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A comunicação “Just in time, just enough, just for me”num cenário de


turismo ubíquo e o papeldo smart-phone na mesma

Conference Paper · January 2011

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4 authors:

Rui Raposo Pedro Beça


University of Aveiro University of Aveiro
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Cátia Figueiredo Helder Ramos Dos Santos


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Mesh-t View project

IMPRINT+ - Imprinting an ecological compensation reasoning on society by means of young citizens View project

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SOPCOM - Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação
VII Congresso SOPCOM | Universidade do Porto | 15 a 17 de Dezembro de 2011

A comunicação “Justin time, justenough, just for me” num cenário de turismo
ubíquo e o papel do smart-phone na mesma 1

Rui Raposo2

Pedro Beça3

Cátia Figueiredo4

Helder Santos5

Resumo: O presente artigo explora a fusão progressiva entre as tendências do e-tourism, tanto as
conceptuais como as tecnológicas, a procura de serviços capazes de dar respostassatisfatórias: às
espectativas de utilizadores que desejam experiências à sua medida e de acordo com as suas
necessidades;ao estabelecimento de uma sociedade com uma cultura participativa cada vez mais
enraizada; e, por fim, na definição do papel do smart-phone neste rede de relações altamente complexa
e transdisciplinar. Um projeto atualmente em curso – mesh-t: pervasivetourism, será utilizado neste
artigo para exemplificar e traçar uma visão holística do conjunto de relações entre as variáveis que
fazem parte deste ecossistema, se assim lhe pudermos chamar, composto por pessoas, espaços, estórias,
organizações e tecnologias. A partir do estabelecimento de um enquadramento do papel do smart-phone
na comunicação “Justin time, justenough, just for me” num cenário de turismo ubíquo procurar-se-á
desconstruir, descrever, exemplificar, refletir e questionar o que o mesmo representa atualmente, e
tendencialmente no futuro, no contexto do turismo.

Palavras-chave: e-tourism, ubiquidade, nomadicidade, smart-phones, experiência turística

Abstract:This paper explores the progressive fusion between trends in e-tourism, both conceptual and
technological, the search for services capable of satisfying: user expectations who want tailored
experiences and in accordance to their needs; the establishment of a society with an evolving embedded
participative culture attitude;and the role of smart-phones within this highly complex and
transdisciplinary network of relationships. An on-going project – mesh-t: pervasive tourism, will be used
in this paper to establish an example and a holistic vision of the set of relationships among the variables
that are part of this ecosystem, if nameable as such, made up of people, places, stories, organizations and
technologies. Through the establishment of a framework regarding the role of smart-phones in “Just in
time, just enough, just for me” communication in a ubiquitous tourism context, we will try to deconstruct,
describe, exemplify, think-through and question what it represents at this moment, and in the future, in
the tourism context.

Keywords: e-tourism, ubiquity, nomadicity, smart-phones, touristexperience

                                                            
1
Trabalho apresentado no VII Congresso SOPCOM, realizado de 15 a 17 de Dezembro de 2011.
2
Rui Raposo, Doutorado em Ciência e Tecnologias da Comunicação e docente no Departamento de Comunicação e Arte –
Universidade de Aveiro. Email: raposo@ua.pt.
3
Pedro Beça, Doutorando em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais e docente no Departamento de Comunicação e
Arte – Universidade de Aveiro. Email: pedrobeça@ua.pt.
4
Cátia Figueiredo. Mestre em Comunicação Multimédia e bolseira de investigação no CETAC.MEDIA – Universidade de Aveiro.
Email: cat@ua.pt.
5
Helder Santos, Mestre em Design e bolseiro de investigação no CETAC.MEDIA – Universidade de Aveiro. Email:
heldersantos@ua.pt.

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Introdução

As tendências atuais do e-tourism, tanto as conceptuais como as tecnológicas,


têm apostado na procura de serviços capazes de dar uma resposta satisfatória: às
espectativas de utilizadores que desejam experiências à sua medida e de acordo com as
suas necessidades;ao estabelecimento de uma sociedade com uma cultura participativa
cada vez mais enraizada; e, por fim, o papel do smart-phone neste rede de relações
altamente complexa e transdisciplinar. A partir do estabelecimento de um
enquadramento do papel do smart-phone na comunicação “Justin time, justenough, just
for me” num cenário de turismo ubíquo procurar-se-á desconstruir, descrever,
exemplificar, reflectir e questionar o que o mesmo representa atualmente, e
tendencialmente no futuro, no contexto do turismo.Ao auxiliar a imersão dos
utilizadores na nuvem tecnológica os smart-phones estão a contribuir para o incremento
da nomadicidade dos utilizadores sem prejuízo para o espectro de atividades que estes
podem realizar alargando, ao mesmo tempo, o número de espaços inteligentes onde a
tecnologia se tem tornado transparente, ou seja, integrada no próprio espaço fazendo
parte indiferenciada do mesmo.
Os serviços e aplicações móveis estão atualmente a ajustar-se a esta realidade
integrando-se no continuum da experiência turística e assumindo um papel de destaque
ao influenciar as tomadas de decisões de um isolado ou mais turistas que partilham os
mesmos interesses. A questão de fundo, neste momento, não se prende com a definição
do que pode ser feito com o smart-phone, mas antes com o que o utilizador quer fazer
com recurso a esta tecnologia e como poderão essas atividades comunicar e satisfazer as
suas expectativas e necessidades não apenas pessoais, mas também como membro de
uma comunidade de prosumidores.
A análise da comunicação, estabelecida entre estas variáveis, ajudará a
compreender alguns conceitos que têm vindo a ser discutidos e construídos no
projetomesh-t: pervasivetourism -nomeadamente o continuum da experiência turística e
a relação rizomática estabelecida entre turistas através da comunicação mediada
tecnologicamente.
O projeto supramencionado, será utilizado neste artigo para exemplificar e traçar
uma visão holística do conjunto de relações entre as variáveis que fazem parte deste

2521
ecossistema, se assim lhe pudermos chamar, composto por pessoas, espaços, estórias,
organizações e tecnologias.
As tendências atuais no e-tourism têm promovido o estabelecimento e
fortalecimento de relações, entre o mundo académico e o empresarial, suportadas pelo
entendimento de que, através da colaboração transdisciplinar, é possível enfrentar com
sucesso desafios vigentes e até tentar prever com mais exatidão alguns dos que serão
colocados no futuro. O projeto utilizado neste artigo como exemplo prático, bem como
a equipa responsável pelo mesmo, optou por estabelecer a sua génese na premissa de
que o trabalho conjunto, entre profissionais do e-tourism, docentes e investigadores,
aumentaria as probabilidades de, não apenas atingir os objectivos inicialmente
propostos, mas também estabelecer metas mais ambiciosas que as inicialmente
apontadas. O projeto designado como mesh-t: pervasive, ubiquitousandcontext-
awaretechnologiesintourism, aquando do seu arranque apenas tinha como preocupação
a exploração da utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em
contextos turísticos como, por exemplo, dispositivos móveis, superfíciesinterativas
multitoque e de interação gestual, e sistemas de recomendação baseados em princípios
de context-aware e Web 2.0. Contudo, rapidamente deu lugar a um projeto com
preocupações ligadas a conceitos de fundo como a ubiquidade, interação e narrativas
transmedia, e a cultura participativa nas comunidades criadas no seio do contexto
turístico. Estes conceitos serão abordados mais adiante neste artigo como parte
integrante do continuo estabelecido no e-tourism.
O projeto, financiado pelo O Quadro de Referência Estratégico Nacional
(QREN)(http://www.qren.pt/ [Jun. 3, 2011]) for desenhado de acordo com estratégias
nacionais definidas para o turismo, no qual a integração das TIC, bem como a inovação
associada às mesmas e a sua utilização, representam desafios a cumprir a curto
prazosem descuraro que poderá ser definida como a sua sustentabilidade. O consórcio
criado inclui a Universidade de Aveiro, mais precisamente o Centro de Estudos das
Tecnologias e Ciências da Comunicação (CETAC.MEDIA: http://www.cetacmedia.org/
[Jun. 3, 2011]) e o Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro (IEETA:
www.ieeta.pt/ [Jun. 3, 2011]), e ainda a empresaUbiwhere
(http://www.ubiwhere.com[Jun. 3, 2011]) que inclui no seu portfólio algum trabalho a
nível do desenvolvimento de aplicações para o m-tourism.

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Como forma de acompanhar a evolução do projeto sugere-se a consulta da
presença do mesmo no Facebook (http://www.facebook.com/mesht.pt) e no Twitter
(mesh_t).

Parte 1. O e-tourism como um ecossistema

O projetomesh-t tem, desde o seu arranque, estabelecido o trabalho desenvolvido


no princípio de que seria desenvolvido com base na transdisciplinaridade quanto ao seu
enquadramento teórico, à estrutura da sua equipa e à comunicação e interação
estabelecida com seu seio. Esta vontade de partilhar e fundir conhecimento científico de
áreas tão distintas como: o turismo, a interação humano-computador, a sociologia, a
psicologia, a informática e a visualização de informação, conduziu à necessidade de
identificar e refletir sobre conceitos estruturantes capazes de posicionar o projeto e
traçar percursos com o potencial de serem explorados no decurso do mesmo no que diz
respeito a smart-phones.
As alíneas seguintes apresentam parte do enquadramento teórico que tem
apoiado o processo de design e decisão até ao momento.
É inquestionável que as TIC têm conduzido a mudanças profundas em inúmeros
contextos e o turismo tem integrado as mesmas como uma variável chave num conjunto
alargado das suasatividadesintrínsecas tal como referido no trabalho de Buhalis e Law
(Buhalis&Law, 2008),Shanker (Shanker, 2008) e Georgeta e Amelia
(Georgeta&Amelia, 2008). O e-tourism, tal como definido por Buhalis (2003) discutido
mais amplamente quanto às suas especificidades (Beça e Raposo, 2011): m-tourism,
tourism 2.0, m-tourism 2.0; pode ser compreendido, num espectro mais alargado, como
a aplicação das Tecnologias da Informação e Comunicação na indústria do turismo.
Contudo, se observado de forma mais pormenorizada poder-se-á talvez definir e-
tourism como um ecossistema vivo formado por outras componentes para além da
tecnologia. É, na verdade, um ecossistema vivo e dinâmico em constante mutação e
crescimento sob a influência de variáveis que, para além da tecnologia, incluem a
componente humana formada pelos utilizadores e as suas emoções, a sua vontade de
comunicar e estabelecer relações e, ainda, os seus desejos e necessidades. Num
determinado momento, no decurso do desenvolvimento do projetomesh-t, a equipa

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envolvida tomou noção deste ecossistema e tentou compreender a sua dinâmica,
nomeadamente no que diz respeito ao papel do smart-phonecomo dispositivo de
comunicação. O resultado foi o reconhecimento da existência do ecossistema como um
organismo estruturado com base nocontinuum da experiência turística dos utilizadores e
na multitude de rizomas criados estabelecidas pelas relações e influências geradas pela
partilha de informação.
Se olharmos para o cerne de qualquer atividade ligada ao e-tourism
encontraremos, na grande maioria dos casos, o desejo do turista em encetar uma
experiência de índole turística e a satisfação da mesma no decurso de um momentum
Antes, Durante e Depois (Niininen, Buhalis, & March, 2007). Imaginemos o caso de um
turista em potência que decide ir de férias para Aveiro. Provavelmente a primeira coisa
que irá fazer será realizar uma pesquisa no Google à procura de informação genérica
e/ou pesquisar informação adicional sobre a opinião tida por outras pessoas sobre
Aveiro (o que visitar, onde comer, onde dormir, etc.) em sítios web especializados
como, por exemplo, o TripAdvisor (http://www.tripadvisor.com [Jun. 3, 2011]). Sítios
web dessa natureza, bem como as comunidades que os utilizam e alimentam, são
atualmente dinamizados pela criação participativa de bases de dados de informação que,
de acordo com Niininen (Niininen, etal., 2007), representam ajudas preciosas para os
turistas aquando do planeamento das suas viagens.Neste contexto torna-se fácil entender
que o “passa a palavra”, ou seja, o Word ofMouth (WOM) é um grande factor de
influência no processo de escolha e aquisição de um bem ou serviço (Arsal, etal. 2008;
Sharda, 2010). Uma recomendação poderá ser o suficiente para convencer um
consumidor a experimentar um bem ou serviço novo (Gremler, 1994 apudArsal,
Backman, &Baldwin, 2008; J. Holloway, 2004). Algo já afirmado há muito como um
meio mais eficaz que os mecanismos tradicionais de marketing (Katz &Lazarsfeld,
1955). O turismo representa um tipo de serviço em que os consumidores não têm
hipótese de estabelecer o valor real do mesmo à priori e onde, na grande maioria dos
casos, apenas quando chegam ao destino têm noção desse valor. Com este problema em
mente, tem aumentado o número de turistas que procuram informação em meios
alternativos ao tradicionais catálogos das agências de viagens como forma de reduzir os
riscos tomados aquando da escolha de destinos e serviços (Min &Sheng-qiang, 2009).
De acordo com trabalhos publicados porGretzle e Yoo (2008), três quartos dos turistas
inqueridos consultam comentários online de outros turistas e utilizam os mesmos como
uma fonte de informação para o seu próprio processo de decisão chegando, em alguns

2524
casos a representarem um dos principais factores de influência na escolha de um destino
(Buhalis& Chung, 2008).
A par da simples pesquisa por informação alfanumérica, já é também cada vez
mais comum o potencial turista procurar referências audiovisuais no Youtube e, com
base nos comentários apresentados, votos positivos e número de visualizações, ser
capaz de criar uma imagem mais detalhada sobre o que é expectável na experiência a
que propõe e se, na generalidade, as opiniões são positivas ou negativas. Esta poderá ser
compreendida como a fase designada como o Antes na experiência turística onde o
turista procura informação, utilizando fundamentalmente a web como meio preferencial
para a pesquisa preparatória ou para a descoberta de experiências alternativas (S.
Bowen&Filippini-Fantoni, 2008). É ainda nesta fase que se tomam decisões, se
preparam e planeiam atividades e se realiza as aquisições de serviços. Acredita-se que,
sem o perceber, o turista através destas atividades está a influenciar outros turistas
através de acções tais como: a visualização de vídeos no Youtube e consequente
aumento do número de views registados; likes atribuídos a conteúdo partilhado no
Facebook; e comentários ou questões colocadas em fóruns ou blogs. Será talvez neste
âmbito que se deverá destacar o desafio colocado pela integração das estratégias de
comunicação das instituições ligadas ao turismo nestas atividades online, uma tarefa
tida como de alguma complexidade (Taxén&Frécon, 2005) e ainda em processo de
compreensão e gradual adaptação às exigências da comunicação e interação em serviços
e apps Web 2.0. Todas estas atividades têm, de forma mais ou menos evidente,
encontrado alguma expressão em aplicações criadas de raiz para smart-phones ou então
na disponibilização de conteúdos web acessíveis e utilizáveis a partir deste tipo de
dispositivos móveis. Verifica-se, no entanto, uma crescente preocupação com a criação
de aplicações exclusivas para as atividades centradas no telemóvel. As mesmas incluem,
para além deum desenho mais detalhado quanto à sua usabilidade,o factode
demonstrarem uma preocupação com o fornecimento de um serviço especializado e
personalizável e não apenas uma reutilização de conteúdos e soluções já disponíveis em
ambiente web.Torna-se também interessante verificar que as atividades conotada com
esta fase já podem ser feitas em qualquer momento, em qualquer lugar (desde que com
cobertura de rede móvel) e devidamente adaptada às necessidades do utilizador. É
possível consultar opiniões sobre destinos, pesquisa por quartos de hotel, marcar
passagens de avião e reservar bilhetes para uma peça de teatro enquanto se viaja de
autocarro do trabalho para casa. Esta propensão para promoção de uma comunicação

2525
“Justin time, justenough, just for me” não se restringe, como veremos em seguida,
apenas a esta fase da experiência.
A fase que poderá ser entendida como o Durante da experiência compreende o
conjunto de atividades que são realizadas pelo turista desde o momento que deixa o seu
espaço de residência até o seu regresso a esse mesmo espaço. No decurso deste período,
através da integração progressiva da tecnologia e principalmente dos dispositivos
móveis, o turista tem a possibilidade de, por exemplo: aceder a informação
disponibilizada online sobre restaurantes, alojamento e eventos; utilizar guias que
podem focar inúmeras áreas de interesse tais como visitas a museus, percursos
temáticos, espaços urbanos e/ou históricos; aplicações de realidade aumentada onde
camadas de informação multimédia ajudam a explorar e a perceber o visitado no mundo
real; a compra de bilhetes e a realização de reservas de hotéis. Torna-se interessante
verificar que, através do smart-phone, existe a possibilidade de reservar um quarto num
hotel, com preços de promocionais excepcionais (como no caso das reservas feitas no
Booking.com (http://www.booking.com/ [Set. 5, 2011])) estando comodamente sentado
do Hall de entrada do próprio hotel.Tal como no caso da fase Antes, acredita-se que
todas estas atividades, a par da influência direta que têm na experiência do turista que as
realiza, acabam por também influenciar a experiência de outros turistas que podem estar
na mesma fase ou numa das outras fases da sua própria experiência.No caso do projeto
mesh-t a aplicação móvel desenvolvida em colaboração com o Museu de Aveiro fornece
ao utilizador um alternativa às visitas guiadas e aos livros sobre o espaço. Através da
aplicação, desenvolvida para Android, o utilizador pode definir e explorar informação
sobre o museu de acordo com as suas preferências, construindo a sua visita, listando as
suas peças favoritas, incluir comentários, etc. O objectivo claro, neste caso, foi o de
permitir que cada utilizador fosse construindo a sua experiência, controlando o fluxo de
informação disponibilizada e comunicando as suas preferências e opiniões.
No que diz respeito à fase designada como o Depois, esta inclui atividades, ainda
relacionadas com a experiência, realizadas pelo turista quando regressa ao seu local de
residência.Na sua generalidade resumem-se à publicação e partilha de conteúdos como,
por exemplo: fotografias, vídeos, comentários e publicações em blogs pessoais, ou seja,
atividades ligadas à comunicação e partilha da experiência vivida focando apenas os
detalhes que interessam aos olhos de quem partilha. Estudos apontavam que
ferramentas para bookmarking e criação de anotações eram utilizados, nestas fases para
criar algum tipo de continuidade entre elas (S. Bowen&Filippini-Fantoni, 2008; Barry,

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2006). Acredita-se, no entanto, que este tipo de ferramentas tem sido gradualmente
substituído por outros mais integrados com a presença e vivência dos utilizadores em
meios como as redes sociais. A aplicação do Tripadvisor – CitiesI’vevisited
(http://apps.facebook.com/tripadvisortravelmap, [Jul. 20, 2011] é exemplo disso. A
utilização quer das primeiras, quer das segundas ferramentas mencionadas podem
facilitar e promover o processo de aprendizagem decorrente da experiência turística
dado que, através da recordação do vivido entre o turista e os espaços, as pessoas e as
estórias, permitirá uma maior retenção de memórias sobre os mesmos despertando,
quiçá, o desejo de explorar e saber mais(S. Bowen&Filippini-Fantoni, 2008). Este tipo
de envolvimento, que poderá ser baseado em memórias de índole mais positivas ou
negativas, poderá segundo Marty (Marty, 2007) promover o incremento do número de
visitas a determinados monumentos, bem como a definição dos níveis de satisfação
resultantes da experiência realizada. Tal como nas fases anteriores, a partilha durante o
Depois influencia também, de forma directa ou indirecta, voluntária ou involuntária,
outros turistas. É merecedor de destaque o facto do smart-phone já permitir que o turista
comece esta fase de partilha ainda do decurso do seu regresso a casa. Algo que realça a
dificuldade sentida no estabelecimento das fronteiras entre as diferentes fases da
experiência e onde a sua separação óbvia começa a ser cada vez mais difícil.
Pelo descrito até este momento poder-se-á dizer que em toda a extensão da experiência
em e-tourismao comunicarmos partilhamos e, consequentemente, influenciamos.
Considera-se que esta influência, propagada ao longo da rede de relações estabelecidas
online, constitui o que poderá ser designado como o contínuo da experiência em e-
tourism pois as nossas atividades continuarão a influenciar as atividadesde outros para
além do tempo de duração da nossa própria experiência.A figura 1 ilustra as 3 fases de
um turista já descritas e a possível relação de influência que poderão ter sobre outro
turista.

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Fig. 1.As fases Antes, DuranteeDepoisde umaexperiênciaturística e a suainfluênciasobreaexperiência de
outro turista.

Torna-se, no entanto, interessante verificar que o impacto da influência sobre


outros é algo que não é constante como a figura 1 sugere. Uma análise, ainda que
superficial, das redes de relações estabelecidas em comunidades como o Facebook, o
Twitter ou o Linkdin, permite identificar relações de maior e de menor proximidade e
que, como consequência terão o poder de influenciar de forma díspar nas tomadas de
decisão de maior ou menor importância. O e-tourism como um ecossistema é, de facto,
uma rede de relações composta por um número infinito de rizomas dinâmicos e em
constante mutação que podem ser analisados e lidos de acordo com o procuramos em
determinado instante no tempo. Entre as análises e leituras possíveis, quanto à estrutura
e atividade rizomática, incluem-se: a auto-análise, a relação peer-to-peer ou grupal;
orientada à marca e/ou produto; a busca e análise de tendências; e a identificação de
líderes e seguidores.Estudos apontam que existem cada vez mais organizações
interessadas em conhecer a opinião de utilizadores anónimos (Tallon&Walker, 2008) e
o tipo de análise rizomática sugerida pode ser uma solução para a satisfação deste
interesse em saber a relevância e posição na web. A figura 2 ilustra um rizoma criado
com base na rede de relações estabelecidas a partir de um perfil de um membro do
Linkedin (http://www.linkedin.com/ [Ago. 14, 2011]). Uma análise do mesmo permite
identificar, de forma relativamente simples, relações existentes, a sua proximidade e o
seu grau de influência.

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Fig. 2. Exemplo de um rizomacriadocom base narede de relaçõesestabelecidas a partir de um perfil de um
membro do Linkedin (http://press.linkedin.com/about [Aug. 14, 2011])

O projeto mest-t tem considerado estes conceitos com o objectivo de tentar


posicionar os seus resultados, as expectativas dos utilizadores a satisfazer em cada uma
das fases, a tecnologia a utilizar e a interação transmedia a promover e, por fim, os
processos comunicativos e a informação a partilhar no decurso da experiência turística.
Estas questões serão abordados em seguida.

Parte 2. Um fluxo de informação independente do espaço, do tempo e do meio.


Quando Leonard Kleinrock (2003), há mais de 40 anos,iniciou a discussãosobre
alguns dos conceitos que atualmente se traduzem do que conhecemos como a Internet,
estava longe de pensar a aplicabilidade e importância que tais conceitos teriam para a
indústria do turismo e a mais valia que trariam para as experiências turísticas. Kleinrock
previu que: a tecnologia associada à Internet estaria em toda a parte; que estaria sempre
acessível; que estaria ligada de forma ininterrupta; que qualquer pessoa seria capaz de
se ligar sem qualquer limitação quanto ao espaço ou quanto ao dispositivo utilizado; e
que esta tecnologia seria invisível. Esta previsões podem ser resumidas em 3 conceitos
fundamentais: a nomadicidade do utilizador, a integração da tecnologia no espaço de
forma a que se torne parte indiferenciada do mesmo (embeddedness) e a ubiquidade.
São estes 3 conceitos que representam quase um “Santo Graal” para o projeto mesh-t
pelo simples facto de que, se incorporados devidamente nos resultados obtidos,
propiciarão uma relação optimizada entre o turista e a tecnologia quantos aos índices de

2529
eficiência e eficácia na interação entre eles. Acredita-se, no entanto, que o
aperfeiçoamento desta relação está também dependente de trabalho complementar em
áreas como o design de interação, a visualização de informação, a sociologia e a
psicologia.
Com o avanço das tecnologias móveis e das suas infraestruturas de suporte, têm
aumentado a exigência dos utilizadores quanto ao acesso ubíquo a sistemas de
informação ligadas ao turismo, algo que não é recente pois já era referido por Dickson e
Ho-fung em 2005 (Dickson& Ho-Fung, 2005). Esta exigência decorre também da
percepção de que a tecnologia móvel já possui características, a nível da computação
ubíqua, da proliferação de soluções wireless e das taxas de transmissão de dados (Biuk-
Agha, etal., 2008), que permitem a disponibilização de serviços e produtos mais
evoluídos, quanto ao tipo de recursos e da sua eficácia e eficiência, do que alguns
presentemente disponibilizados. Neste momento, com a ampla cobertura disponível de
redes móveis, a comunicação a partir de dispositivos móveis, e em especial os smart-
phones, têm verificado uma diminuição de restrições relacionadas com o tempo e com o
espaço e uma preocupação crescente com a disponibilização de serviços e aplicações
com um elevado grau de adaptabilidade e adaptatividade. Poder-se-á afirmar que a
nuvem tecnológica está a tornar-se cada vez maior e está a tornar-se mais imersiva a
cada segundo que passa. O desafio atual, a nível da chamada Internet da Coisas, é o de
permitir que objetos e dispositivos, utilizados nas atividades de vivencia diária,
comuniquem entre si e com redes da mais variada ordem estabelecendo desta forma
uma plataforma de suporte à informação e comunicação fluída em diversos contextos de
uso. A conexão entre todos estes objetos introduz uma dimensão para a comunicação,
uma nova era de redes ubíquas, algo que, embora não esteja presente nos objectivos
atuais do projeto mesh-t, não cessa de surgir de forma sistemática das discussões
conceptuais tidas em torno do projeto. Discussões que, em muitos casos, começam por
um “E se….”. E se, ao visitar uma loja de vinhos, eu pudesse pegar numa garrafa,
pudesse ler, a partir do meu smart-phone, um código fiducial incluído no seu rótulo e
ambas me dessem mais informações sobre a sua origem, a sua composição, uma
sugestão para visitar a região onde foi produzida e onde ficar hospedado na mesma, etc.
É este tipo de solução que almeja para um future próximo. Por agora a abordagem à
Internet das Coisas fica-se mais pelo desenvolvimento de uma solução que permita uma
interação e o contar de estórias transmedia em parte à imagem do sugerido por Henry
Jenkins (http://bit.ly/n1B43B [Aug. 23, 2011]) quando o mesmo se refere a transmedia

2530
storytelling. O ênfase, neste momento, queda-se mais pela possibilidade de partilhar
estórias e vivências pessoais relacionadas com o turismo através de uma solução
transmedia que integre tecnologias comummente utilizadas em cenários de e-tourism,
mas que foca muita da sua atenção na utilização do smart-phone como elo de ligação
entre todas elas. A preocupação centra-se, por isso, no trabalho em prol da possibilidade
de partilhar, sem o risco de constrangimentos a nível da interação, da visualização de
informação ou da comunicação quando confrontado com um contexto tecnológico
diferente (web, móvel ou superfície interativa).

Considerações finais

É evidente que qualquer matéria ligada a TIC sobre a qual se disserte estará
condenada à partida a apenas uma certeza. A de que a incerteza sobre seu futuro e como
irá progredir é a sua única certeza. São inúmeros os casos em que se advogou que o
futuro parecia certo e brilhante para determinadas soluções tecnológicas e os contextos
de uso para as quais foram criadas e, no entanto, muitas descobriram que afinal o seu
fim seria outro e que a sua característica de maior valor era o da capacidade de se
adaptar e ser adaptada a novos desafios. Os smart-phones são presentemente talvez, a
par dos tablets, os dispositivos tecnológicos preferenciais para satisfazer as exigênciasde
um turista cada vez mais informado, mais seletivo e exigente. É este o tipo de turista
que está a redefinir o próprio panorama da indústria turística impondo mudanças em
coisas tão básicas como o funcionamento e os serviços prestados pelas agências de
viagens. É também este tipo de turista que não está interessado em adquirir pacotes de
experiências sem qualquer tipo de diferenciação ou personalização. Tal como o título
deste artigo sugere, o turista atual deseja satisfazer as suas necessidades de informação e
comunicação no seu ritmo, ajustadas às suas preferências e quer viver a sua experiência
como exclusivamente sua, ou seja, deseja sentir-se especial e não apenas mais um na
multidão. Os smart-phones podem contribuir para a construção destes cenários de
turismo ubíquos e dados os números atuais de equipamentos (http://bit.ly/sQ0Cvh [Set.
11, 2011]) estão numa posição de destaque difícil de ultrapassar pelos tablets. A questão
de fundo a estudar neste momento não é, no entanto, o que pode ser feito com o smart-
phone. A procura deverá antes centrar-se na procura de contextos de uso e áreas de

2531
aplicabilidade que consigam antecipar o que o turista quererá fazer com o smart-phone
independentemente do local, da hora ou do contexto.

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