15/03/2020

TEORIAS DA PSICOTERAPIA ORIENTADA

PERSONALIDADE: PARA O CORPO
Wilhelm Reich e a A Importância em lidar com os aspectos físicos do caráter de
Psicologia do corpo um indivíduo, em especial os modelos de tensão muscular
crônica, que ele chamou de couraça muscular;

Thiago Pereira Machado

Psicólogo
“[ Reich] talvez mais consistentemente que qualquer outro, pôs em
Mestre em Psicologia Institucional prática as implicações críticas e revolucionárias da teoria psicanalítica”
(Robinson, 1969, p. 10)
Thiago Pereira M achado Thiago Pereira M achado

HISTÓRIA PESSOAL u Wilhelm ficava isolado tanto das crianças camponesas ucranianas do
local, quanto das crianças judias que falavam iídiche;

u Nasceu em 24 de março de 1897 na Galícia, Áustria; u Tinha um irmão, três anos mais jovem, companheiro e rival;

u Filho de um fazendeiro judeu de classe média; u Reich idolatrava a mãe;

u Seu pai era ciumento e autoritário com forte temperamento; u Sua mãe suicidou-se quando ele tinha 14 anos;

u Sua mãe era muito atraente e era dominada por seu pai;
u O pai era um judeu convertido que não deu educação religiosa a
seus filhos;
u Seu pai, nacionalista alemão, insistia que em casa só se falasse
alemão;
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u Suspeitam que foi logo depois que Reich contou a seu pai que ela
tinha um caso com seu tutor;
u Seu pai contraiu pneumonia, evoluiu para tuberculose, e morreu três
anos mais tarde;
u Com 26 anos, o irmão de Reich também morreu de tuberculose;
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u Reich passou a dirigir a fazenda da família enquanto continuava seus u Na universidade, encontrou sua primeira esposa, Annie Pink,
estudos; estudante de medicina e, posteriormente, psicanalista;

u Em 1916, com a guerra, Reich deixou a fazenda para alistar-se no
exército austríaco, tornou-se oficial e lutou na Itália;
u Em 1918, ingressou na escola médica, na universidade de Viena;
u Dentro de um ano tornou-se membro da Sociedade Psicanalítica de
Viena e começou a praticar psicanálise;
u Em 1922, recebe o diploma de médico;
u Envolveu-se em política como estudante;
u Fazia parte dos vários psicanalistas que procuravam conciliar Freud
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e Marx;
u Em 1922, Freud fundou uma clínica psicanalítica em Viena. Reich
foi o primeiro assistente clínico de Freud; mais tarde ele passou a ser
vice-diretor da clínica;
u Em 1924, Reich tornou-se diretor do Seminário para Terapia
Psicanalítica;
u Submeteu-se à análise pessoal mas, essas análises eram sempre
interrompidas;
u Em 1927, procurou fazer análise com Freud, que se recusou a fazer
uma exceção à sua política de não tratar membros do círculo
psicanalítico profundo;
u Desenvolveu-se um sério conflito entre Reich e Freud;
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u Aumento das diferenças teóricas que resultaram do envolvimento
marxista de Reich e sua forte insistência em que a neurose era
baseada numa falta de satisfação sexual;
u Contraiu tuberculose pulmonar nesta época, passando muitos meses
recuperando-se em um sanatório na Suíça;
u Voltou a Viena e Reich reassumiu suas obrigações;
u Em 1928, ativo do ponto de vista político ele aderiu ao partido
comunista;
u Em 1929, ajudou a fundar clínicas de higiene sexual para
trabalhadores, que forneciam informações gratuitas sobre:
u Controle da natalidade;
u Educação de crianças;
u Educação sexual;
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u Em 1933, com Hitler ao poder, imigrou para a Dinamarca;
u Separou-se de sua primeira mulher quando deixou Berlim por causa
de diferenças pessoais, políticas e profissionais;
u Um ano antes, nesta mesma cidade, Reich havia encontrado Elsa
Lindemberg, dançarina de balé e da célula do partido comunista
tornou-se sua segunda esposa;
u Foi expulso tanto da Dinamarca como da Suécia, em 1934
mudaram-se para Oslo, Noruega e conduziu pesquisas em
Psicologia e Biologia durante cinco anos;
u Num período de seis meses, havia sido expulso de suas duas
principais afiliações profissionais, políticas e sociais, além de três
países diferentes, assim, uma certa dose de paranoia representava
uma avaliação razoavelmente realista de sua situação, mais do que
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uma atitude irracional e injustificada;
u Para Reich, existe uma energia vital básica presente em todos os
organismos vivos e que esta energia é a força biológica subjacente
ao conceito freudiano de libido;
u Em 1950 realiza experimentos envolvendo acumuladores de energia
orgônica;
u Descobriu que várias doenças que resultavam de distúrbios do
“aparelho automático” podiam ser tratadas, com graus variados de
sucesso, pelo restabelecimento de um fluxo normal de energia
orgônica no indivíduo como, câncer, angina de peito, asma,
hipertensão e epilepsia;
u Em 1954, alegações de que os acumuladores de energia orgônica
eram falsas, a Food and Drug Administration consegue uma ordem
judicial proibindo a distribuição de acumuladores de orgon e
quaisquer usos posteriores dos acumuladores;
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u Em 1930, foi para Berlim começar sua análise pessoal com Rado um
psicanalista em voga, e também porque suas atividades políticas
deixaram muitos psicanalista vienenses apreensivos;
u Em Berlim envolveu-se mais profundamente com o movimento de
higiene mental orientado pelos comunistas;
u Viajou por toda a Alemanha, fazendo conferências e ajudando a
estabelecer centros de higiene;
u O envolvimento político de Reich tornou-se inaceitável para os
psicanalistas, já os comunistas não podiam tolerar sua insistência
em programas radicais de educação sexual;
u Em 1933 foi expulso do partido comunista alemão;
u Em 1934, foi expulso da Associação Internacional de Psicanálise;
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u Depois de três anos de relativa paz e calma na Noruega, tornou-se
alvo de campanha difamatória de um jornal que atacava sua ênfase
na base sexual da neurose e seus experimentos de laboratório com
bioenergia;
u Suas relações com Elsa pioraram e ela por fim separou-se dele;
u Em 1939, assume o cargo de professor associado de Psicologia
Médica na Nova Escola para Pesquisa Social em Nova Iorque;
u Em Nova Iorque ele encontrou Ilse Ollendorf, refugiada alemã, ela
tornou-se sua assistente de laboratório e, mais tarde, sua terceira
esposa;
u Fundou o instituto Orgon, para trabalhar com energia orgônica ou
energia vital;
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u Proibiram a venda da maioria dos livros e revistas de Reich;
u Continuou sua pesquisa e insistiu no fato de que as cortes não eram
competentes para julgar questões de cunho científico;
u Condenado por desacato à autoridade do tribunal e sentenciado a
dois anos de prisão;
u O FDA queimou seus livros;
u Em 1957, na prisão federal, Reich morreu de doença cardíaca;
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ANTECEDENTES INTELECTUAIS
Psicanálise
u Conceitos de caráter e couraça caracterológica, de defender-se
contra forças instintivas;
u O caráter de um indivíduo inclui um padrão de defesas consistentes
e habitual;
u Propõe o trabalho de perder-se e dissolver-se a couraça muscular,
além de lidar-se analiticamente com o material psicológico;
u O que Reich chama de Energia vital e Energia Orgônica derivou em
grande parte da concepção freudiana de libido;
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Marxismo
u Junção de Freud e Marx;
u A psicanálise é uma “ciência materialista”, lida com as reais
necessidades e experiências humanas;
u Para Reich, a Psicanálise é uma ciência revolucionária, uma vez que
completa a crítica marxista da economia burguesa com uma crítica
de sua moralidade, baseada na repressão sexual;
u Psicologia de massa do Fascismo, discuti as raízes da ideologia no
caráter do indivíduo;
u Essas discussões levantaram, nos círculos psicanalíticos,
controvérsias até mesmo maiores do que as provocadas por
inovações teóricas;
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Na década de trinta (quando Margaret Sanger havia sido recentemente
aprisionada por defender o planejamento familiar para casais), o
programa de Reich para suas clínicas incluía características que são
maravilhosamente modernas e ainda hoje controvertidas:
u Livre distribuição de anticoncepcionais para qualquer um que os
quisesse; educação intensiva para o controle de natalidade;
u Completa abolição das proibições com relação ao aborto;
u Abolição da distinção legal entre casados e não-casados: liberdade
de divórcio;
u Eliminação de doenças venéreas e prevenção de problemas sexuais
através de uma completa educação sexual;
u Treinamento de médicos, professores etc., em todas as questões
relevantes da higiene sexual;
u Tratamento, ao invés de punição, para agressões sexuais;
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u A libido era uma energia psíquica real, potencialmente mensurável;
u Ampliou a teoria da libido de Freud para incluir todos os processos
biológicos e psicológicos básicos;
u Eventualmente chegou a ver a terapia como um processo cujo
propósito é permitir o livre fluxo de energia por todo o corpo, pela
dissolução sistemática dos blocos da couraça muscular;
u Esses blocos servem para distorcer e destruir os sentimentos
naturais e, em particular, para inibir sentimentos sexuais e impedir o
orgasmo completo e satisfatório;
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Sexualidade humana
u Reich se interessou pela sexualidade humana;
u Visitou Freud pela primeira vez para procurar ajuda a fim de
organizar um seminário sobre sexologia na escola médica que ele
frequentava;
u Suas idéias eram muito avançadas para sua época;
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u Ênfase à importância de desenvolver uma livre expressão de
sentimentos sexuais e emocionais dentro de um relacionamento
amoroso e maduro;
u Natureza essencialmente sexual das energias com as quais lidava e
descobriu que a bioenergia era bloqueada de forma mais intensa na
área pélvica de seus pacientes;
u A meta da terapia deveria ser a libertação dos bloqueios do corpo e
a obtenção de plena capacidade para o orgasmo sexual;
u As opiniões radicais de Reich a respeito de sexualidade resultaram
em consideráveis equívocos e distorções de seu trabalho e, além
disso, levaram a muitos ataques difamatórios infundados a ele, a seu
trabalho terapêutico e à sua pesquisa;
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CONCEITOS PRINCIPAIS
Caráter
u O caráter é composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu
padrão consistente de respostas para várias situações;
u Discutido primeiramente por Freud, em 1908, em Caráter e
Erotismo Anal;
u Reich foi o primeiro analista a tratar pacientes pela interpretação da
natureza e função de seu caráter, ao invés de analisar seus sintomas;
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u Para Reich, traços de caráter não são sintomas neuróticos;
u Sintomas neuróticos (tais como medos e fobias irracionais) são
experienciados como estranhos ao indivíduo, como elementos
exteriores à psique;
u Traços de caráter neuróticos (ordem excessiva ou timidez ansiosa,
por exemplo) são experimentados como partes integrantes da
personalidade;
u Esforçou-se continuamente para tornar seus pacientes mais
conscientes de seus traços de caráter;
u À medida que os pacientes cessavam de tomar como certa sua
constituição de caráter, aumentava sua motivação para mudar;
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u Analisava em detalhes a postura de seus pacientes e seus hábitos
físicos a fim de conscientizá-los de como reprimiam sentimentos
vitais em diferentes partes do corpo;
u Só depois que a emoção “engarrafada” fosse expressa, é que a
tensão crônica poderia ser abandonada por completo;
u Começou a trabalhar diretamente com suas mãos sobre os músculos
tensos a fim de soltar as emoções presas a eles
u Tensões musculares crônicas servem para bloquear uma das três
excitações biológicas: ansiedade, raiva ou excitação sexual;
u Concluiu que a couraça física e a psicológica eram essencialmente a
mesma coisa;
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Couraça Caracterológica
u O caráter se forma como uma defesa contra a ansiedade criada
pelos intensos sentimentos sexuais da criança e o consequente medo
da punição;
u A primeira defesa contra este medo é a repressão que refreia os
impulsos sexuais por algum tempo;
u Defesas do ego se tornam cronicamente ativas e automáticas, elas
evoluem para traços ou couraça caracterológica;
u Podemos entender Couraça caracterológica como a soma total de
todas as forças defensivas repressoras, que são organizadas num
modelo mais ou menos coerente dentro do ego;
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A Perda da Couraça Muscular
u Cada atitude de caráter tem uma atitude física correspondente e que
o caráter do indivíduo é expresso no corpo em termos de rigidez
muscular ou couraça muscular;
u Trabalho de forma direta no relaxamento da couraça muscular;
u Descobriu que a perda da couraça muscular libertava considerável
energia libidinal e auxiliava o processo de psicanálise;
u Libertação de emoções (prazer, raiva, ansiedade) através do trabalho
com o corpo;
u Vivência muito mais intensa do material infantil descoberto na
análise;
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Caráter Genital
u Usado por Freud para indicar o último estágio do desenvolvimento
psicossexual;
u Exprimir especificamente a pessoa que adquiriu potência orgástica;
u “Potência orgástica” é a capacidade de abandonar-se livre de quaisquer
inibições, ao fluxo de energia biológica; a capacidade de descarregar
completamente a excitação sexual reprimida por meio de involuntárias e
agradáveis convulsões do corpo” (Reich, 1948, p.94 na ed. bras.);
u No lugar de rígidos controles neuróticos, os indivíduos
desenvolviam uma capacidade para auto-regulação;
u Descreveu indivíduos auto-regulados como naturais, mais do que
compulsivamente, morais;
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u Agem em termos de suas próprias inclinações e sentimentos Bioenergia

internos, ao invés de seguirem algum código externo ou ordens
estabelecidas por outros;
u A perda da rigidez crônica dos músculos resultava frequentemente
u Muitos pacientes que antes eram neuroticamente promíscuos, em sensações físicas particulares – sentimentos de calor e frio,
desenvolviam grande ternura e sensibilidade e procuraram, de forma formigamento, coceira e um “despertar” emocional;
espontânea, relacionamentos mais duráveis e realizadores;

u Aqueles cujos casamentos eram estéreis e sem amor descobriram Fórmula do orgasmo
que já não poderiam mais ter relações sexuais com suas esposas por
um mero senso de obrigação;

u Caráteres genitais trabalharam sobre seu complexo de Édipo de Tensão Carga Descarga Relaxamento
mecânica bioenergética bioenergética mecânico
maneira que o material edipiano já não é mais tão intensamente
carregado ou reprimido. O superego tornou-se “sexo-afirmativo” e,
portanto, id e superego estão via de regra em harmonia
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Energia Orgônica

u Depois do contato físico, a energia acumula-se em ambos os corpos u Chegou a acreditar que a bioenergia no organismo individual não é
e é por fim descarregada no orgasmo, que é essencialmente um mais do que um aspecto de uma energia universal presente em todas
fenômeno de descarga de bioenergia; as coisas;

u Órgãos sexuais enchem-se de fluido – tensão mecânica.
u Resulta uma intensa excitação – carga bioenergética.
u Excitação sexual descarregada em contrações musculares – descarga
bioenergética.
u Segue-se um relaxamento físico – relaxamento mecânico.
u O termo energia “orgônica” a partir de organismo e orgasmo;
u “A energia orgônica cósmica funciona no organismo vivo como
energia biológica específica. Assim sendo, governa o organismo
total e expressa-se nas emoções e nos movimentos puramente
biofísicos dos órgãos” (Reich, 1949, p.358);

u Ignorada ou repudiada pela maioria dos críticos e cientistas;

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A energia orgônica tem as seguintes propriedades principais: DINÂMICA

u A energia orgônica é livre de massa; não tem inércia nem peso;
u Está presente em qualquer parte, embora em concentrações
diferentes, até mesmo num vácuo;
u É meio para a atividade eletromagnética e gravitacional, o substrato
da maioria dos fenômenos naturais básicos;
u A energia orgônica está em constante movimento e pode ser
observada sob condições apropriadas;
u Altas concentrações de energia orgônica atraem a energia orgônica
de ambientes menos concentrados (o que “contradiz” a lei da
entropia);
u A energia orgônica forma unidades que se tornam o centro da
atividade criativa. Estas incluem células, plantas e animais, e também
nuvens, planetas, estrelas e galáxias (Kelley, 1962; resumindo em
Man, 1973);
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Crescimento Psicológico
u Crescimento como o processo de dissolução da nossa couraça
psicológica e física, tornando-nos, gradualmente, seres humanos
mais livres, abertos e capazes de gozar um orgasmo pleno e
satisfatório;
u A couraça muscular está organizada em sete principais segmentos
de armadura, compostos de músculos e órgãos com funções
expressivas relacionadas;
u Série de sete anéis mais ou menos horizontais, em ângulos retos
com a espinha e o torso;
u Olhos, boca, pescoço, tórax, diafragma, abdômen e pélvis;
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u A energia orgônica flui naturalmente por todo o corpo, de cima a
baixo, paralela a espinha;
u Não é por acaso que na cultura ocidental aprendemos a dizer sim
movendo a cabeça para cima e para baixo, na direção do fluxo de
energia do corpo, enquanto que aprendemos a dizer não movendo a
cabeça de um lado para o outro, na direção transversa da couraça;
u A couraça serve para restringir tanto o livre fluxo de energia como a
livre expressão de emoções do indivíduo. O que começa
inicialmente como defesa contra sentimentos de tensão e ansiedade
excessivos, torna-se uma camisa-de-força física e emocional;
u A terapia reichiana consiste em dissolver cada segmento da couraça,
começando pelos olhos e terminando na pélvis;
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Os olhos
u Imobilidade da testa e uma expressão “vazia” dos olhos que nos
vêem por detrás de uma rígida máscara.
u A couraça é dissolvida fazendo-se com que os pacientes abram bem
seus olhos, como se estivessem com medo, a fim de mobilizar as
pálpebras e a testa... fazer movimentos circulares com os olhos e
olhar de lado a lado;
Boca
u Músculos do queixo, garganta e a parte de trás da cabeça. O maxilar
pode ser excessivamente preso ou frouxo de forma antinatural. Ato
de chorar, morder com raiva, gritar, sugar e fazer caretas são todas
inibidas por este segmento;
u A couraça é dissolvida imitando o choro, produzindo sons que
mobilizem os lábios, a mordendo e vomitando;
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Diafragma
u Diafragma, estômago, plexo solar, vários órgãos internos e
músculos ao longo das vértebras torácicas baixas; é visível pela
curvatura da espinha para frente, há um espaço considerável entre a
parte de baixo das costas do paciente e o colchão;
u Mais difícil expirar do que inspirar; inibe principalmente a raiva
extremada;
u Os quatro primeiros segmentos devem estar mais ou menos livres
antes que o diafragma possa ser solto através do trabalho repetido
com respiração e reflexo do vômito;
Abdômen
u Músculos abdominais longos e os músculos das costas. Tensão nos
músculos lombares está ligada ao medo de ataque, produz
instabilidade e relaciona-se com a inibição do rancor;
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Três instrumentos principais são usados para dissolver a couraça:
u Armazenamento de energia no corpo por meio de respiração
profunda;
u Ataque direto dos músculos cronicamente tensos (por meio de
pressão, beliscões e assim por diante) a fim de soltá-los;
u Manutenção da cooperação do paciente lidando abertamente com
quaisquer resistências ou restrições que emerjam (Baker, 1967);
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Pescoço
u Músculos profundos do pescoço e também da língua; segura a raiva
ou o choro.
u Fazer pressão direta sobre os músculos profundos do pescoço não é
possível, portanto, gritar, berrar e vomitar são meios importantes
para dissolver este segmento;
Tórax
u músculos longos do tórax, os músculos dos ombros e da omoplata,
toda caixa toráxica, as mãos e os braços; inibi o riso, a raiva, a
tristeza e o desejo.
u Como ocorre a inibição da respiração, a couraça pode ser solta
através do trabalho com respiração, especialmente o
desenvolvimento da expiração completa. Os braços e as mãos são
usados para bater, rasgar, sufocar, triturar e entrar em contato com
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o desejo;
Pélvis
u Todos os músculos da pélvis e membros inferiores;
u Quanto mais intensa a couraça, mais a pélvis é puxada para trás e
saliente nesta parte. Os músculos glúteos são tesos e doloridos; a
pélvis é rígida, “morta” e assexual;
u Inibi a ansiedade e a raiva, bem como o prazer. A ansiedade e a raiva
resultam das inibições das sensações de prazer sexual, e é impossível
experienciar livremente o prazer nesta área até que a raiva tenha sido
liberada dos músculos pélvicos;
u A couraça é dissolvida mobilizando a pélvis e fazendo com que o
paciente chute os pés repetidas vezes e também bata no colchão
com sua pélvis;
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u A medida que seus pacientes começavam a desenvolver capacidade
para “plena entrega genital”, toda sua existência e estilo de vida
mudavam basicamente;
u Começavam a sentir que a rígida moralidade da sociedade, que
anteriormente reconheciam como certa, era uma coisa estranha e
antinatural;
u Aqueles que faziam seu trabalho como uma necessidade mecânica,
via de regra largavam seus empregos para procurar um trabalho
novo e vital que preenchesse suas necessidades e desejos interiores;
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u Os mecanicistas não tem idéia real de seus próprios processos de
vida ou de sua natureza interna;
u Medo básico de emoções profundas, vivacidade e espontaneidade,
conceito rígido, mecânico, da natureza e estão primariamente
interessados em objetos externos e nas ciências naturais;
u Perfeccionismo é uma característica essencial do pensamento
mecanicista, quando aplicado a processo da natureza, conduz,
inevitavelmente, a confusão;
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Repressão sexual
u Repressão sexual e cultura dos instintos naturais e da sexualidade do
indivíduo seria a maior fonte de neuroses;
u Ocorre durante as três principais fases da vida: primeira infância,
puberdade e idade adulta;
u Os bebês são confrontados com uma atmosfera familiar neurótica,
autoritária e repressora do ponto de vista sexual;
u Durante a puberdade, os jovens são impedidos de atingir uma vida
sexual real e a masturbação é proibida;
u A sociedade em geral torna impossível, aos adolescentes, lograr uma
vida de trabalho significativa;
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OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO
Couraça
u A couraça é o maior obstáculo ao crescimento;
u Conhece a sensação de agrado mas não aquela de prazer orgônico;
O processo de encouraçamento havia criado duas tradições intelectuais
distorcidas que formam a base da civilização:
u Religião mística e ciência mecanicista;
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u Os místicos não desenvolveram sua couraça tão completamente.
Permanecem, em parte, em contato com sua própria energia vital, e
são capazes de grande compreensão interna (insight);
u Reich via essa compreensão interna (insight) como distorcida,
tendem a se tornar ascéticos e anti-sexuais, a rejeitar sua própria
natureza física e a perder o contato com seus corpos;
u Repudiam a origem da força vital em seus próprios corpos e
localizam-na numa alma hipotética, sentem ter apenas uma tênue
conexão com o corpo;
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u Na idade adulta, a maioria das pessoas vê-se envolvida na armadilha
de um casamento compulsivo para o qual estão sexualmente
despreparados devido às exigências de continência pré-marital;
u “Os casamentos desmoronam em consequência das discrepâncias
sempre intensificadas entre as necessidades sexuais e as condições
econômicas. As necessidades sexuais podem ser satisfeitas com um
e o mesmo companheiro durante algum tempo apenas. Por outro
lado, o vínculo econômico, a exigência moralística e o hábito
humano favorecem a permanência da relação matrimonial;
u Indivíduos que são criados numa atmosfera que nega a vida e o
sexo, desenvolvem um medo do prazer que é representado em sua
couraça muscular
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u Reich não era otimista demais no que dizia respeito aos possíveis
efeitos de suas descobertas. Ele acreditava que a maioria das
pessoas, por causa de sua intensa couraça, seria incapaz de
compreender suas teorias e distorceria suas idéias;
u A couraça serve para nos desligar de nossa natureza interna e
também da miséria social que nos circunda;
u A democracia verdadeira e a liberdade baseadas na consciência e
responsabilidade estão também condenadas a permanecer como
uma ilusão até que esta evidência seja satisfeita;
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Emoções
u Tensões crônicas servem para bloquear o fluxo de energia
subjacente às emoções mais intensas;
u Emoções que são deste modo bloqueadas não são nunca eliminadas
pois jamais podem ser completamente expressas;
u Frustração do prazer muitas vezes conduz à raiva e à fúria. É
preciso lidar em primeiro lugar com essas emoções negativas, para
que os sentimentos positivos (que elas encobrem) possam ser
completamente experienciados;
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Self
u Self é o núcleo biológico saudável de cada indivíduo;
u A interação de impulsos reprimidos e forças defensivas repressoras
cria uma terceira camada entre as duas correntes libidinais opostas:
uma camada de falta de contato;
u Enquanto há a presença de bloqueios, o fluxo de energia e a
consciência são restritos, e a autopercepção é bastante diminuída e
distorcida (Baker, 1967);
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ESTRUTURA
Corpo
u Reich via mente e corpo como uma só unidade;
Relacionamento Social
u Reich via o relacionamento social como função do caráter do
indivíduo. O indivíduo médio vê o mundo através do filtro de sua
couraça;
Vontade
u Reich não se interessou diretamente pela vontade, embora tenha
enfatizado a importância de um trabalho significativo e construtivo.
“Você não precisa fazer nada de especial ou novo. Tudo o que você
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precisa fazer é continuar o que tem feito...”;
Intelecto
u Se opunha a qualquer separação de intelecto, emoções e corpo;
u O intelecto é, na verdade, uma função biológica, pode ter uma carga
afetiva tão forte quanto qualquer emoção;
u O intelecto via de regra opera como mecanismo de defesa. “A
linguagem falada muitas vezes funciona também como uma defesa:
ela obscurece a linguagem expressiva do núcleo biológico;
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Terapeuta
u Além de treino na técnica terapêutica, o terapeuta deve ter feito um
progresso considerável em seu crescimento e desenvolvimento
pessoais;
u Deve ter superado todos os medos de sons sexuais abertamente
emitidos e do “ondular osgástico” – o livre movimento de energia
no corpo;
u Segundo Baker, “nenhum terapeuta deveria tentar tratar pacientes
que tenham problemas que ele não foi capaz de solucionar em si
mesmo, e nem deveria esperar que um paciente faça coisas que ele
não pode fazer e que não foi capaz de fazer” (1967, p.223);
u Reich era extremamente honesto e até brutalmente direto com seus
pacientes;
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Avaliação
u Reich foi o primeiro na área da psicologia do corpo e na terapia
orientada para o corpo. Apenas uma pequena minoria de psicólogos
interessou-se seriamente pela psicologia do corpo;
u Muitos terapeutas foram influenciados pelo trabalho de Fritz Perls,
que fez análise com Reich e deve muito às suas teorias;
u A terapia primal, por exemplo, foi severamente criticada por
estimular a descarga emocional a tal ponto que os estudantes desta
terapia tornaram-se incapazes de controlar a liberação emocional
profunda em público e em outras situações inapropriadas (Kelley,
1971);
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u Sua ênfase estava sempre na dissolução da couraça, dos bloqueios
dos sentimentos que distorcem o funcionamento psicológico e
físico de um indivíduo;
u Uma crítica mais válida das teorias de Reich refere-se a seu conceito
de caráter genital como um ideal atingível;
u Supõe-se que um tratamento bem sucedido deixe o indivíduo livre
de toda couraça, um “produto final” que não precisa de crescimento
ou desenvolvimento posteriores;
u O modelo subjacente é um modelo médico de doença, no qual o
paciente vem ao médico afim de ser “curado”;
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Referências
u FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Wilhelm Reich e a psicologia do corpo. In: FADIMAN,
James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra. 2002. p.87-124.
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Avaliação
u Leonard Berkowitz (1973), violência e agressão, atacou o que ele
chama de abordagem “ventilacionista” da terapia, na qual a maior
ênfase é colocada na expressão de emoções “contidas”;
u Segundo Berkowitz, estimular a expressão da agressão resulta
apenas no seu aumento ou em maior hostilidade, ao invés de
resultar em emoções livremente expressas;
u De acordo com a teoria comportamental, estimular a expressão de
uma dada emoção serve para reforçar este comportamento,
aumentando a probabilidade da emoção ser expressa no futuro;
u Estas críticas representam uma compreensão pouco profunda do
trabalho de Reich, no qual a liberação emocional nunca é
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simplesmente estimulada como uma finalidade em si mesma;
u Os pacientes sempre estão um pouco abaixo do terapeuta; são
geralmente colocados num papel passivo e eles confiam que o
terapeuta onipotente e “perfeito” lhes proporcione algum tipo de
cura dramática ou mágica;
u Este modelo exige, além disso, um tremendo esforço do terapeuta,
que deve parecer sempre superior aos pacientes e nunca se permite
erros ou falibilidade;
u Aprender a libertar-se de bloqueios excessivos e inapropriados ao
sentimento é apenas um aspecto do crescimento total de um
indivíduo;
u O indivíduo não pode nem deveria nunca se tornar totalmente
“desencouraçado”. Aprender a equilibrar o autocontrole e a livre
expressão permanece como parte de um contínuo processo de
Thiago Pereira M achado
crescimento;