Você está na página 1de 1

O Bicho Gente*

Longe, além das verdejantes colinas nórdicas do terceiro continente, sob a pacifica
luminosidade de um pós-ultimo crepúsculo, avista-se o que parece ser a ultima das
cabeças sobre a Terra.
Este... É o Bicho Gente, vagando em busca do alimento que agora já não é mais
precioso. Vivendo sozinho como sempre quis. Dono de tudo que está em sua vista,
pois agora já não restam comunidades e populações. Resta agora apenas ele. O centro
de tudo, o centro do seu universo (como sempre foi).
Por quanto tempo viverá? Por quanto tempo estará só? Será realmente o último? Ou
ainda existe algo humano a não ser pó?
Depois de tantos conflitos. Depois de tanto orgulho, chegou finalmente a tornar-se
a fama, a conquista... Pois agora já não mais existem os inimigos, assim como não
mais existem as amizades e as boas companhias também. Tudo que o motivou a viver,
já não habita mais aqui... Jaz.

E o “Tudo”... Tornou-se “Nada”.


E o nada agora sim faz sentido.
O mundo... Adquiriu mais segredos,
Pois agora é tumulo...
Tumulo daquele que passou despercebido pelo universo.

Tumulo de um bicho...
Que por futuros seres,
Será chamado de algo.
Será pré-histórico.
Será dinossauro.

Será talvez apenas imaginável,


Ou será estudado, posto em museus,
Amostra em residências.
E, sobretudo... Nada!
E sobrenada... Nada também!

E a última das cabeças sobre a terra, exausto de tanto andar, empanturrado de tanto
comer... Deitou-se ao alvorecer. E ali... Jaz o Bicho Gente.

Você também pode gostar