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NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO

Direito Processual do Trabalho I

Docente: Roseli Martins

Turma: DIR3BN-STB – Noturno

Aluna: Victoria de Rossi Finucci RA: 819223047

São Paulo
2020
RESPONDER AS QUESTÕES ABAIXO, CITANDO UMA DOUTRINA E, NO
CASO PRÁTICO, UMA JURISPRUDÊNCIA.

1. Como se configura o princípio da finalidade?


No princípio da finalidade, o magistrado tem o aval para atuar
ativamente, de forma a instruir o trabalhador, buscando uma solução mais justa
para julgar o caso.

Com isso, no campo processual, podemos ver o juiz agindo em alguns


momentos, pois independentemente de pedido do requerente, o juiz poderá
adotar medidas que entenda mais benéficas, buscando auxiliar a parte.
Portanto, o juiz goza de competência para diligenciar em busca da verdade
real.

Como explica Carlos Henrique Bezerra Leite:

[...] pode emergir um direito original e legítimo, mais à questão da


justiça do que aos problemas da legalidade, cabe a uma magistratura
com um conhecimento multidisciplinar e poderes decisórios
ampliados a responsabilidade de reformular a partir das próprias
contradições sociais os conceitos fechados e tipificantes dos
sistemas legais vigentes.”

2. Qual o significado do princípio da convalidação?


Detectado um ato processual que tenha violado uma norma de interesse
da parte, existe a possibilidade de saneamento deste ato nulo, dando
continuidade no processo, sem prejuízo aos atos em conformidade com a
legislação. Este princípio é pertinente em casos como a preclusão, quando o
ato atinge sua finalidade normativa.

O princípio da convalidação, previsto no art. 795 da CLT, é aplicado às


nulidade relativas, aquelas que devem ser apresentadas pelas partes em
momentos oportunos, sob pena de não poder mencioná-las no processo em
outras oportunidades.
3. Quando ocorre nulidade?
Ocorre nulidade quando a inobservância da forma torna o ato processual
ineficaz, tornando-o nulo.

Por ser o ato processual apenas um meio para se chegar ao direito


material pretendido, alguns atos que atinjam a finalidade cogitada, mesmo que
agindo fora dos padrões da forma exigida, não serão considerados nulos.

Conforme o art. 794 da CLT, ocorrerá nulidade quando o ato ilegal


prejudicar as partes litigantes. Cabe as partes declarar a nulidade e argui-las
na primeira vez em que tiverem audiências, ou nos autos do processo.

A nulidade fundada em incompetência de foro deve ser declarada ex


officio, portanto, os atos nulos serão considerados atos decisórios.

As nulidades podem ser absolutas e relativas: As nulidades


absolutas são as que tem normas processuais de interesse público violadas,
normas indispensáveis que não podem ser afastadas por requerimento das
partes, como questões de competência relativa ao processo em questão.

Por lidarem com matéria de ordem pública, as nulidades absolutas


podem ser conhecidas de ofício, não havendo preclusão.

Nas nulidades relativas, há a violação de normas processuais de


interesse privado, como a competência em razão do local da ação. A
declaração de nulidade apenas ocorrerá diante de requerimento da parte
prejudicada, na primeira oportunidade dentro do processo, sob pena de
preclusão.
4. Qual a diferença entre preclusão e perempção?
Preclusão é perda de direito de exercer algum ato processual, a
preclusão pode ser temporal, lógica ou consumativa e não atinge o direito de
executar a punição. A perempção, por sua vez, é uma sanção processual
aplicada ao querelante que atuou com inercia ou negligencia.

Como Neves explica:

“A única exigência para que se verifique a perempção é o abandono


do processo por três vezes, não importando o motivo de tal abandono
no caso concreto. Assim, a identidade exigida diz respeito apenas ao
fundamento da extinção, mas não leva em conta as peculiaridades do
caso concreto. Motivos diferentes levam à extinção pelo mesmo
fundamento, gerando o fenômeno da perempção.”

Em suma, a diferença se dá, pois, a preclusão trata da perda do direito


de manifestação por decorrência do prazo a se manifestar sobre um direito
especifico. A perempção, por sua vez, trata da perda do direito de ação pelo
abandono de causa por 3 vezes ou pela inércia do autor.
CASO PRÁTICO:
Numa audiência trabalhista, em que o autor requer o pagamento de horas
suplementares e verbas rescisórias, o juiz indefere a oitiva de uma testemunha
do autor. Este protesta na audiência. Na sentença, o juiz reconhece o horário
de trabalho noticiado na inicial. O autor recorre dizendo que foi cerceado
(reduzido) o seu direito à prova. Há nulidade? Por quê?

R: O cerceio do direito de defesa está diretamente ligado a impasses na


produção da prova, sua necessidade e utilidade diante do processo.

As partes têm o direito assegurado de produzir as provas necessárias


para a resolução da lide. Por outro lado, o juiz tem prerrogativa de indeferir as
provas que examine inúteis ou protelatórias no processo

Entretanto, em que pese ser competência do magistrado a avaliação da


prova em plena liberdade, deve ser assegurado às partes a possibilidade de
fazer prova dos fatos que entendam necessário, sendo esta uma garantia
constitucional, previsto no art. 5º, LV, da CF/88.

Neste sentido, decide a 2ª turma do Tribunal Regional do Trabalhoda5ª


região:

INDEFERIMENTO DA OITIVA DA PARTE. PREJUÍZO


PROCESSUAL DEMONSTRADO. NULIDADE. Demonstrado o
prejuízo processual provocado pelo indeferimento da oitiva da parte
e da produção de prova testemunhal, é imperiosa a decretação de
nulidade da sentença por cerceamento do devido processo legal,
devendo a instrução do feito ser reaberta no juízo de origem para
tal finalidade. É o caso dos autos.(TRT-5 , Relator: RENATO
MÁRIO BORGES SIMÕES, 2ª. TURMA)

Diante do caso exposto, é possível reconhecer nulidade relativa, pois,


mesmo apesentando vícios em sua formação, como o indeferimento da oitiva
da testemunha, o ato mostra-se capaz de produzir efeitos processuais em
questão. Contudo, a parte lesada pode requer a invalidação ato.

As nulidades infringem norma jurídica obrigatória e coercitiva, de


interesse das partes, podendo o juiz decretá-la, como citado acima, ex offício,
assim como a parte afetada, estando sujeita à preclusão, nos termos do art.
245 caput, do CPC. O interessado, não alegando a nulidade em momento
oportuno, sana tacitamente o vício.

Em suma, uma vez que os litigantes possuem o direito de produzir


prova de seus direitos, amplamente e com meios e recursos inerentes,
constitui-se cerceamento do direito de produzir prova o mero indeferimento
do pedido de oitiva das partes.

Por fim, mesmo sendo prerrogativa do juízo poder indeferir a oitiva de


testemunha das partes, só se pode considerar desnecessária a prova quando
presente nos autos outra que comprove de forma irrefutável o objeto da
confrontação, sob pena de caracterizar cerceamento do direito de defesa da
parte, ou seja, ameaça a um direito constitucional.
BIBLIOGRAFIA

1. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do


Trabalho. 6ª ed., São Paulo: LTr, 2008.
2. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual.
Salvador: JusPodivm, 2016.
3. THEODORO,Humberto Jr.; Curso de  Direito Processual Civil: Forense,
2007. 

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