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caDERNOS DE TEATRO
Publicação de "O TABLADO" soh o
patrocínio do I nstituto Brasileiro de
Educação, Ciência e Cultura
( IBECC )
Av. Lineu de Paula Machado, 795
Jardim Bot ânico Distrito Federal
Diretor responsável:
Maria Cla ra Machado
Redutores:
\' era Pedrosa
Rubens Corrêa
Maria T ereza Vergas
Sonia Cavalcanti
Vânia Leão Teixeira
J ulia Pena da Rocha
Secretária:
Wanda T orres
Tesoureira:
Eddy Rezende
Composição:
Anna Letvcia

Colaboram neste número
Kalrna Murtinho
Cu rlos Augusto Mem

.
..
,


PHOBLE:\IAS

"O ctun-o«. dis ciplina in tcrun .

S em p rc que Ulll gnlj>O teatral l' formado, a neccssidudc ct c proteger i}


exercício das fun~'iies n['1e cxcrci dus, faz com que seja obr iuatru-iu a cr ía-
~'iio de urna disciplina i n tcrna. Tem esta disciplina uma rela ção dircta
COIII a es ta b el e c i d a nos teatros pr-of'ixxion a ix ? Não, claro que não, apesar
rlc quo ruuitus de suas disposiçlles são similares e sua observa çâo, inelu-
l úvui . () que as torna diferenll's é a sua gcsta~'iio, e a plena :l e ei ta c::iio d e
seus rcgulamentos POI' cada um de seus componentes.
Se UIII atol' profissional viola nma disposl çâo. tornu-xe credor de um a
multn : se um nu-mhro de Ulll grupo unuulor faz o mesmo, transgride uma
lei e tem, COIllO único castigo, o fato de solapa!' a segurança da 01"
ganjza~:iio no mcio da qual ['Ie v i ve. Paru um, a lei é imposta; para outro,
procurada e aceita, Vejnmos Ulll exemplo nrútlco , Vamos supor que exis-
tis se urun multa puru os atores profissionais que, durante a rcprexc n tu çâo ,
dissessem ('Ill \ 'OZ baixa coisas alheias ao texto , ou lW!'a ns que int('ITOIIi-
tH'ssem sua irlent ifiru çâo com a personagem com frases turulmcnte cru
desuc ôrr!o ('0111 estu persounuern ou mesmo atentatórias ú r-cu li dudc teatral.
Aceitemos esta hipótese. Pois hcm ; o atol' que violasse esta d is poxi çii o l'
se (Ol'nasse crvdor d(' uma multu, receber-ia diferentes qualifieativos (k
seus colegas. Se fósse dcscoherto. seria considerado um /;ó!Jo l, Ulll inex-
periente . Se cometesse a mexruu falta sem ser surpreendido, seria um
:1101' CUIll muita prút icu l' muitn t ari mha, capaz de pcrmunccer "sôbre ()
jJa p d " , entrando e saindo n êl« com facilidade, como se a personagem niio
jlassassc disso, fôsse apenas uma roupa de papel.
:\ ohscrvuçâo df'ste exemplo nos conduz a uma descoberta básícu : a dis-
c i ptinu de Ulll grupo procede dl' uma necessidade de orrlcm para o tru -
halho criado)' do atol' c puru a eriu çâo colet i va do cspet úculo . Xumu cm -
pr ba comercial, a d isc i pl i nu protege uma ordem apenas de superfície. A
prova disto é que sua ulteru çâo é Ircqü c nto quando outros n lerêsses estão
í

c-m jilgo. Dêst« modo, o pt-i mei ro atol' da companhia, o cmpres úr io ou o


protegido adquirem p r iv il úg iox que conspiram con tru esta ordem pa ru
violcnt ú-Ia .
As fôr~'as d(' coes ão de um grupo amador e as de lima com pauh!u eo-
mcrcial siio totulmcntc diferentes. Seus processos de dcsen volv lmcnto siio
tie dentro para Ioru, no pri mci ro, e, no segundo, em sentido inverso,
Uma vez que jú Iicou demonstrada a ru-cesxidud« de disciplina no seio
de ;oI U grupo de teatro amador, podemos cstudar agora sua d i rc çáo e seu
rim. Existe, d entro de qualquer gl'UpO, uma orgun izu ç âo haseudu nas f'un-
<,J les qut . siio excrcirlas indistintamente por membros com qualidades paru
tais. Xuun-almentc h á memhros que desempenham succssivamente. De-
ve-sc, pois, proteger (' c r iur uma forma de autoridade inercnte a cada
um a destas Iun ç ôt-x, de modo que scjum i n dc pcn den tcs do prestigio ou
rÔI'l:a pcssoul d e qu em as e xer çu , Dêst« modo se assl'gurarú maior cflcúcla
na o lna a1'lístiea colct i vu. independente dos i n d iv íduos .
Xum grupo onde os ntorcs dcscmpcnluuu tôrlus as rUnÇÜl'S acess órlns ,
lS\O é ainda mais importante. Esta ex pcri êuciu é sempre hc néficn pois .»
atol', dêsl(' modo, se scn ir ú mais identificado eom o teatro em sua totu -
í

ü d a d c , e o l'sp('('lado)' sc sen tir á rccehido numu casa cúlida e humana ,


l ~ c la r o que, numu cx per iênc i« eomo «stu. encontraremos sempre ateres
que carecem de UIlIH suficicute humildade e amor para exercer outras ali -
vid ades alérn das especificamcnte cénicas. São sêrcs cuja cupuc idud e de
»m o r e de entrega é limilada e que não aprenderam a amar o teatro.
Amam-se a si-rncsruos . São ateres que amam únicamcnte suas pcrsonu -
gens, ou ao pr óprio nome na distribuição dos papéis, ou as roupas l' os
ohjetos que utilizam. Evidentemente, podem evoluir; mas, se ficarem
cstac ionudos nessa Iase, podem prcjud icur o desenvolvimento do grupo.
~: IJI'I'ei~o, por conseguinte, que cx istum dois ou três pontos básicos
par;; usscgurur uma sólida disciplina teatral.
O primci ro se retere ao principio de Autoridade, clemcntal em qualquer
orgun izu çào , Deve ser forte, I', se f'ôr p reri so. no inicio, quase ditatorial .
:.;ã o os per íodos crí i cos . Não h ú a menor dúv irlu de que comete sério
í

.-ri rnc quem trutur de prejudicai' lal criterio . :\ obcd iêuciu rúpida e sem
discussão é normn de solidariedade puru com a ohru colctivu , Clm'o que
ludo isto se refc rc ao comportamento de seus mcmhros . 1\a criação
art íst ica, o sentido de obcd iência mudu . O atol' deve conmrccnucr li qur-
o dill-tor quer, mas é d isvul íve que rcul ize tul eomo êle o quer ou eom
suas mesmas Formas de ex pressão. .
Forte principio de autoridade, pois, é uma das hase» da disciplina.
Outros pontos m portuntes se referem ii d isf r i hu i çào das rl1n~'ües com
í

plena rexponsuhif idudc. Esta ciixtrihui çâo do trabalho al'\i ';Ii,'o 01. do que
tev.: :1 Gle permite uma orgauiza~~ão uu-lhor. Enquanto não se chegar a
{'Stl' ponto, a vida colctivu Iicarú prejudicada pela ucumulu ção de tarefas
sóhrc certos clcmentos.
I:: nccess úr io garantir, além disso, o desempenho totalmente responsável
de cada Iun çâo . :'\0 momento de sua utivi dudt-, cada elemento artístico {,
totalmente IÍ\Te e plenamente responsável pela tarefa que lhe foi atri-
nu ída . Súlida uutorirlndc. distrihuição de fun ções e lihcrdad e responsável
110 cxervic io das mesmas são alguns dos pontos essenciais d e uma orgn-
nlzaç:io disciplinada.
:'\a vi du teatral ex istcru dois momcn tos importantes na cr iu ção de UUI
c.spi'láeulo. São o cusaio e a rcp rcscntu ção prõ pi -iamcntu dita . A discipli -
na iniciada cm um desemboca no outro. Deve-se, POI' conseguinte, COl1 -
trolur a assistência c pontualidade aos cu sulos I' seu total cumprimento.
A imp ontuulidadc traz uma certa dcsot-ieutu ção I' parece resultar de uma
rlc s ' a lo r iza ç ã o ou esquecimento do ternpo dos outros, pois faz com qu e
êstcs o gastclll inútilmente.
Em rcsumo : as faltas eometidas Ircqücutementc são as que se devem
evi tur. c além disso, a disciplina se baseia em u çõcs positivas. Por
exc-mulo :
Assistênciu rigorosa a todo ensaio marcado,
Pon luali dadc ahsoluta.
Heal izu çâo plena do ensaio. Evi tur repetir sem csf'ôr ço criador qual -
quer pula vru ou movimento indicados. Um truhalho de má vontade pre-
judica os alorcs que cnsuiurn de coração c prejudica a forma ção do grupo,
Alcnção ao cnsaio, sem romentúr iox nem distru çõcs .
:'\ão trazei' preocupações alheias ao própr-io ensaio.
:,\:io contralr com prom issos que possam prejudicar a trnnqü il idade do
tempo de ensaio.
;\;10 r-nsn inr cru condi ções pouco adcquudus, ou que atrapalhem a lihcr-
dadc de expressão (cuusu ço físico, roupas i ncômodas ou luxuosas),
. :,io utilizar os' ensaios como ex i hi çâo , convidando amigos que v iolcn -
tum, sem querer, o pudor íntimo da procura que êst c s ensaios sign ificum .
f:sle comoortumcnto nos ensaios. cujo cumprimento, além de outrus
c x igênc ius. asscguru uma disciplina interuu, prepara o comportumcn to dos
a to rr.s para o momento da r cnrcscntu ção . Aqui se produz a cristalização
de lodos os trabalhos com a presen ça do púhlir-o, ansioso pelo milagre.
A sr-ver -idade da disciplina deve alcan çar seu grau múx imo EO momento
da rcprcscntu ção . Xadu deve perturbar a cr iu çâo do atol' no palco, nem
a marcha do dcscnvolv imcn to teatral . Entre vúrius coisas a obscrvur,
lemos:
x ) () dirctur d e c en a t.~ a maior a u to ri da de e xuux o r de ns diri g em o
(·s p.' lac ul0 d u r a n te a r cpres cn tu rú o .
x ) A o bc d iõ nc in r úp i du a o s r uspon s áv c is pela s diferent e s fun ç õe s a s -
, I'gl;I'a um m áx i nro d e efici(~ncia ,
x ) O xi l ên c i o durant e a r epn' senta ~'Í1o é hus c d e dis ciplina ,
x ) Ca da a to l' d e\' e ch e gai' co rn t empo s u fic ie n te p ara nsp ccl ouur lud o
í

. rq u i!o qu e t r-nh a r cl u çüo CO III SUa pe rso nu ge m, ( ro u p as, o h ie tos) . Prcp u-


r ur ú, ('111 seguida, s u u ( 'il rac lc r i za~'ão ex terio r c int eri or, de 1I1an cira :l
,'o l, seg u i r Ulll est u do pr é-c (~ni c o id e al, ~: st e v.n -lur ú d e ac tlrd o co m :1
' lif il'.u ld
,
a d l' d a IH' ç a o u d o pu pr-l , m us um a h 01":1 deve se r o mínimo n u-
<'essa I IO.
x ) Os enl'a l'l'cgados dc o utras tar ef a s (pon to, c l c ) suo colu borndorc..; '
que 1I Í1 0 s u bsí ituirú o a prc o cup urú o d irct u do u to r p OJ' êsses aspecto s
rx i. I iorcs d a const ruc üo d c s uu IJl'rs on a g cm , so me n te o ujudarú .
X) As p al u vru s o u g l'S tOS a l lu-i o s ú vid a d o p ers on a g em, ' d U1":1l11e a 1' ( ' -
prcsc n tu çâo sÍlo !wt':lI los ca p il a ix. IIH'SIllO n ào sendo v is tos ou o u v idos d o
público,
x ) X o s bast i dorus, UIII coru portume u to que Iut crrv-n rn u a urcpnru çuo -
da rc a lida de d rur u út i cu , tamb ém é um u falt a g ra "e , •

x ) T ód u :1I:Í10 q ue p o s s a p rc j u d icur UIII co mpa n he iro, o u qu alqu e r falt :1


de ::j Ull:i l' alenta lúr ia ú ITia~':lo da pc çu .
:\ esta d iscip lina nos eu su io» I' na distrihuiçúo das tarefas, 'dl' \'l'-s e acres-
\'e nia l' a qu « deve r ein ai' n a s nu las de in te rpl'c ta~':lo drruuá tí cu . X c l a s , o
a to l' i n ic iu Oll pro s s e gll e a p r ep al'a l:;jo d e p ro h lem a s q uu n ão ;lo lie rcso l-
\C I , "IS \'('ze s , dirctuuu-n t« no pu l ro . d e vi d o ú p ressa, ou a qu al qu er o u t ro
mol i \'0 ,
A ('oIH'en t ra~';-lo, do mesmo 1II0do qu e o espírito de colegui smo, e a s e-
vc t rrl ud c n o c u tu prin n-n to d o s d e v e re- s . são 1I0l'II);1S l'!ellll' n lais q u e CO II -
" o rda m c o m os princípi o s u n e ri o rt-s .
í

'lóc las vx lus Ohsl' I'\'al:')eS dixrl p limu -es são na tura lme nte, i ncomp le tas, e
' JIl SlllO i m pcrfr-i tus . mas se 1'\'1'1 II corno oricutu çâo geral. que a cx pr-riê nc iu
;;a l'l ic ll l:II' d,' eada gn l po co nvr- rtcrú em h áhito .

T ra nsc r ito da revix tu "C lu h d e T e atr o " d e Li m u , P eru ,

Nossa capa: Isabel T ereza e Napoleão Mon is F r eire, na peça "O Tempo
c os Conwa vs", de J , B. Priestley, a presentada p elo Ta bla do em lli57,
. _ - - - -- - - - - - - - - - _._ - - -- -- -- - - - - --'

ORIGENS: As origens d o teatro italiano de improv isação perdem-se na distôn -


cia dos séculos. Pr e c ícc rn o s voltar a o mimo, à ateIlana , à satura lanx e à s
outras formas do teatro romano popu lar e outoct ón o . '.,. to é, o teatro lcrtino
an tes da conquista da G récia . Pelas escassas fon te s de d ocu m e n ta ção sabemos
que o mimo. re presentaçã o de p uros gestos, a d quiriu progressivamente um
feit io novo , com a introdu çã o de trec hos falados p ela ne cessidade que os
a tores sentiram de comentar e e xp licar a p a nto m ima , e de introduzir nela
alg u mas p iadas bem ao g ôs to do p ú b lico. Q u a nto à atel!ana , curta peça
n o gênero farsa , sabemos q ue , embora escrita, de i xcvci broa margem à c tuc-
lid a d e p o litico, q u e era a liás s u a e s p e c ia lid a d e . E prová vel, então , que a
pode escrita não fôsse maior do q u e os cenários. ou canovacci, da Commedia
d ell' Arte , resultondo espetácu lo principalmente da im p rovi s a ção dos atores.
No mimo foi q ue s e formou a tradição das máscaras, is to é , do tipo fi xo. in-
c u mb id o de resumir determinada ca ra c te rís tica hu m crr o, <3 c'presentado sempre
com ' a mesma aparência fí s ica : fenômeno q u e resis te até ho je , em Carlitos ,
Harold Ll oy d , etc. - As máscaras mais antigas do teatro romano foram Pappu s
(o v elho ridícu lo, namorador d e mocinhas) , Mc ccus \0 a va re n to }, Baccus
(o b êba d o ), Baldus (o fanfarrão) . Tod os levavam máscara s n o rosto : não más-
caras genér icas com o a s do te a tro grego, d e s tina d a s a in d ica r o g ê n e ro dn
peça (tragédia, comé d ia ) ou a categoria social do personagem (re i, ama:
escravo), e s im máscaras individuais, destinadas a indi car o tipo e até torna.
reconhecível o ator. Por sua ve z a aleIlana porece ter tido a es tru tura técn ic a
do moderno -s kech- d e re vis ta: h istória lin e a r, rápida, de fáci l compreensão e
servindo corno pretexto para a sá tira da atualidade. A satura lcmx, como o
p róprio nome d e clara. era. nada mais nada menos, um c to vcricdc. com pirrdos,
mús ica, d o nçrr. etc. Um a peq uena re vis ta. Em tôdas estas formas de teatro , a
im provisação ceve te r tido um valor de term inante.
DE PLAUTO AO S ARLEQUI NS: Depois d a conq u is ta da Gré cia , o te atro roo
m ano adquire um fe itio s e mp re mais literário. Depois da queda da Re públic a ,
torn a -s e c ada vez mais aristocrático; um teatro de min oria, lon g e do povo.
Du rante o Im p é rio, a imi ta ç ã o dos mode los gregos é regra geral, e o espetáculo
pred ileto à a s grandes massas não é mais o teatro, mos s im o esport e; q ue
gunero de es p o r te, todo o mundo s a b e. . . - Contudo, o maior autor de Roma
noo foi nem o trágico Sêneca, nem o cômico Terêncio, imitadores dos gregos, em-
bora talentosos e à" vêzes originais. O maior poeia dramático d a antiguidade
romana foi o que soube dar forma literária ao antigo teatro popular e às suas
mcsccr-rs, imortclizrmdo-se pela fôrça da sua intuição psicológica e da sua
prodigiosa técnica de intrigas e surprêsas que vai além do próprio Aristóíanes.
Estamos Iclondo de Plauto, autor em cuja obra a linguagem coloquial de cada
di a e o próprio espírito do homem da rua a s sumiram pela primeira vez forma
e stética definidcr. As contribuições do mimo. da atellana e da satura lanx
foram sem dúvida, enormes na formação d a obra de Plauto. homem de teatro,
ator empresário e diretor, co m o Shakespeare e como Moli êre. E é observandc
e sta obra que pode:nos te r urna iluminação d e cis iva sôbre os valores psicológicos
e técnicos do teatro popular de improvisação. As características principais po-
r ece rn ser a, seguintes: Presença das máscaras; tradição dos e n re d os (con-
tínua repetição e readaptação de determinadas histórias , corno a dos dois
gêmeos, a d o velho avarento burlado e roubado por urna moça); pornograíia;
m istura e n tre linguagem literária e gíria popular; valores rítmicos de repre-
s e ntacão,

co•m a b u nd â n c ia de g estos típicos , movimentos dançados , te n dência"
ao - b o lle t- . No tratamento d as máscaras , há uma perp étuo oscilação en tre .
a tendência a fixar tipos universais e o gôsto da atuCl), d::d0 histórica e social.
Serôo est e s , c xa tam e n te , as mesmas características que volt or ernos a encon tra r
na «Cornmedi o de ll'Ar te , n o teatro dos fabulosos Ar:equlIlr. dos séculos XVi
XVII e XVIIi.

LITERARIO E POPULAR - Durante o Império Roma no formou-se um a dis-


tinção, um p aralelismo e ntre te atro literário e teatro popular, que d e via s"
r a p e tir mais tarde, co mo reflexo d a realidade s ocial, e que a ca b a ria s e nd o
a primitiva razã o de s e r d a Commedi a dell 'A rte . Mas para chegarmos a isso
devemos c trc v e s sc r o período da grande crise d o teatro, devido à revolução
cristã, e observar algu n s fenômenos secundários .que . se produziram no teatro
.s a g rad o ria Idade Média. O teatro religioso, corno a liás quase tôd a arte
medieval, é arte e ssencialmente popular, ingênua, primordial; e é mesmo atra-
vé s dessas ca ra cte rís tic a s que ch e g a a ter um valor literário, isto é, a ser
algo novo e original no: esfera da poesia. A e s p o n ta n e id a d e lírico, bem maior
do que a fôrça dramática das Representações Dramáticas, não vem de trodi-
ções de cultura e sim do sentimento universal. A técnica precisa ser tôdcr inventada
de novo, corno se o mundo antigo nunca tivesse existido e nada tivesse cria d o.
Mas isso refere-se, apenas à literatura dramática; ' quanto ao teatro, isto é, a
literatura em espetáculo, ou ao espetáculo sem literatura (os dois pólos constantes
da arte dramática) houve. s e m dúvida. certa inevitável permanência de moldes
antigos e conhecidos da arte de representar; rcrdíccdos na própria n a tu re za
ílaicc do homem, herdados e alterados pelas diversas . gerações; houve urna di-
ferença inevitável de estilo entre o teatro religioso de padres, e o ieatro religioso
de leigos; houve representações rigidamente místicas e outras mais prclanas; .
houve, em suma. esta variedade. esta lisicidade insuprimível , esta vida que ,é
o teatró. VI"rilico'-l-se urna espécie dé sedimentação de elementos teatrais.
de motivos de arte cênica. destinados a se desenvolver em épocas mrris
livres; e , como a Idade Mé dia não tem teatro senão popular. êsses elemento.s
. .
foram tipicamente populares, antiliterários.
. a lh e io s a qualquer clássicismo, rc-
-

clicados naquela terra de ninguém da cultura que é a imaginação coletiva, onde


de um lado, motivos de cultura cpcrecem, deformados. reduzidos _ a caricatura
ou elevados ' a mito; e, do outro lado. a vida diária reclama seu lugar dentro
·d ü arte. Os fenômeno" mais interessantes. mais -. auspiciosos para o desenvol- ·
vimento futuro, deram-se certamente quando o eapirito religioso começou a se tor--
nar menos rígido. mais tolerante, mais respeitoso da .a u to n o m ia da arte. menos
-d íd ótic o e propagandístico; no outono da Idade Média, ' é que o elernanto leigo
começa a se sobrepor ao sagrado. •

~G1 decadência do drama sagrado. paralela ·.à decadência do espírito reli-


·g los o . e aos primeiros anúncios da Renascença classicista. surqe . um esque-
leto tímido de comédia, do fundo da m emória e do insti nto do povo.
. -. '.

A . COMMEDIA DELL'ARTE - No século' XV o Humanismo; ' o reaparecimento


de cultura clássica, a formação de 'u m a aristocracia da inteligênci'a, o desenvol- '
vimen to das c iê ncias na tura is , o re-n o vcdo triu nfo d os mod elos gregos e lnt inos
o ::is iarce cr i s t ôo das fi losofias antigas e . dos antigos ideais de b e leza , a ten ta :
ção morov ílhosc 2 e urna ci vilizaçã o b a s e a d a totalmente n o Home m , já s ão
fa tos c o ns u m a d os. E o teatro re ag e co m ííd e lid c d e a e s ta a tmos fera . O d u a lis m o
en tre o teatro literário e tea tro popul ar ressu rg e na fo rma mais ríg ida. O s d o is
te a tros dese n volvera-s e indepe n d e nte m e nte u m d o ou tro , no ma is geométrico
p or clehsmo : êl e s se d escon hecem E a di fe ren ç a básica j á comece. a s er este:
-
o terrtr o d o s Côrtes é e s crito, forma-se imed i::. to mer. te sô b re o " mo d e los 0re o o·;
e latinos, e n ão co nse g ue c lccn çcr re sultados , p ropri a m e n te teau ai s ; o - t6 (;lrO
do p ovo é · im pvo vis o d o, lev a quas e d o is séc u los a n tes d e s e form ar de fini tiva-
me n te, nãc te m quas e mod elos e alcan ça resu ltad os e xd us ivamen te te otr c. ».
Exi s ti a um c u rios o int e rcâmbio e n tre o s d ois teatros; e o ma is curioso foi
d o la do d o teatro popular , isto é , a m aneira com o s e pr ocessou Q passa gem
d e e le-nentoc liter órios p ara den tro d o te a tro de im p ro visa çã o. O s cóm ico s
ini cialm e nte amad o res, de po is profi ssionais , pert e n cia m a categ o ri::.s S OC: I OlS
h u mil d e s , e ntre a s que is a fu nção de pont e co m as ca te geria s mais e le vad as
era d e sem p e nh ada p e los c riad os, p e los co pe iros, p elos p ag e n s, esc ude iros, etc.
Hou ve , assim , um inte rcâmbio secre to de enr edos, I ór mu lcrs , p alav ra s , recur so.s
c én icos: o te01 ro popular os aco lhia d a man ei ra mais d esem ba raçad a e irr e -
ver ent e , s e m a q u êie te mor c om qu e o te atro ari stocrático rece bia os moldes
antigos . Po r isso encon tramos, na COMMEDIA DEL L'AR TE , enredo, q ue s ào
vo rd o d eiros :3!s!arc'O·s r o rn criescos ou farsescos d e trag éd ias g regas , p o e m a s p i-
é

C03, éclogas p a stor ais , e tc. Ma s a temática da COMM EDIA DJ::LL'A RTF. n os
seus d ois gêneros exclusivos , o d ra ma lhã o e a farsa , r e c eb eu con tri b u ições
de t ôd rr parte : os so lda d os as p c n hó is e franceses , que i r- voclir o m a Itá lia, trou-
xeram para o patrimônio da ima g ina çã o popular a s hi st6ri a s e le n " c:.: d,)
s e us p aíse s , <::r~ Ioç o nhc s d o Cid e a maldição d o Convid a do de Pe d ra .
Mas n ã o S ('l t emó ticc, nã o s ôo os e nredos qu e im p ortam num tc cr .ro s ó os
aproveita como pretextos para a fe rtilidade c riadora d o ator. A COMMEDIA DELL'
ARTE é isso: comédia. da arte de representar : Nada m a is. E d ien te do ~ e(Jtro
das Côrt e c . crid o o ú nico progresso fo i o da ce n o g ra fi a, e rg ueu-s e o tea tro
p opu la r , e m tôd a sua vi talidade , c r ia nd o e cperfeioo c -rdo a s máscara s, d-e-
sen volve ndo uma té c ni ca p aradoxal e p erfe ita , tem e ndo-s e pro fissiona l, for-
mando com pon h ios es tá veis, qu e repres e nt a .vam no d icl eto da cidade, e com- -
pcri hios vici o n tes qu e u savam a lí ngua n a ci o n a l. f a m í lia s de c tores a p er-
feiçoaram, filho ap6s pai, os tipos e s e us fre néticos recursos te atrais . N.:>
fim do s é c u lo XVI, a s itu a çã o a p res e n ta -s e clara: fracasso d o te atro literário e
ahmação defmi tiva do te a tro de improvis ação. No século XVII a cens u ra d a
Ig re ja c a i sôb ro o tea tro das Côrtes como o go lp e de graça : a co mé d ia desa-
p orece e a tragédia co n tin u a na sua esterilidacl e. A aris tocra ci a começa a
convidar os co m e d ia n te s improvisadores para rep res entarem den tro d os pol ó-
cios e das Côrtes. A COMM EDI A DELL'A RTE vi aja o m und o a con vi te dos
reis. O:. corn r-dicmtes ita lianos triunfam em franç a , Alemanha e Rússia. E' o
mo mento do triunfo e ao mesmo tempo, o comêço da decadência.
O REI NO DA S MASCARAS - O s cenários - os canovacci - de: COMlv!EDIA
DELL'ARTE, nã o s ã o textos . • A p e ça no cenário. não é re presen tada sen ã o por um
ca tá logo mais ou m.enos árido, de ações, que não contém nenhum a e x p ressdo ·::'.e
sen timento, mas sim, a penas, uma seqüência de situações , que deverão, '~ ' Dis .
no p alco, inspirar a o ator as relativas expressões da al ma . 8" canovacci (,<i o
c he g a m a s e r ne m a fac hada d o edifício, 90iS êles const ituem o pe ncs os a li-
cercesv . .. (Rragcglia: - Commedio dell'Arte. ca no vacci inediti, raccolt i e pre-
sent o ti da A. G . Bragag lia - Tu rim . 1942). Por is s o, a le itu ro d os ce n á rios'
re quer, mois do q u e qu alq u e r o u tra , a colaboração mental do leito r, e s tou
teztlado a dizer, do e spectador. Para es ta co laboração é preciso uma bose .
um guia, que o homem moderno pode encontrar na observação de cer tos atores
d a atualidadc atores de circo ou de revista, ou m e smo gran d e s co me d ian tes,
fi éis a técni ca da improvisação, co mo Alda Gorrido ou Edoord i Dr: Fili ppo.
O utra bas e - des ta vez uma base h is t6r ic a - pod e ser encon trad a nos re -
p ertóri o s ou zibaldoni. e labora dos per famosos co me d ia n te s da a rte , e que
s e rv ira m para divers as co m pa n h ias em várias épo c a s. Muito intere s so n te o q u e
reúne os lazzi do mais famo so Briguela, o ator Atanásio Zcmnoni, r e ce ntr-m ei.te
descobe rto e publicado por A. G . Bragaglia (e m . II Drcrnm o -. ,eterr) x Q de 19'<3 ) .
A e xis tê nci a dêsses repertórios d e Ickrs . d e fin ições, piadas, a n e d o tas e o i é m-i srnc


pequenos tre chos de d ialogo (d ia logo d e c iúm e . d e d es!,zel id o, de descfic. etc )
tem d e ix a do 2 e s con fia cia s e al armadas m u ita s ' a lmas inq ên u cs. Estas pessoas
desconhecem a verdade teotrcl, o: própria es tr u tu ra concreta da COM MEDIA DEU :
ARTE. A repetição 'd e ' u rna piada já e s c rita não p rejudicava a espontc:nei -
dade d a i m j -ro v íacçô o , mais d o que a prejudicava a e xis tê nc ia do cenário
ou enrêdo A qualidade e sse n ci al da rep resen ta çã o daqueles côm icos resid ia,
p ensamos, n -: va lor fre s co no vo, d a fa la pronunciada no momento exoto em
que e le surg? n o cérebro e na sensibilidade: p errso m e nto expressado no mo-
mento mesmo e m que está sendo pensado. Qualque r o tc r ou diretor de h o je
sabe que trê s quartos das -d e fi c iê n c ia s que aparecem ' na c r te de representar, e
muito especialmen te , nc d e infl exion ar, d erivam jus tamen te do late d " que o
ator, e nq u a n to diz, n ã o p ensa n o que es tá dizendo: p e n sa na linho: gera l d o
papel; n o efe ito que VGi s urg ir a determi nada crlturcr. na que la cena; no perigo de
ser monótono, etc. Proocupo çô e s eslas tódas legitima:: e c e rte s . m c s q u e podem
prejudi c ar, <J8 out ro lado, a n a tu ralid ade lógica e fi sic a da ínflexôo; ' a quela
espéc ie d e análise perpétua do texto, qu e im p õ e à repre:>entação"cMtos' pcssoe
in e vitá ve is , como s eja Irisar uma p alavrc e não outra . rno rccr s in c is ôc pontua
ção e di str ib u ír o tempe das fra s e s não na bas e da res p iraçã o e sim da s in ta xe .
O ator mod e rno e s tá sempre obrigado a um processo gradativo e c o m p lexo d e
conquista d a p ersoncqern e d o: p eça; u ma vez compre endídcr a p eça, tem q u e
enca ixe r ne le a personagem; uma v ez d e corada a fal a , te m qu e h c nno nia é-lo
com as outra s. dêle e dos outros atores; tem que s e con ve nc e r de qUE: aqueles
polovrcs s ã o melhores do qu e a s qu e êl e u saria n a s me smas circunstâncias; tem
que trcmsforrnrr -Icrs em a,;;ão, acumula ndo aos . pou cos .in íle x ôo . gesto, marcações,
efe itos de voz, n ecessidade de. re spiração, até esq uecer que tudo aquilo parte
de um tex to esc rito por outro e a cr e ditar qu e surgiu d e . dentro dê le mesmo .
Essa díficuldc.de inicial p ermanec e à s ' vê ze s v isível até a o fim. mesmo num re-
s u lta d o p erfeitcrm erite co ns e g u id o, po is Ioi. co nseg u id o ' à ' c us ta de inteligência,
técnica e fôrça d e vontade, agi ndo s ô b re a sens ib ilid ade em momentos su -
c e s s ivos , e, 'à s vêze s. friame n te distintos. Éste e xce sso de cmólise. a fim d e
c h e g a r a u ma síntese , qu e pode fic ar imperfeita . não e xis te n a representcçdo do
improvisa dor. c ue é, e la mes ma, uma síntes e a priori: a qual. se í ô r im p e rfe ita,
s e m p re o será glob al ment e' , e nã o por falta de u m ou outro e lem ent o . pois e la s e
a p re s en to co mo u m todo . Isto é o qu e nos ajuda a e ntend er o qu e ",r('t ia c::
lazzi dos c óm ico s da arte , entre os quais um o u outro lazzo e s crito, ou já apro -
veitado, e ra um pi ngo d e água d entro d e um o cean o e , m esmo assim sempre lroris-
fo rma do e irr e conh ecível. A pc la vra lazzo. vem do latim eeríe, isto é, ação
O abade Perruc ci n os d e s crev e co m muita exatidão a té c nica do Iazzo. exp iic a n -
do-rios qU'1 Âlc n ão é a p e na s um a laI a e s im u ma a çã o , ou melhor ainda, um
jógo d e iclc s e m c çã o . O esp ec ta dor moderno te m a lg u ma oportunidade d e
ouvi r lazzi; m a s 4 1es es tando dentro de u m a peça esc rita, sã o , co mo dizem
os com e di o nt e s b ro aile.i ros «ccrcos » . isto é, enxe rtos, d e p a la vras ou ação, no
texto, a fi m de v ivi fi ca r o e spetácu lo: n ã o s ã o mais com o n a C OMMEDlA DE LL'
ARTE, o próprio texto. surgindo já em forma cênica , isto é, u m texto que . logo d e
saída , ni ngué m p od o d ize r se é texto ou e s pe tá cu lo, p ois é o rnbos a s coiscrs, in ex
trincàv e! men te j u ntcr.i . A m a neira de se ensaia'! uma peça im provisada nos parece,
nas descriç ôe -i dos h istoria dores. co isa tão c o m p lexa, qu e à s vêzes nos perqun -
tomo s se não e ra mais s imples pr eparar a repre se ntação duma peça escrit a '.
Mo " , crss im ío ze ndc. p erd emos de vista a pró pria razão d e s er da improvisação,
qu e a o domiruo da es p on tcn e idcde absoluta , e n os esq ue cemos da milagrosa
cap acidade dcqu els s co med iantes. cada um dêle s in tuindo m à g ica me n te os
recursos do ou tro , íixond o n um ins tan te a «de ixo » cer ta p a r a a co n s ti uçdo do
diálogo med indo o ri tmo das cenas, a duração d os atos e a proporção ('i'tw a s
p o r tes da peço, e a final, co isa ma ra vilh osa, especialmente n os atore s cômicos ,
o intu ito ín fc livel. q ue o s guiava , vencendo a tentaçã o d e re pe tir os eleitos ou
in s is tir n as piad a s . Es te loi o mi la g re das n ossas m áscarc:s, dos n ossos Arl e -
quin s , Briguel a s e Pantal eõe s , p ovo e stra nho e es tu pendo, único n a históricr do
teatro, onde cada in d ivíd uo e ra uma s íntese de olor, autor , dire tc r, ncd lcri no
molcbcmsto e coreóg rdto .

A DEC ADtNC IA : Na p rime ira me tade do séc ulo XVlIL a COMMEDIA DELL'ARTE
con tin u a goz ~ nd o d e tod os 0 3 lavo res d o público , poré m o s e nten didos co nstatam
que ela e:;;lé~ agon :zando. A essa a lt ura, já se enriqueceu , teve contatos com a


.n ob re zc . e com os reis, deixou-se infl uenciar por tra n s itória s correntes de
., "culturc s : . perde u.j.em. sumo. o seu .fe itio populor. As conseq üências dêsse íenô -
, me n o . 1;QGgravís'ti.ü n a s ,· Prím ei ra: .,a' C OMMEDIA DELL'ARTE nôo ouso m ais eri-
, , Jre nt<:l(ass ul)~ps'. 'd e a tu a lid a d e , .p ois a parte mais elegante do pú b lico poderia
· '. ri,Sio gosta r ,à.E'l, 'cilusões ~ s á tiras políticas vin d a s . do espírito anônimo dos ruo s .
, '"e os .c6m p a n h iá s , perderiam a . op ortunidade de penetrar ' nas Côrtes. S e g u n d a: os
':,' gi-a nd e s , ta lEi" jos d é otor dedicam-se aos papéis cômicos, deixcmdo as partes
", "s é ria s, p ara ' o s . o toros n ovatos' ou , medíocres.vEste deseq u ilíb rio está presente
':' n a p rópria construçõo dos enredos, onde Of; "çenas de amor são repetidas com
· fórmulcs fixos. sem fan tas ias, q u a s e q u e para encher o tempo , Pcrticulcrmente
grave é a de-xrdêncio do elemento Iemin ino, que pcssc'.o se r escolh ido na b a s e da
b elez a fí s ica e não do talento, na esperança de atr,áir para a çaixa do teatro os
crdmircrdores cr ístocrctcs, Terc eiro. a pornografia 'torn a -s e cada v e z m ais ousada
e ché g a a i nva d ir esferas de espe táculõ" cin d e não tem .a menor .. ra zão de ' ser ,
Quarta: o luxo . da «encenação», os truques de carpintaria, a abund ância' de
trech os carilqç)os e dançados tiram à COM MEDIA DELL' ART.E . aquê le feitio iri-
gê;t'j)lo .d e el!l\etáculo pobre e in telig e n ie , confiado e xcl usivamente ao talento dos
• "
a;tores;)alerito q u e agora, . pe lo,' con trário , deíxa-se · s ufocar pelo par te vis ua l ~
0' • ,. . • • _ H

externo' do espetcrculo, Mas o ' fenômeno "m a is grave de todos foi o seguinte : o
" eíil:ce s so de tradições (h ábitos, cacoe tes :té cn icos , repertór ios e scritos, , E: fe itos. re -
·',p e tid o s) ocobcro-tprc üccmente com a ' improvisação, O "à u to r tin ha bases dernoi s
" -pcrc a s ua representação e n ão precisava se es forçar A COMMEDIA DELL'ARTE
· ' a ca b a ra sendo uma comédia escr ita, 's e nôo no papel. na memória dos atores ,
e UI':1a comédia r uim, de enrêdo convencional, de' 'lin g u a g e m gongórica; como são
tôdas as ob ras d os «nouveou x riches» da cultura, Pe rdid o qualquer contesto
com a eapontorieidcrde do povo; ' ela procurava em vão uma saída e s té tic a e
inte lectual que sõmente o gênio de u m escritor pod ia as,~Ggurc.r- l he, Deixara d e
ser um b om espetáculo e não chegava a ser nem u mo medíocre lite ra tu ra,
Pior ainda, es te ve íoro : da ' p ró p ria atualidade dos gestos e dos anse ios de -
público, É a e sso altura que aparece, em vest e d e reformador , C a rlos .c:;oldoni.
..
"

RUGGERO JACOBBI

, "

Tre ch o extraído de:


«A «Expressão Dramática . - Biblioteca d e Dívulqoçao Cultural - do Mi:;intéric ,
da Edu cação e Cultura, Instituo Nacional do Livro ",
, '

, . . ,

· " ,
.. ,


,

"
--

" , .
, ,

.. "
,

, , , , .
..
· ,

. '

• ,


, Os Pito eff ,

Vid.õl urt lst icu (1912·19;{!l


1911i·1951 )

, , , '
, ~ f I

, ,

, Se Georges Pitocff ruarcu uiuu Numa época de rcinudo ahso-


vontade de impor novas Iórmulas lulo do autor. proclurnu o do en-
ao teatro -d os primeiros decênios cenudor, afirmando sua intci ru
dêste século, LudmilJa é, sem dú - responsahilidade na descoberta d:1
vida. () instrumento pr-ímeiro (' Iórmuln de melhor "mutortallznr"
sem o qual nunhuruu d('ssas o espírito da ohra: "A pe ça es-
UII'II11llllS 1('l'Ía passado ao pú hl ico. crita tem vida própria .... 1'111 li -
\TO, () autor pode usxi mi lá-lu con -
Vindos ambos da Rússia, (1',.
1'01'111(' os poderes de sua imugl-
tocff jú com UIII certo pussudo tea-
tral) encontram-se em Paris, runs nu çâo . Mas, no palr-o, a missão do
é a Su iça de 1912 ' que os acolho. escr-itor tcrmi nou. e l~ por i ntcr-
quase amadores. u umu rcurescn - médio de outros que u pe çu sr'
tnção de uma pe ça de Anton transfornuu- á em cspctáculo . Nã ,.
Tchckhov, em russo, cm hcue- diminuo o .l ug n r do autor, defendo
fido de russos (Ludmilla ainda unicumenu- a i n dupen d êncin uh -
não fuzin parte do gl'lllW, ('01110 soluta da arte cên icu .;
al r iz ) , O amor aos homens Ieva-o , a
uma procura un ivcrxal . Não se
Lá pcrmuuccem refugiados cu - limita ao Iruncês. mas vai , aos
lru um povo que rugi u Ú gucrru poetas do mun do . Hevela ir Frun-
mas que ' es ta v a bastante próximo cu os nomes de Au ton Tchekhov,
deIn pura cotunrccn dê-los . lo: SL' Luigi Pirun dcllo, Bernard Shaw,
conquistam li Suíça POI' sete anos, .1, M. Syngc, Eugene O'Nl'iIJ, Du··
lá estão eiu HI!I, em llielw "T'héâ - runte vinle e sete anos, seu teatro
tre des Arts", cru Paris, a rcprc- é uma vertludelra liga das, ua -.
sentar , o francês Lcnormun d ções : maneira de os homens s('
11m autor que truz la para a ccnn reencontrarem,
I) mundo do ínconscienll' -- re- A prime i ru figura da criação, a
cém-dcscobcrto por Freud. presença v i vu, não poderá ficar
Dizem, . C III f'orm : d(~ hrincudci- de lado, nessa arte que se volta
ra, que Pitouíf desembarcara cm f!iretamente ao homem, "Que va-
Paris tendo como material d .. lor podem ler lodos os acessór-ios.
cenn apenas uma rotun du , Se a roupas e cenários. se não estive-
coisa em si é falsa, não o é o rlcs - rem lú para servil' ir misteriosu
pejamento. a vontade de impor ;1 Iôr ça do ator? ' f: por intermédio
pobreza u [mi te:" 1'0 de "e busques. dêle que a interpretação cênica se
visando. através dela. a um rccn - realiza. " Não poderia nunca eu-
con tro do poético, Xos ccn ár-ios. ccnar "S J
. . an t a .ioana " , se nuo
- I'I\PCS -
a idéia molriz da peça, Assim se Ludmilla",
puru "San la Joana" de Bernard Aí o segrêdu de fôda essa par-
Shaw, um cnquadrumcnto gMieo , ticipn ção . A cstrunha Ludmilla,
ruuríundo somente cm cada qua - mãe de sete filhos, que entrar,
dro o elemento ceu trul , Para para o teatro quase forçada, na
"Seis Personagens a Proruru dI: Iultu de outra at riz ; ú Irúgil Lud-
um Autor", de Luigi Pí rnn dcllo . rn illu , a quem a santidade d(~ Joa -
raz descer ele não sei que lugar na perturbara tanto quanto a n- í

urixtcrioso,
,
um elevador que t ruz co nsci ênciu de Nora, cubiu, pclu
a cena as p crsunagcus-ucrsonu - suu humanidade, t run smi t i r o poé-
gens , IJ:ll'a o cncontro COIII os ato- tico rluquclus cento e tantas {Tia-
rcs-vi vos. ~'õ~s .
,
POI' mu is de v i n l c :1I10S rlom i- Cou v i dudu pelos "Com éd ir-ns de
num Paris : 'l'ruzr-m :10 ' katl'o a .S a i' n l I .u u rvu l", " consegue COIl1
huruun idade, colocum -no en t r« as lotes montar o "Anúncio feito a
coisas sagl'ada\, IIIÜS se an iqu i lum. 'I :Iria,
.\ '" "I' I - c I}tlngc,
..... , " l' InCSI110
Se hou "e sucesso, hou v« mui to
, . • . • , , I
"Casa de Bonecas", :\Ias a medio-
mais fracasso, •
no sentido l'OlilUIII cridade canadense 11,-10 lhe "ai
da pnluvru . hem . Viujuut«, sem bagagelll, cru-
"Romeu e ,J ul ietu", dois anos an- hurca para l lollvwood, a Ii m de
tes da murtc de (;eorges, foi um Io tuur parte nUIII filme. :\l:is, de-
dl~les, "A nu-d i d a que as cenas se pois de tr-rm inur!o, d lz cm-Hu: que
ucscu rolum , algo (Ie penoso, :111- n;1O serú uuss í v cl uurovci tú-In .
gust iun tc paira no teatro. :\os :\iio Icm tipo para ci ncmu , lôdas
IJ:lstidol'es, uma esp éeic de cstu- as suas ccn us süo cortudus . Pura
por i n vnd e a cum pu n h i a . O cu n- r-ou sôl o , ., d :i o -Ih e LIIII l'mprêgo cl ~
sa ço do dia em pnstu " \'OZ ' de Pi- prof'cssóru de .urt« .cl l:,', Íú ú t il'a ,
todf. ..Aquelu voz vq u c a consciên- C:lhe.. lhe, agorú, · e ll si lÚU" às, "pi,let :
cia da hoxt i l i d ad e polida do ' p ú- tv fuc ics" . d c UIII gninile ' cstúdi«,
hl ico tornnvu a i n d n m a i s pesada, Com o di n hcu-o das . a u Lís , -.'\li'·l
Sofríamos por êle, ao ouvir a ron a d uus partil'lil:J1'I'S a " .Ioa n . Cruw-
rio t úmulo ut ru vcs de um hnrulh o fOI'lI)
- .
volta
. puru ,I Fr:l n ca . , en'-
surdo, As pulavrus su íum cu n xa- lao recelll-lihel'lada. , .
das, após longos c a m i n h ox, que- üm sucesso f'úci l de quem volta
hru dus pela aspereza de um a depois as ' longas l ~ cansati\;a.~
garganla con traída peja unuú s- "t ou rnécx", as p,lI'ad<ls de hotel
. ... "
tia c-m hote-l. "O Verdadeiro Proces-
Mas outro crí t ico rt-t ru ca': ";\;10 so de .l ouun D'Arc", ,Ill o n la d o ('íll
têrn culpa que suus vozes, olh,lrl~s Paris, quase xcm públ ir-o . (:I ' fa ll :l
c sistema (que sempre defende- (,1(' e,lrtazes e a u l lcrnán c i n <.'0111 o
ram e scrviru.n ) c voqneru pr.ru IIÚS cspl'l:'lculo própr-io do le:ttro:l
O exótico e o cxl ru n ho ". () c crto é fidta dI' pl'opaganda, fizeram l:olll
qu«, jú eondenado pel;l dlJdl\:a, que q.uase ninguélll xou hcxs« ,q llt:
apresenta mnis [arde UII. :1 ' \T r s i'í o Lu rlm i lln reprr-sen tuvn ai n du ) . "
de "A Guivotu", dn seu 1:'10 querido ; B~lslanle do(;nl.c" ,n/ lo ' 1I10lTeria,
Tchr-k hov, qu .: faz P'I!'is SI' cslur- po~'em, no csqucc nucntn , Vr-iu de-
rccer e no DI': Stock mun de "Olni- POIS "Su,n'Í"re", ' UIIIII " p('~;a h:lse:t-
migo '.ln 1'0\'0", d e J hsc n , frente iI (.~a na vidu das .. irmâs Hron l ê •:\0
tll,pltidao, vcur ido mas ilTeihltil'el 1111 a 1 da Pl'~'ú,líoile '· a p ó s uoito
cm Sl'U Irucussu. prustcs a n ovo Ch:l ~'Io~ t 1'- Lu d rn i Ihl cn su i uvu, par:;
(;o!nhak, é simiJiJlicamentc 'O PI'Ú-, o pú hllco e .p u r u si-mesma :, mor-
, prro (ieorges Pilodf IlUIlW última te, que em IJI'e"e eonheeeria. '
t cn luli vn tr-ntrul . EIlI "A Dama das. "Corno serú . a vel'dadeira·?" ··. :._.
Camélias", interrompida tn m h éru Pl'.I'gunta\ ' ~I .úPós o ,es p l'l úc u lo ,
pela gll~;rl';a, jú neto muis apút('ce~ Fi nuhn cn lr-, após . :dguns IIJeS'es
ria, "Dc ix em o cen.uio IlIonta<1o"
- diz pela primeira \'(~z ,lO maqui-
de en h-rru idudr-, em ' m e io :tocstru-
nllOs delírios" onde muito ddx:l\'a
., ..
'

nista. ' '' VOIt ,d'1' 1lI 0 S e]], oillu- f;'i1ar as ' persónúgens, e mllil8
I\ro". , : ' , , '
pouco ela própl:ia, ' l'xtinguia-se ,'
Trl's
"
meses deJ)ois l:sla"ú morto,
,
nos :lITl'dol'l;s de Pal'is ,- :l(tuela :1
quem cl\ülllain a UlaíOl' alriz dêsle '
....... ' .' .. . . .'. . . . . . . . . . .. .. . . meio séeulo,
. ":\:io eSp('I'al'('Í que digam:
Os dpze anos de Ltnlmilla após v;i Vovó Pitudf, t'm :":II:t,1 Joana
o , desaparecimenlo de (;eorges, fo- - ' para deix:Il' o (laico," :\'-10 foi
ram mais histórias de· solidiio do assim, pOl'ém, Como Ceorges, Lud-
que de alegrias. Vemo-Ia pel'ller o milla só deixal'ia I) pali'o pai'"
tea!J'o, tentar duas ou tl'ês apa· morrer,
I'i~·<ies, · e, numa fuga repentina,
emhareal' para ;\O\'a York, :\lonla :\1. T,
espet:'tculos eom estu<1,llltes fl'an-
cesas, apareee mesmo numa peç'a
na '1" IInes.S:Ili:ll'[' I, "] ,1.< I 11I1'II a e'
tuna grande ~ ~ t r i z . 1l1HS a pe~·a ...' · )


• •

num DE MOfl~n ME~OES

Cou«t« és/ c a u lo d c 11m prôlof!o: d e II ma c ena em que s e pro{eli=a o,


nus citn c nlo d e Cris!o: d e IIn /(J c c lia ptistori! l~ da ce u tt da odorucúo "
a
i' irucm . •
( ) pró lo f! o é [cito por lI/l1 {rod e, c u ]u [al ct e rec li eudu de c i lu çiu: » ltüi -
lia s. Anllllcia o aSS Il Il /O da p e çtt, a qu e chama "Os Mis/ ério s du "irf! em " ,
-
I' di: qu e as pri m ei ras !JCrS o/lllfJCIIS II 1'11 / 1'0 1' c m c clla scru o u v ir.iern e
qttairo d am as - - a Pobrc:u, u Fhunild tul c, a Fé e u Prtul é ncia,
Scq uc-s « a ce n a d as proiccias e a da nnu n ciaçúo, e d epois a c él ebre cc nu
cios fl us/ t! l' es, qu e "sc inntum para o t cm uo do }lII sl'iIli Cll l o ' . i"" lô » curiosti
('S SIi CeI/(J pus lo ri l d a M olill a Meud es assim c lutn uul n po r'qu e tudo lh e
s u ee d e pelo pior ~ , q ue a p eça dela rec ebeu o 1I 0/l1 C, mio obstitnt e t er-lh e
o uutor d ado 011 / 1'0. ,
A C' C , III do pot« d e ozvi t e q lle M o { ill a, cu lcnu d u no cnnt o, o ei.ri : cai r p or
l crt u , pcrí e n c e Ú· li/ er a /li ra euro p éia . Em La Fcnü ai u c fui II fábula d u
b i l lu: d o leit e, q u e pcrleitcnue n t e lh e co rre s pon de . .\ o I'l f! c 11/ d o cou to
,

cn co nl t cru m- na o s crtul i l os I Ú/ l ndi«, ,


T J'III/s cr Cl' cIl!OS 11m i rc cli o d o prólof!o qll c podc se I' rc p res e III tul o iu d e-
/; 1' ud c 11/ etu e 11/ c .

,
Entra I~1I1 cena :\ossa Senhora , vestida c o m o r uin ha , ('I JI1 ! as -I o n,zetus
. ,
Pobreza, F(~, IInmildade e Prudêucin , e , udiun te quatro a n jos com mu sr c u ;
I , d epois de assenladas, c omceum. cad:1 umu, a c stu dnr em se u livro . E
d iz ti Yirg en) :

I.-)ue J['dcs , minha s c ri .n lns ?


, ')
.. .u-hu i s csc ri to :0 .
Ou«

I'rud ['ncia: S enhora, e u acho aqui


Gruu dc s coi sas in o vad as,
E mui altas p uru mim .
Aqui a Sib i lu Ci mór-iu
Di z qu e Deus scr ú humuuudo ,
De um a v i rgell1 s e m peca d o,
Qu e é profunda lJlal él'ia
P al'a m eu fra co. c-u irlu do .

) ' obrl'za : Eruthcu prof'ct i su


Diz aqni t arn h ém o qu e sc u te :
I)u e IlaS l'el'ú polu-omcutc ,
Si-tu r-ue i ro m-m c u m isn,
Xr-m coisn I'OlJl qUI' Sl' a gii enl e ,

l l u m i ldu dc: E o pr ofeta Isaías


F :tl;( ni sso I a m b é m c ú :
Eis a Vil'gem l'Onl' ('I>I'I ':I,
I~ puri rú o. :\iessias,
E frol v i ruem fÍl' :ll"Ú"

I.."t' : Cu s s un dru d ' ei - r ei Priumu


?ll o slrou ('ssa ro s a fI'ol
Com um m e n i n o a par do s o l
A C e s ,l Ot uv i auo.
I)u t: o a durou p or Senhor.

Prudên c ia : Huhrum qu em vi d crut Moixcn:


,
Sur çu, que no [~ I" I U O e sl ava ,
Seru lhe P ÔI' lunu- ningu ém;
O fog o urd iu mui bem ,
E a su rçn n âo S l' qur-Imu v u . ,
,
Si gnifi ca a \Iadre de DI'HS :
E sta s a r,';l é el a sú
E a ('sc a d a que v iu .l uc ob ,
Qu e s u ma a o s a ll os I'éns
T runh ém p ra de se u v óo .

I'l"Ild('I1I'I :I : Dev e (il- s er por razúo "

D e lôdas p l'rfl'i ~'iJ(' s c heia


T ôr!u , qu em qu er qu « e la é, •

l l u m il d a dr- : Aqu i a e luuu u Salom :1O


T ôd a pu lr-h r u .un ic u m e u ,
. EI ma cula nOI1 l' s l in 1('.
E diz mai s, qu e é portu co e l i
El eleda ui sol ,
B út sumo mui ol oros o
Pul c h ru ut lilium gl':ll'i o s o , "
Da s f1Ôl'l' S ma i s vl i n d « fi o]',
D o s 1' :lI II POS o n un s furru o s o :
CIJ allta-IIJ,' pl anl a!i o r OS<l ,
Nov n oliva ('sJH'cios a,
,

~Iansa columha :\oe,


Est r ê!u a ma is lumí nusa .

Prudência: EI aci cs orrl i nutu,


Formosa filha d'eI-rei
De Jacob, l'l tuhvru avu!u,
Spe culum sin e macula,
Ornutu c i v i tus Dei ,

I ~"e : ~Iais diz ainda Sulom ão :
l lortus c o nc lu s u s, flos h ort orum, ,•
?ll ed ecina p c c catorum,
Direita vara d e Aurào ,
AI vu s ôhrc quantas Iorruu ,
Santa s óbr « quun tu s s ão .
E seu s c ahcl os p ol i dos
São f'ormo so s cm seu grado ,
Conio manada s d e g a d o,
E mai s que os campos Il orld o s ,
EIII qu e anda apasc entad o.

Prud én ciu : I~ tão zelos o o S en hor,


Qu e qllerer ú Sl'lI e studo
Dar ao numr!o POl' f'av or,
Por uma Evu p ccudor.

U ru u v l rgctn s e m p ecado .

V i r gcm : Oh! se eu fôsse Ião ditosa
QlIC COIll êstcs o lh o s v isxc
Senhora tão prc cl osu ,
Tesouro da vi da nossa ,
E por ex crnvu êl s crvi ssc !
Que ond e tant o bem se e n ce r ra,
Vendo-a CÚ en l rt- n ós,
Nc!u Sl' vcrüo os c éus,
E as v rtu dcs da len a,
í

E as mot -adus de Delis.

::\ este passo entra o anj o Gu hr-i cl , d izr-n do : !

( ;ab l'i e l : Oh! Deus tc sul v e , ~Iaria ,


Cheia de gl'a ~'a g)-a eiosa ,
Dos pccudorcs abrigo! ,•
,
Goza-t e CD ln alegria ,
Humunu c divi n a r osa,
P orqu e o Senhor é con ligo

")l'g Clll : .
Pru d ên ciu , qu e diz ei s vos ":
Qu e eu muito turbad a Sal! ;
Porque tal saudu ç ão ,
Xão s e cos t u m a e n t re nos,
• •

P r u dê n c ia : Pois qu e é aula do S enh or,


S enhora, não es te ís turbada:
T or-n ai e m v o ssa colo r,
Qu e , seg u n d o o e m b a ix a do r ,
Tal se cs pe r u a embaix ada ,
• • • ,
'(;ahriel: () YI rgcm , s e OUYll' me queres,
i\lais II' quero a i n da diz cr ,
Ben la é s lu eru m erc c et -es
Mais qu e I ôclu s as mulh eres ,
l'ascidas '1' por. nas c er ,

Vi I'gelll : ..Que
Oue dizeis vós.. Hurn lrtaue ;
í

êstc verso vai mui fundo,


Porque eu tenho por verdade
Ser cm minha qualidade
A menus coisa do mun do 'I

lhuu l ldurlv : () anjo que dú o recado,


• Sabc bem disso a certeza.
Diz David no seu tratado,
Qu'essc espirito assim humilhado
I~: coisa que Deus mais preza,

Gabriel: Alta Senhora, su berús,


Que tua santa humildade
Te deu tanta dignidade,
Que um filho conceherús
Da d i vinu Eternidade,
Seu nome. serú chumurlo
Jesus l' Filho de Deus;
E o teu vcn tre sagrado
Ficarú hórto cerrado;
E tu _.- PI'i ncesn dos Céus,

Que diz, Prudênciu mi nha 'I


A vós quero por espelho,

Prudênr ia: Segundo o caso r-nmi nhu,


Deveis, Senhora Bainha.
'1'0111:11' com o Anjo o conselho .

VII'gelll: Quo mor!o fiat istu d,


Quoniam virum 1I0n couosco ?
Porque cu dei minha purczu
Ao Senhor, e meu poder,
Com tôtlu minha firmeza,
,
Gabriel : Sp i rit us sanctus sunervcnit ln te:
E a virtude do Alt issi mo ,
Sen hora. te cobr i rú :
Porque seu fi lho será,
E teu ventre sacratissimo
Por graça conuchcrú .

\ irgel}~: Fé, dizei-mc vosso intento,
Que êstc passo a \'!JS eonvém,
Cuidamos noslo mui bem,
Porque a meu eonsentimcnlo
Grnn dcs dúvidas lhe vem,
Justo i: que iuuuriue eu,
E que êste muito turbada,
Qucrcu quem o inundo ê seu.
Sem morcci mcn to meu,
Entrar em minha moradu :
E na suma perfei ção.
De resplendol' guarnecido.
Tomar para seu vestido
Sangue do meu coru çâo,
Indigno de ser nascido!
E nquêlc que ocupa '0 mar,
Enehe os céus e as profundezas:
Os orlu-» I' l'('dondezas;
EUI t:'IO pequeno lugar
Como porlcr á exl a r
:\ gnll1dcza das gl':lnt!ez:ls,

(jalll'i cl: Porqu e tanto isto nfio peses ,


Xem duvides d e querur,
Tua prlm n Elizabeth
I~ prenhe, e de se is meses,
E ln , S enhora, h ás d e c rer,
Qu e ludo a Deus é posx ível ,
E o que l' m a ix impossível,
Lhe é o m enos de f'az e r .

' "i I'g(,ll I : Anjo, pc-rrl oal-mc V,')S,


Que com a fé quero falar,
I'edirei sinal dos Céu s,
•.
J
~t': Sc-n horu , o pod ei' d e Deu s
:'\:10 se hú de cx um i n.u-.
Xcm dl'I'I'is d e duvidar,
I'ois soi s dl'le tâo qucr-i da .

E d'u hin icio r-s colh idn :


E m:1IJ da -vo s con vi dur :
I'al'a m:l(iJ' e vos con v i d a.

Yi rur
" -m :' E ece n u c i llu Dom i n i ,
F:ll'a-sl'
., sua vontad e
:\'0 que sua Divindad e
'\Iandar qUI' seja d e mi,
E de minha l iherd rul c .
, ,
Em l'slc' P:ISSO SI' v a i o Anjo (;aiJriel , e os :IIJ Jo s, :l s u a p.n-í ida , t ocam
e
.e u ., i n xt ru nu -ntus. ""ITa- s e a «ort inu .


DU ..\S HESI'OST :\S DE .IE.\X LOUIS II:\HHAl:r.T

1~1lI cntrenista ti publiruçúo [ruuccsu "/I01ll1l/t'S <to T/~(;/ISIQU/~'S" o [umos o-


homem rle t cnt ro .1/'011 Louis Burruult [é : UIIIIIS 101l10s d ccturu çocs que [ulsuuno«
til' 11111(/ u prcciúnel at uuíidiuí c /1111'0 IIÓS.
(;011I muito [elicidnd c Barrnnlt [ulu sobre as rcluçúe« cul rc artista I' eSflecto ··
dor, e, lumbém, s úb t»: o l eul rn unuulor,
,

Pr-ruuutu -- "Existe alguma forma de tcutro que seja parttcuhu-mcuu- POJ"


pul a r? Tcuf ro ao ar l i vru; de arena, ou qualquer outra forma que v is« c!espert,w
inh'l't·sst..' atrav és de arranjos mutcria i s ?'
Hcspostu - "Acho que a decisão sôbrt- a forma pertence ao artista, Quun d o
S('lid:1 CDm umu mercudortu, pode-se Iuhricú-lu dc duas maneiras sob o pont«.
d c nisl « rio ort esão: ('lIlpregando todo o esfún:o para '1ue ela seja hela - - c l'
êss!' o procedimento que dcf'cndo - ou cn lâo [az cn d o tôüus os co ncrssôes par»
s al i sf'azcr ils exig[:nl'Ías do frcguês, nada i m po rtu nr!o desde que xc vcn du beur :
:I ,~I':Id'l1'iamos assim a uma parle do públ ico dc men tu li dud« qur- r-Iuuuuriumos
d(' i.urgucxu, que de fato cxige um certo t cal rn para sua sut i s lu çfio pcssonl . Mus,
te n ho por m im que o púhlico deve nhrí r os olhos, os ouvidos (' o ('ora~':io e-
recebe-r o que lhe damos. Se fuzt-mos mal o nosso trnhulho. mcrr-ce mos \llIl
cust iuo, lIi:IS l~ a lIÚS que ('ahe es('olher c dcc i d ir qual a forma, Essa forma deve-
SI' ('st,lI)el('('('r, não cm Iu n çúo das exig['ncias do ex pcctudor. seja ['Ie rei, buruuê«
ou oper.u-io, mas sim cm f'un çüo das nossas observa ções si,hre (l ri uu o e (~
csiilo da «x lst ênciu modcrnu . Asxi m a pantomima corn-sponder-i ú,; gl'andes
s in Ioxex, enquanto os monólogos e os trr-chos líricos corrcspou dcrão aos mo-
nun los ('llI que a alma (' o ('OI'a~':lo se dilatam, Em r-im-o minutos dc pantomima
Inx-sc puxxn r ;)0 anos, Em uma hora de lirismo, descn\'oln'm-se :{ scuuu do s,
fJ:ol'li"~r1ar:lIenlt' intensos, I': o p r ópri o ri t mo da vi du'".

Pcrgunta - "Tcnrlo em v ist a o seu i n tr-rêss« pelos prolllcl'laS d.t e ,IUl'ar::io .


qual a sua opini:io SÚhI'(' o teatro umador. a j)I'útil'a do teatro pelo PO\'O. 1'0-
del"l isto t ruzer uma ajuda ao dr-sr-n vol vi nu-n to do gôsto pe lo tcut ro ?"
Respost« - - Cct -tumcntr-! I:; do inler['sse de todos. Oucm pri meiro fuz vlvvr
U~l1:1 urt«e uquê l« que a amu, é o umurlor. no bom sentido do t['1'I110. UIl1:1 da".
;!l"IIHI':s I'POC:lS do teatro no puhu - foi a irlad« m éd iu, quando todos rcp rvscn íu -
vrm , o cst udun tc, o u çouguci ro, o lenhador, o f('I'I'eil'o . .-\l'110 muito louvúvcl
e n c o ruju r e d('s('n\'oln'r o nmnrlori smo sério c autêntico,
,

lIuminâ~ão II
,

, ,

Resisíé ucin Iuxcr de alto pre ço, asxitu C0ll10


todo matl'ri:ll clétrico CTII gend,
Ainda niio l' J)es!e n úmero d e ocor -reu-nos essa sugestão que "a-
nosso Caderno de Teatro que vu- UIOS of'erccer : (~ a execução de uma
mos tratar dos ap:II'elhos de i l u - resistência hidniulica ,
minaçiio prilpl'iamenle ditos, Vu-
mos apn'sen[;,, ' UI'I ilrncesso "C0-
n ôm ico , simples e eficiente de xc-
f'nzr-r uma rcsist ncin , é

Hexixlên ci a vem a S('l' uma uni-


da de elétrica que pennite uumcn-
tur c diminuir a intensidade da
luz, Todos sabemos o quanto é
importante a ut l izu çiio de rcs is-
í

t['Il('.ias no l('ati'O. SCTll ('Ias, cs!u-


IllOS i mposxi hi litudos de produzir
curtos efeitos c de controlar a in-
!ensid:l(!e da luz, Sl'1Il resistências
nüo pod cmos obter êsse con t rôh:
a niio ser utruv és de recursos tais
como : mudar lâm pudus (ma is f'ru-
cas ou 1I1l1is f'or-tcx) ou ni n d n, acen-
der ou Hjlaga:' ê ss a ou aqll(']a Ion-
te de luz, Ora, a ruu dn n çu d e
Iârn pudu« requer ccrtu quantida-
de das , IIH'SIIWS, l' que tcnhum I)
número de wutts desejado (nem
Sl'lIlpn' co iuc i dr-m ) c ainda tem-
po para mudá-lus . Frcqüentcmen.
te, surgc a dificuldade de atingir
as fontes de IlIZ, (, muito comum
:1 im poxs i hi l dnrh, da mudun ç., de ,
í

lâm purlux durante um cspctúculo .


Outra solul,'iio se ria a de têrmos
OUtl'OS ponlos dl' 'lIZ ji" prcv ia-
men tr- preparudos c isso implica -
ria cm número maior de aparelho s t
c l ét ricos : ref'Ictorcs, de, Daí con-
cluirmos que a mu dn n çu de 1:'1111"
padas n âo é pruticávr-l l'III teatros
c, mesmo essa idéia niio é con co-
hivr-I pois temos a rcs istêu ciu quc
suhstitui essa lan'fa mais eco- 1 - - O rec i p icntc de água pode
nômicamonn-. com um resultad o xer uma manilha comum igual às
muito su pcrlo r. sem rlú virlu algu - que sâo usadas cm canal izuçõcs .
ma, poi s a IIIz que se o hlúm com Essa peçu deve sei' chumhada (ta-
uma rr-s istên c in tem cxatumcn tc purln) nu husc com ci mcn to .
"uquclu" intensidade desejada , ( fi g , 1), ~:sse trubulho deve seu
• Sendo as rcs istên c ins que cn- feito com cu idudo para que n
con trumos Ú ':l'nd:1 ou l'laudalllos úgua n âo vuse posteriormente,

,

:.!. _ . Do is canos d e dlUlubo d e


I / :.!. a I po legada e de ;)() cenlí -
nu-tros, a prox imadamen te, qu e
eoineidam com a prol"lilldidade do
recipien te (nlHnilha ou vaso ) , •
l~ s s e s canos devem ser pl'esos por
- uma das extremidades a umu peç 'l
de malerial que não seja conduto r
d e eletri('ida<i('; êsse IIwkl'i aJ p .)d e
se r de madeira ou pl úsí ic o c ter as
dinll'nsü('s aproximadas de: ;) x :~
x 2,:'> ccn ti mct r o s ,
.\ e x tl' e m i d a d c de cada cano fi- o
xada na mad eira na face ;) x ~ , ;)
('entim ctros deve ser ligado a fio .
Para 1)['111 fixur o fio e ])I'oduzir
um bom con tato , a part e desen ca-
pada ( u n s doi s l'enIÍlIle\l'os) d ev e
sei' m etida denlro do c a n o , qu e.
ao ser fixado, ,Ir'\'e S(' I' a eh al :ll\o l'
prêso por doi s pa rafu sos. (fi g, 2 L

"
"
.

3
, ,' '
"
,I; .~

:{ _ _ () fio a ser utilizad o d ev e


SC I' fl exível e rl'!ativ am ente grosso,
n" 12. pura suportar nma boa pus-
sag e l11 d e für(,~a, ;\ s dua s outrus
extrem idad es d os fios se r ã o uma
l igada Ü r ôr~:a , e a outra ao a pu-
I'ellü) d e i lu m i nn c., úo . () outro fio
do a p a J'(~ l h o de i lum inuçà o v i rú d a
font e de 1'lll'I'g , a (fIg, .1) ,
-! . COUIO se pod c v er na i lu s-
l r a ~':l o :1 , é Iúc i I a mon tugcni da s
Ill' ~'as puru s c obter o fnn cion a -
nn-n to ulcci"lllico da s i-c si st êu ci as .
I,
!"
Os dois tubo s d e chumbo d ev em
11Il'I'gulhal' denll'o do rccipi ent e c .
para tanto, pres o s p or uma 1)('-
qu cna c-o rd u qu e passar ú por du as
2 roldanas e lerú na outra ex t re n li -
dud c um p['so igual :;0 do s tubo s
c a pel,'a isolante d c m ad eira, ,\
li xu çá o d a s roldanas fil'a a o e n -
cargo do ox cc u tu n tc d a obra qu e
pl'ovid"lll'iarú a .umu ção p uru o
l'onjunlo, segundo s u a «uu vc -
, . , •
n u -n c ru .


,

,
;) :'\esla part e, a prus uu lnmu-, s i s ll~ l 1(" i a .
Sucede, porém, que o
II/H esquema s em os símbolos CO Il - no sso obj ot ivo não l' esq u e n ta r a
vern .io nui « d r- elc L'ielllad e, pa ra n úgu a e sim consum ir Iôrçu clétri -
f'úci I cnm prr-cu suo (\12 lJlI:llq u cr ,H'S - ('a do ci r cu ito para que os apare -
soa que c-om l'les niio es teja fami - lho s de luz r ecebam m en os encr-
liarizado. Cm simplcs rr-lunc r- gia , e, portanto , tenham luz mais
purm i h : \'('1' que o c ir- c u ito l: feito I'I'a('a . Axxi m, quun to mais mcrgu -
utruv é« da úgUtl da resistênci a lluu-mos os tubos de chumho
(fig , ;{). úgU:l , teremos um círculto mais
Daremos agonl uma c x p l i e a ~' ií o pcrfcitum cn te fechado , ou seja, a
su purficia l do Iuuclunmm-nto c l ó- agua lerú ,
nH'UOS
. op ortunidade d(,'
·Lr ic o (' nu- c ân ico da l'I'sislênei :1 COnSUf))II- e n e r g i a.
para que a pessoa que a construir' Dcduz -se qur-, quanto mais mcr-
e vir-r a ul i l iz ú-lu t c u h u uma c or- gulhados os tubos dentro da úgua,
rela idéia duuui lo qur- e s Lú II X~ ­ mais f{)J'~'a re('eber;io os aparelhos
cutun do, Como sabemos, a úgua l' de luz I' maior clurldude dur áo .
cou dutoru de c lc t ri c iduch-. ('ons(' - Tcmos UIII ponto importantc a
qücutcm cutc, ao lIIergulhannos os observar <'0111 rcln ção ú águ u ,
dois tubos de churnho dentro do Esta d('\'(1 co u er sal de cozinhn
í

recipiente c om úgua, p romov cmos


p;II';, melhor conduzir a e letri ci-
o ci rcu ,
ito . Entretanto, 'a c o n te c e
dade , Porúm , essn quunt idade d e
([UC a agua uon sorn c en er g i a, trun s-
sal dI'\"(' ser gl'aduada para o nÍJ1
formando -a em calor c, li essa a
- .
ruzno porque, a agua esqu enta. .'
li :,
11)("'0 de wutt -, a qu e s e de stina.
.
mesuui muncrru qu e 11m Ierro c lt'-
isto é, para c a d a nlJl Jl ::"o d e watts
H quantid ade de s 'l! "' a r ia 1'ar:1
trieo esquenta, atrav és d e sua rc-

ln
/K.. . . . .

4-
F

I
/

'.
se ol1t('1' l'SStI g r a d LJ a«:,";h} ~ b a:,la ir-se vcrú (', Icrvcn d o , )Jrejudkarú o
a crescentaud o o s .il, P<H: CO a ro n tut o, c orno tnmh ém se e v u p o -
pouco, :: fim -II' qu e se o h te n h u, se- outro lado ,
rur ú r àpl dum eut c , 1'01'
gundo a necessid ade, o ru úx iur o c se f' ôr usado o n úmero de watts
o m n imo de inl('n ~;idad'~ d e lUZ
í super-ior a :!. 500, por pou co tem -
que se deseja o hlc-r ::lraY(:~s d a 1'1'- po, U:'IO huvcr.i i n eonv cni cn le.
sistl'ncia, para 1, :! .)U mai s apare- Xotu , - -- Se alguns dos Ic il orus
lhos d(' luz. dcsejarcm mu iorus e x pl i curõcs :l
()1Jsel'\':t~'úo; Cada r csixt ên ci u rr-xpc ito, qUCil':lIl1 ' co m u u i c ú-I o,
dêsse t ipo 1('111 umu capacidad e qu e, co m s n t is fu çâo , d aremo s
m úx imn qu e n ão vui além de q nu isq ue r o u tros r-s rl. u -cc im cn to x .
• :~ , 000 w att s eo m r elu çii o às l âm-
padas. Se, PO) ' acaso, o n úm ero c , :\.. :,\,
d e watts I ôr muior, a úg uu f' cr- ,

--- ,

Com êste número os "Ca dern os" en t r a m no seu segu n do a n o de


existência , ' . •
Haviamos prometido no primeiro número que o nosso lema seria: " n ã o
se esqueça do interior" e pensamos não t er decepcionado os nossos 400 as-
sin a n t es, que perfazem um total de 1.500 leitores, com as vendas avulsas
em São Paulo e no Rio. Os números 1, 2 e 3 já se acham esgotados e a
nossa correspondência sobe dia a dia.
De t odos os r ecantos do Brasil, onde exist e um gr u po amador ou uma
vontade de fazer teatro, rec ebemos pedidos de a ssinaturas .
Transcreveremos algumas das opiniões de leitores de diversa s partes
do Brasil, que vieram animar-nos e confirmar nossas esperanças.
De P aulo Neves de Magalhães, Teixeira, Minas:
"Recebi o n .? 6 dêstes Cadernos e d epois disto, nada m e resta sen ã o
congratular-me convosco pelos vários m elhoramentos que se vem notando
em ' nossa querida revista . As adaptações, as lições, as diversas se çôes e
os artigos, tudo isto agrada muito .. ,". .
De Claudio de Souza Barradas, de Belém do Pará : •

"Ven h o r ecebendo, com a maior das alegrias, n este fim d e mundo que
é Belém do Pará, os "Ca der n os d e Teatro", tão providencialmente lançados
pelo Tablado, elenco que já se tornou querido de todos nós, gr a n des e pe-
quenos lutadores de teatro . . , muito est a mos aprendendo à custa de vocês
e esperamos aprender muito mais para o futuro 55.
De Walter Ferreira, de Marília, São Paulo:
" .. . en t r a m os em contato com esta jóia de "Cadernos de Teatro" .. ,
aqui no interior, longe dos centros que dispõem de recursos lógicos, en-
frentamos uma série d e dificuldades, no que diz respeito a material da
espécie, motivo pelo qual nos agarramos "de unhas e dentes" a oportu- -,
nrdades como est a . .. ".
E muitas oinda , vindas de Oswaldo Cruz, Cruzeiro, Jundiaí, Sorocaba,
Araraquara , Bauru, Santos, Atabaia , em São Paulo, Natal, Põrto Alegre ,
Maceió, Campos, Curítiba e d e grupos t eatrais como Teatro de Amadores
de Sergipe, Núcleo Artístico Cultural da Juventude de Uberaba, Grêmio
Artístico e Cultural Edmundo Id e Macedo Soares e Silva, de Volta Redonda,
Escola Apostólica de Pirassununga, São Paulo, Teatro Experimental dos
Trabalhadores, Descalvado, São Paulo .
Esperemos não decepcionar os nossos leitores n êste ano de 1958 . Con-
tinuaremos com o propósito de ajudar os grupos amadores do interior,
reconhecendo,no en t a nto, que nossa r evista não corresponde aírtda inte-
gra lmen t e ao que dela desejamos fazer.
,

o HOMEM INVISIVEL

( l nsp irudo num rouuuuc dI' II, (;, "'ells adapla~'i"I<)


dI' Charles An tom-tt i .

I'Hl1I) EIHO OUADIH)


"

,\ ruu l id ào .í

I) ;\ m ul l i d âu 11<1 ruu, cou vcrsax, barul ho ,te uutuui óvr-l assohios,


"r-umr-lots", etc . , ,
:!) UIII h o u u - m traz 11111 eartaz I' o co l o c n 110 f'un d o da ('el1a (cal'!a!.
illlagin:'lrio) ,
') .
.) I .- Aluuns honu-ns 1('1'111 o curl uz . (;l'lIpalll-SI', \'('-Sl' apcl1as a s ('ostas
das pessoux .
·1) Um« \'OZ lô o ('aI'laz: "Av iso . UIII h01ll1'11I in vi s ivr-l cncon tru- so na
l'idade , I:: 11111 h01l1('11I IH'l'igoso, Sejal1l p rurh-u lv x . 1"1'1' h 1'111 PO)'!;I'
, 11 1( ' I as. "
(' ,1:
-)
.)
'
Sil('n('io, COllsll'l'l1al:i'lo gCl'al,
li ) Drpoi x. súb i to , muito deprcss:l, ('(lIlIU 1111111;1 J'('fJ'('ga, os pl'l'SOI1 :I -
gl'IIS muis vis ve is pelo p ú hl iro, J'('('e!H' II I do h011l1'1II i n vis vr-l :
í í

1. 11111 pou n p ú (1 '" 1J('I'SOIJ:l;'\CII1)


í

-
')
, uma hofetada (:! " jH'rSOl1agl'lII),
:L 11111 s óco 110 estôlllago (:{ '! ]H:l'sonagel1l)
,
7) Couf'us üo geral. Gri tos .
"Puxsuu por ali" , "Pegllelll-no",
Fortnu-s« :1 mult i dào ('111 gl'IIpOS, ,
Sú hi lo os qu« cs'li'lo :'1 frcllll' l'e('e!)I'III, por SIl:1 vt-z I>ofdiies, Deha n -
d:j(la, Outros II('sit:1I11 por 11111 in st a n tr-, depois fogelll, ,
lO) Os que ('a í I'a 111 , levuu t am-sr- e Fouem .
II) Fi('a IIIll i n d i víduo upen as que , 1'01'1'1' tu m hém , vui :I1 i' suu casa,
fel'ha a pUI'I:1 ('0111 dilas VOIt:IS de ('\1:1 VI', a ju n o l u, d(',

SE(.U:\DO <) U,-\DHO

1) Est:'l i n qu ielo . Pro ru ru. COI1l a njurl u dI' 11111 puu pela casa lôd;I ,
:!) Sú hi o i mob i l izu -sc . Ouviu ulgumu r-o ixa . Esellta, :,\:io, não é
í

n n du , He('Olllel:a, dando bust-a 1'111 tôda parle,


:{) 1':'Il'a n ovamcn tc . Dcstu vcz , é certo l ei' alglll1la co isu ,
.' ) Pallsa,
;j) ;\ voz do homem i u v ix ívr-l : "pu ro de SI' I' tolo v vai acal>:'I' POI'
III(' ferir 1'0111 toste pau".
(i) () h011l1'11I eslú tt-rrificu do .
7) A voz : "Xâo Ii que 1'0111 ê s le ar de idiota, D('-1I11' hospitalidad e só
por essa noite, :,\:io SOIl nun hum mousu:o . Estou cnnsudo e
t e n hn f'omc".


ii ) () ho uu -ru co n s eg ue uh ri r a hô c a e nUIII ru gi do : "X âo ! ;\'t lO ! y (,
r-m bo ru ! SOCOITO! I~k l'S tú a q u i. EIIl m in ha c a
s a! " Ba t e COIll "
pa u a lo rto e a di re ito . Q uc hr u tu do ( b u r u l h o ) . D
ep oi s at in ge no -
ho m e- m in vi s iv c l, qu e nâ o po de se l iv ru r (ie ta is g o l p!
~ s, OU \ e- se
u m gr ito d e d or .
O ho m em i n v ixi vr -l : "B ru t o" . Eu nà o d i ss « .. . ": \h
".
10 ) ;\' 0\'0 g ol p c . •

iI ) - ,0 ho m em i n v is ív cl ut uc u -o . l.u tu m . () h om em é
d e s al 'll la d o. () h o -
nu-m in v is iv el é e s t r a ng u la do . (;r i to s .

1~ ) O s ho m en s d :l ru a ou v em c e n t r a m n a cu su no m om
en t o d o es t ra ll- -
g u la lll e n to .
1:) ) . O ho m em i n vi siv el cm nu rr u- o s e fo ge . '
1-1 ) Co rr em .

TE nC El H O O
" U: \D HO -

I' er s egui ~':i o •


(S Ul' lc x In lo n s ) d o ho m em iu v is iv rl . GI it o s . Pr ug
ns ,
')
-
.I P cg um -n o . Xl ist u r« d e " r ug h y ".
")
,) A gr id ell l -n o CO Ill a le g r ia e Ir-ro c id a rk- .
.j ) Ou v e- s e o b uq u c d e um co rp u .
:i) Si l êu c io .
li) Vo zr- s : " ve jo um a e s p é ci e d e c s q uc k- t« .. . a 111 ,-10 . . . ' e u ro s! o .. , oh~" -
í ) Si lê nc io .
1) :\ m ul í i d âo af as ta -s e, d ei xa nd o ve r o ro rp o do h om em i n v is iv cl ..
m o r to , e ag o ra , v ix ív cl .

---+---
,
CABEÇA DE -
PAPELAO
l n s ni ru do II UI IIf1 tu nr cl u b ra s i le ir a de Pa ul a na rr e/ o, cO/11f1osIQ /10 /
r: 11(1 rlc s .-1 nt on ct í i,
o : ' () B H E H: \I ':\ Z

1 - O po b re r ap a z es lú só , n U11I cu nt o da ce na . se nt ad
o nu m tu m h o r c to ..
ru ui !o ab at id o e d es an im ad o.
-
')
;\' ou t 1'0 ca nt o da cc n a , a fu m i l ia ( pa i, 111-
m o s . e\< '. .. )
(1l' ,

rr m no s, •
-
J rm us . pr r -
:\ fa m íli a lu m cn la -s e:
,
J~Stl' ra pa z nUI1( 'a se ra na da .
So nh a so• co m a .l us t i çu .

S e n ha s o co m a lg uu ld ad c .

So nh a s o COIll a Li be rd ad e.
So nh a so• co m a Fr ut ct -n i d ar! c !
"T od os o s ho m en s na sc em e p er IlW n c cc m
di re i to s. • •
., liv re s f'
• •
Igu ai S e III

T údas es sa s fra se s sii o u rq u cs l ru du s d e m od o a flá r


c m c ui d éu ci n
us pu lu ur u« rs s c n ci ui s .
.. I [u m ili a tlc pl or u o es ta da do po b rc ro pa : e cs nu
de s pr é: o . ut u- c: CO/11 sc tr
_\ :'II O H

I .\ fa m íli a dc su pu rr- cc .
..- r'
O po hr c ru pa z es lú só .
Um a m ul he r pa ss a. Be la e no br e .
:{ O po br e ra pa z cs tc n dc -Ih e os hr u ço s .
~ Pa ss a di an te dé le '. 1~le se lc vu n tu .
a- El a SI' vo lta , co m de sp ri' zo e di z: "Q uu nd o Iô re s fo rte
ii .- , eu le un uu -o i."
Sa i .
- I Dv se s pê r'o do ru pu z .

, L\ H E (: :\ DE P :\I 'E LA O

Um ea l'l az es cr ito : :'I ltD IC O. Um hí om ho .

I -
. -
,
O po br e ra pa z en t ru e hn te .
--< ' O ru cd ic o ap ur vr e: "D e qu e se t ru lu ?"
() po hr c ru pu z : "D ou to r, é a m in ha cn hc ça . :\: io é Ie
i Ia CO I no a do s
., ou tro s . :\ã o pe ns o co m o os ou tro s. Pr ec is o de um a
.) - O m éd ic o cx am i na -o , le va -o ut r ús do hi om ho . Pa ca he ça nn rm ul ."
ss am r úp i du m cn te
de um la do pu ru o ou tr- o e rc u pu rv cc ru . :'lIas o po br
e ra pa z to rn ou -s e
"g l': lI1 de ho m em ", Te m ag or a 1II11a m ús cu ru , m ui to
"c uh c çu de pa -
pe lã o" , cu ja pa rte su pc ri or pu ru lc hp it ic u fa z le m
hr ur um u cu i x.r
de sa pa to ,
-J O m l'd ie o: "COIII es ta cu bc çu po rlc rá s m ui to he ll
l" ." O "g ra nd e
ho n1 ('I II" : Cu le -s «: Se i o qu e de vo fu zr- r ,
.-,
-.
ti
"a i-s e, de ix an do o m éd ic o bo qu in he rto .
An du . Es tú in te ira m en te m ud ad o. Se u eo m po rtu uu
-n to ~ ou tr o 1111-
po m -n !e . G ru nd c .

() PO DE H ,


I o
"g ra nd é ho nu -m " u vu n çu em tri un fo I', po uc o a po uc
, '

o. um u m ul t i-
d: io vu i-s u fo rm an do at rú s di 'le . Ad m i ru çâ o .
-
'j
Co lo r-r uu -c m se u' om br o um m an to im nc riu l.
Di io- Hu - UIII .c e t r o . . ,
En tra a m ul he r qu e o de sp re zo u. A tir a- se a se us pé
s. Fa z si na l ao s
la ca io s pa ra qu e se oc up r-m de la .
J -:, ; S Oh l' ao tro no qu e lh e tru zr -m , e do m in a a si tu
u çâ o .
:\ ' m ul he r I's lú ao s se us pé s I' o ad or a ..

o "C O :\I PL O T" ' ..

,
I o cc nú rio é o m es m o, :'lIas, de nt re a IIIUllidi'IO, ' dl 'sl ac a-
Sl ' um pe qu e-
no gr up o de co ns p irn do re s . Ou ve -s e fa la r dê lc :
J~ a cu he çu .
I:; da eahe~'a qu e pr ec is am os .. , ct c , "
.) ,
- Os co ns pi ru do re s t i ru m pi sl ol as e at cr t-o rtz ur u a m
ul tid úo do s ad o-
ru do rv s .
..
:~ En vo lv em o "u ru nd e ho m em " de ta l Io rm u qu e o pú bl ic o nã
' .
nu ns o ve . . o
Pa us a.
a- D ep oi s o po br e ra pa z é ah an do na do pe lo s co ns pi rn do ro
pr os cé ni o. :\0 lu uu r dê le , um no vo gr an dl ' ho m
s . Ve m :10
em CSf{1 in st al ad o,
us an do a m ús cu ru de pa pe lã o,
(i - Co m e ça de no vo a ud or u çü o, cn qu un to o po br e
ra pa z le vu nt u- se
le u tu nu -n te I' vu i-s e cu m hn lc nn h- , do to rc sn m cn tc
1I1111'I11UI a m lo :
·'. lu sli ca

"
"C ur id ud c'
"E ru tt- ru id ud e" "O s ho m en s nu xc vm , pc rm un ec em . .
,"
,

NOSSA CIDADE
TIl 011 "TO:-: W I J.DEII

'l'radurào
.. tl« E/o'iie Lessu

Peca
.'
cm ;\ a tos
ANALISE - A "ida cotidiana de UIIHl cidadezinha 110 intct-io r
dos Estados l.nidos : a história de duas famílias, dois namorados,
um organista. um leiteiro. uma mu lhcr que gostuvu de ir a C~IS:t ­
m cntos, l' do tempo que passa pela v ida de todos êlcs, tOI'll:llldll
UII :; ma is velhos, outros menos IIlOl:OS, alguns UIIl pouco IIHlÍs Iris-
ics, e outros mortos ,

JD~J.:I
- A dignif'icu çiio da "ida de todos os dias: " sol id.u-ic--
elude humana, a simplicidade de viver, a conformação diante dn
morte e a humilde ( ~ corajosa compreensão da vida que continua,

Pc rsonugcns : A Família ctu.«. A [amil ia \\' ebb :


Dr, Gibbo'i Sr, 'Fcbb

, Sra . G ibbs Sra . Webb •

Gcorqc Gibbs Emiuj \\'ebb



Rebeccu Gibbs . \F ali!! H' ebb

o Contra-Reora a presou ta as pcrsoua gells e


a peça.
Hoioic Netusome
Simon Stimson
Professor \\ ' illard
Sru . Soames
Guarda \Varrel1
Sam Cruiq
.foc Stoddard •

J oqudorr» d e buseball (:;)


Xl ulh c: no bulcâo
fi omel1l nu platéia

,
,
Senhora no camarote
Ajudantes do coutra-reqrn

Fazendeiro Meu: (;rc[Jor - - (' J[oda

CeNAR/O Apenas alguns elementos pedidos pelo autor : cu-


. d ei 1',1 s, mesas. tablados, escadas, ,

FI(iURIXOS - l!IOl-Hl1:l,
M 1\,,'/ C,-\
Abcncoados lucos
.~ ." (Blessed hc lhe hind 11l<! I lics)
Andas lriste -! (ArL Thou wcasy, art lhou la ngu id ") :\1<ll'cI1<l nu p-
"ci a i - F, Mcndclssohn . ".. ~
, ,

COJJO FAZEH'! l\Iais do que nunca .i ulga mns convcn icnte a


aplicação da fórmula: "0 atol' certo para o papel certo". Huma-
nizn
.. çâo
,
e simplicidade no estudo das personagens _ Atenção ;'1
1 11 ]] l lI Ca :

OUEJ[
, PODE -- Amadores com certa cxpcrrcuciu , . ., .

POBUCO Todos.

. .

",

Fotografia da peça, quando encenada


pelo Tablado em 1954 . - o Côro.

,
, "

Os Irmãos das Almas


J/o/'liIlSi'l'II((, ( cs c ri t« e m lil-l ·I )
. !

Notu : Ir/ll:io das ulmus, hu -


IIII~IIS qUI' , vvst ido» coru
uma opu, iam , d e parla
cru portu, Ii ru nr!o es m o las
paru as ulmux ,

•~ - IIES V;\\O:
, ...
Jorge, que ruoru CO/ll
' -
,

POI', parellte mu ito pr óx imo do de -


'

. ~l CSPOS:1 ( ' ;I Il'Jilêl . ... -m cornp u- /li o II lO ,


f ll l1 i:r d~' uniu sog!-a IIl alldolla,. vive ,\ I)('!,':I ll'l'lI1ill:l ('0111 urubus de
. de <:1I1'IOSO 1'lIlprego: SUITUPlaJ' U jor-Ihos, a pedirell1 vncurucidu-
' d i ll it e i r o qUI' ped e para as ul- nun!« qur- lI:io as 1('1'{'1I1 p:II'a "
i lll :l S . " ;'\0 i n ic io da pe~'a lias da - IlIfl 'J'1I0,ellqu:llllo U:I poria, UIII
IIIO S cOllla de que suu i r/ll:i (Lu ixa ) qu i n to (1"111:"10 das Almu«. p:l'il:l :
;e s l ú 1111111;1 lerl"Í" cl crise, pois des' "Esiuol., para a /lIissa das u lnru-;",
!c o h l-i r :l que seu unu«!o cr:l UIlI

;I' l ~ d n' i ro Li vr« C\[a~'oll) c, COIISI' - •
;q iie n l{' /lI c ll il' , UII1 I' Xt''-'!IJungado , I I> (;/.I : Hi :l!elll(lI' q: :e;11 ,
ri
:ü is L lrt: a d ,j ,'III I!'!I \;'IO d :I S .\1, ú l t imo .
-II I:1S (usalldo 01':1 I' handl'ja.!lo
pedir ('slllOlas) i'osll' ('ollseguirú CI1 - P EHSO."\.\ ( ;J ·:~ ~: J :)I'gc (n h· .!.~Te t"
11':11' lia casa e dar suas expliea~'{le ', L !I:ll lo r , nU11l ('('1'1(1 s (''-.l i, lo (' S-
' '' d o u l r i ll :'l r ia s ' ' ir I.uis .r, II1:1S leI' :"! p('rlall1:io, IlIas t ítu id ó (' covurd «
ele es('ollder-se rlcpre xsu IIUlII :11', p( 'I'a Illl' :1 ('spúsa C a SOgl':l , Pod(' -
.n . úri r), ('01110 qu.rlquor- 01111'0 11101'- SI' 1I1('SIlJO t irur ('feíto di'osll' con -
:1:11 , poi s s o g r a e cUIII1 :((I:I 1'('111 ('11 - Ir:t stl'l; Sousa ( :lI l1 ig o d:l Iuru il in,
" r ru u lo :'I s pn'ssas . QU:l1 n ão é S\ ' II illtrig:llll(' (' hujulurlo r}, Fl'Iki o
r(,:, p :l n to ao ver que. depois 11 ('10-, t ('OIIl[ui sl:Hlol' it 18-t-1 ); Tii>Í1I'cÍ<:
'
ocupuruo o
- . .
urru urm. sue('SSIV:l-
.
( h e rú i rOIIl:inlico, :'ITehatado ) ;
'li H' II Il' , Fc-lir-io, SOUS:I (' Jorge, to- D , .\1 :II'ialla (altiva, rtr n z i u z n, hcin
dos fu gil1do dos guarda s que a n - ~ OgT( I ) ; Eufl':'\sin (cspôsa de .lorur-.
'd :1l 11 :l l r ús dc UlII d cvot» irnulo qu e u u to ri hu -in , briguenla. lIalllol l:llt'e i.
rou ha ra UII1 rt- I úg i o, , , 1':1); Luísa (f Im i dn, :tllerl1an"o
Pt'o\,;HI:l a i!i()(' f'II ~ ~itl de Jo r g'{' fu - fr a s(' s (' s u s p i r o s ),
g i n d o Fl'I í"il) ~ o !:"Ir',i o I I ' SIlUS:l
.I qu« lI:1d:1 t inh., ('0111 a l1isl óri a j cu ,r \lO;>; 'I ,IB: •.......• Iil· •
°
I)
( 'O! !'('(Ila
'se ll d o prt-so Tl h úruio, 11:111101":1 - de 11\-1 ,\
,
('x l gl' urna I'('rla cxl i l i-
do , COIlI o auxílio de .I01'g(', i 1':'1 .
Z êI C :lO .
,
cons('gulr:1 "I"1)('1'(I :1( I('" {"este "
de Lu ís u , prcgando 1"ITÍI'('i suslo BI T:\lo: o
,
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,
1'/1'0
.
pO SSI 1'(" ,
nus 'd u :l s t i runnx , qUI' o touuuu FII; VHI;>;OS: ( 11\ -1-1 ) h e'1II coloriuos .


.~'i.

-
Na fotografia - "Os Irmãos das Almas" - pelo Grupo da Estrada do Ver-
gueiro de São Paulo. •

CE:\ .i. ll lo ; 1 '111:1 s ·;I; 1 s i :; l i~ It 's Q u E:\I POIlE ~\()=-T.\II; Clubes.


r qu nnt o urnuu-io , ou se p oderú
:1 0 L'st" o las, .u u u do rcs eru g er:ll ,
fazer apenas t~O J) l a a l" n la~: ê"io, de ·
pcndcn do dos quutro utorr-s. 11111 ;1 I' ÚIlJ.lCO; :\ ,' o l1 s o;l I> ,011( ';';
p nru o
m m i cu el1gr:l~':ldÍssil1la, 011 ('111:10 ,
í púhl ico mais simples, ('('rIa pr cpu -
fech:ldo n u-sm o , dnrú, talv ez. e OI11 r;1l::1O ;'1 é p o c u , ru la
U r n a d c t r - r m l u

.rux ilio d e um a xo n o pl uxt i n lx- tu qU:ll1lid ;lCl e d e c u r t õcs o u pro] c-


1H'l1s:lda , ó f i mu cf'ei! o cómi('o ) . ,,'i'(·s de ('("I:lsdo século passado
n o p un o d e h ôc u .
~I .T V

Á MARGEM DA TEMPORaDA DE VILaR

Lançando um olhar retrospectivo s óbre a est a ção teatral prestes a t ermi-


nar, deparamos imediatamente com um acontecimento cu ja importância
supera de longe todo o resto do que vimos nestes 12 m eses: a visita de Jean
Vilar na frente do seu Teatro Nacional Popular.
Parece-nos que a atitude assumida pela maior parte da critica e por uma
grande parte do público a respeito da temporada de Vilar teve alguma coí-
sa de errado: quando um elenco que, reconhecidamente , está tentando tra-
çar alguns rumos novos na estrutura estética e social do fenômeno teatral,
nos dá o privilégio da sua visita, as discussões sôbre a escolha de uma ou
outra peça do repertório, sôbre uma ou outra interpretação individual, de-
veriam passar a um segundo plano. Deveríamos, antes de mais nada, tentar
descobrir o que o jovem teatro brasileiro, ainda hesitante na procura de
uma linha condutora definitiva - e os espet áculos nacionais que' -vimo" cm
1957 o demonstram com eloqüêncía - poderia aprender com as experiên-
cias de Vilar. Dizendo "aprender" não queremos dizer copiar, mas sim, evi-
dentemente, assimilar e adaptar. Infelizmente, poucos foram os que tentá-
ram verdadeiramente descobrir na temporada do T. N. P. algumas id éías
aproveitáveis para " progr esso do nosso teatro.
Parece-nos interessante cítar - co~o .e~emplo, as opiniõe:, da impren,~a, es,?',
pecializada francesa sobre a contríbuíção profunda de VIlar para a ', ~ a r t.e
teatral dos nossos dias. '
"O mérito partícul àr e incontestável de Jean Vilar é o de ter provado que
o teatro não é somente um divertimento, um simples objeto de dístra ção, •
mas sim uma necessidade imperiosa de todo ser inteligente, quaisquer que
sejam a sua formação e a sua classe social. Em Avígnon e no Palácio de ' ,
Chaillot, nas grandes cidades da província e no exterior, o T. N. P. soube
criar, num vasto público, o gôsto de um repertório de qualidade, revelando-
lhe a importância e a fôrça da arte dramática de Shakespeare a Claudel,
passando por Moliêre, Kleist e Musset". (Ren é Bailly )
"Jacques Copeau inventou o teatro moderno. Os seus discípulos do "Ca r -
tel" impuseram-no a um público inteligente, que não foi bastante numero-
so para impedir os Pitoeff ou Charles Dullin de morrer na rms éría . .. Jean
Vilar deu mais um passo para a frente. Levou' as obras do repertório - co-
nhecidas ou desconhecidas - reputadas cotno as mais difíceis, diante de
um imenso público popular e internacional. O primeiro Festival de Avlgnon,
a primeira representação do T. N. P. em Suresnes, são acontecimentos de
conseqüências consideráveis: - acontecimentos que contribuiram para .co-
locar todo o teatro francês em bases novas." .' (Guy Durnur ) •

"A noite mais surpreendente que passei no T. N. P . foi na ocasião de uma


representação de "Lorenzaccio" dada de surprêsa para os operários das usi-
nas Renault. Saberia um público sem preparo, acostumado às simplifica-
ções do ,cinema do bairro e da política de cada dia, imaginar um "liberta-
dor" sob ,os traços equívocos e mesquinhos do favorito do tirano florentino?
Filipe e Vilar precisaram de muita coragem naquela noite. - A repre-
sentação foi um sucesso: um público. virgem ressentia a sua primeira emo -
ção realmente artística. Uma vez ' "Lorenzaccio" admitido, Vilar podia tam-

bém fazer amar Shakespeare, Corneille, Kleist ou Buchner. Um público que


gostou de "Lorenzaccio" como de uma obra de arte, será doravante capaz
de gostar também de Cézanne e de Picasso - ou pelo menos incapaz de
rir-se dêles .. '. Dir-se-ia que, em dez anos, Vilar criou em volta do teatro
um clima apaixonado: formou uma geração, tornando-a mais generosa e
mais exigente". (J ea n Duvignaud)
"Tive a honra de conhecer bem Jacques Copeau, Charles Dullin, Louis Jou-
veto Jean Vilar é da mesma estirpe. Êle nunca será um comerciante de espe-
táculos. O prestigio do T. N. P. vem do seu talento próprio, da sua tenacida-
de no despreendimento, da sua recusa corajosa e permanente às concessões
do dia e aos "ditadores" em moda. Vilar soub e dar ao seu elenco um senti-
do coletivo que o torna ardente, nomogêneo e puro". (Bernard Lacache)
"O T. N. P. é nacional, não tanto porque recebe uma subvenção de Esta-
do (aliás insuficiente ) , mas sim porque pretende fazer do T eatro UIll gran-
de serviço público O T. N. P. é popular, não somente por cansa do preço ba-
rato das entradas, mas porque faz reviver o clima das grandes época s dra-
máticas, o clima de uma festa e de uma cerimônia ao mesmo t empo. E' um
clima que exige a assistência, o entusiasmo, a sêde de cultura que só o po-
vo lhe pode assegurar". lGuy Leclerc)
"0 sucesso de Vilar é o sucesso de um longo preparo, da perseveran ça, da
determinação dos objetivos e da fidelidade a si próprio. E é neste sentido
que o seu sucesso é exemplar, sem deixar de ser caro à juventude: estimulo
e lição para todos os que querem "tentar de viver". (Jean Nepveu-Degas í

"Considero Vilar como o mais inteligente, o mais eclético, o mais honesto


dos animadores dramáticos de hoje. Insisto sôbre a palavra "honesto". Para
aqueles que assumem a pesada tarefa de apresentar e ele animar cenica-
mente uma obra, a honestidade consiste no fato de preservar-se das inova-
ções ou das iniciativas demasiadamente ousadas, que tendem a deformar a
obra perigosamente - e às vêzes tão arbitràriamente! - em seu próprio
beneficio. Isto sem deixar de conferir a esta obra o máximo de atracão •
es-
petacular, de pôr em relêvo o seu fundamento, a sua essência profunda e
secreta". (Edmond Sée)
"E' evidente que o exemplo do T. N. P . acha-se hoje no centro de todas
as observações que podem ser feitas a respeito da idéia de um teatro popu-
lar. Mas é preciso acentuar a importância social da experiência: Vilar é um
grande atol', um diretor magistral. Mas mesmo hoje em dia, quando os seus
grandes antecessores, Pitoeff e Dullín, desapareceram, Vilar não é o único
a possuir essas qualidades, por mais raras que elas sejam; o qu- torna a sua
ação original, é a sua amplitude sociológica. Vilar soube iniciar uma ver-
dadeira revolução nas normas do consumo do teatro; graças a êle , certos
meios considerados como tradicionalmente separados da arte dramática: a
pequena burguesia, os estudantes pobres, e mesmo os operários, tiveram pe-
la primeira vez acesso a um teatro de alta qualidade, li vre de concessões,
exigente, audacioso, confiante; ~ parece-me que êste público novo real-
mente apegou-se ao repertório e ao novo estilo proposto; é um público Que
não somente muda e se alarga, mas tarnbém -cría raizes; graças às expe-ri-
ências de Vilar, o teatro tende a tornar-se uma grande distração popular,
ao mesmo titulo que o cinema e o futebol. Fora do sucesso patente do
T. N. P., mesmo do ponto de vista financeiro (a subvenção que Vilar recebe
do Estado é sete vêzes menor do qeu a ajuda concedida à "Comédie Fran-
calse" e dezoito vêzes menor do que a dos teatros líricos), as provas aces-
sórias não faltam: multiplicação dos festiva.is ao ar livre, seguidos por ver-
dadeiras multidões; acesso das populações laboriosas dos subúrbios aos es-
petáculos ítmerantes do T. N. P.; apelos da província: criação espontânea,
em vários lugares, das associações de Amigos do Teatro Popular; eis tôda
uma fôrça com a qual o teatro francês pode, felizmente, contar de agora
em diante". (Rola n d Barthês)
NOTíCIAS
o TABLADO terminou o ano com uma experiência das mais impor-
tantes para o grupo: com o patrocinio de Don Helder Câmara, da cruzada
S. Sebastião, da Prefeitura e do seu respectivo Departamento d e Turismo
na pessoa do Dr. Nelson Batista e do en gen h eir o Dr. Pinheiro Guedes, con-
seguimos levar a peça "O BOI E O BUR RO NO CAMINHO DE BELÉM" ,
em sete diferentes praças do Rio de Janeiro. com uma assistência apro-
ximada de 15 .000 pessoas (Leblc n, Copacabana, Russel , Ttjuca, Olaria e
Engenho Novo ). A excu rsã o durou de 15 a 30 de Dez embro.
Cremos firmem ente que a volt a do público ao teatro, só se fará por
.neio de um bom teatro infantil e p elo teatro em praça pública, t eatro po-
pular, en con t r o do povo com a a rte . Dai a importância do que r epresentou
para nós esta exper iên cia a m bulan te.

A prim eira gra n de dificuldade do teatro a o ar livre é o tablado-pa lco.


De inicío, pensamos, d e acô rdo com a P refei tura , usar coretos ou palanques,
mas n ão some n te os coretos era m peq uenos, como h averi a dificulda de em
movím enta r os a r t istas e os objetos de ce na numa pra ça cheia de gen te .
Os atores t eriam que se misturar com o povo ao se transportarem do local
on de se vest iam p ara o t ablado, Colocar o p alanque encostado nu m a ígre-
ja ou numa casa on de os atores pudessem t roca r de rou pa, ser ia o id ea l .
Mas n em sem pre a igre ja ou a ca sa que fac ilita va m a inst ala ção dos a t o-
r es er a m topogràficamente ideais para ",é colocar o tablado. No Russel ,
por exe m plo, isto seria impossivel. pois a pra ça é circ u n dada por a ve -
nida s de tráfego intenso. P a ra soluciona r o proble ma, o engenheiro Pi-
nheiro Guedes ima ginou um ta blado ideal que foi plenament e a p rovado
na nossa caravana p elos bairros. Com dez metros por cin co e uma rampa
d e gra n de beleza ; os a tares p areciam su rg ir do m ei o do povo qua ndo en -
tr a va m em cena; d ois m etros de a ltu ra n ã o some n te obrigava m o povo a
se afa star uns 3 m etros do p a lc o, e vitan do desa gradávei s aglome rações (tipo
comí cio politico ) em t õrno da ce n a , com o também I e isto foi o principal)
p ermitiram que debaixo do tablado í'u nc íonasse uma verdadei ra ca ixa de
te a t ro, com 3 ca m a r in s e uma espécie de vestibulo, on de est a va a cont ra-
r egra. o c ôro e o material d e transporte (ba ú s) .
O tablado tinha também a gr a n de vantagem (indispensável no caso )
de ser fà cilm ente desmontável. Pronto êst e, precisamos de microfones. luz,
t r a nsporte, policiamento e publicidade .
A parte de microfones e alto-falan tes foi en t regue à rádio Roquete
Pinto, que, como os outros departam entos, possui a um itinerário de nossas
et a p as . Os locais tinham sido prêviamente escolh id os pela Cruzada Sã o
Sebastião. de acôrdo com os párocos locais.
Um ele t r icis t a do Departamento de Turismo acompanhou-nos desde os
en sa ios, Instalando não s óment s os refletores para a iluminação da peça.
com o luz nos camarins.

o transporte do tablado foi en t regue à turma do engenheiro Pinheiro


Guedes (d a Casa Popular ) e o transporte dos atores foi por ca m ione t as
cedidas pelo Dr. Nelson Batista. Diretor do Departamento de Turismo.

Também a Prefeitura providenciou o policiamento, e tinhamos se m p re


um destacamento fazendo cordão de isolamento e vigiando a multidão que
queria aproximar-se, para ver de perto.
A Cruzada São Sebastião incumbiu-se da prepara ção do espet ácu lo ;
se.m ela não n~s seria possivel a r ealização dêsse circuito p elas praças d~
RIO. Uma camioneta apanhava os a~ores e ~s con d uzia ao local designado,
com uma ho,ra d e anteced ência. DOIs ou tres m embros da equipe t écnica
do Tablado, Iam a tarde ao local para ver se estava tudo em ordem e abrir
os maIões de rounas.
A publicidade foi feita sobretudo através das paróquias. O pároco não
somen t e anunciava a peça durante a pregação nas missas, como mandava
distribuir entre os paroquianos folhetos com indicação de dia e hora. Ra-
pazes e moças da A ção Católica faziam o mesmo, inclusive convidando os
moradores do bairro pelo telefone. Esta espécie de publicidade (sem usar-
mos os jornais e colunas especializadas) deu ao espetáculo um tom popu-
lar que muito nos agradou. O espetáculo tornou-se mais puro. Não havia
por parte dos atores, aquilo que se dá sem pre com êles em salas de espe-
táculos: o mêdo do que a crítica vai dizer, o m êdo da sala vazia ou do ex-
pectador que pagou, portanto t em direito a críticar. A rua é imensa e o
povo vem, se quiser, fica ou se afasta, não pagou nada. Se quiser gritar,
grita: a praça é dêles. Se ficar quieto é porque quer ver até o fim. E o
povo ri, chora, se comove, ca n t a . Canta como cantou em Engenho Novo,
última e mais comovente et a -oa de nossas andancas,
.
ENGENHO NO\O
Fazia um calor incrível naquela noite . A praça da matriz que parece
ter sido con st r uí da para t eatro, é cercada de casas baixas, com janelas
dando para a rua, e tem como fundo os trilhos da Central. Uma única
ruazinha parece dar acesso a ela e a igreja do lado direito com sua fa-
chada branca, domina o local. Quando chegamos os sinos tocavam cânti-
cos de Na tal . Grandes faixas anunciavam o espe táculo. Das janelas, sur-
g ia m rostos cur iosos . Homens de pijama, crianças, senhoras sentadas em
ca dei ras n a calçada. O pipoqueiro, o vendedor de chicabom, mocinhas, ra-
pazolas, muita cria n ça. Todos olhavam atentos para o que ia acontecer
naquele t ablado en or me. Enqu anto a rmáva mos o cenário, muito trem
passava corren do e a pitan do n o fundo do ce nário.
Durant e uma h ora Paulo Padilha e Emilio de Mtos (o Boi e o Burro )
cercados por a n jin h os, pastoras, -r eís magos e rainhas magas, sua ra m em
bicas para comem ora r o nascimento de J esus. E quando Maria e José
subira m a rarnna nara o gran de acontecimento, o povo de Engenho Novo
cantou o Noite Feliz e d epois fico u em silêncio, espera n do m a is.
O pároco n os disse que nunca tinha visto o s ubúr bio t ã o quieto e que
a quilo tinha valido m ais do que muitas aulas de catecismo.
E<; n ós do TABLADO podemos também dizer que esta experiência no.
en cheu de a legria e de a mor pelo teatro.
As v êzes, deoois de muito trabalhar n o am biente fec h a do da sa la de
espetáculo e de viver no a gita do meio teatral, é preciso sa ir à rua, arejar,
ver e sen ti r que h á a in da uma grande esperança para o teatro. Que não
foi o público qu e abandonou o t eatro. Foi o t eatro que abandonou o povo .

"O TEMPO E OS CONWAYS" primeiro ca r t az do Tablado em 1957 foi


con siderada p ela m aioria da cr ít íca um dos melhores espetáculos de 1957
e Geraldc Queiroz, que o dirigiu , recebeu o prêmio de melhor diretor do
ano. María Sampaio, con vida da para a "Mrs. Conway" da peça , roí uma
das m ais votadas para m elhor atríz do a n o, cabendo entret a n to o prêmio
a Cley de Yacon is, p elo seu ma gnifico t ra ba lh o em "Leonor de Mendonça".

A peça "O EMBARQUE DE NOÉ" de Maria Clara Machado. segun do


cartaz do Ta blado em 1957, te ve pouca aceit a ção por parte da crítica .
Enquanto alguns cr íticos (João Bittencourt , Antônio Bulhôes ) consi-
dera ra m a peça muit o boa , outros (Acc iolí Neto e Paschoal Carlos Magno )
a conselh2 ra m a tirar a peça d e cartaz por nao en con t ra rem n ela nenhum
valor artístico. O público t a mbém se di vidiu. O t exto da peça foi t ão dis-
cutido que pouco se fa lou de sua m úsica , de seu cenário e de se us cost u-
mes, o que foi realmente pena, conside ra n do -se o valor dos mesmos.

Geraldo Queiroz acaba de fun da r um gr upo com elementos m ais an -


tigos do Tablado . Emilio de Ma t os, Carmen Sylvia Murgel, Kalma Mur -
tínho . Cl~u d io Correia e Castro, Robert o de Clet o e o próp rio di retor come-
cararn
••
suas ca r reiras n o t eatrinho da Gávea.
- "A melhor representação é aquela em que se esquece o a utor o diretor, o
atol', o cenógrafo, o ele t ricist a , o maquinista, p ara viver frente a frente
com os personagens, uma aventura interior" .
(P . A. TOUCHARD I

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