Para os marinheiros de primeira viagem, a gigantesca onda que adentrou na costa

global pode ter deixado cicatrizes bastante profundas.

Na verdade, algumas ondas surpreendem até os navegantes mais experientes, aqueles

que costumeiramente conseguem antecipar movimentos bruscos só pela temperatura do
mercado.

Ante tudo isso, vale colocarmos algumas lições que marés como essas podem trazer.
Alguma delas certamente você já absorveu ou está no processo.

1. Não fique tentando achar o que seria o fundo do vale

Num cenário de elevada volatilidade, tente evitar pensamentos como “agora é

diferente”; “não tem como cair mais do que isso”.

Se algum investidor entrou no mercado muito próximo do que teria sido o vale (o
bottom), é muito provável que tenha sido sorte. Provavelmente estava apenas usando
a estratégia buy the dip.

Mais importante do que acertar a mosca, é conseguir enxergar a mosca.

Não há nada de errado em entrar/voltar para o mercado depois que as coisas

acalmarem e os ativos voltarem a se valorizar. Você não tem obrigação de pegar o
próximo Bull Market desde o início.

Claro, ganhar mais é sempre melhor, mas você não está competindo com ninguém. Tente
não ficar comparando seus resultados com os seus pares.

2. Procure manter um plano de voo

Ok, você tomou o seu primeiro ou o seu maior drawdown, mas não vai ficar esperando
o próximo para traçar uma rota de fuga, certo?

Uma das formas de facilitar sua vida é adotar alocação de investimento com base em
metas e com regras bem definidas.

3. Não subestime o poder do governo no meio do caos

O mercado financeiro não é um segmento apartado da sociedade. Ele reflete e

antecipa bastante os movimentos das economias e os governos estão sempre
monitorando, principalmente em momentos de crise.

Preste atenção nas medidas por parte das autoridades, como as monetárias ou fiscais
do mundo todo. Eles costumam indicar os passos pelos quais o próximo Bull Market
será erguido e são bastante sensíveis aos “feedbacks” que os mercados dão por meio
dos preços.

4. Mais do que nunca, cuidado com seus vieses

É no meio do cenário adverso que corremos o risco de tomar as atitudes mais

irracionais. Os vieses cognitivos aparecem mesmo sem perceber.

“Acho que aquela empresa vai sair da crise primeiro”, você pode pensar, mas de
repente só porque conhece mais ou gosta mais daquela empresa ou setor. O viés de
confirmação, por exemplo, vai procurar razões que confirmem uma ideia, podendo
ignorar fatores que caminhem na direção oposta.
5. O mercado pode ficar mais tempo irracional do que você líquido

A sua tese de investimento pode até estar correta. Tal ativo pode estar claramente
subvalorizado ou então uma análise técnica sugerindo fortemente a compra, mas é
importante lembrar que o mercado não tem obrigação nenhuma em confirmar a sua
análise, ao menos no curto prazo.

Portanto, cuidado com alavancagens em momentos de elevada volatilidade. Normalmente

investidores que buscam valor, os value investors, sabem lidar melhor com essa
situação.

6. Hora de reavaliar o seu perfil de risco

É importante avaliar o seu perfil de risco ante todo essa mudança de cenário. Os
mercados são voláteis, o seu perfil não deveria ser. Entender a sua etapa de vida e
objetivos pessoais devem se sobressair frente a promessas de retornos fáceis.

Inclusive, nós temos um teste de perfil gratuito no nosso site, é só clicar aqui e
descobrir qual é o seu.

Não há nada de errado em se descobrir um investidor mais “conservador”.

Por outro lado, caso você tenha descoberto um certo apetite ao risco mesmo no meio
de uma turbulência, não se furte de trabalhar com ativos para aumentar o seu
controle. Até pilotos de Fórmula 1 utilizam seguro.

7. Busque aprender com suas perdas

Por fim, não é possível que você passe por um bear market sem aprender nada. Quão
diversificada estava sua carteira? O que poderia ter feito de diferente? A seleção
daquele fundo de investimento foi baseada nos melhores parâmetros?

Quais outros mercados poderiam ter sido acessados? Eu realmente conhecia aquele
ativo em que investi? Hora de estudar mais estratégias?

"Ah, mas esse choque é diferente, ninguém teria antecipado”, ok, mas você já buscou
estudar esses movimentos chamados de “Cisnes Negros”?

Não é a primeira e nem a última vez que o mercado apresenta quedas bruscas por
fenômenos inesperados.

Agora é com você!

Bastante informação para digerir, certo? Pois é, mas faz parte da evolução do seu
perfil como investidor.

Aproveite esse período de quarentena para consumir o máximo possível de informação

e bons conteúdos que estão sendo produzidos e divulgados. Até os maiores
investidores estão aprendendo algo com toda essa turbulência e não tem porque você
passar em branco.

Abraços e bons investimentos

Arthur Lula Mota

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