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Os Mecanismos de de Defesa Social

(Contra uma ameaça externa)

“... processos postos em marcha pelo indivíduo em contexto social, quando o


envolvimemto social ameaça a sua segurança/ntegridade fisica e/ou o seu valor
social. Visam de uma ou outra maneira neutralizar a ameaça exterior e preservar
a integridade e o valor social do Eu.”

Kardiner (1939)

Distinguem-se dos mecanismos de defesa do Eu (intrapsíquicos) que visam


neutralizar uma angústia interna proveniente do inconsciente.

Em muitas situações, quando se encontra face a Outro, o Eu põe em jogo, a um


nível quase automático e reflexo, as suas defesas sociais.

Para quem trabalha com indivíduos e com grupos é importante identificar quais
as situações que desencadeiam estas reacções de defesa social, quais os
“riscos” contra os quais o Eu se defende, quais os seus efeitos perturbadores
sobre as relações inter-individuais ou grupais. Este conhecimento e reflexão
permite-nos pensar soluções face a problemas colocados por estes fenómenos.

As Reacções de defesa social inscrevem-se na problemática essencial da


condição humana.

“O Homem deve encontrar uma resposta para a necessidade de estar próximo dos seus
semelhantes para receber o amor e o calor humano de que necessita e para a necessidade de
estar suficientemente distanciado para salvaguardar o seu espaço pessoal. O problema aqui
essencial é o problema da “boa distância relacional”.

Mucchielli

Num dia glacial de Inverno os porcos-espinhos de uma vara comprimiam-se uns contra os
outros para se protegerem do frio por meio do calor recíproco. No entanto, dolorosamente
incomodados pelos picos, não tardaram a afastar-se. Obrigados a aproximar-se de novo, em virtude
do frio persistente, tornaram a experimentar a acção desagradável dos picos e essas alternativas de
aproximação e afastamento prolongaram-se até que encontraram uma distância conveniente em que
se sentiram ao abrigo dos males.
Schopenhauer
Esta fábula de Schopenhauer ilustra o dilema humano da procura da “boa distância”, distância que
permite ao mesmo tempo preservar e afirmar a sua identidade, sentir-se em segurança e
suficientemente autónomo

Em todos os casos de defesa social estamos perante:

.Uma situação de interacção social.

.É a sociedade, as suas instituições, os outros , que representam os constrangimentos, a ameaça


é exterior e tem duas dimensões: de golpe à segurança individual e uma dimensão de ataque ao
valor social do indivíduo.

.Na intracção com o real afiguram-se como determinantes as categorias:


conhecido/desconhecido ; bom/mau para si mesmo ( valor egocêntrico).

Exemplos de mecanismos de defesa social:

.Reacções de ataque - reacção defensiva/preventiva- certas situações favorecem a emergência


destas reacções: estar a ser observado/julgado, rivalidade, num beco sem saída, crer-se num
risco de agressão iminente e grave, sentir-se em legitima defesa, etc.
.Reacções de intimidação
.Reacções de prestância e ostentação
.Reacções de ameaça e desafio
.Reacções de auto engrandecimento.
.Reacções de evitamento.
.Reacções de simulação.
.Reacções de conformismo.
.Reacções de bloqueio.
.Reacções de inibição.
.Reacções de retracção.
.Reacções de submissão.
.Reacções de justificação.
.Reacções de sedução.

Para saber mais:

“LES REACTIONS DE DÉFENSE DANS LES REACTIONS INTER-PERSONELLES -


SEMINAIRE DE ALEX MUCCHIELLI” - EDITIONS ESF.

Consultando esta obra poderá encontrar elementos para reflectir àcerca de


interessantes temáticas, tais como:

. As reacções de Defesa Social no “Encontro” (pág.20 à pág.25)


. As reacções de defesa face ao Olhar e à presença do Outro. (pág.25 à pág. 31)
. A sócio-proxémica-As reacções de defesa ligadas aoespaço pessoal.(pág.32 à pág.34)
. As defesas Sociais nas relações Grupais:
Intra-grupais (pág.60 à pág.69); Inter-grupais ( pág.70 à pág. 72)
. Sobrecarga das defesas sociais na vida contemporânea (pág.72 à pág. 76)

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