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ESTERILIZAÇÃO FEMININA: LIBERDADE E OPRESSÃO*


Carmen Barroso**

BARROSO, C. Esterilização feminina: liberdade e opressão. Rev. Saúde públ., S. Paulo,


18: 170-80,1984.
RESUMO: É mostrado que a esterilização feminina tem aumentado extraordinariamen-
te nos últimos anos no Brasil. Em alguns Estados do Nordeste, este é o meio anticoncepcional
mais comumente usado, sendo os hospitais estaduais e municipais e o Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) os principais fornecedores. Entretanto, em
que pese haver numerosos abusos praticados, de esterilizações realizadas sem o consentimento
consciente da mulher, é provável que grande parte das esterilizações tenha sido solicitada pelas
clientes, mas dentro de um conjunto de alternativas que elas individualmente são impotentes
para alterar. Estas alternativas decorrem de determinantes sociais: posição desvantajosa da
mulher na família e no mercado de trabalho, a cultura patriarcal, a política de mercantilização
da saúde e a política demográfica.

UNITERMOS: Esterilização feminina. Planejamento familiar. Contracepção. Saúde da


mulher.

Em 5 de janeiro de 1979, o New York nos perigosas ou em evitar a poluição do am-


Times noticiou que 4 trabalhadoras de uma biente de trabalho com substâncias tóxicas, a
indústria química americana haviam optado falta de empenho dos sindicatos em levan-
pela esterilização para não ter que desistir tar esse tipo de questão. Dadas essas condi-
de seu emprego — em que estavam expostas ções, essas operárias "escolheram" a esterili-
a perigosas substâncias teratogênicas e muta- zação em condições que não lhes deixava
gênicas. Esse caso, e um número crescente muita escolha.
de casos semelhantes, levantam várias ques- Embora esse exemplo não seja necessa-
tões, uma das quais é a tendência da grande riamente típico das condições em que se en-
indústria de adotar políticas discriminatórias contra a maioria das mulheres, é certamente
contra a mulher em lugar de eliminar os ris- sintomático dos determinantes sociais da es-
cos reprodutivos que infestam os locais de colha reprodutiva. Em diversos graus e mo-
trabalho e afetam tanto homens como mu- dos, mulheres em diferentes países, ocupa-
lheres. Num outro nível, o dilema dessas 4 ções, classes, raças, idades e situações conju-
operárias dramatiza a questão da liberdade gais encontram suas decisões reprodutivas
de escolha, em relação ao planejamento fa- estruturadas por um conjunto de condições
miliar, e a importância de analisar essa esco- sobre as quais têm muito pouco controle.
lha em relação ao seu contexto social, eco- Como é sabido, a taxa de fecundidade
nômico e cultural. Embora a decisão tenha das mulheres brasileiras permaneceu prati-
sido voluntária, num sentido estrito, foi fei- camente constante de 1930 até 1965, veri-
ta sob condições materiais e políticas restri- ficando-se uma queda a partir daquela da-
tivas: a necessidade das mulheres trabalha- ta. Pesquisas realizadas em diversos Estados
rem fora de casa, a dificuldade de consegui- indicam aumento acentuado do uso de anti-
rem empregos seguros e relativamente bem concepcionais, da prática do aborto e, es-
pagos, o perigo de aborto ou de concepção pecialmente, do recurso à esterilização
de crianças deformadas; a recusa da empresa (Berquó4, 1980).
em transferir as operárias para funções me- Pretende-se focalizar especialmente o

* Depoimento apresentado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do aumento popula-


cional, em 17 de maio de 1983, no Senado Federal.
** Da Fundação Carlos Chagas - Av. Prof. Francisco Morato, 1565 - 05513 — São Paulo, SP
Brasil.
crescimento recente da esterilização femini- drigues e col.19, 20, 1979,1980 e Nakamu-
na porque esse método, que permanece pra- ra e Fonseca15, 1978) parecem mais preocu-
ticamente irreversível, em alguns Estados, pados em dimensionar o mercado potencial
como o Piauí, já é o mais comum. para os serviços de esterilização do que em
Comparando dados de São Paulo de 1965 explicar os fatores que criam esta demanda.
a 1978, vemos que o recurso à esterilização Transportando os pressupostos e o vocabulá-
aumentou de 100% nesses 13 anos (Berquó4, rio do modelo econômico neoclássico para
1980). Em pesquisa realizada em 1979, o campo do planejamento familiar, esses
no Piauí, constatou-se que 93% das ligaduras estudos repousam sobre a ideologia do li-
foram realizadas após 1970 (Rodrigues e beralismo. Pressupõem que as decisões sobre
col.19, 1979). No Rio Grande do Norte, das ter ou não ter filhos, quando tê-los e seu nú-
mulheres esterilizadas até 1980, 71% o mero, e que métodos anticoncepcionais usar
haviam sido na segunda metade da década, são decisões pessoais tomadas no recôndito
indicando um aumento extraordinário nos dos quartos ou dos consultórios médicos,
anos mais recentes (Rodrigues e col.20, determinados exclusivamente por motiva-
1980). ções individuais e não pelo contexto social
Um exame cuidadoso dos dados de Ro- mais amplo. Como o economista que analisa
drigues e col.19, 20 , 1979,1980; Nakamura e compradores de sabão ou de automóveis,
Fonseca15, 1978, aponta sugestivas diferen- esses estudiosos do planejamento familiar
ças regionais: a esterilização é um método podem analisar a influência do poder aquisi-
relativamente mais importante no Nordeste tivo dos consumidores de produtos e práti-
do que em São Paulo. Em São Paulo o ritmo cas contraceptivas, mas as divisões de classe e
de expansão da esterilização foi mais rápido de raça geralmente não entram em conside-
entre as mulheres de nível mais baixo de ins- ração. Na base deste modelo, está a teoria da
trução. No Nordeste, o grande fornecedor de utilidade marginal da "escolha reprodutiva":
esterilizações tem sido o Estado, através de a noção de que os serviços e produtos do pla-
hospitais estaduais e municipais, seguido pe- nejamento familiar, como qualquer mer-
lo INAMPS (Instituto Nacional de Assistên- cadoria, circulam livremente num mercado
cia Médica e Previdência Social). A clínica sujeito às leis da oferta e da procura, que são
particular é responsável por apenas 6% das adquiridos "voluntariamente" por consumi-
esterilizações no Piauí e 14% no Rio Grande dores que agem com base em suas preferên-
do Norte. cias pessoais (limitadas apenas pelo seu po-
O crescimento da esterilização representa der de compra e pela distribuição da oferta)
realidades muito diferentes para diferentes e que as escolhas feitas pelos consumidores
grupos sociais e muitas vezes os dados não são sempre a verdadeira expressão dos seus
mostram as divisões de classe, de raça e de desejos.
sexo que estão por trás das estatísticas. Em A política demográfica oficial do Brasil,
relação à divisão entre os sexos, "as esta- enunciada em Bucarest em 1974 e repetida
tísticas falam de casais, mas quando se freqüentemente a partir de então, atribui
desce ao detalhe para saber se se trata de es- ao casal a decisão quanto à composição fami-
terilização tubária ou de vasectomia, o que liar, no pressuposto de que só precisam de
se suspeitava é confirmado: são as mulheres métodos contraceptivos casais que tomam
as esterilizadas. Sobre os homens as informa- decisões como uma unidade, sem nenhum
ções são mais limitadas, e não raro o silêncio conflito entre os parceiros. Ao contrário,
toma conta das tabelas quando se lhes per- esses estudos focalizam apenas a mulher
gunta o peso que tem o sexo masculino casada, mas isoladamente como se ela pudes-
nas esterilizações realizadas." (Berquó4, se conceber sozinha. Num e noutro caso o
1982). resultado é o mesmo: ignora-se a atividade
Os estudos CPS (prevalência de métodos sexual fora do casamento e despreza-se qual-
anticoncepcionais) realizados no Brasil (Ro- quer elemento de conflito que possa existir
por trás do uso do método anticoncepcional. zações realizadas no país tenham sido arden-
Na medida em que ignora as condições temente solicitadas pelas clientes. Clara-
sociais nas quais uma escolha é feita, o mo- mente, não foram o resultado de coerção ou
delo é circular; a prevalência estatística da manipulação diretas, mas é também provável
esterilização é considerada uma indicação de que a grande maioria dessas solicitações se-
que é o método mais desejável. As mulheres jam determinadas por fatores integrantes da
"preferem" a cirurgia porque esta é a escolha estrutura da própria sociedade capitalista.
mais comum. Na maioria das vezes, as mulheres individual-
Por outro lado, a literatura anticontrolis- mente decidem "livremente", isto é, como
ta vê o crescimento da esterilização como agentes morais conscientes, mas o fazem
parte de uma campanha imperialista para dentro de um conjunto de alternativas cu-
reduzir o crescimento demográfico dos paí- jos limites foram socialmente estabelecidos
ses do Terceiro Mundo, combinada com os e que elas, individualmente, são impotentes
interesses das elites nacionais em reduzir o para alterar.
volume de desemprego pela redução do nú- Embora uma ampla variedade de fatores
mero de trabalhadores potenciais, para pos- determinem a probabilidade de diferentes
sibilitar a manutenção de um modelo de de- grupos de mulheres serem esterilizadas, qua-
senvolvimento intensivo de capital. tro determinantes sociais parecem críti-
A intenção de órgãos, como a USAID cos: a posição da mulher na família e no
(United States Agency for International mercado de trabalho, a cultura patriarcal,
Development) em reduzir a taxa da natali- a política de saúde e a política demográfi-
dade nos países em desenvolvimento parece ca.*
inegável e igualmente inegável é que setores
das elites nacionais têm procurado apresen-
tar o planejamento familiar como solução POSIÇÃO DA MULHER
para problemas sociais e econômicos do país
(Rocha 18 , 1979). No entanto, os que vêem As mães continuam a ser as principais
o crescimento da esterilização como decor- responsáveis pelo cuidado das crianças, em
rente unicamente de uma conspiração anti- que pese o fato de que, na última década,
natalista, ignoram elementos culturais e so- houve grande aumento da participação de
ciais que mediatizam a experiência de cada mulheres na força de trabalho (Fig. 1), par-
mulher e, assim fazendo, obscurecem as con- ticularmente das casadas (Fig. 2), e que, en-
tradições reais e não explicam o fenômeno tre estas, a maioria é constituída por mães
da esterilização em sua totalidade. (Fig. 3).
Quando as mulheres do Terceiro Mundo Paralelamente a essa divisão sexual do
são vistas como vítimas indefesas dos contro- trabalho de socialização dos imaturos, a
listas, omite-se que as limitações sociais, po- responsabilidade principal pela gravidez ou
líticas e econômicas às opções disponíveis pela contracepção fica, não com os casais,
para as mulheres das diferentes classes sociais mas somente com as mulheres. Independen-
influenciam e são influenciadas por condi- temente de ser ou não parte de um casal
ções culturais tais como a consciência das estável, a mulher descobre que — tanto o
mulheres em relação às suas necessidades, marido ou companheiro, como os médicos,
os tipos de relações sexuais e familiares nos a sociedade em geral e até ela própria — es-
quais as mulheres têm de se envolver e as peram que seja ela somente que se encarre-
estratégias que elas adotam para negociar gue de contracepção e que enfrente as conse-
os conflitos acerca do número de filhos e o qüências se não o fizer. Esta carga despro-
modo de evitá-los. porcional se reflete na diferença entre o nú-
É provável que grande parte das esterili- mero de esterilizações masculinas e femini-

* Essa classificação é adotada por Petchevsky17 (1981), base de grande parte da presente análise.
nas, apesar de que estas sejam muito mais ca-
ras e perigosas (Population Reports 14 ,
1978).
E isto é verdade não somente para o nú-
mero crescente de mulheres chefes de famí-
lia — mas também para as mulheres casadas
que trabalham fora, e que constituem o
grupo que mais aumentou sua participação
na força de trabalho na última década.
Essas mulheres acumulam uma dupla jornada
de trabalho, labutando longas horas fora de
casa ao mesmo tempo em que permanecem
as principais responsáveis pelo cuidado do
lar e dos filhos. Não é de surpreender que
uma proporção muito alta de mulheres se
concentre em empregos de tempo parcial e
nos incertos bicos da chamada economia
informal.
Na última década, o aumento das oportu-
nidades de emprego para mulheres, especial-
mente nas funções de serviços mais mal pa-
gos (Barroso e col.3, 1982), foi experimen-
tado por cada uma, no contexto de uma in-
flação crescente e de uma incapacidade das
famílias de manter o seu padrão de vida com
o salário de apenas um dos cônjuges. Esta
situação inevitavelmente viria afetar as deci-
sões sobre o crescimento da prole, mas as
escolhas das mulheres ficam ainda mais res-
tritas por uma série de fatores: por exemplo,
a generalizada carência de creches de boa
qualidade, a violência dentro da família
atingindo mulheres e crianças entre outros.
As condições econômicas afetam as mu-
lheres diferentemente, dependendo de sua
classe, raça, idade, situação conjugal e ocupa-
ção. A grande maioria das mulheres não
estão, como as trabalhadoras da indústria
química americana, em condições de esco-
lher entre a fertilidade e empregos melhor
remunerados. As mulheres não contam com
nenhum apoio da sociedade para a reprodu-
ção das novas gerações, seja como bóias-
frias nos canaviais paulistas, como quebra-
deiras de castanha em Belém do Pará, como
trabalhadoras a domicílio nas indústrias
de confecções do Rio de Janeiro. Como em-
pregadas domésticas à margem da legislação
trabalhista, como operárias que têm de se
submeter a humilhantes provas de não-
gravidez, como clientes das extorsivas clí- pode ser muito diferente do mito da liber-
nicas de aborto clandestino, diferentes gru- dade sexual projetado na retórica de merca-
pos de mulheres experimentam diferentes do da esterilização. Parece que muitas das
formas de opressão reprodutiva. Mas para mulheres que recorrem à esterilização estão
a maioria das mulheres, a crise econômica e entre as mais influenciadas pelas ideologias
a impossibilidade de a família servir como e relações sexuais tradicionais. A esteriliza-
refúgio seguro são determinantes estrutu- ção é o método de controle da fecundidade
rais da decisão de se submeter a uma cirur- mais afastado do ato sexual e, portanto,
gia irreversível para controlar a fecundidade. não tem nenhuma ligação direta com o exer-
Em face das conseqüências da materni- cício da sexualidade. Enquanto a prática do
dade, sem apoio de equipamentos sociais e aborto implica que um ato sexual foi pratica-
instituições públicas, sob condições de vida do, e o uso de métodos anticoncepcionais
extremamente difíceis, muitas mulheres estão articulados com o planejamento se-
sem dúvida escolhem — racionalmente, sem xual, o que significa consciência e volição,
coerção — a solução que oferece mais garan- uma mulher pode ser esterilizada e "esque-
tias contra a concepção. No entanto, o dese- cer do problema da procriação", evitando
jo de um método eficaz, que está na raiz do assumir-se como ser sexual ativo, que tem
crescimento das esterilizações, não pode ser desejos e é dona de seu corpo.
reduzido apenas a condições econômicas. Para as mulheres educadas para ignorar o
O controle da fecundidade também envolve próprio corpo, e se ater a normas sexuais
as questões relacionadas à autonomia e à de recato e passividade, com o medo de se-
autodeterminação da mulher. rem estigmatizadas como "imorais", a este-
rilização não apresenta os problemas de as-
sumir a responsabilidade pela atividade se-
CULTURA PATRIARCAL xual, e especialmente pela sua separação da
E SEXUALIDADE procriação.
Por outro lado, é também verdade que o
contexto material e sexual no qual uma mu-
A tendência à esterilização é reforçada pe- lher se encontra pode fazer com que a esteri-
los meios de comunicação de massa, aos lização seja o método que maximiza seu
quais têm comparecido diversos profissionais controle sobre sua própria vida. Se os com-
de saúde que apresentam a esterilização panheiros são hostis aos métodos anticon-
como um meio normal de controle da fe- cepcionais ou não querem assumir nenhuma
cundidade. Por vezes, a promoção da es- responsabilidade, as mulheres podem preferir
terilização é acompanhada da promessa de o método que é o menos conspícuo, o mais
um bonus especial de "uma vida sexual sem garantido e o menos dependente da coopera-
preocupação"8. Os advogados da esteriliza- ção masculina.
ção apreendem a ideologia dominante da
"liberação sexual", recuperada dos movi-
POLÍTICA DE SAÚDE
mentos feminista e homossexual, e transmi-
tem a noção de que a esterilização poderia
dar uma solução tecnológica rápida não só Atualmente a contracepção é uma indús-
para a chamada explosão populacional mas tria controlada por interesses econômicos
também para os problemas sexuais do in- altamente concentrados — as companhias
divíduo. farmacêuticas multinacionais,* a rede hos-
Para muitas mulheres, no entanto, o sexo pitalar privada, a medicina de grupo e as ins-

* No Brasil foram vendidos 41 milhões de ciclos de pílulas anticoncepcionais em 1980, representando


parte considerável da receita de poderosas multinacionais farmacêuticas. (Population Reports16,
1982)
tituições de planejamento familiar* *. A mer- gem de cesarianas. Um estudo realizado em
cantilização da regulação da fecundidade nove hospitais de São Paulo e Rio concluiu
assume formas que refletem os interesses des- que considerações financeiras desempenham
tes grupos: uma definição de ''eficácia" em um papel importante ao encorajar os médi-
que a garantia de evitar filhos pesa mais do cos a planejar maior número de cesarianas
que a saúde e segurança dos usuários, o fa- entre clientes particulares e de convênio do
vorecimento do controle dos profissionais que entre outras mulheres. Entre outros,
em detrimento da autonomia dos "pacien- estes dados refletem dois aspectos do sistema
tes", a preferência por métodos de tecnolo- brasileiro: a submissão dos interesses da saú-
gia sofisticada, mais rentáveis e eficientes. de à lógica do lucro e a tendência à medicali-
Daí a predominância da pílula e da esteri- zação da contracepção que faz parte de uma
lização. tendência geral de favorecimento de hospita-
Os médicos e as instituições de planeja- lização e sofisticação dos serviços em detri-
mento familiar tendem a pressupor que as mento das medidas preventivas e de cuida-
mulheres, e especialmente as pobres e de dos básicos de saúde. Esta política de saú-
baixo nível de instrução são incapazes de de, responsável pelos custos crescentes dos
usar métodos anticoncepcionais que requei- serviços, resulta no gravíssimo problema das
ram a sua participação ativa. Na verdade, cirurgias desnecessárias, parte das quais está
este pressuposto e a prática daí derivada re- ligada ao problema da esterilização.
sultam não apenas de preconceito mas tam- Nos EUA, em 1978, um relatório da Câ-
bém das condições concretas oferecidas mara de Deputados estimou em 2 milhões
pelo sistema de saúde, e, para certos méto- o número de cirurgias desnecessárias reali-
dos, pelas precárias condições de habitação zadas no ano anterior, a um custo de 4 bi-
em que vive a maioria das mulheres. Em to- lhões de dólares e cerca de 10 mil vidas
do o país, mulheres pobres e pouco instruí- (Petchevsky17, 1981). O foco principal
das têm aprendido o uso dos mais variados do relatório são as histerectomias, e parti-
métodos, em pequenos grupos de debates, cularmente as realizadas para esterilização.
onde feministas têm tido o trabalho cuidado- Embora o governo americano, ao regula-
so de, respeitando as vivências de cada uma, mentar a esterilização, tenha proibido a his-
colocar o desenvolvimento do conhecimen- terectomia com esta finalidade, consideran-
to científico a serviço do atendimento de do-a um procedimento arriscado, doloroso,
suas necessidades imediatas (Bruschini e caro e inapropriado para esterilização, mu-
col.6 1983). Esse tipo de trabalho, necessá- lheres, sem nenhuma patologia séria, conti-
rio para a participação consciente da pessoa nuavam a ser persuadidas de que a histerec-
mais diretamente interessada, tem pouca tomia seria um método prático de evitar
possibilidade de ser realizado nas condições filhos e prevenir o câncer. Para explicar a
atuais de atendimento do INAMPS, com persistência desta prática, Petchevsky17
suas longas filas e consultas rápidas. aponta, além da motivação do lucro, a ideo-
As pesquisas de Janowitz e col.11, 12, 13 logia da medicina americana que considera o
(1982) indicam que a maioria das esteri- corpo da mulher como um campo de inter-
lizações cirúrgicas são realizadas imediata- venção. As mulheres menos instruídas e com
mente após uma cesariana (97% das esteri- menor acesso à opinião de outros especialis-
lizações realizadas em hospitais de Campinas tas são mais vulneráveis à persuassão de uma
e 60% das esterilizações do Rio Grande do autoridade médica, numa situação em que
Norte e Pernambuco). Não é por acaso que a linha demarcatória entre "coerção" e "es-
o Brasil é o país que tem a maior porcenta- colha" praticamente desaparece e o clíni-

* * Estima-se que mais de1 bilhão de dólares sejam gastos anualmente no planejamento familiar nos paí-
ses subdesenvolvidos. A maior parte destes recursos (cerca de 450 milhões de dólares) provêm dos go-
vernos de países desenvolvidos e de instituições privadas. (Population Reports 21 ,1983).
co assume um papel decisivo na definição 1979), e as pesquisas mostram que grande
das escolhas da mulher. número de mulheres não recebem assistência
Evidentemente, porém, os produtores pré-natal, e em certas regiões do interior
e fornecedores das mercadorias de contra- menos da metade das mulheres fazem seu
cepção não impõem seus métodos preferi- parto em hospitais.
dos sem ter de se acomodar às necessidades Por sistemáticas que tenham sido as cam-
percebidas pelas mulheres. A política da re- panhas dos neomalthusianos para promover
produção segue um processo sutil de nego- a idéia de que a redução da natalidade seria
ciação e luta. A prevalência de um método, importante para a solução de todos os pro-
num determinado momento, tem tanto a blemas sociais que nos assolam, desde a po-
ver com estratégias para manutenção do con- luição, a dívida externa, até o desemprego,
trole, legitimidade política e ausência de não foram suficientes para dar a todas as
resistência organizada quanto com a lucrati- mulheres interessadas o acesso a meios anti-
vidade ou eficácia demográfica. Isto explica, concepcionais ideias, ou seja, seguros, inó-
por exemplo, porque o uso do DIU ainda cuos, reversíveis, de baixo custo e de fácil
não é mais disseminado no país. uso. (Aliás, nem é de interesse dos controlis-
tas promover o acesso amplo a métodos re-
POLÍTICA DEMOGRÁFICA versíveis pois dependem da motivação indi-
A política do governo brasileiro ao lon- vidual e, portanto, não são os mais eficazes
go dos últimos 20 anos tem sido marcada do ponto de vista da redução da natalidade).
por contradições e ambigüidades, tanto a ní- Mulheres que querem evitar a gravidez en-
vel da retórica oficial quanto a nível das me- frentam dificuldades que vão desde a falta de
didas concretas.* As contradições de interes- acesso às informações necessárias até a ex-
ses antagônicos entre facções internas dos posição ao risco de efeitos danosos à saúde
diferentes grupos que detêm o poder, resul- causados pela ingestão de pílulas sem o devi-
taram numa política de acomodação onde do acompanhamento médico. Não é de sur-
coexistem a omissão de um programa glo- preender que a esterilização definitiva lhes
bal e o apoio, ao nível dos governos esta- pareça uma alternativa tentadora.
duais, à atuação de entidades privadas finan- Pelo mesmo motivo que não interessa
ciadas por organismos estrangeiros sobre os aos controlistas a plena disseminação de mé-
quais não têm controle. todos que dependam da persistência da von-
Como não poderia deixar de ser, os efei- tade de não ter filhos, também não lhes in-
tos dessa política sobre o exercício da liber- teressa tornar o aborto mais seguro e acessí-
dade reprodutiva são também contraditórios, vel, através de sua descriminalização. Per-
embora sempre restritivos — numa direção manecendo ilegal, o aborto apresenta um sé-
ou noutra. rio risco para as mulheres que decidem inter-
Por fortes que tenham sido as profissões romper uma gravidez que não conseguiram
de fé natalistas não foram suficientes para evitar. Pagando exorbitâncias incompatíveis
promover um sistema de saúde que desse à com seus minguados salários e entregando
gestação, ao parto e ao puerpério, uma aten- seus corpos a mãos sobre cuja qualificação
ção adequada tanto do ponto de vista quan- não há nenhum controle social, muitas des-
titativo quanto qualitativo. Não é de sur- sas mulheres são levadas a optar "livre e ra-
preender que mulheres procurem limitar a cionalmente" pela solução definitiva da es-
prole para preservar sua saúde pois a taxa terilização.
de mortalidade materna por complicações Em relação à esterilização, a política ofi-
do parto é nove vezes maior no Brasil cial apresenta uma forma curiosa de acomo-
do que nos países desenvolvidos (Alcântara1, dação. Ao mesmo tempo em que, como vi-

* Há várias análises sobre o assunto. Veja-se, por exemplo: Camargo e col.7 (1978) e Barroso e col.2
(1980).
mos, a esterilização vem sendo praticada vezes a informação, quando não totalmente
em larga escala no país, inclusive pelo sonegada, é apresentada de forma distorcida.
INAMPS; o Ministério da Saúde e o Conse- Este problema se refere especialmente à re-
lho Federal de Medicina não adotaram a pro- versibilidade e aos possíveis efeitos secundá-
posta que lhes foi encaminhada em 1981 rios.
pelo congresso de ginecologistas brasileiros Uma Cartilha Pró-família 8 , programa en-
no sentido de alterar a legislação para per- saiado pelo governo de São Paulo, em 1981
mitir a laqueadura por indicação médica e dizia simplesmente que a reversibilidade da
vontade da paciente. Dessa forma, esta cirur- ligadura de trompas é possível em 70% dos
gia, que se torna cada dia mais comum, man- casos. Os meios de comunicação brasileiros
tém um caráter de semiclandestinidade, o têm reproduzido declarações de ginecologis-
que impede sua regulamentação e fiscaliza- tas afirmando altos índices de reversibilida-
ção. de. Embora seja auspicioso o desenvolvimen-
Com isto, abrem-se as portas a abusos to da microcirurgia que possibilita alguma
muito sérios, que restringem ainda mais os esperança às mulheres e aos homens que mu-
limites ao exercício da liberdade reprodu- daram de idéia depois de esterilizados, é
tiva. altamente temerário alardear uma reversi-
Oficialmente, as próprias agências interna- bilidade que depende de inúmeros fatores,
cionais, oficiais e privadas que financiam o tais como o tipo de método de oclusão tu-
planejamento familiar não dão seu apoio a bária, a técnica de reversão empregada, o
práticas de esterilização compulsória. Docu- período de tempo decorrido desde a esteri-
mentos da USAID e da IPPF ("International lização, a alta perícia do cirurgião entre ou-
Planned Parenthood Federation") incluem tros, e que, devido a seus altos custos, é
entre os requisitos para a esterilização a docu- praticamente inacessível à maioria da popu-
mentação do consentimento consciente lação.
("com o pleno conhecimento dos riscos e Seria mais prudente e honesto enfatizar
benefícios à saúde e ao bem-estar associados que a esterilização só deve ser utilizada
à esterilização"), o acesso imediato a ou- por pessoas absolutamente seguras de que
tros métodos anticoncepcionais, a manuten- não desejam ter mais filhos, sob quaisquer
ção de serviços de alta qualidade e a proibi- circunstâncias: mudança de parceiro, mudan-
ção do incentivo financeiro de clientes em ça de situação de vida, morte eventual de
potencial (Population Reports14, 1978). um filho entre outras. Mesmo porque, uma
Na prática, porém, não tem havido gran- fonte respeitável como o Population Re-
des esforços para garantir essas condições in- ports10 (1980) indica um índice de apenas
dispensáveis ao exercício consciente de uma 10 a 50% de reversibilidade, tanto para a la-
opção de tão amplas repercussões para o parotomia abdominal clássica como para as
indivíduo e para a sociedade. técnicas mais modernas de esterilização femi-
Ainda que no Brasil não seja usada a coer- nina.
ção pelo oferecimento de dinheiro, como Quanto aos efeitos secundários uma fon-
acontece na Índia, dificilmente são forneci- te francamente favorável à esterilização e
das todas as informações necessárias para um que, portanto, não tem nenhum interesse
consentimento consciente. em exagerar seus riscos, (Population Re-
Muitas vezes, a linguagem usada é incom- ports 10 , 1980) diz o seguinte:
preensível para o usuário. Numa clínica de "Todo procedimento cirúrgico é poten-
São Paulo há um formulário a ser assinado cialmente perigoso e deve ser praticado
pelo paciente declarando saber tratar-se de com cuidado. Na vasectomia, embora se-
operação irreversível. Ora, esse vocábulo jam muito raras, têm ocorrido complica-
certamente não faz parte do patrimônio lin- ções graves em cerca de 1% dos casos. . .
güístico da maioria da população. Nos procedimentos femininos, a freqüên-
Pior que a linguagem rebuscada, muitas cia de complicações graves é maior do que
na vasectomia. . . Se forem usados proce- denunciou à Justiça que ela e sua irmã ha-
dimentos e padrões médicos aceitos, a viam sido esterilizadas em 1964 sem consen-
vasectomia virtualmente não implica risco timento delas ou de seus pais, quando ti-
de morte, ao passo que a ligação tubária nham 12 e 14 anos respectivamente. 17 Em
acarreta leve risco. . . Cerca de 95% dos resposta à indignação da opinião pública,
homens e pouco mais de 95% das mulhe- o governo americano em 1974 baixou nor-
res disseram que seu prazer sexual aumen- mas para a execução de esterilizações. As
tara ou não se alterara (após a cirurgia)." normas atualmente em vigor proíbem a rea-
lização de histerectomia para esterilização
e estabelecem procedimentos precisos para
(Observa-se o subterfúgio de não explicitar obtenção do consentimento bem-informado
a percentagem dos que acharam que seu de- da pessoa. Não é permitida a obtenção de au-
sejo diminuíra, embora naturalmente um lei- torização durante o parto, o aborto ou sob
tor menos distraído possa fazer facilmente a a influência de drogas. O paciente deve as-
subtração). sinar um formulário aprovado pelo governo,
Nada disso consta da Cartilha Pró-famí- no qual estão listados, numa linguagem facil-
lia8. Há, pelo contrário, uma negação pe- mente compreensível, a natureza, os riscos
remptória do risco de diminuição do desejo e as conseqüências do procedimento, assim
sexual, e se chega a acenar com o bônus ex- como dos outros métodos de contracepção.
tra da "confiança para levar uma vida sexual Além disso, o paciente deve ser informado
sem preocupação". Haverá alguém que ainda de que não perderá nenhum benefício ou
acredite que a única "preocupação" da vida serviço médico se não desejar ser esteriliza-
sexual seja o risco de uma gravidez indeseja- do, ou se mudar sua decisão entre a data de
da? assinatura do consentimento e a realização
Tudo isto representa um sério desrespeito da cirurgia, período de 30 dias exigido para
à necessidade de as pessoas terem plena par- que o paciente evite tomar decisões intem-
ticipação em decisões fundamentais para pestivas.
sua felicidade pessoal. Mas os problemas
não param aí. COMENTÁRIOS FINAIS
O mais grave de tudo é que um número
desconhecido de esterilizações tem sido rea- O problema da esterilização apresenta de
lizado sem o consentimento e até mesmo forma mais aguda e dramática as dificulda-
sem o conhecimento das pacientes. Em des que as mulheres enfrentam no controle
1980, uma mulher denunciou à delegacia de de sua vida reprodutiva, de um modo geral.
Osasco ter tido suas trompas ligadas durante A análise deste problema deixa claro que
uma cesariana, sem autorização prévia sua somente a construção de uma sociedade
ou de seu marido (Barroso2, 1980). Abusos mais justa, igualitária e livre possibilitará
semelhantes não parecem ser raros. a todos o pleno exercício do direito de de-
O que é simplesmente estarrecedor é sejar ou de não desejar ter filhos e agir de
que o poder médico está de tal forma acei- acordo com esse desejo.
to e legitimado no Brasil, que considerá- No entanto, há uma série de medidas que
veis parcelas da população e dos profissio- poderiam e deveriam ser implantadas desde
nais da medicina não questionam o direito já, a fim de que as restrições que atualmente
do médico de decidir unilateralmente ques- pesam sobre a liberdade de escolha possam
tões vitais como a cessação definitiva da ser minoradas.
capacidade de procriar de uma pessoa. No relatório preparado para o Unicef,
Em outros países as feministas desenvol- em 1982, (Barroso e col.3) foi feita série
vem amplas campanhas para combater os de recomendações, complementares e mu-
abusos de esterilização. Nos Estados Unidos, tuamente dependentes, que, no seu conjun-
a luta iniciou-se quando uma jovem negra to, focalizavam a questão específica da mu-
lher como um elemento, muito importante, Na verdade esse debate já está sendo le-
dentro de uma estratégia global para promo- vado pelo movimento feminista que, em
ver a plena participação de todos os brasi- março último, promoveu um Encontro de
leiros. Saúde, com representantes de 57 grupos de
No que se refere ao planejamento fami- todo o país, no qual aprovaram um manifes-
liar, essas recomendações incluiam o seguin- to em que reivindicam o fornecimento de
te: meios anticoncepcionais sob controle médi-
"Deve-se proporcionar às mulheres o aces- co, através de uma ampla rede de serviços,
so a meios anticoncepcionais seguros, o estabelecimento de um programa de educa-
com acompanhamento médico. Paralela- ção sexual e o direito ao aborto.9
mente, será necessário incentivar a parti- Essas reivindicações são entendidas como
cipação masculina na responsabilidade parte de um plano global de atendimento à
pela concepção e pela anticoncepção, mulher durante todas as fases da vida. Essa
e coibir os abusos na esterilização prati- mesma idéia norteou o grupo de estudos so-
cada sem pleno consentimento e conhe- bre saúde, do Conselho Estadual da Condi-
cimento da paciente, quanto à sua irrever- ção Feminina, do Governo de São Paulo.*
sibilidade. Deve-se a todo custo, evitar Além do caráter globalizante, suas propos-
imposições no sentido de constranger a tas diferem dos atuais programas de plane-
mulher a ter ou não ter filhos. Igualmente jamento familiar em dois pontos essenciais:
deve-se combater a idéia falaciosa de que o respeito à liberdade da mulher e do ho-
a pobreza é causada pelo grande número mem quanto a sexualidade e a reprodução e
de filhos. Propiciar às mulheres a informa- a ênfase na participação popular, tanto a
ção e a oportunidade de debaterem livre- nível dos métodos de ensino quanto a ní-
mente entre si os seus problemas será vel da orientação e controle do próprio pro-
fundamental para que possam optar cons- grama.
cientemente e usufruir do seu direito de
dispor de seu próprio corpo, de sua sexua-
lidade e de sua vida". (Barroso e col.3,
1982) *Informação pessoal.

BARROSO, C. [Female sterilization: free choice and oppression]. Rev. Saúde públ., S. Pau-
lo, 18: 170-80, 1984.

ABSTRACT: Female sterilization has increased extraordinarily in the last few years in
Brazil. In some Northeastern States, it is already the most common contraceptive method
used, as it is provided by state and municipal hospitals and National Institute of Medical and
Social Welfare. In spite of a large number of abuses, when women are sterilized without their
informed consent, it is likely that a large proportion of sterilizations are actively sought
by clients. However, this happens in response to a series of options which the women, as in-
dividuals, are powerless to change. These options arise from social determinative factors
such as: the disavantages of the woman's position in the family and in the labor market,
the patriarchal culture, commoditization of health and demographic policies.

UNITERMS: Women. Sterilization, sexual. Family planning. Contraception.

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Recebido para publicação em 20/07/1983.


Aprovado para publicação em 26/11/1983.

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