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gestão empresarial

negócios internacionais

Abordagem teórica do
Comércio Internacional
1
Negócios internacionais
Abordagem teórica do
Comércio Internacional

Objetivos da Unidade de aprendizagem


Ao final da UA o aluno deverá ser capaz de assimilar a
necessidade das relações comerciais entre os países;
apontar os motivos que levam determinados países a
produzirem alguns bens, e outros a fornecerem produ-
tos diferentes; definir a importância do comércio inter-
nacional para as nações.

Competências
Compreender os conceitos referentes à abordagem teó-
rica do comércio internacional.

Habilidades
Explicar as diferentes teorias do comércio internacional
destacando os pontos principais de cada teoria.
Apresentação
A discussão sobre o comércio internacional é uma das
questões mais antigas dentro do debate econômico.
Desde a época mercantilista, quando tem início o proces-
so de conhecimento, econômico, passando pelos clássi-
cos e neoclássicos.
A análise das trocas internacionais, bem como as van-
tagens e desvantagens, está inserida em diversos estu-
dos que relatam o crescimento econômico das nações.
Esta Unidade tratará exatamente sobre a teoria do
comércio internacional, abordando a teoria clássica, ne-
oclássica e as novas teorias do comércio internacional.

Para Começar
Figura 1. 
Comércio chinês.
Fonte: Stephane
Bidouze,
Shutterstock.com
<http://www.
shutterstock.com/
gallery-99187p1.
html?pl=edit-00&
cr=00>.

O que você pensa quando olha para a foto acima? Você


se lembra da invasão das lojas de $ 1,99 no Brasil? Você
já se perguntou por que temos tantos produtos impor-
tados à nossa disposição no mercado? Por que tantos
produtos que são de origem estrangeira possuem um
preço inferior com relação a alguns produtos nacionais?
Será que o Brasil também envia produtos nacionais para
outros países?
Para responder essas perguntas precisamos aprender um pouco como
funciona o comércio entre os países; para tanto, inicialmente, precisamos
conhecer um pouco da teoria do comércio internacional.
A discussão sobre o comércio internacional é uma das questões mais
antigas dentro do debate econômico. Desde a época mercantilista, quan-
do tem início o processo de conhecimento econômico, passando pelos
clássicos e neoclássicos.
A análise das trocas internacionais, bem como as vantagens e desvan-
tagens, está inserida em diversos estudos que relatam o crescimento eco-
nômico das nações.
Esta UA tratará exatamente sobre a teoria do comércio internacional,
abordando a teoria clássica, neoclássica e as novas teorias do comér-
cio internacional.

Atenção
No comércio internacional, as limitações das fronteiras dei-
xam de existir, e essa perda de importância é minimizada
pela maior intensidade dos relacionamentos econômicos.

Vamos fazer uma atividade rápida neste momento. Pegue um pedaço de


papel e uma caneta, nesse papel anote quais produtos que você possui
em casa que são de origem estrangeira.
Pelo menos um produto você conseguiu anotar no seu papel, indican-
do que o nosso país não é autossuficiente e necessita de outros países
para adquirir determinados produtos.
Então vamos à UA!

Fundamentos
Os países que participam do comércio internacional comercializam en-
tre si porque diferem uns dos outros. Outro aspecto relevante, conforme
aponta Vasconcellos (2006), é que participam desse comércio para obte-
rem economias de escala na produção, ou seja, produzindo somente uma
gama limitada de bens, pode produzir cada um desses bens em escala
maior, e, consequentemente, mais eficiente do que se tentasse produzir
diversos produtos.

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1. História do Comércio Internacional
A história do comércio internacional está intimamente ligada à evolução
do comércio no mundo. No período entre o século XI ao XVIII é apresen-
tado pelos livros de história como sendo o período de fatos que promo-
veram o sistema capitalista com a revolução comercial, após o enfraque-
cimento do sistema feudal.
Vários fatos históricos contribuíram para o desenvolvimento do comér-
cio internacional, podemos destacar os seguintes:

→→ As cruzadas com a expansão militar e religiosa;


→→ Financiamento de grandes navegações;
→→ Fortalecimento da burguesia europeia com o enfraquecimento
do feudalismo;
→→ Comércio de especiarias do oriente pelo mar Mediterrâneo;
→→ Descobertas das Américas;
→→ Colonização das Américas;
→→ Fluxos comerciais entre colônia e metrópole pelo Atlântico;
→→ A acumulação de metais preciosos para enriquecer.

O Brasil, particularmente, se insere como colônia de exploração de Por-


tugal, em uma relação de intercâmbio caracterizado por exportação de
açúcar, pau-brasil, algumas especiarias (gengibre principalmente), mel,
cera (produtos do sertão) e tabaco. Recebendo da Europa produtos ma-
nufaturados, alimentos, sal, vinho, couro e prata, obtida, de modo geral,
com a troca de escravos vindos da África.
Na Tabela 1 temos os resultados da Balança Comercial brasileira, quan-
to o país importou e exportou de 1808 a 1920, em mil contos de réis.

Tabela 1. Balança exportação importação saldo


Comercial Brasileira
– 1808/1920 valores 1808 19.000 19.500 -500
em mil contos de réis.
1809 19.100 20.050 -950
Fonte: Ministério do
Desenvolvimento, 1810 19.400 20.250 -850
Indústria e Comércio
1811 19.500 20.500 -1.000
Exterior.
1812 19.750 21.000 -1.250

1813 19.950 20.950 -1.000

1814 20.000 21.400 -1.400

1815 20.300 21.600 -1.300

1816 20.500 20.650 -150

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exportação importação saldo

1817 20.250 22.000 -1.750


1818 20.150 21.000 -850
1819 20.050 20.500 -450
1820 20.100 21.500 -1.400
1808/20 258.050 270.900
Média 1808/20 19.850 20.838

Em todos os períodos apresentados na Tabela 1, o Brasil teve déficit na


Balança Comercial, ou seja, sempre importou mais do que exportou no
período analisado. Indicando que o país dependia muito mais dos produ-
tos oriundos de outros países.
Os principais produtos negociados nesse período da Tabela 1 eram
açúcar, algodão, café, peles e couros.
No período de 1981 a 1990, o cenário do comércio internacional no
Brasil foi bem diferente daquele analisado na Tabela 1, os valores podem
ser vistos na Tabela 2.

Tabela 2. Balança exportação importação saldo


Comercial Brasileira
1981 23.293 22.091 1.202
– 1981/90 em
US$ milhões. 1982 20.175 19.395 780
Fonte: Ministério do
Desenvolvimento,
1983 21.899 15.429 6.470
Indústria e Comércio 1984 27.005 13.916 13.090
Exterior.
1985 25.639 13.153 12.486

1986 22.349 14.044 8.304

1987 26.224 15.051 11.173

1988 33.789 14.605 19.184

1989 34.383 18.263 16.119

1990 31.414 20.661 10.752

1981/90 266.170 166.609

Média 81/90 26.617 16.661

Entre 1981 e 1990, o Brasil conseguiu exportar mais do que importar,


gerando superávits na balança comercial, indicando um crescimento da
participação do país no mercado mundial. Os principais produtos exporta-
dos nesse período são apresentados na Figura 2. Os produtos de origem
metalúrgica foram os mais exportados.

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média 81/90
Figura 2. Exportação 100%
brasileira por produto
80%
(%) – 1981/90.
Fonte: Ministério do 60%
Desenvolvimento,
40%
Indústria e Comércio
Exterior. 20%
0%

l
s

p.

te

b.

o
l
ico

ico

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o


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se

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a

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ar
et

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na

úc
ól
m

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at
ui

tr


áq

pe
m

Já as importações compreendem outros produtos, dando destaque aos


produtos industrializados. O produto que o Brasil mais importou no pe-
ríodo de 1981 a 1990 foi combustível, como é demonstrado na Figura 3.

média 81/90
Figura 3. Importação
100%
brasileira por produto
(%) – 1981/90. 80%
Fonte: Ministério do
60%
Desenvolvimento,
Indústria e Comércio 40%
Exterior.
20%
0%
l
s
s

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s

s
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co

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i
an

Vamos analisar o comportamento das negociações do Brasil com o resto


do mundo, entre os anos 1994 à 2014. Essa análise será feita por meio da
observação da Figura 4 a seguir:

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Figura 4. Saldo da US$
Bilhões
Balança Comercial
50
Brasileira (US$
bilhões) — Período 45
de 1994 a 2014. 40
Fonte: ADFN Brasil
35
a partir de dados
SECEX/MISC (2016), 30

25

20

15

10

-5

-10
1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

*2014
ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

saldo 10,5 -3,5 -5,6 -6,8 -6,6 -1,3 -0,8 2,6 13,1 24,8

ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014*

saldo 33,6 44,7 46,5 40 25 25,3 20,2 29,8 19,4 2,6 3,1

* Dados acumulados em 12 neses até junho.


Fonte: BCB

Para finalizarmos a nossa análise sobre a evolução do comércio interna-


cional no Brasil, a Figura 5 apresenta os dados atuais do comportamento
da balança comercial brasileira.

Figura 5. Balança US$


Bilhões
Comercial Brasileira
2015 até nov. 2016. 50
Saldo acumulado 40
— US$ bilhões 30
Fonte: SECEX/
20
MDIC (2016),
10
0
2015 até nov. 2016

Denota-se no gráfico acima que no acumulado de janeiro a novembro,


as exportações brasileiras superaram as importações brasileiras em US$
43,28 bilhões. No mesmo período do ano de 2015, o superávit da balança
comercial foi menor US$ 13,44 bilhões.

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No mês novembro de 2016, o Brasil exportou US$ 16,22 bilhões, com
média diária de US$ 811 milhões, alta de 17,5% em relação ao mês no-
vembro de 2015. Enquanto as importações somaram US$ 11,46 bilhões,
com média diária de US$ 573 milhões, esse valor é 9,1% menor que o
registrado em novembro do ano de 2015.
Os principais produtos exportados, de acordo com MDIC, nos anos de
2015 e 2016 foram:

a. Principais produtos agrícolas produzidos: café, laranja, cana-de-


-açúcar (produção de açúcar e álcool), soja, tabaco, milho, mate;
b. Principais produtos da pecuária: carne bovina, carne de frango,
carne suína;
c. Principais minérios produzidos: ferro, alumínio, manganês, mag-
nesita e estanho;
d. Principais setores de serviços: telecomunicações, transporte ro-
doviário, técnico-profissionais prestados à empresas, transporte de
cargas, limpeza predial e domiciliar, informática, transportes aéreos
e alimentação;
e. Principais setores industriais: alimentos e bebidas, produtos quí-
micos, veículos, combustíveis, produtos metalúrgicos básicos, má-
quinas e equipamentos, produtos de plástico e borracha, eletrônicos
e produtos de papel e celulose.

2. Teoria Clássica do Comércio Internacional.


O estudo sobre as teorias do comércio internacional possui um conceito
fundamental denominado de vantagem comparativa, também conhecida
como teoria clássica do comércio internacional. Esse conceito foi desen-
volvido por David Ricardo em 1817, e demonstra que o comércio inter-
nacional pode ser vantajoso para os países, mesmo se um determinado
país possa produzir mais eficientemente, em relação aos demais, todos os
produtos que consome.
O modelo de Ricardo diz que a principal razão do comércio internacional
é a diferença de produtividade setorial da mão de obra entre as nações.
Em outras palavras, os países possuem diferenças de tecnologia que se
revelam na produtividade da mão de obra e nas vantagens comparativas.
A ideia dessa teoria é bastante simples. Em primeiro lugar, a teoria ga-
rante que duas nações possuem relações comerciais que proporcionam
custos de produção diferentes. Em segundo lugar, indica que uma na-
ção exportará sempre o produto que produzir com custos relativamente
menores do que o de outra. Dessa forma, com base nesses princípios, a

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teoria de vantagem comparativa diz que o comércio entre duas nações é
benéfico para ambas.
Para que você possa entender melhor a teoria da vantagem comparati-
va, vamos utilizar o seguinte exemplo. Suponha que o Brasil e os Estados
Unidos possam produzir apenas dois tipos de produtos, café e computa-
dores. Os Estados Unidos podem produzir 9 mil computadores por mês
ou 3 mil sacas de café por mês. Já o Brasil pode produzir 7 mil computa-
dores por mês ou 4 mil sacas de café.
Com base nesse exemplo, pode-se dizer que o Brasil produz café me-
lhor que os Estados Unidos, e os Estados Unidos produzem computador
melhor do que o Brasil. Caso o Brasil mudasse sua produção e começasse
a produzir café durante a primeira metade do ano e computadores na
segunda metade do ano, conseguiria produzir 42 mil computadores e 24
mil sacas de café. Os Estados Unidos se fizesse o mesmo, conseguiriam
produzir 18 mil sacas de café e 54 mil computadores.
Se o Brasil resolvesse produzir apenas café o ano todos chegaria a uma
produção de 48 mil sacas. E se os Estados Unidos passassem a produzir
apenas computadores, produziria 108 mil computadores, conforme de-
monstrado na Tabela 3.

Tabela 3. Produção brasil estados unidos


anual dos dois países.
Fonte: Elaborado Produção anual de computadores 0 108 mil
pelo autor (2016).
Produção anual de café 48 mil 0

Fica claro que o Brasil não quer consumir apenas o café e que os Estados
Unidos não vão consumir apenas computadores. Os Estados Unidos dese-
jam trocar computadores por café produzido no Brasil e o Brasil gostaria
de trocar café por computadores produzidos nos Estados Unidos.
Ainda considerando esse exemplo, podemos dizer que os Estados Uni-
dos não têm condições climáticas nem solo adequado para a produção
de café. Caso quisesse produzir café teria que investir uma grande quan-
tidade de recursos para essa produção, elevando os custos consideravel-
mente. Da mesma maneira, o Brasil não teria condições favoráveis para a
produção de computadores, e teria que investir muitos recursos para que
a produção acontecesse.
Assim, é evidente que é mais vantajoso os Estados Unidos produzirem
apenas computadores e comprar café do Brasil, e o Brasil produzir so-
mente café e comprar computadores dos Estados Unidos. Os dois países
serão favorecidos se dedicarem a produção do bem em que possuem
vantagem comparativa maior.

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Baseado na teoria das vantagens comparativas, os clássicos concluíram
que seria muito melhor para todos os países se especializarem na produ-
ção de bens em que tivessem vantagem comparativa.
A teoria das vantagens comparativas, desde a sua concepção, tem ser-
vido como referência para o entendimento do comércio internacional.

3. Teoria Neoclássica do Comércio Internacional


O modelo neoclássico do comércio internacional conhecido também
como Heckscher-Ohlin-Samuelson, enfatiza que a existência do comércio
internacional está ligada à diferença relativa da utilização dos fatores de
produção (capital e trabalho) entre os países.
Essencialmente, a teoria neoclássica, assegura que as forças produtivas
de um país se especializam e exportam os bens que demandam a utiliza-
ção intensiva de seu fator de produção abundante.
Para explicar melhor esse modelo vamos considerar dois países: Brasil
e Japão. O Japão é abundante em capital, enquanto o Brasil é abundante
em oferta de mão de obra. Nesse cenário, o Japão exportará produtos
intensivos de capital, como máquinas, e o Brasil exportará produtos que
exigem mão de obra intensiva, como sapatos.

Figura 6. Curva
de possibilidade
de produção
Brasil e Japão. Brasil

Japão
sapatos

máquinas

O gráfico mostra exatamente esse cenário, onde temos a curva de possi-


bilidade de produção do Japão e do Brasil, com a produção de máquinas
e sapatos. Observando a figura podemos notar que cada país possui uma
quantidade relativa maior de um dos fatores de produção, demonstran-
do que o Brasil tem uma tendência a produzir mais sapatos, enquanto o
Japão tem disposição a produzir mais máquinas. Em outras palavras, cada
país exportaria os produtos que usam intensivamente o fator abundante
de suas economias, conforme considera MENDONÇA (2009).

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A teoria neoclássica demonstra que o comércio internacional tem um
forte impacto sobre a distribuição de renda, pois os proprietários dos fa-
tores abundantes de um país conseguem ganhos do comércio, mas os
proprietários dos fatores escassos desse país saem perdendo, interferin-
do, dessa forma, na distribuição de renda da população.

4. As novas teorias do Comércio Internacional


Novas teorias acerca do comércio internacional vêm sendo desenvolvi-
das. Os países experimentaram um rápido crescimento da produtividade,
conforme analisado por GUEDES (2007), principalmente as nações de in-
dustrialização recente. Esse crescimento ocorreu em virtude do acúmulo
de capital e o aumento do nível de escolaridade de sua força de trabalho,
tornando escasso o trabalho não qualificado.
O gráfico abaixo mostra que após 1970 as exportações mundiais cres-
ceram de forma significativa, principalmente após a década de 1990.

Figura 7. Exportações 1600


mundiais em
bilhões de US$. 1400
Fonte: IPEADATA,
2010. 1200

1000

800

600

400

200

0
19 .01
19 1.10
19 .07
19 .04
19 .01
19 .10

82 7
19 .04
19 .01
19 .10

89 7
19 .04
19 1.01
19 2.10

96 7
19 .04

9 1
20 9.10

0 7
0 4
0 1
08 0
7
19 .0

20 5.0
19 0.0

19 7.0

19 4.0

20 1.0

.0
20 3.0

20 6.1
77
78

85
70

84

98
73
75
7

0
8

9
9
8
19

Vimos até agora teorias do comércio internacional que explanavam a di-


nâmica do comércio internacional. Mas agora vamos tratar de outro pon-
to fundamental dentro das negociações entre os países, o desenvolvimen-
to tecnológico. As mudanças tecnológicas acontecem constantemente e
se diferenciam entre os países. A importância dessas mudanças levou ao
surgimento da teoria do ciclo de vida do produto.
Essa teoria tem como princípio a inovação tecnológica como principal
aspecto dos padrões de comércio dos bens industrializados. Nessa teoria,
novos produtos e processos produtivos surgiriam nos países ricos devido

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à procura por produtos mais elaborados e também pela existência de
mão de obra especializada para atuar em pesquisa e desenvolvimento.
Com a nova teoria do comércio internacional, os padrões das nego-
ciações internacionais seriam explicados pela vida do produto, ou seja,
passando pelo nascimento onde as vantagens comparativas estariam
nos países desenvolvidos, em seguida pela maturidade, nos países
em desenvolvimento.

ATENÇÃO
O modelo clássico de comércio internacional destaca a dife-
rença existente entre a produtividade relativa da mão de obra
entre os países para explanar as vantagens comparativas.

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antena
parabólica
Leia os artigos abaixo, que fala sobre a o comércio mun-
dial e reflita sobre eles.

A segunda invasão chinesa: alta tecnologia


A era do produto barato de qualidade duvidosa da China
acabou. Em apenas cinco anos, os produtos manufatu-
rados de alta tecnologia se tornaram o principal item da
pauta de exportação chinesa.
Mais ainda, de grande exportador de produtos de bai-
xa intensidade tecnológica, o gigante asiático transfor-
mou-se no maior exportador mundial de produtos alta
tecnologia (hi-tech), desbancando os Estados Unidos, a
Alemanha e o Japão, países que tradicionalmente expor-
tam esse tipo de produto.
Essas são as principais conclusões de uma pesquisa
inédita da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp). “É uma falácia dizer que os produtos chine-
ses são cópias baratas dos fabricados em outros países”,
diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento
de Competitividade e Tecnologia da entidade, que co-
ordenou o trabalho. “A China tem produtos bons, me-
nos bons e ruins, como qualquer país do mundo, mas a
maioria já é de alta tecnologia”.
A China já ultrapassou os Estados Unidos como o maior
exportador de produtos de alta tecnologia em 2006. Na-
quele ano, os chineses exportaram US$ 343,9 bilhões em
produtos de alta tecnologia; ante US$ 323,8 bilhões dos
Estados Unidos, segundo a Organização para a Coopera-
ção e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Comtra-
de, o banco de dados de estatísticas sobre o comércio
internacional das Nações Unidas. Em seguida vêm a Ale-
manha (US$ 214,3 bilhões) e o Japão (US$ 156,4 bilhões).

De cada quatro carros importados


no Brasil, um é coreano
Os carros importados vêm ganhando cada vez mais es-
paço nas compras dos brasileiros e adquirindo novos
sotaques, como coreano e chinês, e não apenas o es-
panhol dos mexicanos e dos argentinos que entram no
país beneficiados pela isenção do Imposto de Importa-
ção, informa reportagem de Álvaro Fagundes e Tatiana
Resende para a Folha.
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), a fa-
tia do vizinho sul-americano nas importações de veículos
caiu de 65,2% em 2007 para 52,3% no acumulado deste
ano até agosto. No mesmo período, a participação dos
carros vindos do México passou de 12,4% para 9,6%.
Em ambos os casos, a maior parte é trazida por mon-
tadoras que têm fábrica no Brasil e usufruem de incen-
tivo tributário para definir os melhores locais para as li-
nhas de produção.
Duas marcas da Coreia do Sul, Hyundai e Kia, vêm ab-
sorvendo esse espaço e ajudaram a elevar a fatia do país
asiático de 10,4% para 24,5% nesse intervalo, ultrapas-
sando os mexicanos.
“Estamos preocupados com o crescimento das im-
portações de fora da área de livre comércio”, afirma
Cledorvino Belini, presidente da Anfavea. Sem o acordo
automotivo, os importados pagam 35% em tributos para
entrar no Brasil, o máximo permitido pela OMC (Organi-
zação Mundial do Comércio).
Já a participação dos chineses foi de 0,5% para 2,7%,
motivando a montadora Chery a anunciar a instalação
de uma fábrica em Jacareí (SP), com previsão de produ-
ção a partir de 2013.

Papo Técnico
A evolução das teorias de comércio inter-
nacional nos deixa evidente que o comér-
cio entre as nações foi observado como
uma ferramenta fundamental de análise
no processo de construção e desenvolvi-
mento econômico de uma nação.
E agora, José?
Vamos fazer uma síntese do conteúdo apresentado nes-
ta UA:

→→ A origem do comércio internacional no Brasil, data


de muitos anos atrás, bem como o processo de ex-
portação e importação de mercadorias, que são re-
presentados pela balança comercial;
→→ O estudo sobre as teorias do comércio internacio-
nal possui um conceito fundamental denomina-
do de vantagem comparativa, também conhecida
como teoria clássica do comércio internacional;
→→ O modelo neoclássico do comércio internacional
conhecido também como Heckscher-Ohlin-Samuel-
son, enfatiza que a existência do comércio interna-
cional está ligada à diferença relativa da utilização
dos fatores de produção (capital e trabalho) entre
os países;
→→ Novas teorias acerca do comércio internacional
vêm sendo desenvolvidas. Os países experimenta-
ram um rápido crescimento da produtividade, prin-
cipalmente as nações de industrialização recente.

Agora que você já conhece a evolução da teoria do co-


mércio internacional, chegou a hora de aprender sobre
o processo de globalização dos mercados. Para tanto,
você aprenderá na próxima UA o que é globalização, glo-
balização econômica, globalização financeira e globaliza-
ção cultural.
Bons estudos!
Referências
ADVFN. Disponível em: <http://br.advfn.com/ IPEAdata – Indicadores IPEA. Disponível em:
indicadores/balanca-comercial/>. Acesso <http://www.ipeadata.gov.br.htm>. Acesso
em: dez. 2016. em: nov. 2010.
GUEDES, A. L. Negócios internacionais. São M inistério do Desenvolvimento, Indús-
Paulo: Thomson Pioneira, 2007. tria e Comércio Exterior. Disponível em:
MDIC. Disponível em: <http://www.mdic.gov. <http://www.aprendendoaexportar.gov.
br/> Acesso em: dez. 2016. br/200anos/html/index.html>. Acesso em:
MENDONÇA, A. C. D. Câmbio e negócios inter- out. 2011.
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Negócios Internacionais  /  UA 01  Abordagem Teórica do Comércio Internacional 17

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