PROCESSO Nº001/2019
“As leis por si só não bastam, os lírios não nascem das leis”
- Carlos Drummond de Andrade
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favor de todos os acusados que contribuíram com o governo dos Camisas-
Púrpuras.
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Após cominado o plano, Vinícius afastou-se de Vitoria. Ele estava tão
perturbado e fora de si pelo que acabara de acontecer que, em um momento
de desespero, tentou fugir do país para não mais sofrer com esse regime.
Passado o desespero, a culpa consumiu Vinicius. Ele repudiava a atitude de
Vitória em ser cúmplice do ato que levou Henrique à morte, mas a ideia de
abandonar a mulher que havia recém perdido o marido também lhe embrulhava
o estômago. Vinicius, pois, voltou para viver com Vitoria, ainda que a
contragosto e com o constante medo de ser caçado ou usado pelos camisas -
púrpuras. E, passados treze anos da execução de Joao Henrique, quando o
regime dos Camisas Púrpuras já havia acabado, Vitoria, movida de profunda
culpa, cometeu suicídio. Antes, porém, fez uma carta de suicídio, colocou esta
em uma caixa e a entregou para outrem para que este entregasse a polícia. Na
carta Vinícius era acusado de cumplicidade na execução de João Henrique,
que é o objeto deste processo. Fica claro, entretanto, que ela não tinha pleno
conhecimento dos fatos, visto que não sabia que Vinícius estava agindo sob
ameaça do Estado.
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réu fora exposto a ambas as violências e viu-se na condição de se submeter
ao poder e à violência, a qual era, evidentemente, muito superior à sua
compostura, haja vista que, além disso, quereria manter seus direitos naturais
à vida e à dignidade da pessoa humana, motivação proeminente em todos os
seres. Ademais, a própria acusação assume a postura estatal em tolher e
violentar a sanidade, contudo, insiste em querer punir e promulgar justiça com
o discurso de reduzir um problema estatal a um cidadão que se valeu de
artifícios para que, dentro do regime camisas-púrpuras não fosse morto.
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se coage. Nesse sentido, Vinicius simplesmente agiu a fim de preservar sua
vida em todos os âmbitos ao tomar essas atitudes. Assim, Vinicius, na
condição de paciente com transtorno de estresse pós-traumático e sob intensa
ameaça do Estado, uma força muitas vezes mais forte que seu direito de
resistência, não tem como ser culpabilizado pelo simples fato de que, para ele,
tudo o que foi feito não tinha sentido nenhum além do mero seguimento de
ordens: ele não tinha a finalidade de cometer o crime e, muito pelo contrário, é
uma pessoa sensível e normal, que demonstrou remorso ao tomar consciência
plena de suas ações. O Estado, obrigando-o de forma perniciosa, o fez
cometer um ato inadmissível. Logo, é sequer lícito afirmar que ele o fez por
vontade própria, pois o que ele fez, fez motivado por um sentimento implantado
(pelo próprio Estado) de necessidade de desculpa, de expiação e de
gratificação. Quanto à segunda ideia, ela relaciona-se ao caso na medida em
que é possível afirmar que o poder não é a mera reprodução da vontade do
“ego” no “alter”, mera coerção física e psicológica. O poder, nesse caso, é a
“impressão” daquele que domina no dominado, de tal modo que o dominado
sequer é capaz de reagir à isso, tanto por questões estruturais (como a
violência e a vigilância presente durante o regime) quanto psíquicas (como, o
medo constante e a necessidade de pertencimento àquela sociedade para
manter o sentimento de normalidade). Assim, as ações de Vinícius não foram
nada mais que as ações do Estado executadas por uma marionete sem meios
e sem suporte para reagir, de modo que não se deve, de forma alguma, puni-
lo, mas sim aos dirigentes do Estado que perpetuaram essa estrutura de
violência física e psicológica durante o regime e que com certeza incitaram
muito mais crimes.
Essa reflexão nossa se faz necessária no ponto de que Vinicius não deve
ser colocado numa mera divisão entre jusnaturalismo e juspositivismo: pelo
contrário, seu caso é complexo. Vinicius foi uma vítima do Estado, não tendo
culpa de suas ações pelo simples fato de que não era um ator com dolo, mas
um ator manipulado, sozinho e com medo, pois queria sobreviver. O povo do
país busca por justiça plena para o caso dos denunciantes e nós, enquanto
juristas, também o buscamos. Porém, queremos ressaltar que a verdadeira
culpa por todos os crimes não é um simples homem, que não tem sequer
pequenos traços da força do Estado de exceção da época, mas os próprios
atores líderes do Estado, que o forçaram a tais ações que, para o próprio,
foram absolutamente terríveis psicologicamente.
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Enquanto defesa, não buscamos, com essa argumentação filosófica,
defender o caso absurdo de que não deve haver punições. Pelo contrário:
defendemos a punição, mas dos verdadeiros responsáveis, de forma que
culpar um indivíduo por todo um aparato estatal seria, ao contrário de fazer
justiça, fazer SER injustiça, colocando as vítimas de um regime de exceção
como as culpadas pela ação do próprio regime. Que se defenda o direito das
vítimas, de todas, sem exceção, contra o autoritarismo dos camisas-púrpuras.
Que se defenda a punição, por certo, dos autoritários.
Além disso, a partir de uma breve e pequena digressão a fim de que flua a
constituição deste texto, a partir da construção da expressão metafórica
aristotélica, acerca do agir paradireitológico, evidencia-se a ideia da
flexibilização e adaptação das normas aos contextos ou fatuísticas jurídicas,
ampliando os limites legais intrafísicos aos paradireitológicos. Nesse viés,
Vinicius, como já dito, não estava em condições de liberdade de ação, o que
impossibilita suas condições razoáveis para interpretar a finalidade de seus
atos. Isso é indispensável de se tomar na análise, afinal, o Estado é uma
estrutura institucional que tem força de ação e, em casos perigosos como o de
um autoritarismo, especialmente velado, não está sujeito à força de uma
oposição legal às suas ações. A teoria do domínio do fato, aqui, se articula em
torno de uma oposição à ideia de dolosidade do ator Vinicius: o dolo da ação
é do Estado, que não apenas planejou como usou-se de Vinicius para atingir
João Henrique, de modo que seria impossível culpabilizar Vinicius pelo que
não cometeu, ainda mais em estado de grave ameaça à sua integridade.
Desse modo, a partir da análise basilar em relação a toda a articulação acerca
do assunto do autoritarismo de um governo e sua particular relação com
crimes hediondos que afetam direitos humanos, Hannah Arendt em seu livro
Eichmann em Jerusalém clarifica o termo de banalidade do mal, segundo o
qual as pessoas, em um regime de hierarquização subserviente, seguem
ordens, banalizando o mal de uma forma que não os parece mal, mas apenas
ordens. Meramente, nesse sentido, não detêm de consciência de suas ações,
o que se articula com a teoria do domínio do fato, que vem se tornando muito
importante no direito.
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no texto da Crítica ao programa de Gotha de Karl Marx, como seria punir um
indivíduo por ter cometido atos, ou ordens, signatárias do Estado, sendo, na
condição de operador-mor do Direito, o próprio Estado o que disponibilizará
os meios e dispositivos por meio dos quais será efetivada e evidenciada por
qual razão, ou motivação, o indivíduo deve ser condenado? T al situação gera
no mínimo um desconforto, sensação de injustiça e corrompe todos os
argumentos até então declarados pela acusação, quando decide colocar nas
mãos dos indivíduos problemas que são relacionados às relações de poderes
estatais.
a) Do regulamento paralelo
É importante ressaltar que, após a tomada do poder pelos “Camisas -púrpuras”,
não houve uma preocupação para com a alteração das leis anteriores ao
regime de exceção, sendo essas preservadas e mantidas.
Entretanto, embora o ordenamento jurídico do período anterior à ditadura
ainda, teoricamente, estivesse vigente, como alega a acusação, é possível
encontrar provas incontestáveis de que havia um regulamento vigente, editado
pelo governo do partido, como demonstram os dois trechos do livro-base
abaixo:
“O governo não respeitava as obrigações impostas pela Constituição, pelas
antigas leis ou mesmo por suas próprias leis.” (FULLER, Lon L., Caso dos
denunciantes invejosos, pág. 30).
“O chefe optou pela solução de ação direta do partido, acompanhada por
um regulamento secreto que ratificou sua legalidade, confirmando os títulos de
propriedade obtidos pelo emprego de violência física.” (FULLER, Lon L., Caso
dos denunciantes invejosos, pág.31).
Apesar do regulamento dos Camisas Púrpuras ser, em tese, secreto, era
de conhecimento geral que quem desobedecesse às ordens do regime nunca
mais era visto. Por mais que não se possa usar o artigo específico que
comprove isso, a própria acusação concorda sobre o autoritarismo e a violência
do regime anterior. É importante lembrar que foi sob esse contexto que o réu
cometeu o ato do qual está sendo acusado o que explicita a privação de sua
vontade e a necessidade de cumprir minuciosamente o que lhe era ordenado.
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De acordo com Nader, a norma jurídica possui alguns atributos básicos.
Dentre eles, há três de grande relevância, os quais são: a vigência, a eficácia e
a efetividade. As normas anteriores ao regime que iam contra às novas leis
impostas não eram cobradas da população, ou seja, não tinham vigência ou
aplicabilidade. Não possuíam eficácia, pois os próprios governantes a
ignoraram. Por fim, não eram efetivas, uma vez que durante o regime estavam
apenas no papel como teoria, mas não era postas em prática. Sendo assim,
foram substituídas, de forma imposta, pelas normas do partido dos Camisas
Púrpuras e aceitas tacitamente pela população, passando a vigorar dentro do
território nacional. Vale lembrar que as normas dos Camisas Púrpuras tinham
validade no que se refere ao aspecto técnico-jurídico pois foram criadas
segundo critérios já estabelecidos no sistema jurídico através de emendas
constitucionais:
c) Irretroatividade da Lei
Após a promulgação de uma lei, passado o vacatio legis, a lei deve
começar a produzir efeitos a partir do momento em que se torna vigente. Um
novo direito, ou uma nova lei, não pode alterar fatos já ocorridos no passado e
julgar velhos acontecimentos. De acordo com Bonnecase, “se fosse permitido a
lei destruir ou perturbar todo um passado jurídico regularmente estabelecido, a
lei não representaria mais do que um instrumento de opressão e anarquia”.
Sem a garantia da irretroatividade, não há segurança jurídica. No âmbito do
direito penal brasileiro, a lei só poderá retroagir em benefício do réu. Se o réu
fosse condenado por atos que cometeu durante a vigência das leis dos
Camisas Púrpuras, o ato seria tão contraditório quanto o regime ditatorial em
questão que desobedece a própria Constituição.
Artigo 5° XL CF: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
d) Do perdão judicial
O réu teve seus pais mortos pelo Estado, desenvolveu estresse pós-
traumático, foi obrigado a permanecer no país e a participar de uma armação
do Estado contra um empresário opositor de grande influência. Também foi
obrigado a enganar Vitória, que tirou sua vida pedindo a condenação de
Vinícius sem saber as reais razões dele. Todo esse martírio o réu será
obrigado a carregar pelo resto de sua vida. Portanto o perdão judicial é a
medida mais adequada.
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Artigo 4° CC: São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de
os exercer:
III- Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade.
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Os caminhos de uma nova época são traçados nos mínimos detalhes de
cada decisão. Como no referente à absolvição de Vinícius Batista da Silva
posto que este não fez mais que sua obrigação legal.
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V. DAS EVIDÊNCIAS CONCRETAS
PROVA Nº1
A prova abaixo se refere ao depoimento de um Ex-Secretário Nacional
de Segurança Pública que atuou durante o regime dos Camisas-Púrpuras.
1. Registro taquigráfico de Audiência realizado pela Coordenadoria de
Taquigrafia do STJ, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal,
Ministro Relator
2. Para manter a fidelidade à gravação, foi preservada a oralidade do texto,
inclusive no que se refere a eventuais inadequações à norma culta, bem como
a grafia dos nomes próprios não pôde ser verificada por falta de acesso aos
autos do processo.
3. Trechos inaudíveis estão marcados no texto pelo símbolo (…).
PODER JUDICIÁRIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
AIJE n. 2343-09.2019.3.00.0000/DF
Depoimento de William Carlos Vellasquéz, no dia 09 de abril de 2019
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL N. 2343-
09.2019.3.00.0000/DF
TERMO DE TRANSCRIÇÃO 342
Juiz - Senhor Henri, bom dia.
Depoente - Bom dia.
Juiz - Doutor, para que conste nos autos, o senhor foi secretário nacional de
segurança pública no governo dos Camisas Purpuras pelo período de 2003 a
2015?
Depoente - Sim, participei do governo desde sua ascensão até sua queda.
Juiz- O senhor estava a par de todas as decisões que o alto escalão dos
Camisas Purpuras
e do governo?
Depoente - Não, mas eu trabalhei próximo à sala do ex-ministro da justiça e da
segurança pública, e ele sempre fazia reuniões na salinha dele, especialmente
acerca das questões jurídicas e da construção da ideia do ato jurídico de modo
que a população, caso cometesse algum ato supostamente desejado pelo
partido, não houvesse a responsabilização do Estado.
Juiz- E esses atos seriam de alguma forma para tolher àqueles que infringiam
as suas infrações que o partido considerava?
Depoente – Supostamente sim, inclusive havia rumores pelos corredores do
Ministério da Justiça que o partido estaria se apropriando de legislação para se
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utilizar de pena de morte nos casos que o partido julgasse necessário, foi então
aí então que o Ministro, em conversas nos horários de almoço, dizia para os
outros ministros sobre os atos de guerrilha e de subversão ao governo.
Juiz – E a que se referiam essas conversas?
Depoente – Geralmente ele dizia sobre coisas que angustiava a ele para
acabar com os problemas pequenos do Estado, como pessoas que sonegavam
impostos, gente que era irresponsável com os próprios documentos, ricos que
se valiam de poder para ir contra o sistema.
Juiz – Então, por ideia do Ministro o Presidente se utilizou da ideia de um
Estado de exceção, em condição análoga a uma guerra?
Depoente – Possivelmente, não sei ao certo se foi ideia do Ministro, mas ele
falava muito disso.
Juiz – E você sabe por qual motivação coisas simples foram tidas como crime
com pena de morte?
Depoente – Como eu disse, o porquê eu não sei, mas ele sempre esbravejava
acerca dessas pessoas que eram irresponsáveis e que, possivelmente, elas
estariam ligadas às guerrilhas.
Juiz – E isso não poderia incorrer? Não poderia haver confusões entre quem
era subversivo e ou apenas coagido?
Depoente – De fato sim, mas seguiram em frente com a ideia e hoje há vários
processos em andamento em virtude disso.
Juiz – Havia algo que ditava que e porquê de seguir essas regras? Como um
regulamento que faria toda a população se conscientizar?
Depoente – Não, pelo menos eu nunca ouvi falar de um. No entanto, na
agenda da secretaria de segurança nacional tinha inúmeras reuniões nos
tribunais com todos os desembargadores e responsáveis locais pela justiça.
Juiz – E você nunca ouviu mencionarem os assuntos dessas reuniões?
Depoente – Não, mas eu ouvia o ex-ministro dizer que seria um grande para a
pátria e contra os subversivos.
Juiz – E como se davam essas denúncias?
Depoente – Uma colega de trabalho na época, também secretária-adjunta do
ministério da justiça, disse que estava rolando uns boatos que a polícia local
estava coagindo a população e praticamente oprimindo elas a denunciarem os
possíveis casos de subversão.
Juiz – E que casos eram esses?
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Depoente – Era os que passavam nas propagandas, como denunciar que não
estivesse com a carteira de identidade. Na época havia várias propagandas
coercitivas que praticamente “compravam” as pessoas que se sentiam na
mesma condição ideológica do partido.
Juiz – E ninguém nunca desconfiou de você no período? Afinal, você,
aparentemente, detém muita informação acerca do período.
Depoente – Se eu demonstrasse qualquer postura que fosse incomoda ao
partido, eu seria removido do cargo e possivelmente acusado de algum crime
que me levaria à pena de morte. Eu tinha família, todos eram preocupados
comigo, preferi ceder e seguir o que a mim era ditado.
Juiz – Então havia um regulamento sobre o regime?
Depoente – Não, havia discursos que insinuavam, mas regulamentos não. Eu
tinha acesso aos arquivos do governo e até hoje não de haver visto algo do
tudo e pra mim, tudo ainda é muito vivo. Foram tempos cruéis.
Juiz – Então você confirma que, embora não houve explícito textualmente,
havia um código coercitivo dentro do serviço público que obrigava a todos a
seguirem o “regimento” que ditava o partido?
Depoente - Sim. Exatamente isso aí!
Juiz - Certo. Nada mais havendo a ser transcrito, encerra-se o presente termo.
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PROVA Nº 2
Abaixo contém o documento emitido pelo órgão (AIN), que controlava a
inteligência e os dados durante o regime, que veio a se tornar público após o
fim do regime dos camisas - púrpuras.
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PROVA Nº 3
CERTIDÃO DE ÓBITO
NOME:
Marcos Soares da Silva
MATRÍCULA:
29008101552019458267456818124322
FILIAÇÃO E RESIDÊNCIA
Filho de Jorge Gonçalves da Silva com sua esposa Fátima Porto da Silva, associando a
residência de habitação como uma casa localizada na Rua Antônio Augusto Número 570, com
CEP definido de 60110-370
LOCAL DE FALECIMENTO
Cruzamento da Rua Professor Vieira com Rua Graco Cardoso – Município de Fortaleza - CE
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CAUSA DA MORTE
Perfuração de Projéteis de calibre .380ACP
DECLARANTE
Dr. Antônio Arildo Bezerra, Legista.
OBSERVAÇÕES AVERBAÇÕES
Foi constatado a presença de 17 perfurações causa por arma de fogo. Com ênfase em dois
projéteis que atingiram o crânio e ricochetearam rasgando a massa encefálica e interrompendo
funções cerebrais.
Assinatura do
Oficial
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REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS
CERTIDÃO DE ÓBITO
NOME:
Virginia Sousa Batista
MATRÍCULA:
29008101552019458267456818124323
FILIAÇÃO E RESIDÊNCIA
Filho de Clodoaldo da Silva Batista com sua esposa Antonia Sousa Batista, associando a
residência de habitação como uma casa localizada na Rua Dona Leopoldina Número 20, com CEP
definido de 60160-040
LOCAL DE FALECIMENTO
Cruzamento da Rua Professor Vieira com Rua Graco Cardoso – Município de Fortaleza - CE
CAUSA DA MORTE
Perfuração de Projeteis de calibre .380ACP
DECLARANTE
Dr. Antônio Arildo Bezerra, Legista.
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OBSERVAÇÕES AVERBAÇÕES
Foi constatado a presença de 8 perfurações causa por arma de fogo. Com ênfase em um projétil
que atingiu o crânio, perfurando a massa encefálica, interrompendo funções cerebrais.
Assinatura do Oficial
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PROVA Nº 4
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PROVA Nº 5
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PROVA Nº 6
A carta da RECEITA FEDERAL abaixo indica incongruências no
processo de declaração do imposto sobre renda e lucro
Para confirmar a veracidade da carta enviada, a Receita Federal encaminhou
mensagem para a caixa postal do respectivo contribuinte, que pode ser acessada por
meio do e-CAC (http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/atendimento-virtual)
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PROVA Nº 7
Histórico de pesquisa do celular de Vinicius Batista da Silva,
evidenciando uma tentativa do mesmo de fugir do país.
HISTÓRICO:
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PROVA Nº8
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Depoente – É mei (sic) difícil, senhor. É que nós que mora na rua, a gente
sofremo muito até pra pedir, o povo não gosta de ve mendingo.
Juiz - No entanto, a você lhe foi concedido algo como parecido?
Depoente – Sim, no começo eu achei estranho aí depois, a senhora tava tão
estranha, meio triste. Me deu um dinheiro, pediu pra mim ser feliz e que ela
tava muito abalada porque acabou com a vida de alguém e pediu que levasse
uma caixa pra polícia. Né todo dia que nos ve gente boa assim, né?
Juiz – O senhor já havia visto ou tido algum contato que comprometesse a
relação entre vocês?
Depoente – Não seu doutor, mas ela me disse o nome dela que era Vitória e na
hora eu disse que meu nome era Francisco.
Juiz – Em algum momento ocorreu a sensação de vê o que havia na caixa?
Por alguma motivação você verificou o que estava contido ali?
Depoente – Não seu doutor, fui muito respeitoso, ela me deu uma bolada de
dinheiro, nunca tinha visto tanto na vida, eu não fazia algo de errado né? Ai eu
levei pra delegacia né?
Juiz – E o fato de ela ter dito que tinha acabado com a vida de alguém não o
fez curioso?
Depoente – Um pouquinho. Achei estranho porque sei lá né, vai saber, mas eu
levei mesmo assim porque ela parecia que tinha acabado com alguém, que era
uma briga de romance, de novela mesmo, aí tinha a caixinha de coração né?
Eu levei, vai que o marido dela fosse da polícia e ela queria fazer as paze.
Juiz - Certo. Nada mais havendo a ser transcrito, encerra-se o presente termo.
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PROVA Nº 9
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PROVA Nº 10
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PROVA nº10
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Casa de Thomas Daniel, localizado em Q 204 - Taguatinga, Brasília -
DF, 71939-540, Apartamento 5° Piso-A
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AIJE n. 2343-09.2019.3.00.0000/DF
Juiz – Para que conste nos autos, o senhor atuou enquanto policial no período
de 2003 a 2015, correto?
Juiz – Neste período, era comum algum tipo de orientação para a atuação da
polícia nas ruas ?
Juiz- O senhor estava a par de todas as decisões que o alto escalão dos
Camisas Purpuras e do governo?
Depoente – Falando assim parece muito forte, mas o governo sempre nos dizia
que ia fazer as reformas nas leis para poder colocar ordem no país, para que
ele voltasse ao progresso, acabar com os sonegadores de impostos, com os
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mentirosos, com os frouxos, o país precisava de gente que tivesse coragem
para vestir a camisa do partido, o partido do Brasil.
Juiz - E qual foi a razão para se utilizar de violência e tortura, ou não houve?
Depoente – Não, eu nunca soube, mas a pressão era muito grande, a gente foi
obrigado a perseguir um rapaz aí, por exemplo, que fazia um curso de culinária
e que vivia com uma moça, o marido dela era sonegador de imposto, a gente
tinha que sumir com o cara.
Juiz - Então, como que os operadores da justiça ficavam sabendo desses atos?
Depoente – Eles não ficavam, senhor, eles que mandavam a gente fazer isso.
Juiz - Certo. Nada mais havendo a ser transcrito, encerra-se o presente termo.
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Juiz – Para que conste nos autos, o senhor atuou enquanto policial no período
de 2003 a 2015, correto?
Juiz – A sua relação com os outros policiais era equânime? É... igualitária,
havia intimidade entre vocês?
Depoente - Sim, senhor. As palestras fez com que nos aproximemos, ainda
teve um caso que eu fiz em Fortaleza, mas logo fui transferido para Brasília,
porque a gente sempre era remanejado depois de terminar um caso.
Juiz- O senhor estava a par de todas as decisões que o alto escalão dos
Camisas Purpuras e do governo?
Depoente – Mais ou menos, não sei exatamente do que o senhor fala, mas nas
palestras eles ensinavam a gente à seguir o que eles diziam, que a gente
alcançaria o progresso e que os delinquentes mereciam ser mortos, eu
concordava demais porque a violência era muito grande, e quem cometia ato
ilícito pequeno, cometia dos grandes.
Depoente – Eles faziam com que nós incentivássemos os civis a perseguir aos
que de alguma forma ia contra o que pregava o governo, os subversivos.
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Depoente – Que eu lembre não, mas eu lembro que toda documentação
relacionada era fictícia. Ele sempre enfatizava que por não haver mudanças na
constituição, era necessário que tudo fosse muito ocultado, para que sem que
houvesse um choque social, houvesse mesmo assim o progresso e a ordem.
Juiz - Certo. Nada mais havendo a ser transcrito, encerra-se o presente termo.
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PROVA N°11
PROCESSO Nº 001/2019
DOS FATOS
O suplicante Vinícius Batista da Silva, incurso no art. 121, § 2o, inciso I e IV,
do Código Penal, teve seu julgamento designado com o prazo de 3 (três)
meses.
Certo que o crime atraiu as atenções da imprensa, do Tribunal de Justiça e dos
supostos agentes que estariam na condições de imparcialidade no júri, além de
gerar grande comoção social e em virtude das condições de justiça de
transição, recentemente entendidos pós-regime dos camisa-púrpuras, poderá
de alguma forma influenciar no processo de decisão e na imparcialidade dos
membros do Júri.
DO DIREITO
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Ora Excelência, as circunstâncias fáticas apontam que o requerente está em
vias de ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, e se isso
ocorrer o veredito será decaído de imparcialidade, vez que a vítima
exercia ordens de um regime autoritário e, por essa razão era ainda submetido
a coação seguido de pena de morte caso não seguisse as ordens estatais,
além de todo o processo sentimental motivado pelos corpos de prova
apresentados pela acusação, o que evidencia a ideia de que por haver sido
responsabilidade estatal os ditos processuais que criminalizam o suplicante,
este se vê na condição de réu a ser julgado por um mesmo local, onde antes
era submetido a ordens de cunho autoritário.
Em decorrência disso, gera dúvidas sobre a imparcialidade dos jurados,
especialmente nesta situação de justiça de transição, criando assim um clima
de possível sentimentalismo, a partir da perspectiva da não responsabilidade
do Estado do regime dos camisas-púrpuras, por parte dos jurados.
Na contramão da imparcialidade está a Constituição Federal que, no seu artigo
5º, inciso LIV garante o devido processo legal através de julgamento imparcial
ao acusado em processo.
Que seja obedecido o contraditório, nos termos da Súmula 712 do STF, e dada
à defesa oportunidade de audiência.
DO PEDIDO
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OUTORGANTE: VINÍCIUS BATISTA DA SILVA, brasileiro, solteiro, escritor, inscrito
no CPF/MF sob o nº446.802.300-11, RG nº4782038813495 SSP/CE, filho de Marcos
Soares da Silva e Virgínia Souza Batista.
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CONJUNTURA
A D V O G A D O S A S S O C I A D O S
Direito e Humanização
ROL DE ADVOGADOS PARTICIPANTES DA BANCA DE DEFESA
___________________________________ ___________________________________
Sidrack Rack Moraes Alves Ryan Ramalho Lima de Lavor
OAB/CE 61.443 OAB/CE 74.444
___________________________________ ___________________________________
Ana Carolina Alves Araújo Luis Gustavo Cruz Gomes
OAB/CE 31.737 OAB/CE 62.434
___________________________________
Francisco Yuri Souza de Menezes
___________________________________
OAB/CE 21.261
Arthur Nogueira Soares
OAB/CE 40.231
___________________________________
___________________________________ Iago Felipe da Costa Monteiro
OAB/CE 71.714
Francisco Batista Ribeiro Filho
OAB/CE 32.611
___________________________________
___________________________________ Jessica Maria de Sousa Oliveira
OAB/CE 17.172
Ana Luiza Souto Maior Viana
OAB/CE 61.663
___________________________________
___________________________________
Victor Matheus Santos Feitosa
Loyhan Ferreira Torres
OAB/CE 61.619
OAB/CE 74.161
___________________________________ ___________________________________
Lara Camilly Andrade Gomes Pablo dos Santos Nogueira
OAB/CE 41.441 OAB/CE 17.710
___________________________________ ___________________________________
Maria Beatriz Abreu da Graça Silva Abraao Oliveira Batista Landim
OAB/CE 07.097 OAB/CE 41.232
___________________________________
Bruno Soares Alves Diniz
OAB/CE 61.459
___________________________________
João Pedro Cunha Carneiro
OAB/CE 69.495
___________________________________
Rodrigo Araújo Pinheiro
OAB/CE 72.264
___________________________________
Lucas Palácio de Queiroz Garcia
OAB/CE 29.099
___________________________________
Isaac Michiles Freire
OAB/CE 63.353