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NSUMBU

Nsumbu é cultuado no Candomblé Angola e Congo como Nkisi protetor


das pestes e doenças. É um Nkisi com forte ligação com a terra. É ligado as
plantações, caça e pesca por conta do seu poder protetor de afastar as
pestes e doenças desses locais, mais também pode condenar muitos povos
com doenças em suas vidas e pragas nas lavas.

No Candomblé Angola e Congo é bastante respeitado por adeptos e


simpatizantes. Popularmente é conhecido como o Senhor da Terra, e é
acreditado por uma vastidão de fieis e simpatizantes se tratar de uma
divindade, quando em vida, adquiriu doenças de pele. Por isso podemos
observar em algumas Jinzo (Casas) as suas vestimentas que cobre todo o
seu rosto e corpo. Justamente em forma de proteção para seus
descendentes e simpatizantes que busca em sua presença, as bênçãos de
curar determinas doenças que os afligem.

Nsumbu costuma usar em suas vestimentas folhas de rafia desfiadas e


secas, utiliza em mãos uma laça que mostra o seu caráter de caçador e
guerreiro. Mas podendo ser utilizado sua lança por múltiplas finalidades,
por conta de parte do Ngunzu estar contido no seu interior, com ativação
através de suas mãos e manuseio.

Com relação ao significado da palavra Nsumbu não encontramos uma


tradução coerente, mas pelo caráter do Nkisi e seus poder divino,
podemos traduzir como Terra Firme.

De acordo com nossas pesquisas, segundo MacGarffey faz referencia


sobre Nsumbu Nkita, ser um Nkisi que atua na cura de doenças graves, de
inchaço do corpo ou doenças de pele.

Segundo as nossas pesquisas na integra (COBANTU), registrado no Livro:


Costumes e Misterios do Candomblé Angola/Kongo, encontramos duas
palavras relacionada a Nsumbu, uma delas é; Sumbu, que entre os
Tchokwe se trata de uma mascara utilizada por Kimbanda na medicina; já
a outra palavra se trata de Sambo que se trata de um clã que significa
contagioso.
Para melhor compreendermos o parentesco das palavras Nsumbu, Sumbu
e Sambo, expomos o texto abaixo para que possamos chegar um melhor
entendimento sobre o Nkisi Nsumbu e suas diversidades através dos
povos que o cultua.

“Segundo as tradições Ovimbundu, em Kunyungambwa, na cabeceira do kinene,


Suku (Deus) colocou o primeiro homem na terra, “Feti”(do verbo Okufetika, que
significa começar) que era caçador de elefantes e antílopes e que andava sempre
acompanhado de cães. Feti não tinha mulheres e um dia, caçando perto de uma
lagoa do Kunene, ouviu uma melodia que vinha do rio. Aproximou-se e viu um
ser, que lhe era semelhante, emergindo da agua. Subitamente se apaixonou,
tomou esse ser e deu-lhe o nome de “Tchyoya”(Perfeição, Adorno). Passado o
tempo, os dois tiveram quatro filhos a quem deram os nomes de: Nhalangi (nome
daquela Região); “Vihé”, uma mulher que fundou o reino do “Bié”, Ngola, que
foi para Luanda e fundou o reino de “Ndongo”, e Ndumba que ficou no
Ngalangi. De Ngalangi descendem os povos de Wambu, sambo e Kwima. Dos
Wambu nasceram os Kyaka. Os Wambu vieram do Norte, comandados por
Wambu Kalunga , por motivo de desentendimento com o Rei Ngola Ambanda,
irmão da rainha Jinga (Rainha de Matamba), o qual não aceitava o hábito de
wambu Kalunga comer carne humana, principalmente de crianças. Os Wambu
encontraram na região os Ngangela que os fizeram recuar até o Kubangu (Rio),
enquanto que os Sambo fixaram-se principalmente em Kambundu e depois na
Região chamada Sambo, entre o Rio Kunene e Kubangu, próximo a nova Lisboa.
O chefe dos Sambo chamava-se “Epalanka”, era aparentado do rei Bailundu, e
teve uma filha considerada a fundadora do Estado. Epalanka, muito poderoso,
quis derrubar Bailundu para se apoderar do trono, e para esse feito adotou o
nome da Clã Sambo (Contagioso). Foi então Sambo a batalha, na qual foi
derrotado, pois os Bailundu pegavam em armas e tinham conhecimentos da
forja. Após a guerra, sambo morreu em Ngarendje e os seus filhos, perseguidos
pelos Vambailundu, foram obrigados a abandonar a região e instalar-se no
reinado de Kandumbu, irmão de Wambu. Os filhos de Sambo chamavam-se
Tchivambo, Kambo, Tchingolo, Nambaka, Kajombe, Tchindemba e Alemba (Uma
Rapariga) e misturou-se aos súditos de Kamdumbu, que eram da mesma família
de Ngalangi. Quando surgiu uma epidemia de varíola, foram obrigados a
atravessar o Kwando e chegaram na sede do reinado Tchimbandja, região dos
Nyemba, que eram olheiros e viviam no cume das colinas. Reclamaram o
parentesco com o chefe Sambo, obrigando os nyemba a descer e instalar-se na
colina. Alemba foi entronizada Rainha da Região. Como pudemos ver, o reinado
“Sambo”(Contagioso) não foi duradouro, talvez por essa razão saibamos tão
pouco a respeito dele. Chega-se a pensar que o Clã Contagioso, pudesse ter vindo
de outras etnias que não fossem Bantu e adotado por nós em culto, pois nos
baseamos em contos de tradição Jeje/Nagô, e isso atrapalharam muito a
localização do Clã. Outro motivo foi a adaptação do Clã Contagioso para o dos
Caçadores. Além de “Sambo”, o Clã Contagioso, aparece também, em Nana
Kandundo, o Clã Contagioso Kavungo, localizado entre os rios Zambembe,
Luatxe e Luvua, e entre os Luenas do grupo étnico “Lunda-Quioco”. Acreditamos
que o contato entre os grupos Sambos e Quiocos levaram até os Luenas o Clã
Contagioso, pelo menos é isso que mostram as evidencias na divisão de grupos
étnicos. Os Luenas praticam uma cerâmica artística negra e polida, com vivos
traços da Congolesa, e sua habilidade em confeccionar mascaras é fundamental
para seus bailarinos mascarados. É tido como o povo mais alegre de Angola,
verdadeiros gozadores da vida em todas as formas por que entendem que ela é
digna de ser vivida. Será esse o motivo que nossos velhos diziam: “Kavungo
Sinavuru”(Kavungo, Felicidade). O reinado Kavungo também não foi
duradouro, um inimigo mais poderoso instalou-se na região por volta de 1891,
onde hoje existe um tempo missionário com o nome Kavungo, do Clã
Contagioso”(COBANTU).

Como podemos ver no texto acima, é bastante coerente com base no que
conhecemos sobre Nsumbu. Existe um cântico a essa divindade muito
entoada nos Candomblés Angola e Congo que engloba tanto a origem
como Nkita e com o seu Clã Sambo.

O cântico é:

Nsumbu ê, ê Nsumbu Nangê (bis)

Nsumbu Sambo kwenda, ê Lemba Dilê

Komaio ke nfita Nkita, komaio ke Sambo kwenda.

Esse cântico pode-se ser escutado em muitas Jinzo (Casas), e de acordo


como o Kambondo aprendeu a cantar, pode conter palavras diferentes
com uma fonética similares.

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