pontos, fumos, plantas e demais ferramentas.
Também se deve firmar ogum, chefe da esquerda.
Ainda é interessante que se tenha elementos de defesa, tridentes, punhais, pregos, correntes.

TRONQUEIRA

A Casa de Força é o segundo local chave do Terreiro, onde são movimentadas energias com
finalidades de defesa, ataque, magísticas, tanto pelos médiuns, quanto pelos Exús. Assim,
igualmente como o Congá, sempre deve estar iluminado e absolutamente limpo. Recomenda-se que
a Casa de Força seja um cubo com 0,90 X 0,90 X 0,90. Se for maior do que isto, para se ficar lá
dentro, fica a critério e sob responsabilidade de cada um. O piso deverá ser o próprio chão (sem
cimento, poderá ser coberto com pelotas de argila) e suas paredes internas deverão ser pintadas na
cor cinza.
Independentemente da onde ficar a porta da Casa de Força, os elementos têm de respeitar os pontos
cardeais, tomando-se por base o Cardeal Leste (Nascente do Sol). Recomenda-se utilizar uma
bússola para que se tenha a posição exata do Norte, Leste, Sul e Oeste. Recomenda-se também, que
a Tronqueira fique próximo a entrada do Terreiro ou do Santuário.
No seu centro, cava-se um buraco com aproximadamente 40 cm de profundidade e 30 cm de
diâmetro (guarda-se a terra). No buraco, coloca-se na seguinte seqüência:
Realiza-se a prece;
Água pura – 1 litro aproximadamente;
Realiza-se a prece;
Pó de ferro – Se não conseguir em uma serralheria, substitui-se por 78 agulhas de aço;
Realiza-se a prece;
Água pura – ½ litro;
Carvão vegetal ou mineral – Aproximadamente 1 a 2 kg;
Realiza-se a prece;
Água pura – ½ litro;
Sal grosso – 2 kg;
Realiza-se a prece;
Água pura - ½ litro;
Areia da praia (mar ou rio) – 2 a 3 kg
Realiza-se a prece;
Água pura – ½ litro;
Terra (aquela que era do buraco) – 2 a 3 kg
Realiza-se a prece;
O sumo e ervas maceradas relativas ao Exú Guardião do Terreiro e ao Exú correspondente a
Vibração Original do Médium-Chefe;
Arremata-se o buraco com parte da terra que fora retirada. O que sobrar, pode espalhar dentro da
Tronqueira.
Sobre o buraco, coloca-se apenas uma tábua de 40 X 40, com o Ponto Riscado do Guardião do
Terreiro;
Faz-se a invocação do Guardião do Terreiro e do Guardião correspondente a Vibração Original do
Iniciado;
No meio, finca-se um ponteiro de aço (20 a 30 cm); Colocam-se os metais e pedras relativas aos
Guardiões;
Colocam-se as bebidas e os elementos sobre o Ponto Riscado;
Coloca-se a aguardente nas quartinhas, no sentido horário (a primeira será a que estiver do lado
esquerdo, próximo a porta da Tronqueira). Enche a quartinha até transbordar e derramando pelo
chão, enche a seguinte, e assim por diante. Se for necessário, use mais de uma garrafa. Sobrando
aguardente, espalha-se a sobra sobre o chão da casa de força, tomando o cuidado de não molhar a
tábua com o Ponto Riscado;
Acende-se a vela de sete dias no centro do Ponto Riscado;
No sentido horário, começando pela de cima, acende-se as três velas simples (estas só serão acesas
no assentamento da Casa de Força, nos dias de Giras públicas ou internas e quando acharem
conveniente) para a Coroa da Encruza, que é formada pelos Exús: Exú Sr. das 7 Encruzilhadas, Exú
Sra. Pomba Gira e Exú Sr. Tranca-Ruas. Entretanto, mesmo que seja para invocá-los, os demais
Exús de Lei devem ser invocados também;
Acende-se um charuto e bafora-se 7 vezes dentro da casa de força e o deixa depositado sobre o pires
de barro, com o lume virado para fora. Se não usar charuto, basta acender um incenso.
Saúda-se a todos os Exús e em especial o Guardião do Terreiro. E, está pronto!
Observação: Do item 22 ao 28, toda vez que for manutenção da casa de força. Os itens 20 ao 22,
quando for limpar a tábua por algum motivo e no dia de alimentação do Axé.
E os demais itens.
No mínimo, uma vez por semana ou mais vezes se for necessário, faz-se a sua manutenção,
substituindo-se os elementos. E, uma vez por mês, no terceiro dia da Lua Nova, alimenta-se o Axé.
Retira-se o Ponto Riscado e despeja-se o sumo da ervas do Guardião do Terreiro e do Exú Guardião
relativo a Vibração do Médium-Chefe (as folhas maceradas podem ser devolvidas à natureza) sobre
a terra.
O Ponto Riscado do Guardião poderá ser pintado com tinta branca ou riscado com Pemba.
Elementos
CARDEAL LESTE
(Independentemente da onde se situa a porta da Tronqueira)

Quartinha masculina (sem asas) de barro com cachaça;


Taça masculina de vidro ou cristal sem marcas ou desenhos (taça usada para vinho branco ou tinto),
com a bebida do Exú Guardião do Terreiro;
Taça feminina de vidro ou cristal sem marcas ou desenhos (taça de champanhe aberta),
comchampanhe ou sidra;
Cambuca pequena de barro, com pó de café;
Cambuca pequena de barro, com azeite de dendê;
Cambuca pequena de barro, com farinha de mandioca não torrada;
Cambuca pequena de barro, com sal grosso ou fino;
Vela de sete dias branca, sobre um pires de barro;
1 Ponteiro, metais e pedras relativas ao Exú Guardião do Terreiro e relativo ao Exú Guardião da
Vibração Original do Médium-Chefe;
Velas finas brancas sobre pires de barro, para serem colocadas e iluminadas em dias de Giras
Internas e Públicas;
Cambuca ou pires de barro para pousar um charuto aceso (com o lume voltado para fora). Pode-se
substituir por um incenso de arruda ou guiné ou cânfora.
Observação: Por se tratar de um local de movimentação intensa de energias, não deixar nada mais
do que isso dentro da Tronqueira. A exceção das duas taças de vidro ou cristal (masculina e
feminina), os demais objetos têm de ser sempre de barro. Sempre que for fazer a manutenção da
Tronqueira, cuidado com o que estiver pensando.
Axé a todos Irmãos de Fé
Emidio de Ogum

Não podemos esquecer de saudar a tronqueira e os exus guardiões quando adentramos nos
templos.Muitos são, os que chegam a um templo de Umbanda e reparam naquelas casinhas,
chamadas de tronqueira, existentes na porta.Este recurso é, no templo, um ponto de força
onde está firmado (ativado) o poder dos guardiões que militam em dimensões a nossa
esquerda.A tronqueira é um portal de polaridade negativa absorvedora e esgotadora fazendo
exatamente a justa posição com o altar (conga) que é um portal de polaridade positiva
irradiadora.Dizem alguns clarividentes que, no astral, esse portal de força assemelha-se a um
vórtice que “suga” e que impede as forças hostis de se servirem do ambiente religioso de forma
deturpada.Cada pessoa que entra em uma casa de Umbanda traz consigo seu “saco de lixo”
cheio (são seus pensamentos mesquinhos, suas raivas, suas desilusões…) e muitas destas
energias obscuras e alguns espíritos desorientadas não conseguem nem se aproximar dos
Terreiros de Umbanda, pois os Guardiões da Tronqueira ficam encarregados de juntarem
todos estes “sacos” para descarregar, dando a cada um de nós a oportunidade de
diminuirmos o nosso lixo e facilitando nossas próximas limpezas.A força da tronqueira advém
dos elementos ativados no astral que são instrumentos dos mistérios dos Exús e Pombagiras.
São sempre guiados pela Lei Maior e pela Justiça Divina para beneficiar os
trabalhos espirituais realizados no terreiro como anulação de forças negativas, recolhendo e
encaminhado seres trevosos, protegendo e muitas vezes abrindo caminhos e curando. Alguns
exemplos de elementos dispostos são: tridentes, punhais, velas, ervas, pedras, bebidas, entre
outros.Existem outros tipos de elementos, que são velados. Isto é necessário, para manter o
devido resguardo dos trabalhos do templo, evitando até que pessoas dêem mau uso a forças tão
importantes.É importante que os médiuns e que toda a assistência saibam da importância de
uma tronqueira e que todos entendam que este ponto de força está sobre as ordens da Lei
Maior.Quando alguém deturpa este ponto de força, usando-o de forma negativa, este se
torna um portal negativo. Este tipo de procedimento não é da Umbanda e sim de seitas que
muitas vezes se utilizam do nome da nossa religião
PRECEITOS

PRECEITO: s.m. Aquilo que se aconselha fazer ou praticar; regra, ensinamento: os preceitos da
religião. Ação de prescrever; prescrição.Religião. Norma ou mandamento.(Etm. do latim:
praeceptum.i)

Toda profissão, todo esporte, toda lei, toda religião tem seus preceitos. Parece-me que a vida humana e
social é regida dentre outras coisas de preceitos.

Não é diferente na Umbanda, todo umbandista do mais veterano ao mais novato sabe dos preceitos
básicos para participar de um trabalho espiritual e é talvez uma das poucas coisas que são igualmente
presentes em todos templos de Umbanda, diferenciando apenas um ou outro preceito mais específico de
templo a templo.

Embora seja algo de conhecimento comum, observamos muitos negligenciarem preceitos fundamentais,
ou seja, de fundamento.

Vivemos um período novo na Umbanda, de muita comunicação, de farta informação, estudos e acessos,
no entanto, o ônus disso é muitas vezes a confusão, a dispersão ou mesmo a negação daquilo que é
tradicionalmente fundamental em detrimento de uma “nova” consciência.

Hoje encontramos discursos inflamados e até mesmo bem construídos querendo desconstruir preceitos
que são o que são porque foram assim ensinados pelos espíritos na Umbanda.

Alegar parafraseando Jesus, que o mais importante é o que sai pela boca e não o que entra validando
comer carne e beber álcool em dias de trabalho espiritual é uma grande falta de entendimento básico
sobre o que é preceito, bem como um ato de ignorância diante a mística da religião.

Sei que existem preceitos sem precedente e outros bem exagerados, talvez na minha ótica, pois não os
pratico em meu Templo, porém o fato de eu não conhecer ou praticar, isso não invalida um preceito
particular.

Realmente precisamos distinguir o que é preceito e o que é superstição, talvez seja aí onde nos
esbarramos com muitos conflitos.

Preceitos são orientações importantes para nortear e conectar o fiel numa dinâmica mais profunda com
sua espiritualidade. Muitas vezes pode parecer até purgativo e quanto mais difícil parecer um preceito,
mais eficácia reflexiva ele oferece ao fiel. Pois é, na proibição daquilo que lhe é rotineiro em função de
algo maior, lhe faz refletir sobre a diferença entre o Sagrado e o Profano, sobre sua capacidade de
dedicação e comprometimento, sobre a sua disponibilidade em ser mais eficiente e mesmo sobre a real
importância da religião na sua vida. Já vi muitos casos de pessoas se reformarem ao observar com
dedicação os preceitos.

Para vegetarianos o preceito de não comer carne um dia antes do trabalho espiritual não significa nada,
ele de certa forma vive este preceito todos os dias, este indivíduo não precisa abrir mão de nada neste
caso, de modo que não propõe nenhuma reflexão no período.

Numa ótica litúrgica, preceitos tem portanto o objetivo que religar (religare) o fiel com o Sagrado. No
entanto, como na Umbanda existem questões mais complexas, consideramos o plano das energias e
todos e tudo como energias, então os preceitos contemplam as particularidades que viabilizam maior
sutilização e purificação do campo energético e magnético daqueles que participam do trabalho
espiritual.

Perceba que em nenhum momento digo que os preceitos servem apenas aos médiuns, embora muitos
acreditam que sejam. Um erro. Os preceitos servem para todos que compõem o corpo interno de
trabalhadores da Gira, ou seja, médiuns, cambones, curimba e todos com qualquer outra função que
estejam participando diretamente do trabalho espiritual, portanto somente a consulência está livre das
orientações preceituais.

Então compreenda que os preceitos não são opcionais e tem fundamento.

Abaixo listo alguns preceitos básicos e comuns.

Banho de Ervas – antes de ir para o Templo, tem como objetivo limpar e sutilizar o campo energético
em camadas mais superficiais. O modo de preparo e as ervas a serem utilizadas é específico a cada
Templo;

Carne – não comer carne 24hs antes do trabalho espiritual, no mínimo 24hs. E é todo tipo de carne.
Tem como objetivo minimizar os impactos vibratórios densos mais internos ocasionados pela ingestão
destes alimentos. A carne é impregnada de energia densa, por conta do sangue, muitas vezes do
sofrimento no abate e criação. Sua digestão também é lenta e isso altera nosso metabolismo e faz
concentrar muita energia na digestão. Após 24hs nosso campo energético já terá metabolizado este
magnetismo e retomado o padrão;

Ingestão Alcoólica – o elemento etílico é potencialmente densificador vibratório e magnético,


impregnando o campo áurico de uma energia desestabilizadora. Após ingerir bebida alcoólica desde que
moderadamente, demora cerca de 24hs para ser metabolizado pelos chakras e o padrão vibratório se
restabelecer;

Relação Sexual – evitar relação sexual 24hs antes dos trabalhos. Muitos questionam que se praticam
o sexo com parceiro fixo, cheio de amor, então deveria ser revisto este preceito. Esta idéia tem como
precedente uma visão errada do sexo de que seria ele algo nocivo. Mas não se trata nada disso.

A observação deste preceito se dá, pois com ou sem amor, na relação sexual o campo energético em
todas escalas é inundado pela energia do parceiro, alterando completamente a estrutura magnética do
seu campo vibratório, o que dificulta a fusão magnética entre as entidades e os indivíduos. Após 24hs já
terá sido metabolizado e restituido o padrão magnético do indivíduo.

Existem muito outros preceitos mais específicos. Aqui pontuei superficialmente os 4 básicos que
encontraremos em qualquer templo.

Sendo assim, fica o alerta para que você filho de fé da Umbanda, observe, respeite e pratique com
empenho os preceitos. Isso lhe dará maior consciência religiosa, maior entrosamento espiritual e é uma
das dinâmicas construtoras de uma espiritualidade religiosa mais refinada.

Ser Umbandista é contemplar em prática diária com amor, tudo aquilo que aprendemos no Templo.

Salve a Umbanda, Oxalá nos abençoe!

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