Você está na página 1de 104
vets 4 Sissons Fernanda tharco Filosofia _ da Informagao (Uma introdugio 8 informagao ‘como fundacio da acczo, da comunicagdo e da decisdo Universipane carouca corToRe sts € uma importante ob para a comunidad internacional inten sada no impacto da revolgio da nora, Mien argunena de one foxma eonvineente que also da informa € una na res de lovesiapi, cj arta € a anil e a inept disquiet is oblemasconeprssenergents ra socsade ds infomssan toto faz ua resena do debate em cue fetece una prone eel 3 los da infra, asente no pesament de Heidegger ena? «isto femenelégic. O etl € tenicamente rigors, ms scene ‘A ora ser nie Cl prof universities nse nantes pa ds desenvoinentos mas eents nis reas lagna coos ‘menos de inormagi cdo conunicagio, ben como pata opblco mera pla clare com que bra onomo mud danke don seus prota” Lac Fs vd ray is Unie ¢ Une Ro Ecru obra esr gue, The Biel Cae Pio gd iin 200) Em sa ne 5, ppc set ooo ht deg ‘Umn excelee nrodaio a una Sea emer de pensaento fund mena sobre inrmas eo fndmenos canola encionate hares ‘creve de forma lca e convincente. © 4 enteniento dates soft: a sn itepeago feomenolgca da inkrayio€ ers « rigoro,Tata-se de um ro qu nfo pe ser dpensado px ese tenhs um interes sco nos endimens do iakrmasha das ut tea. logs de infomagioe de comunicago eda suas implies tant no ‘Han onpizacoal como para socidade como unto” Ls ana Le ney ent Coder da eit ele is Iron gy ‘a dike Maureen al Rae (9 ey paso stolen neal iemag seman Indice Prefido 9 + Captuo um 15, Inodugio& Filosofia d nfrmasio 1, O contexto da Filosofia da Informagio 18 +1. Um regresso dae a Filosofia 29 3. diversidade do fenémeno da Informagio 33 4, Quatro paradigmas sobre x Informagao 43, 5. Problemas em aberto na Filosofia da Informagso 56. —» Capitulo dois 73, : Inbormacto Tecnologia e Sociedade 1. Informagéo natural, cultural ¢ tecnolégica 78 2 Informa televise como contesto 83 3.A sociedade organizacional ea teenoogi informacional ecomunicacional 4 Informagio e Comunicagio como actvidade 5. Informagiotecnoigica como realidade Capttotrés Para Uma Fenomenologia da Informagio 1. Uma investigagio fenomenoligica 2. Ontoogia: Ser-No-Mundo (Heidegger) 3. Ontologia: Autopoiests (Maturana e Varela) 4, Famaridadee ferenga 5.A AcghofDiferenga qu fa a Diferenga/Acgio 3 106 9 133 138 143 151 137 mm Prefacio presente texto visa apresentar 20 piblio intressado «em matérias da informagéo, da comunicagio, dos media da nova tecnologia e da sua gestio, da sociologia da sociedade da informacio e da flosoia a rea emergente do saber que pode ser apontada pelo nome de flsofia da informagio. “Trata-e de uma intengio de esclarecimento e de uma cont- buigio para o debate emergente na Europa e nos Estados Unidos da América sobre a posibilidade e o porencial do cesenho eda conceptualizacio de uma nova fea de invest- acto, de reflexdo ¢ de descoberta, a qual sobre o nome de flosfa da informagéo, ¢ deicaria o esd do fendmeno’ dla informacio, enquanto fundamento da aeqio, da comuni ‘aslo eda dcisto, e, também, como manifestagéo priméia fandamental ue parece estar a marcara nossa época,aqual, sinomaticament,€ referida por ‘sociedade da informagio’ "Nesta perspectva a informagio € romada como o fené- meno de base, como a fundacio sobre a qual asentam mui- tos outros fenémenos e areas de investigaséo, como por cexemplo, a comunicago, os medi, as teenologiase 0 st ‘masde inlormagio.O computador, x bri da sociedad con- 10 | temporines, &talvez a manfestago mais comum ¢aparente do ferémena da informagio, no entanto ele € apenas uma materialzagio da informagi; porventara, uma das mais, vitais erelevantes em termos de investigagéo para a socie- dade contemporines, mas ainda assim apenas uma forma do fensmeno de base, a informagio. Envtermos concepeuais, pelo menos num primeiroescrtinio, a informagio precede 2 comunicagio, a tecnologia, «acco €0 conhecimento: esta forma, a nova tecnologia chamou apenas para primeita linha investigagio académica ecientfica da eflesoflo- séfica um fendmeno tio velho quanto ose, 0 qual sitomati- ‘camente parece poder equivaler-se a este imo, e que estra- snhamente pode ter estado esquecido até hoje. ‘Arfilosoia-da informacio, tal como outros ramos ou reas da flosoia,pretende lancat sobre o fenémeno da infor ‘magio, sobre a sua naturez,caractersticas rlagies, proble- sas; posibilidades; etc um olhar de find, basilar que tudo pode pensar e questionar, visando dessa forma, alicercando- 50 na questo primaia e fundadora da reflexao filossfica sobre 0 que €= 0 que €ainformagio’ — poder claiicar 0 entendimento, e por isso o significado e as posblidades de sacgio dos homens num tempo em que a informagio ¢ a comunieagio de naturezateenoligica ~ os textos em compu ‘dor os sons arificiais, os videos, os telemveis, a tekevisio, etc. parecem estar nio apenas 2 constitir-se como instru ‘mentos, a sua mais Sbvia natureza, mas sabretudo como 0 pr6prio contexto e background da acgio dos homens no mundo. [u A filosoia da informagio esté hi muito em desenvolvi- mento. Como brevemente referiremos no capitulo 1, a filo sofia da informagio, os problemas que esta potencial nova frea ext e deverd continuar a abordas, investiga, derahar © clarficar, paradoxalmente so novos ¢ sio velhos. Sio vehos, porque a informago tal como hoje intitivamente a entendemas sempre foi o ambiente humano; so novos, por- aque So problemas levantados sobretudo pela informagio © comunicagio tecnolégica, a patir do desenvolvimento do computador pessoal ¢ com muito maior intensdade desde @ penetragio massiva da Internet e dos teleméveis no dia ada da sociedade organizacional contemporinea. A informacio tecnokigica & hoje matéria prima do trabalho, da medicina {is actividades inanceiras, dos media a genética e & biotee- nologia, das viagensespaciis 3s fonteiras da inovacio cien- tia, onde os novos desenvolvimentos, as prprias possbi- dades de progress, esto dependentes da capacidade de ser gerada nova tecnologia, novo hardware € novo software capar de por sua ver gerar novos dados, novos decalhes, novas diferengs. Esta obra divide-se em tr8s capitulos. No Capitulo 1 introdusimos a fllosofia da informagio, focando com algum detalhe 6 cantexco em que a emergncia desta nova rea cesta acontece, 0 regress da ilsofia a0 centro do debate contemporineo ¢ 0 regress & flosofia por pate da invest ‘gagio em muitase variadas freasestabelecias do saber, a diversidade de contornos, aspectos e caracteristicas no fimbito dos quais se manifesta o fendmeno informagio, 0 12 | Floren entendimento conceptual deste fendmeno no émbito de paradigmas ontoligicos ¢ epistemolégicos diversos e, em conelutio, propomis um conjunto de problemas em aberto sobre os quaispoderédevers debrugar-e a sofia da infor: masio. © Capitulo 2 focao relacionamento e as influncas ituas e complexas entre o fendmeno da informacéo, nas suas tila manifestabes, € as nova tecnologas de infor: ‘magio e comunicagéo, dando uma énfas especial anise conceptualizagio destesfendmenos no ambito da sociedad ‘orgaizacional contemporinea. Sob este pano de fundo, © ‘capitulo abords a emergéncia da sociedade da informagio, rev€ 0s diferentes tipos de informagéo no fmbito dos quas agimos, descreve e analiss a informagéo televisiva numa perspectiva contextual, uma breve esenha istrica da absorgio organizacional da tecnologia de informagio e comunicagio,propée o entendimento das novastecnlogias a diferentes niveisconceptuais, tanto como instruments, quer como um novo sector de actividad que sever juntar 2 agriculur,&indstria e aos servigos,concluindo com a andlise da informagio ¢ da comunicagio teenogica como reaidade © Capitulo 3 visa contibuirsubstantivamente para a frea emergente da flosofia da informagio, Apresentando uma breve andliefenomenolgica da informagio,o capitulo pretendeiustraro tipo de problemas ede investigaglo desta potencial nova dea do conhecimento, Nda signif isto que 8 questio abordada — 0 que € a informagio ~ sja a dnica Jo questio desta potencial nova drea académica, nem que o método fenomenolégico seja 0 Gnico aconselhado para investigar as maiplas maifestagSes do fenémeno em causa. Depois de contextualizaro tipo de investigagio a levar a ‘cabo no émbito da pritica fenomenoligica, o capitulo reve ‘muito sumariamente a obra Sein und Zeit do fof alema0 Martin Heidegger (1889-1976) e a biologi tedrica aopoi- ‘sis, proposta pelos ciendstas Humberto Maturana ¢ Francisco Varela, as quais so tomadas como base ontodgica ‘onal da flosofa caracteriza-se, em termos muitos geais, por dois movimentos distintos: por um lado, o que € 0 computa- dor, o que so as tecnologias de informagio ¢ quais as impli. cagies-e consequéncias desse fendmeno na experiéncia humana; por ourno lado, quais as implicagies do desenvali- ‘mento das tecnologias de informagio e de comunicagao para’ investigagio filoséfice propriamente dita: E neste quadra 22 | esta an ttrmacta «que Flori entende que a filosofia da informagéo-pode set proximada a partic de das perspectivas de fund: a priv ‘mei, puramente teri, partir das bases filos6icas pro- porcionadas pla lgica e pela epstemologias a segundy partir da visio mais téonica das eigncis compuacionaise iti! O que € 0 computador, o que &a computasio, uais as suas implicagbes e consequéncias para a experifacia ‘humana? Esta linha de investigagio tem a sua tadigfo no pensamento acidental, no seio da qual sio de destacar 0s trabalhos de reflex filosica sobre o fenémeno tecnolé- sco levados a cabo pela Frankfurt School nos anos 1920s, jor Karl Mare (1818-1883), Oswald Spengler (1880-1936), Emst Janger (1895-1998), Martin Heidegger, Marshall MeLulhan, Jacques Ellul (1911-1980), e mais recentemente ‘or Jigen Habermas, Albert Borgmann, Anthony Giddens, Hubert Dreyfus Michael Zimmerman, Don Ihde, Langdon Winner, Manuel Castells, Lucas Introna € outros.” S30 ainda de referir como importantissimas contibutos para a ‘emergéncia da flsofia da informagio os trabalhos desen volvidos na drea da computagio, da intelgéncia artificial da filosofia da intligéneia artificial por Herbert Sinn (1916-2001), Prémio Nobel, bem come 0 uber pioneio de ‘Alsin Turing (1912-1954), “Computing Machinery and Ineligence”, que despertow interessesedesencadeou novos teabalhos e investizages? 'Na bisa das tecnologis da informagio, uma histia ‘curta na experfncia humana mas tomando éalgumas ca | das nas noses vidas fermen da informagio est a abrir as ports da reflexio e do questionarpriméti ¢ fundador tipico da filosofa. “A revolugio da informagio maou © mundo profundh, ireversvel e problematicamente, a um ritmo e com um mbito nunca antes experimentados?, escreve Flot no Prefcio do The Blackwell Guide tothe Philosophy of Computing and Information,” continuando-que “ela [a revolugio da informagio} gerou um manancial rgus- sim de novos intrumentos¢ metodologias,criou realdades Ineiramente novas ¢ tornou possivels fenémencs € expe- rignéias sem precedentes, causando um amplo leque de {quests conceptualise de problemas dnics,abrindo asin posiildides até aqui inimagindves Dado o caricter iniciador mas também exploratrio e detalhado da obra aca refer, vale a pena indica 0 top cose asdteas que foram eseolhios, quer como relativamente consensuais quer como potenciaimente fandadors da. nova fren da flosofis da informagio. As noes furdadoras sobre asa recat a atengo desta obra pioneia sho a de compu tagio; complexidade, sistema e informagao: Estas quatro noes, apesar de no consustanciarem uma lista taxa por exemplo, as ideias de mundo, significado, acgio entre utes tro un cater to primi na flosoia da informa- «lo quanto aguels quato -,sio uma indicacio clara das Tass, um tempo conceptuasetecnokigicas x ques fun dm os problemas desta nova dea. O fendimeno de base & sem divide 0 que do préprio nome & ea: informagio, No enfant, a eomputasio é constatagio do contexto em que 4 | mH 1 nasa Gpoca emergi 0 pxépio fenéieno da informs. ‘Tanto as noses de complexidade como a de sistema ofere- ccem duas perspectivas de bas, fundadoras, no &mbito das quais a generalidade do trabalho de pesquisa einvestigagio clentficae flosia etd enquadrado até a presente ‘A filosofa da informagéo tem o potencial de se consiuir como base de um vastorsimero de fren fosbfcas ecient- ficas que trabalham e se relacionam com o fenémeno da informagao em sentido lato. Tanto a flsofa da linguagem, da mente da conscncia, a ética, como as ciéncas cogniti- vas, a inteligéncia artifical, os sistemas de informagio, as ‘igncias da computacio, 2 bioinformética © muitos outros ramos das chamadas novas ciéncias, como por exemplo a genética ou as newrociénias, taal asentes num imerso ‘aparato tecnol6gicoe progridem com e na informagéo. No ‘entanto, avis apropriadamente Flori" esta nova tea no cleve se tomada como aflasofa da teenologia da informagio. ‘mas verdadeiramente como a flosofa da informacSo. Apesar a informagio tecnolégica poder empricamente ser 0 fens ‘meno mais relevante dada aimensa penetragio das tecnolo- fas deinfrmago comunicago nas sciedadescontempo- tinea, 0 fendmeno de base, aguilo que de mais fundador cesencial existe nessa realidade & a informagfo. Asim, a filo sofia da informagio tem a possbilidade e o potencial dese constituir como a rea primeira que pesa, reflect ¢ questi «ona os vros tips de investigaco, de aplicacioe de dsen- volvimentos filoséficos ou cientificos relacionados com 0 fendmeno da informagio. B A flosofia da tecnologia de informagio ou a flosofia da ‘computagéo delineiao seu objectona informagio tecnolgica ‘eos instrumentos informacionis em questo, © que &ape- ‘as uma das questes da flosofia da informagéo mesmo qe ‘eventualmente seja ou vena a sera mais relevante de todas ‘as questbes desta nova dtes. A substincia de base, afundacdo de toda esta investigagio, € no entanto a informacio. “Historicamente a filosofia da informagSo nasce da fosofia da computagio, mas nasce no como um dos seus ramos mas antes como a sua base mais vst, profunda e fundadora."A filosofia da informago privlegia a informagio como o seu ‘épico central, em detrimento da computagio porque ela analisa altima pressupondo a primera. flosoir da ine. ‘magio trata a questo da compuragio apenas como um dos rocessos ~ avez o mais importante ~ em que'ainformagio sts envolvda. Desta forma, esta drea deve se tomada como filosofia da informacio e no apenas definida em sentido ‘strito como filosofia da computagio al como a episemolo- a € a fosfa do conhecimento e no apenas a flosfia da ercepgho."t ‘Uma nova disciplinaflosifica nd & de dif identi fo. Ela deve ser capac de apropriar de uma forma precisa & simples a qestao ontolgic, ou sja a naturezafundador, ‘riméria, de um dado fendmeno,cyjs contornos sejam x pr ori mareados por implicagtes,consequéncias ou potencilia des de relevo. A questio‘o que &o conhecimento? fandou a epistemologia, tal como a questo ‘o que é a informagio.” funda apropriada¢ pertinentemente a filosofia da informa- Wh | Floste ds nformacto ‘ho. A questo ontoligica,o que €? qual a natureza primeiea, 6 que €informacio?€ assim a questo fundadora, disiniva e singular desta nova drea da investigagio do conhecimento Esta questéo no entanto apenas aponta a rea em ques tio, nio a demarca nem em geral nem em especial. Como Flori refere este estabelecer fundador faz dependero pro gress na rea da filasofia da informagio da capacidade dos seus investigadores identificarem, analisarem e-em éltmia andliseresolverem problemas especificose televantes na rca blemas rcos nas suas consequencias,definidos clara- mente ficeis de entendes, diflces de resolver mas and assim acesiveisinwestgacio. Voltaremos a este aspecto na kim seego do presente capitulo. De novo, 0 que & a filosfia da informagio? Definida, emboratentativamente, por Flori" flood inform

Você também pode gostar