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AUTORES:
LEANDRO VACONCELOS DE REZENDE
RÉUS:
OCEANAIR LINHAS AEREAS S A AVIANCA
SUBMARINO VIAGENS LTDA
SENTENÇA
Dispensado o relatório integral, nos termos do art. 38 do CDC, pelo que passo ao
breve escorço da lide.
Decido.
A parte autora pleiteia reparação civil pelos danos morais e materiais que afirma ter
sofrido em razão da má-qualidade dos serviços contratados junto às acionadas. Alega que houve
cancelamento unilateral da passagem, já pouco antes do dia determinado para a viagem, que
tinha por finalidade a realização de prova de concurso público, o que lhe trouxe aborrecimentos
excessivos e prejuízo material.
Infere-se dos autos que se tem por incontroversas as alegações sobre a ausência de
embarque da parte autora no voo contratado que foi unilateralmente cancelado poucos dias antes
da viagem, o que é comprovado pelos elementos dos autos, persistindo, todavia, controvérsia
acerca do motivo para tanto, a fim de verificar a existência de dano moral e material passível de
indenização, como indicado na inicial.
Não bastasse isso, tendo em vista que a relação pautada entre a empresa aérea e o
passageiro é de prestação de serviço, incidentes, também, as disposições do Código de Defesa
do Consumidor.
A conta do exposto, pela análise do que está nos autos, não verifico prova, nem
razão alguma capaz de afastar o dever de indenizar da primeira acionada, OCEANAIR LINHAS
AEREAS S A AVIANCA. O ônus, sem dúvida, era da primeira acionada, responsável pelo
cancelamento, seja em razão de se tratar de fato impeditivo do direito do autor (art. 373, II, do
CPC), ou, seja em virtude inversão do ônus da prova, decorrente da verossimilhança das
alegações contidas na inicial e da evidente hipossuficiência do consumidor em relação às
prestadoras de transporte aéreo de passageiros (art. 6º, VIII do CDC).
Evidente, portanto, os danos morais suportados pela parte autora, ao não embarcar
no voo desejado e contratado, causando-lhe transtornos com a frustração de sua viagem e
aborrecimentos, passíveis de indenização, já que o cancelamento do trecho mudou o quanto
esperado, não tendo a primeira ré cumprido a parte do contrato que lhe cabia, violando, assim, a
confiança depositada.
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Ressalte-se que tal fato não constitui mero dissabor ou aborrecimento, mas
verdadeiro constrangimento e ofensa à segunda autora, sendo suficiente para configurar o dano
moral e, por conseguinte, o dever de indenizar.
Quanto ao montante a ser arbitrado pelos danos morais, no entanto, deve ser fixado
com moderação, observando os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, evitando-se o
enriquecimento sem causa.
No que tange ao pedido de indenização por danos materiais, faz jus a parte autora
ao reembolso do valor despendido com a compra das passagens (R$ 652,72), não usufruídas por
culpa exclusiva da primeira ré, e com a inscrição do concurso público (R$ 280,00), também não
realizado por culpa exclusiva da primeira ré.
Não assiste razão à parte autora, contudo, no que se refere aos demais valores
pretendidos a título de danos materiais, pois houve efetiva aquisição de diversos e variados livros,
de material de estudo e utilização dos serviços de locação de cabine de estudos, mas sem provas
de que em virtude única e exclusivamente do concurso frustrado em virtude dos fatos objeto da
lide.
Pelo exposto, na forma do art. 487, I, do CPC, com base no artigo 5º, X, da
Constituição Federal, combinado com o art. 6º, inciso VI do Código de Defesa do Consumidor e
art. 186, 927 e 944, todos do Código Civil, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação para
condenar a primeira acionada, OCEANAIR LINHAS AEREAS S A AVIANCA, a indenizar a parte
autora, a título de danos morais, a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com correção
monetária pelo INPC, incidente a partir desta decisão, na forma da súmula 362, do STJ e,
havendo relação contratual entre as partes, acrescida de juros de 1% ao mês a contar da citação,
conforme previsto pelos arts. 240 do CPC e 405 do CC.
devolutivo, intimando-se a outra parte para contrarrazões, no prazo de 10 (dez) dias. Após,
remetam-se à Turma Recursal.
Fica a parte autora intimada para que, com o trânsito em julgado, caso tenha
interesse, promova a execução da sentença através de petição que deverá preencher os
requisitos do art. 524 do CPC.
P.R.I.