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O curioso Templário Xim Khaxios...
Extraído da Biblioteca do Terror de Athas, Rei de todo o Mundo, O Rei Dragão, tirano
do Mar de Areia, sua Majestade Imortal, Deus na Terra, Borys de Ebe.
Biblioteca 13, Galeria 7, Estante 45, Manuscrito 66.402 na ordem das histórias.
Tradução da Antiga língua da Cidade de Ebe. Anexo das histórias que aconteceram na Torre
Prístina no 176º Ano‐Rei.
Estudo realizado pelo Escriba Real, responsável pelos manuscritos ancestrais, guardião
da sabedoria, maestro da história do mundo Xim Khaxios, Alto Templário na ordem do
Senhor Vizir.
Começo esta tradução para juntar informação sobre os feitos acontecidos no 176º Ano‐
Rei, feitos que mudaram a história e o destino de Athas. Estudando antigos manuscritos,
iguais a antiguíssimos “livros encadernados” do diário pessoal de um dos estudantes do
Nosso Senhor, e o que aconteceu nos últimos momentos antes de acabar com Rajaat (tratarei
de encontrar mais informações sobre esta pessoa, embora seja um dos primeiros manuscritos
onde encontro referência a tal nome, ao menos nos manuscritos em que tenho permissão para
estudar).
Estudos mágicos realizados sobre o tema têm me feito suspeitar do poder do nosso
Senhor e como ele o obteve. É meu dever adiantar esses feitos para um posterior estudo de
partes mais leigas.
Com o que pude averiguar, ponho por escrito algumas linhas que descobri dos antigos
hieróglifos utilizados na antiguidade como a magia utilizada para me ajudar com estas
necessidades.
Assim comentava seu estudante em seu diário pessoal, e me surpreende a forma em
que escrevia, como se contasse uma história. Suponho que na antiguidade se utilizava tal
estilo. Mas para não mudar a tradução, deixarei os escritos como os encontrei.
...
O discípulo Kussio de Loctar cogita...
“Meu Senhor está a ponto de se tornar o ser mais poderoso de Athas, seu
conhecimento e seu poder são incomensuráveis e eu sendo seu mais fiel discípulo receberei
parte deste poder em conhecimento.
Segundo me disse meu Senhor, seu mestre está louco e já deixará que ele suba no
pedestal e atue como senhor único desta região. Seus súditos leais serão recompensados de
forma inimaginável, e eu, Kussio de Loctar serei mais poderoso ainda.
Borys divaga...
O tempo de minha ascensão está próximo. Serei Todo‐poderoso e nada poderá me vencer.
Nibenay já preparou a prisão para Rajaat e o resto dos que se uniram tem contribuído sobremaneira.
Maldito seja o mestre, que em nenhum momento pensou em deixar o mundo para nós mesmos. Queria
ele voltar à antiga Era azul, aconteça o que acontecer, e logo destruir os humanos e a nós também!!!
Inaceitável.
Os preparativos arcanos estavam sendo realizados na cúpula da Torre. A prisão para Rajaat
estava criada. Ele seria preso separadamente, corpo e alma em lugares inalcançáveis. Seu corpo estaria
no vazio, o recente semiplano criado por Nibenay, e sua alma seria aprisionada e mantida com o poder
da mente, assim eles dariam um passo a mais para se transformarem em deuses.
No estúdio de Borys...
Uma mão rápida se levantava e baixava sobre uma folha de papiro. A tinta deixava seu
rastro no papel, pela mão que a guiava. Em um momento, a mão se retirou da pena, mas esta
continuou escrevendo como se ainda estivesse sustentada por uma força física.
A pessoa sentada no quarto repousava sobre uma cadeira com um alto assento, toda
trabalhada em madeira negra, acolchoada com seda vermelha. A mesa de mármore branco
fazia contraste com a cadeira, mas não com o quarto. As paredes pareciam feitas de uma
substância porosa como o resto da torre, que parecia crescer da terra e lançar‐se por cima das
nuvens do céu. As estantes cheias de livros e manuscritos de sabedoria arcana estavam livres
do pó. Outra mesa posta no flanco da sala e contra a parede perto da porta, continha
produtos alquímicos de origem diversa.
A poderosa mente que estava no quarto estava trabalhando como se fora duas. As
energias que se empregavam ali não tinham comparação alguma, salvo talvez com a de seu
mestre e talvez com as de seus outros congêneres.
Borys divaga...
Os preparativos já estavam a ponto de se completar e a nova fase a leva‐los‐ia a um novo
estágio, uma nova fonte de poder.
No estúdio de Borys...
Um som abafado chegou no quarto. Alguém batia na porta.
Borys pensa...
Maldito seja o que bate na porta neste momento, maldito por ter desviado meus pensamentos e
minha concentração.
Kussio de Loctar...
Mestre, os preparativos estão completos, os outros o estão esperando, e pedem que se apresse,
pois parece que Rajaat está tentando se libertar.
Borys...
Em um momento discípulo.
Uma voz profunda e clara chegou até os ouvidos, uma voz que não aceitava comandos
de ninguém.
Kussio de Loctar pensa...
Um erro, um terrível equívoco ter me dirigido assim a meu mestre. A culpa foi da ansiedade, e o
momento, o menos propício para incomodá‐lo. Pelo tom de voz que escutou sabia que havia o enojado.
Anos estudando sobre a sua tutela, e ele já tinha conhecido cada um dos momentos, cada coisa que
poderia molestá‐lo, e este foi um desses momentos.
A porta se abriu e na penumbra do quarto se viam duas pedras amarelas que eram os
olhos de seu mestre. Sua calva cabeça sustentava uns poucos cabelos na nuca, escorridos e
pretos. A túnica mesclada de preto e vermelho com bordados em prata e ouro formavam
estranhos arabescos. Um som! Passos que avançavam, e ele se levantava.
Borys...
Querido discípulo!
A voz potente como se vomitando veneno a cada palavra, penetrava no centro da sua
mente, como duas folhas de metal afiado e quente, em um forno de fundição.
Pena que me incomode neste momento, não haveria problema se viesse pessoalmente. Um
sorriso sarcástico, carregado de malevolência, mas que já me pedia para que me afastasse.
Assim que Kussio se retirou. Uma gargalhada macabra saiu da boca se seu mestre.
Um terrível e último engano. Uma força intangível, mas muito real se abateu sobre
Kussio. Ele começou a botar sangue pela boca, ouvidos e olhos. Sentiu o estalar de seus ossos
como galhos quebrando de dentro do seu corpo. Imediatamente o corpo explodiu em chamas
como se tivesse sobre combustão interna, que logo o envolveu de dentro para fora. Os últimos
gritos de agonia ressoaram em todo o local, se estendendo ao redor da torre.
As novas raças que deram origem a esta penúria, e algumas das criaturas que
perambulavam por perto, escutaram o grito lastimoso. Sem demora voltaram sua atenção em
outras coisas quando o silêncio voltou a reinar no lugar. Só o ruído do vento e das plantas
movidas pelo vento era escutado.
Sem olhar sequer por um minuto seu discípulo, começou a subir as escadas. Escadas
feitas para pés pequenos, precisamente para pés de halflings. Deteve‐se um momento,
pensando no que estava fazendo. Não tinha que subir as escadas para chegar ao alto da torre!
Um espasmo passou pela sua mente e seu corpo começou a se separar dos degraus onde
estava pisando. Começou a ampliar a velocidade à medida que subia.
Borys...
Já estou aqui companheiros! – Disse. Comecemos o encantamento.
Os presentes olharam para a janela escura da cúpula da torre, onde o poder do sol
ampliava os poderes da lente. Havia uns poucos dias que tinham conseguido terminar a
rebelião contra o seu antigo mestre Rajaat, o pai da magia. Haviam ainda obtido o mais
poderoso encantamento que poderiam ter sonhado, convertendo‐se nos primeiros Deuses de
Athas. Assim lhes havia dito Rajaat, e assim seria.
Ali, reunidos, estavam os campeões de Rajaat, aqueles que haviam lutado contra cada
uma das raças que seu mestre havia pedido que se exterminasse. Estava Kalak, condenador
de Ogros, o segundo dos campeões, Dregoth ruína dos gigantes, o terceiro. Manu de Deche
incinerador de Trolls. Uyness de Waverly perdição dos Orcs. Nibenay ruína dos Gnomos,
Sielba destruidora de Pterrans, Tectuktitlay aniquilador de Wemics, Keltis pesadelo dos
Homens Lagartos, Lalali‐Puy, condenadora dos Aarakocras. Daskinor a morte escura dos
goblins, Kalid‐Ma assassino de Taris e ele, Boris de Ebe, aniquilador de Anões. Todos se
uniram na rebelião contra Rajaat e agora ele, como líder da rebelião, seria encarregado de
manter eternamente seu mestre em sua prisão.
Só duas vezes em toda a história de Athas se tinham utilizado tantas fontes de magia; a
primeira foi quando se criou a torre Prístina para se acabar com a maré marrom que se
espalhava pelo mundo. A segunda vez que se utilizou a energia do sol sobreveio o
nascimento de todas as novas raças. Agora, a terceira vez era pra dar nascimento a uns novos
seres; poderosos como nenhum outro, e ampliados com o poder da lente escura, poder que
unia às energias mágicas as energias psíquicas, usando a torre como o foco de confluência
dessas energias.
O sol, assim era o sol antigamente, amarelo, com raios cristalinos e um calor
suportável. E antes fora azul brilhante e frio. Milênios passaram para a mudança do sol, e
milênios depois voltava a mudar. Em toda Athas se viu a mudança, uma mudança terrível e
horrorosa, uma mudança que afetaria a todos os seus habitantes e mudaria o destino de
Athas. Vermelho como o sangue, com raios como adagas de fogo, o Sol carmesim, o Sol
Escuro.
Na distante Torre Prístina, doze figuras estavam no alto, e uma delas no centro do
círculo formado por todos os outros. Todos olhavam para o alto observando o preço que
teriam que pagar pelo seu poder. Preço que seria pago por todos os habitantes do mundo,
preço que estavam dispostos a pagar.
Suas aparências mudaram ligeiramente. Algumas escamas cresceram‐lhes nas costas e
o pescoço se engrossou um pouco. Cresceram em estatura e em peso. Mas não era ainda
poder suficiente, disso já haviam se dado conta. Perceberam em que estavam metidos, não
havia mais volta, e mesmo assim ainda estava muito distante de terminar.
Mas, lamentavelmente, também se deram conta que, com tal poder, não podiam
esperar manter Rajaat em sua prisão. Assim foi que decidiram utilizar a lente escura
novamente, mas desta vez para terminar de uma vez por todas este caminho que tomaram.
As energias que ainda convergiam no lugar, eram suficientes para o que iriam fazer, e
foi ele, Borys de Ebe, o destinatário de tal poder. Teriam que elevar um dos Campeões ao
estado máximo. Teriam que convertê‐lo em Dragão.
Horas inteiras foram gastas na transformação. Gritos de agonia que viajavam milhas
em todas as direções, arrancados de uma boca humana que foi se modificando, para soltar o
rugido das vozes dracônicas. A enorme criatura em que se converteu Borys ocupava quase
todo o lugar. Seus doze metros de altura e suas asas de quase 25 metros de envergadura eram
poderosas e se agitavam com os espasmos da dor. Todos sentiram medo ao ver no que
poderiam se transformar. Todos temeram quando viram os loucos olhos de seu líder, o chefe
da rebelião.
Todos fugiram por suas vidas, com todos os meios que dispunham. Fugiram da
selvageria que se apoderou de Borys, uma loucura sem igual, uma fúria desatada, um terror
de destruição.
Os Dragões haviam nascido, o mundo mudou e o sol se transformou. A vida se
continuar, será de luta em luta, sempre com a sobrevivência do mais forte. Incontáveis anos
se passaram para os pobres mortais que tiveram que passar os primeiros cem anos com o
terror assustando toda uma região. Uma criatura predadora de apetite insaciável se servia em
todos os lugares, onde um resquício de vida tentava resistir. Cidades foram erguidas, novos
tiranos começaram a governá‐las. Eram seus salvadores, seus reis. Possuidores de um poder
inigualável, e com uma maldade que nascia do mais profundo espaço de seus corações.
Entretanto mesmo maus, eram fortes e poderosos, e só isso importa para se poder seguir
vivendo.”
...
O ganancioso Templário Xim Khaxios...
Hum! Interessante! Ainda que jogue mais sombra que luz no tema, devo seguir investigando.
Acabei descobrindo algo que sem dúvida vale ouro.
Pensamentos de riquezas, pensamentos de benefícios e pensamentos de templários.
Xim, se encontrava sentado numa cadeira, estudando o manuscrito sobre uma luz de
lamparina à óleo. Nada rondava a biblioteca. Ele era o único que poderia dar permissão para
entrar alguém de cargo inferior, e havia poucos cargos superiores ao dele. A passagem central
estava iluminada com tochas que ardiam permanentemente com fogo mágico. Nunca se
extinguiam e nunca colocavam fogo às incontáveis obras do lugar.
Uma leve corrente de ar, uma brisa fresca, lhe chegou a cara.
Xim Khaxios...
Esquisito! – Pensou. As portas estão fechadas e não há janelas no lugar.
Lentamente foi se aproximando uma sombra que se instalava nos seus ombros. O
horror, o terror e o medo fizeram pouco de sua pobre mente. O ataque já havia começado.
Uma enorme garra com um metro e meio, agarrou seu corpo. A garra apareceu do nada, mas
havia agora uma porta. Uma porta mágica, e dali chegava a brisa.
Um fugaz momento de terror e de curta claridade. A claridade do dia, como os
draxanos viam sua cidade, a cidade do Dragão, e ele, Xim Khaxios, se encontrava no mesmo
Sancta sanctorum do Dragão. Borys de Ebe, seu Rei, seu Deus, lhe havia concedido uma
entrevista privada. Uma terrível confusão, assim como os últimos momentos de Kussio.
Borys fala...
Tem metido o seu nariz em algo que não te importa, pequeno verme de biblioteca. Tem
procurado ver mais além do que eu permito ver. É meu Xim!
A garra fez mais pressão sobre o corpo. O som das costelas se quebrando e um grito de
agonia podia ser ouvido. A dor, à nada se comparava. Uma dor que ia aumentando por meio
da psique do Dragão. Uma dor ampliada em mil vezes o normal. A mente já fragmentada
pela dor começou a se liquidificar e escorrer pelas fossas nasais. A sua última visão foi de
uma enorme bola de pura obsidiana, perfeita, de cinco metros de diâmetro. A dor passava e
com ela o pensamento racional também se esvaía. Um vegetal em seu próprio corpo, a alma
tentando se desprender.
Entretanto não havia descanso. Sua alma golpeada clamava por deixar seu corpo, mas
não deixariam. Sua mente, ou o que restava dela, ainda estava viva, mas não muito. Um
terreno plano e com lava, com forma difusa e a presença “Dele” eram as únicas coisas claras.
Pensava se tal coisa era possível. Malevolência, virulência, ódio, dor, sofrimento, tudo isso ele
prometia pelo resto de sua vida. Pelo resto da vida da sua alma. Umas enormes fendas se
abriram e cresceram e continuaram crescendo, até se fazer grande, quinze, cinqüenta,
trezentos metros de altura. Sua alma foi trazida, aonde, não se sabia. Não estava no solo, mas
os gritos, de incontáveis almas presas, com o descanso sendo negado, sendo castigadas, por
toda a eternidade, simplesmente por terem sido curiosas.
O Corpo jazia no piso. O campo verde, árvores, o cantar das aves. O Dragão se sentava
no seu trono, observando a esfera escura, em total concentração para cuidar que alguém não
escapasse...
Autor: Carandor ‐ Javier Delfino ‐ Córdoba Argentina ‐ carandor@gmail.com
Tradução do Espanhol para Português: Ignorado* (Se foi você que traduziu esse arquivo escreva‐nos.)
Revisão: Fabrício M. Lopes