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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
SEXTA CÂMARA CÍVEL
ACÓRDÃO
APELAÇÃO CÍVEL. ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR À
SAÚDE. PETROBRÁS. AUTOGESTÃO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. CANCELAMENTO EM RAZÃO
DE TER O BENEFICIÁRIO ALCAÇADO A IDADE LIMITE DE
DEPENDENTE. TRATAMENTO DE URGÊNCIA EM CURSO.
IMPOSSIBILIDADE DE CANCELAMENTO. PRECEDENTES
DO STJ. 1. Trata-se de recurso contra sentença que julgou
procedente o pedido, confirmando a antecipação da tutela
deferida, determinando a manutenção da condição de
beneficiária da autora da Assistência Multidisciplinar de Saúde
(AMS) até que encerrado o tratamento de seu filho. 2. Não
obstante a assistência de saúde seja concedida em razão do
contrato de trabalho, o mesmo não é matéria de discussão nos
presentes autos, o que afasta a competência da Justiça do
Trabalho. Precedentes STJ. Preliminar rejeitada. 3. A relação
trazida neste processo, embora envolva beneficiária de
assistência de saúde e entidade provedora desse benefício,
não é de consumo. Haja vista o fato de seus pacientes serem
restritos a certo grupo de empregados e ex empregados, não
se amoldam os serviços prestados na relação em tela ao
conceito encontrado no art. 3º, §2º, CDC, pois não oferecidos
ao mercado. 4. Contudo, estão incluídas na abrangência da Lei
nº 9.656/98 as entidades ou empresas que mantêm sistemas
de assistência à saúde, pela modalidade de autogestão ou de
administração, como é o caso dos autos, nos termos do art. 1º,
§ 2º da referida Lei. 5. Cinge-se a controvérsia em perquirir de
a autora possui o direito de se manter beneficiária da A.M.S.
como dependente de seu genitor após completar a idade limite
de 34 anos. 6. Regulamento que determina a perda da
qualidade de dependente quando o beneficiário completar 34
anos. Ciência da parte acerca da referida norma. 7. Contudo,
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que fizesse aniversário, tendo em vista que atingiria o limite de idade para
dependência no plano de saúde oferecido. Conta que está desempregada,
sendo dependente financeira de seu genitor e estava grávida quando da
propositura da ação, e o nascituro possui patologia que envolve riscos
aumentados de mortalidade no período neonatal, necessitando da continuidade
da cobertura do plano de saúde. Narra que tentou contratar outros planos de
saúde, contudo o prazo mínimo de carência nos casos de gravidez é de 300
dias. Em razão disso, pretende a tutela jurisdicional para compelir a parte ré a
reestabelecer o plano de saúde da autora como dependente, para que possa
ter o devido tratamento durante sua gravidez e o período neonatal necessário.
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É o relatório. Decido.
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Pois bem, toda e qualquer estipulação contratual deve ser norteada pelo
princípio da boa-fé objetiva, que se afere da observação da conduta ética entre
os contratantes.
Nesse sentido, podemos citar como exemplo o art. 423 do Código Civil,
o qual determina que quando houver no contrato de adesão cláusulas
ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável
ao aderente.
Infere-se que, ainda com mais razão nos contratos de adesão, as partes
devem ser devidamente informadas acerca das cláusulas contratuais, a fim de
resguardar a correta execução do contrato, de acordo com os princípios da
probidade e da boa fé, conforme determina o art. 422 do Código Civil.
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